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UNIVERSIDADE DE SO PAULO
FFCLRP DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA E EDUCAO
PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM PSICOLOGIA
Efeitos de um programa de intervenocognitivo comportamental em grupo para crianas obesas
ANDREIA MARA ANGELO GONALVES LUIZ
Tese apresentada Faculdade de Filosofia, Cincias e Letras deRibeiro Preto da USP, como parte das exigncias para aobteno do ttulo de Doutor em Cincias, rea: Psicologia.
RIBEIRO PRETO - SP2010
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UNIVERSIDADE DE SO PAULO
FFCLRP DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA E EDUCAO
PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM PSICOLOGIA
Efeitos de um programa de intervenocognitivo comportamental em grupo para crianas obesas
ANDREIA MARA ANGELO GONALVES LUIZ
Tese apresentada Faculdade de Filosofia, Cincias e Letras de
Ribeiro Preto da USP, como parte das exigncias para aobteno do ttulo de Doutor em Cincias, rea: Psicologia.
Orientador: Prof. Dr. Ricardo Gorayeb
RIBEIRO PRETO - SP2010
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FICHA CATOLOGRFICA
Luiz, Andreia Mara Angelo Gonalves
Efeitos de um programa de interveno cognitivo comportamental em grupo para crianas obesas / Andreia Mara Angelo
Gonalves Luiz; orientador Ricardo Gorayeb. Ribeiro Preto, 2011.
111 f.: il.
Tese apresentada Faculdade de Filosofia, Cincias e Letras deRibeiro Preto / USP - Dep. de Psicologia e Educao.
1. Obesidade Infantil. 2. Terapia Cognitivo Comportamental.3. Qualidade de Vida. 4. Depresso. 5. Ansiedade.
6. Comportamento Alimentar.
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FOLHA DE APROVAO
Nome: Andreia Mara Angelo Gonalves LuizTtulo:Efeitos de um programa de interveno cognitivo - comportamental em grupo para crianas obesas
Tese apresentada Faculdade de Filosofia, Cincias e Letras deRibeiro Preto da USP, como parte das exigncias para a obteno dottulo de Doutor em Cincias.
Aprovado em:
BANCA EXAMINADORA
Prof. Dr.______________________________Instituio: ___________________________________________
Julgamento ___________________________ Assinatura:___________________________________________
Prof. Dr.______________________________Instituio: ___________________________________________
Julgamento ___________________________ Assinatura:___________________________________________
Prof. Dr.______________________________Instituio: ___________________________________________
Julgamento ___________________________ Assinatura:___________________________________________
Prof. Dr.______________________________Instituio: ___________________________________________
Julgamento ___________________________ Assinatura:___________________________________________
Prof. Dr.______________________________Instituio: ___________________________________________
Julgamento ___________________________ Assinatura:___________________________________________
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Dedicatria
Dedico este trabalho ao meu filho Lucas, amor
incondicional, que me ensinou o real motivo da vida e me trouxe
alegria e paz no corao;
Ao meu marido Leandro, companheiro fiel de todos os
momentos,
E a minha querida me Tita, que sem sua bondade e
apoio no teria percorrido toda essa trajetria.
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Ao Dr. Paulo Poiati pela viabilizao deste trabalho.
equipe de Psiquiatria do ambulatrio do HB, em especial o Prof. Altino Bessa Marques
Filho, pelo apoio e compreenso durante a realizao deste estudo.
A todos os contratados e aprimorandos do HB pelo incentivo e amizade.
s secretrias da biblioteca da FAMERP, Rosangela Kavanami e Zlia Rgis pelo auxilio e
ateno.
s secretrias do Servio de Psicologia e do Ambulatrio de Pediatria do HB pelo apoio.
s secretrias da FFCLRP-USP pela ateno.
Nilmara Barbosa de Oliveira, secretria da FAMERP, pela disponibilidade.
Victor Vianna pelos artigos cientficos e confiana.
Em especial, todas as mes e crianas que participaram deste estudo, meu agradecimento e
extremo respeito, muito obrigada!
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RESUMO
LUIZ, A. M. A. G. Efeitos de um programa de interveno cognitivo comportamentalem grupo para crianas obesas. 2010. 111 f. Tese (Doutorado) Faculdade de Filosofia,
Cincias e Letras de Ribeiro Preto, Universidade de So Paulo, Ribeiro Preto, 2010.
A obesidade infantil considerada um grave problema de sade pblica, tem aumentado deforma significativa e resulta em complicaes fsicas e psicolgicas. O presente trabalho tevecomo objetivo verificar efeitos de um programa de interveno cognitivo-comportamental emgrupo com crianas obesas sobre a qualidade de vida, depresso, ansiedade, comportamentoalimentar e ndice de massa corprea, quando comparados com um grupo controle.Participaram do estudo 65 crianas e suas mes, divididas em grupo experimental (n=35) egrupo controle (n=30) que foram avaliadas em trs momentos: avaliao inicial, reavaliao(aps 10 semanas) e seguimento (aps de seis meses). Nas avaliaes as mes responderam ao
Questionrio do Comportamento Alimentar em Crianas (CEBQ) e nas crianas foramaplicados o Questionrio de Avaliao de Qualidade de Vida em Crianas e Adolescentes(AUQEI), o Inventrio de Depresso Infantil (CDI) e a escala de ansiedade O Que Penso eSinto (OQPS). O grupo experimental foi submetido a um programa de interveno
psicolgica baseado no modelo da Terapia Cognitivo Comportamental. Este programaconstou de 10 sesses semanais com duas horas de durao cada. Durante o programa foramutilizadas as tcnicas: formulao e psicoeducao, registro de pensamentos disfuncionais,
bales de pensamento, reestruturao cognitiva, role-play, controle de estmulos,relaxamento, respirao, treino em habilidades sociais e em habilidades educativas parentais.O grupo controle recebeu atendimento padro oferecido pela equipe do Ambulatrio deEndocrinologia Peditrica (mdico endocrinologista peditrico, psicloga e nutricionista)durante os dias de consultas agendados. Dentre os participantes deste estudo houve
predominncia do sexo feminino, idade entre sete e nove anos e escolaridade entre a 1 e 4sries. Com relao aos dados scios demogrficos no foram encontradas diferenassignificantes entre os grupos. Foi verificada diminuio significante entre os momentos deavaliao do percentil de obesidade no grupo experimental; dos sintomas depressivos eansiosos e melhora da qualidade de vida, em comparao com o grupo controle. Os dadostambm indicam mudana significante no comportamento alimentar das crianas do grupoexperimental em relao ao grupo controle. Considera-se que o programa de intervenocognitivo-comportamental apresentou resultados satisfatrios na melhora de aspectosemocionais e comportamentais de crianas obesas, bem como na diminuio da obesidade.
Argumenta-se que programas como este deveriam ser amplamente utilizados em ambulatriosde obesidade infantil para melhorar a qualidade de vida das crianas.
Palavras-chave: obesidade infantil, terapia cognitivo comportamental, qualidade de vida,depresso, ansiedade, comportamento alimentar.
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ABSTRACT
LUIZ, A. M. A. G. Effects of a group cognitive-behavioral intervention program forobese children. 2010. 111 f. Tese (Doutorado) Faculdade de Filosofia, Cincias e Letras de
Ribeiro Preto, Universidade de So Paulo, Ribeiro Preto, 2010.
Obesity in children is considered a serious public health problem that has been increasingsignificantly and resulting in a physical and psychological complications. The objective ofthis paper is to verify the effects of a group cognitive-behavioral intervention with obesechildren on quality of life, depression, anxiety, eating behavior and body-mass index, whencompared to a control group. Sixty-five children and their mothers participated in this study.The children were divided in two groups: an experimental group (n=35) and a control group(n=30) and were evaluated in three stages: initial evaluation, re-evaluation (after 10 weeks)and follow-up (after six months). In these assessments the mothers answered the ChildrensEating Behavior Questionnaire (CEBQ) and the Quality of Life Evaluation Scale (AUQEI),
the Child Depression Inventory (CDI) and the anxiety scale What I Think and Feel (OQPS)were applied on the children. The experimental group was submitted to a psychologicalintervention program based on the Cognitive Behavioral Therapy model. This programconstituted of 10 two-hour weekly sessions. During the program the following techniqueswere used: formulation and psychoeducation; recording of dysfunctional thoughts; thought
balloons; cognitive restructuring; role-playing; stimulus control; relaxation; breathing;practice in social skills and parental education skills. The control group received standardassistance given by the Pediatric Endocrinology Outpatient team (pediatric endocrinologist,
psychologist and nutritionist) on the days they had scheduled appointments. In this studythere was a predominance of participants of the female sex, between the ages of 7 to 9 andeducation ranging from 1stto 4thgrades. In regards to the socio-demographic data there wasno significant difference between the groups. Considerable decrease in the percentage ofobesity; in depression and anxiety symptoms and an increase in quality of life was observed inthe experimental group between evaluation stages. The data also indicated a significantchange in the eating behavior of the children of the experimental group in relation to thecontrol group. We thus consider that the cognitive-behavioral intervention program presentedsatisfactory results in the emotional and behavioral aspects of obese children, in addition to adecrease in obesity. It has been discussed that programs such as this one should be widelyused in out-patient clinics that treat obese children to improve the quality of life of thesechildren.
Keywords: obesity in children, cognitive behavioral therapy, quality of life, depression,anxiety, eating behavior.
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L ista de Tabelas
Tabela 1. Variveis scio demogrficas do Grupo Experimental e do Grupo
Controle ............................................................................................ 65
Tabela 2. Mdia do percentil de obesidade dos participantes do grupo
experimental e controle nos trs momentos de avaliao................. 66
Tabela 3. Mdia obtida dos participantes no Inventrio de Depresso
Infantil CDI, nos trs momentos de avaliao............................... 67
Tabela 4. Distribuio dos participantes de acordo com as mdias obtidas
na Escala O Que Penso e Sinto (OQPS), nos trs momentos da
avaliao ........................................................................................... 69
Tabela 5. Escores mdios obtidos na Escala de Avaliao de Qualidade de
Vida (AUQUEI) nos grupos estudados ............................................
