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SUSTENTABILIDADE E AUTOGESTÃO:
UMA PROPOSTA DE ESQUEMA DE
ANÁLISE DA SUSTENTABILIDADE EM
EMPREENDIMENTOS
AUTOGESTIONÁRIOS.
Marcos de Carvalho Dias (UFSCar)
Os empreendimentos autogestionários têm representado,
principalmente nas décadas de 80 e 90, uma alternativa aos
trabalhadores que perderam seus postos em decorrência do
fechamento de empresas neste período, resultado das novas políticas
dee comércio exterior adotadas pelo governo federal. Tais
empreendimentos, que se organizam sob a forma de sociedades
comerciais ou civis autogeridas, vêm trazendo importantes benefícios
individuais e coletivos, como geração de emprego e renda. Porém, o
principal aspecto deste tipo de empreendimento está relacionado à sua
sustentabilidade, ou a possibilidade de ser manter de forma perene
como uma alternativa ao modo de produção convencional, pois devem
não somente atender as necessidades atuais de seus cooperados, mas
também as futuras. Porém as relações destes empreendimentos com o
mercado e com os próprios sócios-trabalhadores são diferentes das
relações das empresas convencionais e, desta forma, a sustentabilidade
destes empreendimentos deve ser tratada de maneira diferente, quando
comparada aos empreendimentos convencionais, devido à suas
peculiaridades em relação à forma de organização da produção e
relações de trabalho. Por isso, este artigo propõe a análise da
sustentabilidade dos empreendimentos autogestionários a partir das
dimensões da sustentabilidade, considerando as especificidades deste
tipo de empreendimento.
Palavras-chaves: autogestão; empreendimentos autogestionários;
sustentabilidade
5, 6 e 7 de Agosto de 2010
ISSN 1984-9354
VI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Energia, Inovação, Tecnologia e Complexidade para a Gestão Sustentável
Niterói, RJ, Brasil, 5, 6 e 7 de agosto de 2010
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1. Introdução
As transformações sociais, políticas e econômicas observadas mundialmente durante
a década de 70, conseqüência da crise dos padrões de acumulação e regulação capitalista,
repercutiram nas políticas de desenvolvimento econômico em âmbito mundial.
Tal crise, representada pela queda na produtividade da produção industrial baseada
no modelo de produção fordista/taylorista, foi acompanhada de modificações na forma de
atuação dos Estados nacionais no sistema econômico, por da redução de seu papel enquanto
incentivador do sistema.
Também resultaram em discussões sobre as formas de condução do crescimento
econômico e os impactos deste crescimento sobre os recursos naturais e a sociedade de forma
geral.
Para o Brasil tais eventos resultaram, principalmente a partir da década de 80, em
transformações na estrutura socioeconômica e política constituída em anos anteriores. As
principais foram as mudanças na organização do setor produtivo nacional em decorrência de
ações macroeconômicas realizadas pelos governos no final da década de 80 e início da década
de 90, baseadas principalmente na liberalização comercial e valorização cambial.
Consequentemente, o setor industrial brasileiro foi submetido à concorrência com o
mercado externo a partir deste período. Diversos setores, que não se encontravam preparados
para esta exposição por motivos como o longo período de protecionismo pelo qual se
encontravam, passaram por transformações na forma de organização e nas quantidades e
características das empresas.
O fechamento de empresas foi um fato marcante em decorrência deste novo quadro,
principalmente pelos impactos sociais gerados: aumento do desemprego, da informalização e
da precarização das relações de trabalho.
Já as que se mantiveram no mercado, passaram a adotar inovações tecnológicas e
organizacionais no processo produtivo, o que resultou em impactos no mercado de trabalho
devido ao aumento das exigências referentes à qualificação formal e técnica.
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Com o objetivo reduzir os efeitos do fechamento de empresas sobre o trabalho e a
renda, trabalhadores de algumas empresas falidas passam a assumir o controle destas por
meios legais e negociados judicialmente, e em alguns casos pela ocupação e apropriação
coletiva das máquinas e equipamentos parados.
Estes trabalhadores passam a se organizarem de forma coletiva e a gerir tais
empresas de forma democrática e participativa, incorporando outros elementos
organizacionais na forma de gestão, como a decisão coletiva sobre as metas gerais de
produção, formas de aplicação dos recursos financeiros e atuação na comunidade.
