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CÍCERO VITOR FERNANDES LARISSA MAAS NR-10 – UM MODELO PARA IMPLANTAÇÃO RIO DO SUL AGOSTO 2006

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CÍCERO VITOR FERNANDES

LARISSA MAAS

NR-10 – UM MODELO PARA IMPLANTAÇÃO

RIO DO SUL

AGOSTO 2006

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CÍCERO VITOR FERNANDES

LARISSA MAAS

NR-10 – UM MODELO PARA IMPLANTAÇÃO

Monografia a ser apresentada para o Curso de Pós-Graduação (lato sensu) em Engenharia de Segurança do Trabalho, Universidade para o Desenvolvimento do Alto Vale - UNIDAVI.

Orientador: Prof. Marcelo Webster

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RIO DO SUL

AGOSTO 2006

CÍCERO VITOR FERNANDES

LARISSA MAAS

NR-10 – UM MODELO PARA IMPLANTAÇÃO

Monografia do Curso de Pós-Graduação (lato sensu) em Engenharia de Segurança do Trabalho, Universidade para o Desenvolvimento do Alto Vale – UNIDAVI, pela seguinte banca examinadora:

_____________________________________

Prof. MARCELO F. WEBSTER

Orientador

BANCA EXAMINADORA:

__________________________________________

Professor Marcelo F. Webster

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__________________________________________

Prof(a)

__________________________________________

Prof(a)

Rio do Sul, junho de 2006. 

A força de trabalho em equipe, a segurança em suas atividades, somada a qualidade de seus produtos, as inovações tecnológicas e a crença de que sempre podemos mais, somente pode ser garantida com a simplicidade, entendimento, organização, ordem, limpeza, asseio e, principalmente, disciplina de seus participantes.

Os co-proprietários dos diversos setores de uma empresa devem ter bons hábitos e serem disciplinados para que, os trabalhos e ações possam ser bem sucedidos e, as metas de produtividades alcançadas.

Acreditamos que nosso trabalho será útil, e que poderá estar somando resultados para uma melhor produtividade, rentabilidade e segurança das empresas.

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A SEGURANÇA TEM PRIORIDADE SOBRE A URGÊNCIA DE TODAS AS OPERAÇÕES.

DEDICATÓRIA

A minha esposa Magali

que, juntamente com os filhos Matheus e Lucas

contribuíram sobremaneira para a consecução do presente trabalho,

compreendendo os momentos de falta no seio da família.

Ao meu esposo Renato

que, juntamente com minha filha Tatyana

contribuíram sobremaneira para a consecução do presente trabalho,

compreendendo os momentos de falta no seio da família.

AGRADECIMENTOS

Ao Magnífico Reitor Prof. Viegand Eger, representando a Universidade para o Desenvolvimento do Alto Vale do Itajaí – UNIDAVI, pela oportunidade.

Ao Professor Doutor Hipólito do Vale Pereira, representando a Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC pela oportunidade do convênio.

Aos amigos de curso que ajudaram na caminhada.

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Ao professor Marcelo Webster, orientador e incentivador.

Ao grande amigo Cassiano, que indicou e ajudou a abrir novos caminhos.

À Deus, o Grande Arquiteto do Universo.

MUITO OBRIGADO.

RESUMO

Esta monografia procura discutir segurança sob a ótica dos serviços executados em eletricidade. Busca propor subsídios para criar um modelo que estabeleça, de forma clara e objetiva, as diretrizes para implantá-la balizada pela norma OHSAS 18001, que é uma norma de gestão à segurança ocupacional. É descrito o sistema elétrico e as normas que o norteiam, no âmbito da comercialização, técnicas e de segurança, considerando os serviços desenvolvidos dentro de parques fabris, desconsiderando as etapas de geração e distribuição. Isso porque é característica comum dos consumidores de energia da região em estudo. O foco é descrever os passos para proceder a uma sistemática de implantação das medidas de segurança impostas pela NR-10 juntamente com procedimentos operacionais específicos de gestão. Procedimentos de gestão orientados pela OHSAS 18001.

A partir de uma revisão teórica sobre os fundamentos da norma e de gestão quer-se avaliar a compatibilidade entre a NR-10 e OHSAS 18001, balizando assim a NR-10 com a norma de gestão donde surgem considerações acerca da implantação e gerenciamento da cultura de segurança em eletricidade.

Palavras-chaves: eletricidade, procedimentos, gestão, riscos, normas.

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 – Sistema elétrico de potência ...................................................... 23

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FIGURA 2 – Pirâmide Bird .............................................................................. 32

FIGURA 3 – Pirâmide de Bird adaptado para este trabalho ........................... 33

FIGURA 4 – Dados estatísticos de acidentes na área elétrica ....................... 34

FIGURA 5 – Ciclo PDCA ................................................................................ 37

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 10

1.1 RELEVÂNCIA ............................................................................................... 10

1.2 PROBLEMÁTICA ......................................................................................... 11

1.3 OBJETIVOS ................................................................................................. 11

1.3.1 Objetivo geral .......................................................................................... 11

1.3.2 Objetivos específicos ............................................................................. 12

1.4 HIPÓTESE DO TRABALHO ....................................................................... 12

1.5 REFERENCIAL TEÓRICO ........................................................................... 12

1.6 METODOLOGIA ........................................................................................... 13

1.7 LIMITAÇÕES DA PESQUISA ...................................................................... 14

1.8 ESTRUTURA DA MONOGRAFIA 14

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ...................................................................... 16

2.1 SEGURANÇA E MEDICINA DO TRABALHO – BREVE HISTÓRICO .........16

2.2 ELETRICIDADE ........................................................................................... 19

2.3 SETOR DE ENERGIA ELÉTRICA ............................................................... 22

2.4 PRINCIPAIS NORMAS DO SETOR DE ENERGIA ELÉTRICA ................... 25

2.4.1 NBR 5410 Instalações Elétrica de Baixa tensão ................................... 25

2.4.2 NBR 14039 Instalações Elétricas de Média Tensão de 1,0kV A 36,2 kV ........................................................................................................................

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26

2.4.3 NR 10 Segurança em Instalações e serviços em eletricidade ........... 27

2.5 RISCOS ........................................................................................................ 30

2.5.1 Riscos de origem elétrica ....................................................................... 34

2.6 GESTÃO ...................................................................................................... 35

2.7 OHSAS 18001 37

3 PROCEDIMENTO METODOLÓGICO ...................................... 40

4 COMPARAÇÃO ENTRE AS NORMAS.......................................................... 41

5. ANÁLISE DOS RESULTADOS ................................................................ 47

CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES.............................................. 48

REFERÊNCIAS .................................................................................................. 49

GLOSSÁRIO ....................................................................................................... 52

LISTA DE ANEXOS ............................................................................................ 56

1 INTRODUÇÃO

1.1 RELEVÂNCIA

O cotidiano coloca o homem diante de situações que na maioria das vezes passam despercebidas, mas que fazem diferença, e muita, quando se trata de segurança e saúde no trabalho.

