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SUSTENTABILIDADE SÓCIO-ECONÔMICA
AGREGAÇÃO DE VALOR E AGROINDÚSTRIA FAMILIAR
1 ERCILIA BUENO BASSANI – INCAPER
RESUMO
Este texto tem por objetivo disponibilizar elementos que norteiam as atividades de Sustentabilidade sócio-econômica - Agregação de Valor e Agroindústria Familiar inseridas no contexto do curso de Agroecologia – através do Ministério do Desenvolvimento Agrário -MDA, do Departamento de Assistência Técnica e Extensão Rural - Dater, da Secretaria da Agricultura Familiar – SAF; REDCAPA, Universidade de Berkeley - USA, SOCLA - Sociedade Científica Latino-americana de Agroecologia.
Pretendemos aqui disponibilizar elementos para a concepção de agroindústria familiar inserida na idéia de desenvolvimento e sustentabilidade, dar uma visão que possa nortear aos que se envolvem ou começarão a se envolver nesta atividade.
Enfatizaremos de forma breve sobre a concepção de agroindústria familiar de pequeno porte, também o reconhecimento da importância da atividade da agroindústria familiar; agregação de valor e a agroindustrialização; a agroindústria familiar de pequeno porte como instrumento de desenvolvimento local e regional; a agroindústria de pequeno porte e sustentabilidade; a agroindústria de pequeno porte e desenvolvimento territorial sustentável; aspectos sobre a formalização de pequenas agroindústrias; aspectos sobre o controle de qualidade; a legislação sanitária e o controle de qualidade; qualidade ampla; o método de controle de qualidade normativo, assuntos estes relacionados às ações e políticas públicas vigentes na busca da superação de desafios coletivos e da melhoria da qualidade de vida.
Palavras-chave: sustentabilidade sócio-econômica, agregação de valor,
agroindústria familiar,agroecologia.
1 Concepção de agroindústria familiar de pequeno porte
1 Economista Domestico e Nutricionista pela Universidade Federal de Viçosa . Agente de Desenvolvimento Rural do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural INCAPER.. Especialista em Tecnologia , Qualidade, Processamento e Controle de Carne , Leite, Ovos e Pescado pela UFLA – Universidade Federal de Lavras , Especialista em Tecnologia Qualidade e Controle de Vegetais e Metodologia de Ensino Superior - UFLA; Especialista em Extensão Rural e Desenvolvimento Sustentável – UFRPE – Universidade FederaL Rural de Pernambuco. Colaboradora do MDA - Coordenadora /Facilitadora / Professora curso EAD Agroecologia - Ministério do Desenvolvimento Agrário -MDA, Univ. Bekerley - REDECAPA - – SOCA.
Pelo acompanhamento das atividades agroecológicas que vem sendo
desenvolvidas no país, pressuposto que o curso enriquece nosso conhecimento das
diferentes realidades e dos diferentes modos com que a ciência agroecológicas vem
sendo concebida, tenho a certeza que a agroindústria familiar de pequeno porte é um
elo indispensável para que realmente se possa complementar o que aqui de forma
breve, mas já amplamente discutida no curso a idéia de desenvolvimento e
sustentabilidade.
A partir da visão de desenvolvimento sustentável no que diz respeito ao
aspecto social, podemos dizer com certeza que a agroindústria familiar de pequeno
porte é apontada como alternativa para a reversão das conseqüências sociais
desfavoráveis no meio rural, tendo o espaço rural não mais apenas atividades
agrícolas, levando-se em conta a pluralidade2 e a multifuncionalidade3.
A trajetória da pluriatividade é uma literatura bastante controvertida. Apresenta
alguma das questões que fizeram com que a partir da década de 1980 a
pluriatividade deixasse de ser um tema marginalizado e sem reconhecimento.
Conforme Bassani (2005 apud Schineider 1999),[...] o termo pluriatividade tem
sido utilizado para descrever o processo de diversificação que ocorre dentro e fora
da propriedade, bem como apontar a emergência de um conjunto de novas
atividades no meio rural. O mesmo autor ressalta [...] que a pluriatividade, portanto,
refere-se a uma unidade produtiva multidimensional, onde se pratica a agricultura e
as outras atividades tanto dentro como fora da propriedade, pelas quais são
recebidos diferentes tipos de remuneração e receitas.
Existem quatro funções atribuídas à agricultura familiar que expressam a
multifuncionalidade, a saber:
(a) Reprodução socioeconômica das famílias rurais:
(b) Promoção da segurança alimentar das famílias rurais e da sociedade;
(c) Manutenção do tecido social e cultural;
(d) Preservação dos recursos naturais da paisagem rural “(Ibidem)”.
2 Sobre isso ver Bassani (2005) – monografia apresentada a Universidade Federal Rural de Pernambuco – Novas Políticas de Assistência Técnica e Extensão Rural – INCAPER e o Programa Qualidade de Vida no Campo - 3 O conjunto dessas atividades tem sido descrito como neo-ruralismo e renascimento rural, Schneider (1999) reportando Mingione e Pergliese, 1987; Font, 1988; e Kayser, 1988, 1990,1991. ...A pluriatividade também pode adquirir significados diversos e servir para satisfazer projetos coletivos ou como respostas as decisões individuais.
Desta forma, o espaço rural deixará ter como função exclusiva à produção
agrícola, passando a ser um espaço polissêmico em que convivem atividades de
natureza diversa como a própria agroecologia no desenvolvimento de todas as
atividades a ela ligadas, a agricultura orgânica, a agroindústria de pequeno porte, o
agroturismo, a atividade artesanal, entre outros...
Esse ajuste constante de atividades agroecológicas ou mesmo atividades de
agropecuária, numa mesma família é que distingue e define a pluriatividade, que
tanto pode ser uma atividade ao qual a família utiliza para garantir a manutenção
social do grupo ou do coletivo que lhe corresponde, como também pode representar
uma estratégia individual das pessoas que constituem a unidade familiar.
A agroindústria familiar de pequeno porte, dentro das atividades
agroecológicas de base familiar pode impulsionar a geração direta de um novo
padrão de atividade, no seu dia a dia, envolvendo desta forma todos seus membros,
desde o agricultor, a mulher e os filhos, gerando diretamente novos postos de
trabalho e de renda, comprometidos com uma como agregação de valor
ambientalmente saudável e socialmente eficiente.
2 O reconhecimento da importância da atividade da agroindústria familiar
O reconhecimento da importância da atividade da agroindústria familiar de
pequeno porte no processo de desenvolvimento econômico e social tem levado os
formuladores de políticas públicas, no Brasil, o MINISTÉRIO DO
DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO – MDA através do Departamento de Assistência
Técnica e Extensão Rural - DATER, a eleger o setor como prioritário para a
promoção de investimentos em novos empreendimentos.
