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VIDAL, Carolina Loria; GARCIA, Fernanda de Oliveira; ROSA, Caroline Petian Pimenta Bono.
Superinteressante: o percurso do jornalismo impresso para o tablete. Revista Científica Eletrônica UniSEB. N.
3. Ano 2. Ribeirão Preto, janeiro-julho, 2014. p. 01-13.
Superinteressante: o percurso do jornalismo impresso para o tablet
Carolina Loria Vidal - Bacharel em Comunicação Social com Habilitação em Jornalismo
pelo Centro Universitário UniSEB. e-mail: [email protected]
Fernanda de Oliveira Garcia - Bacharel em Comunicação Social com Habilitação em
Jornalismo pelo Centro Universitário UniSEB. e-mail: [email protected]
Caroline Petian Pimenta Bono Rosa - Doutora em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia
Universidade Católica de SP (PUC-SP); Mestre em Comunicação Social pela Universidade
Metodista de São Paulo (UMESP). e-mail: [email protected]
Resumo
Com os recursos oferecidos pelas novas plataformas midiáticas, o processo de leitura e
captação de informação sofreu mudanças, fazendo com que os leitores não se prendam a um
veículo estático, que contenha somente uma forma de receber informação. Este trabalho
disserta sobre as estratégias utilizadas pela revista superinteressante na produção jornalística
para tablets, que com a rápida modernização dos meios, teve que se adequar para responder à
demanda das evoluções tecnológicas.
Palavras-chave: Produção Jornalística, Revistas, Novas Tecnológicas, Tablets.
1. Introdução
O Jornalismo ao longo dos últimos anos vem caminhando lado a lado com a evolução
tecnológica dos meios. Desde a prensa de Gutemberg em 1439, que usava tipos móveis e
publicações em grandes quantidades, a produção jornalística veio se evoluindo até chegar ao
uso de fotografias, com mais força em 1928 a partir da revista O Cruzeiro, de Assis
Chateaubriand (BAPTISTA; ABREU, 2010 p.4) e hoje com as mídias moveis e sua
capacidade de estar junto ao publico onde ele estiver.
A produção jornalística e os gêneros jornalísticos também acompanharam essa
evolução. Como afirma Medina (2001) eles “aparecem, crescem, mudam e desaparecem
conforme o desenvolvimento tecnológico e cultural de cada nação e de cada empresa
jornalística”, assim se adaptando e sofrendo modificações de acordo com os grupos da
sociedade que estão inseridos e a quem interessam.
As diversas esferas da atividade humana estão relacionadas com o uso da língua, e
este uso, nas formas de enunciados, sejam eles orais ou escritos. Os enunciados
refletem as condições específicas e o objeto de cada uma destas esferas, não só pelo
seu conteúdo e pelo seu estilo verbal, ou seja, pela seleção dos recursos léxicos e
gramaticais da língua, mas sim, antes de tudo, pela sua composição ou estruturação.
O conteúdo temático, o estilo e a composição estão vinculados na totalidade do
enunciado e se determina pela especificidade de uma esfera dada de comunicação.
Cada enunciado se parado é individual, mas cada esfera do uso da língua elabora
seus tipos estáveis de enunciado, que são gêneros discursivos. Assim, a língua
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participa da vida através dos enunciados concretos que os realizam, como a vida
participa da linguagem através dos enunciados (BAKHTIN apud MEDINA, 2001, p.
47).
Muitos autores divergem sobre a classificação dos gêneros jornalísticos. Para Juan
Gargurevich (1982 apud MEDINA, 2001) os gêneros jornalísticos são formas que os
jornalistas buscam para se expressar. Seus traços definidores estão, portanto, no estilo, no
manejo da língua. John Hohenberg classifica os gêneros da seguinte maneira: notícia básica (a
que concede a virtude da objetividade), notícia de interesse humano, entrevista, biografia
popular, notícia interpretativa (subjetividade), reportagem especializada, colunas, reportagem
investigativa e reportagem de campanha. (MEDINA, 2001 p. 48)
A maioria dos jornais brasileiros divide os gêneros jornalísticos em quatro grandes
grupos: informativo, com a preocupação de relatar os fatos de uma forma mais
objetiva possível; interpretativo, que, além de informar, procura interpretar os fatos;
opinativo, expressa um ponto de vista a respeito de um fato; entretenimento, que são
informações que visam à distração dos leitores. (MEDINA, 2001, p.51)
Em concordância com Medina (2001) sobre o fato de que o gênero depende dos
aspectos sociais e culturais de onde a mídia está inserida nota-se que nenhum meio de
comunicação é igual ao outro. A imprensa em si não é algo com vida própria e independente.
