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CEJUR INFORMA CEJUR INFORMA Edição 224, de 30/03/2012 PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO SECRETARIA DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS PROCURADORIA-GERAL DO MUNICÍPIO CENTRO DE ESTUDOS JURÍDICOS SUMÁRIO Notícias Site do Supremo oferece GRU para recolhimento de custas Nova ADI é ajuizada contra lei que criou Certidão Negativa de Débito Trabalhista ADPF que questiona obrigações pecuniárias sem precatório será julgada no mérito STF determina ajustes na composição do TCE paulista Segunda Turma começa a julgar recurso sobre dupla tributação internacional CNJ impede pagamento simultâneo de precatórios e honorários Diagnóstico de precatórios feitos pelo CNJ resulta em parceria com TJSP

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Page 1: SUMÁRIO - prefeitura.sp.gov.br fileSegunda Turma começa a julgar recurso sobre dupla ... CNJ impede pagamento simultâneo de precatórios e ... Diagnóstico de precatórios feitos

CEJUR INFORMA CEJUR INFORMA Edição 224, de 30/03/2012

PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULOSECRETARIA DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS PROCURADORIA-GERAL DO MUNICÍPIO

CENTRO DE ESTUDOS JURÍDICOS

SUMÁRIONotícias

Site do Supremo oferece GRU para recolhimento de custas

Nova ADI é ajuizada contra lei que criou Certidão Negativa de Débito Trabalhista

ADPF que questiona obrigações pecuniárias sem precatório será julgada no mérito

STF determina ajustes na composição do TCE paulista

Segunda Turma começa a julgar recurso sobre dupla tributação internacional

CNJ impede pagamento simultâneo de precatórios e honorários

Diagnóstico de precatórios feitos pelo CNJ resulta em parceria com TJSP

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CURSO

PRÁTICA PROCESSUAL I

Petição Inicial e Defesa

Dias 11, 18, 25 de abril, 02, 09 e 16 de maio de 2012

COORDENAÇÃO: PROF. DRA. NATHALY CAMPITELLI ROQUE PROCURADORA DO MUNICÍPIO, DIRETORA DA ESCOLA SUPERIOR DE DIREITO PÚBLICO MUNICIPAL - ESDM

HORÁRIO - DAS 13:30 ÀS 16:30 HORAS.

LOCAL: AUDITÓRIO DO CEJUR – CENTRO DE ESTUDOS JURÍDICOS “LÚCIA MARIA MORAES RIBEIRO DE MENDONÇA”, LOCALIZADO NO PÁTIO DO COLÉGIO Nº 5.

PÚBLICO ALVO: ESTAGIÁRIOS DE DIREITO VINCULADOS À PROCURADORIA-GERAL DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO.

CARGA HORÁRIA: 18 (DEZOITO) HORAS.

VAGAS: 30 (TRINTA) VAGAS, SENDO 08 (OITO) PARA FISC, 08 (OITO) PARA JUD, 04 (QUATRO) PARA DEMAP, 04 (QUATRO) PARA DESAP, 03 (TRÊS) PARA PROCED, 01 (UMA) PARA PGM-AJC, 01 (UMA) PARA CEJUR E 01 (UMA) PARA ESDM.

INSCRIÇÕES: pelo correio eletrônico: snjescolamunicipal @prefeitura.sp.gov.br , (informando nome completo, nº da vaga de estágio na PMSP, Unidade, Faculdade, semestre em curso e telefone).

REALIZAÇÃO: SNJ – SECRETARIA DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS PGM – PROCURADORIA-GERAL DO MUNICÍPIO EDSM – ESCOLA SUPERIOR DE DIREITO PÚBLICO MUNICIPAL

ATIVIDADES ACADÊMICAS

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CURSO DE TREINAMENTO PARA OS NOVOS ESTAGIÁRIOS DA PROCURADORIA-GERAL DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO – 2012

Dias 16, 17, 18 de abril de 2012

PROGRAMA

PRIMEIRO DIA – 16.4.2012 (SEGUNDA-FEIRA) 14h00/15h00: a) abertura; b) organograma e legislação orgânica de SNJ e PGM (Procurador-Geral CELSO AUGUSTO COCCARO FILHO); 15h00/16h00: DEMAP (Procurador JERRY JACKSON FEITOSA - DEMAP); 16h00/17h00: FISC (Procurador DANIEL COLOMBO DE BRAGA – FISC);

SEGUNDO DIA – 17.4.2012 (TERÇA-FEIRA) 14h00/15h00: PROCED (Procurador GISELE APARECIDA FRANCO LAURIANO DE LUCA – PROCED);15h00/16h00: JUD (Procurador SIMONE FERNANDES MATTAR);16h00/17h00: DESAP (Procurador MARIA APARECIDA DOS ANJOS CARVALHO – DESAP);

TERCEIRO DIA – 18.4.2012 (QUARTA-FEIRA) 13h30/14h30: ESDM-SP (Procurador NATHALY CAMPITELLI ROQUE – ESDM-SP);14h30/15h30: o Município e suas competências constitucionais (Procurador LUCIANA RUSSO – PROCED); 15h30/16h30: a) histórico; b) encerramento (Procurador CARLOS EDUARDO GARCEZ MARINS – CEJUR).

FREQUÊNCIA OBRIGATÓRIA AOS ESTAGIÁRIOS APROVADOS NO

PROCESSO SELETIVO REALIZADO EM 18/03/2012

LOCAL: AUDITÓRIO DO CEJUR – CENTRO DE ESTUDOS JURÍDICOS “LÚCIA MARIA MORAES RIBEIRO DE MENDONÇA”, LOCALIZADO NO PÁTIO DO COLÉGIO Nº 5.

CARGA HORÁRIA: 9 (NOVE) HORAS.

REALIZAÇÃO: SNJ – SECRETARIA DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS PGM – PROCURADORIA-GERAL DO MUNICÍPIO CEJUR – CENTRO DE ESTUDOS JURÍDICOS “LÚCIA MARIA MORAES RIBEIRO DE MENDONÇA”.

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PORTARIA 12/2012 – PGM.G (D.O.C. de 24.03.2012, p. 29)

Fixa critérios para aplicação da Lei Municipal 14.800/08, que autoriza a Procuradoria

Geral do Município a não ajuizar ações ou execuções de débitos de pequeno valor, bem

como autoriza a desistência das execuções e dá outras providências.

O PROCURADOR GERAL DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO, com fundamento no art.

87 da Lei Orgânica Municipal, no inc. I do art. 4º da Lei 10.182/86 e no inc. I do art. 7º do

Decreto 27.321/88,

RESOLVE:

Art. 1°. Ficam autorizados os Departamentos Fiscal e Judicial a não ajuizar ações ou

execuções fiscais de débitos tributários e não tributários de valores consolidados iguais ou

inferiores a R$ 734,15 (setecentos e trinta e quatro reais e quinze centavos).

Art. 2°. Não serão objeto da desistência prevista no art. 2º da Lei 14.800, de 25/06/08,

além das exceções legais, os débitos que se encontrarem nas seguintes situações:

I - ação especial;

II - exceção de pré-executividade;

III - acordo administrativo ativo;

IV - PPI homologado;

LEGISLAÇÃO

DECRETO Nº 48.138/2007(Disciplina o procedimento a ser observado na reposição, pelos servidores muni-

cipais, dos pagamentos indevidos feitos pela Fazenda Municipal).

CONSOLIDADO

Acesse o arquivo enviado como anexo deste informativo.

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V -REFIS deferido;

VI - SUPER SIMPLES homologado.

Parágrafo único. Estando em curso ação especial ou exceção de pré- executividade

será possível a desistência da execução, se o executado manifestar em Juízo sua

concordância com a extinção do feito sem quaisquer ônus para a Municipalidade de São

Paulo.

Art. 3°. A autorização concedida para não ajuizamento das execuções fiscais prevista

na Lei 14.800/08, não se aplicará aos acordos formalizados e rompimentos ocorridos a

partir da vigência da lei.

Art. 4°. Fica autorizado o arquivamento dos executivos fiscais pelo artigo 40 da Lei de

Execução Fiscal, até o valor de R$ 10.000,00, por número de inscrição cadastral ou

devedor, desde que estejam paralisados por falta de localização do devedor ou de bens,

ou a cobrança for antieconômica.

Parágrafo único. Presume-se antieconômica a cobrança dos créditos em que tenha

sido decretada a falência do devedor, até o limite de valor estabelecido no “caput”.

Art. 5°. A Dívida Ativa objeto do não ajuizamento ou de desistência, enquanto não

operada a prescrição, deverá ser exigida pela via administrativa, inclusive por intermédio

de protesto extrajudicial, desde que preencha aos pressupostos legais de indicação do

Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ), se o devedor for pessoa jurídica, e o

Cadastro de Pessoas Físicas (CPF), ou número de Registro Geral (RG), constante da

Cédula de identidade, se pessoa física.

Parágrafo único. Caso inexistentes os pressupostos legais para a efetivação do

protesto indicados no “caput”, os Departamentos Fiscal e Judicial deverão promover as

diligências necessárias e possíveis para a obtenção de tais dados.

Art. 6°. O protesto extrajudicial dos débitos, tributários e não tributários, inscritos na

dívida ativa, deverá ser utilizado, preferencialmente, nos seguintes casos:

I - acordos rompidos;

II - créditos em fase extrajudicial com valores superiores a R$ 100,00 até o limite de

R$ 10.000,00;

III - exclusões do Programa de Parcelamento Incentivado (PPI), do REFIS e do Super

Simples, hipóteses em que ocorreu a confissão do débito;

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IV - execuções arquivadas nos termos do art. 4º desta Portaria.

Parágrafo único. A apresentação a protesto deverá ser realizada pela via eletrônica,

quando possível.

Art. 7°. Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação, revogadas as

disposições em contrário, especialmente a Portaria 18/11-PGM.

PORTARIA CONJUNTA 2/2012 – SNJ/PGM (D.O.C. de 23.03.2012, p. 24/25)

CLAUDIO LEMBO, Secretário Municipal dos Negócios Jurídicos, e CELSO AUGUSTO

COCCARO FILHO, Procurador Geral do Município, no uso de suas atribuições legais,

CONSIDERANDO o elevado número de solicitações encaminhadas ao Departamento

de Desapropriações por entes e órgãos da Administração Pública, tendo por objetivo a

desapropriações de bens imóveis necessários à consecução do interesse público;

CONSIDERANDO a necessidade de padronizar a forma de elaboração e

apresentação das plantas expropriatórias e minutas de decreto submetidas ao DESAP;

para prosseguimento dos serviços expropriatórios;

CONSIDERANDO que a padronização desses procedimentos prévios propiciará maior

agilidade e racionalidade na elaboração dos laudos de avaliação a cargo do DESAP,

RESOLVEM:

Art. 1º. Aprovar, na forma do Anexo Único, integrante desta Portaria, a cartilha com

orientações para a elaboração das plantas expropriatórias e de decretos de utilidade

pública ou interesse social.

Art. 2º. Esta Portaria entre em vigor na data de sua publicação, revogadas as

disposições anteriores.

São Paulo, 22 de março de 2012

CLAUDIO LEMBOSecretário dos Negócios Jurídicos

CELSO AUGUSTO COCCARO FILHOProcurador Geral do Município

ANEXO - Cartilha para elaboração de planta expropriatória e minutas de decreto (vide

D.O.C. 23/03/2012, p. 24/25).

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PORTARIA CONJUNTA 1/2012 – SNJ/PGM (D.O.C. de 23.03.2012, p. 24)

CLAUDIO LEMBO, Secretário Municipal dos Negócios Jurídicos, e CELSO AUGUSTO

COCCARO FILHO, Procurador Geral do Município, no uso de suas atribuições legais,

RESOLVEM:

1 - Prorrogar o prazo fixado no item III da Portaria Conjunta 01/11-SNJ, que constituiu

a Comissão de Precatórios, por mais 3 (três) meses, para a conclusão dos trabalhos.

2 – Passam a integrar a referida Comissão os servidores Fernando Gonçalves de

Almeida, RF. 634.224.8.00, Maurício Moreno Monteiro, RF. 793.337.1/1 e Irene Silva

Nascimento, RF 602.803.9.01, ficando excluído o servidor Celso Farah, RF. 581526.6/1.

3 - Esta portaria entrará em vigor na data de sua publicação.

DEPARTAMENTO FISCAL

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

AI no AGRAVO DE INSTRUMENTO nº 1.037.765 - SP (2008/0079240-1)

RELATOR: Ministro Teori Albino ZavasckiAGRAVANTE: FAZENDA NACIONALPROCURADORES: Claudio Xavier Seefelder FilhoJuliana Furtado Costa Araújo e outro(s)AGRAVADO: COPRIN Equipamentos Industriais LTDAADVOGADO: Sem representação nos autos

EMENTA: CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. INCIDENTE DE INCONS-TI-TUCIONALIDADE DOS ARTIGOS 2º, § 3º, E 8º, § 2º, DA LEI 6.830/80. PRESCRIÇÃO. RESERVA DE LEI COMPLEMENTAR.

DECISÕES RELEVANTES – DEPARTAMENTOS – PROCURADORIA-GERAL DO MUNICÍPIO –

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1. Tanto no regime constitucional atual (CF/88, art. 146, III, b), quanto no regime constitucional anterior (art. 18, § 1º da EC 01/69), as normas sobre prescrição e decadência de crédito tributário estão sob reserva de lei complementar. Precedentes do STF e do STJ.

2. Assim, são ilegítimas, em relação aos créditos tributários, as normas estabelecidas no § 2º, do art. 8º e do § 3º do art. 2º da Lei 6.830/80, que, por decorrerem de lei ordinária, não podiam dispor em contrário às disposições anteriores, previstas em lei complementar.

3. Incidente acolhido.

ACÓRDÃO

Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, decide a Egré-gia CORTE ESPECIAL do Superior Tribunal de Justiça, prosseguindo no julgamento, após o voto-vista do Sr. Ministro Hamilton Carvalhido acompanhando o voto do Sr. Ministro Relator e o voto do Sr. Ministro Francisco Falcão, no mesmo sentido, por maioria, acolher parcialmente o incidente, declarando a inconstitucionalidade do art. 2º, § 3º, e do art. 8º, § 2º, da Lei 6.830/80, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Vencidos, parcialmente, os Srs. Ministros Ari Pargendler, Aldir Passarinho Junior, Eliana Calmon, Laurita Vaz, Luiz Fux e Arnaldo Esteves Lima. Os Srs. Ministros Castro Meira, Cesar Asfor Rocha, Felix Fischer, Gilson Dipp, Hamilton Carvalhido, Francisco Falcão e João Otávio de Noronha votaram com o Sr. Ministro Relator.