A produção de alimentos através da agroindústria familiar como vimos tem
sido alvo de políticas públicas, que tem como meta tirá-las da informalidade, com a
implementação de leis e mais leis que procuram garantir uma solução para o
problema do agricultor familiar4 e que pretende dar o que se chama de seguridade
alimentar ao produto.
Percebe-se que para a implementação das agroindústrias o agricultor familiar
deverá ter investimentos que lhe dê condições de comprar equipamentos e investir
nas instalações, mediante as exigências legais que na maioria das vezes leva o
agricultor familiar a mudar sua forma de produzir e a alterar sua escala de produção
sem mesmo ter um mercado consistente, simplesmente para atender a legislação A
ou B.
Muitas vezes o que ocorre é a descaracterização do produto artesanal para a
adoção de processamentos ligados a máquinas e equipamentos que não lhe são
peculiares e muitas vezes ultrapassam a sua própria capacidade de produção.
O que se pode considerar como “ótimo” é o aproveitamento da matéria prima
disponível na propriedade e na manutenção do produto com valor agregado por um
longo período do ano, que lhe traga uma renda que pelo menos lhe dê uma
segurança em termo de renda e mercado.
Na perspectiva de se respeitar às tradições e valorizar os costumes, a arte de
produzir, o histórico da produção, os hábitos e costumes e as tradições de cada
família, que às vezes têm sido descaracterizado ou forçosamente descaracterizado
para atender a X ou Y exigências de leis que, em vez de ajudar, emperram o
processo.
A agroindústria de pequeno porte é uma das principais geradoras de
empregos diretos e indiretos por unidade de capital investido. Dados recentes do
Departamento Econômico do BNDES e do IBGE mostram claramente esta
característica no caso brasileiro, onde, para cada milhão de dólares investido, os
empreendimentos agropecuários e agroindustriais chegam a gerar 118 a 182
empregos, cerca de 15% a 80% a mais do que os investimentos em um segmento
tradicionalmente intenso em ocupação de mão de obra, como o setor comercial. Por
4 A construção de alternativas de desenvolvimento do (novo) meio rural tem na agricultura familiar o público prioritário. O Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar – Pronaf do Ministério de Desenvolvimento Agrário, define este tipo de agricultor como aquele que não detenha área superior a quatro módulos fiscais, no mínimo 80% da sua renda bruta venha da atividade agropecuária, resida na propriedade rural ou urbana próxima e que mantenha até dois empregados permanentes. A esta definição, podemos, ainda, acrescentar outras características apontadas por diversos autores (CONTAG, 1998; SILVA e GILES, 1998; LAMARCHE, 1993; ...Poderá abrir, cada vez mais, novas possibilidades de reprodução da agricultura de pequena escala e uma potencial ampliação da divisão social do trabalho ao nível local e regional).
outro lado contribui para aliviar o sério problema do êxodo rural, por gerar empregos
diretos e indiretos no campo.
De modo a incentivar a implantação de agroindústrias em áreas rurais, a
Secretaria da Agricultura Familiar - Ministério do Desenvolvimento Agrário
disponibiliza diferentes modalidades de crédito para atividades agroindustriais dos
agricultores familiares. Através do PRONAF – Programa Nacional de Fortalecimento
da Agricultura Familiar são disponibilizados recursos em condições facilitadas para
que estes agricultores invistam no processamento e na comercialização de seus
produtos, de modo a viabilizar avanços nas suas formas de inserção econômica e,
assim, permitir melhoria na sua renda e nas condições gerais de vida. Podem ser
financiadas não apenas empreendimentos isolados, individuais ou grupais, como
também projetos de conglomerados compostos por várias pequenas e médias
agroindústrias, interligadas através de uma central de apoio em gerenciamento,
tecnologia e comercialização.
O processo de tomada de decisão dos investimentos potenciais é um dos
parâmetros que tem que ser desenvolvido numa ação entre técnico e agricultor
familiar, nunca o técnico tomando decisões sem a troca de saberes e experiências.
3 Agregação de valor e a agroindustrialização
Os efeitos multiplicadores da agregação de valor à produção pela
agroindustrialização ocorrem tanto a montante, na atividade agroecológica, como a
jusante, na estrutura de comercialização e serviços, e refletem-se na efetiva
interiorização do processo de desenvolvimento.
Posso também considerar que as características tecnológicas do
processamento das agroindústrias de pequeno porte viabilizam, para algumas
matérias primas e produtos, a implantação de unidades de pequeno e médio porte,
mais acessíveis a investidores com menor disponibilidade de capital. Pequenas
casas que antes estavam abandonadas no meio rural, e outras construções rurais
tem sido motivo de projetos que viabilizam a infra-estrutura para o seu
funcionamento e viabiliza sua implantação. Assim, o agricultor familiar, geralmente
com pouco capital, pode lançar mão de pequeno recurso para desenvolvimento de
uma atividade que lhe trará agregação de renda a sua produção, gerando trabalho e
melhoria da qualidade de vida da família e influenciando diretamente na comunidade
rural. Tudo isso sem descaracterizar “a maneira especial de fazer de cada um”,
orientados na segurança alimentar e nutricional com vistas ao consumidor.
Outros benefícios sociais importantes das agroindústrias de pequeno porte
são gerados pela melhoria da qualidade dos produtos processados, pela redução de
perdas no processo de colheita, processamento e comercialização e pelo papel
disseminador que tendem a exercer na promoção de melhorias nas atividades na
propriedade rural.
Hoje felizmente podemos contar com experientes profissionais nos serviços de
ATER que reúnem informações sobre equipamentos e processos em escala mínima
de operação, acompanhados de análise de viabilidade técnica e econômica do
empreendimento correspondente. Assim, os agricultores familiares interessados
poderão dialogar com esses técnicos e terão informações sobre as características
técnicas e econômicas do empreendimento da agroindústria de pequeno porte
desejado. Ainda torna-se necessário informar ao agricultor familiar sobre os diversos
parâmetros considerados na análise original e avaliar a rentabilidade do
empreendimento para as suas condições específicas.
Considero essencial o controle de qualidade nas agroindústrias familiares,
mas que não seja um controle feito somente onde se tem uma parte da cadeia
produtiva, mas que este acompanhamento ultrapasse as porteiras da propriedade de
base familiar e alcance os locais de comercialização. Este, na maioria das vezes,
foge completamente ao que a legislação sanitária vigente coloca como controle de
qualidade. Que se chegue ao que se chama de “qualidade ampla” que discutiremos
ainda neste texto. O agricultor familiar deve buscar orientação de técnicos
especializados na implantação de agroindústria familiar de pequeno porte. Não pode
ainda fugir de uma análise financeira que esteja adequada a sua realidade e não
simplesmente adequada a leis ou empréstimos bancários. Outro ponto importante
ponto passa pela importância do compromisso do técnico com a agricultura familiar.
Se pegar um técnico que só pensa em satisfazer o mercado, complica.