A eletricidade é uma delas, presente em todos os ramos de atividades profissionais é impossível imaginar o mundo atual sem o sistema elétrico.

A eletricidade, diante de sua amplidão, é um dos maiores causadores de acidentes porque sua presença não pode ser percebida a distância pelos sentidos, e seus perigos não atingem somente as pessoas que trabalham na área, como eletricistas ou técnicos em manutenção e instalação. Quem opera em qualquer setor de uma empresa está sujeito a acidentes elétricos que podem ser fatais, independente do posto em que atua.

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Neste sentido, especialistas apontam como o maior risco o desconhecimento do perigo gerado pela eletricidade, para prevenir qualquer acidente.

As medidas de proteção dos riscos de eletricidade não dependem somente dos profissionais que desenvolvem atividades na área, apesar de eles serem as pessoas que estão diretamente expostas a eles.

A prevenção depende muito da tecnologia dos equipamentos utilizados, da forma de manutenção e instalação e principalmente, de como as pessoas interagem com essa instalação e com o equipamento e de como a empresa gerencia a segurança dos trabalhos realizados nessa área.

E quando se fala em medidas de proteção, algumas providências podem ser mais simples do que se imagina, desde que corretamente implementadas e gerenciadas.

Existe uma gama imensa de defeitos e falhas nas instalações que se pode elencar, no entanto, o trabalho prende-se na quantificação e análise dos riscos gerados por esses defeitos e sistematização de um processo que permita seu gerenciamento.

A segurança em eletricidade depende de um sistema de gestão que deve envolver, ao mesmo tempo, instalação e equipamento (projeto, especificação e manutenção), pessoas (conhecimento atitude e habilidade) e sistema gerencial (procedimentos, auditorias e controle). A experiência tem mostrado que os acidentes ocorrem por falta de um ou mais destes três elementos.

A nova edição da NR 10 trouxe modernidade ao tratamento da segurança em eletricidade por sinalizar uma gestão através do controle de documentos e da definição de responsabilidades.

A norma estabelece a obrigatoriedade de divulgação dos riscos inerentes a eletricidade, não somente aos trabalhadores que desenvolvam atividades laborais com eletricidade, mas sim aos demais trabalhadores que venham a executar suas atividades em circuitos energizados.

Neste caso, como princípio geral, cabe ao empregador mostrar aos empregados, próprios e terceirizados, os riscos que estão sujeitos.

Diante disso, tem-se a pretensão de avaliar a compatibilidade entre um modelo de gestão baseado na norma OHSAS 18001 e a norma NR-10.

1.2 PROBLEMÁTICA

Os parâmetros utilizados no modelo de gestão OHSAS 18001 são compatíveis à implantação da NR-10?

1.3 OBJETIVOS

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1.3.1 Objetivo Geral

Verificar se os parâmetros do modelo de Sistema de Gestão da norma OHSAS 18001 são compatíveis com o que prescreve a NR 10.

1.3.2 Objetivos específicos

a) Descrever os parâmetros da norma OHSAS 18001;

b) Descrever os parâmetros da NR 10;

c) Comparar os parâmetros das duas normas citadas.

1.4 HIPÓTESE DO TRABALHO

Os parâmetros utilizados no modelo de gestão OHSAS 18001 são compatíveis à implantação da NR-10.

1.5 REFERENCIAL TEÓRICO

Tão importante como saber o que fazer é saber como fazer, ou seja, deve-se ter conhecimento das normas técnicas e regulamentos inerentes ao processo de instalações elétricas e segurança em eletricidade. Neste sentido, o referencial técnico-teórico adotado é o seguinte:

NBR 5410 - Instalações Elétricas em Baixa Tensão;

NBR 14039 - Instalações Elétricas de Média Tensão;

NBR 13570 - Instalações Elétricas em locais assistenciais de Saúde;

NBR 5418 - Instalações Elétricas em atmosfera explosiva;

NBR 5419 - Proteção Estruturas contra Descargas Atmosféricas;

NBR 6533 - Estabelecimento dos Efeitos da Corrente Elétrica do Corpo Humano;

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NR–10 - Norma Regulamentadora de Segurança em Instalações Elétricas e Serviços em Eletricidade;

OHSAS 18001 - Sistemas de Gestão da Segurança e Saúde no Trabalho Especificação; e,

OHSAS 18002 - Sistemas de Gestão da Segurança e Saúde no Trabalho – Diretrizes para implementação.

1.6 METODOLOGIA

A metodologia utilizada tem como base filosófica estruturalista, uma vez que há preocupação de realizar um comparativo do processo de implantação das normas NR-10 e OHSAS 18.001.

Do ponto de vista da forma de abordagem, esta pesquisa será qualitativa, pois se fará comparativo entre os parâmetros técnico-gerenciais das normas.

Quanto ao método científico, este trabalho aplicará o método descritivo, utilizando dados referenciais para efetuar a compatibilidade de utilização do modelo de gestão da norma OHSAS 18001 com NR10.

Sob o aspecto dos objetivos, a pesquisa caracteriza-se como estudo de caso e técnica utilizada de comparativo no qual se baseia compatibilidade dos parâmetros da OHSAS 18001 com a norma NR 10.

1.7 LIMITAÇÕES DA PESQUISA

Este trabalho limita-se a apresentar a comparação entre duas normas da área de segurança e medicina no trabalho com objetivo de, estabelecendo uma relação entre a NR 10 e a OHSAS 18001, proporcionar uma linha de ação que permita ao profissional da área, implantar o que prescreve a NR 10 com procedimentos que permitam sua gestão.

Isso porque, a NR 10 trata exclusivamente dos aspectos inerentes as atividades e estabelece que devem ser criados procedimentos e metodologias de trabalho, não abordando em momento algum no seu escopo, metodologia de gestão e medição para integrar-se ao sistema de gestão estratégica da empresa ou parque fabril.

1.8. ESTRUTURA DA MONOGRAFIA

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A monografia apresentada está estruturada em 5 (cinco) partes.

A primeira parte contempla a introdução do tema, apresentação, relevância , objetivos geral e específico, hipótese do trabalho, metodologia, limitações da pesquisa e estrutura da monografia.

A segunda parte contempla a fundamentação teórica, situando a segurança e medicina do trabalho no cenário histórico. Apresenta um breve histórico da energia elétrica e as normas pertinentes ao setor. Descreve os riscos na forma conceitual e os inerentes às atividades desenvolvidas no setor elétrico e nas suas proximidades. Descreve a gestão na forma conceitual bem como s ohsas 18001.

A terceira parte descreve os procedimentos metodológicos utilizados no desenvolvimento dos trabalhos.