70
Tabela 6. Resultados mdios das subescalas do CEBQ no Grupo
Experimental e no Grupo Controle................................................... 72
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Lista de F igur as e Quadros
Quadro 1. Descrio da estrutura das sesses do programa de interveno
grupo experimental ........................................................................... 48
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L ista de Apndices
Apndice A. Ficha de identificao....................................................................... 95
Apndice B. Registro de pensamentos e comportamentos.................................... 96
Apndice C. Registro alimentar ............................................................................ 97
Apndice D. Registro de exerccios fsicos ...........................................................98
Apndice E. Bales de pensamento ...................................................................... 99
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L ista de Anexos
Anexo A. Termo de Consentimento Livre e Ps-esclarecimento ..................... 103
Anexo B. Questionrio de Avaliao de Qualidade de Vida em Crianas e
Adolescentes (AUQUEI Autoquestionnaire Qualit de Vie
Enfant Imag).................................................................................. 104
Anexo C. Inventrio de Depresso Infantil (C D I) .......................................... 105
Anexo D. O Que Penso e Sinto (OQPS) ........................................................... 107
Anexo E. Questionrio do Comportamento Alimentar de Crianas (CEBQ)... 108
Anexo F. Aprovao do Comit de tica em Pesquisa .................................... 111
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SUMRIO
1. INTRODUO ..................................................................................................................27
1.1 Obesidade Infantil...........................................................................................................271.2 Obesidade Infantil e Qualidade de Vida.........................................................................28
1.3 Obesidade Infantil, Ansiedade e Depresso ...................................................................30
1.4 Orientao de Pais e Obesidade Infantil .........................................................................33
1.5 Terapia Cognitivo-Comportamental e Obesidade Infantil .........................................35
1.6 Objetivos.........................................................................................................................38
1.6.1 Objetivo Geral .........................................................................................................38
1.6.2 Objetivos Especficos ..............................................................................................38
2. MTODO............................................................................................................................41
2.1 Delineamento do Estudo.................................................................................................41
2.2 Participantes ...................................................................................................................41
2.2.1 Grupo Experimental ................................................................................................41
2.2.2 Grupo Controle........................................................................................................41
2.2.3 Critrios de Incluso dos Participantes dos Dois Grupos........................................41
2.2.4 Critrios de Excluso dos Participantes dos Dois Grupos.......................................42
2.3 Materiais .........................................................................................................................42
2.4 Procedimento..................................................................................................................45
2.4.1 Abordagem dos participantes ..................................................................................45
2.4.2 Avaliao inicial ......................................................................................................46
2.4.3 Reavaliao..............................................................................................................46
2.4.4 Seguimento..............................................................................................................47
2.4.5 Grupo experimental .................................................................................................47
2.4.6 Grupo controle.........................................................................................................52
3. ANLISE DE DADOS.......................................................................................................57
4. ASPECTOS TICOS .........................................................................................................61
5. RESULTADOS E DISCUSSO .......................................................................................65
5.1 Descrio dos Participantes ............................................................................................65
5.2 Percentil de Obesidade ...................................................................................................665.3 Inventrio de Depresso Infantil (CDI) ..........................................................................67
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5.4 O Que Penso e Sinto (OQPS) ........................................................................................ 69
5.5 Escala de Avaliao de Qualidade de Vida (AUQEI) ................................................... 70
5.6 Questionrio do Comportamento Alimentar em Crianas (CEBQ)............................... 71
6. CONCLUSO.................................................................................................................... 79
7. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS............................................................................. 83
APNDICES .......................................................................................................................... 95
ANEXOS............................................................................................................................... 103
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1. INTRODUO
1.1 Obesidade Infantil
consenso que a obesidade tem aumentado progressivamente em todo o mundo e
atinge crianas, adolescentes e adultos de diferentes condies sociais, podendo determinar
vrias complicaes na infncia e na idade adulta. A obesidade infantil um dos problemas
de maior prevalncia na rea peditrica e um dos transtornos nutricionais mais freqentes,
tanto em naes ricas como naquelas em desenvolvimento, sendo por isso considerada um
grave problema de sade pblica (LAMOUNIER, J. A.; LAMONIER, F. B.; WEFFORT,
2009; SCHWARTZ; PUHL, 2003; MELLO; LUFT; MEYER, 2004; PINHAS-HAMIEL etal., 2006; NONINO-BORGES; BORGES; DOS SANTOS, 2006). Strauss (1999) refere que a
proporo de obesidade infantil que prevalece como obesidade moderada na vida adulta de
15,0% a 20,0%, e que esses nmeros aumentam quanto maior a idade da criana.
Nos pases desenvolvidos, a obesidade infantil atinge propores epidmicas, sendo
sua prevalncia maior que desnutrio e doenas infecciosas. Esses pases tm concentrado
seus esforos na rea de sade pblica na preveno das doenas no transmissveis, dando
nfase reduo da obesidade, pela modificao do padro alimentar e diminuio dosedentarismo (BROWNELL; ONEIL, 1999). A Organizao Pan-Americana da Sade
(OPAS, 2003) aponta dados preocupantes em relao obesidade infantil. No mundo existem
17,6% de crianas menores de cinco anos com obesidade, nos Estados Unidos o nmero de
crianas obesas dobrou e o de adolescentes triplicou desde 1980.
No Brasil, a prevalncia de obesidade e sobrepeso tem aumentado e a projeo dos
resultados de pesquisas feitas nas ltimas trs dcadas indicativa de um comportamento
epidmico (NOVAES; ROCHA; PEREIRA NETO, 2009). Um estudo realizado na EscolaPaulista de Medicina, revelou que aproximadamente 4,0% a 5,0% das crianas menores de 12
anos, atendidas para triagem mdica, apresentavam obesidade (FISBERG, 1995). Outra
pesquisa com o objetivo de descrever a prevalncia da obesidade em 13.715 adolescentes
brasileiros, entre 10 e 19 anos de idade, apontou maior prevalncia de obesidade no grupo dos
adolescentes do sexo feminino, de nvel socioeconmico mais alto e de regies
industrializadas (NEUTZLING et al., 2000). Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatstica (IBGE, 2004) a Pesquisa de Oramentos Familiares em 2002 e 2003 mostrou a
obesidade como sendo um grave problema, pois 38,8 milhes de brasileiros com 20 anos ou
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mais esto acima do peso, sendo que, destes, 10,5 milhes so obesos; e 16,7% da populao
entre 10 e 19 anos possuem excesso de peso.
Com relao presena da obesidade infantil em escolas particulares ou da rede
pblica, um levantamento realizado com alunos entre cinco e 10 anos de idade, matriculados
em escolas da rede pblica e particular da cidade de Salvador, BA, mostrou que a prevalncia
de obesidade encontrada foi de 15,8%. Na comparao dos resultados, a freqncia de
obesidade foi maior para alunos das escolas particulares do que para os das escolas pblicas
(LEO et al., 2003).
A obesidade pode ser classificada de duas maneiras, como endgena, decorrente de
outras doenas, como as sndromes genticas e as alteraes endocrinolgicas, ou exgena,
resultante de ingesto excessiva de alimentos, quando comparada necessidade energtica doindivduo. A obesidade endgena responsvel por apenas 1,0% dos casos de obesidade e os
99,0% restantes so considerados de causa exgena, ou seja, com predominncia da influncia
de fatores ambientais (DAMIANI; CARVALHO; OLIVEIRA, 2000).
Portanto, a obesidade infantil um problema tanto da rea da sade como cultural,
pois mudanas sociais tm levado a modificaes no estilo de vida, como a alimentao
rpida e inadequada e a reduo da atividade fsica, o que colabora para o aumento do
sobrepeso e obesidade, afetando assim a qualidade de vida desses ndivduos, associando-se adoenas, ainda na infncia (STRAUSS, 1999; LIMA, 2004).
1.2 Obesidade Infantil e Qualidade de Vida
Qualidade de vida definida pela diviso de Sade Mental da Organizao de
Mundial de Sade (WHOQOL GROUP) como "a percepo do indivduo de sua posio na
vida no contexto da cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em relao aos seusobjetivos, expectativas, padres e preocupaes" (WHOQOL GROUP, 1994). A avaliao da
qualidade de vida em pacientes portadores de doenas crnicas tem auxiliado no
estabelecimento de metas no tratamento, que visam atenuar as limitaes fsicas, psicolgicas
e sociais impostas pela prpria doena e pelo seu tratamento (CANINI et al., 2004).
O estudo do impacto da obesidade sobre a qualidade de vida de uma criana
relevante em funo dos agravantes clnicos da doena, da sua prevalncia e do estigma
associado. Para crianas e adolescentes, qualidade de vida pode estar relacionada sua
capacidade funcional e interao psicossocial, tanto quanto de sua famlia. Relaciona-se
tambm a uma sensao de bem-estar, manifestando o quanto seus desejos e esperanas se
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aproximam do que realmente est acontecendo (BRASIL; FERRIANI; MACHADO, 2003;
BARREIRE et al., 2003).
O conceito de qualidade de vida abrange vrios domnios de funcionamento do
indivduo, tais como: condies fsicas, capacidade funcional, condies psicolgicas e bem
estar, interaes sociais, condies ou fatores econmicos e/ou vocacionais e condies
religiosas e/ou espirituais. A avaliao da qualidade de vida geralmente realizada com base
na percepo que o indivduo tem em relao a cada uma destas reas (FLECK, 2000;
BARREIRE et al., 2003; BRASIL; FERRIANI; MACHADO, 2003).
O Questionrio de Avaliao da Qualidade de Vida em Crianas e Adolescentes
(AUQEI) um instrumento bastante utilizado para avaliar sentimentos e sensao de bem-
estar em relao ao estado atual. Considera-se que h uma diferena terminante entre o que qualidade de vida infantil na viso de um adulto e a da prpria criana. Assim, as percepes
dos pais e da equipe mdica em contato com a criana sob avaliao apresentam baixos
ndices de correlao com a auto-avaliao infantil (ASSUMPO JR et al., 2000).