Ela é feita de pessoas. Jornalistas com culturas diferentes, jeitos de se expressar diferente e
com sua própria linguagem e vocabulário. Desde a TV aos grandes sites de notícias na
internet, tem seus valores, opiniões, linguagens e modos para transmitir a noticia sempre
defendendo o seu ponto de vista, que muitas vezes reflete a opinião do dono da instituição, e
usando de linguagem apropriada para seu publico alvo, para a sua região ou país. Assim cada
um tem seu próprio gênero jornalístico.
Nas discussões sobre gêneros jornalísticos, o que mais importa é que eles sirvam de
estilos de organização para os profissionais da mídia, com o dever de informar os
seus leitores de uma forma mais neutra possível, visando à construção de uma
sociedade justa e transparente, seja opinando, divertindo, orientando, criticando,
esclarecendo ou de outra forma qualquer. O que importa é que o jornalismo cumpra
com a sua função social, ou seja, deve estar a serviço da sociedade, e não de grupos
econômicos, sociais ou religiosos. (MEDINA, 2001, p.53)
Com o aparecimento de tecnologias mais instantâneas, a informação está cada vez
mais inserida na vida das pessoas. E com este fato temos um novo gênero: o jornalismo
cidadão, que segundo Targino (2009), é aberto a quaisquer indivíduos e grupos sociais para
que externem opiniões sobre quaisquer temas. Ou seja, é o jornalismo que vemos todos os
dias nas redes sociais, ou em qualquer manifestação pública, sempre mostrando a sua opinião.
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É um novo gênero jornalístico voltado para a cidadania, que faz referências ao jornalismo
brasileiro que era uma época, de acordo com Targino (2009) que as ideias prevaleciam sobre
as questões econômicas e mercantilistas e a imprensa se impunha como serviço público a
favor das coletividades e das tradições culturais e literárias.
Esta inserção da tecnologia no cotidiano mudou o modo como as pessoas recebem a
informação e expõe suas ideias. Segundo Lemos (2003), estamos vivendo em uma
cibercultura, uma vez que ela é a cultura contemporânea marcada pelas tecnologias digitais.
Com a hibridação dos meios, as revistas que antes eram limitadas ao papel de boa
qualidade com brilho e espessura melhor, com a utilização de fotos, de elementos gráficos e
um planejamento mais livre, hoje têm maior liberdade para brincar com a imaginação do
leitor. Interagindo por meio de redes sociais, atraem um feedback positivo para as editoras,
fazem uso de animações nas telas, conteúdos exclusivos e estendidos, entre outros, fazem
parte do cotidiano da grande massa tecnológica atraindo sempre a atenção do publico alvo.
O objetivo central é verificar o percurso jornalístico pelo qual passou a Revista
Superinteressante e discutir a mudança na produção para a versão em um dispositivo móvel, o
tablet. Uma linguagem que é enriquecida com imagens, infográficos, vídeos, áudio, entre
outros recursos comunicacionais que participam da construção não linear do conhecimento.
2. O Jornalismo Impresso Migrado Para o Ciberespaço
A primeira revista impressa chegou ao Brasil no século XIX com a corte portuguesa e se
assemelhava a um livro, chamada de As Variedades ou Ensaios de Literatura trazia, como diz
Scalzo (2003, p.27):
(...)discursos sobre costumes e virtudes sociais, algumas novelas de escolhido gosto
e moral (...) cuja leitura tenda a formar gosto e pureza na linguagem, algumas
anedotas e artigos que tenham relação com os estudos científicos propriamente ditos
e que possam habilitar os leitores a fazer-lhes sentir importância das novas
descobertas filosóficas.
O aprimoramento nas publicações deu-se com a revista O Cruzeiro de Assis
Chateaubriand, nas décadas de 40 e 50 e chegaram a ter 700 mil exemplares por semana.
