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SUBTEMA:
A informática na audiência de julgamento
– registo da audiência e meios de produção de prova à distância
Que sejam os Juízes os primeiros a exigir condições materiais e funcionais para que a justiça seja
pronta e eficaz. Mas também sejam eles os primeiros a aplicar formas racionais e expeditas de
julgar e decidir.
Dr. Jorge Sampaio, VI Congresso dos Juízes Portugueses, 8 de Novembro de 2001
Segundo o mais recente relatório da CEPEJ (Comissão Europeia Para a Eficácia da Justiça), organismo do Conselho da Europa, desenvolveu‐se uma disparidade de procura de tutela jurisdicional entre Portugal e os restantes países da União Europeia.
Médias de entrada de novos processos por 100.000 habitantes: 292 processos na Noruega; 2862 em França; 3738 na Alemanha; 1926 em Espanha; 5966 em Portugal.
Tendo em conta a população residente, entraram nos tribunais judiciais do distrito de Faro, em 2009, 8.860 processos por cada 100.000 habitantes, o que constitui cerca de 50% mais do que a média nacional .
Tendo em conta a população residente, encontram‐se neste momento pendentes 28.536 processos por cada 100.000 habitantes nos tribunais judiciais do Algarve.
Segundo revelam as estatísticas das comarcas‐piloto analisadas na passada sexta‐feira, no Colóquio Reorganização Judiciária em Debate, verificou‐se um aumento da sua pendência processual concretizado nos seguintes termos:
Comarca do Litoral Alentejano: 12 juízes, 9 magistrados do Ministério Público e 58 funcionárioscerca de 6.500 processos pendentes em Abril de 2009 (mês da sua instalação);
> de 8000 processos actualmente pendentes (aumento de 23%);
Comarca do Baixo Vouga: (45 juízes, 52 magistrados do Ministério Público e 302 funcionários):cerca de 40.000 processos pendentes em Abril de 2009 (mês da sua instalação);
> de 48.000 processos em Dezembro de 2009 (aumento de 20%);
A Comarca do Baixo Vouga tem um número total de oficiais de justiça praticamente igual ao número global de funcionários judiciais existente na totalidade dos tribunais do distrito de Faro;
O distrito de Faro tem um volume processual pendente que corresponde a 237% da pendência da Comarca do Baixo Vouga;
Todos têm direito a que uma causa em que intervenham seja objecto de decisão em
prazo razoável e mediante processo equitativo.
Para defesa dos direitos, liberdades e garantias pessoais, a lei assegura aos cidadãos
procedimentos judiciais caracterizados pela celeridade e prioridade, de modo a obter
tutela efectiva e em tempo útil contra ameaças ou violações desses direitos.
Numa perspectiva operacional «(…) A justiça será eficiente tanto quanto o conjunto do sistema e das instituições que o integram possam responder às exigências da sua função e competências, e realizar as finalidades com qualidade e em tempo adequado e razoável.(…)».
Juiz-Conselheiro Henriques Gaspar, Representações sociais da Justiça: a expectativa do Cidadão e a resposta do Sistema, Lisboa, Abril de 2007, págs. 15 e 16
Sabendo-se que os tribunais desenvolvem uma intensa actividade de transformação de informação, a eficiência do sistema de administração de justiça dependerá, nesta era, da
utilização adequada das melhores tecnologias de informação e de comunicação electrónica.
E-Justiça em Portugal, edição da Associação para a Promoção e Desenvolvimento da Sociedade da Informação, Março de 2006,
pág. 11.
Que sejam os Juízes os primeiros a exigir condições materiais e funcionais para que a justiça seja
pronta e eficaz. Mas também sejam eles os primeiros a aplicar formas racionais e expeditas de
julgar e decidir.
Dr. Jorge Sampaio, VI Congresso dos Juízes Portugueses, 8 de Novembro de 2001
Iniciativa «Tribunal XXI»: a sua razão de ser.
