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98 Relatório Anual sobre a Evolução do Fenómeno da Droga na União Europeia Sumário e tópicos principais 1998

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98Relatório Anual

sobre a Evolução do Fenómeno da Drogana União Europeia

Sumário e tópicos principais

1998

Uma ficha bibliográfica figura no fim desta publicação

Luxemburgo: Serviço das Publicações Oficiais das Comunidades Europeias, 1998

ISBN 92-9168-072-9

© Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência, 1998

Reprodução autorizada mediante indicação da fonte

Printed in Italy

NOTA DE RESPONSABILIDADE

O Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência (OEDT) não tem qualquer

responsabilidade real ou implícita, inclusivamente perante qualquer pessoa singular ou colectiva

que actue em seu nome, pela utilização que eventualmente se faça da informação contida no

presente documento. O conteúdo não implica de modo algum a formulação de uma opinião por

parte do OEDT sobre o estatuto legal de qualquer país, território, cidade ou região ou das suas

autoridades, incluindo o traçado das suas fronteiras ou limites.

Salvo indicação em contrário, esta publicação, incluindo todas as recomendações ou pareceres,

não reflecte necessariamente a política do OEDT, dos seus parceiros, de qualquer Estado-

-Membro, organismo ou instituição da União Europeia ou Comunidades Europeias.

Encontra-se à disposição na Internet uma grande quantidade de informação adicional sobre a

União Europeia. Pode aceder à mesma através do servidor Europa — (http://europa.eu.int).

A informação sobre o OEDT encontra-se no seu site — (http://www.emcdda.org)

Este sumário encontra-se igualmente disponível em alemão, dinamarquês, espanhol, finlandês,

francês, grego, italiano, neerlandês, português e sueco. Todas as traduções foram efectuadas

pelo Centro de Tradução dos Organismos da União Europeia.

Rua da Cruz de Santa Apolónia, 23-25P-1149-045 Lisboa

Prefácio 3

O Relatório Anual sobre a Evolução do Fenómeno daDroga na União Europeia 1998 é essencial para seprosseguir o desenvolvimento de uma base deconhecimento concertada que sirva de alicerce àcriação de uma abordagem estratégica para a polí-tica antidroga dos Estados-Membros da União Eu-ropeia e restantes países. O OEDT promove, paraalém de reflectir, os progressos realizados a nívelda comunicação e da consciencialização partilhadada amplitude dos problemas relacionados com adroga, bem como a adequabilidade de marcadoresespecíficos enquanto indicadores epidemiológicosa nível nacional e internacional.

A Declaração sobre Redução da Procura, adoptadapelas Nações Unidas em Junho de 1998, afirmaque os programas de redução da procura dever-se--ão basear numa avaliação regular da natureza emagnitude do uso e abuso da droga e dos problemasa ela associados na população. Esta avaliação revela--se imperativa para a identificação de novas tendên-cias. As avaliações deverão ser efectuadas pelos Esta-dos de uma maneira compreensiva, sistemática e pe-riódica, baseando-se nos resultados de estudos relevantes, de modo a permitir consideraçõesgeográficas e recorrendo a definições, indicadores eprocedimentos idênticos na avaliação da situação dadroga. As estratégias de redução da procura devemassentar nos conhecimentos resultantes da investiga-ção e nas lições tiradas de programas anteriores. Taisestratégias deverão ter em consideração os progres-sos científicos alcançados nesta área, de acordo comos actuais acordos internacionais, dependendo dalegislação nacional e do Plano AbrangenteMultidisciplinar para as Futuras Actividades no Domí-nio do Controlo do Abuso de Drogas. O trabalho doOEDT, em geral, e o conteúdo do seu RelatórioAnual, em particular, reflectem precisamente estaabordagem.

Cada Relatório Anual contribui para uma melhorcompreensão da necessidade de monitorização epara o reconhecimento de que uma política eficazdepende de uma base de informação satisfatória eacessível. Cada vez mais se reconhece que o OEDTé uma fonte de informação valiosa cuja autonomiae independência política garantem que os seus re-latórios anuais sejam encarados como documentosessenciais para a compreensão dos principais as-pectos que caracterizam os problemas relaciona-dos com a droga e das respostas legais, políticas esociais encontradas para os mesmos no seio da

União Europeia. Contudo, cada Relatório apresentatambém uma reconfiguração dos temas centraisrelacionados com as políticas e a sua aplicação naprática, o que se encontra manifestamente docu-mentado no capítulo 3 do Relatório 1998.

Este capítulo analisa a situação do fenómeno dadroga nos dez países da Europa Central e Oriental(PECO) abrangidos pelo projecto PHARE afecto aospaíses candidatos à adesão à UE. Relativamenteaos 15 Estados-Membros, o objectivo do projectodo OEDT apresenta duas vertentes — elaborar re-latórios sobre os indicadores existentes que me-lhor reflectem os problemas associados à droga eas respostas de cada nação e, paralelamente, enco-rajar os participantes a melhorarem a qualidade,fiabilidade, comparabilidade e exactidão da infor-mação recolhida. Embora o OEDT tenha consciên-cia de que os recursos são limitados, o aperfeiçoa-mento gradual dos vários métodos de recolha edivulgação continua a fazer parte integral do ob-jectivo de melhorar a comunicação e cooperação.

No capítulo 1 é feita uma distinção entre tendên-cias actuais e orientações, baseada numa combina-ção de fontes informais e menos sistematizadas eindicadores-chave epidemiológicos, estruturadosem torno de definições assentes, se as houver. Des-te modo, a secção «Tendências Actuais» permite in-corporar medidas qualitativas e opiniões comconhecimento de causa sobre eventos recentes,onde o que conta é mais a tempestividade do quea precisão. Pelo contrário, na secção «Indicadores--chave» as tendências do fenómeno da droga sãoligeiramente menos actualizadas, embora preen-cham mais provavelmente os critérios científicosde fiabilidade e validade. O objectivo geral consis-te mais em utilizar uma variedade de metodolo-gias, com vista a estabelecer um leque variado deimagens sobre a actividade na área da droga e osmodos de a combater, do que em confiar demasia-do em «instantâneos» cuja clareza é comprometi-da pelo seu tempo de elaboração.

No entanto, o objectivo do OEDT de melhorar aqualidade geral dos dados disponíveis revela-se naestrutura do capítulo sobre redução da procura, noqual é dada ênfase aos projectos que foram objec-to de uma avaliação adequada. Particularmente naárea da prevenção primária constata-se uma faltade evidência científica, não só à escala europeiamas também internacional, pelo que o objectivotem consistido em apresentar não só os projectos

Prefácio

Relatório Anual sobre a Evolução do Fenómeno da Droga na União Europeia4

que se afiguram importantes e indicativos comotambém aqueles em que se tentou proceder auma avaliação satisfatória. Assim, enquanto que setem devidamente em conta novos projectos quepossam lançar luz no sentido, por exemplo, daeducação no domínio da droga e dos seus efeitos,a abordagem do OEDT pretende encorajar a inova-ção associada a métodos sistemáticos e científicos.

Os últimos capítulos centram-se particularmentenas estruturas financeiras adequadas. O capítulo 7analisa os dados disponíveis sobre as despesas pú-blicas com o problema da droga, dando exemplosa partir das limitadas fontes de dados disponíveis.O capítulo 5 expõe as alterações ocorridas a níveldas despesas da UE no ano passado e, em particu-lar, as modificações na repartição das despesascom acções efectuadas no âmbito da União e a ní-vel internacional. O capítulo 6 apresenta um pano-rama actualizado das actividades globais de carác-ter geral e do trabalho recentemente efectuadopelas principais organizações internacionais paracombater o problema da droga.

Enquanto que continua a haver muito trabalho aser feito, os sucessos do ano passado dão provasclaras das actividades do OEDT. O Observatóriotem vindo a assumir crescentemente um papel co-mo centro de excelência para informação sobretoxicodependência, tendo também reforçado assuas actividades no sentido de melhorar a base deconhecimento à qual recorrem os decisores políti-cos, profissionais e investigadores nesta área. O Re-latório Anual, como parte integrante da actividadeda UE, não só reflecte de um modo cada vez maisclaro e preciso a situação da droga nos países daUE como também fornece uma base valiosa parainiciar uma investigação e avaliação sistemáticas

levadas a cabo, de modo comparativo, dentro efora da UE.

Temos, porém, consciência de que a UE não se podeconfinar aos Estados-Membros que a constituem,motivo pelo qual o OEDT continuará a promover osesforços de cooperação entre estes Estados-Mem-bros e os órgãos e organizações que actuam a umnível mais internacional. O OEDT encontra-se cadavez mais no centro das relações entre informanteseuropeus de importância primordial através dasredes nacionais e internacionais dos seus pontos fo-cais e da rede Reitox do OEDT.