A quarta parte expõe um comparativo entre as normas OHSAS 18001 e NR 10 buscando, item a item, confrontar as relações entre uma e outra.

Na quinta e última parte, são abordados a análise de resultados com conclusões e recomendações.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 SEGURANÇA E MEDICINA DO TRABALHO – BREVE HISTÓRICO

Dentro das perspectivas dos direitos fundamentais do trabalhador em usufruir de uma boa e saudável qualidade de vida, na medida em que não se podem dissociar os direitos humanos e a qualidade de vida, verificam-se, gradativamente, a grande preocupação com as condições do trabalho.

A primazia dos meios de produção em detrimento da própria saúde humana é fato que, infelizmente, vem sendo experimentado ao longo da história da sociedade moderna. É possível conciliar economia e saúde no trabalho.

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Os problemas relacionados com a saúde intensificam-se a partir da Revolução Industrial. As doenças do trabalho aumentam em proporção a evolução e a potencialização dos meios de produção, com as deploráveis condições de trabalho e da vida das cidades. As doenças aparentemente modernas como stress, neuroses e as lesões por esforços repetitivos, já há séculos vem sendo diagnosticadas.

A OIT (Organização Internacional do Trabalho), em 1919, com o advento do Tratado de Versalhes, objetivando uniformizar as questões trabalhistas, a superação das condições subumanas do trabalho e o desenvolvimento econômico, adotou seis convenções destinadas à proteção da saúde e à integridade física dos trabalhadores:

a) limitação da jornada de trabalho;

b) proteção à maternidade;

c) trabalho noturno para mulheres;

d) idade mínima para admissão de crianças;

e) trabalho noturno para menores.

Até os dias atuais diversas ações foram implementadas envolvendo a qualidade de vida do trabalho, buscando intervir diretamente nas causas e não apenas nos efeitos a que estão expostos os trabalhadores.

Em 1919, implantaram-se serviços de medicina ocupacional, com a fiscalização das condições de trabalho nas fábricas.

Com o advento da Segunda Guerra Mundial despertou-se uma nova mentalidade humanitária, na busca de paz e estabilidade social. Finda a Segunda Guerra Mundial, é assinada a Carta das Nações Unidas, em São Francisco, em 26 de junho de 1945, que estabelece nova ordem na busca da preservação, progresso social e melhores condições de vida das futuras gerações.

Em 1948, com a criação da OMS (Organização Mundial da Saúde), estabelece-se o conceito de que: a saúde é o completo bem-estar físico, mental e social, e não somente a ausência de afecções ou enfermidades e que o gozo do grau máximo de saúde que se pode alcançar é um dos direitos fundamentais de todo ser humano.

Em 10 de dezembro de 1948, a Assembléia Geral das Nações Unidas, aprova a Declaração Universal dos Direitos Humanos do Homem, que se constitui uma fonte de princípios na aplicação das normas jurídicas, que assegura ao trabalhador:

a) o direito ao trabalho;

b) a livre escolha de emprego;

c) as condições justas e favoráveis de trabalho;

d) proteção contra ao desemprego;

e) direito ao repouso e ao lazer;

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f) limitação de horas de trabalho;

g) férias periódicas remuneradas,

h) padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua família saúde e bem-estar.

Contudo, a reconstrução pós-guerra induz a sérios problemas de acidentes e doenças que repercutem nas atividades empresariais, tanto no que se refere às indenizações acidentárias, quanto ao custo pelo afastamento de empregados doentes.

Em 1949, a Inglaterra pesquisa a ergonomia, que objetiva a organização do trabalho em vista da realidade do meio ambiente laboral adequar-se ao homem.

Em 1952, com a fundação da Comunidade Européia do Carvão e do Aço - CECA, as questões voltaram-se para a segurança e medicina do trabalho nos setores de carvão e aço, que até hoje estimula e financia projetos no setor.

Na década de 60 inicia-se um movimento social renovado, revigorado e redimensionado marcado pelo questionamento do sentido da vida, o valor da liberdade, o significado do trabalho na vida, o uso do corpo, notadamente nos países industrializados como a Alemanha, França, Inglaterra, Estados Unidos e Itália.

Na realidade o problema da saúde do trabalhador passa a ser outra, desloca-se da atenção dos efeitos para as causas, o que envolve as condições e questões do meio ambiente.

No início da década de 70, o Brasil é o detentor do título de campeão mundial de acidentes. E, em 1977, o legislador dedica no texto da CLT - Consolidação das Leis do Trabalho, por sua reconhecida importância Social, capítulo específico à Segurança e Medicina do Trabalho. Trata-se do Capítulo V, Título II, artigos 154 a 201, com redação da Lei n. 6.514/77. O Ministério do Trabalho e Emprego, por meio da Secretaria de Segurança e Saúde no Trabalho, hoje denominado Departamento de Segurança e Saúde no Trabalho, regulamenta os artigos contidos na CLT por meio da Portaria n. 3.214/78, criando vinte e oito Normas Regulamentadoras - NRs. Com a publicação da Portaria n. 3214/78 se estabelece a concepção de saúde ocupacional.

Em 1979, a Comissão Intersindical de Saúde do Trabalhador, promove a Semana de Saúde do Trabalhador com enorme sucesso e em 1980 essa comissão de transforma no Departamento Intersindical de Estudos e Pesquisas de Saúde e dos Ambientes do Trabalho.

Os eventos dos anos seguintes enfatizaram a eliminação do risco de acidentes, da insalubridade ao lado do movimento das campanhas salariais.

Os diversos Sindicatos dos Trabalhadores, como o das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas, tiveram funda¬mental importância denunciando as condições inseguras e indignas observadas no trabalho.

Com a Constituição de 1988 nasce o marco principal da etapa de saúde do trabalhador no nosso ordenamento jurídico. Está garantida a redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança e, ratificadas as Convenções 155 e 161 da OIT,

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que também regulamentam ações para a preservação da Saúde e dos Serviços de Saúde do Trabalhador.

As conquistas, pouco a pouco, vêm introduzindo novas mentalidades, sedimentando bases sólidas para o pleno exercício do direito que todos devem ter à saúde e ao trabalho protegido de riscos ou das condições perigosas e insalubres que põem em risco a vida, a saúde física e mental do trabalhador.

A proteção à saúde do trabalhador fundamenta-se, constitucionalmente, na tutela “da vida com dignidade”, e tem como objetivo primordial a redução do risco de doença.

Os problemas referentes à segurança, à saúde, ao meio ambiente e à qualidade de vida no trabalho vêm ganhando importância no Governo, nas entidades empresariais, nas centrais sindicais e na sociedade como um todo. O Ministério do Trabalho e Emprego tem como meta a redução de 40% nos números de acidentes do trabalho no País até 2003.