Tais ações, que resultam do esforço dos trabalhadores em reconquistar postos de
trabalho e renda, deram origem a um processo de intensificação do movimento de autogestão
da produção no Brasil a partir da década de 90, como alternativa organizacional efetiva ao
trabalho precário e ao desemprego, encontrada tanto por pequenos grupos quanto pelo
conjunto de trabalhadores de fábricas de médio ou grande porte, e de setores industriais
diversos.
Nos casos de falência, a retomada das atividades produtivas das empresas falidas
representa além da recuperação e manutenção dos postos de trabalho, também a manutenção das
operações da empresa, evitando, desta forma, problemas econômicos e sociais no município ou
região, como desemprego, queda na renda e na arrecadação de impostos.
Por isso, tais empreendimentos tornam-se objeto de atenção de instituições públicas
e privadas, organizações sociais e órgãos de representação, que passam a adotar programas de
fomento e incentivo à formação de novas unidades produtivas organizadas de forma
autogestionária.
Portanto, é a partir da importância representada por estes empreendimentos como
alternativa ao fechamento de empresas e as conseqüências para os trabalhadores que se baseia
a principal questão da qual esta tese é originária: qual a capacidade destes empreendimentos
em se manterem, de forma perene, como alternativa viável de trabalho e renda, considerando
as condições estabelecidas pelo mercado em atuam?
Afim de representar esta perenidade, em diferentes dimensões pelas quais ela pode
ser constituída, optou pela utilização do conceito de sustentabilidade como instrumento de
análise, o que acredita-se ser conveniente para esta finalidade, devido à sua atualidade e
abrangência.
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Desta forma, o objetivo geral deste texto é propor um modelo de análise desta
sustentabilidade dos chamados empreendimentos autogestionários, ou empresas gerenciadas pelos
trabalhadores e que foram assumidas por este a partir de um processo falimentar.
Nesse intuito, o presente texto está organizado da seguinte forma: inicialmente é feita
uma abordagem sobre as origens e significados dos conceitos de sustentabilidade e autogestão da
produção. Em seguida é apresentada uma proposta de análise da sustentabilidade destes
empreendimentos, e por fim uma breve conclusão sobre tal proposta.
2. O conceito de sustentabilidade
A idéia de desenvolvimento econômico, como meio de promover o bem estar da
população de forma geral, passou a ser objeto das ações realizadas pelos governos de diversos
países, notadamente no período pós-guerra.
Na década de 50 foram estabelecidas políticas econômicas de desenvolvimento
específicas para os países pobres, gestadas pelos organismos internacionais, recém criados
com o objetivo de fomentar o desenvolvimento econômico mundial.
Os programas desenvolvidos por estes organismos, financiados pelos países centrais,
tinham como objetivo promover a aceleração do crescimento econômico dos países pobres,
como forma de “reduzir o fosso” entre ambos.
Porém tais políticas de desenvolvimento econômico foram elaboradas internamente
por estes organismos com base em aspectos técnicos, sendo impostas aos países pobres sem
considerar os aspectos locais e as características das regiões ou países onde tais políticas
seriam implementadas.
Além disso, tais políticas de desenvolvimento impostas a partir de cima (top-down
development) eram centradas no crescimento da produção industrial interna destes países,
deixando em segundo plano outras questões econômicas e sociais, como “...a participação
democrática nas decisões, a distribuição equitativa dos frutos do desenvolvimento e a
preservação do meio ambiente” (SANTOS, 2002:45).
Estes programas de desenvolvimento econômico receberam críticas de grupos de
intelectuais, ativistas, especialistas em desenvolvimento econômico, entre outros, a partir de
década de 60.
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Por meio da realização de eventos em diversas partes do mundo, que tratavam sobre
os riscos da degradação do meio ambiente, estes grupos passaram a discutir o modelo de
desenvolvimento convencional, e a buscar alternativas a este.
Tais discussões convergiam para a premissa de que haviam limites ao crescimento
econômico, representados por um desequilíbrio entre a disponibilidade de recursos
necessários para o desenvolvimento econômico e sua demanda (REES, 1990), e que o avanço
tecnológico não seria um instrumento de superação destes limites (SCHUMACHER,1977;
DICKSON, 1977).