Se bem que o nosso trabalho seja essencialmenteeducacional, progressivo e pró-activo, há que pro-mover o papel da recolha, gestão e divulgação deinformação como base crítica para todas as toma-das de decisão a nível político, sendo precisamenteneste ponto que o Relatório Anual reflecte o suces-so dos esforços envidados pelo OEDT e pelos pon-tos focais. Com a publicação de cada RelatórioAnual ficamos cientes de que o seu impacto e onúmero de leitores aumentam e se alcançaramprogressos em termos de comparabilidade e quali-dade. Este progresso é lento e gradual, mas, atravésdo empenho e da boa vontade dos colaboradores,tanto a qualidade como o impacto deste docu-mento ganharão terreno.

Espero que este Relatório seja interessante, lhe possaser útil no seu trabalho e o encoraje a apoiar o tra-balho que nós e o OEDT estamos a tentar fazer. Onosso êxito depende da sua colaboração e sabemosque sem o apoio e feedback dos nossos leitores nãoestaríamos em posição de prosseguir a nossa missãode obter clareza e qualidade. Estamos empenhadosem melhorar a sensibilização e informação e esperoque o nossos esforços lhe sirvam de estímulo.

Georges EstievenartDirector executivo

OEDT

Tendências, padrões e prevalência de consumo 5

Esta secção identifica novas tendências de máximaimportância no consumo e nos problemas associa-dos ao fenómeno da droga na UE, apresenta um pa-norama geral da situação da droga e respiga os prin-cipais indicadores epidemiológicos que permitemcomparar a prevalência, as consequências, as carac-terísticas e os padrões de consumo e oferta. Esta in-formação baseia-se em duas metodologias de reco-lha de dados. Os indicadores são mais sistemáticos ecientíficos embora menos actualizados, enquantoque a informação sobre as novas tendências é maistempestiva, mas necessariamente mais qualitativa. Asduas metodologias devem ser consideradas como as-pectos complementares da apresentação de umaimagem geral mais fundamentada.

Actualmente, as fontes de informação em toda a UEainda não são compatíveis, o que por vezes falseia ascomparações directas. Mesmo quando a informaçãoexiste, as diferenças culturais e metodológicas entreos Estados-Membros devem ser contempladas. O tra-balho do OEDT sobre a implementação de indica-dores normalizados na UE melhorará gradualmenteesta situação.

Panorama geral do consumo de drogase problemas associados

Cannabis: É a droga ilícita mais consumida em todaa União Europeia, experimentada por 5 a 20-30%

da população e por quase 40% dos jovens adultos.O uso recente é menos frequente: 1 a 9% da popu-lação adulta e quase 20% dos jovens adultos consu-miram cannnabis nos últimos 12 meses. Depois degrandes aumentos entre 1985 e 1994, os níveis dasquantidades apreendidas estabilizaram recente-mente. Sendo o padrão de consumo quase sempreintermitente, a cannabis muitas vezes não constituia principal droga problemática (responsável por 2 a16% das admissões para tratamento).

Drogas sintéticas: As anfetaminas são a segundadroga ilícita mais consumida na maioria dos países(experimentada por 1-9% da população adulta equase 16% dos jovens adultos), enquanto o ecstasyfoi consumido por 0,5 a 3% da população adulta, re-gistando-se, através de inquéritos efectuados emmeio escolar e à população em geral, aumentos mo-derados ao longo do tempo relativamente a ambasas substâncias. Os óbitos causados pelo consumo dedrogas sintéticas são raros e a procura de tratamen-to é esporádica. No entanto, o consumo problemáti-co de anfetaminas é mais frequente na Finlândia, naSuécia, na Bélgica e no Reino Unido e mais comumentre os consumidores crónicos e os que se injec-tam*.

Tendências, padrões e prevalência de consumo

* Ver «Novas Tendências nas Drogas Sintéticas na União Euro-peia» (série de livros de bolso do OEDT).

Novas tendências no consumo de drogas e problemas associados

Cannabis: Consumo estável, depois de um aumento noprincípio dos anos 90, especialmente nos países demaior prevalência, pequena subida noutros. Ligeiroincremento na população em início de tratamento,provavelmente ocasionada em parte por práticasregistrais e outros factores.

Anfetaminas: Continuam a aumentar, é provável quevenham a ter futuramente uma incidência maissignificativa que o ecstasy.

Ecstasy: Deixou de aumentar nos Estados-Membrosem que surgiu há mais tempo e onde a prevalência ésuperior, mas a sua escalada verifica-se em outros.Alguma difusão junto de outras populações.

Outras drogas sintéticas: O consumo de novos pro-dutos tem sido registado em alguns Estados-Membros,embora não substituam nem as anfetaminas nem oecstasy.

Cocaína: Aumento modesto mas constante doconsumo, embora a prevalência se mantenha baixa; ocrack permanece localizado, constatando-se algumapropagação em certas áreas.

Heroína: Alguns Estados-Membros têm declarado umaumento entre alguns consumidores de drogassintéticas e outros segmentos da população jovem.

Padrão de consumo problemático: Difusão em peque-nas cidades e zonas rurais registada em alguns países.

Mortalidade: Geralmente estável ou em declínio,havendo porém algumas excepções.

Doenças infecciosas: Diminuição bastante acentuadadas taxas de novos casos de sida como consequênciade novas terapêuticas que retardam a progressão dadoença. A sida está a tornar-se num indicador doinício de tratamento mais do que num indicador dainfecção por HIV. Prevalência da infecção por HIVestável ou em declínio na maioria dos países, mastransmissão permanente aos jovens e novosconsumidores de droga por via intravenosa.

A prevalência da infecção pelo vírus da hepatite Cmantém-se extremamente elevada.

Cocaína: As quantidades apreendidas aumentaramem flecha em 1996 embora tal facto não pareça terafectado o preço ou a acessibilidade. Entre 1 e 3%dos adultos experimentaram cocaína, sendo oconsumo inferior entre os jovens em idade escolar.O consumo frequente e problemático não é habi-tual e os casos em que a cocaína é referida comodroga principal não chegam normalmente a 5%das admissões para tratamento, enquanto que atoxicodependência do crack, principalmente emgrupos de opiómanos, permanece um fenómeno li-mitado.

Heroína e outros opiáceos: As tendências em ma-téria de oferta, consumo e dependência mostram--se relativamente constantes, embora surjam indí-cios de uma nova geração de jovens fumadores deheroína. Entre 0,2 e 0,3% da população da UE sãoopiómanos, percentagem inferior a muitas outrasdrogas ilícitas, mas responsável por custos sociaisdesproporcionados em termos de justiça penal,saúde, assistência social e mortalidade. Há indíciosde que a heroína se está a alastrar tanto geográfica(das zonas urbanas para as zonas rurais) como so-

cioculturalmente. Os opiáceos são a principal drogade consumo problemático na maioria dos centrosde tratamento, estando associados à maioria dosóbitos por intoxicação grave relacionada com oconsumo de drogas.

Outras substâncias: Os solventes são amiúde a se-gunda substância mais consumida em excessoentre os adolescentes. O abuso de medicamentosentre os adultos, nomeadamente as benzo-diazepinas, não raro combinados com álcool, acusaum aumento.

Drogas e saúde: É entre os consumidores de dro-gas por via intravenosa que é mais estreita a rela-ção entre a utilização ilícita e os problemas de saú-de. Este grupo tem muito mais probabilidades devir a contrair doenças por via sanguínea (sida, he-patite). Se bem que as taxas de sida tenham esta-bilizado, o número extremamente elevado de ca-sos de hepatite C pode ter graves implicações paraa saúde pública.

Em geral, o número de óbitos provocados porconsumo excessivo de drogas estabilizou ou dimi-nuiu, com algumas excepções.

Relatório Anual sobre a Evolução do Fenómeno da Droga na União Europeia6

Futuras questões essenciais

Uma prioridade para o OEDT e para os pontos focaisnacionais consiste em melhorar a prontidão e arelevância da informação e em tornar a informaçãomais útil para os responsáveis políticos, mediante:

1. Extensão da cobertura para além das fontesinstitucionais e dos estudos de investigação,incluindo fontes mais informais ou nãoconvencionais.

2. Aperfeiçoamento dos indicadores existentes, dandomais atenção à análise e exploração dos dados poreles fornecidos.

3. Criação de métodos mais inovadores de recolha,análise e previsão de dados que permitamidentificar, controlar e compreender melhor ospadrões variáveis de consumo de droga.

Várias questões exigem maior atenção futura.