Propostas para construir um Brasil moderno e competitivo, com menor número de acidentes e doenças de trabalho, com progresso social na agricultura, na indústria, no comércio e nos serviços, devem ser apoiadas. Para isso deve haver a conjunção de esforços de todos os setores da sociedade e a conscientização na aplicação de programas de saúde e segurança no trabalho. Trabalhador saudável e qualificado representa produtividade no mercado globalizado.

2.2 ELETRICIDADE

A eletricidade é a forma de energia mais utilizada na sociedade atual; a facilidade em ser transportada dos locais de geração para os pontos de consumo e sua transformação normalmente simples em outros tipos de energia, como mecânica, luminosa, térmica, muito contribui para o desenvolvimento industrial.

Com características adequadas à moderna economia, facilmente disponibilizada aos consumidores, a eletricidade sob certas circunstâncias, pode comprometer a segurança e a saúde das pessoas.

A eletricidade não é vista, é um fenômeno que escapa aos nossos sentidos, só se percebem suas manifestações exteriores, como a iluminação, sistemas de calefação, entre outros. Em conseqüência dessa “invisibilidade” a pessoa é, muitas vezes, exposta a situações de risco ignoradas ou mesmo subestimadas.

Não se trata simplesmente de atividades de treinamento, mas desenvolvimento de capacidades especiais que o habilitem a analisar o contexto da função e aplicar a melhor técnica de execução em função das características de local, de ambiente e do próprio processo de trabalho.

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Desta forma, é necessário o conhecimento básico dos riscos a que se expõe uma pessoa que trabalha com instalações ou equipamentos elétricos e o desenvolvimento de um espírito crítico, permitindo, assim, valorar tais riscos e apresentar de forma abrangente sistemas de proteção coletiva e individual que deverão ser utilizados na execução de suas atividades.

Queremos apresentar, de forma sucinta, entre outros, os conceitos básicos da eletricidade, o comportamento do corpo humano quando exposto a uma corrente elétrica, as diversas formas de interação e possíveis lesões nos pontos de contato e no interior do organismo.

Os trabalhos nas áreas de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica apresentam riscos diferenciados em relação ao consumidor final, e um conhecimento geral das diversas metodologias de análise de riscos é fundamental para permitir a esperada avaliação crítica das condições de trabalho, sem a qual é praticamente impossível garantir a aplicação dos meios de controle colocados à disposição dos trabalhadores.

Pode-se afirmar que a evolução das tecnologias colocadas à disposição da sociedade não garante de imediato a aplicações de sistemas de controle dos riscos a que poderão estar sujeitos os trabalhadores que irão interagir com esses novos equipamentos e processos, cabendo a cada pessoa que atua no Setor observar os procedimentos relativos à prevenção de acidentes.

Destaca-se que o ferramental, EPI’s, EPC’s, componentes para sinalização e outros, citados neste trabalho, são apenas alguns dos necessários para a execução das atividades, bem como, os exemplos de passo a passo ou procedimentos de trabalho, análise preliminar de risco e seus controles exemplificados são orientativos e não representam a única forma para a realização das atividades com eletricidade, devendo cada empresa ou entidade educacional validá-los e adapta-los de acordo com suas particularidades.

Os cursos técnicos têm, na maioria das vezes, foco na manutenção do curso sob a ótica de viabilidade econômica, desconsiderando o aspecto que a qualificação profissional passa pelo domínio absoluto das disciplinas que compõem a grade curricular. Isso quer dizer que, preocupados em manter os alunos no curso promovem aprovações desconsiderando o aprendizado da disciplina. Isso coloca a atuar no mercado, profissionais despreparados tecnicamente, porém qualificados pela legislação, a exercerem serviços ligados a instalações elétricas. Tal fato é lamentável e contribui para os elevados índices de acidentes fatais ocorridos no setor.

De acordo com Pires (2005, p. 34),

o principal meio de prevenção dos riscos é a conscientização do trabalhador. Para chegar a este estágio, é necessário que ele receba do seu empregador o treinamento adequando. Com a edição da nova NR10, está explícita a exigência de treinamentos de segurança em eletricidade e o estabelecimento de procedimentos regulamentares relacionados à saúde, a segurança e as condições gerais para os trabalhadores que atuam com energia elétrica em todos os ambientes de trabalho. Abrange desde a construção civil, atividades comerciais, industriais, rurais e até mesmo domésticas.

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Segundo Rocco (apud PIRES, 2005, p. 35),

a norma passa a exigir adequações, tanto de instalações quanto de pessoal e principalmente de cultura no trato das instalações elétricas. Isso porque as estatísticas da FUNCOGE – Fundação Comitê de Gestão Empresarial, órgão que compila os acidentes ocorridos com eletricidade no Brasil apresentarem números alarmantes.

[...] A nova edição trouxe modernidade ao tratamento da segurança em eletricidade por sinalizar uma gestão através do controle de documentos e da definição de responsabilidades. O prontuário das instalações, onde constam todos os documentos que comprovem a boa qualidade das instalações elétricas, desde o projeto original até sua última versão devidamente auditada de modo a caracterizar o que de fato existe instalado mostra que o trabalhador está mais protegido e o empregador é chamado a responsabilidade.

O mais importante é a preocupação em antecipar os riscos aos quais os trabalhadores estão expostos com medidas de proteção individual e coletiva e medidas de controle.

A norma estabelece a obrigatoriedade de divulgação dos riscos inerentes a eletricidade, não somente aos trabalhadores que desenvolvam atividades laborais com eletricidade, mas sim aos demais trabalhadores que venham a executar suas atividades próximos a circuitos energizados. Neste caso, como princípio geral, cabe ao empregador mostrar aos empregados, próprios e terceirizados, os riscos que estão sujeitos.

Outro aspecto que merece consideração e que veio a impactar as relações entre empregador e empregado é que a maioria dos serviços em eletricidade nas indústrias é terceirizada. A norma aponta as responsabilidades do contratante e as define como solidárias o que, na prática isso significa que o contratante de um serviço tem de zelar pela segurança do trabalhador fornecendo informações sobre o contexto do trabalho a ser executado. Convém salientar que isso se aplica a qualquer área, não somente aos trabalhos com eletricidade.

Há o que se denomina de 3 culpas:

a) a primeira culpa denomina-se in contraend, é a culpa da empresa pela má contratação, pelo vínculo com um contratado não habilitado, incapacitado para exercer serviços na área específica.

b) a segunda culpa denomina-se in eligendo é a falta de cautela do trabalhador consigo mesmo, a pessoa não habilitada, o que não exime o contratante da responsabilidade.

c) a terceira culpa denomina-se in vigilando que se traduz na culpa por ausência de fiscalização.

As últimas estatísticas do ministério do trabalho apontam que de cada 4 mortes por acidentes de trabalho 3 são de funcionários terceirizados.