Sugiro que se faça uma análise nas perdas, nos processos de produção, que
muito se fala em qualidade, segurança alimentar, qualidade ampla e pouco se fala
em perdas ou processos de redução de perdas para gerar maior renda. São fatores
que não podem ser desmembrados.
Há que se dialogar para que se conheça a condição real e que o agricultor
familiar seja capaz de sentir a necessidade da “qualidade ampla” e não fazer assim
ou assado por que a lei assim o requer. A sustentabilidade está em evitar o
desperdício e trabalhar com o que se perde. Estudos recentes que fiz comprovam
que o estrangulamento da pequena agroindústria está nas perdas nos processos de
colheita e processamento.
Desta forma podemos dizer que a agroindústria familiar de pequeno porte é
uma alternativa de inclusão sócio-econômica dentro do modelo econômico atual.
Com a implantação da proposta da ATER, o trabalho foi impulsionado com uma nova
proposta tanto para agricultores familiares como para os agentes de
desenvolvimento rural e universidades. Com certeza as políticas de ATER que hoje
são implementadas representam a política pública fundamental para se impulsionar o
referido modelo de agroindustrialização, com sustentabilidade e cidadania. A
agroindústria de pequeno porte pode promover a inclusão social dos agricultores
familiares e uma mudança no quadro da economia familiar. Com certeza contribuirá
para uma vida mais saudável e mais longa não só da família de agricultores
familiares, mas dos consumidores que terão acesso a esses produtos.
Nos últimos anos, principalmente após a implementação da nova PNATER,
diversos projetos descentralizados têm buscado o desenvolvimento das populações
locais e dinamizar economias, especialmente em pequenos e médios municípios.
Nos referimos aqui aos projetos de agroindústrias de pequeno porte , voltados à
produção de alimentos, procurando incorporar qualidades adicionais locais, ligadas
ao “saber fazer”, a cultura local e a qualidade biológica dos alimentos e a
agroindustrialização dos alimentos que se perde nos finais de colheita e de outras
formas.
Para que isto ocorra de forma a se constituir projetos exitosos, há que se
preparar todos os envolvidos nos processos da agroindústria de pequeno porte nas
BPF – Boas Praticas de Fabricação e em especial nas Boas Praticas de Manipulação
de Alimentos e depois então partir para o que chamamos de processo de
capacitação especializada, como por exemplo, processamento do leite , carne, frutas
, etc. O enfoque de qualidade representa uma diferenciação dos produtos em relação
aos produtos oriundos das indústrias de grande porte, e também, facilita o processo
de comunicação entre o agricultor familiar e consumidor.
4 A agroindústria familiar de pequeno porte como instrumento de
desenvolvimento local e regional
Existe uma relação estabelecida entre o que o agricultor familiar vai produzir e
o consumidor, que esteja ligada ao hábito de consumir e gostar. A agroindústria
familiar de pequeno porte pode ser considerada um instrumento de desenvolvimento
local e regional de algumas formas de organizações e estratégias possíveis no
mercado.
Projetos descentralizados no Brasil têm buscado estimular o desenvolvimento
das populações locais, podendo citar projeto denominado PERDA ZERO, que
contempla associações de agricultores familiares com em parceria com o Conselho
Municipal de Desenvolvimento Rural - CMRD e Pronaf, implantado nas comunidades
rurais do Espírito Santo que trabalham no sentido de que a perda seja zero, e com
certeza refletem o que afirmamos acima. Também experiências como do Programa
de Verticalização da Produção Familiar de Blumenau, a Rede Ecovida, a rede de
pequenas agroindústrias na região Oeste de Santa Catarina, o programa de
agroindústrias de Crissiumal, no Rio Grande do Sul e inúmeros nas regiões do
agroturismo no Espírito Santo.
O crescimento econômico é o eixo central desse modelo atual de
desenvolvimento rural, do qual faz parte a agroindustrialização convencional (grande
escala). Isto vem implicando problemas sociais e ambientais, como a falta de
oportunidade de trabalho, a concentração de renda e aumento da pobreza, a
migração desordenada da população, em geral para os centros urbanos, o
desequilíbrio ambiental, o crescimento da violência e a diminuição da qualidade de
vida da população rural e, também urbana. Esse processo pelos seus custos sociais
e ambientais elevados, já justificaria uma mudança do modelo de desenvolvimento
vigente. Os debates sobre este tema indicam a construção de um novo
desenvolvimento, que seja sustentável.
5 A Agroindústria de pequeno porte e sustentabilidade
Segundo BASSANI (2005 apud GUIMARÃES, 1995. p.13), observa que
parecem fortes as reflexões de Guimarães, quando afirma que [...] “as profundas
transformações que caracterizam o cenário internacional, apesar de oferecerem
oportunidades inéditas de progresso para a humanidade, representam riscos
consideráveis de retrocesso nas conquistas políticas e sociais arduamente
conquistadas no século anterior” [...] dinâmica atual configura, pois, uma crise.
Atravessamos um período de transição em que coexistem contraditórias tendências
que apenas insinuam um mundo novo que tenta ressurgir das cinzas de uma
realidade ainda dominante”(GUIMARÃES, op.cit.). “Nas últimas cinco décadas fomos
levados erroneamente, a tomar o desenvolvimento como sinônimo de crescimento
econômico permanente e ilimitado” (GUIMARÃES, op.cit.).
Como relata BASSANI, (2005 apud Deléage, 1990) se tornou imprescindível
refletir em termos ecológicos e ambientais não como nostalgia do passado, senão,
ao contrário, como uma maneira mais realista de privilegiar em longo prazo e de
construir formas alternativas de desenvolvimento. Há de se convir que estamos no
momento de rever as atividades ligadas à agroindústria familiar e adequar a
realidade que hoje vivenciamos e tirar do papel e cair para a prática.
A mesma autora parafraseando Gleissman (2001) diz que não existe um
manual de sustentabilidade e, portanto as receitas carecem de sentido. É mais um
estilo, no sentido de que significa comportamento, conduta e prática. Pressupõe
princípios plasmados em valores que constroem a historia individual e coletiva do ser
humano em sua relação com a natureza. Na opinião de Bassani (2005 apud
Goodland et al. 1997, p.21), “este conceito de crescimento de transformação
quantitativa – baseado no aumento crescente de matérias primas e energia – é
insustentável e deve dar lugar a uma busca imaginativa de fins econômicos que
façam um uso menos intensivo dos recursos”.
Entre a época de “Uma só Terra” (Estocolmo-72) e a atualidade do
“Desenvolvimento Sustentável” (Rio-92) a humanidade modificou sensivelmente a
sua percepção a respeito da crise. Já não se pode reduzi-la a uma questão de
manter limpo o ar que respiramos a água que bebemos ou o solo que produz nossos
alimentos. O desafio da sustentabilidade é um desafio eminentemente político.