Inmeros fatores associados obesidade infantil podem interferir diretamente na
qualidade de vida e na auto-estima das crianas, que acabam por se perceberem inadequadas e
desvalorizadas. alarmante a constatao de que problemas srios em relao sade
manifestam-se j na infncia. As alteraes metablicas, por exemplo, o Diabetes MellitusTipo II, oferece limitaes comportamentais vida da criana ou podem exp-la a situaes
de difcil manejo, j que so exigidos controles alimentares para crianas que tenham
hiperinsulinemia ou variaes na concentrao de gordura no sangue (aumento dos nveis de
colesterol total) (LIBERATORE JUNIOR et al., 2008; ABRANTES; LAMOUNIER;
COLOSIMO, 2002).
Alm dessas alteraes, a gordura centralizada normalmente em tronco abdominal,
traumas de articulaes, estrias, infeces fngicas (em especial nas dobras cutneas),acantose nigricans (doena de pele, caracterizada por leso de cor cinza e engrossada, que d
um aspecto verrugoso) e as doenas cardiovasculares, alm de expor a criana a situaes
difceis pelas alteraes em sua aparncia, ainda podem limitar sua capacidade de execuo
de atividades fsicas comuns a outras crianas e se associar a mortalidade em idade precoce
(OLIVEIRA; FISBERG, 2003; SPADA, 2005).
Em anlise de estudos realizados na rea verifica-se que programas com enfoque na
melhora do estilo de vida reduziram o excesso de peso entre seis e 12 meses aps o incio da
interveno. Uma pesquisa com crianas alems com sobrepeso e obesidade, efetuada para
investigar qualidade de vida utilizando o instrumento Health-Related Quality of Life
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(HRQoL), mostrou um prejuzo significativo na percepo de sade e no bem estar social e
emocional destas crianas (WILLE et al., 2008). Da mesma forma, um estudo de Sato,
Nakamura e Sasakique (2008) apontou que crianas e adolescentes obesos tm ndices baixos
na avaliao dos domnios de qualidade de vida.
Existem evidncias que o estado nutricional da criana e seus hbitos alimentares na
infncia podem estar relacionados obesidade abdominal na vida adulta, aumentando o risco
de complicaes metablicas (LOURENO; CARDOSO, 2009). Portanto, a obesidade
infantil e outras doenas crnicas tambm podem favorecer o desenvolvimento de transtornos
psiquitricos (ASSUMPO JR et al., 2000) e se tornarem fator de sofrimento, levando a
comprometimentos emocionais e comportamentais que podero prejudicar ainda mais a
qualidade de vida (LUIZ, GORAYEB; LIBERATORE JNIOR et al., 2010). Assim, importante para o tratamento da obesidade infantil considerar sua relao com problemas
emocionais, precedentes obesidade ou conseqentes a ela.
1.3 Obesidade Infantil, Ansiedade e Depresso
Ansiedade pode ser definida como um sentimento desagradvel de apreenso,
caracterizado por tenso e/ou desconforto, derivados de antecipao de perigo externo ouinterno. A ansiedade inerente vida, portanto uma experincia que todas as pessoas
vivenciam, em menor ou maior grau, em diferentes momentos, no qual, a reao ansiosa pode
ser de curta durao, autolimitada e relacionada ao estmulo ambiental. Porm, torna-se
doena quando desproporcional situao desencadeante e quando interfere na qualidade de
vida, no conforto emocional e no desempenho dirio do indivduo (CASTILLO et al., 2000).
H muito tempo existem estudos com pacientes que apresentam sintomas de ansiedade
em diferentes especialidades mdicas, como cardiologia, gastroenterologia, neurologia,urologia, endocrinologia, dentre outras. A manifestao de um quadro ansioso influenciada
por vrios fatores. Os fatores genticos, ambientais e psicolgicos so indicados como os mais
importantes. Os pensamentos comuns em situaes de ansiedade incluem superestimao do
perigo, subestimao da capacidade de enfrentamento e da ajuda disponvel, preocupaes e
pensamentos catastrficos (SHINOHARA; NARDI, 2001; AYALA, 2002).
A ansiedade est presente na maioria dos transtornos psiquitricos e muitas vezes um
sintoma secundrio. Entretanto, nos Transtornos de Ansiedade, ela a manifestao principal.
Dentre os Transtornos de Ansiedade, o Transtorno de Ansiedade Generalizada um dos mais
freqentes na prtica clnica. caracterizado por preocupaes irreais ou excessivas, com
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diversos sintomas somticos, como tremores, tenso muscular, sudorese, taquicardia, tonturas
e desconforto digestivo (CORDIOLLI, 2007; MNDEZ; OLIVARES; BERMEJO, 2005).
Os transtornos ansiosos so quadros comuns, tanto em adultos como em crianas. Nas
crianas e adolescentes, os transtornos ansiosos mais freqentes so o transtorno de ansiedade
de separao e o transtorno de ansiedade generalizada (CASTILHO et al., 2000). De acordo
com os critrios do Manual de Diagnstico e Estatstica de Transtornos Mentais DSM IV-
TR (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION - APA, 2002) para transtorno de
ansiedade generalizada so utilizados os mesmos critrios diagnsticos para crianas e
adultos, sendo mais comum que as crianas apresentem preocupao excessiva com sua
competncia ou qualidade de seu desempenho. O transtorno de ansiedade de separao o
nico transtorno de ansiedade a ser mantido na seo especfica de transtornos geralmentediagnosticados pela primeira vez na infncia ou adolescncia.
De acordo com Stallard (2010) os transtornos de ansiedade em crianas so comuns e
constituem o maior grupo de problemas de sade mental durante a infncia, podem causar
efeito significativo no funcionamento dirio e interferir na aprendizagem, no desenvolvimento
de amizades e nas relaes familiares. Este autor refere ainda que um dos componentes
cognitivos mais importantes da ansiedade infantil so os medos e as preocupaes.
Tendo como hiptese que a obesidade infantil pode estar relacionada com sintomas deansiedade, Carvalho et al. (2001), em uma pesquisa com pr-adolescentes obesos de ambos os
sexos, com idade entre nove e 13 anos, observaram que os meninos apresentaram sinais
indicativos de problemas emocionais. No que se refere a sintomas de ansiedade, a maioria dos
participantes do estudo apresentou nveis de ansiedade dentro do esperado para essa faixa
etria, no se encontrando diferena entre os sexos. Os autores concluram que no houve
diferena significante entre obesos e no obesos, e consideram a importncia de realizar
outros estudos para elucidar aspectos relativos ao funcionamento psicolgico de pr-adolescentes obesos.
Com o propsito de avaliar os transtornos psiquitricos mais freqentes em 84
crianas (mdia de idade = 10 anos) obesas, comparando-as com crianas portadoras de
diabetes, Zipper et al. (2001) observaram que mais da metade das crianas estudadas
apresentaram diagnsticos envolvendo sintomas de ansiedade. Os escores para a ansiedade
foram mais altos entre as crianas obesas do que entre os diabticos. Os autores tambm
argumentaram a favor da necessidade de se investigar transtornos psiquitricos nos familiares
dessas crianas, bem como de envolv-los no processo de tratamento.
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Last et al., (1987), em um estudo sobre comorbidade, relataram que 15,0% das
crianas encaminhadas a uma clnica infantil para tratamento de ansiedade, quando avaliadas,
receberam diagnstico principal de depresso maior com transtornos secundrios de
ansiedade. Assim, quando se avalia a ansiedade importante avaliar tambm os sintomas
depressivos que possam estar associados.
Os sintomas depressivos geralmente so expressos por queixas somticas (dores,
tonturas, formigamentos, tremores, arrepios), por cansao, dificuldade de concentrao,
isolamento social, excesso de preocupao e queixas especificamente psicolgicas, como
tristeza, angstia e irritabilidade. Outros sintomas importantes so alteraes no apetite, no
sono, perda ou ganho de peso e sentimentos de inferioridade, incompetncia e culpa. Todos
esses sintomas trazem grande sofrimento e prejuzos ao desempenho social e ocupacional dapessoa (LOTUFO NETO et al., 2001). Os critrios diagnsticos do DSM IV-TR (APA, 2002)
para transtornos do humor so os mesmos utilizados para diagnstico da depresso infantil.
Entre os transtornos psicolgicos estudados na infncia e adolescncia, a depresso tem
suscitado crescente interesse, principalmente pela freqncia com que esse diagnstico tem
sido feito. Entretanto, durante muito tempo, acreditou-se que as crianas raras vezes
apresentavam depresso.
Sentimentos de tristeza, irritabilidade e agressividade, dependendo da intensidade e dafreqncia, podem ser indcios de quadros depressivos em crianas, assim como as sbitas
mudanas de seus comportamentos, no justificadas por fatores estressantes, so de extrema
importncia para elaborar um diagnstico de transtornos depressivos. Os sintomas depressivos
podem interferir na vida da criana de maneira intensa, prejudicando seu rendimento escolar e
seu relacionamento familiar e social (FUI et al., 2000). A depresso pode ser tambm sintoma
de doenas orgnicas, como os distrbios endocrinolgicos e neurolgicos. Pode ainda ser
mais freqente em alguns grupos de crianas, como as portadoras de problemas crnicos desade e dificuldades acadmicas (MIYAZAKI, 1993). Entre tais grupos, vulnerveis para o
desenvolvimento da depresso infantil, encontra-se tambm a obesidade, que, muitas vezes,
acarreta dificuldades comportamentais, interferindo assim no relacionamento social, familiar e
acadmico da criana (LUIZ et al., 2005; LUIZ; GORAYEB, 2006).
Csabi et al. (2000) compararam a presena de sintomas depressivos entre 30 crianas
obesas em tratamento ambulatorial e 30 crianas no obesas, por meio de uma Escala de
Classificao de Depresso. Os resultados apontaram uma maior proporo de sintomas
depressivos em crianas obesas, quando comparadas com as de peso normal.