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É necessário incutir uma nova visão que aponta para a prevenção, tendo em vista que o acidente de trabalho é muito caro e vale a pena prevenir ao invés de arcar com os gastos de um acidente.

Finalizando, como a eletricidade abrange todos os setores de atividades, cabe a cada empresa desenvolver seu plano geral de emergência de acordo com suas necessidades, desde que atende o que prescreve a NR 10. Como a norma tem foco na gestão da segurança e saúde com instalações e serviços com energia elétrica e nas responsabilidades em todo o processo, os planos de emergência são livres de desenvolvimento devendo atender as necessidades de cada empresa.

2.3 SETOR DE ENERGIA ELÉTRICA

Atualmente, o principal instrumento regulatório que estabelece e consolida as condições gerais de fornecimento de energia elétrica é a Resolução ANEEL n. 456, de 29 de novembro de 2000.

O sistema elétrico pode ser subdividido em subsistemas denominados:

a) geração;

b) transmissão;

c) distribuição.

FIGURA 1 – Sistema elétrico de potência.

Fonte: FUNDAÇÃO COGE – Comitê de Segurança e Saúde no Trabalho. Curso da NR-10 – Manual. São Paulo, 2004. Disponível em: . Acesso em: 19 maio 2006.

Inicialmente, a geração de energia elétrica é principalmente em usinas hidrelétricas, onde a passagem de água por turbinas geradoras transforma a energia mecânica, originada pela queda da água, em energia elétrica. No Brasil, especificamente, a energia elétrica é 80% hidrelétrica, 11% termoelétrica e o restante por demais processos. O movimento de rotação imprimido às pás pela água em movimento aciona geradores elétricos que se conectam ao sistema de distribuição.

A partir da usina a energia é transformada, através de estações elevadoras onde os níveis de tensão são elevados, e transmitidos em corrente alternada ou corrente contínua através de cabos elétricos até estações rebaixadoras. Essa etapa demarca a fase de Transmissão de energia.

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Basicamente está constituída por linhas de condutores destinados a transportar a energia elétrica desde a fase de geração até a fase de distribuição, abrangendo processos de elevação e rebaixamento de tensão elétrica, realizados em estações próximas aos centros de consumo, ao lado das cidades.

Essa energia é transmitida em CA ou CC com elevados potenciais de transmissão que se justificam para evitar as perdas por aquecimento, redução no custo de condutores e transmissão da energia com o emprego de cabos com menor bitola, considerando as imensas extensões a serem transpostas.

Outra fase, denominada de distribuição, localizado junto aos centros de consumo é o ponto onde a energia elétrica é tratada, com seu nível de tensão rebaixado e sua qualidade controlada. Deste ponto é transportada através de redes aéreas ou subterrâneas com estruturas de postes, cabos e transformadores para novos rebaixamentos e finalmente entregue aos consumidores finais do tipo industrial, comercial ou residencial.

Quando se fala em setor elétrico refere-se normalmente ao SEP – sistema elétrico de potência definido como o conjunto de todas as instalações e equipamentos destinados à operação, transmissão e distribuição de energia elétrica.

O SEP trabalha com vários níveis de tensão classificados como alta (AT) e baixa tensão (BT) e corrente elétrica alternada (CA) ou contínua (CC), normalmente com freqüência de 60 Hz.

De acordo com NBR 5410/2004, considera-se, sendo Un a Tensão Nominal:

Baixa tensão: em CA e em CC

Alta tensão: em CA e em CC

Todas as atividades envolvendo manutenção no setor elétrico devem priorizar os trabalhos com circuitos desenergizados. Apesar de desenergizados devem obedecer a procedimentos e medidas de segurança adequado.

Somente serão consideradas desenergizadas as instalações elétricas liberam para serviço mediante os procedimentos apropriados:

a) seccionamento;

b) impedimento de reenergização;

c) constatação da ausência de tensão;

d) instalação de aterramento temporário com equipotencialização dos condutores dos circuitos;

e) proteção dos elementos energizados existentes;

f) instalação da sinalização de impedimento de energização.

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Nosso trabalho aborda, em seu escopo, basicamente os trabalhos desenvolvidos dentro de parques fabris, desconsiderando atividades desenvolvidas nas etapas de geração, distribuição e comercialização. Para tanto desconsideramos os aspectos de segurança e procedimentos pertinentes a essas etapas do setor.

Não abordamos, tendo em vista que as concessionárias, juntamente com as empreiteiras de serviços, buscam desenvolver procedimentos adequados neste segmento de trabalho. Vamos focar no desenvolvimento as ações relativas aos serviços desenvolvidos em tensão primária de distribuição classe 25 kV e em baixa tensão classe 380/220V.

Temos o entendimento que neste ponto existe profundo desconhecimento das normas de segurança, tanto para os profissionais que atuam direta ou indiretamente com eletricidade, quanto para as empresas que os contratam.

2.4 PRINCIPAIS NORMAS DO SETOR DE ENERGIA ELÉTRICA

O setor de energia elétrica, objeto do trabalho, está delimitado por um parque fabril industrial atendido em classe 25 kV com inúmeras classes de tensão em BT variando de 220V a 760V.

2.4.1 NBR 5410 - Instalações elétrica de baixa tensão

Objetivo - Esta Norma estabelece as condições que as instalações elétricas de baixa tensão devem satisfazer a fim de garantir a segurança de pessoas e animais, o funcionamento adequado da instalação e a conservação dos bens. Aplica-se às instalações elétricas de edificação, residencial, comercial, público, industrial, de serviços, agropecuário, hortigranjeiro.

Esta Norma não se aplica às instalações elétricas:

a) em áreas descobertas das propriedades, externas às edificações;

b) reboques de acampamento (trailers), locais de acampamento (camping), marinas e instalações análogas;

c) canteiros de obra, feiras, exposições e outras instalações temporárias.

d) aos circuitos elétricos alimentados sob tensão nominal igual ou inferior a 1000 V em corrente alternada, com freqüências inferiores a 400 Hz, ou a 1500 V em corrente continua;

e) aos circuitos elétricos, que não os internos aos equipamentos, funcionando sob uma tensão superior a 1000 V e alimentados através de uma instalação de tensão igual ou inferior a 1 000 V em corrente alternada (por exemplo, circuitos de lâmpadas a descarga, precípitadores eletrostáticos etc.);

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f) a toda fiação e a toda linha elétrica que não sejam cobertas pelas normas relativas aos equipamentos de utilização;

g) às linhas elétricas fixas de sinal (com exceção dos circuitos internos dos equipamentos).

As instalações elétricas cobertas por esta Norma estão sujeitas também, naquilo que for pertinente, às normas para fornecimento de energia estabelecida pelas autoridades reguladoras e pelas empresas distribuidoras de eletricidade.