A crise atual também indica o surgimento de uma nova era. Estamos vivendo
o início da construção de uma nova história, e temos que rever o nosso lugar neste
processo histórico pois, talvez seja a única possível marcada por derrotas e por
vitórias, que inexoravelmente continuará incorporando novos capítulos.Isso implica
uma transformação progressiva da economia e da sociedade, aumentando o
potencial produtivo e assegurando a igualdade de oportunidades para todos,
principalmente a dos agricultores familiares.
De acordo com a citação de Bassani (2005 apud Costabeber, 2000) ...
empenha-se em defender Desenvolvimento Sustentável como um processo gradual
de mudança que encerra em sua construção e trajetória a consolidação e processos
educativos e participativos que envolvem populações rurais, conformando uma
estratégia impulsionadora de dinâmicas socioeconômicas mais ajustadas ao
imperativo ambiental, aos objetivos de eqüidade e aos pressupostos de solidariedade
intra e intergeracional.
Sua prova estará sempre no futuro. Por esta razão, a construção do
Desenvolvimento Rural Sustentável – DRS - deve assentar-se na busca de contextos
de maior sustentabilidade, alicerçados em algumas dimensões básicas e devem ter
em conta seis dimensões relacionadas entre si: ecológica, econômica, social
(primeiro nível), cultural, política (segundo nível) e ética (terceiro nível).
Também LEFF (2001), redargüindo a temática relacionada ao
desenvolvimento sustentável, economia ecológica e ecologia política até a questão
da ética, cidadania e apropriação social da natureza, considera o ambiente não
apenas uma realidade visível, mas sim uma convergência de processos físicos,
biológicos e simbólicos, que por meio das ações econômicas, cientificas e técnicas
do homem são reorganizadas e conduzidas (...) tal situação seria expressa pelo
processo crescente de homogeneização da cultura e dos padrões de consumo e
conseqüente aumento na produção de mercadorias e deterioração dos bens naturais
comuns. (LEFF, 2001, p.208).
O agricultor familiar produz mercadorias de acordo com a sua produção e é o
que menos deteriora os bens, se formos analisar de uma forma geral como ocorrem
com os pequenos, médios e grandes proprietários de terra.
Constata Bassani (2005 apud Caporal,1998) que de fato, a transição
agroecológica em curso indica a necessidade de construção de conhecimentos sobre
distintos ecossistemas e variedades de sistemas culturais e condições
socioeconômicas, o que determina que a extensão rural, como um dos instrumentos
de apoio ao desenvolvimento, adote estratégias e práticas compatíveis com os
requisitos deste novo processo.
Dentro desta busca é bom relembrarmos Paulo Freire (1989), quando diz que
a atividade humana consiste em ação e reflexão: é práxis e é transformação do
mundo. E como práxis, requer teoria para iluminar. Não pode ser reduzida nem ao
mero verbalismo nem ao ativismo.
Como enfoque científico e estratégico de caráter multidisciplinar, a
Agroecologia apresenta potencialidade para fazer florescer novos estilos de
agricultura e de processos de desenvolvimento rural sustentáveis que garantam a
máxima preservação ambiental, enfatizando princípios éticos de solidariedade
sincrônica e diacrônica conforme Bassani (2005 apud Caporal e Costabeber, op. cit.
p. 120).
E a agroindústria de uma forma marcante se bem inserida muito contribuirá
neste processo pois, a noção de desenvolvimento sustentável supõe o
estabelecimento de estilos de agricultura sustentável que não podem ser alcançados
mediante a simples transferência de tecnologias, característica chave da “antiga
extensão rural”. O desenvolvimento sustentável deve permear uma condição de
equilíbrio entre os aspectos social, cultural, ambiental e econômico e ético. A
sustentabilidade está, ainda, associada à viabilidade e à longevidade.
6 A agroindústria de pequeno porte e desenvolvimento territorial sustentável
A implementação do conceito de desenvolvimento territorial sustentável como
elemento norteador de políticas, ações governamentais e não-governamentais e
estratégias, voltadas à melhoria da qualidade de vida e ao abaixamento das
desigualdades sociais nas regiões brasileiras que apresentam os mais baixos índices
de desenvolvimento humano – IDH , requer um esforço constante e planificado de
capacitação dos diversos atores sociais interessados em compartilhar do processo
de superação da pobreza e da exclusão social.
O desenvolvimento rural consiste em um processo de mudança que leva ao
dinamismo econômico e à melhoria da qualidade de vida da população,
potencializando as capacidades territoriais e incrementando as oportunidades
sociais, a viabilidade e competitividade da economia e a conservação dos recursos
naturais e o aproveitamento de toda a produção. Resulta, assim, da interação e
sinergia entre a qualidade de vida da população local - redução da pobreza e
geração de riqueza -, a eficiência econômica - com agregação de valor na cadeia
produtiva - e a gestão pública eficiente, mediada pela boa governança, pela
organização da sociedade e pela distribuição dos ativos sociais.
O desenvolvimento territorial é visto como um resultado de um complexo
processo multidimensional e multisetorial que combina roteiros técnicos, políticos e
sociais, resultando na crescente inclusão dos atores nas ações que produzam maior
autonomia do território sobre suas múltiplas dimensões, sendo eles considerados
gestores e sujeitos do desenvolvimento. Esse conceito de desenvolvimento está
baseado no paradigma da sustentabilidade, estando, portanto, intimamente
relacionado à noção de gestão social como elemento central das transformações
pretendidas, constituindo-se, assim, em um processo de gerenciamento de assuntos
públicos, principalmente políticas de valor social para o desenvolvimento territorial.
Precisamos desenvolver também neste contexto o entendimento sobre o rural.
Do ponto de vista econômico, é cada vez menos importante a visão do rural apenas
como espaço de produção de matérias-primas ou, até mesmo, como local de
atividades apenas agrícolas, pois as demais atividades econômicas da propriedade
rural vêm se constituindo em alternativas importantes de desenvolvimento do meio
rural, como a agroindústria familiar, o turismo rural e o artesanato.
Como propõe Graziano da Silva (1999), o rural vem se caracterizando como
um espaço de pluriatividade, ligado ao turismo e ao lazer, à prestação de serviços, à
moradia e a agroindustrialização. A família rural sempre processou de forma
artesanal seus alimentos, primeiro para o consumo familiar, melhoria da qualidade da
alimentação, para a conservação do alimento por períodos de entre safra, o que
muda no cenário é que hoje a família de agricultores familiares além de produzir para
o consumo próprio, produz para venda. Tendo assim que estar com uma área de
agroindústria de pequeno porte, separado das atividades da rotina diária da família, e
também buscar melhor capacitação para o que se propõe , pois terá que contar com
a vida de prateleira do produto e que agora é destinado ao consumidor.