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Luiz, Gorayeb e Liberatore Jnior (2010) em estudo realizado com crianas obesas,
comparadas com crianas no obesas, observaram que as obesas apresentaram
significantemente mais sintomas depressivos e ansiosos, que houve predominncia de dficits
de competncia social entre as crianas obesas e que os problemas comportamentais tambm
se mostraram associados obesidade infantil. Os autores apontaram a necessidade de se
avaliar psicologicamente crianas obesas, permitindo, assim, uma interveno precoce com
realizao de programas de para ajud-las a perder peso e para prevenir que a obesidade
venha a afetar emocionalmente estas crianas. Os autores concluram que se torna
fundamental incluir nos programas de tratamento da obesidade infantil orientaes especficas
aos pais e ou cuidadores, j que so as pessoas de maior convvio com as crianas e tm
envolvimento direto no desenvolvimento e manuteno de seus comportamentos.
1.4 Orientao de Pais e Obesidade Infantil
A infncia uma fase do desenvolvimento humano em que os indivduos so
ensinados e orientados sobre os comportamentos adequados para o convvio em sociedade,
em que aprendem a sentir, agir e pensar de acordo com as regras e costumes institudos pela
cultura da qual fazem parte; estes comportamentos so produtos das interaes do indivduocom seu ambiente (MARINHO, 2000).
A famlia pode ser considerada como o primeiro e mais importante contexto social,
emocional, econmico e cultural para o desenvolvimento humano, tendo grande influncia
sobre o bem estar das crianas (SANDERS, 2005). Ao conviver com novos grupos sociais,
como na escola, por exemplo, a criana exercitar e ampliar as habilidades aprendidas no
mbito familiar. A base adquirida junto famlia, contudo, um importante aspecto para o
sucesso ou o fracasso das relaes sociais infantis, seja com seus pares ou professores.Marinho (2000) tambm refere que os pais ou cuidadores devem ser includos nos programas
de interveno psicolgica com crianas, j que eles fazem parte do contexto da criana e
esto envolvidos no processo de manuteno e desenvolvimento dos comportamentos infantis.
Nesta mesma perspectiva, Silvares (2004) afirma que se deve trabalhar com os pais
objetivando-se alterar os comportamentos de seus filhos, pois so eles que tm maiores
condies de alterar as contingncias controladoras de seus comportamentos, por disporem,
quase sempre, dos reforadores envolvidos com as referidas contingncias.
Com relao obesidade infantil sabe-se que membros de uma mesma famlia esto
expostos a hbitos culturais e alimentares que acabam influenciando uns aos outros, bem
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como colaborando com o ganho de massa corporal. Isso evidencia que, alm da herana
gentica, a influncia ambiental tambm desempenha papel importante no desenvolvimento
da obesidade. Esses fatores fazem com que o manejo da obesidade na infncia seja
considerado difcil, pois est relacionado a mudanas de hbitos familiares e disponibilidade
dos pais (MELO; LUFT; MEYER, 2004). As famlias de crianas obesas esto
freqentemente associadas s dificuldades em habilidades parentais, sentimentos de tristeza e
presena de transtornos psiquitricos (WILKINS et al.,1998). Devido a todos estes fatores
argumentados faz-se necessrio inserir os pais nos programas de atendimento.
Problemas psicossociais, isolamento, depresso e baixa auto estima so, geralmente,
conseqncias precoces da obesidade, enquanto que os fatores de risco s doenas (doenas
cardiovasculares e diabetes) so, em geral, complicaes em longo prazo. O tratamentofarmacolgico no considerado inteiramente seguro e efetivo para todas as idades e deve ser
reservado para casos em que no haja resposta s terapias comportamentais. O cuidado com a
obesidade em crianas e adolescentes deve ento incluir programas de preveno e tratamento
desenvolvidos para dar suporte a mudanas de comportamentos (como alimentaes
saudveis e atividades fsicas). A educao nutricional deve atingir vrios contextos
(residncias, escolas e restaurantes) e precisa estar associada a atividades fsicas (FISBERG et
al., 2004).Stern (2003) descreveu uma proposta de treinamento de pais baseada na Terapia de
Avaliao Cognitiva, que postula que os indivduos reproduzem na criao de seus filhos
padres de interao experinciados na forma como foram criados e educados por seus pais.
A estrutura do programa feita sob o formato de grupo de pais, cujo principal enfoque
aumentar a motivao destes participantes em mudar, ao ajud-los a abandonar certos
comportamentos inadequados apresentados na educao de seus filhos.
No que tange a treinamento de pais dentro da abordagem comportamental, um dosmais citados e influentes programas de orientao parental encontrado na literatura foi
desenvolvido por Patterson; de Baryshe; Ramsy (1989). Este programa foi organizado para
ser aplicado com crianas de idades entre trs a 12 anos que apresentavam problemas de
comportamentos relacionados a desvios de conduta. Posteriormente, foi direcionado para o
atendimento de famlias, cujos filhos eram adolescentes delinqentes e/ou com
comportamentos anti-sociais (MARINHO, 2000). De acordo com alguns estudos realizados
com pais, que so denominados de treinamento de pais, tanto os realizados individualmente
ou em grupo demonstraram que esta uma abordagem teraputica efetiva, que apresenta
resultados satisfatrios (WILLIAMS; MATOS, 1984; MARINHO, 2000; STERN, 2003).
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A literatura tambm destaca o efeito positivo de incluir a famlia ou os pais no
tratamento das crianas obesas. Geralmente essas intervenes so realizadas em grupos,
tanto com as crianas como com as famlias. Os principais resultados encontrados no final
desses grupos so diminuies no ndice de Massa Corprea (IMC) e do colesterol, aumento
da realizao de atividades fsicas, melhora na qualidade de vida e na auto - estima. Os grupos
de interveno comumente so feitos com base na terapia comportamental ou terapia
cognitivo-comportamental com enfoque psicoeducativo (WARSCHBURGER,2001; JIANG
et al., 2005; MUNSCH et al., 2008; JAN, et al., 2009). Oude Luttikhuis et al. (2009)
consideram a importncia do uso de estratgias comportamentais para melhorar a interao da
equipe de sade com a famlia de crianas obesas.
1.5 Terapia Cognitivo-Comportamental e Obesidade Infantil
O fundamento essencial da Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) baseia-se no
reconhecimento da interdependncia entre cognio, emoo e comportamento. A TCC
trabalha essencialmente a relao existente entre pensamentos, comportamentos e emoes,
considerando que a cognio atua como mediadora da relao do sujeito com o mundo
exterior, sendo fator determinante na expresso de comportamentos e emoes (BECK,2009). Dobson (2001) aponta que existem trs princpios bsicos que caracterizam a TCC: a
atividade cognitiva influencia o comportamento, a atividade cognitiva pode ser monitorada e
alterada e o comportamento desejado pode ser influenciado por meio da mudana cognitiva.
As tcnicas utilizadas na TCC so ativas, diretivas, estruturadas, de prazo limitado e com
utilizao de tarefas de casa. Qualquer tcnica desenvolvida para ser aplicada
individualmente pode ser tambm utilizada em grupos.
O modelo cognitivo de Aaron Beck pressupe dois elementos bsicos: a tradecognitiva e as distores cognitivas. A trade cognitiva consiste na viso negativa de si
mesmo, na qual a pessoa tende a ver-se como inadequada ou inapta (Sou desinteressante,
Sou muito gordo para gostarem de mim); na viso negativa do mundo, que inclui
relacionamentos, trabalho e atividades (As pessoas no apreciam meu trabalho), e na viso
negativa do futuro, o que parece estar cognitivamente vinculado ao grau de desesperana dos
indivduos (BECK, 1997; POWELL et al., 2008).
O modelo cognitivo prope que os transtornos psicolgicos so resultado de um modo
distorcido ou disfuncional do indivduo perceber os acontecimentos e est altamente centrado
na varivel pensamento, identificando trs tipos deste: o pensamento automtico, as crenas
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intermedirias e as crenas centrais (BECK, 1997). As crenas centrais podem ser definidas
como verdades globais e absolutas que o sujeito faz de si, dos outros e de seu mundo. So
desenvolvidas desde a infncia, como resultado de circunstncias presentes em seu ambiente,
tendo como caractersticas principais a rigidez e a generalizao (BECK, 1997; WRIGHT;
BASCO; THASE, 2008). As crenas centrais podem ser divididas em duas categorias
essenciais, sendo as primeiras relacionadas ao desamparo (Sou incompetente, fraco,
carente) e as associadas impossibilidade de ser amado (Ningum me deseja, no tenho
valor, sou diferente).
As crenas intermedirias representam o segundo nvel de pensamento. Sua
caracterstica principal que no esto diretamente relacionados exposio de
contingncias e ocorrem sob forma de suposio ou regras (PEANHA; RANG 2008). Ospensamentos automticos, primeiro nvel do funcionamento cognitivo, tm como
caracterstica a espontaneidade. So eliciados a partir de situaes corriqueiras do nosso dia-
a-dia e podem surgir em forma de sentenas ou de imagens. comum a presena de
pensamentos automticos distorcidos nos transtornos psicolgicos e ser a partir da anlise
dos pensamentos automticos que se ter acesso s distores cognitivas (FALCONE, 2001;
WRIGHT; BASCO; THASE, 2008).
As distores cognitivas so compreendidas como erros sistemticos na percepo eno processamento de informaes, sendo que as mais comuns foram observadas por Aaron
Beck como um sistema tipolgico e, dentre elas, encontra-se a inferncia arbitrria (concluso
antecipada e com poucas evidncias), abstrao seletiva (tendncia da pessoa a escolher
evidncias de seu mau desempenho), supergeneralizao (tendncia a considerar que um
evento ou desempenho negativo ocorrer outras vezes) e personalizao (atribuio pessoal
geralmente de carter negativo). As distores decorrem de regras e pressupostos, que so
padres estveis adquiridos ao longo da vida. Essas regras e crenas so sensveis ativaode fontes primrias como o estresse e, freqentemente, levam a estratgias interpessoais
ineficazes (POWELL et al., 2008). Assim, a aplicao da terapia cognitivo-comportamental
um processo de tratamento que auxilia os pacientes a modificarem crenas e comportamentos
que produzem certos estados de humor, prioriza a aliana teraputica, apresenta-se de forma
breve atravs da estruturao das sesses e possui enfoque educativo (BECK, 1997).