Difusão geográfica

Embora irregular, regista-se uma difusão geográfica noconsumo de droga das grandes para as pequenascidades e para as zonas rurais, que tem implicaçõesna avaliação das necessidades, oferta de serviços eformação. As diferenças nos padrões de difusãopodem também melhorar o nosso conhecimento dadistribuição dos comportamentos relacionados com adroga a nível europeu, local e regional.

Cultura juvenil e drogas

A emergência do ecstasy revela claramente anecessidade de analisar as tendências da droga no

contexto mais vasto das tendências sociais eeconómicas, em especial as relacionadas com acultura juvenil. Do mesmo modo, há que considerar opapel dos jovens no mercado do consumo de produtosrecreativos, incluindo as drogas.

Exclusão social, consumo de droga e problemasassociados

A exclusão social, a marginalização, as minorias e amigração estão frequentemente interligadas com otráfico e consumo de droga e problemas associados,embora a relação não seja simples nem unidireccional. Aformulação de estratégias eficazes que possamresponder aos problemas relacionados com o consumode drogas impõe uma análise mais vasta e exaustiva.

Criminalidade associada à droga e segurança pública

A informação sobre este tema é escassa nos relatóriosnacionais, apesar de, em 1996, um projecto-piloto doOEDT indicar que existia considerável informação local,embora pudesse ser difícil de encontrar. Para ventilarquestões de criminalidade associada à droga ou medidasde segurança pública, há que melhorar a acessibilidade equalidade da informação.

Mercado, disponibilidade e oferta de droga

O trabalho do OEDT em epidemiologia tem-seconcentrado principalmente no aspecto da procura dedroga. Este continuará a ser um tema central, masserá necessário dar mais atenção à oferta e aosmercados da droga, local de encontro da procura e daoferta.

Tendências, padrões e prevalência de consumo 7

Indicadores de prevalência,consequências e padrões de consumo

Inquéritos à população em geral

• Existem diferenças entre países, as quais deverãoser tratadas cautelosamente como resultado defactores metodológicos, problemas de amos-tragem e elementos contextuais.

• O consumo de cannabis ao longo da vida situa-seentre 5-7% da população [Bélgica (ComunidadeFlamenga) e Finlândia] e 20-30% na Dinamarca,na Espanha e no Reino Unido, com níveis ligeira-mente mais elevados para os jovens adultos (10--40%). A experiência ao longo da vida é de 1-9%para as anfetaminas (embora na maior parte dospaíses os valores se situem entre 1-4%), 1-3% pa-ra a cocaína e 0,5-3% para o ecstasy. Todos estesvalores são superiores para os jovens adultos.

• No que diz respeito ao consumo recente (nosúltimos 12 meses), a cannabis situa-se entre 1 e9%, registando-se os valores mais baixos no Les-te da Alemanha, na Finlândia e na Suécia e osmais altos na Espanha e no Reino Unido.

• Os dados correspondentes às tendências apon-tam para um aumento gradual no consumo decannabis ao longo da vida, aumentos quanto àsanfetaminas e ao ecstasy e uma ligeira subida noque respeita à cocaína.

Gráfico 1: Consumo de cannabis na população adulta

Inquéritos em meio escolar

• Neste grupo etário, as variações de idade e ocontexto social podem influenciar substancial-mente os resultados — por exemplo, na Finlândia,5% do grupo etário dos 15-16 anos indicaram umconsumo de cannabis ao longo da vida, ao passoque em Helsínquia, no mesmo ano, 30% do grupoetário dos 17-18 anos responderam tê-la consumi-do pelo menos uma vez na vida. Convém, pois, in-terpretar cautelosamente os inquéritos escolares.

• O consumo de cannabis ao longo da vida no gru-po etário dos 15-16 anos vai de 3-4% (Finlândia ePortugal) a cerca de 40% (Irlanda e Reino Unido).Na maioria dos países, os solventes são a segundasubstância mais habitual para cerca de 3% (Bélgi-ca, Luxemburgo e Espanha) a 20% dos inquiridos(Reino Unido).

• As anfetaminas foram consumidas por 2-13% dogrupo etário dos 15-16 anos, o ecstasy por 1-9%e o LSD por 1-10%. Os valores mais baixos cor-respondem à cocaína (1-3%) e à heroína (1-2%).

Gráfico 2: Uso de drogas entre alunos do grupo etário15-16 anos (pelo menos uma vez)

Estimativas do consumo problemático de drogas

• As estimativas são mais fiáveis a nível local doque a nível nacional devido às diferenças porvezes grandes de prevalência no interior de umpaís e à falta de dados nacionais.

• As estimativas do consumo problemático de dro-gas relativamente a diferentes cidades na Europaoscilam entre 1,8 e cerca de 30 (22-39)//1 000 habitantes no grupo etário dos 15-54 anosnas cidades mais pequenas e entre aproxi-madamente 3,5 (3,2-3,9) e 14,1/1 000 nas maiores.Embora os métodos e as definições adoptados va-riem de estudo para estudo,estes valores reflectemimportantes diferenças na prevalência do consu-mo problemático de drogas.

• As estimativas referentes aos países revelam va-riações menos extremas, oscilando entre aproxi-madamente 3 (1,8-3,6) e 9 (8-9,7)/1 000 habi-tantes no grupo etário dos 15-54 anos.

Gráfico 3: Estimativas sobre prevalência nacionalde consumo problemático de droga

• As características do consumo problemático dedrogas diferem de um país para outro, ocorren-do principalmente a dependência de opiáceosna Europa Ocidental e Meridional e a de anfe-taminas por via intravenosa nos países da Euro-pa Setentrional.

População tratada

• Os dados sobre a procura de tratamento sãoum útil indicador indirecto do consumo pro-blemático de drogas — representando os opiá-ceos 70-95% das admissões para tratamento emtodos os países, excepto na Finlândia (35%) e naSuécia (38%), onde são mais correntes os casosde consumo de anfetaminas.

• A cocaína é geralmente indicada por menos de5% das pessoas que procuram tratamento, em-bora esse valor suba para 11% no Luxemburgo e14% nos Países Baixos. A cocaína é também refe-rida como segunda droga problemática por mui-tos consumidores de opiáceos.

• A cannabis é responsável por 2-16% dos casosem tratamento. Na maioria dos países esta pro-porção varia entre 2% e aproximadamente 10%,aumentando para 13% na Alemanha e 16,5% naFinlândia.

• As anfetaminas são indicadas por 1-2% dos in-divíduos admitidos para tratamento na maioriados países, mas na Finlândia e Bélgica (Co-munidade Flamenga) esse valor sobe para39,5% e 24,4%, respectivamente.

• A maioria das pessoas que procura tratamentopertence ao sexo masculino (70-90%) e está nacasa dos 20/30 anos de idade. A idade média dostoxicodependentes em tratamento continua asubir ligeiramente na maioria dos países.

• A prevalência de administração por via intrave-nosa entre clientes admitidos para tratamentovaria substancialmente entre os países, situando-

-se entre 10-15% e mais de 80%. Na maior partedos países, verifica-se uma diminuição da per-centagem de indivíduos que injectam drogas.

Óbitos relacionados com droga e mortalidadeentre os consumidores de drogas

• A comparação revela-se difícil porquanto ospaíses utilizam diferentes tipos de registo e prá-ticas registrais. O OEDT está empenhado emmelhorar a comparabilidade destes dados.

• Os consumidores de opiáceos por via intra-venosa correm um risco de morte 20 a 30 vezesmaior em comparação com a população geral damesma idade (por overdose, doenças infecciosas,suicídio ou acidente).

• Grande parte dos óbitos provocados por intoxi-cação grave envolve os opiáceos, embora o ál-cool e as benzodiazepinas surjam frequente-mente entre as causas.

• Apesar de os óbitos relacionados com o ecstasyserem muito publicitados, as mortes provocadaspelo consumo de drogas sintéticas são em nú-mero reduzido.

• Após os aumentos em flecha registados ante-riormente, a maioria dos países da UE apresentaníveis estáveis ou diminuições nos óbitos rela-cionados com o consumo excessivo de drogas,embora certos países continuem a registar umaumento.

• A interpretação das variações das taxas de mor-talidade torna-se mais complicada devido à alte-ração dos padrões de consumo, que pode ounão resultar de intervenções orientadas. Alémdisso, as variações em termos de definições epráticas registrais podem interferir com as ten-dências reais.

Doenças infecciosas relacionadas com a droga

• As taxas de infecção por HIV em consumidoresde droga por via intravenosa oscilam entre 0% e30% entre países e sobretudo entre regiões e ci-dades, o que se poderá explicar não só peloperíodo de incubação do vírus, impacto e pron-tidão das intervenções como também pela mu-dança de comportamento dos consumidores dedrogas por via intravenosa.