2.4.2 NBR 14039 - Instalações elétricas de média tensão de 1,0kV A 36,2 kV

Objetivo: estabelecer um sistema para o projeto e execução de instalações elétricas de média tensão, com tensão nominal de 1,0kV a 36,2 kV, à freqüência industrial, de modo a garantir segurança e continuidade de serviço.

Aplica-se:

a) a partir de instalações alimentadas pelo concessionário, o que corres-ponde ao ponto de entrega definido através da legislação vigente emanada da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL);

b) as instalações alimentadas por fonte própria de energia em média tensão, às instalações novas;

c) as reformas em instalações existentes e às instalações de caráter permanente ou temporário.

As instalações de geração, distribuição e utilização de energia elétrica, sem prejuízo das disposições particulares relativas aos locais e condições especiais de utilização constantes nas respectivas normas.

Na construção e manutenção das instalações elétricas de média tensão de 1,0 a 36,2 kV a partir do ponto de entrega definido pela legislação vigente incluindo as instalações de geração, distribuição de energia elétrica. Devem considerar a relação com as instalações vizinhas a fim de evitar danos às pessoas, animais e meio ambiente.

As instalações especiais tais como marítimas, de tração elétrica, de usinas, pedreiras, luminosas com gases (neônio e semelhantes), devem obedecer, além desta norma, às normas especificas aplicável em cada caso.

As prescrições desta Norma constituem as exigências mínimas a que devem obedecer as instalações elétricas às quais se refere, para que não venham, por suas deficiências, prejudicar e perturbar as instalações vizinhas ou causar danos a pessoas e animais e à conservação dos bens e do meio ambiente.

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Os componentes da instalação são considerados apenas no que concerne à sua seleção e às suas condições de instalação. Isto é igualmente válido para conjuntos pré-fabricados de componentes que tenham sido submetidos aos ensaios de tipo aplicáveis.

A aplicação destas Normas não dispensa o atendimento a outras normas complementares, aplicáveis as instalações e locais específicos nem o respeito aos regulamentos de órgãos públicos aos quais a instalação deva satisfazer.

Como as normas NBR 14039 e NBR 5410 são normas de caráter técnico que devem, a principio, ter sido seguidas nas etapas de projeto e instalação vamos abordar a contextualização da norma de segurança NR-10, que, abarca todo esse contexto no âmbito da segurança.

2.4.3 NR – 10 Segurança em Instalações e serviços em eletricidade

Segundo Souza e Pereira (2005, p. 9):

[...] a norma dispõe sobre as diretrizes básicas para implementação de medidas de controle e sistemas preventivos, destinados a garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores que direta ou indiretamente interajam em instalações elétricas e serviços com eletricidade nos seus mais diversos usos e aplicações e quaisquer trabalhos realizados nas suas proximidades.

Sensível às necessidades à gravidade da situação da segurança e saúde existente nas atividades com energia elétrica e, principalmente em atendimento a demanda e anseios dos trabalhadores e a sociedade, especialmente representada pelo grupo tripartite paritária permanente – CTPP, pelo grupo técnico tripartite de energia – GTTE e diversas outras manifestações e movimentos organizados, ocorridos no país, em resposta à necessidade de controle de riscos envolvendo eletricidade, promoveu a atualização da norma alinhando-a a modernos conceitos de segurança e saúde em instalações e serviços em eletricidade.

De acordo Oliveira e Gallo (2005), com a finalidade de atendimento a NR-10 do ministério do trabalho e emprego e outras normas técnicas vigentes, esta nova norma NR-10 é constituída por 14 itens (10.1 a 10.14), 99 subitens, 3 anexos e 1 glossário, tendo ainda, como referência, os códigos e infrações que a ela cabem dados pela Portaria n. 126, da NR-28 do Ministério do Trabalho e Emprego.

Foi atualizada com a intenção de oferecer aos profissionais envolvidos em instalações e sistemas elétricos uma maior segurança, visto as alterações feitas no setor elétrico e nas diversas atividades com eletricidade.

Foi elaborada para poder oferecer as empresas e seus vários executantes uma nova organização do trabalho e das instalações de sua planta tendo em vista a necessidade da

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introdução de novas tecnologias e a reorganização frente às introduções de qualidade impostas pela globalização que envolve diversos itens técnicos e em especial a segurança em suas atividades e negócios.

A idéia de ter como princípio básico à eliminação de acidentes frente a esta fonte de risco, que é a energia elétrica, deu aos participantes deste Grupo, elaboradores da nova NR-10, seus colaboradores e especialmente o Ministério do Trabalho e Emprego uma grande credibilidade pela boa fé na realização e objetivo deste grande feito.

Seu foco na Gestão de Qualidade, Saúde e Segurança, e a responsabilidade desde a produção até o consumo final de energia, vêm oferecer não só aos que trabalham diretamente em energia elétrica, como também, a toda sociedade de um país que pretende ser organizado e ter melhor qualidade de vida a oportunidade de realizações seguras que se traduzem em benefícios reais para todos.

Complementam-se às suas aplicações todas as normas técnicas oficiais que a ela são correlatas, nacionais e internacionais e, outras instruções de controle, planejamento, qualidade e segurança.

Por outro lado também não podemos deixar de criticar os seus idealizadores diretos, pois entendemos que a norma cuida do assunto preservação da vida, bens e serviços de forma inversa, tendo em vista que os prazos e ações nela indicados não condizem com o maior índice de realidade, por isto, devemos entender, que a maioria das empresas já funciona, estão instaladas e não estão sendo construídas.

Assim, devemos compreender que as escolhas de prioridades feitas deveriam ser preparadas para que suas atividades e aplicações atendessem em primeiro plano a integridade do ser humano, iniciando com os treinamentos para que depois fossem aplicados os prazos para as demais ações e cobranças nela (NR-10) propostos.

Consta nesta nova NR-10, que os funcionários da empresa e terceiros devam ser treinados até 24 meses da data de sua publicação (previsão: 08/12/06), contudo, seria conveniente antecipar estes treinamentos, visto que, os requisitos e recomendações são outras, as plantas já estão em pleno funcionamento, e os profissionais permanecem trabalhando nas várias atividades de riscos elétricos.

Para um correto início deste atendimento da NR-10, é importante que a empresa já tenha selecionado os profissionais que, de forma direta ou indireta, venham estar envolvidos em sistemas e instalações elétricas. Ato contínuo, recebam os treinamentos sobre a segurança e responsabilidades nas suas execuções técnicas de elétrica, instrumentação, engenharia, projetos, planejamento, recursos humanos e segurança.

É necessário considerar que todos os procedimentos sobre a elaboração do Prontuário das Instalações Elétricas e outros itens de orientações devem ser corretamente integrados ao sistema de gestão da empresa. A intenção desta integração é a preservação da saúde do trabalhador aliado ao meio ambiente, a segurança das instalações e operações em eletricidade, a conservação do patrimônio da empresa e, principalmente, na segurança do ser humano e de outros seres vivos dos quais podemos ter um controle para sua preservação.