A utilizao da TCC com crianas vem crescendo ao longo do tempo. Isso se deve ao
resultado de vrios estudos que mostraram a efetividade da TCC com crianas e adolescentes no
tratamento de transtornos psicolgicos como ansiedade, depresso e fobias (SILVERMAN et al.,
1999; STALLARD, 2010). As intervenes baseadas no modelo cognitivo-comportamental
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infantil possuem os mesmos pressupostos tericos da TCC com adultos e preocupam-se em
aumentar a conscincia da criana sobre cognies e crenas disfuncionais e em facilitar o seu
entendimento dos efeitos destes sobre o comportamento e as emoes. Na maioria das vezes os
programas de tratamento envolvem automonitoramento, identificao de cognies desadaptadas,
verificao de pensamento e reestruturao cognitiva (STALLARD, 2004).
Especificamente em se tratando de crianas obesas, Fisberg (2004) refere que as
tcnicas comportamentais so importantes ferramentas para o manejo e preveno da
obesidade e que o comportamento familiar (ex: sedentarismo) deve ser avaliado, e as tcnicas
utilizadas para isto geralmente so efetivas. A TCC, que derivada de teorias da
aprendizagem, mencionada como abordagem de escolha para o tratamento da obesidade por
facilitar a adeso e a manuteno ao tratamento, bem como modificar padres decomportamentos. Visa principalmente promover estratgias adequadas para restries
dietticas, desencorajar prticas inadequadas em relao alimentao e aumentar a
motivao para manter um estilo de vida mais saudvel (SHAW et al., 2005; LARRAAGA;
GARCA-MAYOR, 2007; VIGNOLO et al., 2008).
Reinehr (2005) avaliou a efetividade de um programa denominado OBELDICKS,
que consistia principalmente na implementao de exerccios fsicos e na educao alimentar,
com base na terapia comportamental. Participaram deste programa 132 crianas eadolescentes obesos e os resultados mostraram uma reduo significativa no peso, na
freqncia de ocorrncia de diagnsticos de hipertenso e nas dislipidemias.
Outro estudo com 33 crianas obesas, durante dois anos, submetidas a um programa
de tratamento em grupo, baseado na terapia comportamental familiar, mostrou que aps a
interveno o IMC, o colesterol, o triglicrides, o grau de obesidade e os valores da presso
arterial diminuram significativamente (JIANG, 2005). Tsiros, et al., (2008) em artigo de
reviso concluem que apesar de algumas limitaes, as evidncias atuais indicam que asestratgias cognitivo-comportamentais combinadas com dieta e atividade fsica ajudam a
reduzir a obesidade em crianas e adolescente.
Resultados de uma pesquisa sobre sade infantil realizada pela Associao Americana
de Obesidade (AMERICAN OBESITY ASSOCIATION AOA, 2008) mostraram que a
maioria dos pais acredita que a educao fsica no deve ser reduzida nas escolas, 30 % se
mostraram muito preocupados com o peso de seus filhos, 12 % consideraram seus filhos com
sobrepeso e 24 % relataram seus filhos como pouco ativos. Durante outro questionamento,
referiram que o maior risco sade de seus filhos, em longo prazo, era, em primeiro lugar, as
drogas ilcitas (24 %), posteriormente, a violncia (20%), o tabagismo (13 %), as doenas
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sexualmente transmissveis (10 %), o lcool (6 %) e por ltimo (5 %) a obesidade ou
sobrepeso.
Esses dados, portanto, sugerem que os pais consideram importante a realizao de
exerccios fsicos regulares e o consumo de alimentos saudveis, mas ao mesmo tempo
parecem subestimar o risco sade em relao ao excesso de peso das crianas. Deste modo,
h necessidade de estudos adicionais para desenvolver programas de sade pblica
apropriados para educar adequadamente os pais em relao aos riscos e prejuzos da
obesidade infantil.
Identifica-se ento o interesse em se prevenir a obesidade infantil, em virtude do
aumento da prevalncia e constncia, na vida adulta, da obesidade e tambm por seu poder,
enquanto fator de risco, para as doenas crnico-degenerativas. As intervenes com crianas,sobretudo antes dos dez anos de idade ou na adolescncia, reduzem mais a gravidade da
doena do que as mesmas intervenes na idade adulta. Isso pode acontecer porque as
mudanas no estilo de vida de uma criana acabam sendo mais fceis, provavelmente, devido
influncia e interesse dos pais, bem como por serem necessrias poucas modificaes no
balano calrico para causar alteraes substanciais, j que a infncia uma fase de
crescimento (TROIANO; FLEGAL, 1998). Com base nessas consideraes que se
estabeleceram os objetivos deste estudo.
1.6 Objetivos
1.6.1 Objetivo Geral
Verificar os efeitos de um programa de interveno cognitivo-comportamental em
grupo com crianas obesas sobre a qualidade de vida, depresso, ansiedade, comportamentoalimentar e ndice de massa corprea, quando comparados com um grupo controle.
1.6.2 Objetivos Especficos
a) verificar o percentil de obesidade das crianas, com base no IMC;
b) avaliar qualidade de vida, depresso e ansiedade nas crianas;
c) avaliar o comportamento alimentar das crianas, atravs do relato das mes,
d) estruturar e aplicar um programa de interveno em grupo para crianas obesas
e) comparar os dados obtidos com o grupo controle em medidas pr, ps e seguimento.
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2. MTODO
2.1 Delineamento do Estudo
O presente trabalho se constitui numa pesquisa do tipo experimental, com
delineamento quase-experimental. A coleta de dados foi realizada no Servio de Psicologia e
de Endocrinologia Infantil do Hospital de Base da Faculdade de Medicina de So Jos do Rio
Preto (FAMERP/FUNFARME).
2.2 Participantes
Participaram deste estudo 65 crianas com obesidade exgena e suas mes, divididos
em dois grupos: Grupo Experimental e Grupo Controle. Todos seguiam atendimento no
Ambulatrio de Endocrinologia Infantil do Hospital de Base da FAMERP/FUNFARME,
durante o perodo de outubro de 2008 a novembro de 2009.
2.2.1 Grupo Experimental
O grupo experimental foi composto por 35 crianas obesas, de ambos os sexos, com
idades variando entre sete e 12 anos e suas respectivas mes.
2.2.2 Grupo Controle
O grupo controle foi composto por 30 crianas obesas, de ambos os sexos, com idades
variando entre sete e 12 anos e suas mes.
2.2.3 Critrios de Incluso dos Participantes dos Dois Grupos
ter obesidade exgena;
possuir ndice de Massa Corprea (IMC) maior que o percentil 85, de acordo com o
Centers for Disease Control and Prevention (CDC, 2000);
ser de ambos os sexos;ter idade entre sete e 12 anos;
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estar em acompanhamento no Ambulatrio de Endocrinologia Infantil do Hospital de
Base da FAMERP/FUNFARME;
aceitar participar da pesquisa e consentir a participao da criana voluntariamente,
aps a leitura e preenchimento do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
(Anexo A).
apresentar disponibilidade para participar semanalmente do grupo de interveno
(apenas para o Grupo Experimental),
2.2.4 Critrios de Excluso dos Participantes dos Dois Grupos
apresentar, as crianas e/ou as mes, transtornos psiquitricos, tais como retardo
mental, transtornos invasivos do desenvolvimento ou atraso de desenvolvimento
cognitivo, que prejudicasse a compreenso de instrues,
estar em tratamento psicoteraputico (apenas para as crianas).
2.3 Materiais
1- Ficha de Identificao (APNDICE A)Desenvolvida pelos prprios pesquisadores, contendo dados de identificao da
criana e dos responsveis, como peso, altura e diagnstico clnico e endereo da criana.
2- Registros de pensamentos e comportamentos (APNDICE B)
Composto por um quadro impresso, para registro de data, hora, situao ocorrida,
pensamento, sentimento e comportamento (STALLARD, 2004).
3- Registro alimentar (APNDICE C)
Consiste de um quadro com os dias da semana e data para ser anotada a alimentao
diria.
4- Registro de exerccios fsicos (APNDICE D)
Consiste de um quadro para registro de dia, hora, tipo de exerccio fsico realizado e o
tempo gasto.
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5- Questionrio de Avaliao de Qualidade de Vida em Crianas e Adolescentes
(AUQEI Autoquestionnaire Qualit de Vie Enfant Imag)(ANEXO B)
Trata-se de escala de auto-avaliao onde primeiramente a criana instruda a
identificar imagens que demonstram sentimentos em suas faces. A criana dever identificar
experincias vividas com os sentimentos propostos, o que ir auxili-la na compreenso de
seus estados emocionais. Posteriormente a criana responder as questes escolhendo um dos
sentimentos propostos para responder cada questo (BARREIRE et al., 2003). O AUQEI foi
validado para a populao brasileira por Assumpo Jr., et al. (2000), composto por 26
tens, nomeados por domnios. O questionrio explora as relaes familiares, sociais, lazer,
sade, funes corporais e separao (ASSUMPO JR. et al., 2000; BARREIRE et al.,
2003).No processo de avaliao os escores variam de zero a trs pontos, correspondendo,
respectivamente, aos quatro estados emocionais: muito infeliz, infeliz, feliz e muito feliz. A
somatria dos escores indica que para resultados abaixo ou igual a 48 pontos a qualidade de
vida deve ser considerada prejudicada e acima deste valor a criana apresenta uma percepo
positiva de sua qualidade de vida (ASSUMPO JR. et al., 2000; BARREIRE et al., 2003).