Trazia além dos textos e grandes reportagens, imagens com mais destaque dentro da
publicação. Ao longo do tempo, as outras revistas que nasceram traziam seus assuntos
voltados para o público mais urbano, a grande massa. Assim consolidando um público-alvo
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que garante até hoje a sobrevivência das revistas apesar da concorrência com a TV e a
Internet. Com a chegada dos aparelhos móveis de comunicação, o processo de leitura de
informações, e o acesso a revistas e jornais, passaram a ser mais fácil entre a grande massa.
O jornalismo gradativamente se beneficia da hibridação entre tecnologias e processos
em redes móveis, permitindo a mobilidade líquida (informacional, virtual, física) e a melhora
da recepção das notícias pelo leitor. Esta inserção de tecnologia no cotidiano das pessoas não
altera só o modo como vamos receber notícias, mas também as nossas relações interpessoais.
Com diz Rodrigues (1998, p.3):
As relações sociais deixariam de estar delimitadas dentro das fronteiras das
comunidades concretas onde se desenrola a convivência direta e imediata. Elas
tornar-se-iam relações assépticas, aleatórias e efémeras, dependentes da
performatividade da conexão às redes telemáticas.
Garrido (2005, p.1) completa e resume que “Na essência, não são as tecnologias que
mudam a sociedade, mas sim, a sua utilização”. Desde o começo do jornalismo e das revistas,
onde a linguagem e escrita se asemelhavam a um livro, sem fotografias e imagens passando
pela evolução e utlilização das publicações nas guerras como único meio de mostrar as
imagens reais dos acontecimentos no dia-a-dia do campo de batalha, chegando a utilização
das cores em 1957, onde as revistas sofreram um grande golpe, por não conseguirem se
adequar a essa evolução, até as publicações nos tablets, com recursos hipermidiáticos,
podemos perceber os leitores tiveram que mudar seus hábitos e adequarem ao que era
informado pelas revistas. O modo como a revista chega ao seu público alvo foi o fator que
mais influenciou no cotidiano. Antes as revistas eram adquiridas apenas em bancas de jornais,
ou por assinantes mensais que recebem a revista em casa, antes de irem às bancas. Hoje,
porém não há mais necessidade de se gastar tempo e dinheiro, saindo de casa para adquirir
uma revista, basta ter acesso à internet ao site da revista, no caso de um computador
convencional ou então dos celulares ou tablets.
O ciberespaço contribui para a diminuição das distâncias e do tempo, fazendo com que
as novas formas de produção, sejam distribuídas em tempo real e com menores custos. Lévy
(1993) define ciberespaço como o quarto espaço antropológico, sobrepondo-se à Terra, ao
Território e ao Mercado. Os Territórios são virtualização da Terra; a Mercadoria é uma
virtualização dos Territórios; e o saber, uma virtualização das Mercadorias. Com as
transformações das convergências tecnológicas, a relação do público com a informação vem
sofrendo mudanças, fazendo com que o modo de produção de informação jornalística também
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se modifique e crie uma nova lógica de conteúdo, em que o público tenha uma relação de
interação, leitura e dinâmica de informações. “A convergência altera a lógica pela qual a
indústria midiática opera e pela qual os consumidores processam a notícia e o entretenimento”
(JENKINS, 2009, p. 43).
Com a inclusão maciça dos dispositivos móveis na sociedade, o jornalismo vem
encontrando uma linguagem própria para o meio. Essa linguagem ainda nos traz a mistura de
elementos dos jornais impressos, revistas, televisão e rádio, ajudando a revelar formas
próprias de conteúdo para essas plataformas. Porém, Cavalcanti (2006) diz que a diferença se
dá principalmente no tamanho do visor que exibe as informações para o receptor. Ele também
descreve uma série de fatores para realizar uma escrita diferenciada para esses meios móveis:
título persuasivo e objetivo para chamar a atenção do leitor; uso de frases curtas e divisões por
blocos de notícias para não tornar a leitura cansativa; texto objetivo e claro; ordem coloquial e
direta.