Porém, como adverte Santos (2002), a maioria das propostas de desenvolvimento
alternativo não desconsiderava a necessidade de crescimento econômico1, mas que este
crescimento não deveria ser resultado das formulações e recomendações de organismos
internacionais.
Em vez disso, tais propostas consideravam que as iniciativas de crescimento e
desenvolvimento econômico deveriam surgir das comunidades locais nas quais as ações
seriam implementadas. Nestas propostas de desenvolvimento a partir da base, ou de “baixo
para cima” (botton-up development) estas comunidades, em vez de se tornarem objetos do
desenvolvimento, passariam a ser sujeitos deste.
Desta forma, as discussões realizadas durante as décadas de 60 e 70 representaram
um marco na construção de um arcabouço teórico para a formação do conceito de
sustentabilidade.
Porém o marco na utilização do termo “sustentabilidade” com o significado que
possui atualmente ocorre, conforme autores como Brüseke (1996), Van Bellen (2007),
Cavalcanti (1995), durante a década de 80, principalmente com discussões realizadas pelos
órgãos de representação mundial.
No ano de 1987 uma comissão mundial sobre meio ambiente, instituída pela
Organização das Nações Unidas (ONU), tinha como objetivo principal analisar e propor
soluções para os problemas ambientais do planeta.
1 Este autor apresenta em seu trabalho algumas propostas que, em vez de se basearem num desenvolvimento
alternativo, são construídas com na proposta de alternativas ao desenvolvimento.
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Como resultado final do trabalho desta comissão, foi publicado, em 1988, um
documento com o título “Nosso Futuro Comum”, que passou a ser conhecido como
“Relatório Brundtland”2
Este documento retomou as discussões ocorridas anteriormente sobre a relação entre
crescimento econômico e meio ambiente, aspectos sociais e políticos. Porém, diverge das
posições adotadas nestas discussões em relação ao crescimento da produção industrial, ao
considerar que este representaria uma possibilidade de superação da pobreza, pelos países
subdesenvolvidos, e também a de crescimento contínuo dos países desenvolvidos (NOBRE,
2002).
O documento propôs o crescimento “sustentável” da produção, adotando uma
posição conciliadora (BRÜSEKE, 1996) entre os aspectos econômicos, tecnológicos, sociais,
políticos e ambientais deste crescimento.
Definiu sustentabilidade como sendo o “...que satisfaz as necessidades do presente
sem comprometer a capacidade de as futuras gerações satisfazerem suas próprias
necessidades" (COMISSÃO, 1988:235)
Portanto, é neste documento que o conceito de “sustentabilidade” é lançado
oficialmente nas discussões mundiais.
Para se atingir esta sustentabilidade, o relatório propõe a execução de algumas
medidas: a) controle do crescimento populacional; b) produção e distribuição de alimentos; c)
preservação ambiental d) racionalização do consumo de energia; e) produção industrial
adaptada a tecnologias limpas e de fontes renováveis; f) controle da urbanização e; g)
satisfação das necessidades básicas das populações mais pobres (BRÜSEKE, 1996).
Outro ponto tratado no relatório era que estas medidas deveriam fazer parte dos
instrumentos de políticas públicas de todos os países, bem como dos organismos
internacionais de apoio ao desenvolvimento, como a ONU.
Desta forma, apesar do conceito de sustentabilidade propor a idéia de um
relacionamento pacífico entre sociedade e natureza, apresentava fragilidades em relação à sua
2 Uma referência à presidente da comissão, a Primeira Ministra da Noruega Gro Harlem Brundtland (BRÜSEKE,
1996).
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forma de implantação, pois permitia compreensões diversas e não indicava claramente como
alcançar os objetivos propostos.
Na visão de Wheeler (2000), a implementação deste conceito, de forma prática,
exige uma profunda compreensão dos sistemas social, econômico e ambiental das populações
envolvidas, bem como das inter relações que ocorrem entre estes sistemas.
Já para Souza (2000) o problema da proposta de sustentabilidade não estava somente
na sua forma de implementação, mas também na sua concepção, ao considerar que esta se dá
por meio da ausência de questionamentos em relação ao modo de produção capitalista,
deixando de apontar suas falhas referentes á exploração indiscriminada dos recursos naturais e
da força de trabalho.