A preparação do VII Congresso dos Juízes Portugueses
Ao preparar o meu contributo para a sessão de trabalho do tema «A função de julgar e as novas
tecnologias», no âmbito do VII Congresso dos Juízes Portugueses (Carvoeiro, Novembro de 2005),
considerei oportuno desenvolver, apresentar e contribuir para a implementação de soluções tecnológicas
susceptíveis de constituir uma resposta positiva, com expressão prática, ao repto público já citado.
Intervenientes
Estação para recolha e controle de microfones e câmaras. Impressora
Servidor para armazenamento e gravador de CD/DVD
O sistema de documentação digital do Tribunal XXI encontra‐se instalado em 700 salas de audiência
As suas características técnicas permitem‐lhe assegurar, com facilidade:a) A gravação áudio‐visual das audiências;b) A transcrição das declarações em tempo real, ou deferido;
Esta tecnologia pode ser aplicada para satisfazer exigências legais presentes, bem como inspirar alterações legislativas futuras, de modo a agilizar procedimentos (contribuindo para a celeridade processual), densificar garantias judiciárias (assegurando maior segurança e certeza na administração da justiça) e tornar o processo uma realidade mais próxima e amiga do cidadão.
O sistema poderá ser conectado à agenda judicial, à alocação dos meios materiais (reserva de sala de audiência, sistema de vídeo‐conferência, et alia) e humanos (magistrados, advogados e oficiais de justiça, além de permitir emissões em IPTV.
Tradicionalmente, o registo áudio do sistema de documentação das audiências era destinado, exclusivamente, ao registo da prova produzida oralmente (v.g. declarações, depoimentos, esclarecimentos…);
As características e potencialidades da gravação digital permitiram uma alteração legislativa importante, já prevista em 2005, na apresentação do conceito «Tribunal XXI»: a documentação de decisões orais em processo penal.
Artigo 389.º‐A do Código de Processo Penal
Sentença
1 ‐ A sentença é logo proferida oralmente e contém:
a) A indicação sumária dos factos provados e não provados, que pode ser feita por remissão para a acusação e contestação, com indicação e exame crítico sucintos das provas;
b) A exposição concisa dos motivos de facto e de direito que fundamentam a decisão; c) Em caso de condenação, os fundamentos sucintos que presidiram à escolha e medida da
sanção aplicada; d) O dispositivo, nos termos previstos nas alíneas a) a d) do n.º 3 do artigo 374.º
2 ‐ O dispositivo é sempre ditado para a acta. 3 ‐ A sentença é, sob pena de nulidade, documentada nos termos dos artigos 363.º e 364.º4 ‐ É sempre entregue cópia da gravação ao arguido, ao assistente e ao Ministério Público no
prazo de 48 horas, salvo se aqueles expressamente declararem prescindir da entrega, sem prejuízo de qualquer sujeito processual a poder requerer nos termos do n.º 3 do artigo 101.º
5 ‐ Se for aplicada pena privativa da liberdade ou, excepcionalmente, se as circunstâncias do caso o tornarem necessário, o juiz, logo após a discussão, elabora a sentença por escrito e procede à sua leitura.
Artigo 363.º/CPPDocumentação de declarações orais
As declarações prestadas oralmente na audiência são sempre documentadas na acta, sob pena de nulidade.
Artigo 364.º/CPPForma da documentação
1 — A documentação das declarações prestadas oralmente na audiência é efectuada, em regra, através de gravação magnetofónica ou áudio‐visual, sem prejuízo da utilização de meios estenográficos ou estenotípicos, ou de outros meios técnicos idóneos a assegurar a reprodução integral daquelas. Écorrespondentemente aplicável o disposto nos n.os 2 e 3 do
artigo 101.º2 — Quando houver lugar a gravação magnetofónica ou áudio‐visual, deve ser consignado na acta o
início e o termo da gravação de cada declaração.