• A prevalência de HIV entre os consumidores dedrogas por via intravenosa é estável ou acusauma diminuição em todos os países da UE, nãoobstante os jovens consumidores que se injec-tam continuarem a ser infectados.

• As taxas de novos casos de sida estão em franca di-minuição devido aos novos tratamentos que re-tardam a eclosão da doença.Este facto torna a sidanum indicador do início de tratamento mais doque num indicador da infecção por HIV.

Relatório Anual sobre a Evolução do Fenómeno da Droga na União Europeia8

Gráfico 4: Principais drogas para as quaisé solicitado tratamento pelos seus consumidores

nos diferentes países da UE

Tendências, padrões e prevalência de consumo 9

• A prevalência de hepatite B oscila entre 3-75%, aomesmo tempo que se registam taxas de hepatiteC superiores a 90% mesmo em países que apre-sentam taxas reduzidas de HIV.

• Calculam-se em cerca de 500 000 os consumi-dores de drogas por via intravenosa positivos pa-ra o vírus da hepatite C na UE, facto que poderáter importantes repercussões nas futuras necessi-dades de assistência sanitária.

Indicadores relativos ao sistema de justiça penal

• Estes dados referem-se às intervenções policiais,pelo que variam em função das diferenças exis-

tentes ao nível da legislação, das práticas regis-trais e dos recursos e das prioridades das forçaspoliciais nos Estados-Membros.

• As detenções têm vindo a aumentar em todosos países desde 1985, para mais do quádruplo naBélgica, na Finlândia, na Grécia, em Portugal, emEspanha e no Reino Unido. Nos últimos anos, re-gistou-se uma subida em flecha em muitospaíses, embora a Dinamarca, a Irlanda, a Itália, aSuécia e o Reino Unido acusem uma estabiliza-ção ou diminuição. Nos países que disponibiliza-ram estes dados predominam as infracçõesrelacionadas com o consumo de droga, perfa-

Os números absolutos relativos a óbitos causados por consumo excessivo de drogas não podem ser directamente comparados entrepaíses, devido às diferenças nas definições e nos métodos de recolha de dados. Refira-se que este gráfico apresenta tendências enão números.

Gráfico 5: Tendências do número de óbitos relacionados com a droga a nível dos países da UE, 1991-1996Média móvel de três anos indexada (1991 = 100)

Gráfico 6: Incidência da sida em utilizadoresde drogas injectáveis nos países da UE

Gráfico 7: Infecção pelo vírus da hepatite B e Centre utilizadores de drogas injectáveis na UE

n.a.: dados não disponíveis.

Relatório Anual sobre a Evolução do Fenómeno da Droga na União Europeia10

zendo entre 65% e mais de 85% de todas as in-fracções seguidas de detenções. Em todos eles, àexcepção da Itália, dos Países Baixos e da Suécia,a cannabis é a droga predominante.

• São poucos os países que dispõem de informa-ção fiável sobre o consumo de drogas em reclu-sos e os dados disponíveis apresentam bastantesvariações, mas as estimativas sugerem que osconsumidores de drogas representam 25-70% dapopulação reclusa ou 20-50%, se considerarmosos consumidores problemáticos de drogas.

• Cannabis: A quantidade total apreendida tem-semantido estável nos últimos anos,sendo a Espanhao país onde foram apreendidas as maiores quanti-dades em 1997. Na maior parte dos países, verifica--se um aumento constante do número deapreensões de cannabis, ao passo que as quanti-dades apreendidas diminuem. À cannabis corres-ponde um número muito mais elevado deapreensões do que a qualquer outra droga.O preço

da cannabis parece manter-se relativamenteestável.

• Heroína: Desde 1991, as quantidades apreendi-das andam à roda das 5-6 toneladas, ocorrendoas maiores apreensões na Alemanha e no ReinoUnido. Depois de uma subida constante entre1985 e 1992, o número das apreensões tem-semantido estável desde então. O preço da heroí-na acusa significativas variações a nível nacionale entre os países, embora, ao que parece, semantenha estável. A sua pureza pode ser inferiora 25% ou ultrapassar os 40%.

• Cocaína: Registaram-se aumentos significativosem quantidade e número de apreensões de co-caína efectuadas desde 1994, tendo as maioresapreensões em 1997 ocorrido em Espanha. Opreço da cocaína é relativamente estável namaioria dos países e a pureza é geralmente su-perior a 50%.

Gráfico 8: Detenções por infracções à lei da droga nos países da UE, 1990-1996Médias móveis de três anos indexadas (1991 = 100)

Gráfico 9: Quantidades de cannabis, heroína, cocaína e anfetaminas apreeendidas nos países da UE, 1990-1996

• Drogas sintéticas:As quantidades de anfetaminase ecstasy apreendidas revelam aumentos rápidosno início dos anos 90, com um incrementopronunciado em 1996 relativamente ao ecstasy.O Reino Unido, os Países Baixos e a Alemanha sãoos países responsáveis pelas maiores quanti-dades apreendidas. As apreensões de LSD sãomenos comuns. O preço das anfetaminas e doecstasy tem recentemente vindo a baixar, en-quanto que a pureza de ambos varia considera-velmente.

ConclusõesA tendência para a politoxicodependência, incluin-do o álcool e fármacos desviados, bem como amaior relevância das anfetaminas exigem uma ava-liação rápida e cuidada, bem como um planeamen-to dos serviços flexível e actuante. Além do mais,impõe-se alargar o campo de acção por forma aincorporar os substratos interpessoais, culturais edemográficos de experimentação e consumo desubstâncias problemáticas. Finalmente, a qualidadedos dados deve ser melhorada, para que as inter-venções possam ser orientadas mais eficazmente eavaliadas mais exaustivamente.

Redução da procura 11

Segundo a definição do OEDT, a redução da procurade drogas implica todas as actividades integradasnos sistemas de sáude, social, educativo e penal des-tinadas a prevenir o consumo de droga, assistir e tra-tar os consumidores de drogas, reduzir as conse-quências nocivas do seu consumo e promover a(re)inserção social de antigos consumidores. A re-dução da procura dirige-se a indivíduos, famílias,grupos e comunidades como base de uma abor-dagem social mais vasta do abuso de substâncias,para a qual a cooperação entre órgãos oficiais, in-divíduos e grupos da sociedade civil é um pré-requi-sito fundamental.

As tendências gerais apontam para uma diversifica-ção no campo da prevenção, empregando uma es-tratégia dupla — educação generalizada e promo-ção da saúde orientada para a população em geral,completada por acções específicas destinadas aosgrupos vulneráveis e de risco. A assistência aosconsumidores de drogas assume cada vez mais a

forma de serviços diferenciados e orientados paraos casos individuais, ao mesmo tempo que procuraa coordenação simultânea dos serviços existentes ea melhoria das estruturas de cooperação.

No seu relatório de 1997, o OEDT foca os projectose as intervenções que foram objecto de uma avalia-ção adequada, como critério de qualidade para de-terminar a relevância política. O facto de muitosprojectos e programas não serem avaliados preju-dica a garantia de qualidade na redução da pro-cura. As áreas de actividade principal em 1997compreenderam:

Prevenção

Cada vez mais é dada ênfase à iniciação de progra-mas educativos numa idade precoce, como meiode criar factores protectores do subsequenteconsumo de droga. Baseia-se numa lógica de pre-venção da droga no quadro de uma existênciasaudável, alargando o campo de acção à família, à

Redução da procura

(1) Áustria, Bélgica, Dinamarca, França, Alemanha, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Espanha, Suécia e Reino Unido.(2) Áustria, Bélgica, Dinamarca, França, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Espanha, Suécia e Reino Unido.(3) Áustria, Bélgica, Dinamarca, França, Alemanha, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Espanha, Suécia e Reino Unido.Nota: devido à inexistência de dados relativos à Bélgica, Irlanda e Reino Unido para 1996 e 1997, procedeu-se a uma extrapolaçãocom base na tendência geral de outros países.

Gráfico 10: Número de apreensões de drogas sintéticas nalguns países da UE, 1990-1996

escola e à comunidade mais vasta enquanto ac-tores principais. Não obstante, continuam a ser ra-ros os programas de prevenção que abrangem acomunidade. Os resultados da avaliação revelamhaver uma melhoria do relacionamento inter-pessoal, da autonomia e da resistência à pressãodos pares enquanto factores de protecção cruciais.Os projectos com pares revelaram-se úteis comomeio de incorporar a prevenção primária nas activi-dades de lazer dos jovens. Se bem que a avaliaçãodas campanhas de comunicação social tenha sidomuito limitada, parece lícito afirmar que essascampanhas poderão ter efeitos positivos na sensi-bilização. A Internet está a ser cada vez mais usadana difusão da informação.