Outro ponto abordado pela literatura consultada (SACHS, 2004; RATTNER, 2004;
CAPRA, 2002) em relação á sustentabilidade, se refere à própria definição do conceito,
considerada ambígua e superficial. Para tal afirmação, estes autores partem das seguintes
questões: a) o que se deseja sustentar?; b) sustentabilidade para quem (quais grupos sociais)? ;
c) o que são futuras gerações?
Estas indagações demonstram a natureza polissêmica do conceito pois, ao deixar
obscuros alguns significados, permite diversos entendimentos que podem variar desde uma
possibilidade de crescimento econômico associado à ganhos sociais, políticos e ecológicos,
até à uma visão reducionista de crescimento econômico acrescido de uma variável ecológica.
Porém, apesar dos problemas, a mesma literatura concorda que a proposição do
conceito de sustentabilidade pelo Relatório Brundtland representou um marco nas discussões
sobre crescimento econômico associado aos fatores que se interrelacionam com este
crescimento, como os políticos, sociais, culturais, tecnológicas e ambientais.
Desta forma, o conceito de sustentabilidade, que inicialmente estava ligado à esfera
ambiental, torna-se abrangente e representativo de um conjunto de situações inter
relacionadas, originárias de outras esferas, como econômica, política, social e cultural.
Por isso, no início deste século, tal conceito passou a ser utilizado de diversas formas
e por grupos sociais diversos, e cujo significado foi construído a partir do conjunto de valores
que estes grupos possuem sobre a realidade.
As diversas abordagens sobre sustentabilidade tem resultado num leque de
definições que, em alguns casos, buscam explicar de forma abrangente e imprecisa o conceito.
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O que predomina, nestas abordagens, é a falta de consenso em relação à definição do conceito
em si, resultando no seu caráter polissêmico.
Assim algumas abordagens chegam a considerar o conceito de sustentabilidade
como algo sem significado algum e com muitos significados ao mesmo tempo, cujo utilização
é bastante difundida, mas com significado impreciso (DALY, 1996; TEMPLE, 1992).
Apesar das divergências existentes, Almeida (2002) aponta que há um certo
consenso na literatura atual sobre o conceito, notadamente em relação à o que este conceito
deve representar, e quais suas dimensões de representação.
Assim, sustentabilidade corresponde à característica que um processo, grupo social
ou situação possui de se manter perene por tempo indeterminado. É composta por três
dimensões que se inter relacionam: as dimensões econômica, social e ambiental3.
A dimensão econômica refere-se a capacidade que este processo, grupo social ou
situação possui de manter sua renda ou rendimento monetário, de forma inalterada ao longo
do tempo. Porém, a manutenção econômica não é representada somente pela obtenção
constante de retornos monetários de forma isolada, mas sim conciliada com os aspectos
sociais e ambientais (ALMEIDA, 2002).
Já a dimensão social se refere à manutenção ou melhoria das condições sociais das
pessoas envolvidas, de forma individual ou coletiva. O objetivo desta dimensão, conforme
Sachs (2004) é o estabelecimento da igualdade de acesso aos bens e serviços disponíveis
socialmente, de forma democrática e autônoma.
A dimensão ambiental está relacionada à utilização dos recursos naturais disponíveis
de forma racional, considerando seu impacto sobre a qualidade, a quantidade disponível e a
capacidade de renovação destes recursos (BARBIER, 1993).
Desta forma o conceito de sustentabilidade, em suas dimensões, está centrado nas
questões relacionadas ao crescimento da produção de mercadorias, por meio da utilização
eficiente dos recursos disponíveis com o objetivo de promover a equidade social.
Não está contido, portanto, na concepção do conceito, uma revisão dos preceitos
fundamentais do modo de produção capitalista, muito menos das relações de produção
estabelecidas dentro deste.
3 Alguns autores, com destaque para Sachs (2004), consideram outras duas dimensões representativas do
conceito de sustentabilidade, além destas: as dimensões política e cultural.
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Diferente disso, o conceito propõe uma adequação deste modo de produção às
limitações estabelecidas pela quantidade de recursos disponíveis para a produção. Por meio da
utilização “eficiente” destes recursos, o conceito considera o crescimento desta produção
como algo natural e necessário.