ARTIGO 159.º /CPCDocumentação dos actos presididos pelo juiz
1 ‐ A realização e o conteúdo dos actos processuais presididos pelo juiz são documentados em acta, na qual são recolhidas as declarações, requerimentos, promoções e actos decisórios orais que tiverem ocorrido. 2 ‐ A redacção da acta incumbe ao funcionário judicial, sob a direcção do juiz. 3 ‐ Em caso de alegada desconformidade entre o teor do que foi ditado e o ocorrido, são feitas consignar as declarações relativas à discrepância, com indicação das rectificações a efectuar, após o que o juiz profere, ouvidas as partes presentes, decisão definitiva, sustentando ou modificando a redacção inicial.
ARTIGO 522.º‐B Registo dos depoimentos prestados em audiência final
(na red. Introduzida pelo Decreto‐lei n.º 180/96, de 25 de Setembro e pelo Decreto‐Lei n.º 183/2000, de 10 de Agosto )
As audiências finais e os depoimentos, informações e esclarecimentos nelas prestados são gravados sempre que alguma das partes o requeira, por não prescindir da documentação da prova nelas produzida, quando o tribunal oficiosamente determinar a gravação e nos casos especialmente previstos na lei.
ARTIGO 522.º‐C Forma de gravação
1 ‐ A gravação é efectuada, em regra, por sistema sonoro, sem prejuízo do uso de meios audiovisuais ou de outros processos técnicos semelhantes de que o tribunal possa dispor.
2 ‐ Quando haja lugar a registo áudio ou vídeo, devem ser assinalados na acta o início e o termo da gravação de cada depoimento, informação ou esclarecimento, de forma a ser possível uma identificação precisa e separada dos mesmos.
Ano 2006/2007:
Integração com sistema de gestão processual (Habilus)
– Sistema misto autónomo/centralizado– Controlo de estado de áudio/vídeo– Suporte à transcrição do acto judicial
Ano 2008: Evolução
Sistemas de informação ao público
– Integração da assinatura digital– Sistema de cópias por autoserviço
Armazenamento Portal
Web
Sistemas de Informação do
ITIJ
Portal do Ministério da Justiça
Policia Judiciária
TribunalTribunal
Tribunal
Advogados
Juiz
Advogados
Policia de Segurança Pública
Repositório do Ministério da Justiça
Juiz
Custos iniciais das licenças de programas comerciais: 7% do TCO.
Custos iniciais de aquisição dos equipamentos 18% do TCO
Custos com a gestão e manutenção: 60% do TCO.
O tempo de indisponibilidade do sistema é responsável por 15% do TCO.
Os factores geradores de maior despesa que podem ser minorados, dizem respeito à gestão e manutenção e aos custos de indisponibilidade (num total de 75% do TCO).
Para conseguir reduzir o TCO, importa assegurar a segurança do sistema de T.I., usando processos consistentes e ferramentas maduras de gestão, com recursos humanos qualificados.
Simplificar a integração informática em ambientes orientados para serviços
Reduzir os custos de desenvolvimento e manutenção do sistema
Introduzir certificação de segurança
1. Integração sobre buses de serviços em ambientes heterogéneos de serviços, aplicações e fabricantes
2. Topologia multinível de um, dois, três ou quatro níveis configuráveis e acordados pelo gestor do sistema
• Serviços de Sala• Serviços de Sede• Serviços Centrais
3. Redesenho a Arquitectura• SOA• WebServices• WSDL e XML
4. Redução do TCO (Total cost of ownership)• Manutenção• Auto ‐configuração• Formação
5. Novos serviços (opcionais)• Certificado e Assinatura Digital• Custódia Digital (repositório de documentação multimédia) – possibilidade de criação,
também da TV Justiça ‐.
A sua estruturação (i.e. catalogação e indexação dos dados), por ser mais robusta, énormalmente desenvolvida e baseada em linguagem XML (que partilha origens comuns com o mais antigo conhecido HTML (nascido em 1990, no CERN ‐Conseil Européen pour la Recherche Nucléaire ‐), que surgiu em 1996 e foi mais divulgada a partir de 1998.
WSDL é utilizado para definir serviços como uma colecção de endpoints (endereços de rede), ou portas. A definição abstracta de portas e mensagens são separadas do uso concreto de instâncias, permitindo a reutilização de definições. Uma porta é definida por associação a um endereço de rede com um binding reutilizável, e uma colecção de portas definidas como serviço.