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2.5 RISCOS

É sabido que prevenção de acidentes não se faz simplesmente com a aplicação de normas, porém elas indicam o caminho obrigatório e determinam limites mínimos de ação para que se alcancem, na plenitude, os recursos existentes na legislação. É necessário que se conheçam seus meandros e possibilidades e, com isso, conseguir eliminar, ao máximo, os riscos nos ambientes de trabalho.

Acidente do trabalho tem conceitos diferentes, sob ótica legal e prevencionista.

Sob a ótica legal, a legislação brasileira define acidente do trabalho como todo aquele decorrente do exercício do trabalho e que provoca, direta ou indiretamente, lesão, perturbação funcional ou doença.

Considerando o aspecto prevencionista acidente é qualquer ocorrência que interfere no andamento normal do trabalho.

Na definição legal o acidente só ocorre se dele resultar uma lesão, no entanto devemos lembrar que a lesão é apenas uma das conseqüências do acidente. A definição prevencionista nos alerta que o acidente pode ocorrer sem provocar lesões pessoais.

Do exposto, concluímos que devemos procurar evitar todo e qualquer tipo de acidente. Deveremos evitar os acidentes sem lesão porque, se forem eliminados estes, automaticamente, estará afastado a quase totalidade dos outros.

Diante dos conceitos, vamos focar nossas ações buscando, dentro do cenário dos serviços com eletricidade, focar nossos esforços sob a ótica prevencionista. Para tanto devemos investir na análise dos riscos inerentes as atividades desenvolvidas. Os riscos à segurança e saúde dos trabalhadores nos setores de eletricidade são elevados podendo levar a lesões de grande gravidade e são específicos a cada tipo de atividade.

Segundo Norma OHSAS 18001,

[...] risco é a combinação da probabilidade de ocorrência e das conseqüências de um determinado evento perigoso. A avaliação de risco é um processo global para estimar a magnitude dos riscos, e decidir se um risco é ou não tolerável. Risco tolerável é o que foi reduzido a um nível que pode ser suportado pela organização, levando em conta suas obrigações legais e sua própria política de SST. (CICCO, 1999)

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Conforme NR-9, os agentes capazes da causar danos à saúde do trabalhador gerando riscos respectivos são agentes físicos, químicos e biológicos. Os riscos físicos são as diversas formas de energia a que possam estar expostos os trabalhadores como ruído ou vibrações; riscos químicos são as diversas substâncias, compostos ou produtos que possam penetrar no organismo pela via respiratória, nas formas de poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases ou vapores, ou que, pela natureza da atividade de exposição, possam ter contato ou ser absorvido pelo organismo através da pele ou por ingestão e riscos biológicos são as bactérias, os fungos, os bacilos, os parasitas entre outros que podem contaminar o trabalhador.

Os riscos inerentes às atividades da empresa devem ser identificados, avaliados e gerenciados de modo a evitar a ocorrência de acidentes e ou assegurar a minimização de seus efeitos. Os riscos não são apenas conseqüências do ambiente físico, das máquinas, equipamentos, produtos e substâncias, mas estão inseridos em processos de trabalho particulares, com organizações do trabalho e formas de gerenciamento próprias. Sua análise deve levar em conta o conjunto destes fatores.

A organização do trabalho está relacionada ao treinamento, à divisão de tarefas, aos procedimentos, à cobrança de produtividade, à intensificação do trabalho, aos mecanismos de coerção e punição. Outros elementos fundamentais da organização envolvem a terceirização, a redução de efetivos, e a forma como a manutenção é realizada. Além disso, é absolutamente estratégico para os trabalhadores e suas organizações a forma como eles atuam e participam das decisões que lhes dizem respeito nos locais de trabalho. Todos esses elementos influenciam direta ou indiretamente na geração de acidentes, doenças ou outras formas de sofrimento dos trabalhadores na área elétrica.

Em 1969, ou seja, três anos após ter concluído a série de pesquisa na Lukens Steel Company, Bird, estando agora a serviço do Instituto Internacional de Controle de Perdas, contribuiu com sua experiência para o estudo sobre acidentes industriais que a Insurance Company of North America realizou.

Foram analisados 1.753.498 acidentes, informados por 297 empresas que representavam 21 grupos industriais, com 1.750.000 empregados que trabalharam mais de três bilhões de horas-homem, durante o período de exposição analisada.

Foi uma amostra consideravelmente maior e propiciou chegar-se a uma relação mais precisa que a de Bird.

Nesse estudo foi introduzida a análise do quase-acidente, ou seja, acidentes sem lesão ou danos visíveis, pois estes revelam potenciais enormes de acidentes, situações com risco potencial de ocorrência sem que tenha havido ainda, a perda pessoal ou não pessoal. Desta análise considera-se que desvios são práticas de trabalho que possam gerar danos às pessoas, meio ambiente ou patrimônio ou seja, ações fora do padrão.

O resultado final desse estudo indicou, que para cada acidente com lesão incapacitante (lesão grave) ocorriam 10 acidentes sem perda de tempo (lesões leves), 30 com danos à propriedade e 600 acidentes que não representavam lesões ou danos visíveis (quase-acidente).

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A proporção obtida 1:30:300:3000:30000, nesse estudo da Insurance Company of North America, em 1969, pode ser melhor visualizada na pirâmide que segue:

FIGURA 2 – Pirâmide de Bird.

Fonte: CICCO, Francesco de.; FANTOZZINI, Mario Luiz. Tecnologias consagradas de gestão de riscos. Coleção Risk tecnologia. 2. ed. São Paulo: Abril, maio. 2003, p. 28.

Algumas técnicas de análise de riscos utilizadas são série de riscos, análise de modos de falha e efeitos, análises de operações, análise de árvore de falhas, Hazop e APR. (CICCO, 2003).

Existe sempre uma diferença entre o trabalho prescrito nas regras, procedimentos e instruções de manuais e gerências, com o trabalho em situações reais. As análises dos riscos nos locais de trabalho sempre devem considerar as situações reais de trabalho, com a participação ativa dos trabalhadores. Os riscos não são apenas informações teóricas, dadas por especialistas e pelas gerências das empresas a partir de seus documentos e conhecimentos técnicos. Eles fazem parte do trabalho real vivido no dia a dia dos trabalhadores, e muitas vezes as análises de risco apresentadas por especialistas e pelas gerências das empresas aos fiscais ou auditores externos são muito diferentes das situações de risco reais vivenciadas pelos trabalhadores.

Na medida em que passamos a adotar ações sistêmicas, passamos a estreitar a base da pirâmide, eliminado assim os acidentes mais graves ou fatais. Entenda-se por ações sistêmicas a adoção de medidas balizadas por treinamentos, procedimentos claros e escritos e a garantia de uma comunicação eficaz entra as partes envolvidas. Desta forma, as ações dentro parque fabril, passam a orientar-se sob a ótica prevencionista e agindo apenas sobre situações que não geram fatalidade.