Apesar disso, a adoção e disseminação do conceito de sustentabilidade colocaram
em pauta discussões a respeito dos valores e práticas adotados pelo atual modo de vida,
baseados no consumo exacerbado de mercadorias que sustentam as políticas de crescimento
da produção, que ocorre por meio da utilização de tecnologias produtivas altamente emissoras
de resíduos poluentes.
Também ressalta as desigualdades sociais e a desconsideração das características
baseadas na tradição e na cultura das diversas localidades como resultado deste modelo de
produção, por meio da homogeneização no consumo de produtos.
3. A produção autogestionária
Na tarefa de abordar o conceito de autogestão, convém adotar a recomendação de
Rosanvallon (1976), e abordar inicialmente a própria origem do conceito de autogestão.
Apesar das experiências de organização da produção de forma coletiva pelos
trabalhadores possuir como ponto de referência o início da organização da produção industrial, as
estratégias adotadas pelos trabalhadores de ocupação de fábricas falidas têm origem mais recente,
notadamente a partir dos movimentos dos trabalhadores e estudantes franceses durante a década de
70.
Nesse período ocorreu na França o que é considerado por autores como Carvalho
(1995) e Faria (2005) como um dos marcos do movimento de ocupação de fábricas falidas e
de gestão coletiva pelos trabalhadores: a ocupação da fábrica de relógios franco-suíça LIP, em
1973, na cidade de Besançon, após a decretação de sua falência.
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A partir de então passam a surgir durante a década de 70, notadamente na Europa,
ações dos trabalhadores de empresas falidas, no sentido de reassumirem a produção e a
gerenciá-la de forma coletiva.
Tal forma de organização da produção passou a ser denominada de “autogestão” da
produção, uma tradução literal da expressão servo-croata (“samo” sendo o equivalente eslavo
do prefixo grego “auto”, e “upravlje” significando aproximativamente “gestão”), devido à
similaridade deste movimento com a forma de organização coletiva da produção
implementada na ex-Iugoslávia durante a década de 1950 (GUILLERM e BOURDET, 1976).
No Brasil a ações em relação à autogestão da produção, de forma similar ao adotado
na Europa, se destacam a partir da década e 80 e se itensificam na década de 90, devido ao
aumento do número de falências de empresas em decorrência das mudanças no padrão de
concorrência interna, ou abertura comercial.
Nas décadas de 80 e 90 a economia brasileira passou por sucessivas crises,
resultado, primeiramente, da alta inflação e retração na demanda, e em seguida, da abertura
comercial.
Para Singer (2002) tal modificação no quadro socio-econômico foi impulsionador
das diversas iniciativas, em todo o país, na direção de alternativas de produção organizadas de
forma coletiva e participativa.
Dentre tais iniciativas, estão as adotadas pelos trabalhadores das empresas falidas
que se organizam em formas de produção baseadas no trabalho associado e cooperativo,
notadamente as iniciativas relativas ao controle por parte dos trabalhadores das ações e meios
de produção de empresas industriais, localizadas em regiões urbanas.
Estas novas unidades produtivas passam a ser denominadas como “empresas de
autogestão”, em referência às formas de organização da produção dos movimentos sócio-
políticos realizados na década de 70 na França.
Algumas iniciativas que ilustram o início deste movimento no Brasil é o caso de
uma fábrica de fogões no Rio Grande do Sul, relatado por Holzmann (2001), que em 1984
encerrou suas atividades e foi assumida pelos trabalhadores, e também o caso de uma
indústria têxtil em Santa Catarina, relatado por Pedrini (1998), que desde seu início, em 1986,
passou a operar de forma coletiva.
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Durante a década de 90 surgem outros empreendimentos recuperados em diversas
regiões do país, resultado de iniciativas dos trabalhadores em assumir a gestão de empresas
falidas.
Dentre estes, destaca-se a dos trabalhadores de uma empresa de calçados na cidade
de Franca, no interior paulista, em 1992, considerada a referência do movimento de tomada
pelos trabalhadores e gestão coletiva de empreendimentos no Brasil (FARIA, 2005).
A partir de então ocorre a multiplicação de iniciativas de produção a partir de
empresas recuperadas pelos trabalhadores, com o apoio de diversas entidades de
representação sindical, órgãos públicos e instituições de fomento.