Apesar de muito ter sido feito neste campo, a solu-ção para o progresso futuro está na coordenação eparticipação da sociedade civil, alicerçadas em cri-térios claros de avaliação dos objectivos e do im-pacte dos projectos (mediante apreciação do pro-cesso e análise dos resultados). A audiência-alvo éconstituída pelos jovens considerados «em risco» epela comunidade em geral.

Intervenção na infância e grupos de risco

Em toda a UE, a redução dos danos concentra-secada vez mais nos grupos que experimentam oecstasy e outras drogas em locais de dança. Asmedidas específicas incluem orientações para aorganização de raves em condições mais seguras,incluindo distribuição de água gratuita, zonas dedescanso, informação e aconselhamento, bemcomo possibilidades de realizar análises in loco.

As estratégias formuladas com base nas equipasde rua têm atingido os grupos de risco e margina-lizados, frequentemente no quadro de redes es-pontâneas de assistência social. Esta acção obteveresultados animadores no que se refere à alteraçãonão só da conduta a nível da saúde como tambémdos comportamentos de risco, no contexto de umaestratégia de redução dos danos, e ao acesso aosgrupos que experimentam droga numa idade pre-coce.

Foi aplicada uma série de estratégias de reduçãoda procura e dos danos a fim de reduzir os riscosem que incorrem os jovens ao consumirem subs-tâncias. Estas incluíram medidas de segurança paraas raves, abordagens com equipas de rua e projec-tos envolvendo a comunidade que procuram mo-bilizar os recursos locais na luta contra o flagelo dadroga.

Prevenção das doenças infecciosas

As medidas de redução dos danos têm desempenha-do um papel relevante no combate à propagação doHIV. Uma série de estratégias — a prescrição, comomedida de manutenção, de produtos de substituiçãotais como a metadona, programas de troca de serin-gas e agulhas, serviços de fácil acesso («porta aberta»)

e campanhas de educação e informação — conjuga-ram-se para surtir um efeito positivo em vários paísesda UE. No entanto, o mesmo não parece ter ocorridocom a transmissão do vírus da hepatite C. A tubercu-lose entre aos consumidores de drogas é outra daspreocupações manifestadas.

A prevenção da propagação de doenças infecciosasnas populações consumidoras de drogas parece serpossível se for implementada uma série de estraté-gias de redução dos danos. Muito embora o leque ac-tual de estratégias seja vasto, deverá incluir tratamen-tos de substituição, programas de troca de agulhas eseringas, apoio à reinserção e recursos ajustados defácil acesso.

Programas de substituição e tratamento

O aumento da disponibilidade de programas desubstituição em muitos países da UE foi acompa-nhado da necessidade de continuidade na oferta ede marcadores claros da eficácia dos resultados (verabaixo estimativas da prescrição de drogas de subs-tituição nos Estados-Membros). Embora se reco-nheça a eficácia da metadona em termos de saúdee reinserção social, a prática cada vez mais frequen-te do tratamento de substituição parece arrastarconsigo problemas de controlo de qualidade.

Para além da metadona, vários países europeus ex-ploram actualmente um número de alternativas —LAAM, buprenorfina e heroína sob prescrição. To-dos os países da UE reconhecem a importância deuma série de opções de tratamento de substituiçãoe num quadro de abstinência, em regime ambu-latório ou mediante internamento, adequadas àsnecessidades individuais. Há ainda um reconheci-mento consensual da necessidade de um apoio efi-caz à reinserção e de cooperação entre as institui-ções de tratamento e os serviços de saúde e deassistência social. Por último, foi reconhecida a ne-cessidade da oferta de cuidados primários de saúdeaos consumidores de drogas e registaram-se pro-gressos nos programas de colaboração entre osmédicos de clínica geral e os hospitais.

A eficácia das intervenções exige uma avaliação si-gnificativamente superior entre os Estados-Mem-bros e a nível nacional. Embora se reconheça que ostratamentos com prescrição de droga funcionam,importa que estes contemplem as necessidadesindividuais e assentem na participação da comuni-dade local e no apoio à reinserção.

Política de justiça penal

Para além do seu tradicional papel na redução daoferta, as forças policiais estão cada vez mais envol-vidas na redução da procura e na educação, bemcomo nas estratégias para apoiar a participação anível da comunidade local. Todos os Estados-Mem-bros da UE oferecem aos infractores alternativas aoencarceramento, que lhes permitem não cumprirpena de prisão para se tratar ou trabalhar na comu-

Relatório Anual sobre a Evolução do Fenómeno da Droga na União Europeia12

nidade local. Vários projectos exploraram a forma-ção e reabilitação como alternativas, enquanto al-guns países aplicam o tratamento compulsivo a in-fractores toxicodependentes. As comparações entrea prevalência de consumidores de droga nos esta-belecimentos prisionais são dificultadas pela diver-gência de definições e critérios de toxicodependên-cia, mas situam-se geralmente na faixa dos 15-50%.Os programas de abstinência ou de substituiçãosão cada vez mais frequentes nos estabelecimentosprisionais e têm tido algum êxito.

É geralmente reconhecida a necessidade de umaalternativa à pena de prisão para os consumidoresde drogas, especialmente quando se trata da pri-meira infracção ou de infracções menores, acompa-nhada de opções de tratamento nos estabeleci-mentos prisionais. Estes esquemas, além deeconómicos, têm uma rápida capacidade de res-posta, contrariando assim a escalada da droga (e asconsequentes preocupações de saúde pública) queocorre quando os toxicodependentes são simples-mente presos.

Grupos-alvo específicos

Vários países reconheceram a necessidade de abor-dagens específicas da prevenção em função dosexo, ao mesmo tempo que os serviços vocacio-nados para aspectos concretos do tratamento dasmulheres toxicodependentes — maternidade, vio-lência sexual e prostituição — se tornam cada vezmais correntes em toda a Europa. Alguns paísesprocuraram contemplar as necessidades dos toxi-codependentes pertencentes a certos grupos étni-cos e culturais. Por último, a assistência aos filhos deconsumidores de droga também tem vindo a ad-quirir crescente relevância nos programas de pre-venção e tratamento.

A necessidade de resolver os problemas associadosà toxicodependência com sensibilidade levou àcriação de instalações especializadas e de opçõesde tratamento para os que têm necessidadesespecíficas — mulheres, grupos étnicos e familiaresde indivíduos com consumos de droga proble-máticos.

Redução da procura 13

Quadro 1: Número estimado de indivíduos em tratamento de substituição (geralmente metadona)

Em conclusão, os resultados obtidos em 1997 vie-ram alicerçar o anterior trabalho ao acentuarem anecessidade de cooperação com a comunidade lo-cal como plataforma para o tratamento e a preven-ção do abuso de substâncias, com a avaliação a so-bressair cada vez mais como padrão para medir aeficácia. Muito embora grande parte do trabalho

em curso seja não só louvável como também bemsucedido localmente, a coordenação e cooperaçãoentre Estados-Membros e a nível nacional, atravésdo diálogo e da avaliação, são essenciais para atin-gir um nível uniformemente elevado de prestaçãode serviços.

Relatório Anual sobre a Evolução do Fenómeno da Droga na União Europeia14

Os países abrangidos são os seguintes: Albânia, Bós-nia-Herzegovina, Bulgária, República Checa, Estónia,antiga República Jugoslava da Macedónia, Hungria,Letónia, Lituânia, Polónia, Roménia, República Eslo-vaca e Eslovénia. O inquérito ESPAD — EuropeanSchool-Survey Project (Projecto Europeu de In-quéritos Escolares), realizado em 1995 sob os auspí-cios do Grupo Pompidou do Conselho da Europa,incluiu sete países da Europa Central e Oriental (PE-CO) (República Checa, Estónia, Hungria, Lituânia,Polónia, República Eslovaca e Eslovénia) e forneceuvaliosas informações sobre o consumo de droganestes países entre os estudantes com idades com-preendidas entre os 15 e 16 anos.

Actuais e anteriores padrões de consumode droga

O consumo de drogas ilícitas nos PECO passou a sermotivo de preocupação apenas depois das trans-formações políticas ocorridas no início dos anos 90.No entanto, alguns países (Polónia, Hungria, Eslo-vénia e antiga Checoslováquia) já antes disso tin-

ham considerado o consumo de drogas ilícitas co-mo um problema, desenvolvendo algumas estra-tégias de investigação e tratamento.