Não participaram do julgamento a Sra. Ministra Nancy Andrighi e o Sr. Ministro Massami Uyeda.

Ausente, justificadamente, a Sra. Ministra Eliana Calmon.

Convocado o Sr. Ministro Massami Uyeda para compor quórum.Presidiu o julgamento o Sr. Ministro Cesar Asfor Rocha.

Brasília, 02 de março de 2011.

MINISTRO CESAR ASFOR ROCHAPresidenteMINISTRO TEORI ALBINO ZAVASCKIRelator

RELATÓRIO

O EXMO. SR. MINISTRO TEORI ALBINO ZAVASCKI:Trata-se de incidente de inconstitucionalidade dos arts. 2º, § 3º, e 8º, § 2º, da Lei

6.830/80, suscitado em decorrência de decisão do STF, em circunstâncias a seguir explicita-das.

Conforme acórdão de fls. 108, o presente agravo foi apreciado pela 1ª Turma em sessão de 24.06.08, oportunidade em que se confirmou minha decisão monocrática de rela-tor, tudo conforme voto de seguinte teor (fls. 105/106):

2. A alegação do recorrente de que a nova redação do artigo 174 do CTN tem apli-cação imediata no caso não merece prosperar. Apreciando caso análogo, já que nesta hipó-tese afasta-se a prevalência do art. 8º, § 2º, da LEF, sobre a antiga redação do artigo 174 do

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CTN, o REsp. 808.556/PR, DJ 03.04.2006, a 1ª Turma pronunciou-se os termos da seguinte ementa:

'PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. SUS-PENSÃO. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. SÚMULA 282/STF. DESPACHO QUE ORDENA A CITAÇÃO. INTERRUPÇÃO. ART. 174 DO CTN.1. A ausência de debate, na instância recorrida, sobre os dispositivos legais cuja violação se alega no recurso especial atrai, por analogia, a incidência da Súmula 282 do STF.2. O art. 8º, § 2º, da LEF deve ser aplicado em harmonia com o art. 174 do CTN, não operando a interrupção da prescrição o simples despacho do juiz que determina a citação. Precedentes: EDcl no AgRg no RESP 250723/RJ, 1ª Turma, Min. Francisco Falcão, DJ de 21.03.2005; RESP 112126/RS, 2ª Turma, Min. Castro Meira, DJ de 04.04.2005.3. Recurso especial parcialmente conhecido e, nesta parte, improvido.'

No voto-condutor do aresto manifestei-me da seguinte forma:

"2. A jurisprudência deste Tribunal é pacífica no sentido de que a aplicação do art. 8º, § 2º, da Lei 6.830/80, se sujeita aos limites impostos pelo art. 174 do CTN, não operando a interrupção da prescrição o simples despacho do juiz que determina a citação. Nesse sentido: RESP 721467/SP, 2ª Turma, Min. Eliana Calmon, DJ de 23.05.2005; EDcl no AgRg no RESP 250723/RJ, 1ª Turma, Min. Francisco Falcão, DJ de 21.03.2005; RESP 112126/RS, 2ª Turma, Min. Castro Meira, DJ de 04.04.2005; AgRg nos EDcl no RESP 623104/RJ, 1ª Turma, Min. Denise Arruda, DJ de 06.12.2004, esse último assim ementado:'RECURSO ESPECIAL. TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. AGRA-VO REGIMENTAL. PRESCRIÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. IN-TERRUPÇÃO. ARTIGO 8º, § 2º, DA LEI Nº 6.830/80. DESPACHO CI-TATÓRIO. PREVALÊNCIA DO ARTIGO 174 DO CÓDIGO TRIBUTÁ-RIO NACIONAL. RECURSO DESPROVIDO.1. É entendimento pacífico desta Corte Superior que, em execução fiscal, o despacho que determina a citação do executado não interrompe a prescrição do crédito tributário, uma vez que somente a citação pessoal é capaz de pro-duzir tal efeito.2. O artigo 174 do CTN, por ter natureza de lei complementar, deve preva-lecer sobre a regra contida no artigo 8º, § 2º, da lei de execução fiscal.3. Agravo regimental desprovido'.

Registre-se, por oportuno, que a recente alteração do art. 174 do CTN, promovida pela LC 118/2005, tem-se por inaplicável à hipótese dos autos. O despacho que ordenou a citação do executado deu-se antes da entrada em vigor da modificação legislativa, incidindo ao fato a norma constante no art. 174 do CTN na sua reda-ção originária."

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No caso dos autos, o acórdão recorrido consignou que: 'a Lei Complementar n. 118/05, que alterou a redação do art. 174, inciso I, do Código Tributário Nacional, aplica-se tão-somente às ações ajuizadas após a sua vigência' (fl. 59). Assim, conso-ante a ressalva do caso análogo, deve ser mantido o acórdão recorrido".

Dessa decisão, a Fazenda Nacional interpôs recurso extraordinário, alegando, essen-cialmente, que o acórdão recorrido negou aplicação ao art. 8º, § 2º, da Lei 6.830/80 sem, contudo, declarar a sua inconstitucionalidade, o que constitui ofensa ao art. 97 da Constitui-ção (fls. 113). Sustentou que, mesmo que se considere que o citado parágrafo segundo so-mente tem aplicação relativamente a créditos de natureza não-tributária, ainda assim seria indispensável a declaração de sua inconstitucionalidade sem redução de texto, com ob-servância da reserva de plenário própria do incidente. Alegou, também, que o dispositivo não é inconstitucional, já que à época em que foi editado (1980) a Constituição Federal vi-gente não exigia lei complementar para dispor sobre prescrição tributária, exigência essa que somente veio a ocorrer com a Constituição de 1988. Assim, a lei ordinária (Lei 6.830/80) foi instrumento legislativo formalmente legítimo para dispor a respeito, tendo re-vogado, no particular, o art. 174 da Lei 5.172/66 (Código Tributário Nacional), editado em data anterior, também com natureza de lei ordinária (fls.117/118).

Invocando a Súmula Vinculante 10 ("Viola a cláusula de reserva de plenário (CF, artigo 97) a decisão de órgão fracionário de tribunal que, embora não declare expressa-mente a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do poder público, afasta sua inci-dência, no todo ou em parte" ), o STF deu provimento ao recurso, anulando o acórdão da 1ª Turma e "determinando, em conseqüência, que o tribunal recorrido aprecie a controvérsia constitucional suscitada nesta causa, fazendo-o, no entanto, com estrita observância do que dispõe o art. 97 da Constituição" (fls. 136).

Em sessão de 16/06/09, a 1ª Turma decidiu afetar o julgamento à Seção, nos termos do art. 14, § único, II do Regimento Interno (fl. 141).

Em atendimento à decisão do STF, em sessão realizada no dia 09/09/2009, conside-rando que o julgamento do recurso dependia, necessariamente, do exame a respeito da legi-timidade constitucional do invocado dispositivo, a 1ª Seção, nos termos da retificação de voto feita pelo relator, decidiu suscitar incidente de inconstitucionalidade dos arts. 2º, § 3º e 8º, § 2º, da Lei 6.830/80, em acórdão assim ementado:

CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. PRESCRIÇÃO. RESERVA DE LEI COM-PLEMENTAR, TANTO NO REGIME CONSTITUCIONAL ATUAL (CF/88, ART. 146, III, B) QUANTO NO REGIME CONSTITUCIONAL DE 1967 (ART. 18, § 1º DA EC 01/69). PRECEDENTES DO STF. RECONHECIMENTO DA INCONSTITUCIONALI-DADE PARCIAL, SEM REDUÇÃO DE TEXTO, DO § 2º, DO ART. 8º E DO § 3º, DO ART. 2º, DA LEI 6.830/80, PARA CONSIDERAR ILEGÍTIMA A APLICAÇÃO, EM RE-LAÇÃO A CRÉDITOS DE NATUREZA TRIBUTÁRIA, DAS NORMAS SOBRE PRES-CRIÇÃO NELES ESTABELECIDAS. INCIDENTE DE INCONSTITUCIONALIDADE SUBMETIDO À CORTE ESPECIAL (fl. 152).

Em atendimento ao disposto no § 1º, do art. 200, do RISTJ, o Ministério Público Fe-deral opinou pelo acolhimento do incidente de inconstitucionalidade formal dos arts. 2º, § 3º, e 8º, § 2º, da Lei 6.830/80 (fls. 155-160), concluindo que:

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Logo, especificamente no tocante a créditos tributários, as referidas normas [arts. 2º, § 3º, e 8º, § 2º, da Lei 6.830/80] padecem, com efeito, de inconstitucionalidade formal, na medida em que foram editadas no bojo de lei ordinária, mas versam sobre prescrição tribu-tária, que é matéria própria de normas gerais de direito tributário e, por isso, reservada à lei complementar.

É o relatório.

EMENTA

CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. INCIDENTE DE IN-CONSTITUCIONALIDADE DOS ARTIGOS 2º, § 3º, E 8º, § 2º, DA LEI 6.830/80. PRESCRIÇÃO. RESERVA DE LEI COMPLEMENTAR.1. Tanto no regime constitucional atual (CF/88, art. 146, III, b), quanto no regime constitucional anterior (art. 18, § 1º da EC 01/69), as normas sobre prescrição e decadência de crédi-to tributário estão sob reserva de lei complementar. Preceden-tes do STF e do STJ.2. Assim, são ilegítimas, em relação aos créditos tributários, as normas estabelecidas no § 2º, do art. 8º e do § 3º do art. 2º da Lei 6.830/80, que, por decorrerem de lei ordinária, não po-diam dispor em contrário às disposições anteriores, previstas em lei complementar.3. Incidente acolhido.

VOTO

O EXMO. SR. MINISTRO TEORI ALBINO ZAVASCKI (Relator):1. Conforme registrado, cumpre-nos enfrentar a questão da constitucionalidade ou

não do § 2º, do art. 8º, da Lei 6.830/80 bem como, dada a sua estreita relação com o tema, do § 3º, do art. 2º, da mesma Lei, na parte que dispõe sobre matéria prescricional. Eis o teor desses dispositivos:

Art. 8º - O executado será citado para, no prazo de 5 (cinco) dias, pagar a dívida com os juros e multa de mora e encargos indicados na Certidão de Dívida Ativa, ou garantir a execução, observadas as seguintes normas:

(...)§ 2º - O despacho do Juiz, que ordenar a citação, interrompe a prescrição.Art. 2º - Constitui Dívida Ativa da Fazenda Pública aquela definida como tributária

ou não tributária na Lei nº 4.320, de 17 de março de 1964, com as alterações posteriores, que estatui normas gerais de direito financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal.

(...)§ 3º - A inscrição, que se constitui no ato de controle administrativo da legalidade,

será feita pelo órgão competente para apurar a liquidez e certeza do crédito e suspenderá a prescrição, para todos os efeitos de direito, por 180 dias, ou até a distribuição da execução fiscal, se esta ocorrer antes de findo aquele prazo.

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Fundamentalmente, o que cabe definir é a constitucionalidade formal desses dispo-sitivos, definição essa que tem como pressuposto investigar se, na data em que foram edita-dos (1980), a Constituição mantinha ou não a matéria neles tratada (prescrição tributária) sob reserva de lei complementar.

2. Conforme referido no voto que proferi no primitivo julgamento do recurso, a ju-risprudência do STJ é pacífica no sentido de que o art. 8º, § 2º, da Lei 6.830/80, por ser lei ordinária, não revogou o inciso I do parágrafo único do art. 174 do CTN, por ostentar, esse, já à época, natureza de lei complementar. Assim, o citado art. 8º, § 2º, da Lei 6.830/80 tem aplicação restrita às execuções de dívidas não tributárias. Nesse sentido: EREsp 36.855, 1ª Seção, Min. César Rocha, DJ de 19/06/95; RESP 721467/SP, 2ª Turma, Min. Eliana Cal-mon, DJ de 23.05.2005; EDcl no AgRg no RESP 250723/RJ, 1ª Turma, Min. Francisco Falcão, DJ de 21.03.2005; RESP 112126/RS, 2ª Turma, Min. Castro Meira, DJ de 04.04.2005; AgRg nos EDcl no RESP 623104/RJ, 1ª Turma, Min. Denise Arruda, DJ de 06.12.2004. A mesma orientação é adotada em relação ao art. 2º, § 3º da LEF, o qual, pela mesma linha de argumentação - de que lei ordinária não era apta a dispor sobre matéria de prescrição tributária -, é aplicável apenas a inscrições de dívida ativa não tributária. Nesse sentido: Resp 673.162, 2ª T., Min. Castro Meira, DJ de 16.05.05; AgRg no REsp 740.125, 1ª T., Min. Francisco Falcão, DJ de 14.06.05; REsp 199.020, 2ª T., Min. João Otávio de Noronha, DJ de 17.02.05. Subjaz, pois, nessa jurisprudência pacificada, o entendimento de que, já no regime constitucional de 1967 (EC 01/69), a prescrição tributária era matéria re-servada à lei complementar. Registro que, de minha parte, antes de adotar essa orientação dominante, proferi vários votos em sentido contrário, que, todavia, restaram vencidos (v.g.: voto no Resp 667.810, 1ª T., DJ 05/10/06, reproduzido no REsp 611.536, 1ª T., DJ de 14/07/07).

3. A jurisprudência do STJ tem respaldo em recentes precedentes do STF em casos análogos. Segundo a Corte Suprema, não apenas no atual regime constitucional, mas tam-bém no regime de 1967 e da Emenda Constitucional n. 1 de 1969 havia reserva de lei com-plementar para a matéria relacionada com prescrição e decadência tributária. Justamente com base nesse entendimento é que o STF julgou inconstitucional o parágrafo único do ar-tigo 5º do Decreto-Lei nº 1.569/77, editado na vigência da referida Emenda, tratando de suspensão de prazo prescricional de créditos tributários. É o que se constata Súmula Vincu-lante n. 8:

“São inconstitucionais o parágrafo único do artigo 5º do Decreto-Lei nº 1.569/1977 e os artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/1991, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário”.