No desempenho deste novo papel, a criação agroindústria familiar de
pequeno porte pode ser apontada como uma das alternativas econômicas para a
permanência da agricultura familiar e para a construção de um novo modelo de
desenvolvimento sustentável, que pensa o rural como um todo e não mais apenas
ligado à produção agrícola,mas também a agroecologia.
É nessa visão que se insere a proposta da agroindústria rural de pequeno
porte –e que pode se tornar uma importante alternativa para promover a participação
dos agricultores no processo produtivo. Para eles, a industrialização dos produtos
agropecuários não se constitui em uma novidade. Isto já faz parte da sua própria
história e da sua cultura, tendo como objetivo atender o consumo da família e, em
menor grau, abastecer o mercado local com o excedente. Como exemplo, podemos
citar a transformação de frutas em doces e bebidas, a elaboração de conservas em
geral e a fabricação de queijos, embutidos e defumados de carne. Entendemos, aqui,
como agroindustrialização, o beneficiamento dos produtos agropecuários (seleção,
preparo, processamento, secagem, classificação, limpeza, armazenagem,
embalagem) e/ou a transformação de matérias-primas gerando novos produtos, de
origem animal ou vegetal, como por exemplo, o leite em queijo e as frutas em doces
e bebidas. A diferenciação está no “modo de se produzir” e a sua relação entre as
características dos produtos e seus consumidores.
No momento em que se discute a pluriatividade no meio rural e a construção
do desenvolvimento sustentável apontado acima, o modelo de agroindustrialização
descentralizado de pequeno porte, de característica familiar, é visto como uma
alternativa capaz de incentivar essa nova forma de agregação de valor ao seu
produto. Ou seja, pode proporcionar uma importante forma de (re) inclusão social
para os agricultores, através da renda obtida pelo seu trabalho (e produção),
melhorando a sua qualidade de vida, o aproveitamento de todos os produtos
produzidos, sem perdas significativas , nem na colheita nem na pós-colheita,
beneficiamento ou processando. Para essas pessoas pode representar o (re) início
da construção de cidadania, bem como uma oportunidade de resgate de valores
culturais, sociais, econômicos e éticos. Cidadania, aqui, pode ser entendida
principalmente como oportunidade de trabalho e melhoria de renda, suficiente para
se ter qualidade de vida. .
Há que se pensar no social, ambiental, econômico, cultural e ético para
podermos discutir os principais princípios e características da agroindústria da
agricultura familiar, com o objetivo de buscar sua viabilidade: a propriedade e gestão;
a matéria-prima; a mão-de-obra; o modelo tecnológico; a escala de produção; a
localização; a diferenciação dos produtos.
1 Aspectos sobre a formalização de pequenas agroindústrias
Uma das alternativas que vem sendo adotadas em vários Estados, como
Espírito Santo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, o Distrito Federal
entre outros, é a criação de agroindustriais familiares de pequeno porte que utilizem
tecnologia simples, principalmente por intermédio de cooperativas, ou a
industrialização artesanal,familiar, a fim de garantir o abastecimento dos mercados
locais e/ou regionais.
Considera-se que os produtos de alimentos de pequena escala desempenham
importante papel no desenvolvimento da agricultura familiar e dos municípios onde
estão sendo impulsionados e que, no entanto, a legislação sanitária que regulariza
os serviços de inspeção e o funcionamento das agroindústrias familiares de pequeno
porte impõe importantes limitações para implantação das mesmas.
Estas limitações dizem respeito às distorções causadas pelas exigências em
relação às instalações e estruturas que igualam uma unidade que industrializa um
milhão de litros de leite por cada dia a uma pequena fábrica de queijos artesanais
que utiliza 400 litros de leite por dia.
O que se deseja em última instância é a qualidade ampla dos produtos que
não está necessariamente, condicionada ao tamanho do estabelecimento e sim aos
critérios ligados as BPF e que sobretudo são essenciais para a produção de
alimentos com qualidade.
Para isto também temos que lembrar do APPCC – Analise de Perigos e
Pontos Críticos de Controle. O método APPCC analisa personalizadamente cada
etapa da operação de produção do alimento, levando em consideração o contexto
dos recursos estruturais e humanos disponíveis e ainda privilegia os objetivos da
agroindústria, com relação à posição e competitividade de mercado, produtividade,
controle de desperdícios, organização e limpeza. É um aliado que temos pois,
através dele podemos adequar a realidade da agroindústria familiar. Neste método
pode garantir a qualidade e superar um viés estritamente sanitário, mas que vem a
somar nessa ação educativa de formação , que deve ser permanente.
Somente através do esforço conjunto, partindo de uma filosofia de gestão
voltada à qualidade, poderão ser gerados resultados satisfatórios, no controle
sanitário de alimentos produzidos nas agroindústrias familiares, com vistas a
alcançar os parâmetros mínimos de qualidade, considerando –se as referencias
técnicas do método BPF – Boas Praticas de Fabricação.
Constata-se, por um lado, que significativa quantidade de alimentos é
colocada no mercado sem o devido controle de qualidade, e por outro, que muitos
empreendimentos deixam de existir (ou trabalham clandestinamente), em função da
carga de exigências que devem cumprir para obtenção da certificação da inspeção
sanitária, comprometendo a qualidade dos alimentos consumidos pela população. Os
agrotóxicos, devido à ampla divulgação de problemas relativos à contaminação dos
alimentos, provocam grande preocupação no seio da sociedade e, no entanto várias
industrias continuam processando alimentos carregados destes “venenos”.
Outros perigos eminentes, estão presentes à mesa da população, devido às
questões culturais e de desinformação, passam desapercebidos provocando grandes
danos à saúde pública. Tais perigos são conseqüência da baixa qualidade da
pequena produção de alimentos, responsável por inúmeros produtos consagrados
junto ao hábito alimentar de vários estados brasileiros, como é o caso do queijo de
coalho, da rapadura, dos pescados, entre outros. O queijo de coalho, por exemplo, é
um produto que em mais de 90% dos casos apresenta contaminação por
microorganismos, como Coliformes Fecais, Staphylococus aureus, Salmonela, etc.,
além do vírus da aftosa e do bacilo da brucelose que caracterizam a falta de
sanidade do rebanho leiteiro.
As informações básicas sobre os registros necessários em uma agroindústria
familiar como o SELO DE INSPEÇÃO FEDERAL – SIF (alguns produtos não podem
receber o SIE ou SIM , como o caso de bebidas e outras mais) podem ser
conseguidos através do Ministério da Agricultura – DIPOA e do Ministério da Saúde –
VISA, o SELO DE INSPEÇÃO ESTADUAL através da legislação de cada estado e o
SELO DE INSPEÇÃO MUNICIPAL junto a prefeituras municipais.