Esses aspectos também são necessários em qualquer outro meio impresso. Cavalcanti
(2006) ainda afirma que o recurso da pirâmide invertida deve ser usado para transmitir a
informação em qualquer meio móvel. Mas ao analisar o texto da revista SuperInteressante nos
tablets vemos que não há mudanças de escrita para a versão digital. Marcia Nader, diretora de
redação da revista Nova, disse em Villas Boas (1996, p.21) que a matéria é circular e o fecho
remete ao início e não se trata de uma coisa vertical. Podemos concluir que o lead é circular,
onde o texto tem um começo, meio e fim e o começo não é menos importante do que o final.
3. O circuito ‘superinteressante’ de mudança jornalística
Antes de lançar a Super Interessante, a Editora Abril já havia feito uma tentativa com
outra revista que falava sobre C&T, a Ciência Ilustrada, mas não foi bem sucedida. Em 1987,
a Editora quis comprar os direitos para a publicação integral de uma revista espanhola,
chamada Muy Interesante, fundada em maio de 1981, e já fazia sucesso, com uma riqueza
visual, com recursos fotográficos e infográficos. Porém, os fotolitos dessa revista eram
maiores que os brasileiros, então a editora teve que produzir ser próprio material.
A edição número um da Super Interessante foi lançada em Setembro de 1987, e a
tiragem de 150 mil exemplares logo se esgotou e tiveram que reimprimir mais 65 mil
exemplares. Cinco mil pessoas passaram a assinar a revista em seu primeiro dia nas bancas.
Passou a ser uma revista respeitada, ganhando vários prêmios e quebrando recordes de
vendagem.
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O projeto da revista tinha como objetivo divulgar curiosidades, e acontecimentos
fantásticos de qualquer ramo do conhecimento, porém também tinha a intenção de ganhar o
reconhecimento da sociedade científica, por isso dava mais ênfase a temas que envolviam as
ciências naturais.
Victor Civita, fundador da editora Abril, define na seção Carta ao Leitor a linha
editorial da revista:
De forma clara, direta, acessível ao mais leigo dos leitores, Superinteressante
mostrará o conhecimento científico não como um tesouro a que só alguns
privilegiados têm acesso, por sua cultura, mas como algo que passa pelo cotidiano
de todos nós, influenciando e modificando até mesmo os momentos mais simples de
nossa vida. (Carta ao Leitor, edição 1, out/1987)
Foi na década de 90 que a Super passou estabelecer novos tipos de reportagens em sua
pauta, matérias que diziam respeito a outras áreas do conhecimento, como religião, filosofia e
paranormalidade. Alguns relacionam esse fato ao período em que ela estava no auge da sua
consagração e bateu recorde de vendagem.
Assim, pode-se notar que a Super Interessante abordou assuntos que estavam em alta
na época e chamavam a atenção e para a popularização da revista isso foi muito bom, como
foi mostrado nos dados acima as edições que bateram recorde de vendagem. Apesar de todo
esse sucesso, e da consagração que a revista já havia conquistado pela comunidade cientifica,
esse caráter foi sendo questionado pelo público, por pesquisadores e a própria diretoria da
revista assumiu ter mudado o rumo.
O site Publiabril (http://publicidade.abril.com.br), que oferece informações gerais e
técnicas de todos os títulos da editora Abril, define a revista como sendo a “maior revista
jovem do Brasil”. Na Carta ao Leitor da edição de janeiro de 2002, redigida pelo então diretor
de redação Adriano Silva, é possível observar o público a quem a revista pretende se
direcionar: pessoas que, independente da faixa etária, possuem “cérebros dinâmicos e
corações eternamente jovens” e que estão sempre em busca de novos conhecimentos:
[...] Escrevemos para jovens de todas as idades. Gente com sede de conhecimento e
de novas informações, interessada em aprender sempre, em colocar à prova suas
próprias convicções de tempos em tempos. Gente inteligente, criativa, amiga das
luzes e das diferenças, que adora vender e comprar idéias de primeira linha e que,
por tudo isso, detesta dogmas, obscurantismo, totalitarismo ideológico, aridez
mental. [...] Super, portanto, não é uma revista dirigida a adolescentes nem uma
revista escrita só para adultos. Ela quer dialogar, interessar e instigar a ambos.