No acórdão proferido no RE 560.626, Min. Gilmar Mendes (DJ de 05.12.08), um dos precedentes que deram base de sustentação à referida Súmula, o tema foi explicitamen-te enfrentado, conforme se pode constatar da ementa:

PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA TRIBUTÁRIAS. MATÉRIAS RESERVADAS A LEI COMPLEMENTAR. DISCIPLINA NO CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL. NATUREZA TRIBUTÁRIA DAS CONTRIBUIÇÕES PARA A SEGURIDADE SOCIAL. INCONSTITUCIONALIDADE DOS ARTS. 45 E 46 DA LEI 8.212/91 E DO PARÁGRA-FO ÚNICO DO ART. 5º DO DECRETO-LEI 1.569/77. RECURSO EXTRAORDINÁRIO

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NÃO PROVIDO. MODULAÇÃO DOS EFEITOS DA DECLARAÇÃO DE INCONSTI-TUCIONALIDADE.

I. PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA TRIBUTÁRIAS. RESERVA DE LEI COM-PLEMENTAR. As normas relativas à prescrição e à decadência tributárias têm natureza de normas gerais de direito tributário, cuja disciplina é reservada a lei complementar, tanto sob a Constituição pretérita (art. 18, § 1º, da CF de 1967/69) quanto sob a Constituição atual (art. 146, III, b, da CF de 1988). Interpretação que preserva a força normativa da Constitui-ção, que prevê disciplina homogênea, em âmbito nacional, da prescrição, decadência, obri-gação e crédito tributários. Permitir regulação distinta sobre esses temas, pelos diversos en-tes da federação, implicaria prejuízo à vedação de tratamento desigual entre contribuintes em situação equivalente e à segurança jurídica.

II. DISCIPLINA PREVISTA NO CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL. O Código Tributário Nacional (Lei 5.172/1966), promulgado como lei ordinária e recebido como lei complementar pelas Constituições de 1967/69 e 1988, disciplina a prescrição e a decadên-cia tributárias.

III. NATUREZA TRIBUTÁRIA DAS CONTRIBUIÇÕES. As contribuições, inclu-sive as previdenciárias, têm natureza tributária e se submetem ao regime jurídico-tributário previsto na Constituição. Interpretação do art. 149 da CF de 1988. Precedentes.

IV. RECURSO EXTRAORDINÁRIO NÃO PROVIDO. Inconstitucionalidade dos arts. 45 e 46 da Lei 8.212/91, por violação do art. 146, III, b, da Constituição de 1988, e do parágrafo único do art. 5º do Decreto-lei 1.569/77, em face do § 1º do art. 18 da Constitui-ção de 1967/69.

V. MODULAÇÃO DOS EFEITOS DA DECISÃO. SEGURANÇA JURÍDICA. São legítimos os recolhimentos efetuados nos prazos previstos nos arts. 45 e 46 da Lei 8.212/91 e não impugnados antes da data de conclusão deste julgamento.

No mesmo sentido, com ementa semelhante: RE 556.664-RS, Pleno, Min. Gilmar Mendes, DJe de 14.11.2008; RE 559.882-RS, Pleno, Min. Gilmar Mendes, DJe de 14.11.2008.Também no mesmo sentido:

DIREITO TRIBUTÁRIO. CONSTITUCIONALIDADE FORMAL DOS ARTI-GOS 45 E 46 DA LEI N. 8.212/1991. ARTIGO 146, INCISO III, ALÍNEA B, DA CONS-TITUIÇÃO DA REPÚBLICA. PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA TRIBUTÁRIAS. MA-TÉRIA RESERVADA À LEI COMPLEMENTAR. ARTIGOS 173 E 174 DO CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL. RECURSO EXTRAORDINÁRIO AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO.

1. A Constituição da República de 1988 reserva à lei complementar o estabeleci-mento de normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre prescrição e decadência, nos termos do art. 146, inciso III, alínea b, in fine, da Constituição da Repú-blica. Análise histórica da doutrina e da evolução do tema desde a Constituição de 1946.

2. Declaração de inconstitucionalidade dos artigos 45 e 46 da Lei n. 8.212/1991, por disporem sobre matéria reservada à lei complementar. 3. Recepcionados pela Constituição da República de 1988 como disposições de lei complementar, subsistem os prazos prescri-cional e decadencial previstos nos artigos 173 e 174 do Código Tributário Nacional.

4. Declaração de inconstitucionalidade, com efeito ex nunc, salvo para as ações judi-ciais propostas até 11.6.2008, data em que o Supremo Tribunal Federal declarou a inconsti-tucionalidade dos artigos 45 e 46 da Lei n. 8.212/1991.

5. Recurso extraordinário ao qual se nega provimento.

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(RE 559.943-RS, Pleno, Min. Carmen Lúcia, DJe de 26.09.2008)

Execução fiscal. A interpretação dada, pelo acórdão recorrido, ao art. 40 da Lei nº 6.830-80, recusando a suspensão da prescrição por tempo indefinido, é a única susceptível de torná-lo compatível com a norma do art. 174, parágrafo único, do Código Tributário Na-cional, a cujas disposições gerais é reconhecida a hierarquia de lei complementar.

(RE 106.217-SP, 1ª T., Min. Octavio Gallotti, DJ de 12.09.1986)

4. As mesmas razões adotadas pelo STF para declarar a inconstitucionalidade do pa-rágrafo único do artigo 5º do Decreto-Lei 1.569/1977 determinam a inconstitucionalidade, em relação aos créditos tributários, do § 2º, do art. 8º, da Lei 6.830/80 (que cria hipótese de interrupção da prescrição), bem como do § 3º, do art. 2º, da mesma Lei (no que se refere à hipótese de suspensão da prescrição). O reconhecimento da inconstitucionalidade deve ser parcial, sem redução de texto, já que os referidos dispositivos preservam sua validade e efi-cácia em relação a créditos não tributários objeto de execução fiscal. Reafirma-se, com isso, a jurisprudência tradicional do STJ sobre a matéria, conforme acima registrado.

5. Ante o exposto, acolho o incidente para reconhecer a inconstitucionalidade parci-al dos artigos 2º, § 3º, e 8º, § 2º, da Lei 6.830/80, sem redução de texto, mantendo a valida-de e eficácia dos dispositivos em relação a créditos não tributários objeto de execução fis-cal. É o voto.

CERTIDÃO DE JULGAMENTO - CORTE ESPECIAL

AI no Ag 1.037.765 / SPNúmero Registro: 2008/0079240-1Números Origem: 200703990052945 2008014968 200803000032563

PAUTA: 02/08/2010JULGADO: 02/08/2010

Relator: Exmo. Sr. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKIPresidente da Sessão: Exmo. Sr. Ministro CESAR ASFOR ROCHASubprocurador-Geral da República: Exmo. Sr. Dr. GERALDO BRINDEIROSecretária: Bela. VANIA MARIA SOARES ROCHA

ASSUNTO: DIREITO TRIBUTÁRIO - Crédito Tributário - Extinção do Crédito Tributário – Prescrição

ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE

Agravante: Fazenda NacionalProcuradores : Claudio Xavier Seefelder Filho, Juliana Furtado Costa Araújo e ou-

tro(s)Agravado : COPRIN Equipamentos Industriais LTDAAdvogado : Sem representação nos autos

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CERTIDÃO

Certifico que a egrégia CORTE ESPECIAL, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:

Após o voto do Sr. Ministro Relator acolhendo parcialmente o incidente de inconsti-tucionalidade, pediu vista antecipadamente o Sr. Ministro Ari Pargendler.

Aguardam os Srs. Ministros Castro Meira, Arnaldo Esteves Lima, Felix Fischer, Al-dir Passarinho Junior, Gilson Dipp, Hamilton Carvalhido, Eliana Calmon, Francisco Falcão, Laurita Vaz, Luiz Fux e João Otávio de Noronha.

Ausente, justificadamente, a Sra. Ministra Nancy Andrighi.

Brasília, 02 de agosto de 2010

VANIA MARIA SOARES ROCHASecretária

VOTO-VISTA

EXMO. SR. MINISTRO ARI PARGENDLER:

1. Pedi vista dos autos porque, quando juiz federal, sempre apliquei o art. 8º, § 2º, da Lei nº 6.830, de 1980 (“O despacho do juiz, que ordenar a citação, interrompe a prescri-ção”), pelas razões a seguir deduzidas.

A um, porque, à época da edição dessa lei, o art. 18, § 1º, da Emenda Constitucional nº 1, de 1969, dispunha:

“Art. 18 –§ 1º - Lei complementar estabelecerá normas gerais de direito tributário, disporá

sobre os conflitos de competência nesta matéria entre a União, Estados, o Distrito Federal e os Municípios, e regulará as limitações constitucionais do poder de tributar”.

Só o art. 146, III, da Constituição Federal de 1988 contemplou a prescrição como uma das matérias que deveriam ser objeto de lei complementar sobre normas gerais de di-reito tributário.

“Art. 146 – Cabe à lei complementar:III – estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente

sobre:b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários”.A dois, porque a natureza da norma que dispõe sobre a interrupção da prescrição é

processual.O art. 8º, § 2º, da Lei nº 6.830, de 1980, tem a mesma natureza do art. 219, caput, do

Código de Processo Civil; aquele cria, em relação a este, um regime especial para as execu-ções fiscais, nada mais. De resto, regime especial justificado, conhecida a dificuldade de lo-calizar o devedor neste tipo de ação.

2. O Supremo Tribunal Federal desautorizou o entendimento de que, no sistema da Emenda Constitucional nº 1, de 1969, a prescrição não constituía objeto das normas gerais de direito tributário.

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“As normas relativas à prescrição e à decadência tributárias” – lê-se na ementa do acórdão proferido no RE nº 560.626-1,RS, rel. Min. Gilmar Mendes – “têm a mesma natu-reza de normas gerais de direito tributário, cuja disciplina é reservada a lei complementar, tanto sob a Constituição pretérita (art. 18, § 1º, da CF de 1967/1969) quanto sob a Consti-tuição atual (art. 146, III, b, da CF de 1988)” – DJ.

Já a orientação de que a interrupção da prescrição por força de uma ação judicial é efeito processual deve subsistir, sob pena de se incorrer num contra-senso: se inconstitucio-nal o art. 8º, § 2º, da Lei nº 6.830, de 1980, por que seria constitucional, no âmbito da exe-cução fiscal, a norma do art. 219, caput (“A citação válida ... interrompe a prescrição”) e a do respectivo § 1º (“A interrupção da prescrição retroagirá à data da propositura da ação”) ?

Em outras palavras, a norma do art. 174, caput, do Código Tributário Nacional constitui norma geral de direito tributário; a norma do respectivo parágrafo único, inc. I, não. De outro modo, isto é, se a interrupção da prescrição dependesse de lei complementar a citação nas execuções fiscais não teria esse efeito.

Vem do extinto Tribunal Federal de Recursos a lição de que a norma do art. 174, parágrafo único, I do Código Tributário Nacional tem caráter processual:

“Tributário. Prescrição. Normas do CTN e normas do CPC. CTN, art. 174, CPC, 1939, art. 66; CPC, 1973, art. 219, I. As normas do CTN, que cuidam da prescrição, são normas processuais e não normas gerais de direito tributário (CF, art. 18, § 1º), pelo que não constituem, no particular, lei complementar, mas, simplesmente, lei ordinária, válidas como normas processuais, já que compete à União legislar sobre direito processual (CF, art. 8º, XVII, b). Assim, tais normas são de hierarquia igual as normas processuais que cuidam da prescrição, inscritas no CPC (CPC, 1939, art. 166; CPC, 1973, art. 219). Devem ser in-terpretadas, de conseguinte, em conjunto e em consonância com estas. II. Prescrição rejeita-da, à luz do disposto no art. 219, § 1º, CPC, 1973, ou art. 166, § 2º, 1ª parte, CPC, 1939. III. Recurso provido” ((Apelação Cível nº 54.357, rel. p/acórdão o Ministro Carlos Mário Vel-loso, DJ, 11.09.81).

Lê-se no voto condutor:“No particular, as normas inscritas no art. 174, CTN, são irmãs daquelas postas no

CPC, normas da mesma categoria”.Por isso, voto no sentido de rejeitar a argüição de inconstitucionalidade do art. 8º, §

2º, da Lei nº 6.830, de 1980; declaro, no entanto, a inconstitucionalidade do art. 2º, § 3º, da Lei nº 6.830, de 1980, nos termos do voto do relator.

VOTO

EXMO. SR. MINISTRO CASTRO MEIRA(Relator): Sr. Presidente, o voto do Sr. Ministro Relator está calcado em diversos precedentes do Supremo Tribunal Federal e em precedentes, também, de ambas as Turmas de Direito Público.

Com vênia à divergência parcial do Sr. Ministro Ari Pargendler, acompanho o voto do Sr. Ministro Relator, acolhendo parcialmente o incidente de inconstitucionalidade.

É como voto.

VOTO

MINISTRO ARNALDO ESTEVES LIMA:

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Sr. Presidente, embora existam vários precedentes das Turmas da Primeira Seção, penso de acordo com o Sr. Ministro Ari Pargendler, ou deveria haver uma regra, porque se teria de aplicar o art. 219 do CPC, que iria cair na mesma hipótese. Quer dizer, o despacho do juiz interrompe a prescrição mesmo quando se trata de juízo incompetente. Entendo que seja esse o caminho. A questão deveria encontrar a solução se se entender que essa regra da Lei nº 6.830 seria inconstitucional.

Peço vênia ao eminente Ministro Teori Albino Zavascki e àqueles que acompanha-ram S. Exa. para votar de acordo com o Sr. Ministro Ari Pargendler, acolhendo parcialmen-te o incidente de inconstitucionalidade em menor extensão.

VOTO

EXMO. SR. MINISTRO ALDIR PASSARINHO JUNIOR: Sr. Presidente, tam-bém, entendo que, no caso, o dispositivo é de caráter essencialmente processual, daí por que acompanho, nessa parte, a divergência inaugurada pelo Sr. Ministro Ari Pargendler.