No fim dos anos 70, o consumo de drogas de pro-dução local por via intravenosa foi registado em al-guns PECO (Checoslováquia, Polónia, Lituânia, Letó-nia, Bulgária e Hungria). O abuso de fármacos eracomum no mesmo período na Hungria, antiga Che-coslováquia e Polónia e, em menor medida, naBulgária. Mais recentemente, o problema surgiutambém na Albânia, Bósnia-Herzegovina e antigaRepública Jugoslava da Macedónia. As trans-formações políticas ocorridas na região no iníciodos anos 90 foram acompanhadas de um aumentonão só do tráfico de droga através de muitos PECO,mas também do consumo nesses países de drogasimportadas.

Tendências específicas de cada droga

O inquérito ESPAD de 1995 indicou a cannabis como adroga mais frequentemente consumida pelos adoles-

Natureza e extensão do consumo de droga na Europa Central e Oriental

Quadro 2: Consumo de cannabis ao longo da vida por jovens em idade escolar (15-16 anos)

centes e jovens adultos nos sete PECO que nele parti-ciparam.

No mesmo inquérito,os solventes foram indicados co-mo a segunda substância mais consumida. Desde oinício dos anos 90,muitos PECO acusaram um aumen-to no consumo de heroína (Bulgária, República Checa,antiga República Jugoslava da Macedónia, Hungria,República Eslovaca e Eslovénia). Tendências mais re-centes apontam para uma viragem gradual para a in-

jecção de heroína importada (ver gráfico abaixo). Oconsumo de fármacos combinado com drogas ilícitastornou-se mais corrente nos últimos anos na Bulgária,Bósnia-Herzegovina, antiga República Jugoslava daMacedónia, Hungria, República Eslovaca e Eslovénia.O nível de consumo de cocaína ainda é baixo, emborao volume de apreensões sugira um incremento dotráfico na Polónia, República Checa, Hungria e Ro-ménia.

Natureza e extensão do consumo de droga na Europa Central e Oriental 15

Resposta jurídica

Os PECO estão a desenvolver esforços para adaptaras respectivas legislações por forma a cumprir as nor-mas da UE.Todos os PECO adoptaram nova legislaçãono campo da droga (sobretudo a partir de 1996). Aprodução e o tráfico de droga constituem crime pu-nido por lei em todos os países, embora o consumode drogas ilícitas, em geral, o não seja. Todos ospaíses, excepto a Albânia, são partes signatárias e rati-ficaram as três convenções das Nações Unidas sobreestupefacientes, substâncias psicotrópicas e tráfico ilí-cito, à excepção da Estónia, que ainda não ratificou aconvenção de 1988.

Órgãos interministeriais

Todos os países, excepto a Bósnia-Herzegovina e a

Roménia, criaram um órgão interministerial anti-

droga para planear e coordenar os esforços de luta

contra a droga entre os diferentes ministérios (o

órgão interministerial na Albânia não se encontra

operacional). Estes órgãos foram incumbidos da

elaboração de nova legislação, projectos e relató-

rios e da preparação de programas nacionais anti-

droga. Como consequência, vários PECO adoptaram

programas nacionais antidroga multidisciplinares e

abrangentes.

Quadro 3: Percentagem de consumidores em cidades dos PECO que utilizam principalmente heroína

Tratamento solicitado — heroína/opiáceos.[M. Stauffacher, Novembro de 1997. P-PG/Epid (97) 24/projecto)].

Redução da procura da droga

A história da redução da procura da droga varia emtoda a região. Foi implementada na Polónia há maisde dois decénios e na Roménia apenas há algunsanos. Em geral, a redução da procura da droga é ain-da uma prioridade menor na maioria dos PECO, que,em grande parte, mobilizam mais recursos para aexecução da lei (redução da oferta).

Predomina o tratamento em meio hospitalar, minis-trado por psiquiatras e outros técnicos de saúde. Namaioria dos PECO, os centros terapêuticos só exis-tem nas grandes cidades. O tratamento ambulatórioem regime de abstinência e a estadia de longo pra-zo em comunidades terapêuticas acusam um rápidodesenvolvimento na maioria dos PECO.

A prevenção é a primeira prioridade de grandeparte das estratégias e dos programas nacionais, in-cluindo a educação escolar e a promoção da saúde.

Nos últimos anos, as equipas de rua e os serviçosvocacionados para a redução dos danos vieram

completar as estratégias de redução da procura dedroga. Embora estejam disponíveis programas desubstituição (manutenção em metadona) e os es-quemas de troca de agulhas tenham aumentadoem toda a região, estas opções de redução dosdanos são praticamente inexistentes, mesmo nasgrandes cidades.

As organizações não governamentais são frequen-temente subutilizadas e subfinanciadas. As princi-pais necessidades consistem no reforço da capaci-dade e do desempenho, no aumento dos fundos ena melhoria da comunicação e cooperação com asinstituições públicas.

Drogas sintéticas

Quase todos os países registam um aumento nasapreensões, mas a informação sobre o consumo éem grande parte irrisória.

Relatório Anual sobre a Evolução do Fenómeno da Droga na União Europeia16

As reformas legislativas têm de ser consideradas àluz de uma tentativa de equilíbrio entre as activi-dades de redução da procura e da oferta e o papeldesempenhado por sanções alternativas e aborda-gens de cooperação na luta contra o flagelo da dro-ga na UE.

Esboçam-se progressos legislativos específicos, comparticular incidência na distinção entre abordagensmédicas e terapêuticas à luta contra a criminalidaderelacionada com o tráfico e na resposta concreta aocontrolo de cannabis, que ocupou o centro dodebate político e público, em 1997, em todos osEstados-Membros. Alguns países da UE toleram oconsumo e a posse de cannabis em casos indivi-duais e em certas circunstâncias, ao mesmo tempoque outros, na prática, aplicam penas menos severasàs infracções que envolvam a cannabis. Todos osEstados-Membros se empenham resolutamente naluta contra a criminalidade associada ao tráfico decannabis.

A controvérsia em torno da cannabis surge nas es-truturas nacionais, em que a resposta jurídica assu-me forma específica em função do tipo de droga, oué genérica, isto é, em que a resposta é uniforme paratodas as drogas ilícitas. No entanto, mesmo os paísescom leis iguais para todas as substâncias tendem adispor de procedimentos de implementação quevariam em função das circunstâncias e do tipo ou daquantidade da substância ilícita em causa. Assim,nalguns países europeus as sanções são, em parte,determinadas pela classificação da apreensão emuma de três categorias quantitativas e a posse depequenas quantidades para consumo próprio resul-tará muito provavelmente numa advertência ou emmedidas alternativas que não conduzem a uma ac-ção penal.

O gráfico seguinte sintetiza a política dos Estados--Membros em relação ao consumo da cannabis.

Estratégias nacionais

Estratégias nacionais 17

Portugal • Cada droga possui uma dose máxima oficial diária.• A posse constitui um crime. Pequenas quantidades podem ser consideradas um crime de consumo e, por conseguinte, ser

punidas menos severamente com uma «suspensão de execução da pena» (a qual é contudo inscrita no Registo Criminal),se se provar que se destinam apenas a consumo próprio e que se trata de um consumidor ocasional. Quando a quantidadeatinge o triplo da dose média diária permitida é punida mais severamente, dependendo do facto de a substância sedestinar exclusivamente a uso próprio ou ao tráfico.

Suécia • A posse e o consumo de cannabis são proibidos.• As sanções são definidas de acordo com as quantidades envolvidas.• Ao consumo de cannabis são aplicadas sanções pecuniárias. As coimas poderão ser substituídas por um aconselhamento

voluntário.

Reino Unido • As substâncias controladas dividem-se em três classes, A, B e C.• A posse (até 30 g) de cannabis (droga da classe B) é punida com um máximo de cinco anos de prisão.• Pena máxima de 14 anos por tráfico de cannabis.• Os tribunais podem também recorrer a advertência, liberdade condicional ou serviços prestados à comunidade local.

Quadro 4: Política dos Estados-Membros no que se refere ao consumo de cannabis

Áustria • Não é instaurado processo em caso de consumo pela primeira vez de cannabis.• As penas são impostas em função da quantidade de droga: multa para delitos de menor gravidade que envolvam pequenas

quantidades e/ou até seis meses de prisão.

Bélgica • São menores as probabilidades de que a posse e o cultivo para uso próprio sejam punidas.• Constituem crimes graves o consumo em público, a incitação ao consumo, a venda ou o tráfico.

Dinamarca • Não faz uma distinção formal entre drogas.• A primeira infracção implica a inscrição no Registo Criminal Central.• As infracções subsequentes resultam em multas ou penas.• Recomendação de advertências pela posse de pequenas quantidades.

Finlândia • O consumo é punido com uma multa ou dois anos de prisão, no máximo.• Na aplicação das penas não há distinção entre drogas.• No entanto, o direito finlandês aplica o conceito de «droga muito perigosa» aos narcóticos susceptíveis de provocar a morte

por overdose ou graves danos à saúde.