(“Carta ao Leitor”, edição 172, jan/2002)
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Na Carta ao Leitor da edição de junho/1996, a Superinteressante anunciava que, a
partir daquele momento, poderia ser encontrada também na Internet. Os leitores, que já
tinham à disposição um endereço de email para contatar a redação, passavam a ter um espaço
mais amplo onde podiam saber os assuntos que a revista abordaria na edição do mês, acessar
informações exclusivas da versão eletrônica e enviar dúvidas e sugestões de maneira mais
rápida e prática. Loveteen, Aventuras na História, Guia do Estudante e Almanaque Abril.
A partir da edição de maio/1998, a seção cartas foi reformulada. Além de ganhar um
novo nome, O leitor é Super, passou a contabilizar o número de cartas, telefonemas e emails
recebidos dos leitores. No mês anterior, a revista recebeu 2 480 e-mails, 1 238 cartas e 915
telefonemas.
Em 1998, para comemorar os dez anos de publicação, a Super lançou um CD com a
maioria das matérias já lançadas. Tal idéia foi reaproveitada no aniversário de quinze anos,
2002, quando passou a lançar anualmente a coleção completa de todas as suas edições, desde
1987 até o atual ano, em formato digital escaneadas em CD-ROMs. Na coleção, o usuário
encontra um software próprio para visualizar as reportagens.
Em junho de 2000, foi anunciada uma nova mudança: a seção de cartas se tornaria
mais on-line. O fato foi justificado pelo crescimento veloz da internet e o conseqüente
aumento de contato dos leitores com a revista através de email. Além disso, o site passava a
oferecer mais recursos para interatividade:
A seção “O Leitor É Super”, cujo objetivo é mostrar a intensa relação da revista com
o público, abrirá mais espaço para esse intercâmbio on-line. Pesquisas, fóruns, todo
tipo de opinião que vier pelo site terão um espaço maior nestas páginas. Como a
troca com os leitores é para nós fundamental, gostaríamos de aumentar cada vez
mais essa interatividade. Convidamos você a participar ativamente. (O Leitor é
Super, edição 154, jul/2000)
Apesar da participação do leitor através da internet continuar sendo estimulada durante
as edições seguintes, não são encontradas muitas referências ao site e à interatividade
oferecida por ele fora da seção de cartas do leitor.
Esse quadro mudou a partir do ano de 2008, quando referências ao site se tornaram
mais frequentes na revista. A seção Digital passa a trazer novidades e os assuntos discutidos
na Superonline, e ao final de cada reportagem da revista, o leitor é convidado a participar do
fórum especialmente criado para aquele assunto no site.
No início de 2010, a redação da super começou a se adequar às novas paltafomas. A
principio a ideia passada pela diretoria da editora Abril era que a revista deveria adequar sue
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conteudo para os tablets. Houve então uma duvida se fariam conteudos especificos ou se seria
apenas versões digitais e eestáticas da revista nessa nova plataformas.
E assim, sem nenhum padrão a ser seguido, a Editora Abril e a Revista
Superinteressante decidiram apenas fazer a transposição do mesmo conteúdo da revista
impressa para os tablets. Uma vez que várias outras revistas estavam fazendo conteúdos
especificos e que não havia uma receita a ser seguida quando o assunto era as publicações no
tablets, pois o mercado no Brasil ainda era pequeno e era uma aposta que não sabiam se ia dar
certo. Para ajudar nesta nova etapa foi contratada um pessoa que conhecia um pouco mais
sobre essa nova forma de mídia.
Após o lançamento da revista Veja nos tablets, houve uma necessidade de fazer outro
projeto gráfico para a revista Superinteressante na plataforma virtual. Após uma resposta
positiva sobre a Super nos tablets, a demanda por informação e por alguma novidade nesse
meio aumentou e houve a necessidade de criar conteúdos específicos. Com essa demanda,
toda a equipe de repórteres e editores foi envolvida. Antes os editores que só se limitavam no
texto e fotos para a revista impressa, passaram a pensar em novos recursos gráficos para atrair
a atenção do público. Jogos interativos, infográficos e animações interativas foram alguns dos
recursos utilizados pela Super.
Depois desse grande passo, a revista foi aprendendo como o leitor se comportava
diante dessa interatividade. No começo todos os recursos foram usados para animação e
interação do leitor.
Como não há uma receita certa para o sucesso de publicações nos tablets, a Super está
com um projeto mais maduro e sólido que ainda está e ficará por um longo tempo em
processos de transformação, uma vez que os gostos e necessidades dos leitores nunca são os
mesmos.