CERTIDÃO DE JULGAMENTO - CORTE ESPECIALAI no Ag 1.037.765 / SPNúmero Registro: 2008/0079240-1 Números Origem: 200703990052945 2008014968 200803000032563

PAUTA: 02/08/2010JULGADO: 18/08/2010

Relator: Exmo. Sr. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKIPresidente da Sessão: Exmo. Sr. Ministro CESAR ASFOR ROCHASubprocurador-Geral da República: Exmo. Sr. Dr. HAROLDO FERRAZ DA NOB-

REGASecretária: Bela. VANIA MARIA SOARES ROCHA

ASSUNTO: DIREITO TRIBUTÁRIO - Crédito Tributário - Extinção do Crédito Tributário – Prescrição

ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE

Agravante: Fazenda NacionalProcuradores: Claudio Xavier Seefelder Filho, Juliana Furtado Costa Araújo e ou-

tro(s)Agravado: COPRIN Equipamentos Industriais LTDAAdvogado: S/ Representação Nos Autos

CERTIDÃOCertifico que a egrégia CORTE ESPECIAL, ao apreciar o processo em epígrafe na

sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:Prosseguindo no julgamento, após o voto-vista do Sr. Ministro Ari Pargendler aco-

lhendo parcialmente o incidente de inconstitucionalidade em menor extensão do que o Sr. Ministro Relator, no que foi acompanhado pelos votos dos Srs. Ministros Aldir Passarinho

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Junior, Eliana Calmon, Laurita Vaz, Luiz Fux e Arnaldo Esteves de Lima, e os votos dos Srs. Ministros Felix Fischer, João Otávio de Noronha e Castro Meira, acompanhando o voto do Sr. Ministro Relator, pediu vista o Sr. Ministro Cesar Asfor Rocha.

Aguardam os Srs. Ministros Gilson Dipp, Hamilton Carvalhido e Francisco Falcão.Não participou do julgamento a Sra. Ministra Nancy Andrighi.Ausentes, justificadamente, os Srs. Ministros Gilson Dipp, Hamilton Carvalhido e

Francisco Falcão.

Brasília, 18 de agosto de 2010

VANIA MARIA SOARES ROCHA - Secretária

AI no AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 1.037.765 - SP (2008/0079240-1)

VOTO-VISTA

O EXMO. SR. MINISTRO CESAR ASFOR ROCHA:A egrégia Primeira Seção, em 9.9.2009, decidiu submeter o presente feito à Corte

Especial para enfrentar o tema da constitucionalidade formal do § 3º do art. 2º e do 2º do art. 8º da Lei de Execução Fiscal (Lei n. 6.830, de 22.9.1980), relativos à suspensão e à in-terrupção da prescrição, os quais dispõem:

"Art. 2º Constitui Dívida Ativa da Fazenda Pública aquela definida como tributária ou não-tributária na Lei 4.320, de 17 de março de 1964, com as alterações posteriores, que estatui normas gerais de direito financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e ba-lanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal.

[...]§ 3º A inscrição, que se constitui no ato de controle administrativo da legalidade,

será feita pelo órgão competente para apurar a liquidez e certeza do crédito e suspenderá a prescrição, para todos os efeitos de direito, por 180 (cento e oitenta) dias ou até a distribui-ção da execução fiscal, se esta ocorrer antes de findo aquele prazo." (grifo meu)

"Art. 8º O executado será citado para, no prazo de 5 (cinco) dias, pagar a dívida com os juros e multa de mora e encargos indicados na Certidão de Dívida Ativa, ou garantir a execução, observadas as seguintes normas:

[...]§ 2º O despacho do juiz, que ordenar a citação, interrompe a prescrição." (grifo

meu)

A Corte Especial encontra-se dividida neste feito, anotados dois posicionamentos.O em. Ministro Teori Albino Zavascki, relator, baseado em precedentes, também,

do Supremo Tribunal Federal, votou no sentido de reconhecer a inconstitucionalidade par-cial dos referidos dispositivos, sem redução de texto, mantendo a validade e eficácia deles em relação a créditos não tributários objeto de execução fiscal. Foi acompanhado pelos Mi-nistros Felix Fischer, João Otávio de Noronha e Castro Meira. Entende que os temas relati-vos à suspensão e à interrupção da prescrição estão inseridos na reserva de lei complemen-tar.

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Já o em. Ministro Ari Pargendler entendeu inconstitucional apenas o § 2º do art. 2º da Lei n. 6.830/1980, no que foi acompanhado pelos Ministros Aldir Passarinho Junior, Eli-ana Calmon, Laurita Vaz, Luiz Fux e Arnaldo Esteves de Lima.

Para essa corrente, a interrupção prevista no mencionado § 2º do art. 8º tem "nature-za processual", constituindo mero "efeito processual", semelhante à norma do art. 219 do Código de Processo Civil.

Apreciando a discussão jurídica enfrentada nos presentes autos, acompanho o em. Ministro relator, ressaltando que aderi à mesma tese quando do julgamento da AI no REsp n. 616.348/MG, DJ de 15.10.2007, tendo concluído expressamente que:

"Comungo do entendimento do em. Ministro Teori Albino Zavascki, também no que se refere ao significado da expressão 'normas gerais sobre prescrição e decadência', quando afirma que essas 'normas gerais' são aquelas que estipulam os prazos de prescrição e decadência, o início e fim de sua contagem, bem como suas causas suspensivas e interrup-tivas, questões, algumas dessas, que foram reguladas no art. 45 da Lei 8.212/91 e que, toda-via, devem ser objeto de lei complementar."

Ademais, conforme já anotado no voto do relator, o Plenário do Supremo Tribunal Federal, ao julgar o Recurso Extraordinário n. 556.664/RS, DJ de 14.11.2008, objeto tam-bém de repercussão geral, decidiu que o tema da prescrição tributária somente pode ser dis-ciplinada em lei complementar, ai incluída a disciplina sobre a interrupção e a suspensão do respectivo prazo. A propósito, é oportuno extrair do voto do em. Ministro Gilmar Mendes, relator, as seguintes passagens precisas sobre o tema:

"Dentre as chamadas 'Normas Gerais de Direito Tributário', o CTN tratou da pres-crição e da decadência, dispondo sobre seus prazos, termos iniciais de fluência e sobre as causas de interrupção, no caso da prescrição.

[...]Com efeito, retirar do âmbito da lei complementar a definição dos prazos e a possi-

bilidade de definir as hipóteses de suspensão e interrupção da prescrição e da decadência é subtrair a própria efetividade da reserva constitucional.

Ora, o núcleo das normas sobre extinção temporal do crédito tributário reside preci-samente nos prazos para o exercício do direito e nos fatores que possam interferir na sua fluência.

[...]Não se justifica, ao menos por meio de legislação ordinária, a criação de hipóteses

de suspensão e interrupção, nem o incremento ou redução de prazos, sob pena de admiti-rem-se diferenciações em cada um dos Estados e Municípios e para cada espécie tributária, mesmo dentro de uma mesma esfera política, com evidente prejuízo à vedação constitucio-nal de tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente e à segurança jurídica, valor jurídico maior, que fundamenta os institutos examinados.

[...]Por outro lado, também deve ser afastada a alegação de que a norma que estabelece

as situações de interrupção ou suspensão da prescrição na pendência do processo é de natu-reza processual e que por isso não poderia ter sido reconhecida a prescrição, já que a maté-ria não estaria sob a reserva da lei complementar.

Normas que disponham sobre prescrição e decadência sempre são de direito subs-tantivo, porque esta é a natureza de tais institutos. Segundo Ives Gandra da Silva Martins, eles 'anulam de forma definitiva um direito substantivo e a dimensão de seu exercício' (in Revista Dialética de Direito Processual, v. 2, p 118)."

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No mesmo sentido: STF, RE n. 560.626/RS, DJ de 5.12.2008, Tribunal Pleno, da re-latoria do em. Ministro Gilmar Mendes.

Ante o exposto, acompanho integralmente o voto do Ministro relator.

CERTIDÃO DE JULGAMENTO - CORTE ESPECIAL

AI no Ag 1.037.765 / SPNúmero Registro: 2008/0079240-1Números Origem: 200703990052945 2008014968 200803000032563

PAUTA: 02/08/2010JULGADO: 15/12/2010

Relator: Exmo. Sr. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKIPresidente da Sessão: Exmo. Sr. Ministro CESAR ASFOR ROCHASubprocurador-Geral da República: Exmo. Sr. Dr. HAROLDO FERRAZ DA NOB-

REGASecretária: Bela. VANIA MARIA SOARES ROCHA

ASSUNTO: DIREITO TRIBUTÁRIO - Crédito Tributário - Extinção do Crédito Tributário - Prescrição

ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE

Agravante: Fazenda NacionalProcuradores: Claudio Xavier Seefelder Filho, Juliana Furtado Costa Araújo e ou-

tro(s)Agravado: COPRIN Equipamentos Industriais LTDAAdvogado: S/ Representação Nos Autos

CERTIDÃOCertifico que a egrégia CORTE ESPECIAL, ao apreciar o processo em epígrafe na

sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:Prosseguindo no julgamento, após o voto-vista do Sr. Ministro Cesar Asfor Rocha

acompanhando o voto do Sr. Ministro Relator, e o voto do Sr. Ministro Gilson Dipp, no mesmo sentido, pediu vista o Sr. Ministro Hamilton Carvalhido.

Aguarda o Sr. Ministro Francisco Falcão. Não participaram do julgamento a Sra. Ministra Nancy Andrighi e os Srs. Ministros Massami Uyeda e Luis Felipe Salomão.

Ausentes, justificadamente, a Sra. Ministra Eliana Calmon e o Sr. Ministro Francis-co Falcão.

Presidiu o julgamento o Sr. Ministro Cesar Asfor Rocha.Brasília, 15 de dezembro de 2010VANIA MARIA SOARES ROCHA - Secretária

AI no AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 1.037.765 - SP (2008/0079240-1)

VOTO-VISTA

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O EXMO. SR. MINISTRO HAMILTON CARVALHIDO: Senhor Presidente, cuida-se de incidente de inconstitucionalidade dos artigos 2º, parágrafo 3º, e 8º, parágrafo 2º, da Lei nº 6.830/80 (Lei de Execução Fiscal), suscitado em decorrência de decisão do Su-premo Tribunal Federal (RE nº 595.506-1/SP, Relator Ministro Celso de Mello), que anu-lou acórdão da Primeira Turma e determinou fosse apreciada a controvérsia constitucional, com observância da cláusula de reserva de plenário (full bench).

O Ministro Relator, Teori Albino Zavascki, acolheu o incidente para declarar a in-constitucionalidade parcial de ambos os dispositivos legais, sem redução de texto, à falta de reserva de lei complementar, sendo indiscutível, na jurisprudência da Corte, lado outro, a validade e eficácia das referidas normas em relação a créditos não tributários.

Inaugurou a divergência o Ministro Ari Pargendler, para declarar tão só a inconstitu-cionalidade do parágrafo 3º do artigo 2º da Lei nº 6.830/80.

Entendeu Sua Excelência que, embora o Supremo Tribunal Federal tenha firmado o entendimento de que, desde a Carta pretérita (artigo 18, parágrafo 1º, da CF/67-69), as nor-mas relativas à prescrição e à decadência tributárias são normas gerais de direito tributário, a norma do artigo 8º, parágrafo 2º ("O despacho do Juiz, que ordenar a citação, interrompe a prescrição "), por se cuidar de norma de processo, refoge à necessidade de lei comple-mentar.

Em suma, a controvérsia está em saber se o dispositivo da Lei de Execução Fiscal que regula a interrupção da prescrição é norma geral de direito tributário, cuja disciplina é reservada à lei complementar, ou norma de natureza processual, de hierarquia igual à das normas processuais do Código de Processo Civil.

Em 11 de setembro de 2008, aprovou o Plenário do Supremo Tribunal Federal a Sú-mula Vinculante nº 8, de seguinte teor:

"São inconstitucionais o parágrafo único do artigo 5º do Decreto-Lei nº 1.569/1977 e os artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/1991, que tratam de prescrição e decadência de crédi -to tributário."

Num dos precedentes que deram origem à Sumula (RE nº 556.664/RS), advertiu o Ministro Gilmar Mendes, ao responder a tese da União de que nem todas as normas perti-nentes à prescrição e decadência seriam normas gerais, verbis :

"(...)No ponto, a recorrente argumenta que cabe à lei complementar apenas a função de

traçar diretrizes gerais quanto à prescrição e à decadência tributárias, com apoio no ma-gistério de Roque Carrazza (in Curso de Direito Constitucional Tributário, 19ª ed. Malhei-ros, 2003, páginas 816/817).

Isto é, nem todas as normas pertinentes à prescrição e decadência seriam normas gerais, mas tão somente aquelas que regulam o método pelo qual os prazos de decadência e prescrição são contados, que dispõem sobre as hipóteses de interrupção de prescrição e que fixam regras a respeito do reinício de seu curso.

Nesse sentido, a fixação dos prazos prescricionais e decadenciais dependeriam de lei da própria entidade tributante, já que seriam assuntos de peculiar interesse das pessoas políticas, não de lei complementar.

Esta conclusão, entretanto, retira da norma geral seu âmbito e força de atuação.Com efeito, retirar do âmbito da lei complementar a definição dos prazos e a possi-

bilidade de definir as hipóteses de suspensão e interrupção da prescrição e da decadência é subtrair a própria efetividade da reserva constitucional.

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Ora, o núcleo das normas sobre extinção temporal do crédito tributário reside pre-cisamente nos prazos para o exercício do direito e nos fatores que possam interferir na sua fluência. A professora Mizabel Derzi, em nota à clássica obra Direito Tributário Brasileiro do saudoso Min. Aliomar Baleeiro, discorre sobre o papel da Lei complementar na Consti-tuição e as normas gerais sobre decadência e prescrição:

'A matéria tornou-se indelegável às leis ordinárias das pessoas competentes, inclu-sive o prazo nela fixado (arts. 173 e 174) e o rol das causas suspensivas e interruptivas da prescrição', registrando ser da essência desses institutos a perda do direito, pela inércia de seu titular durante o decurso de certo prazo, fixado em lei complementar (in 'Direito Tri-butário Brasileiro' (BALEEIRO, Aliomar. Direito Tributário Brasileiro. 11ª ed. comple-mentada à luz da Constituição de 1988 por Misabel Abreu Machado Derzi, Rio de Janeiro:Forense, 2005, p. 910).

A Constituição não definiu normas gerais de Direito Tributário, porém adotou ex-pressão utilizada no próprio Código Tributário Nacional, lei em vigor quando da sua edi-ção.

Nesse contexto, é razoável presumir que o constituinte acolheu a disciplina do CTN, inclusive referindo-se expressamente à prescrição e à decadência: 'especialmente sobre (...) prescrição e decadência tributários'.

Na realidade, a restrição do alcance da norma constitucional expressa defendida pela Fazenda Nacional fragiliza a própria força normativa e concretizadora da Constitui-ção, que claramente pretendeu a disciplina homogênea e estável da prescrição, da deca-dência, da obrigação e do crédito tributário.

A propósito, Konrad Hesse afirmou: '(...) Um ótimo desenvolvimento da força nor-mativa da Constituição depende não apenas do seu conteúdo, mas também de sua práxis. De todos os partícipes da vida constitucional, exige-se partilhar aquela concepção anteri-ormente por mim denominada vontade de Constituição (Wille zur Verfassung).