6- Inventrio de Depresso Infantil (CDI - Childrens Depression Inventory)(ANEXO C)
O CDI um instrumento de auto-relato que avalia sinais cognitivos, afetivos e
comportamentais de depresso, muito utilizado em pesquisas com crianas e adolescentes de
sete a 17 anos de idade (KOVACS, 1982). Foi adaptado e normatizado para o contexto
brasileiro por Gouveia et al. (1995), que padronizaram o instrumento com um ponto de corte
de 18; assim crianas com pontuao igual ou acima desse valor so consideradas com
sintomas depressivos. Revelou-se um instrumento unidimensional, com consistncia interna econfiabilidade. Cada um de seus 20 itens consta de trs opes de respostas e a correo varia
em uma escala de zero (ausncia de sintoma), um (presena do sintoma) e dois (sintoma
grave). A criana orientada a assinalar a alternativa que melhor descreve como tem se
sentido emocionalmente nas ltimas duas semanas (GOUVEIA et al., 1995; CRUVINEL;
BORUCHOVITCH; SANTOS, 2008).
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7- O Que Penso e Sinto (OQPS) (Revised Childrens Manifest Anxiet Scale
RCMAS) (ANEXO D)
Dentre os vrios instrumentos para avaliar a ansiedade infantil a RCMAS destaca-se pelos
bons resultados de validade e fidedignidade, mesmo em adaptaes interculturais. Esta escala
originalmente Norte Americana (Revised Children's Manifest Anxiety Scaleou What I think and
Feel), e possui normatizaes em diversos pases (REYNOLDS; RICHMOND, 1978). Foi
traduzida, adaptada e validada para a populao brasileira por Gorayeb, M. e Gorayeb, R. (2008) e
ficou composta por 37 itens de auto-aplicao, onde a criana solicitada a assinalar sim para
situaes que pensam ou sentem ou no em situaes que nunca sentiram ou pensaram. Destes 37
itens, nove so compostos por uma Escala de Mentira. O resultado final da escala obtido pela
somatria de respostas "sim" (no inclui as respostas Escala de Mentira) e pode variar de zero a 28pontos, o que indicar a gradao da ansiedade (GORAYEB, M.; GORAYEB, R., 2002;
GORAYEB, M.; GORAYEB, R., 2008).
8-Questionrio do Comportamento Alimentar em Crianas (CEBQ) (ANEXO E)
O CEBQ foi elaborado a partir de suporte terico do conhecimento atual sobre as
causas alimentares da obesidade, com enfoque nos seus determinantes comportamentais.
um questionrio especfico para a investigao do comportamento alimentar de crianas e
adolescentes e tambm pode ser utilizado no planejamento de estratgias comportamentais de
interveno na obesidade. O CEBQ respondido pelos cuidadores das crianas e foi validado
para o portugus de Portugal (VIANNA; SINDE, 2008).
O instrumento composto por 35 itens cujo objetivo avaliar oito dimenses
associadas obesidade infantil. Essas dimenses ou fatores so denominados de:
a) Resposta comida (FR) refere-se influncia de fatores externos (por ex.: fatores
sociais) no apetite e ingesta alimentar;
b) Prazer em comer (EF) refere-se ao interesse que a criana tem pela comida;c) Resposta saciedade (SR) referente ao controle do apetite;
d) Ingesto lenta (SE) refere-se falta de interesse pela comida;
e) Seletividade (FF) a preferncia por um grupo muito limitado de comida;
f) Sobre ingesto emocional (EOE) - influncia de fatores emocionais que podem
aumentar a ingesto alimentar;
g) Sub ingesto emocional (EUE) fatores emocionais que podem diminuir o consumo
alimentar,
h) Desejo de beber (DD)1 interesse por bebidas aucaradas, como refrigerantes e sucos.
1Foram mantidas as siglas que correspondem ao trabalho original em ingls.
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A avaliao do questionrio feita pela somatria das respostas que so assinaladas
numa escala Lickert de cinco pontos, que se referem freqncia com que ocorre o
comportamento. Os itens 3, 4, 10, 16 e 32 fazem parte de uma escala inversa (5 a 1 pontos) e
aps a somatria os valores so analisados de acordo com a distribuio mdia de cada
subescala (WARDLE et al., 2001; VIANNA; SINDE, 2008).
Para utilizao do CEBQ na presente pesquisa, foi realizada uma adaptao para a
linguagem usual da populao de pacientes brasileiros, constituindo-se numa verso para
investigao, por meio da avaliao de 10 psiclogos, com ampla experincia na rea da
sade e pediatria, aos quais se solicitou que indicassem mudanas pertinentes para um melhor
entendimento dos participantes do estudo. Foram feitas adequaes de algumas palavras para
a compreenso na lngua portuguesa do Brasil. Para esta adaptao foi solicitada autorizaodos autores da verso em portugus de Portugal do CEBQ.
9- Materiais audiovisuais, grficos e ldicos
aparelho de som;
desenho da pirmide alimentar, folhas de sulfite, canetas, lpis preto e lpis de cor;
desenhos ilustrando situaes com bales para as crianas preencherem, baseado no
livro Bons Pensamentos, Bons Sentimentos (STALLARD, 2004),
boneco de pano e um boneco de madeira para realizao do relaxamento.
2.4 Procedimento
2.4.1 Abordagem dos participantes
Tanto os participantes do grupo experimental quanto do grupo controle foram
abordados durante os dias de funcionamento do ambulatrio de obesidade infantil. Em
seguida verificao dos critrios de incluso e excluso para o estudo, o responsvel pela
criana era esclarecido sobre os objetivos da pesquisa e as atividades envolvidas, e convidado
a participar da pesquisa, bem como consentir na participao do filho (a). Aps a autorizao,
os participantes responsveis assinavam o Termo de Consentimento Esclarecido e preenchiam
a Ficha de Identificao.
Os participantes do grupo experimental foram comunicados que receberiam ligaes para
agendamento do incio do programa. As ligaes foram feitas pela pesquisadora responsvel. Aps
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ter pelo menos 10 participantes (nmero estabelecido para incio de cada grupo de interveno) era
agendada por contato telefnico a data de incio do programa de interveno. Os participantes foram
reavaliados aproximadamente dois meses aps o incio da interveno (trmino do grupo) e seis
meses aps o incio da interveno (seguimento). Primeiramente foi constitudo o Grupo
Experimental (GE) e posteriormente o Grupo Controle (GC). Os participantes foram atribudos ao
GE e ao GC sem seleo por parte do pesquisador. Os 35 primeiros participantes que aceitaram o
convite fizeram parte do GE, os outros foram destinados ao GC.
2.4.2 Avaliao inicial
A avaliao inicial aconteceu em grupo em uma sala de atendimento do Servio dePsicologia do Ambulatrio do Hospital de Base da FAMERP/FUNFARME por aproximadamente
uma hora. Primeiramente foi aplicado nas mes das crianas o Questionrio do Comportamento
Alimentar em Crianas (CEBQ) e logo depois foi aplicado o protocolo nas crianas respeitando a
seguinte ordem: Questionrio de Avaliao de Qualidade de Vida em Crianas e Adolescentes
(AUQEI), Inventrio de Depresso Infantil (CDI) e O Que Penso e Sinto (OQPS). Enquanto as
mes respondiam ao questionrio, uma psicloga, aprimoranda em psicologia da sade previamente
treinada, permanecia com as crianas em outra sala fazendo a medida e pesagem dos mesmos, paraposterior elaborao do percentil de obesidade que foi calculado diretamente na pgina eletrnica do
(http://www.cdc.gov/healthyweight/assessing/bmi/) do CDC (CDC, 2000).
Os instrumentos foram entregues para que os participantes respondessem, no entanto,
devido a algumas dificuldades de leitura e compreenso, a pesquisadora lia, quando
necessrio, os itens em voz alta e esclarecia as dvidas. Esse processo foi repetido nas trs
avaliaes, para os sujeitos de ambos os grupos.
Participantes do Grupo Controle receberam o mesmo procedimento, sempre no dia deconsulta mdica e anteriormente ao grupo de sala de espera. Ao trmino da avaliao inicial
foi agendada a reavaliao. Posteriormente era agendado o retorno (seguimento), com os
mesmos intervalos de tempo do Grupo Experimental.
2.4.3 Reavaliao
Para verificar os efeitos do programa de interveno psicolgica executado com o
Grupo Experimental, os participantes dos dois grupos (experimental e controle) foram
reavaliados em torno de 10 semanas aps a avaliao inicial, ou seja, no trmino do programa
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de interveno realizado com o GE. Foram aplicados os mesmos instrumentos e critrios de
aplicao da avaliao inicial e ao trmino foi agendada a data da avaliao do seguimento,
sendo que todos os participantes foram lembrados por telefone com uma semana de
antecedncia.
2.4.4 Seguimento
O seguimento ocorreu seis meses aps a reavaliao e foram aplicados os mesmos
instrumentos e critrios de aplicao das avaliaes anteriores.
2.4.5 Grupo experimental
O Grupo Experimental foi submetido a um programa de interveno psicolgica
baseado no modelo da Terapia Cognitivo - Comportamental com formato psicoeducativo. O
programa foi realizado em uma sala de reunio do ambulatrio do Hospital de Base da
FAMERP/FUNFARME, foi coordenado e executado pela psicloga responsvel pelo estudo.
Todas as crianas, de ambos os grupos, passaram por consulta com mdico endocrinologista
peditrico e nutricionista, em carter de rotina do ambulatrio.O programa constou de 10 sesses, com periodicidade de um encontro a cada semana,
durao de aproximadamente duas horas, sendo: seis sesses com a participao apenas das
crianas, quatro sesses com as crianas e respectivas mes e duas sesses somente com as
mes. A interveno foi constituda e fundamentada de acordo com os objetivos propostos na
pesquisa, pela experincia da pesquisadora com interveno em grupos e obesidade infantil e
com a literatura pertinente da rea (AMERICAN OBESITY ASSOCIATION AOA, 2006;
ROMA et al., 2006).O enfoque principal das duas sesses com as mes foi o treinamento em habilidades
parentais (MARINHO, 2005; BOLSONI-SILVA; MARTURANO, 2002) dirigido ao
comportamento alimentar, com discusso das dvidas mais freqentes do dia a dia.