Dados do Ministério do Trabalho de 2007 mostram a existência, no país de 89
empreendimentos que surgiram a partir da falência de empresas heterogestionária, com a
participação de aproximadamente 10 mil trabalhadores.
Estão instalados, na sua grande maioria, nas regiões Sul e Sudeste do país (60
empreendimentos), em área urbana, e atuam nos setores industriais (metalurgia, têxteis,
calçados, vidros e cristais, cerâmicas), extração mineral e serviços.
Quanto às características desta forma de organização da produção, os
empreendimentos autogestionários, como qualquer empreendimento de forma geral, estão
integrados ao conjunto de relações de produção que determinam o modo de produção
capitalista, por meio de sua inclusão na divisão social do trabalho e participação nos sistema
de trocas.
Se caracterizam pela gestão de forma compartilhada e coletiva pelos trabalhadores
que dele participam. Isto porque, neste caso, os trabalhadores são proprietários dos meios de
produção, o que pressupõe a necessidade de um envolvimento pleno nas decisões relacionadas
à produção.
A produção por meio da autogestão exige do trabalhador que ele não somente participe
do processo produtivo, mas seja responsável direto por ele. Isso exige um esforço extra destes
trabalhadores, pois estes, além de terem que cumprir as tarefas relacionadas à produção, devem se
preocupar com as questões gerais da empresa.
Quanto aos aspectos organizacionais, autores como Liboni e Pereira (2002), Faria
(2005) enumeram algumas características que devem ser observadas neste tipo de
empreendimento:
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A propriedade coletiva dos meios de produção, ou seja, inexiste a figura legal de um
indivíduo ou grupo de indivíduos que respondem pela posse das máquinas e equipamentos do
empreendimento. Respondem pela propriedade do empreendimento o conjunto de
trabalhadores, por meio de seus representantes legais (GONÇALVES, 2005).
Nesse mesmo sentido, a estrutura hierárquica destes empreendimentos caracteriza-se
por ser verticalizada, com níveis de diferenciação entre funções reduzidas. As funções de
liderança são exercidas por meio da eleição direta dos membros, por um período determinado,
e podendo ser destituída pelo grupo em casos pré-determinados por este.
Isso permite a rotatividade e alternância das funções de execução e gerenciamento
das atividades produtivas entres estes membros.
Desta forma, a autoridade é representada e exercida de forma coletiva, por meio da
liderança eleita e delegada temporariamente, devendo exercer as funções a partir das
determinações estabelecidas pelo grupo.
Já estas determinações são estabelecidas democraticamente a partir de
comportamentos consensuais devido ao caráter homogêneo do grupo, com igualdade de
ideais, comportamento ético e normas de conduta, por exemplo.
Com isso, a forma de remuneração do trabalho também deve ser exercida de maneira
igualitária, não havendo diferenciais de remuneração entre os membros, exceto em casos
estabelecidos pelo coletivo. Comumente esta remuneração está relacionada, de forma
proporcional, à quantidade de horas despendidas pelo trabalhador na execução de atividades
relacionadas à produção.
Outro aspecto financeiro a ser considerado pelo empreendimento está relacionado ao
excedente contábil, denominado “sobras”. Com base em decisões adotadas coletivamente,
este excedente poderá ser reinvestido no empreendimento, objetivando sua manutenção, ou
ainda dividido entre os membros a partir de critérios estabelecidos pelo grupo.
Outra característica a ser observada nestes empreendimentos é a cooperação entre os
diversos setores que compõem a produção, por meio do compartilhamento dos conhecimentos
adquiridos e das situações vivenciadas durante a execução das atividades produtivas.
Também ocorre por meio da participação direta e efetiva dos membros nas decisões
relacionadas à produção, a atribuição de forma homogênea das responsabilidades sobre o
planejamento, organização, execução e obtenção de resultados desta.
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Isso porque pode-se considerar que os interesses em relação à produção são
comuns, compartilhados coletivamente, o que permite o estabelecimento coletivo de objetivos
e meios para alcançá-los.
Em relação à organização do trabalho pressupõe-se a inexistência, nestes
empreendimentos, de uma divisão entre a concepção e a execução das atividades produtivas,
em que tanto o trabalho manual quanto intelectual são executados pelos mesmos
trabalhadores.