Ela é fundamental, considerada global ou singularmente.Todos os interesses momentâneos – ainda quando realizados – não logram com-

pensar ganho resultante do comprovado respeito à Constituição, sobretudo naquelas situa-ções em que a sua observância revela-se incômoda.

Como anotado por Walter Burckhardt, aquilo que é identificado como vontade da Constituição 'deve ser honestamente preservado, mesmo que, para isso, tenhamos de re-nunciar a alguns benefícios, ou até a algumas vantagens justas.

Quem se mostra disposto a sacrificar um interesse em favor da preservação de um princípio constitucional fortalece o respeito à Constituição e garante um bem da vida in-dispensável à essência do Estado, mormente o Estado democrático'. Aquele que, ao contrá-rio, não se dispõe a esse sacrifício, 'malbarata, pouco a pouco, um capital que significa muito mais do que todas as vantagens angariadas, e que, desperdiçado, não mais será re-cuperado.' (in 'A Força Normativa da Constituição', Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris Editor, 1991, p. 21-22).

Embora pouco se tenha avançado na doutrina no sentido da busca da adequada de-finição para 'normas gerais', é possível extrair na interpretação dos diversos dispositivos constitucionais que estabeleceram reserva de matéria à disciplina da lei complementar que a esta espécie legislativa foi atribuída a missão de fixar normas com âmbito de eficácia na-cional e não apenas federal.

Na realidade, quando a Constituição atribuiu à lei complementar a função de disci-plinar apenas em âmbito federal, o fez expressamente.

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Ricardo Lobo Torres leciona que normas gerais 'são aquelas que estampam os princípios jurídicos de dimensão nacional, constituindo-se objeto de codificação tributária' (in 'Tratado de Direito Constitucional Financeiro e Tributário' – Vol. II – Valores e Princí-pios Constitucionais Tributários. Rio de Janeiro: Renovar, 2005, p. 430).

A propósito, o mestre Geraldo Ataliba assentou: 'As normas gerais de direito finan-ceiro e tributário são, por definição e pela sistemática constitucional, leis nacionais; leis que não se circunscrevem ao âmbito de qualquer pessoa política, mas os transcendem aos três. Não se confundem com a lei federal, estadual ou municipal e têm seu campo próprio e específico, excludente das outras três e reciprocamente'. ('Normas Gerais na Constituição – Leis Nacionais, Leis Federais e seu Regime Jurídico'. In: Estudos e Pareceres de Direito Tributário – Vol. 3. São Paulo. Revista dos Tribunais, 1980, p. 15-16)

Se a Constituição não determinou o conceito da norma geral de Direito Tributário, no mínimo fixou-lhe a função: estabelecer preceitos que devam ser seguidos em âmbito na-cional, que ultrapassem a competência do Congresso Nacional para ditar o direito positivo federal.

Trata-se de normas com maior espectro, a serem seguidas por todas as esferas po-líticas com competência tributária de maneira uniforme, seja por direta incidência sobre as relações jurídico tributárias, seja como fator delimitador da edição da legislação ordi-nária em matéria fiscal.

E a fixação de prazos decadenciais e prescricionais, a definição da sua forma de fluência são questões que exigem tratamento uniforme em âmbito nacional.

Não se justifica, ao menos por meio de legislação ordinária, a criação de hipóteses de suspensão ou interrupção, nem o incremento ou redução de prazos, sob pena de admiti-rem-se diferenciações em cada um dos Estados e Municípios e para cada espécie tributá-ria, mesmo dentro de uma mesma esfera política, com evidente prejuízo à vedação consti-tucional de tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equiva-lente e à segurança jurídica, valor jurídico maior, que fundamenta os institutos examina-dos.

(...)A lei ordinária não se destina a agir como norma supletiva da lei complementar.

Ela atua nas áreas não demarcadas pelo constituinte a esta última espécie normativa, fi-cando excluída a possibilidade de ambas tratarem do mesmo tema.

Assim, se a Constituição Federal reservou à lei complementar a regulação da pres-crição e da decadência tributárias, considerando-as de forma expressa normas gerais de Direito Tributário, não há espaço para que a lei ordinária atue e discipline a mesma maté-ria. O que é geral não pode ser específico.

(...)Por outro lado, também deve ser afastada a alegação de que a norma que estabele-

ce as situações de interrupção ou suspensão da prescrição na pendência do processo é de natureza processual e que por isso não poderia ter sido reconhecida a prescrição, já que a matéria não estaria sob a reserva da lei complementar.

Normas que disponham sobre prescrição ou decadência sempre são de direito substantivo, porque esta é a natureza de tais institutos. Segundo Ives Gandra da Silva Mar-tins, eles 'anulam de forma definitiva um direito substantivo e a dimensão de seu exercício' (in Revista Dialética de Direito Processual, v. 2, p. 118).

Em conseqüência, quando fixam prazos decadenciais e prescricionais, quando esta-belecem seus critérios de fluência, tais normas alcançam o próprio direito material que é

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discutido, seja para estabelecer situações de extinção, seja para definir casos de inexigibi-lidade, sendo certo que, em Direito Tributário, ambos os institutos levam à extinção de di-reitos para a Fazenda Pública.

A decadência extingue o direito de constituição do crédito; a prescrição, o direito de cobrar o crédito já constituído.

Não se pode atribuir às normas correspondentes, portanto, a natureza de leis pro-cessuais, confundindo-as, v.g., com a norma que trata da possibilidade de reconhecimento de ofício da prescrição. Esta sim, de natureza instrumental, a definir os limites de atuação do magistrado no processo.

(...)"A questão, mutadis mutandis , foi já decidida pelo Supremo Tribunal Federal, razão

pela qual outro não há de ser o entendimento: "Normas que disponham sobre prescrição ou decadência sempre são de direito substantivo, porque esta é a natureza de tais institutos. Segundo Ives Gandra da Silva Martins, eles 'anulam de forma definitiva um direito subs-tantivo e a dimensão de seu exercício' (in Revista Dialética de Direito Processual, v. 2, p. 118)."

Averbe-se que, antes mesmo da decisão do Pretório Excelso, o próprio Legislador de Normas Gerais, por meio da Lei Complementar nº 118/2005, alterou o inciso I do pará-grafo único do artigo 174 do Código Tributário Nacional - ajustou a sua redação com a do artigo 8º, parágrafo 2º, da Lei nº 6.830/80 -, culminando por corroborar a conclusão de que ambos os artigos da Lei de Execução Fiscal, relativamente aos créditos tributários, padecem de inconstitucionalidade formal, por usurpar a esfera reservada à lei complementar pela Constituição pretérita.

Pelo exposto, acompanho o Relator, pedindo vênia à divergência.

É O VOTO.

CERTIDÃO DE JULGAMENTO - CORTE ESPECIAL

AI no Ag 1.037.765 / SPNúmero Registro: 2008/0079240-1 Números Origem: 200703990052945 2008014968 200803000032563

PAUTA: 02/08/2010JULGADO: 02/03/2011

Relator: Exmo. Sr. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKIPresidente da Sessão: Exmo. Sr. Ministro CESAR ASFOR ROCHASubprocurador-Geral da República: Exmo. Sr. Dr. BRASILINO PEREIRA DOS

SANTOSSecretária: Bela. VANIA MARIA SOARES ROCHA

AUTUAÇÃO

Agravante: Fazenda NacionalProcuradores: Claudio Xavier Seefelder Filho, Juliana Furtado Costa Araújo e ou-

tro(s)

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Agravado: COPRIN Equipamentos Industriais LTDAAdvogado: Sem Representação Nos Autos

ASSUNTO: DIREITO TRIBUTÁRIO - Crédito Tributário - Extinção do Crédito Tributário – Prescrição

ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE

Agravante: Fazenda NacionalProcuradores: Claudio Xavier Seefelder Filho, Juliana Furtado Costa Araújo e ou-

tro(s)Agravado: COPRIN Equipamentos Industriais LTDAAdvogado: Sem Representação Nos Autos

CERTIDÃO

Certifico que a egrégia CORTE ESPECIAL, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:

Prosseguindo no julgamento, após o voto-vista do Sr. Ministro Hamilton Carvalhido acompanhando o voto do Sr. Ministro Relator e o voto do Sr. Ministro Francisco Falcão, no mesmo sentido, a Corte Especial, por maioria, acolheu parcialmente o incidente, declarando a inconstitucionalidade do art. 2º, § 3º, e do art. 8º, § 2º, da Lei 6.830/80, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Vencidos, parcialmente, os Srs. Ministros Ari Pargendler, Al-dir Passarinho Junior, Eliana Calmon, Laurita Vaz, Luiz Fux e Arnaldo Esteves Lima.

Os Srs. Ministros Castro Meira, Cesar Asfor Rocha, Felix Fischer, Gilson Dipp, Ha-milton Carvalhido, Francisco Falcão e João Otávio de Noronha votaram com o Sr. Ministro Relator.

Não participaram do julgamento a Sra. Ministra Nancy Andrighi e o Sr. Ministro Massami Uyeda.

Ausente, justificadamente, a Sra. Ministra Eliana Calmon.Convocado o Sr. Ministro Massami Uyeda para compor quórum.Presidiu o julgamento o Sr. Ministro Cesar Asfor Rocha.

Brasília, 02 de março de 2011

VANIA MARIA SOARES ROCHA - Secretária

DEPARTAMENTO JUDICIAL

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULOCOMARCA DE SÃO PAULOFORO CENTRAL - FAZENDA PÚBLICA/ACIDENTES3ª VARA DE FAZENDA PÚBLICA

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Processo nº: 0046624-02.2010.8.26.0053 - MonitóriaRequerente: Cia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo - SABESPRequerido: Prefeitura do Município de São Paulo-Secretaria de Assistência e

Desenvolvimento Social

Trata-se de ação na qual se afirma que a autora prestou serviço de fornecimento de água à ré que resultou em fatura, vencida e não paga em 29 de fevereiro de 2008, no valor de R$ 6.920,00; diz que a ré reconheceu a dívida, mas não pagou. Requer, em suma, a con-denação da ré em pagar a dívida atualizada, R$ 10.498,96. Juntou documentos.

A parte contrária contestou (fls. 70-77) para sustentar a prescrição; alternativamen-te, diz que a dívida está suspensa até o final de 2.012.

Houve réplica (fls. 107-109).

É o relatório. Decido.

No caso presente é evidente a prescrição do crédito. O prazo prescricional de ações judiciais do administrado contra o Estado, em não havendo regra especial, é de cinco anos, consoante dispõe o art. 1o do Decreto 20.910/32 (norma que subsiste com força de lei, pois à época foi editada quando o Poder Executivo enfeixava as funções do Legislativo).

Por uma questão de equidade não julgamento por equidade , em sendo inversa a si-tuação é preciso dar o mesmo tratamento, é dizer, é preciso reconhecer que “(...) faltando regra específica que disponha de modo diverso, o prazo para a Administração proceder ju-dicialmente contra os administrados é, como regra, de cinco anos, quer se trate de atos nu-los, quer se trate de atos anuláveis” (Celso Antonio Bandeira de Mello, Curso de Direito Administrativo, 13a ed., p. 211)

O mesmo entendimento é sufragado por Maria Sylvia Zanella di Pietro (Direito Ad-ministrativo, 15a ed., p. 610), Hely Lopes Meirelles (Direito Administrativo Brasileiro, 24ª ed, p. 589) e Diógenes Gasparini (Direito Administrativo, 8a ed., p. 773).

O prazo é o mesmo, portanto, sendo o titular do crédito o administrado (contra a Fa-zenda) ou a Fazenda contra o administrado ou, como é o caso, contra outro ente público.

O prazo persiste o mesmo se quem é credor é a Administração Direta ou ente da Administração Indireta, portanto, mesmo que seja pessoa de direito privado desde que seja prestadora de serviço público.

É pela mesma razão de ser crédito decorrente da atividade pública, em especial do serviço público que o lapso continua a ser de cinco anos.

Se a dívida é de 18 de fevereiro de 1993, não se pode dizer que o documento a fls. 10 represente confissão espontânea que restabeleça a dívida prescrita. Foi em 19 de março de 2008 (com quinze anos da dívida, ou ao menos dez de prescrição consumada) que se de-terminou o encaminhamento da solicitação para apreciação da supervisão técnica de conta-bilidade.

O atendimento da solicitação não significa reconhecimento da dívida. A apreciação ocorre antes. O atendimento, à evidência, é condicionado à apreciação, o que em momento algum ocorreu, pois em átimo qualquer houve o reconhecimento de dívida prescrita há dez anos.

Portanto, houve prescrição do crédito.

Ante o exposto, JULGO IMPROCEDENTE o pedido.

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Condeno a parte vencida a suportar as custas processuais e a verba honorária da par-te contrária que fixo em R$ 3.000,00 nos termos do art. 20, § 4º, do Código de Processo Ci-vil.

P.R.I.

São Paulo, 22 de agosto de 2011 .

Luis Manuel Fonseca PiresJuiz de Direito

DEPARTAMENTO DE DEFESA DO MEIO AMBIENTE E PATRIMÔNIO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULOCOMARCA de SÃO PAULOFORO CENTRAL - FAZENDA PÚBLICA/ACIDENTES6ª VARA DE FAZENDA PÚBLICASENTENÇAProcesso nº: 0006827-82.2011.8.26.0053Classe –Assunto: Ação Popular - Ato Lesivo ao PatrimônioArtístico, Estético,

Histórico ou TurísticoRequerente: AFANASIO JAZADJIRequerido: Fazenda do Estado de São Paulo e outros

Vistos.AFANÁSIO JAZADJI, autor popular, ajuizou a presente ação em face de

FAZENDA DO ESTADO DE SÃO PAULO, S/A CENTRAL DE IMÓVEIS E CONSTRUÇÕES, ANTÔNIO JOÃO ABDALLA FILHO, JOSÉ JOÃO ABDALLA FILHO, relatando que: Em 15 de abril de 1988, o então Governador Orestes Quércia desapropriou área situada na Marginal Pinheiros pertencente à S/A CENTRAL DE IMÓVEIS E CONSTRUÇÕES, aonde depois foi implantado o Parque Villa Lobos, tendo sido a FESP condenada a pagar o valor de NCz$ 324.617.774,00, a serem reajustados a partir da data do laudo, ou seja, julho de 1989, com juros compensatórios de 12% ao ano a partir de janeiro de 1990e juros moratórios de 6% ao ano, a partir do trânsito em julgado da decisão.