Sobre a legislação sanitária, o MDA apresenta a conceituação, princípios e
funcionamento do Sistema Unificado de Atenção a Sanidade Agropecuária – SUASA,
indicando as possibilidades abertas e as limitações que persistem para as pequenas
agroindústrias com o novo sistema. (ver em textos opcionais)
8 Aspectos sobre o controle de qualidade
Quando falamos em agroindústria artesanal, em produção artesanal de
alimentos as abordagens tradicionais enfocam como preocupação fundamental a
adequação das unidades de processamento de matérias –primas de origem vegetal
ou animal, às normas sanitárias vigentes (PREZOTTO, 2002).
SILVEIRA, 2003, considera que “tal enfoque implica em elaboração de
projetos de implantação de instalações e equipamentos que extrapolam a
capacidade de investimento dos empreendedores”, no nosso caso, agricultores
familiares.[...] “Neste contexto, muito agricultores são forçados a permanecerem
numa situação de informalidade e se expõe o consumidor a produtos sem controle
de qualidade”.
Se analisar os problemas do aspecto que diz respeito ao de controle de
qualidade, onde as recomendações para certificação dos produtos partem das
exigências da legislação sanitária e procedimentos técnicos de padrões, o agricultor
familiar necessitará de investimento além das condições existentes, o que leva a
manutenção da informalidade e a ausência de controle de qualidade.
No enfoque Normativo, as normas a serem cumpridas são definidas na
interação Agente de ATER – agricultores familiares, tomando parâmetros definidos
no Método de Boas Práticas de Fabricação - BPF e nas práticas tradicionais de
produção. A metodologia proposta parte da identificação dos limites em instalações e
equipamentos para o alcance da qualidade e dos pontos críticos nos procedimentos
de produção, definindo-se programa de re-estruturação e qualificação, como citamos
acima. Aborda-se a qualidade ampla, onde se ultrapassa o aspecto estritamente
sanitário, envolvendo o nutricional, organoléptico5, o ecológico e sócio-cultural, o
regulamentar e a aparência. Observa-se que é permitida a compreensão dos
fundamentos das boas práticas de fabricação, favorecendo a mudança de atitudes e
a dimensão ativa e coletiva na construção de método que garanta a segurança ao
consumidor.
A legalização tem que ser uma conseqüência do processo e que leve o
agricultor familiar a seguir um sistema que conserve a característica artesanal dos
produtos, concebida como a arte de processar alimentos, preservando o toque
especial de cada agroindústria familiar que precisa ser preservada. Deste modo, os
5 Organoléptico - (òr). [De organ(o)- + -léptico.] Adj. Fisiol. Diz-se de propriedade demonstrada por um corpo, ou por uma substância, e que impressiona um ou mais sentidos (São cinco os sentidos: visão, audição, olfato, gosto e tato).
programas de estímulo à implantação de agroindústrias familiares propõem um
conjunto de investimentos necessários em instalações e equipamentos para obter-se
o aval do poder público, através do atendimento das exigências legais nos aspectos
sanitários e fiscais. Em nenhum se estimula à redução das perdas no processo, e
também a multifuncionalidade da área construída envolvendo os processos possíveis
daquele produto naquele espaço.
Como exemplo: uma agroindústria de beneficiamento e processamento de
frutas, geralmente se faz um produto, podendo ser, polpa de frutas e o restante todo
é descarte , lixo , dinheiro jogado fora. O bagaço das frutas pode ser aproveitado em
chimias, doces, recheios para bombons, e outras variações de fabricação,
aumentando a gama de produtos e a renda, conseqüentemente.
No entanto, temos observado que tais alterações propostas, e muitas vezes,
estão além das expectativas dos agricultores que tem na atividade de
processamento de produtos de origem animal ou vegetal uma fonte de renda
complementar e sua escala de produção não justifica tal investimento. Nos casos em
que a opção é realizar o investimento, observa-se um conjunto de conseqüências
provenientes do aumento de linha de produção para obter a capacidade de
pagamento necessária: a incompatibilidade entre disponibilidade de matéria-prima e
produção esperada, a concorrência da atividade agroindustrial com as demais
atividades realizadas na agroindústria familiar, mão-de-obra, capital, terra, além da
descaracterização do processo artesanal de produção ao adotar-se um padrão
industrial (originado na introdução de máquinas e equipamentos que permitem um
controle rígido das metodologias dos processos de produção).
Considerando que tais políticas públicas aparecem sustentadas na
possibilidade de agregação de valor as matérias-primas disponíveis na agricultura
familiar e na manutenção de uma diversificação de atividades que garante uma
competitividade sistêmica na agricultura familiar (WILKINSON, 1997), os efeitos
acima descritos atribuem uma ponderação sobre a concepção destes programas de
estímulo à agroindústria familiar. No entanto, é a perda do caráter artesanal da
produção que precisa ser evitado, caso concorde-se com o que tem alcançado certo
consenso, é o produto diferenciado que pode sustentar uma estratégia de
desenvolvimento da agroindústria familiar.
Não podemos no entanto, descuidarmos do aspecto da segurança do
consumidor, como já apresentado em outras etapas deste curso, dos processos que
busquem a perda zero dentro de uma agroindústria familiar.
1. Aspectos sobre o controle de qualidade
É fundamental considerarmos que o caráter artesanal do processamento de
matérias-primas de origem animal ou vegetal tem conseqüência teóricas e práticas
que, normalmente, são colocadas em segundo plano no debate sobre a denominada
“Agroindústria Familiar”. Preocupa–se com a legalização e a formulação de leis , mas
precisamos capacitar os agentes de ATER, como se faz agora neste curso de
agroecologia, para que tenhamos o nivelamento dos conceitos e paradigmas que
envolvem a agroecologia e todas as outras atividades que a cercam. SILVEIRA,
2003, destaca numa pesquisa realizada na região centro do estado do RS que a
forma artesanal de produzir, significa que o processo de produção implica em uma
dimensão de arte e não meramente técnica.
Quando buscamos adequar a agroindústria artesanal de pequeno porte às
normas legais, estamos nada mais do que implementando um conjunto de
procedimentos, sejam estruturais ou relativos ao processo de produção
(conhecimento sistematizado para garantir um padrão), orientados na preocupação
com a segurança do consumidor. Mas isto pode significar o abandono do toque
especial do artesão ou na melhor das hipóteses, minimizá-lo. Tal adequação
argumenta-se, torna-se necessária para que o produto tenha uma certificação de sua
“qualidade”, ou seja, o aval do poder público de que o consumidor pode consumi-lo
sem risco (PREZOTTO, 1997).
Na busca de uma expansão de mercado, seja atingir as grandes redes de
supermercados ou o mercado externo, este processo assume fator estratégico e
vital. Pode-se argumentar que tais mercados de escala não são o objetivo dos
agricultores familiares, que o mercado local e regional seriam seu espaço
preferencial. Estrategicamente, como analisa MALUF (2004), é realmente os circuitos
locais e regionais de produção, distribuição e consumo que devem ser conquistados
pela produção artesanal de alimentos para sua consolidação inicial.