A segurança informática não pode estar dependente de avaliações subjectivas. Para responder às exigências dos profissionais de segurança, foram desenvolvidos
diversos sistemas métricos de segurança, cuja utilização tem sido considerada verdadeiramente crítica para o desenvolvimento de sistemas com qualidade assegurada.
As métricas de segurança constituem ferramentas de avaliação dos níveis de segurança de sistemas, produtos e processos informáticos, permitindo a previsão e a resolução das questões de segurança:
Identificando e avaliando as vulnerabilidades de sistemas informáticos; Gerando as acções correctivas prioritárias;
O sistema judicial tem sido alertado, nos últimos anos, por notícias e receios alarmantes, relativos à segurança dos sistemas informáticos utilizados nos tribunais e nos Serviços do Ministério Público.
As preocupações suscitadas têm fundamento, na medida em que os problemas tornados públicos revelam, designadamente, a ausência de uma verdadeira avaliação da segurança dos sistemas.
Essas matérias deveriam ter sido objecto de ampla discussão, avaliação e teste ‐ culminando com a certificação das T.I. antes da sua introdução e aplicação generalizada nos tribunais e nos Serviços do Ministério Público.
A lei também não deveria ignorar os requisitos essenciais das T.I., que deveriam ter sido objecto de diplomas legislativos que concretizassem os aspectos essenciais do sistema, incluindo as garantias de segurança e de funcionamento, com a previsão dos diversos responsáveis sectoriais.
A ISO (International Organization for Standardization) aprovou as seguintes normas para a avaliação de segurança em T.I.:
Norma ISO 15.408: designada Common Criteria, foi criada em 1999, permitindo avaliar as propriedades de segurança dos sistemas de computação, comparando produtos e fornecendo um conjunto de requisitos de segurança e de medidas de garantia de segurança:
define diferentes níveis de confiança e garantias na avaliação, sendo formada por um conjunto de três volumes, onde o primeiro afere as definições e a metodologia, o segundo elenca um conjunto de requisitos de segurança e o terceiro descreve as metodologias de avaliação.
Norma ISO 17799: teve por objecto a segurança da informação da organização, a qual viria a ser actualizada em Julho de 2007;
Norma ISO 27002, que actualizou a anterior, promovendo a confidencialidade, integridade e disponibilidade dos dados.
Modelo de avaliação de segurança a partir de boas práticas do mercado (auditoria externa); Modelo de avaliação de segurança a partir de práticas de segurança definidas internamente
(auditoria interna): exige, por parte da organização de sistema computacional, uma política de segurança definida com base em critérios objectivos, mensuráveis, com o objectivo de proteger os aspectos essenciais do sistema;
Modelo de maturidade da capacitação: baseia‐se no princípio de auto‐protecção dos sistemas: a organização de um sistema computacional compromete‐se proteger o seu ambiente, adoptando formalmente um processo que garanta esta segurança;
Modelo de análise de riscos: análise qualitativa de um sistema de segurança utiliza factores‐chave para essa avaliação; um dos mais conhecidos é o factor monetário (existem outros, como o número de horas sem funcionamento do sistema, número de incidentes de segurança e outros);
Modelo de eliminação de defeitos: esta abordagem é essencialmente quantitativa; a segurança pode ser avaliada segundo parâmetros quantitativos mensuráveis, inerentes ao próprio ambiente do sistema computacional. Desta avaliação obtém‐se o perfil de segurança do sistema. Estes defeitos podem ser medidos, por exemplo, pelo número de bugs (falhas na lógica programacional) no código‐fonte de um programa.
Sem a aplicação de modelos de avaliação qualitativa e quantitativa de segurança, não será possível certificar, devidamente, a segurança dos sistemas informáticos da Justiça.
A sua certificação, segundo as normas ISO em vigor, representará uma medida indispensável para restaurar a confiança no Citius e, futuramente, no CitiusPlus.