A estrutura de cada sesso do programa de interveno apresentada no Quadro 1.
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Quadro 1 - Descrio da estrutura das sesses do programa de interveno grupoexperimental
Sesso Objetivos da sesso Procedimentos Tarefas para casa1
Integrar os membros do grupoConhecer formato geral do programaColetar dados a partir dosinstrumentosObs: as mes participaram juntamentecom as cr ianas desta sesso
Dinmica de apresentaoExplicao do programaContrato grupalAplicao dos InstrumentosForam avaliados peso e altura dascrianas
2 Educar sobre obesidade infantil Diviso de subgrupos para confecode cartazes sobre o tema e posteriorapresentao de cada grupo e discusso
3 Treinar habilidades educativasparentais: regras e limitesrelacionados ao comportamento
alimentar das crianas e da famlia
Obs: apenas as mes par ti ciparamdesta sesso
Respostas s perguntas elaboradaspelos terapeutas e discusso em grupo(ex: comer na frente da TV, repetir
prato, supermercado, guloseimas, irmomagro, como dizer no)
Controle de estmulos
Fazer um dirio com asconquistas e as dificuldades
4 Formular e educar sobre o modelo emTCC(ABC - influncia do pensamentosobre o sentimento e comportamento)
Diferenciar fome de vontade decomer
Projeo previamente elaborada dedesenhos de algumas situaes.Posteriormente foi solicitado para ascrianas preencherem os bales depensamentoTcnicas: formulao, psicoeducao ereestruturao cognitiva
Registro de Pensamentos(RPD)
Registro alimentar
5 Orientar sobre alimentao saudvel
Obs: as mes par ti ciparamjuntamente com as crianas destasesso
Discusso do registro e dramatizaode algumas situaes sugeridas pelogrupo - sempre tentar trazer exemplosrelacionados ao comportamentoalimentar ou vida socialTcnicas: role play e reestruturaocognitivaConstruo de uma pirmide alimentarpelas crianas e orientao sobre osalimentosDiscusso do registro alimentar ecomparaes com a pirmide
Controle de estmulos
Registro alimentarpropondo mudanas
Registrar todas as atividadesrealizadas no dia a diaObs: foi solicitado queviessem na semana seguintecom roupa adequada paraginstica
6 Discutir a importncia de exerccios eatividades fsicasIncentivar a prtica de exerccios eatividades fsicas
Obs: as mes participam juntamentecom as crianas desta sesso
Discusso registro alimentar
Dinmica de grupo (mmica)
Alongamento
Realizar o alongamento e mcasa, ensinar para algum,praticar exerccio fsicotodos os dias registrar oexerccio feito no dirio
7 Treinar habilidades educativasparentais: regras e limitesrelacionados ao comportamentoalimentar das crianas e da famlia
Obs: apenas as mes par ti ciparamdesta sesso
Reviso tarefa de casa
Controle de estmulos
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Sesso Objetivos da sesso Procedimentos Tarefas para casa8 Manejar adequadamente a ansiedade Reviso tarefa de casa
Levantamentos das questes: O que ansiedade? Por que d vontade decomer quando ficamos ansiosos?
Role play e sugesto de outrasmaneiras de lidar com determinadasituao geradora de ansiedade.Aplicao de tcnica de relaxamentoboneco de pano, boneco de paue respirao diafragmtica
Realizar relaxamento todosos dias e registrar nvel derelaxamento
9 Manejar os sintomas depressivos edificuldades de habilidade socialTrabalhar motivao e auto-estima
Discusso do registro de relaxamentoQuestionamento quanto tristeza,dificuldade de relacionamento social.Tcnicas: reestruturao cognitiva etreinamento em habilidades sociaisJogo da batata quente
Escolher algo para fazer oumudar e realizar durante asemana
10 EncerramentoReavaliaoObs: as mes par ti ciparamjun tamente com as cr ianas destasesso
Reviso da tarefa de casaDinmica de encerramentoAplicao dos instrumentosForam aferidos peso e altura dascrianas
Agendamento doseguimento
A seguir esto descritos os procedimentos (tcnicas e dinmicas) utilizados durante as
sesses do programa de interveno:
A) Tcnicas utilizadas no programa de interveno:
Formulao e psicoeducao: componente bsico de todos os programas
cognitivo-comportamentais, que envolve a educao sobre a ligao entre pensamentos,
sentimentos e comportamentos. O processo implica desenvolver um entendimento claro do
relacionamento entre como as pessoas pensam, como sentem e o que fazem (STALLARD,
2004). Em caso de crianas, como no presente estudo, foram utilizados desenhos que
exemplificam os sentimentos, nos quais a criana preenchia o pensamento e sentimento de
determinado personagem em uma figura.
Registro de pensamentos disfuncionais: solicitado como tarefa de casa ao
paciente que anote em um dirio ou tabela o dia e hora do acontecimento, a situao, os
pensamentos e sentimentos envolvidos, bem como o comportamento (RANG, et al.,1998).
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Bales de pensamento: uma abordagem no-verbal alternativa onde so
oferecidos criana figuras ou quadrinhos com o desenho de bales de pensamentos e
solicita-se-lhe sugerir o que os personagens esto pensando (STALLARD, 2004). Na presente
pesquisa foram utilizadas figuras gerais e especficas s situaes alimentares (APENDICE
E).
Reestruturao cognitiva: essa tcnica auxilia o paciente a identificar os
pensamentos disfuncionais diante de determinadas situaes, fazer o teste de realidade e
corrigir os contedos distorcidos (DEL REY; PACINI, 2005).
Role-play: uma tcnica de dramatizao na qual o paciente vivencia situaes
ansiognicas ou de difcil resoluo. Permite que novas habilidades sejam identificadas e
solues alternativas sejam destacadas. Deste modo, observar os outros moldando
comportamentos adequados ou habilidades pode resultar no ensaio de um novo
comportamento na imaginao, antes de ele ser praticado na vida real (STALLARD, 2004).
Controle de estmulos: identificao de situaes psicossociais que levam ao
comportamento de compulso pela comida e inatividade fsica. Uma vez reconhecidos taismomentos, pode-se modific-los. Isso de extrema importncia devido ao fato de serem esses
fatores os desencadeantes das recadas (POSTON; FOREYT, 2000). Exemplos: comer
somente na mesa e no comer junto televiso; no ter guloseimas disponveis facilmente em
casa, prtica de exerccios fsicos, entre outras.
Respirao: um mtodo rpido pelo qual a pessoa pode se concentrar e ter
domnio da sua respirao. Pode-se usar esse mtodo em qualquer lugar e necessriopraticar diariamente. No presente estudo os participantes do grupo de interveno foram
instrudos da seguinte maneira: inspire lenta e profundamente, segure a respirao por cinco
segundos e, depois, expire lentamente. Enquanto expira diga para si mesmo relaxe. Isso
ajudar no controle do seu corpo e a se sentir mais calmo (STALLARD, 2004).
Relaxamento Boneco de pau e boneco de pano:baseado nos princpios de
relaxamento de Jacobson (1938), constitui-se em levar a criana a imitar as sensaes detenso de um boneco de pau e de relaxamento de um boneco de pano, levando a criana a
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discriminar suas sensaes de tenso e promover o relaxamento de forma auto-administrada
em casa evocando as sensaes associadas aos bonecos (INGBERMAN, 2000).
Treino em habilidades sociais: basicamente envolve ensinar tcnicas
especficas para melhora de habilidades sociais ou de comportamentos relativos
comunicao, conversao, assertividade, entre outras, aumentando a probabilidade de obter
reforo positivo, o que favorece um relacionamento saudvel e produtivo com outras pessoas
(BIELING; MCCABE; ANTONY, 2008; DEL PRETTE, Z.; DEL PRETTE, A., 2005).
Neste estudo foram focadas as habilidades sociais em relao ao comportamento alimentar,
tais como: saber recusar determinado alimento, participar de atividades esportivas e sociais
(clube, festas).
Treino em habilidades educativas parentais:envolve principalmente: prticas
educativas relativas ao estabelecimento de limites, comunicao, ao ensino de
responsabilidades e expresso de afeto, dialogo, expresso espontnea de sentimentos
positivos e negativos em relao aos comportamentos, expresso de opinies e solicitao
adequada de mudana de comportamento, cumprimento de promessas feitas, coerncia do
casal quanto educao dos filhos, o saber dizer no e manter a deciso, negociar quandoh divergncias de idias, estabelecer regras e cumprimento das mesmas e pedir desculpas,
admitindo os prprios erros e reconhecendo os limites de cada um (BOLSONI-SILVA;
MARTURANO, 2002). Todos esses aspectos foram direcionados ao comportamento
alimentar da criana e da famlia.
B) Dinmicas
Dinmica de apresentao: Jogo do Novelo o participante segura na ponta
de um novelo de barbante e fala seu nome, em seguida passa o novelo para o prximo, na
volta antes de passar o novelo o participante diz o que mais gosta de fazer e passa o novelo at
chegar na pessoa que iniciou a apresentao (ROMA et al., 2006).
Dinmica: Mmica o terapeuta entrega um carto para cada criana no
qual est descrito um exerccio fsico ou atividade fsica (por ex.: caminhada, natao, vlei,basquete, futebol, dana, andar de bicicleta, subir escadas, arrumar a cama, varrer o quintal);
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cada participante tem que encenar o que est em seu carto para o grupo tentar descobrir.
Aps, discutido se as crianas praticam algumas dessas atividades, incentivando-as a
prtica.
Dinmica: Jogo da batata quente O participante pega uma bola e fala algo
que o deixa insatisfeito (por ex.: no fazer esportes) e ao passar a bola para outro participante,
este dever sugerir uma ao para melhorar esse problema e assim por diante. O psiclogo
responsvel quem inicia a atividade como modelo para os participantes (ROMA et al.,
2006).