Desta forma, a organização coletivista do trabalho busca estabelecer uma relação
entre as tarefas de administração e operação das atividades produtivas, sendo a generalização
de cargos e funções a forma de desmistificação da figura do especialista na atividade
produtiva.
Operacionalmente, este pressuposto é estabelecido por meio da disseminação do
conhecimento, tácito e explícito, em relação às atividades produtivas. Mecanismos como
discussões técnicas, cursos internos de qualificação e rodízio de funções são meios utilizados
para promover esta disseminação entre os trabalhadores.
Aliás, as formas de disseminação de informações por meio das discussões
realizadas pelo grupo, em ambientes internos ou externos à produção, representam um
incentivo à emancipação dos trabalhadores.
Por meio do estabelecimento de práticas comuns de comunicação, como panfletos,
jornais, murais, reuniões e assembléias, entre outros, estas discussões objetivam a
disseminação e a possibilidade de acesso, pelos trabalhadores, de informações relativas às
condições do empreendimento, bem como informações relacionadas ao ambiente externo.
Por fim, em referência às relações sociais, internas e externas, do empreendimento,
são baseadas em princípios comunitários por meio do respeito às características individuais
dos membros, e da comunidade em que o empreendimento está inserido.
4. A sustentabilidade em empreendimentos autogestionários: uma proposta
de análise
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Embora o conceito de sustentabilidade busca estabelecer um relacionamento
harmonioso entre sociedade e natureza, Wheeler (2000) considera que o conceito ainda carece
de estratégias de análise e avaliação.
Para este autor a análise da sustentabilidade deve ocorrer a partir da compreensão
dos aspectos econômicos, sociais e ambientais do objeto estudado, considerando as inter
relações entre estes aspectos, num ambiente dinâmico. Nesse ambiente se observa uma
diversidade de interpretações da realidade em função da existência de uma diversidade de
valores individuais, como religiosos, culturais, éticos, raciais e geracionais, entre outros.
Por isso, a análise da sustentabilidade de empreendimentos autogestionários deve
considerar as características que os diferenciam das empresas convencionais, tanto em relação
à forma de organização da produção, quanto ao papel social representado por estes.
Por isso, tal análise é baseada em algumas premissas: 1) a sustentabilidade é
avaliada a partir da unidade produtiva 2) a avaliação de sustentabilidade é válida, apenas, para
unidades produtivas que possuam características principais de organização da produção de
forma autogestionária; 3) a avaliação é feita de forma participativa e inter relacional.
No primeiro caso, a análise parte do empreendimento autogestionário como unidade
central, sendo consideradas, em seguida, as relações deste empreendimento com o ambiente
externo, como instituições públicas e privadas (empresas, governos e igrejas) e órgãos de
representação (sindicatos e movimentos sociais).
Para tal análise são considerados os empreendimentos cujas características da forma
de organização da produção são essencialmente autogestionárias, ou seja, atenda aos
requisitos principais deste tipo de organização da produção, como propriedade coletiva dos
meios de produção, decisões democráticas em relação à produção, entre outras.
Isso porque alguns empreendimentos, apesar de se autodenominarem
autoegstionários, possuem características de um empreendimento heterogestionário, como a
propriedade privada dos meios de produção, apesar da produção ser organizada por meio da
participação dos trabalhadores nas decisões secundárias (cogestão e gestão participativa).
Também a análise deve possuir como base a participação dos atores envolvidos,
principalmente na seleção das variáveis mais importantes a serem avaliadas, o que
determinará qual o peso destas variáveis na obtenção de um resultado final.
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Para Meadows (1998) é indispensável à ação participativa dos atores na análise e
avaliação da sustentabilidade, principalmente na indicação dos fatores a serem avaliados.
Considera que pela participação é possível identificar o que deve ser avaliado, definir os
parâmetros de avaliação e reduzir as dificuldades de análise dos resultados.
Além de partir destas premissas, a avaliação da sustentabilidade em
empreendimentos autogestionários deve contemplar a inter relação entre as três principais
dimensões nas quais o conceito é subdividido.
A proposta de avaliação deste tipo de empreendimento aborda estas dimensões da
seguinte forma:
a) dimensão ambiental: corresponde à forma de relacionamento da unidade produtiva com o
meio ambiente e o ecossistema em que está inserido.