Mas, as análises dos programas de incentivo à agroindústria familiar tem
evidenciado que o investimento em sua implantação leva a obrigação de aumentar a
linha graduada de produção para além da capacidade de demanda do mercado local/
regional. “Tal situação relaciona-se com a capacidade de pagamento do
financiamento obtido e dos custos operacionais e encargos que passam a onerar o
empreendimento, SILVEIRA, 2003”.
O estímulo à produção comercial com a implantação de agroindústrias familiares,
significa o aumento do número de produtores de alimentos processados de origem
animal e vegetal que passam a disputar o mercado local e regional ““.
Se observarmos pelo viés da sustentabilidade desta estratégia estar
condicionada a inserção em maiores centros de consumo. Pôr esta razão que muitos
destes projetos tem fracassado pela incapacidade de tais empreendimentos
alcançarem mercado aceitável que o torne economicamente viável, considerando os
custos operacionais, amortização de investimentos e os tributos envolvidos, mesmo
quando o agricultor trabalha com o bloco de notas do produtor rural.
O apelo ao consumo de alimentos artesanais deve-se ao seu diferencial em
relação ao industrial, massificado e padronizado (SILVEIRA et alli, 2000;
GUIMARÃES, 2001). O impasse que temos vivenciado é a oposição entre o caráter
intrínseco do alimento artesanal e as tentativas de adequá-lo à legislação vigente
para potencializar sua participação no mercado. Portanto tem que se verificar quais
fatores podem sustentar uma estratégia alternativa que respeite o caráter artesanal
do alimento como diferencial na relação com o consumidor.
2. A Legislação Sanitária e o Controle de Qualidade
Em relação à Produção Artesanal de Alimentos, as abordagens tradicionais
enfocam como preocupação fundamental à adequação das unidades de
processamento de matérias primas de origem vegetal ou animal, às normas
sanitárias vigentes (PREZOTTO, 2002).
Tal enfoque implica em elaboração de projetos de implantação de instalações e
equipamentos que extrapolam a capacidade de investimento dos agricultores
familiares. Tal flexibilidade justifica-se pelo fato de que a legislação vigente no país
foi concebida nos princípios da grande escala de produção e da suposição de um
elevado tempo entre produção e consumo (SILVEIRA & ZIMERMANN, 2004), o que
não condiz com a realidade concreta das unidades de produção artesanal de
alimentos.
O problema surge com a inflexibilidade da legislação diante de uma pequena
escala de produção e um consumo quase imediato, situação da produção artesanal
desenvolvida na agricultura familiar. Associando qualidade a estrutura física, a
legislação condena esta produção artesanal à informalidade, pois seria necessário
um investimento para sua regularização, além de suas possibilidades e interesse. E
como bem lembra PREZZOTTO (2002 a,p.09), nas pequenas unidades de
processamento de alimentos, “a qualidade dos alimentos (...) está mais ligada à
qualidade da matéria prima, à saúde e higiene das pessoas que manipulam os
alimentos, à higiene das instalações, ao fluxograma operacional dos trabalhos da
agroindústria etc...”.Diante de tal realidade, “a questão fundamental é saber quais
critérios de qualidade devem ser adotados em circuitos locais e regionais de
produção, distribuição e consumo, considerando que seu contexto é diverso da base
epistêmica de que parte a legislação sanitária.” (SILVEIRA & ZIMERMANN, 2004,p.
219).
Trata-se, então, de definirmos quais os parâmetros mínimos de qualidade que
permitiriam a segurança ao consumidor e qual método de controle de qualidade a
aplicar, tema ainda controverso em nível de pesquisa (até pela carência de estudos
sobre a qualidade efetiva dos produtos da produção artesanal). Coerente com o
espírito da legislação sanitária vigente, a fiscalização hoje realizada adota um
método prescritivo de controle de qualidade, onde identificado um problema de
qualidade, através de uma análise laboratorial, o produto é considerado não apto
para o consumo. Nesta circunstância, assim como no caso de verificação de que as
instalações ou equipamentos utilizados não atendem as normas da legislação, o
estabelecimento é impedido de continuar produzindo, além de ser-lhe imputado às
penalidades previstas em lei.
Nesta perspectiva, o agente não age como educador, buscando junto aos
produtores superar os problemas identificados e nem indicando a forma de superá-
los. Se a preocupação, realmente é melhorar a qualidade dos produtos, a postura
devia ser normativa, “onde os critérios de qualidade são normatizados por técnicos e
agricultores, definindo-se os níveis de qualidade pretendidos em cada período”
(SILVEIRA & ZIMERMANN, 2004).
Deste modo, o controle de qualidade é visto como um processo permanente e
gradual. Assim, o método de controle de qualidade se baseia na avaliação dos
processos de produção, nas rotinas efetivadas, no fluxo de produção, nas práticas e
cuidados das pessoas envolvidas, surgindo, a partir daí, os pontos críticos no
aspecto de qualificação do produto.
De acordo com SILVEIRA, 2003, “trata-se de propor um processo de Qualificação
inspirado na necessidade de um controle normativo da qualidade e que possa
superar um conceito de qualidade estritamente sanitário em prol de uma qualidade
ampla”, a qual examinaremos a seguir, num breve resumo.
11 Qualidade Ampla
A legislação vigente trabalha com o conceito de qualidade estrito, limitado ao
aspecto sanitário e legal. No aspecto sanitário, a preocupação é a saúde do
consumidor. Vincula-se a estrutura disponível com qualidade do produto, pois se
pretende que esta garanta que não haverá contaminação do alimento.
Neste sentido, LAGRANGE (1995) desenvolve o conceito de qualidade ótima.
Neste conceito, o autor “destaca a qualidade sanitária (ou higiênica) quando um
alimento não é nocivo à saúde; a nutricional, em função da satisfação das
necessidades fisiológicas; a organoléptica, a que proporciona prazer ao consumidor;
a facilidade de uso, ligada à comodidade; e a regulamentar, por respeitar as diversas
normas” (PREZZOTTO, 2002, p.07).
No entanto, tal conceito, torna-se insuficiente por não abordar outros
elementos fundamentais. O aspecto ecológico, social, cultural e a aparência, o que
comporiam a qualidade ampla (PREZZOTTO, 2002). Segundo este autor, este
conceito implica numa perspectiva de saúde global e envolve a relação do
consumidor com o produtor.
Segundo SILVEIRA, 2003, aspecto ecológico estaria relacionado com o processo de
produção da matéria-prima e do produto final, onde haveria uma valorização dos
aspectos naturais, evitando a utilização de insumos químicos nocivos à saúde das
pessoas ou ao meio-ambiente.
O aspecto social refere-se ao compromisso do consumidor com um produto
que proporcione a quem produziu melhor qualidade de vida. Um consumo solidário,
onde se torna um ato de defesa de um projeto de inclusão social.