Alega que não é possível a cumulação de juros moratórios com compensatórios, em razão da regra constitucional do art. 192, § 3º da Constituição Federal.

Ainda segundo o autor popular, após o trânsito em julgado da decisão, com poucas alterações, teria começado o longo calvário dos credores, com poucos pagamentos pela FESP no período entre 1992 e 2004, e os credores ANTÔNIO JOÃO ABDALLA FILHO e JOSÉ JOÃO ABDALLA FILHO teriam recebido as 3 primeiras parcelas do precatório.

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Com o advento da Emenda 30/2000, o Governo Geraldo Alckmin por meio da Procuradoria Geral do Estado, resolveu dar preferência à quitação de precatórios envolvendo processos de desapropriação, em detrimento dos alimentares.

Assim, dentro da política de pagamento de precatórios adotada pelo Estado, os réus receberam em dia as demais parcelas (4ª a 9ª), e os seus créditos “milionários” foram depositados direta e espontaneamente pelo Estado, para imediata liberação, sem ao menos serem examinadas e referendadas pelo DEPRE e pelo Ministério Público Federal.

Entende que houve pagamento indevido de juros, tendo em vista que:1) no pagamento da 4ª parcela, vencida em 31/12/2004, foram pagos 391 dias de

mora, e não apenas 30 dias, como de fato havia;2) no pagamento da 5ª parcela do Precatório nº 0690/1922-B, foram incluídos 328

dias de juros moratórios indevidos sobre o principal e sobre os honorários advocatícios, pois se a 5ª parcela vencem em 31/12/2005, houve antecipação de pagamento e não mora, como espontaneamente pago pelo Estado;

3) no pagamento da 6ª parcela do Precatório nº 0690/1922-B, foram incluídos juros moratórios indevidos de 360 dias sobre o principal e sobre os honorários advocatícios, pois como esta parcela venceu em 31/12/2006 e foi paga em 28 de dezembro de 2006, novamente ocorre antecipação de pagamento e não mora de 360 dias;

4) no pagamento da 7ª parcela do Precatório nº 0690/1922-B, foram incluídos juros moratórios indevidos de 359 dias sobre o principal esobre os honorários advocatícios, pois como esta parcela venceu em 31/12/2007 e foi paga em 27 de dezembro de 2007, ocorreu antecipação de pagamento e não a mora;

5) no pagamento da 8ª parcela do Precatório nº 0690/1922-B, foram incluídos juros moratórios indevidos de 362 dias sobre o principal e sobre os honorários advocatícios, pois como esta parcela venceu em 31/12/2008 e foi paga em 29 de dezembro de 2008, novamente ocorreu antecipação de pagamento;

6) no pagamento da 9ª parcela do Precatório nº 0690/1922-B, foram incluídos juros moratórios indevidos de 359 dias sobre o principal e sobre os honorários advocatícios, pois como esta parcela venceu em 31/12/2009 e foi paga em 28 de dezembro de 2009, novamente ocorreu antecipação de pagamento e não mora de 360 dias;

Assim, a Fazenda do Estado de São Paulo, assistida pela Procuradoria-Geral, chegou a lesar o Estado em R$ 198.432.728, 33, ao computar em favor dos credores do precatório juros moratórios indevidos e saldados, no pagamento das 4ª a 9ª parcelas, do Precatório nº 0690/1922-B, num total de R$ 228.718.299,45.

Entende que, no teor do disposto no art. 1º da Emenda Constitucional nº 30/2000, que estabelece que “a partir da primeira parcela com vencimento constitucional em 31/12/2001, os juros legais são devidos para as parcelas inadimplidas”.

E disso a Procuradoria do Estado foi advertida pelo Órgão Técnico do E. Tribunal de Justiça de São Paulo.

Relata que, a seu ver, a partir da Emenda Constitucional nº 30/2000, deve-se tomar o valor do precatório, atualizado e com correção monetária, juros legais e compensatórios na data de 31/09/2000, dividindo-se o valor apurado por dez, e que a primeira parcela venceu em 31 de dezembro de 2001, data limite em que deveria ter sido paga pelo Estado sem a incidência de juros moratórios nem compensatórios, a partir de 13 de setembro de 2000, mas tão somente com correção monetária. Não tendo sido a parcela quitada até a data limite, passam a incidir tão somente os juros moratórios de 0,5% ao mês, a partir de 1º de janeiro de 2002 até a data do efetivo pagamento.

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Como a Procuradoria pagou as seis parcelas já discriminadas ainda dentro de cada exercício, não poderia fazer incidir sobre as mesmas, juros moratórios. Aduz que este é o entendimento sacramentado nas cortes, que entendem que embora citada emenda não estabeleça o prazo inicial para o pagamento parcelado, este deve ser tido como o final do exercício seguinte à edição da Emenda, ou seja, 31 de dezembro de 2001.

Diante do exposto, requer a tutela antecipada, para se proceder ao bloqueio de bens e recursos financeiros dos beneficiados com essa irregularidade a fim de se assegurar futuro ressarcimento futuro, com a condenação ao final dos réus a devolverem os valores correspondentes aos juros moratórios indevidamente incluídos nos cálculos das 4ª a 9ª parcelas do Precatório nº 0690/1922-B, num total de R$ 228.718.299,45, para setembro de 2010, e sobre os quais deverão incidir correção monetária e juros de 1%ao mês.

Foi ouvido o Ministério Público (fls.278/280).O pedido de antecipação de tutela com bloqueio de bens foi indeferido a fls.

281/285.A fls. 308 a MUNICIPALIDADE DE SÃO PAULOPMSP passa a ocupar o pólo

passivo desta relação processual.Citada, a ré FAZENDA PÚBLICA DO ESTADO DE SÃO PAULO (fls. 376/416,

apresentou contestação. Arguiu preliminarmente a carência de ação por falta de interesse de agir, posto que visa tutela de interesses particulares e controle abstrato da constitucionalidade de lei, relata ser o comportamento do autor contraditório e incompatível com o ajuizamento da presente demanda, e ainda que visa a defesa de interesse particulares, consubstanciados nos direitos creditórios dos credores de precatórios; insurgência contra lei em tese e postura contraditória do autor popular.

No mérito alega a prescrição da ação com base no artigo 21 da Lei Federal nº. 4.717/65, afirma que o prazo prescricional de cinco anos para propositura da ação teve início em 22 de agosto de 2001, com a publicação do Decreto Estadual nº. 46.030 que disciplinou o pagamento dos precatórios a que se refere o artigo 78 do ADCT/CF.

Destaca a ausência dos pressupostos de que o ato impugnado seja ilegal e lesivo ao patrimônio público, para caber ação popular, visto que a Administração Pública observou os estritos critérios legais para pagamentos dos precatórios.

Afirma ao contrário do que foi alegado pelo autor, o artigo 78 do ADCT/CF disciplinou o pagamento dos precatórios de natureza não alimentar ficando excluídos os precatórios de natureza alimentar.

Destaca que há três classes de créditos distintas: a classe dos alimentares (regrados pelo artigo 100 do corpo permanente), a classe dos não alimentares posteriores à Constituição (também regrados pelo artigo 100 do corpo permanente) e a classe dos não alimentares anteriores à Constituição (submetidos à regra especial do artigo 33 do ADCT), tendo se mostrado ineficiente, a Emenda Constitucional nº 30 de 2000 modificou tal regra introduzindo alterações no regramento regulando o regime de pagamento de precatórios não alimentares , excepcionando da regra geral tanto os então existentes, quanto os decorrentes de ações não alimentares que tivessem sido ajuizadas até 31 de dezembro de 1999, excetuando apenas os anteriormente submetidos à moratória do artigo 33 do ADCT, os de pequeno valor e os que já tivessem sido depositados em juízo na data da promulgação da Emenda.

Conclui que não há violação, nem a possibilidade de se violar o direito de preferência dos alimentares, na medida em que perfilam ordens cronológicas diferentes,

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insuscetíveis de comparação. Ressalta o fato de as disposições do artigo 78 do ADCT são de natureza excepcional e transitória e por isso, prevalecem sobre as regras de caráter geral.

Aduz quanto à forma que o artigo 78 do ADCT/CF determinava o pagamento parcelado dos precatórios por ele abrangidos, com atualização monetária e acréscimo de juros legais e diz que antes de qualquer pagamento foi editado o Decreto Estadual nº. 46.030 de 2001, referendado pela Lei Estadual nº. 11.377 de 2003, disciplinando tais pagamentos.

Destaca que tal lei foi aprovada sem voto contrário por parte do autor que à época era Deputado Estadual pelo DEM.

Declara que foram regulares todos os pagamentos efetuados de acordo com o artigo 78 do ADCT/CF e que somente em 25 de novembro de 2010 é que suas disposições foram declaradas inconstitucionais. Afirma que enquanto não declaradas inconstitucionais as citadas disposições e modulados seus efeitos pelo período que esteve em vigor, não se configura qualquer ilegalidade no pagamento de juros de mora nos precatórios por ele abrangidos. (fls.376/416).

Citados, os réus, ELIVAL DA SILVA RAMOS e MARCOS FÁBIO DE OLIVEIRA NUSDEO, apresentaram contestação (fls. 525/564).

Arguiram, preliminarmente, ilegitimidade passiva, posto que não praticaram ato especifico no caso retratado nos autos, limitando-se apenas a cumprir o que a lei determinava que fosse cumprido, impossibilidade jurídica do pedido e utilização incorreta da ação popular como mecanismo de controle de constitucionalidade da lei, falta de interesse de agir do autor na propositura da ação.

Foi exposta a diferença entre os artigos 78 e 33 do ADCT, no primeiro os montantes seriam adimplidos de modo atualizado com acréscimo de juros legais e no segundo somente com atualização monetária.

A expressão juros legais foi definida pelo Decreto de nº. 46.030 de 2001, que passou perfazer-se por via legal pela Lei Estadual 11.377 de 2003, aprovada pela legislatura em que figurava como deputado estadual o próprio autor, como se tratando de imposição de acréscimo somente de juros moratórios.

Afirma que as parcelas de débito pagas adimpliram-se e se consideravam quitadas sem o acréscimo de juros moratórios, e as que decorriam da moratória do artigo 78, do ADCT/CF não, tinham que sofrer, ano a ano, durante sua vigência, mesmo que pagas pontualmente, o acréscimo de juros moratórios.

Apresenta exame da jurisprudência que comprova que a conduta do Estado de São Paulo era adequada. Sobressalta a existência de duas orientações: uma que determinava não apenas a fluência de juros moratórios, mas igualmente a de compensatórios durante a vigência do decênio moratório, outra que promoveram a incidência de juros moratórios de 6% ao ano, durante a vigência do regime excepcional. Inexistindo orientação no sentido de que não se faziam devidos juros de qualquer natureza durante o cumprimento da moratória, a menos que as parcelas

fossem conferidas intempestivamente. Justifica o pagamento do nono décimo.Citados, os réus S/A CENTRAL DE IMÓVEIS E CONSTRUÇÕES; ANTONIO

JOÃO ABDALLA FILHO, EID GEBARA e ROBERTO ELIAS CURY/ADVOCACIA, apresentaram contestação (fls.617/651). Alegando preliminarmente a inépcia da petição inicial, falta de interesse de agir e impossibilidade jurídica do pedido.

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No mérito alegam a prescrição e aduz a litigância de má-fé do autor. Afirma que não há ato ilegal ou ilegítimo lesivo ao patrimônio público, posto que feito em harmonia com o literal dispositivo da lei.

Argumenta que somente em 09 de dezembro de 2010 foi julgado o RE nº. 590.751 de relatoria do Ministro Ricardo Lewandowski que firmou entendimento contrário ao vigente à época dos pagamentos no sentido de ser indevida a inclusão dos juros moratórios nos décimos constitucionais decorrentes da EC 30/200, sendo esta decisão desprovida de efeito retroativo.

Afirmam que a jurisprudência apresentada pelo autor refere-se a precatórios abrangidos pelo artigo 33 do ADCT/CF em que não há previsão expressa de pagamento dos juros legais. Ainda que os pagamentos realizados pela Fazenda excluíram os juros compensatórios a que têm direito.

Citado, o réu JOSÉ JPÃO ABDALLA FILHO, apresentou sua contestação (fls.796/799). Arguiu sua ilegitimidade passiva posto que em nenhum momento consta no processo expropriatório que ele tenha sido parte, interessado ou beneficiário nos pagamentos.

Citados, os réus LÚCIA ABDALLA ABDALLA e seu marido ASSAD ABDALLA NETO, apresentaram contestação, alegando ilegitimidade passiva, afirmando que não recebeu nada relativo a desapropriação questionada na presente ação, descreve que embora tivesse reservado a seu favor 10% do valor bruto da indenização cabível ao coexpropriado ANTONIO JOÃO ABDALLA FILHO é fato que esta reserva foi revogada por decisão transitada em julgado em 27/08/2010. (fls.820/826).

Citada, a ré MUNICIPALIDADE DE SÃO PAULO, apresentou contestação (fls.1084/1114) arguiu nas preliminares a ausência de ilegalidade e de lesividade do ato, a inadequação da via processual eleita, ausência de pedido em face do MUNICÍPIO DE SÃO PAULO, inépcia do aditamento à inicial. Nas preliminares de mérito a ausência do binômio ilegalidade-lesividade e a prescrição.

No mérito aduz a não aplicação do artigo 11 da Lei da Ação Popular no caso por se tratar de ato lícito, cumprido e fruído em exercício regular de direito e como tal nunca passíveis de ressarcimento.

Afirma que a forma de cálculo questionada encontra plena justificativa na determinação do artigo 78 do ADCT/CF que prevê expressamente o cômputo de juros durante o pagamento das parcelas. Diz que os cálculos apresentados pelo autor são incompletos, além de conterem equívocos materiais. Aduz ainda, a inaplicabilidade da Súmula Vinculante nº.17 do STF posto que o período previsto no parágrafo 1º do artigo 100 da Constituição Federal não se relaciona com o presente feito.

Houve réplica (fls.1119/1148).Esclarece que a ação busca o ressarcimento dos cofre públicos e não os credores de

precatórios alimentares, como aludido pela Procuradoria, e que se insurge contra o integral descumprimento da EC 30/2000.

Alega que o artigo 2º do Decreto nº. 46.030/2001 está em desacordo com o disposto do parágrafo 1º do artigo 100 da Constituição Federal. registra que a Lei Estadual nº. 11.377/2003 disciplina o pagamento de precatórios de pequeno valor que não se confunde com o Decreto nº. 46.030/2001.