França • Não faz distinção entre drogas, cujo consumo pode resultar numa multa e/ou até um ano de prisão. Tratamento médico eassistência social para consumidores inveterados de cannabis, sendo a sujeição a tratamento uma alternativa às penas.

• Advertência em caso de primeira infracção por consumo de cannabis, se se tratar de consumo ocasional e o utilizador seencontrar socialmente integrado.

Alemanha • A posse de pequenas quantidades para uso pessoal constitui uma infracção penal, não sendo instaurado processo/aplicadapena desde que não sejam prejudicados terceiros.

Grécia • Não há distinção entre drogas «leves» e «duras».• Considera-se que o consumo pode acarretar a dependência psicológica e/ou física, actua como «droga de acesso» e

constitui um risco para a sociedade.

Irlanda • Distinção entre posse para uso próprio e posse destinada ao tráfico.• Multas por posse de cannabis para consumo próprio em caso de primeira ou segunda infracção.

Itália • Advertência para a primeira infracção por posse para uso próprio.• As infracções subsequentes para consumo próprio resultam em sanções administrativas (suspensão da carta de condução,

da licença de porte de armas ou do passaporte).

Luxemburgo • Não há distinção entre drogas «leves» e «duras», mas os tribunais distinguem.• Os consumidores que podem ser advertidos uma vez (em caso de se tratar da primeira vez) ou receber tratamento.

Normalmente, o consumo não conduz à instauração de processo.• Os traficantes que são punidos com medidas repressivas.

Países Baixos • O consumo e a posse até 5 g são autorizados nos cafés.• Os termos e as condições da posse e do consumo são especificados por directivas.

Espanha • A posse e o consumo em locais públicos são punidos mediante medidas administrativas.• É feita distinção entre as drogas que causam sérios problemas de saúde e as que não causam, entre as que se destinam ao

cultivo e ao tráfico.

Relatório Anual sobre a Evolução do Fenómeno da Droga na União Europeia18

Mecanismo de intercâmbio rápido de informações sobre novas drogas sintéticas

Em Junho, o Conselho da UE adoptou uma acçãocomum com o objectivo de criar um mecanismo deintercâmbio rápido de informações sobre novasdrogas sintéticas e avaliar os respectivos riscos, a fimde permitir que as medidas de controlo dassubstâncias psicotrópicas, aplicáveis aos Estados-Membros, sejam alargadas também às novas drogas

sintéticas. Foram confiadas ao OEDT e à Unidade«Drogas» Europol novas responsabilidades que lhespermitem recolher a informação necessária eparticipar no comité incumbido de avaliar os possíveisriscos causados pelo consumo e tráfico de novasdrogas sintéticas.

Não havendo a assinalar grandes alterações políticasou organizativas na UE, o Terceiro Plano de Acção daUE em Matéria de Luta contra a Droga permanece oquadro geral da acção antidroga no tocante aos novosmecanismos instituídos pelo Tratado de Maastrichtpara combater a droga numa perspectiva integrada.Aacção centra-se em três áreas: redução da procura,redução da oferta e reforço da cooperação inter-nacional, nomeadamente entre as políticas antidroga.A informação fiável e científica é cada vez mais con-siderada um pré-requisito essencial para uma estraté-gia antidroga eficaz. A evolução mais significativaocorrida em 1997 prende-se com as áreas de activida-de visadas, a alteração das disposições relativas ao fi-nanciamento de acções internas e o aumento do fi-nanciamento para acções externas.

Áreas de actividade: A medida mais significativa noâmbito da redução da procura foi a implementaçãodo Programa de Acção Comunitária no Âmbito daPrevenção da Toxicodependência, destinado a pro-mover a cooperação entre os Estados-Membros eapoiar os seus esforços. Serão promovidas acçõesnos domínios da recolha de dados, da investigação eavaliação, bem como da informação, educação sa-nitária e formação. Em 1997, foram apoiados 22 pro-jectos no domínio da prevenção. Novas actividadesno domínio da redução da procura contemplaram areinserção dos toxicodependentes (graças à ini-ciativa Emprego-Integra) e uma proposta tendentea reduzir a incidência da condução sob o efeito deálcool, fármacos ou drogas ilícitas. As principais ini-ciativas no campo da redução da oferta abrangeramo controlo do comércio das substâncias químicasutilizadas no fabrico de drogas ilícitas («precur-sores») e puseram em foco as estratégias contra obranqueamento de capitais. No quadro de uma iniciativa geral de promoção da cooperação in-ternacional, o Programa Plurinacional de Luta Anti-droga PHARE acompanha os esforços de controlo dadroga dos 10 PECO candidatos à adesão à UE. Alémdisso, foi adoptado e entrou em vigor um Regu-lamento (CE) n.º 2046/97 do Conselho, de 13 de Ou-tubro de 1997, que define os princípios, objectivos e

modalidades da cooperação Norte-Sul em matériade luta contra a droga. Em Junho de 1997, o Tratadode Amsterdão reforçou as acções comunitárias des-tinadas a reduzir os efeitos prejudiciais da drogasobre a saúde, incluindo informação e prevenção, econsolidar novos objectivos, bem como as acçõescomunitárias em matéria de segurança e justiça.

Financiamento das acções internas: Em 1997, comuma dotação de 33 milhões de ecus, a UE financiouoito rubricas orçamentais, três das quais directamen-te afectadas à luta contra a droga, nomeadamente o«Programa de Acção Comunitária no Âmbito da Pre-venção da Toxicodependência» (com um orçamentoanual de 4,9 milhões de ecus, dos quais 69% se desti-naram a apoiar as redes europeias), «Aspectos glo-bais da luta contra as drogas» (com um orçamentoanual de 1,2 milhões de ecus, 67% dos quais se desti-naram à redução da oferta) e «OEDT» (com um orça-mento anual de 6,3 milhões de ecus destinados aapoiar a investigação, a formação e a recolha, trata-mento e difusão de informação). Outras áreas impor-tantes objecto de financiamento são o programaEmprego-Integra no âmbito da reinserção dos toxi-codependentes (18,4 milhões de ecus), a cooperaçãono domínio da Justiça e dos Assuntos Internos (4,5milhões de ecus) e o programa de investigação nodomínio da biomedicina sobre os aspectos neurofi-siológicos da toxicodependência (Biomed) (1 milhãode ecus).O total das despesas para as acções internasem 1997 ascendeu a 33,3 milhões de ecus, montanteque representa um aumento em comparação comos 15,2 milhões de ecus gastos em 1996.

Financiamento das acções externas: Em 1997 foramfinanciadas duas rubricas orçamentais directa-mente relacionadas com a luta contra a droga,nomeadamente:

• «Cooperação Norte/Sul» (8,9 milhões de ecuspara cobrir as despesas com a redução da procu-ra, os esforços policiais e o controlo de precur-sores e substâncias químicas na América Latina,Ásia, Caraíbas e África e na região mediterrânea);

Acção empreendida pela União Europeia

• «Programa Plurinacional de Luta Antidroga PHA-RE» (5 milhões de ecus destinados a implemen-tar sistemas de informação, elaborar legislaçãocontra o branqueamento de capitais e sobre ocontrolo de substâncias precursoras compatívelcom a da UE, formular uma estratégia de redu-ção da procura e realizar cursos de formaçãojunto dos trabalhadores).

Os fundos provenientes de rubricas orçamentaisnão directamente ligados à luta contra a droga to-talizaram 6,2 milhões de ecus em 1997, dos quais92% foram canalizados para África e 8% para asCaraíbas, sendo que 81% do total foram consa-grados a projectos de redução da procura.

Globalmente, foram gastos mais de 53 milhões deecus em acções relacionadas com a droga em 1997— 62% para acções desenvolvidas no território daUE e 38% para acções promovidas no exterior. Anível da UE, a grande maioria dos fundos foi canali-zada para acções de reabilitação, ao passo que,no exterior da UE, 60% do orçamento foi despen-dido na África e nos PECO. Representa isto um ligei-ro decréscimo comparado com o total gasto em1996 (61 milhões de ecus), ao contrário da percen-tagem das despesas ocasionadas pelas acções in-ternas, que sofreu um aumento considerável desde1996.

Acção empreendida pela União Europeia 19

Gráfico 2: Despesas comunitárias externas relacionadas com a droga de acordo com o campo de interesse

Gráfico 1: Análise das despesas internas

Relatório Anual sobre a Evolução do Fenómeno da Droga na União Europeia20

A acção internacional no campo da droga caracte-riza-se pelas funções e actividades das principaisorganizações envolvidas na resolução do proble-ma da droga a nível internacional, bem como pe-los seus trabalhos e resultados alcançados em1997. As informações sobre padrões e tendênciasdas apreensões de estupefacientes e substânciaspsicotrópicas também se encontram entre os indi-cadores relevantes em 1997.