Dinmica de encerramento: Balo na roda distribudo um pedao
pequeno de papel e uma caneta para cada participante, solicitando que escrevam uma
mensagem bonita no papel, dobrando-o depois em tamanho pequeno. fornecido um balo
colorido para cada um e solicitado que a pequena mensagem dobrada seja colocada dentro do
balo. Solicitou-se que os participantes encham o balo e que dem um n na ponta. Depois,
ao som de uma msica, solicita-se que todos os bales sejam jogados para cima, de maneira
que todo o grupo possa toc-los, avisando-os de que nenhum balo poder cair no cho. A
brincadeira encerrada, solicitando que cada pessoa pegue um balo de cor diferente da sua, trocada a msica, colocando uma msica relaxante, e os participantes ficam em crculo.
pedido para o balo ser estourado e cada um pega a mensagem de dentro. A mesma lida em
conjunto para todos, ao som da msica suave, promovendo uma reflexo no grupo. A tcnica
encerrada falando o quanto foi importante o trabalho com o grupo, motivando os mesmos
para a continuidade do trabalho (ASSOCIAO BRASILEIRA DE ENFERMAGEM, 2008).
2.4.6 Grupo controle
Os participantes do grupo controle receberam atendimento padro oferecido pela
equipe do ambulatrio de endocrinologia (mdico endocrinologista peditrico, psicloga e
nutricionista) durante os dias de consultas agendados; sua freqncia de atendimento era
varivel (a cada 20, 30 e 60 dias). O ambulatrio de endocrinologia possui um grupo de sala
de espera que acontece anterior s consultas mdicas.
O grupo de sala de espera realizado por um psiclogo da equipe e tem como
objetivos discutir e educar sobre a obesidade infantil, promover aumento de adeso ao
tratamento e orientar o paciente e sua famlia sobre a importncia da prtica de
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comportamentos saudveis, tais como: alimentao balanceada e atividade fsica. A
interveno feita educativa, aborda aspectos da obesidade infantil e fornece orientaes
sobre o modelo de tratamento oferecido no Servio, bem como sobre os comportamentos
esperados dos cuidadores diante das crianas. Aps o grupo de sala de espera todos os
pacientes so atendidos individualmente pelo mdico e pela nutricionista do ambulatrio.
Os participantes do GC no foram submetidos ao programa de interveno cognitivo-
comportamental proposto para o GE.
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3. ANLISE DE DADOS
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3. ANLISE DE DADOS
Primeiramente foi realizada uma comparao, entre os dois grupos, a partir das
variveis scio demogrficas avaliadas por meio do teste Qui quadrado (). Na anlise das
escalas de depresso, ansiedade, qualidade de vida e comportamento alimentar, inicialmente
foi observado se os grupos eram equivalentes (Teste t de Student), na seqncia foi utilizado o
mtodo da Anlise da Varincia (ANOVA) para medidas repetidas com um fator (a varivel
Grupo). Quando a suposio da esferacidade no foi verificada, foi aplicada a correo de
Greenhouse-Geisser. A diferena entre os momentos de avaliao (Avaliao, Reavaliao e
Seguimento) dentro do mesmo grupo foi feita pelo teste post hoc de Bonferroni. O Teste t
Student foi utilizado para a comparao entre os dois grupos (experimental e controle) na
avaliao do seguimento. O nvel de significncia estabelecido para a anlise dos dados foi
igual ou menor a 0,05, geralmente empregado em cincias humanas e sociais, dada a
disperso do fenmeno.
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4. ASPECTOS TICOS
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4. ASPECTOS TICOS
O projeto de pesquisa foi analisado pelo Comit de tica em Pesquisa (CEP) da
Faculdade de Medicina de So Jos do Rio Preto FAMERP e aprovado sob o Protocolo n
4192/2007 (ANEXO F) de acordo com a resoluo do Conselho Nacional de Sade (CNS)
196/96. A coleta de dados foi iniciada somente aps aprovao do referido Comit de tica.
Aos pacientes envolvidos neste estudo foi assegurado que, caso apresentassem
necessidade de atendimento psicoteraputico individual, seriam encaminhados para o Servio
de Psicologia do Hospital de Base da FAMERP/FUNFARME.
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5. RESULTADOS E DISCUSSO
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5. RESULTADOS E DISCUSSO
5.1 Descrio dos Participantes
Participaram do estudo 65 crianas obesas e suas mes. Destas, 35 compreendem o
Grupo Experimental e 30 o Grupo Controle. Os dados scio demogrficos dos participantes
esto descritos na Tabela 1.
Tabela 1 Variveis scio demogrficas do Grupo Experimental e do Grupo Controle.
Varivel
Grupo Exper imental
n %
Grupo Controle
n %
Valor p
CrianasSexo 1,00*Feminino 21 60,0 18 60,0Masculino 14 40,0 12 40,0Total 35 100,0 30 100,0Idade 0,88*7 9 18 51,4 16 53,310 12 17 48,6 14 46,7Total 35 100,0 30 100,0Escolaridade 0,99*1 4 22 62,9 18 60,05 7 13 37,1 12 40,0Total 35 100,0 30 100,0MesEscolaridade 0,33*Primrio 1 Grau 25 71,4 18 60,02 Grau superior 10 28,6 12 40,0Total 35 100,0 30 100,0Condio Empregatcia 0,16**Empregado 4 11,4 9 31,0Do Lar 25 71,4 17 58,6Desempregado 6 17,1 3 10,3Total 35 100,0 30 100,0
*
** Teste exato de Fisher-Altman
Pode-se observar, tanto no grupo experimental como no grupo controle, que houve
predominncia de crianas do sexo feminino, com idades variando entre sete a nove anos
escolaridade entre a 1 e 4 srie do ensino fundamental. Outros estudos que tambm
envolveram grupo de interveno na abordagem cognitivo-comportamental com crianas
obesas revelaram predominncia do sexo feminino com idade mdia de 10 anos (MUNSCH et
al., 2008; VIGNOLO et al., 2008); diferentemente de Macedo e Canado (2009) que, emestudo para avaliar a prevalncia de obesidade infantil entre escolares de uma cidade do
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interior de Minas Gerais, encontraram maior prevalncia de obesidade no sexo masculino
(67%) e em escolas particulares.
Com relao aos dados das mes dos participantes, a maioria possua escolaridade
entre o primrio e o 1 grau completo e sua condio empregatcia era do lar ou sem ocupao
remunerada. A comparao das variveis scio demogrficas entre os grupos mostrou que
no houve diferena estatisticamente significante, ou seja, os grupos eram equivalentes.
Assim, os dois grupos estudados apresentavam caractersticas semelhantes em relao s
variveis demogrficas, o que adequado para um controle experimental, traz maior
consistncia aos dados e permite fazer comparaes entre os grupos. O mesmo ocorreu com
estudo realizado por Moon et al. (2004) que tambm comparou dois grupos de crianas obesas
e ambos no apresentaram diferenas significantes em relao as variveis sciodemogrficas.
Durante o perodo de realizao da pesquisa, no momento do seguimento, cinco
participantes desistiram, sendo duas crianas do grupo experimental e trs do controle.
Devido a isso a anlise da significncia das diferenas entre os dois grupos nos trs momentos
de avaliaes ter um nmero reduzido em relao s variveis demogrficas.
5.2 Percentil de Obesidade
A Tabela 2 apresenta a mdia do percentil de obesidade e o desvio padro dos
participantes nos dois grupos, na avaliao, reavaliao e seguimento (teste post hoc de
Bonferroni, p < 0,001).
Tabela 2 Mdia do percentil de obesidade dos participantes do grupo experimental econtrole nos trs momentos de avaliao.
AvaliaesPercentil
Grupo experimentaln=33
Grupo controlen=27
Mdia Desvio Padro Mdia Desvio PadroAvaliao 97,93 1,36 97,85 1,23Reavaliao 94,81 3,49 97,11 2,40Seguimento 88,81* 2,33 92,62 3,60
*diferena estatisticamente significante na comparao entre os dois grupos no seguimento, p < 0,001
Na primeira avaliao no houve diferena significante entre os grupos, tanto as
crianas do Grupo Controle como as do Grupo Experimental estavam classificadas como
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obesas, de acordo com o CDC (2000). A Comparao entre os trs momentos de avaliao
somente no Grupo Experimental evidenciou que o seguimento obteve valores menores de
percentil de obesidade quando comparados com a avaliao inicial e a reavaliao. Os
resultados do grupo controle mostraram que a avaliao e a reavaliao no demonstraram
diferena significante entre si, mas apresentam valores significantemente maiores de percentil
de obesidade em relao ao seguimento.
Entretanto, na comparao entre os dois grupos (experimental e controle) no momento
do seguimento, utilizando o Teste t de Studant (t = 4,94, p < 0,001), houve diferena
significante; o grupo experimental apresentou uma mdia (88, 81) de percentil reduzida
significantemente quando comparado com o grupo controle (92,62), apesar dos dois grupos
passarem para da classificao de obesidade (ou obesas) para a classificao de Sobrepeso, oGrupo Experimental obteve percentil de IMC considerado estatisticamente menor do que o
Grupo Controle. Tal resultado sugere que o programa de interveno possibilitou diminuio
do IMC e permanncia desses ganhos e que as orientaes realizadas puderam ser assimiladas
e praticadas tambm em longo prazo.
Esses resultados em relao diminuio do IMC corroboram a literatura da rea que
indica que as estratgias cognitivo-comportamentais combinadas com alimentao saudvel e
prtica de atividades fsicas auxiliam na reduo da obesidade em crianas e adolescente(TSIROS et al., 2008; MUNSCH et al., 2008; VIGNOLO et al., 2008; REINEHR, 2005;
JIANG, 2005).
5.3 Inventrio de Depresso Infantil (CDI)
A Tabela 3 mostra a mdia de sintomas depressivos dos participantes do grupo
controle e experimental.
Tabela 3 Mdia obtida dos participantes no Inventrio de Depresso Infantil CDI, nos trsmomentos de avaliao
Aval iaes CDI Grupo experimental Grupo controle
n Mdia