4. Ciberleitura: O livro digital
Diante deste estudo optou-se pela produção de um livro reportagem digital, com
hiperlinks, fotos, videos e áudios assim como a versão interativa da SUPER nos tablets. Os
meios digitais oferecem uma narrativa que combina elementos estáticos como textos e
gráficos, com elementos dinâmicos como áudios, vídeos e infográficos interativos.
Ao longo da produção do trabalho, foi entendido que além dos recursos herdados da
mídia impressa e online, os tablets possuem características próprias que influenciam na forma
de apresentar uma informação e interagir com ela, conduzindo o leitor a uma viagem
midiática pelo conteúdo. Essa nova narrativa deve instigá-lo a explorar as páginas, buscar
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botões, procurar opções de áudio, vídeo e
animações para complementar o conteúdo,
tornando a atividade de leitura mais
interessante.
Primeiramente, antes de definir as
diretrizes para a elaboração deste projeto,
as autoras foram até a empresa
responsável pela revista Superinteressante,
a Editora Abril sediada na cidade de São
Paulo, para entrevistar os envolvidos na
produção da revista impressa e das edições
para os tablets, a fim de obter mais
informações para este estudo.
Nesta visita foi realizada a captação de
vídeos e fotos para enriquecer a produção
e o conteúdo do livro reportagem digital desenvolvido.
O processo de elaboração do livro reportagem digital foi de extrema importância pois
foi posto em prática conceitos de tipografica, infografia, hiperlinks, diagramação e de design
gráfico em geral, adquirido em aulas ao longo dos anos de estudo. Assim como a revista
Superinteresante transpõe seu conteúdo para a plataforma digital, optamos pela transposição
do conteúdo deste trabalho no livro digital que será disponibilizado em PDF interativo, sendo
compatível em computadores, tablets e smartphones.
Para a experiência ser completa, foi criado um blog1 para que os conteúdos extras
pudessem ser hospedados uma vez que a SUPER utiliza seu site para direcionar os leitores
dos tablets para estes conteúdos extras. Foi criado também duas contas na internet. Um canal
de vídeos no Youtube2 para hospedarmos os vídeos captados na entrevista com Fabrício
Miranda, diretor de Arte da Super em visita à redação da Superinteressante, e uma no
Soundcloud3 para armazenar o áudio da entrevista realizada pelo telefone com o diretor de
redação Denis Burgierman.
1 http://impressoaotablet.blogspot.com.br/ 2 http://www.youtube.com/user/doimpressoaotablet 3 https://soundcloud.com/impressoaotablet
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Capa do livro digital Cibercultura.
Índice, chamado “Indicativo”, onde se
explica como funciona o livro e do que trata
cada capítulo. Também há uma legenda para os
ícones que se aparecerem durante a publicação.
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Página que conta a história da revista
Superinteressante.
Página sobre a migração da revista para a internet.
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5. Considerações finais
A discussão sobre gêneros jornalísticos causa
divergência entre teórico da área, desde Platão que
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classificava apenas em duas categorias, o gênero sério e o burlesco. O primeiro, mais para
tratar a história e as tragédias e o outro voltado para sátiras e comédias. Ao longo do tempo
essa classificação foi perdendo força e surgiram outras classificações como a de Gargurevich
(1982), no livro “Géneros periodísticos”, que distingue o jornalismo noticioso do literário.
Com a chegada da internet e a evolução dos meios digitais, os gêneros jornalísticos
foram se transformando e sendo adequados à necessidade da sociedade. Antes, a Revista
Superinteressante e outras, que era apenas palpável, brilhante, com infográficos e cores fortes,
pode hoje explorar um campo que ainda requer atenção e é um tanto desconhecido e
imprevisível.
A mudança para essa nova plataforma permite ao leitor mais interação e mais conforto
na leitura, uma vez que ele mesmo escolhe a ordem e a hora com que vai ler a publicação.
Porém essa mudança para a plataforma só foi possível com o envolvimento dos editores e
jornalistas da própria revista que agora são responsáveis, além do texto informativo e
objetivo, também pelos conteúdos extras, como animações, jogos, infográficos e outros que
irão compor a revista em sua edição para os Tablets.
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