Esta dimensão é avaliada por meio dos impactos provocados pela produção no meio
ambiente, e também das ações individuais e coletivas dos trabalhadores em relação às
questões ambientais. Abordará os seguintes itens:
emissão de poluentes na água, ar e solo;
forma de manejo e tratamento de resíduos industriais;
emissão de ruídos na produção;
cumprimento das normas ambientais estabelecidas na localidade;
envolvimento dos trabalhadores com projetos de conservação ambiental;
b) dimensão social: é representada pelas relações sociais estabelecidas interna e externamente
ao ambiente produtivo, bem como a importância destas relações para a consolidação da
produção autogestionária. Os itens são:
características das relações de poder estabelecidas no empreendimento;
participação e envolvimento dos trabalhadores com a proposta de autogestão da produção;
evolução da qualidade vida dos trabalhadores, por meio do acesso à educação, saúde,
alimentação, saneamento e moradia;
disparidade de renda entre os sócios;
relações de gênero na produção e na gestão do empreendimento ;
inserção dos trabalhadores na comunidade local;
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envolvimento do empreendimento com os aspectos locais, como cultura, religião, política,
entre outros;
envolvimento do empreendimento com movimento de representação, como sindicatos e
movimentos sociais, por exemplo;
c) dimensão econômica: corresponde à capacidade de sobrevivência econômico-financeira do
empreendimento em longo prazo. É representado tanto pelos ganhos financeiros obtidos pelo
empreendimento em si, determinados pelas condições tecnológicas e organizacionais, quanto
pelos seus trabalhadores, considerando que um dos objetivos do empreendimento é a garantia
de trabalho e renda aos seus membros. Compreende itens como:
relação entre renda e custo de vida dos membros;
rentabilidade da produção;
reinvestimento do excedente contábil (sobras) na produção;
criação de fundos para afastamento dos cooperados (férias, licença maternidade, acidentes
de trabalho, etc.) ;
criação de planos de saúde ou algo similar;
acesso à crédito;
características da cadeia produtiva em que o empreendimento está inserido;
situação do empreendimento na cadeia produtiva;
característica do mercado em que atua;
situação do empreendimento neste mercado;
condições tecnológicas da produção;
Desta forma, a análise da sustentabilidade dos empreendimentos autogestionários
seguirá estes parâmetros propostos. Porém, como uma das premissas é a construção da análise
de forma participativa, estes parâmetros podem ser alterados, acrescentados ou suprimidos,
afim de que tal análise se aproxime da realidade dos atores a serem estudados.
5. Conclusão
Desta forma, diante da importância de tais empreendimentos para viabilizar as
condições de determinados segmentos sociais, e devido às dificuldades enfrentadas por estes
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empreendimentos, conhecê-los melhor é fundamental para se aumentar as possibilidades de
superá-las.
Em relação à sustentabilidade destes empreendimentos, não é suficiente para as
empresas de autogestão, do ponto de vista de seus sócio-trabalhadores, que estas apresentem
rentabilidade excelente; este objetivo deve ser alcançado sob uma gestão democrática, com a
manutenção e criação de postos de trabalho e com qualidade de vida para aqueles que
participam do projeto.
Por isso, a análise da sustentabilidade destes empreendimentos deve ser abordada de
forma diferente dos critérios utilizados para se medir a sustentabilidade dos empreendimentos
convencionais, sendo considerados, no caso dos empreendimentos autogestionários, fatores
subjetivos que representam ganhos de longo prazo para os sócio-trabalhadores.
Porém, além da análise da sustentabilidade, deve-se considerara também uma forma
de promover tal sustentabilidade destes empreendimentos.
Para isso, seria necessária a promoção de políticas de fomento, pelas instituições
públicas e privadas (BNDES, Banco Mundial, bancos privados, etc.) por meio de ações como:
a) adoção de políticas públicas de apoio financeiro aos empreendimentos, por meio de
empréstimos; b) maior cooperação entre os empreendimentos, visando estabelecer projetos
comuns de educação qualificação apara a produção autogestionária; c) criação de novos
produtos e novas formas de comercialização da produção, visando o consumo consciente e
responsável e d) abertura de canais de diálogo com a sociedade sobre outras formas de
produção e consumo, que respeito os recursos naturais e promova novas formas de
relacionamento humano, diferentes do individualismo e do racionalismo de mercado.
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