Afasta a alegação de prescrição, com a afirmativa de que as ações que visam a reparar danos ao erário não prescrevem.

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Afirma que em nenhum trecho do artigo 78 do ADCT/CF está explicitado que os juros legais seriam de 6% ao ano. Diz que não é verdade que o STF alterou o entendimento acerca do não pagamento de juros moratórios em parcelas pagas sem atrasos somente no final de 2010.

Fls.1277/1296 o Ministério Publico ofertou manifestação. Opinou pela ilegitimidade passiva dos réus JOSÉ JÃO ABDALLA FILHO e LÚCIA ABDALLA ABDALLA, pela exclusão dos réus ELIVAL DA SILVA RAMOS e MARCOS FÁBIO DE OLIVEIRA NUDEO, requer remessa dos autos ao DEPRE para esclarecimentos.

Memorial dos co-réus ELIVAL DA SILVA RAMOS e MARCOS FÁBIO DE OLIVEIRA NUDEO (fls. 1298/1301).

É o relatório.Decido.Primeiramente, aprecio as preliminares relativas a ilegitimidade passiva dos réus.Quanto aos réus José João Abdalla Filho e Lúcia Abdalla Abdalla, a cópia do

processo de fls. 366 demonstra que foram beneficiados pelo pagamento do precatório, em razão de acordo realizado nos autos.

Assim, embora não sejam credores originários do precatórios, são destinatários direto dos valores levantados, e portanto são partes legítimas para figurar no pólo passivo da ação.

Quanto aos réus Elival da Silva Ramos e marcos Fábio de Oliveira Nusdeo, não consta realmente que tenham assinado qualquer parecer ou determinado qualquer pagamento deste precatório em específico, de forma diferente daquela realizada para os demais precatórios. Ainda, até em relação á dinâmica do pagamento dos precatórios sujeitos ao parcelamento do art. 78 do ADCT, não consta que tenha havido qualquer má-fé visando o pagamento a maior deste precatório em específico. Como bem demonstrado na contestação, o pagamento deste precatório obedeceu ao mesmo critério de todo e qualquer precatório pago pelo Estado.

No mais, é caso de falta de interesse de agir do autor popular, embora a preliminar arguida, de certa maneira, requeira uma análise do mérito da presente ação popular, que se viesse a ser julgada, seria certamente improcedente, pelos mesmos fundamentos.

1. Sobre a reforma introduzida pela Emenda Constitucional nº 30/2000:Nos termos do artigo 100 da Constituição Federal, conforme Emenda 30/2000:Art. 2º É acrescido, no Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, o art. 78,

com a seguinte redação:"Art. 78. Ressalvados os créditos definidos em lei como de pequeno valor, os de

natureza alimentícia, os de que trata o art. 33 deste Ato das Disposições Constitucionais Transitórias e suas complementações e os que já tiverem os seus respectivos recursos liberados ou depositados em juízo, os precatórios pendentes na data de promulgação desta Emenda e os que decorram de ações iniciais ajuizadas até 31 de dezembro de 1999 serão liquidados pelo seu valor real, em moeda corrente, acrescido de juros legais, em prestações anuais, iguais e sucessivas, no prazo máximo de dez anos, permitida a cessão dos créditos." (AC)

"§ 1º É permitida a decomposição de parcelas, a critério do credor." (AC)"§ 2º As prestações anuais a que se refere o caput deste artigo terão, se não

liquidadas até o final do exercício a que se referem, poder liberatório do pagamento de tributos da entidade devedora." (AC)

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"§ 3º O prazo referido no caput deste artigo fica reduzido para dois anos, nos casos de precatórios judiciais originários de desapropriação de imóvel residencial do credor, desde que comprovadamente único à época da imissão na posse." (AC)

"§ 4º O Presidente do Tribunal competente deverá, vencido o prazo ou em caso de omissão no orçamento, ou preterição ao direito de precedência, a requerimento do credor, requisitar ou determinar o sequestro de recursos financeiros da entidade executada, suficientes à satisfação da prestação." (AC)

O termo inicial dos juros legais para estas parcelas, segundo o autor popular, estaria sujeito ao disposto no artigo 100, § 1º da Constituição Federal:

"Art.100. ..............................................""§ 1º É obrigatória a inclusão, no orçamento das entidades de direito público, de

verba necessária ao pagamento de seus débitos oriundos de sentenças transitadas em julgado, constantes de precatórios judiciários, apresentados até 1º de julho, fazendo-se o pagamento até o final do exercício seguinte, quando terão seus valores atualizados monetariamente."(NR).

A questão que se coloca é definir se o artigo 100, § 1º da Constituição Federal estabelece a regra todos os precatórios, ou exclui aqueles abrangidos na moratória do art. 78 do ADCT.

Com efeito, o artigo 100, § 1º da Constituição Federal estabelece que entre a data da apresentação do precatório para pagamento, ou seja, até 1º de julho de cada ano, até o final do exercício seguinte, quando deve ser pago, incide correção monetária, sobre o valor nominal do precatório, que será atualizado por ocasião do pagamento.

Nada é falado expressamente sobre os juros moratórios. Daí, o Decreto 46.030/2001, impugnado, estabeleceu que:

Artigo 2º - O valor dos precatórios previstos no "caput" e no § 2º do artigo anterior será atualizado monetariamente e acrescido de juros legais de 6% (seis por cento) ao ano, até o efetivo pagamento de cada anualidade e final quitação da última parcela.

Parágrafo único - Nos precatórios em que haja determinação judicial transitada em julgado para o cômputo de juros compensatórios ou de juros acima do limite legal, estes serão calculados até a data do pagamento da primeira parcela.

Como se verifica, no decreto em questão, está disposto apenas que incidirão juros de forma continuada até o pagamento de cada parcela.

Ao contrário do alegado na petição inicial, o texto constitucional não estabeleceu "tão claro e taxativo princípio constitucional".

O texto constitucional introduzido pela emenda disse menos do que deveria. Daí, desde o início, surgiram divergência na sua interpretação, e a questão se prolongou até o final de 2010, quando finalmente foi julgado o Recurso Extraordinário 590.751, São Paulo, após o reconhecimento de Repercussão Geral, por maioria de votos. Ou seja, até neste momento final do dissenso jurisprudencial, não houve unanimidade quanto à interpretação a ser dada a este dispositivo legal pela Corte Superior.

Em consequência, não se vislumbra, da redação do Decreto agora impugnado, nenhuma ilegalidade, já que em nenhum local da Emenda 30/2000 foi fixado que os juros moratórios não incidirão desde a expedição do precatório, mas apenas do atraso no pagamento de cada parcela.

2. A jurisprudência sobre o art. 78 do ADCT e suas consequências.Em razão da falta de clareza do texto constitucional introduzido pela Emenda

30/2000, logo se firmou o entendimento, no Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, no

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sentido de que na expressão "juros legais" estariam incluídos os juros moratórios e compensatórios, e ainda que estes deveria ser acrescidos ao valor das parcelas.

É exemplo de decisões neste sentido:AGRAVO DE INSTRUMENTO. Desapropriação. Precatório parcelado há anos.

Depósito da primeira parcela efetuado sem a incidência dos juros compensatórios. Alegação de incidência do Decreto Municipal n° 3016/2000, que reparcelou o precatório. Inadmissibilidade. Ofensa à ordem Constitucional. Correta a determinação de complementação do precatório parcelado no prazo de 24 horas. Expropriante/Agravante que iniciou o processo expropriatório em 1988 e somente no ano de 2001 efetuou o pagamento da primeira parcela sem a incidência dos juros compensatórios. Cabimento dos juros compensatórios e moratórios, nos termos do art. 78 do ADCT/88. Artigo introduzido com a Emenda Constitucional n° 30/2000. Decisão mantida. Agravo improvido. Decisão de 27/11/2002, no Agravo De Instrumento N. 303.823-5/3, Proc N° 424/1988 - Ia Vara Cível Da Comarca De Jardinópolis/sp, Agravante: Município De Jardinópolis; Agravados: Luiz Alberto Pereira E Outros, Relator Desembargador Antônio Rulli.

Com fundamento neste entendimento, que era unânime no Tribunal de Justiça de São Paulo, a Procuradoria do Estado editou o Decreto 40.030/2001, com a finalidade, principalmente, de excluir o pagamento de juros compensatórios, que o E. Tribunal de Justiça do Estado entendia devidos.

Assim, o entendimento firmado pela Fazenda do Estado no pagamento dos precatórios, tinha fundamento, em primeiro lugar, nas decisões transitadas em julgado, em cada um dos processos envolvidos, que determinavam este pagamento; em segundo lugar, na jurisprudência predominante, que também determinava este pagamento; não representava de forma nenhuma evidência de pagamento a maior, uma vez que implicava em pagamento a menor do pagamento, ao excluir os juros compensatórios, interpretando a FESP a expressão "juros legais" de modo mais restritivo do que aquele que o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo em seus julgados.

Não se caracteriza, portanto, de início, desde este momento, nenhum ato ou omissão do Poder Público que lesivo ao patrimônio público, pela via da ilegalidade ou da imoralidade, requisito objetivo fundamental para a viabilidade de uma ação popular.

Muito pelo contrário, o não pagamento de juros compensatórios se mostrou, desde o início, medida de cautela, pois naquele momento o Poder Judiciário entendeu, de forma unânime, que os juros estabelecidos nas decisões transitadas em julgado deveriam ser pagos, em todas as parcelas.

A cautela se justificava não apenas porque a FESP não queria correr o risco de pagar a maior, mas também porque não queria correr o risco de sofrer sequestro, opção bastante provável caso negasse o pagamento dos juros moratórios, cuja incidência era tida como certa pelo Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo.

Assim, não há nenhum elemento nos autos que comprove o menor indício de lesividade ou de ilegalidade aos depósitos efetuados, ao menos tendo em vista os critérios exigidos judicialmente para os depósitos, após a emissão do ofício requisitório. Se há alguma desproporção na indenização paga, esta não deriva de ato relacionado ao pagamento do precatório, que sempre ocorreu sob o crivo do contraditório e sob a fiscalização do Poder Judiciário.

3. Sobre o prejuízo alegado.

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Não se pode afirmar, a priori, que houve prejuízo ao Estado no pagamento deste precatório em razão da inclusão dos juros moratórios nas parcelas.

Todos os pagamentos realizados nestes autos ocorreram sob o crivo do contraditório, e embora em nenhum momento tenha a FESP requerido, nestes autos, a exclusão dos juros moratórios, até o final do pagamento das parcelas seria possível a revisão dos pagamentos – lembre-se que o julgamento do Re 590.751 apenas ocorreu em 09/12/2010, ou seja, antes do pagamento da última parcela.

Não se pode esquecer que a jurisprudência do E.Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo entendia que cabia ao juiz da Execução decidir os incidentes relativos à execução, entre eles questões relativas aos critérios de pagamento de juros e cálculo de insuficiência, tanto que todas estas decisões sobre esta matéria estão concentradas no SECFP, que entende até hoje pela inclusão de juros moratórios e compensatórios nas parcelas da moratória do artigo 78 do ADCT.

E o Poder Executivo está sujeito às decisões judiciais, uma vez que vivemos em um Estado Democrático de Direito.

Os pagamentos realizados não foram feitos na esfera administrativa, e sim no curso de um processo, atendendo ao cumprimento de uma sentença e portanto dentro dos ditames da mais estrita legalidade.

E é fato que até agora não houve a quitação do precatório, na medida em que foram incluídos na moratória da Emenda 62/2009, que prevê o seguinte destino para estas parcelas ainda não quitadas no novo artigo 97 do ADCT:

§ 15. Os precatórios parcelados na forma do art. 33 ou do art. 78 deste Ato das Disposições Constitucionais Transitórias e ainda pendentes de pagamento ingressarão no regime especial com o valor atualizado das parcelas não pagas relativas a cada precatório, bem como o saldo dos acordos judiciais e extrajudiciais.

Ou seja, não haverá o pagamento da parcela pendente por parte da Fazenda do Estado e nem por parte do Tribunal de Justiça do Estado, agora responsável pelo pagamento dos precatórios.

Esta parcela entrou automaticamente no regime especial, estabelecido pela Emenda.Ainda, em relação ao cálculos do valor ainda não quitado, o mesmo será objeto de

conferência, nos termos da Ordem de Serviço do DEPRE nº 03/2010, que estabelece que:7. - Débitos não alimentares (§ 15, do art. 97) - cálculos do DEPRE:7.1. - O valor dos débitos não alimentares submetidos à moratória prevista no art.

33 e art. 78 do ADCT, cujas parcelas não tenham sido depositadas total ou parcialmente serão atualizados pelo DEPRE com base na conta requisitada de forma continuada, sem capitalização.

§ 1º. - A correção monetária será calculada nos termos do item 5.1;§ 2º. - Os juros moratórios serão calculados em continuação, a partir da conta

requisitada, na base de 6% ao ano, salvo indicação diversa. A fluência dos juros ficará suspensa:

a) no exercício do Regime Ordinário do dia 02 de julho do ano da expedição do precatório, até dezembro do ano subsequente, sobre os precatórios que nele sejam pagos (Súmula Vinculante nº. 17);

b) no exercício da moratória do art. 33 e art. 78 do ADCT, de 05 de outubro de 1988 e 12 de setembro de 2000, respectivamente, até o vencimento de cada uma das parcelas, dos valores pagos;

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§ 3º. - O período de suspensão não se altera, mesmo havendo concomitância entre os motivos de suspensão;

§ 4º. - A partir de 05/10/1988 e 12/09/2000 não incidem juros compensatórios das parcelas pagas em razão das moratórias do art. 33 e 78 do ADCT, respectivamente. Nas demais hipóteses os juros compensatórios deverão ser calculados na forma prevista na decisão exequenda até 1º de julho do ano requisitorial. Deverão ser calculados em atenção à regra do item 6.1, § 5º, caso o percentual seja de 6% ao ano, ou com base na fórmula abaixo, caso corresponda a 12% ao ano:

(valor da parcela atualizada) X (número de dias) : 3000;§ 5º. - Os débitos requisitados a partir de 02 de julho de 2008, não experimentarão

a suspensão dos juros moratórios;§ 6º. - A partir de 10.12.2009 não incidem juros compensatórios para os

precatórios anteriores.7.2. - Os precatórios posteriores a 09.12.2009 serão calculados com base na

decisão exequenda até 1º de julho do ano requisitorial, e posteriormente nos termos da EC 62/2009.