O aspecto cultural refere-se a valorização do saber fazer presente no alimento
artesanal, onde os conhecimentos do produtor fazem parte de uma herança
histórico-cultural (GUIMARÃES,2001). Práticas e hábitos alimentares características
de determinadas regiões rurais estão aí representadas e sua valorização relaciona-
se com a reação dos consumidores à massificação alimentar.
O aspecto da Aparência, o mais visível ao consumidor, relaciona-se com o uso
de embalagens que tornem o produto belo, mas também o protejam de efeitos
externos que prejudiquem seu estado natural, além de não significarem problemas
ambientais em seu descarte como resíduo.
A passagem de uma qualidade estrita para uma qualidade ampla significa uma
mudança necessária nos métodos de controle de qualidade, pois o método
prescritivo somente considera o fator sanitário. Deste modo, propomos um método
de controle normativo de qualidade, SILVEIRA, 2003..
12 Método de Controle de Qualidade Normativo
Por controle normativo de qualidade entendemos um processo em que as
normas que orientarão os procedimentos de produção são definidas a partir das
rotinas existentes e das práticas adotadas pelos produtores artesanais, (SILVEIRA
2003) Define-se entre técnicos e produtores as metas a perseguir e os indicadores
para sua avaliação.
Este método normativo de controle de qualidade exige uma ação educativa de
formação permanente que se inicia com a identificação dos pontos críticos do
processo de produção. Tal postura inspira-se no método internacionalmente
reconhecido, o APPCC - Análise dos Perigos e Pontos Críticos de Controle, mas
diferencia-se ao adequar-se a realidade da produção artesanal de alimentos, onde as
condições previstas nesse método para garantir a qualidade não ocorrem
normalmente e, também, por superar um viés estritamente sanitário.
A partir dos pontos críticos estabelece-se um plano de ação para re-
estruturação e qualificação adequada a cada unidade de produção artesanal de
alimentos. Por reestruturação entende-se um processo de melhoria das instalações e
equipamentos utilizados, considerando o mínimo necessário para alcançarem os
parâmetros mínimos de qualidade.
Para SILVEIRA, 2003, “o método de controle normativo, permite avançar para
a validação social da qualidade, processo onde produtor e consumidores definem a
qualidade esperada”. A Validação social da qualidade é um processo em que a
certificação da qualidade passa a ser conferida socialmente pelo acompanhamento
das diferentes instituições envolvidas neste programa de qualificação e pela
aceitação do consumidor, não apenas pelo carimbo dos órgãos encarregados da
vigilância sanitária (PREZOTTO, 2002).
13 Principais aspectos a serem considerados para elaboração e implantação
de projetos agroindustriais de pequeno porte
Na elaboração e implantação de projetos de agroindústria familiar os pontos
mais relevantes a serem considerados no momento de conceber e elaborar um
projeto agroindustrial, para maximizar acertos e diminuir erros deve ser considerado:
o estudo de viabilidade técnica/econômica; a escolha do local da construção; o
mercado (conhecer o local/região onde pretende atuar, concorrência, potencial,
mercado institucional); as formas de comercialização (marca, tipo de embalagem,
logística); a disponibilidade e qualidade da matéria-prima; a disponibilidade e
qualificação da mão-de-obra; a infra-estrutura disponível (energia, fone, estradas,
água); a disponibilidade de assistência técnica; o dimensionamento da unidade
(instalações, equipamentos, fluxo do processamento – lay out - escala de produção);
as fontes de recursos (financiamento, recursos próprios); a forma de gestão
(controles de produção, qualidade, contábil); a formalização da unidade (tipo de
pessoa jurídica, tipo de serviço de). inspeção sanitária, nota fiscal, (registro
ambiental) e o estudo dentro do que se propõe na troca de saberes e respeito às
tradições e aos costumes locais , adequando- os a legislação vigente.
Em fim, frisamos que para as pequenas agroindústrias, que tem maior
inserção no mercado local/regional, a comunicação com os consumidores pode
representar uma importante estratégia de inserção no mercado. Além de propiciar
uma ampliação do consumo de produtos da agroindústria familiar poderia dar inicio a
consolidação de uma nova visão de qualidade dos alimentos em especial
substituindo o caráter restritamente comercial, contribuindo para o processo
educativo dos consumidores e para a construção da cidadania e do desenvolvimento
sustentável.
A agroindústria não representa, entretanto, a solução definitiva da
problemática brasileira de exclusão social, mas sim uma alternativa possível de
oportunizar trabalho e renda, essencial e urgente para a construção da cidadania.
Também profissionais envolvidos no processo com conhecimentos específicos
traçando um parâmetro entre o que propõe a nova PNATER e as considerações de
CORDINE (2003 apud Francelino et. al, 2003), entende-se que o profissional
ligado...a economia domestica tem a ver com ecologia social, já que está preocupada
com a qualidade de vida, portanto, atenta aos aspectos sociais (relações humanas),
econômicos relações de consumo/(produção), laborais de saúde e educação da
população. Além de outros eixos transversais da profissão (relações de gênero, visão
holística da realidade, ecologia humana, etc.), (ibidem.). Entendo que a mescla de
profissionais ligados ao desenvolvimento sustentável e a agroecologia e
principalmente os técnicos de ATER abrem caminhos para o controle social e a
participação nas políticas públicas. É uma forma de se rever o que se fez nos
processos da extensão rural e do desenvolvimento sustentável e de se abrir às
oportunidades de mudança.
O enfoque da qualidade ampla pode contribuir no diálogo da ARPP com
os consumidores. Este processo de comunicação sobre a qualidade dos produtos
pode se dar diretamente dos produtores com os consumidores na venda direta dos
produtos (casa-em-casa, feiras etc). De outra forma, pode ocorrer através da
mediação de organizações de pequenas agroindústrias e dos consumidores, com
base na credibilidade estabelecida entre quem produz e quem consome, acordando
entre as duas partes, o padrão de qualidade desejado dos produtos.
Por fim, é necessária a continuação do debate sobre políticas públicas e
normas adequadas a uma nova visão de qualidade dos produtos, pela importância,
por um lado, dos alimentos para a qualidade de vida e para a longevidade da
população. Por outro, para a constituição de um ambiente institucional favorável a
ARPP.
Em novos estudos, este tema, diante de sua relevância, deve merecer
maior profundidade, indicando processos educativos potencializadores de
crescimento do ser humano como cidadão para o estabelecimento de um novo
paradigma orientado para o desenvolvimento sustentável e estabelecimento de
estilos de agricultura sustentável com base nos princípios de agroecologia
fornecendo elementos para compor políticas e consolidar uma nova visão de
qualidade dos alimentos na perspectiva da sustentabilidade ambiental, social, cultural
e econômica, tendo na pequena agroindústria, uma importante alternativa.
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