Progressos em 1997

Depois de a Áustria se ter tornado parte signatáriaem 1997, todos os Estados-Membros da UE assina-ram as convenções das Nações Unidas no domíniodo controlo internacional da droga. Um facto dignode registo foi a preparação da Sessão Especial daAssembleia Geral das Nações Unidas (Ungass)sobre Drogas ( 8-10 de Junho), para a qual o Pnucidcontribuiu, elaborando documentação destinada acompletar a declaração da Ungass sobre reduçãoda procura. A OMS prosseguiu o seu Programasobre Consumo Ilícito de Substâncias, enquanto aInterpol transmitiu mais de dois milhões de comu-nicações sobre actividades criminosas no decursodo ano e realizou uma assembleia geral na qual fo-ram adoptadas 18 resoluções, nomeadamente nodomínio do branqueamento de capitais. A Organi-zação Mundial de Alfândegas (OMA) anunciou umaumento nas detecções de drogas superior a 10%em comparação com 1996.

Alterações na oferta de droga na UE

Apesar do aumento dos esforços empreendidos anível da execução da lei, a estabilidade do preço e adisponibilidade indicam que a oferta de drogacontinua a crescer. Em 1997, registaram-se au-mentos significativos nas apreensões de cocaína eanfetaminas, um ligeira subida nas apreensões daresina de cannabis (haxixe) e uma pequena baixanas apreensões de heroína e cannabis herbácea(marijuana). Embora as rotas de tráfico quase nãotenham sofrido alteração, verificou-se um aumentona produção e no comércio de novas drogas sinté-ticas na UE e nos países da Europa Oriental, bem co-mo fortes indícios de exportação de drogas sintéti-cas para outras regiões. Segundo a Interpol, cercade 800 toneladas métricas de cocaína e 450 tonela-das métricas de heroína são produzidas anualmen-te em todo o mundo. Grande parte desta produçãodesemboca na UE (segundo dados fornecidos pelaUnidade «Drogas» da Europol, 38 toneladas de co-caína e 4,4 toneladas de heroína foram apreendidasna União Europeia em 1997).

Intervenientes internacionais

Os intervenientes internacionais dividem-se emtrês categorias:

• Organização das Nações Unidas: Tem váriosórgãos que se ocupam do problema da droga,sendo responsáveis pela avaliação da implemen-tação de tratados internacionais. Em particular, oÓrgão Internacional de Controlo de Estupefa-cientes (OICE) é o órgão independente e quase ju-risdicional que supervisiona a implementação eaplicação das convenções internacionais em ma-téria de controlo de estupefacientes; a Comissãode Estupefacientes é o organismo principal diri-gente, dentro das Nações Unidas, que trata todosos assuntos relacionados com o controlo da drogae o Pnucid (Programa das Nações Unidas para oControlo Internacional da Droga) assegura o se-cretariado quer da Comissão de Estupefacientesquer do OICE, colaborando com os Estados-Mem-bros na implementação das decisões tomadaspor órgãos dirigentes. Além disso, a OrganizaçãoMundial de Saúde (OMS) promove a saúde públi-ca e a melhoria das condições de vida. A nível dasNações Unidas,existem ainda outros órgãos espe-cializados envolvidos em assuntos relacionadoscom o controlo de estupefacientes.

• Outras agências internacionais: A Interpol promo-ve a cooperação internacional na aplicação da leicom vista a reduzir a produção, o fabrico e o tráfi-co de drogas ilícitas. As relações entre a OEDT e aInterpol, estabelecidas em 1995, deverão ser re-forçadas. A Organização Mundial de Alfândegas(OMA) procura harmonizar as práticas aduaneirase aumentar a eficácia da detecção de remessasde droga.

• Organizações regionais: O Grupo Pompidou doConselho da Europa promove uma abordagemmultidisciplinar para lutar contra o problema dadroga numa base pan-europeia, enquanto que oGrupo de Dublim é um organismo internacionalvocacionado para a coordenação da política in-ternacional de controlo da droga. A Comissão In-teramericana para o Controlo do Abuso de Dro-gas (CICAD) centra as suas actividades na lutacontra o tráfico, a produção e o consumo de dro-ga e o Grupo de Acção Financeira Internacional(GAFI) procura detectar actividades de branquea-mento de capitais no sistema financeiro.

Em conclusão, em 1997 prosseguiram a cooperaçãoe a coordenação no plano internacional, que de-verão ser reforçadas nos próximos anos a fim depôr cobro ao constante aumento de estupefa-cientes e substâncias psicotrópicas.

Acção internacional

Análise das despesas públicas com a droga 21

Quadro 5: A União Europeia e a comunidade internacional no domínio da droga

O OEDT propõe-se estudar o impacte financeirodas políticas antidroga na UE, analisar a distribuiçãodas despesas públicas com o problema da droga eexaminar em linhas gerais as abordagens que per-mitem a análise comparativa da eficácia das despe-sas públicas. Os três domínios de despesas públicasconsiderados são a repressão (no âmbito da aplica-ção das leis antidroga), o tratamento (particular-mente os custos de saúde inerentes à sida) e a pre-venção.

As despesas subdividem-se entre aquelas directa-mente ligadas a projectos no domínio da droga eas incorridas pelos ministérios e pelas administra-ções públicas, que incluem o chamado «esforço an-tidroga» (embora a percentagem exacta correspon-dente a uma e a outra seja difícil de calcular).

O quadro 6 baseia-se em projectos franceses e suí-ços, com dados recolhidos também na Bélgica,Irlanda, Espanha, Portugal e Dinamarca. Os dados

Análise das despesas públicas com a droga

traduzem muitos dos problemas relacionados coma inexistência de dados e a falta de compa-rabilidade entre países. Assim, os dados sobre de-tenções por «infracções relacionadas com droga»podem incluir quer o número de pessoas presasquer o número de delitos.

Esboça-se um método para o cálculo de um «orça-mento da droga» em que as despesas directas daacção antidroga são usadas como base para o cál-culo das despesas com a administração pública. Oelemento utilizado para o cálculo da dotação relati-va às intervenções da polícia pode ser generaliza-do, por exemplo, às despesas do sistema judiciário,enquanto para o sistema prisional o cálculo é difi-cultado pelo facto de os crimes não relacionadoscom a droga serem cometidos para obter dinheiropara a droga ou sob o efeito de drogas.

É necessário um estudo comparativo europeusobre «orçamentos da droga» como meio de avaliara amplitude do esforço de despesa pública de cadapaís. O orçamento da droga em percentagem doPIB é similar em três países europeus, mas significa-

tivamente superior nos EUA. Em relação às despe-sas públicas, os valores correspondentes aos EUA eao Reino Unido são significativamente mais eleva-dos do que os correspondentes à França e aosPaíses Baixos.

Na Europa, o orçamento atribuído à repressão (cer-ca de 80% nos três países) é significativamente in-ferior ao dos EUA (93%). No entanto, em todos ospaíses, é difícil calcular o montante gasto na pre-venção devido ao seu carácter descentralizado. Oreforço dos recursos para uma rubrica orçamentaltende a fazer-se em detrimento de uma outra, dadaa improbabilidade do aumento das despesas geraisnuma época de recursos limitados.

Em suma, uma análise mais exaustiva impõe a com-parabilidade da informação proveniente dos Esta-dos-Membros como primeiro passo para a criaçãode um maior conhecimento sobre a eficácia dasdespesas públicas consagradas ao problema dadroga e a avaliação dos custos sociais causados poreste fenómeno.

Relatório Anual sobre a Evolução do Fenómeno da Droga na União Europeia22

Quadro 6: Despesas públicas e «orçamento da droga» (resumo)

(1) Milhões de ecus.(2) Kopp and Palle — MILDT report (1996).(3) Estermann, J., Consommation et trafic de drogues: les coûts de la répression (estimativa para a Suíça, 1991).(4) Tackling drugs together — Strategy for England, 1995-1998, HMSO, Maio de 1995.

Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência

Sumário e tópicos principais — Relatório Anual sobre a Evolução do Fenómeno da Droga na UniãoEuropeia

Luxemburgo: Serviço das Publicações Oficiais das Comunidades Europeias

1998 — 22 p. — 21 x 29,7 cm

ISBN 92-9168-072-9

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16 17 05

SERVIÇO DAS PUBLICAÇÕES OFICIAISDAS COMUNIDADES EUROPEIAS

L-2985 Luxembourg

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