8. - Insuficiência dos depósitos:8.1. - Os credores que venham a entender INSUFICIENTES os depósitos,

mormente no que afeta à moratória prevista no art. 78 do ADCT, deverão requerer o recálculo ao Juízo da Execução.

A conclusão é no sentido de que qualquer afirmativa de prejuízo por parte do Estado, com base na forma de pagamento, é extremamente premeditada, na medida em que o precatório em questão sequer foi quitado.

4. Pedido juridicamente impossível:O principal pedido do autor popular consiste na condenação ao final dos réus a

devolverem os valores correspondentes aos juros moratórios indevidamente incluídos nos cálculos das 4ª a 9ª parcelas do Precatório nº 0690/1922-B, num total de R$ 228.718.299,45, para setembro de 2010, e sobre os quais deverão incidir correção monetária e juros de 1% ao mês. diz respeito à ilegalidade do Decreto Estadual nº 46.030/2001, de efeitos concretos.

Ora, mesmo que os juros tenham sido pagos a maior, ainda há parcela a ser paga; e se os réus receberam a maior com base em decisão judicial, se incidir qualquer compensação quanto aos valores adiantados, sobre este valor a ser compensado não poderão incidir juros moratórios, uma vez que não há mora do credor do precatório.

Afinal, a polêmica sobre a incidência dos juros cessou apenas com a decisão no Recurso Extraordinário nº 590.751 (repercussão geral), datada de 09/12/2010, vogo do Ministro Ricardo Lexandowski, cuja ementa passo a transcrever:

EMENTA: CONSTITUCIONAL. PRECATÓRIO. ART. 78 DO ADCT, INTRODUZIDO PELA EC 30/2000. INCIDÊNCIA DE JUROS COMPENSATÓRIOS E MORATÓRIOS NAS PARCELAS SUCESSIVAS. INADMISSIBIUDADE. ART 5fl, XXIV E XXXVI, DA CONSTITUIÇÃO. OFENSA AO PRINCÍPIO DA JUSTA INDENIZAÇÃO. NECESSIDADE DE REEXAME DE PROVA. OFENSA REFLEXA. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 279 DO STF. RE PARCIALMENTE PROVIDO.

I - O art. 78 do ADC possui a mesma mens legis que o art. 33 deste Ato, razão pela qual, uma vez calculado o precatório pelo valor real do débito, acrescido de juros legais, não há mais falar em incidência destes nas parcelas anuais, iguais e sucessivas em que é fracionado, desde que adimplidas a tempo e corrigidas monetariamente.

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II - Não se mostra possível, em sede de recurso extraordinário, examinar a alegação de ofensa ao princípio da justa indenização, abrigado no art. 5Q, XXIV, da Constituição Federal, diante do que dispõe a Súmula 279 do STF.

III - A discussão acerca dos limites objetivos da coisa julgada, ademais, constitui matéria de legislação ordinária, que não dá ensejo à abertura da via extraordinária.

IV - Recurso extraordinário parcialmente provido.Em seu voto divergente, o Ministro Marco Aurélio ponderou:Presidente, há um artigo do saudoso doutrinador jurista Celso Bastos, em que, ante

a Emenda n° 30, Sua Excelência foi além, para admitir, no caso de desapropriação, a incidência dos juros compensatórios, a continuidade durante o parcelamento de dez anos.

Indaga-se: procedendo à interpretação sistemática, o cotejo dos artigos 33 e 78 ambos do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, este último resultante da Emenda Constitucional no 30, assentar que simplesmente não há, durante esse longo período - dez anos - a incidência dos juros da mora? Que simplesmente a mora desaparece - a mora certificada com o ajuizamento da ação -, e deve o credor receber em parcelas sucessivas sem essa incidência? É incluir no artigo 78 em comento o que nele não se contém, ou seja, a referência do artigo 33, a situação jurídica toda própria, em termos de balizamento objetivo, a referência a juros remanescentes. O que prevê o preceito, e prevê - repito -, sem expressão ambígua, é que se tem, em que pese o parcelamento em dez prestações anuais, o acréscimo, dos juros legais.

Volto ao início de minha fala: Pobres credores que hoje já têm mais uma emenda, a Emenda nc 62, que os coloca inclusive na bacia das almas, e prevê um leilão inverso. Serão satisfeitos aqueles que derem o maior desconto relativamente ao devido.

Sou um crítico, Presidente, dessa postura. Penso que a União não adentra muito esse campo. O campo é realmente trilhado, muito mais, pelos Municípios e pelos Estados. Sou um crítico dessa postura pelo Estado e que somente acarreta, porque tem o cidadão um título judicial, desgaste para o Judiciário, muito embora este pouco possa fazer.

Peço vênia, Presidente, ao relator para entender que o Tribunal de Justiça de São Paulo bem decidiu, ao assentar que o parcelamento do artigo 78 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias não implica o afastamento, do cenário jurídico, dos juros da mora. O parcelamento apenas desdobra a satisfação do título em dez prestações, mas sem afastar, repito, a mora do devedor.

Peço vênia para desprover o recurso, ressaltando que o Estado não está compelido a adotar o parcelamento. Ele é senhor da adoção, não dependendo da concordância do credor. Mas, a partir do momento em que se valha do benefício de pagar em dez prestações, não pode pretender, ainda por cima, a exclusão dos juros da mora, dos juros legais.

Já os Ministros Ayres Britto e Cezar Peluso entenderam que os juros moratórios eram devidos, abarcando a posição no mesmo sentido do Decreto impugnado nesta ação popular:

O SENHOR MINISTRO AYRES BRITTO - Era isso o que eu queria ponderar. O regime de precatório, como modalidade de execução judicial dos débitos do Estado, constantes de ofício requisitório, esse regime é uma prerrogativa processual. A única prerrogativa processual criada diretamente pela Constituição para o Poder Público. Não há outra, pelo menos na Constituição originária. Como toda prerrogativa, deve ser interpretada restritivamente e o fato é que, na redação originária da Constituição, só se limitou o acréscimo à indenização, só se limitou à correção monetária, porque à

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Constituição jamais previria um legislador constituinte - chamemos assim - jamais previria que seria introduzida na Constituição ou seriam introduzidas na Constituição emendas prorrogando, esticando esse regime especialíssimo, essa prerrogativa conferida ao Poder Público. Então, na medida em que se estica tanto o débito do Poder Público, por efeito de sucessivas emendas, aí, realmente, eu penso que a incidência dos juros moratórios se faz necessária.

O SENHOR MINISTRO CEZAR PELUSO (PRESIDENTE) - Pelo menos os juros compensatórios. No caso, aqui, nem sei se são devidos, porque o acórdão é dúbio. Ele fala, "caso devido tal", nem diz que é. O acórdão nem diz que é, mas, enfim, sobre juros compensatórios, realmente, podia-se até discutir, mas os juros de mora? Parece-me que são devidos, sem dúvida alguma.

Isso desfalca a indenização. O cálculo desses juros faz grande diferença na indenização."

Ora, os pagamentos realizados, como firmado diversas vezes, ocorreu sempre dentro dos processos e sob o crivo do contraditório. Há decreto administrativo, nº 40.030/2001 estabelecendo um único critério interno de interpretação da Fazenda do Estado quanto ao texto constitucional, com a finalidade de padronizar os pagamentos, evitando favorecimentos, tendo em vista que o texto constitucional não foi claro.

O julgamento da matéria de foram definitiva, como se verifica, levou mais de dez anos para acontecer, e durante todo este período o pagamento dos parcelamentos esteve cercado de instabilidade jurídica.

Ao contrário do alegado pelo autor popular, o Estado ao editar este Decreto e submetendo todos os precatórios a um mesmo regime de pagamento, dentro do contexto jurisprudencial que se desenhava, tomou uma atitude cautelosa e agiu sempre sob o crivo do contraditório, respeitando em parte as decisões judiciais para pagar a menor, e não a maior.

Agiu o administrador público com probidade e cautela. Tanto é assim que, para diversos processos em andamento no SECFP, nas conferências de pagamentos de parcelas realizados de acordo com os critérios vigentes até então, apurava-se em regra insuficiências de pagamentos.

E, de início, não há como se demonstrar nenhum prejuízo ao Estado. Cabe ao DEPRE realizar a conferência dos débitos de precatórios com parcelas pendentes de pagamento, para sua inclusão no regime especial, não sendo possível se falar em pagamento a maior de juros quando estes foram realizados sob o crivo do contraditório, sob a fiscalização do Poder Judiciário e em observância a decisões transitadas em julgado.

O panorama legal em confronto com o comportamento adotado pela FESP, que no pagamento dos precatórios sempre buscou atender ás ordens judiciais de forma muito comedida, questionando o pagamento de juros compensatórios, e pagando juros moratórios em observação ao entendimento jurisprudencial então preponderante, denotam carecer a ação popular do requisito de procedência da ilegalidade, mostrando-se meramente especulativa a alegada lesividade, tendo em vista que o parcelamento sequer chegou a termo.

Sob esse enfoque a 1ª Seção do Superior Tribunal de Justiça decidiu no EREsp 260821/SP, verbis: "ADMINISTRATIVO. AÇÃO POPULAR. CABIMENTO. ILEGALIDADE DO ATO ADMINISTRATIVO. LESIVIDADE AO PATRIMÔNIO PÚBLICO. COMPROVAÇÃO DO PREJUÍZO. NECESSIDADE.

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Posto isto, acolho a preliminar de falta de interesse de agir e julgo extinto o processo, com fundamento no artigo 267, VI do CPC.

Custas “ex lege”.Recorro de ofício.P.R.I.São Paulo, 21/11/2011.

Site do Supremo oferece GRU para recolhimento de custasA partir de hoje (19), o portal do Supremo Tribunal Federal passa a oferecer, em caráter

experimental e, portanto, facultativo, a possibilidade de emissão da Guia de

Recolhimento da União (GRU).

No sítio eletrônico do STF (www.stf.jus.br), no menu “Processos – Custas Processuais”,

na opção “Emitir GRU”, o usuário terá à sua disposição um formulário eletrônico que

possibilitará a emissão da GRU Ficha de Compensação, visando ao recolhimento das

custas processuais para a interposição de recursos, ajuizamento de ações originárias,

atos processuais e serviços.

Além da facilidade de não necessitar preencher nenhum dado, como atualmente ocorre

com a GRU emitida via sítio eletrônico da Secretaria do Tesouro Nacional, o boleto

dispõe de código de barras para pagamento em qualquer agência bancária. Se

informado endereço de e-mail durante a emissão da GRU, o usuário receberá o número

do código de controle, que possibilitará a reimpressão do boleto.Fonte: STF

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Nova ADI é ajuizada contra lei que criou Certidão Negativa de Débito TrabalhistaA Confederação Nacional do Comércio (CNC) ajuizou Ação Direta de

Inconstitucionalidade (ADI 4742) no Supremo Tribunal Federal (STF), na qual pede

liminar para suspender os efeitos da Lei 12.440/2011, que criou a Certidão Negativa de

NOTÍCIAS

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Débito Trabalhista (CNDT), tornando obrigatória sua apresentação pelas empresas

interessadas em participar de procedimentos licitatórios.

A CNDT é uma espécie de certificado de que a empresa não tem débitos para com

empregados e tem validade de seis meses. No mérito, a CNC pede que o STF declare

a lei inconstitucional.Fonte: STF

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ADPF que questiona obrigações pecuniárias sem precatório será julgada no méritoEm razão das peculiaridades da matéria, a ministra Cármen Lúcia Antunes Rocha do

Supremo Tribunal Federal (STF) determinou que seja aplicado, por analogia e em

homenagem à celeridade e à economia processual, o rito abreviado previsto no artigo

12 da Lei 9.868/99 (Lei das ADIs), na Arguição de Descumprimento de Preceito

Fundamental 250, que questiona decisões do Poder Judiciário baiano que estariam

determinando o pagamento de obrigações pecuniárias sem a observância do regime

constitucional de precatórios.

Na ação, que será decidida em caráter definitivo pelo Plenário, o governador da Bahia,

Jaques Wagner, faz referência a sete decisões do Tribunal de Justiça (TJ) estadual em

mandados de segurança, nas quais o TJ-BA determinou o pagamento de obrigações

pecuniárias independentemente de precatório.Fonte: STF

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STF determina ajustes na composição do TCE paulistaPor maioria de votos, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) determinou que o

Tribunal de Contas do estado de São Paulo deverá rever a representatividade dos seus

membros logo que abrirem as vagas de dois conselheiros, para se adequar à

Constituição Federal. A decisão foi tomada no julgamento da Ação Direta de

Inconstitucionalidade (ADI) 374, julgada parcialmente procedente na tarde desta quinta-

feira (22), seguindo o voto do relator da matéria, ministro Dias Toffoli.Fonte: STF

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Segunda Turma começa a julgar recurso sobre dupla tributação internacionalO Superior Tribunal de Justiça (STJ) começou a decidir se é possível a aplicação de

convenções bilaterais para deixar de recolher na fonte o Imposto de Renda sobre

valores que empresas brasileiras pagam por prestação de serviço de empresas

estrangeiras que não têm estabelecimento permanente no Brasil. No recurso, a fazenda

nacional alega que o valor pago pela empresa brasileira não pode ser qualificado como

lucro das empresas estrangeiras, mas mera entrada, e que, por isso, a renda deveria

ser tributada no Brasil.

Fonte: STJ

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CNJ impede pagamento simultâneo de precatórios e honoráriosO Conselho Nacional de Justiça (CNJ) decidiu que a Justiça não pode autorizar o

pagamento simultâneo de precatórios preferenciais fracionados e honorários de

sucumbência a advogados. A decisão responde ao Pedido de Providências 0004308-

26.2011.2.00.0000, feito pelo Movimento dos Advogados em defesa dos Credores

Alimentares do Poder Público (MADECA), julgado na 143ª. sessão ordinária do

Conselho. A maioria do plenário aprovou o relatório do conselheiro José Guilherme Vasi

Werner. Votaram pela divergência levantada pelo conselheiro Bruno Dantas os

conselheiros Jefferson Kravchychyn, Jorge Hélio Chaves de Oliveira e Marcelo Nobre.Fonte: CNJ

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Diagnóstico de precatórios feitos pelo CNJ resulta em parceria com TJSPA ministra Eliana Calmon, corregedora Nacional de Justiça do Conselho Nacional de

Justiça (CNJ) e o presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, Ivan Sartori,

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reuniram-se ontem, em Brasília, na sede do CNJ, para a avaliação do estudo realizado,

a pedido do Tribunal de Justiça de São Paulo, sobre os precatórios paulistas.Fonte: TJ-SP

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