FIGURA 3 – Pirâmide de Bird adaptado para este trabalho.

Fonte: CICCO, Francesco de.; FANTOZZINI, Mario Luiz. Tecnologias consagradas de gestão de riscos. Coleção Risk tecnologia. 2. ed. São Paulo: Abril, maio. 2003, p. 29.

2.5.1 Riscos de origem elétrica

A eletricidade constitui-se um agente de alto potencial de risco ao homem, mesmo em baixas tensões, ela representa perigo à integridade física e saúde do trabalhador.

Sua ação mais nociva é a ocorrência do choque elétrico com conseqüências diretas e indiretas (quedas, batidas, queimaduras indiretas e outras). Também apresenta risco devido à

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possibilidade de ocorrências de curtos-circuitos ou mau funcionamento do sistema elétrico originando grandes incêndios, explosões ou acidentes ampliados.

De 1.629 acidentes graves e com morte analisados pelo MTE de janeiro a outubro deste ano, 120 (7,37%) foram causados por riscos elétricos. Em 2003, o número total de óbitos no trabalho ficou em 2.582. Comparando os números dos três anos anteriores, os trabalhadores em energia morreram sete vezes mais.

Segundo dados do INSS, 41,8% dos acidentados no setor elétrico têm menos de 35 anos. Os custos com benefícios previdenciários em decorrência dos acidentes com mortes somam R$ 611,5 milhões nos últimos oito anos. De acordo com a Fundação Coge (Eletrobrás), em 2004 houve no setor elétrico 986 acidentados afastados do trabalho, 1.050 acidentes sem afastamento e 88 mortes.

FIGURA 4 – Dados estatísticos de acidentes na área elétrica.

Fonte: FUNDAÇÃO COGE – Comitê de Segurança e Saúde no Trabalho. Curso da NR-10 – Manual. São Paulo, 2004. Disponível em: . Acesso em: 19 maio 2006.

É importante lembrar que o fato da linha ou circuito estar desenergizado não elimina o risco elétrico, tampouco se pode prescindir das medidas de controle coletivas e individuais necessárias, já que a energização acidental pode ocorrer devido a erros de:

a) manobra;

b) contato acidental com outros circuitos energizados;

c) tensões induzidas por linhas adjacentes ou que cruzam a rede;

d) descargas atmosféricas mesmo que distantes dos locais de trabalho;

e) fontes de alimentação de terceiros.

2.6 GESTÃO

A Norma ISO 9000 (ASSOCIAÇÃO, 2002, p. 2) define gestão como: “atividades coordenadas para dirigir e controlar uma organização”.

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Já a Norma BS 8800 (CICCO, 1996) define sistema de gestão como:

um conjunto, em qualquer nível de complexidade, de pessoas, recursos, políticas e procedimentos. Componentes esses que interagem de um modo organizado para assegurar que uma tarefa é realizada, ou para alcançar ou manter um resultado específico.

Segundo Arantes (1994), no campo da gestão há um conjunto de técnicas que dão suporte no momento de planejar, executar e dirigir para que a administração tenha resultado eficaz.

As instituições empresariais podem ser entendidas como estruturas decorrentes de necessidades sociais básicas, definida pelo papel que desempenha no atendimento as necessidades da sociedade e pelo modo como age.

A Gestão de Riscos é a arte ou a função que visa a proteção dos recursos humanos, materiais, ambientais e financeiros de uma empresa, quer através da eliminação ou redução dos seus riscos, quer através do financiamento dos riscos remanescentes, conforme seja economicamente mais viável.

Para um plano de gestão de riscos a identificação de riscos é, indubitavelmente, a mais importante das responsabilidades porque é o processo através do qual são identificadas perdas potenciais através de check-lists ou roteiros, inspeções de segurança, investigação de acidentes e fluxogramas.

Um sistema de gestão de riscos de acidentes no trabalho pressupõe para cada tarefa desempenhada no posto de trabalho:

a) classificar as atividades;

b) a identificação dos perigos

c) avaliação do grau de riscos relativos à atividade desempenhada

d) definir se o risco é ou não tolerável;

e) estabelecer de um plano de controle;

f) revisar e adequar constantemente;

Segundo Cicco (2003, p. 17) “a gestão do risco passa pela identificação, análise, avaliação e tratamento do risco. O tratamento do risco é feito de duas maneiras: prevenção ou financiamento”.

Na prevenção a eliminação é a busca constante, sendo a redução à alternativa quando a eliminação não é possível.

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A avaliação e análise do risco, do ponto de vista da tarefa a ser executada, é tratada pelo método APR. Porém, considerando que é um método de análise pontual, há a necessidade de utilizar um modelo de que permita gerir os riscos fundamentado no processo de melhorias contínuas a exemplo do PDCA, que consiste em:

FIGURA 5 - Ciclo de PDCA de controle de processos.

Fonte: CAMPOS, V. F. TQC - Controle da qualidade total. 3. ed. Rio de Janeiro: Bloch, 1992, p. 17.

Os riscos não podem ser analisados de forma estática, pois as empresas, os ambientes e as organizações estão freqüentemente mudando, e as análises de riscos precisam ser periodicamente revistas.

2.7 OHSAS 18001

Esta especificação da Série de Avaliação da Segurança e Saúde Ocupacional (OHSAS) fornece os requisitos para um Sistema de Gestão da Segurança e Saúde Ocupacional (SSO), permitindo a uma organização controlar seus riscos de acidentes e doenças ocupacionais e melhorar seu desempenho. Ela não prescreve critérios específicos de desempenho da Segurança e Saúde Ocupacional, nem fornece especificações detalhadas para o projeto de um sistema de gestão.

Esta especificação OHSAS se aplica a qualquer organização que deseje:

a) estabelecer um Sistema de Gestão da SSO para eliminar ou minimizar riscos aos funcionários e outras partes interessadas que possam estar expostos aos riscos de SSO associados a suas atividades;

b) programar, manter e melhorar continuamente um Sistema de Gestão da SSO;

c) assegurar-se de sua conformidade com sua política de SSO definida;

d) demonstrar tal conformidade a terceiros;

e) buscar certificação/registro do seu Sistema de Gestão da SSO por uma organização externa;

f) realizar uma auto-avaliação e emitir autodeclaração de conformidade com esta especificação.

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Como o Sistema de Gestão da SST é parte integrante de um sistema de gestão de toda e qualquer organização, o qual proporciona um conjunto de ferramentas que potenciam a melhoria da eficiência da gestão dos riscos da SST, relacionados com todas as atividades da organização, consideram-se que os aspectos a seguir referidos são alguns dos mais importantes, face às suas características e especificidades, com o propósito de definir, tornar efetiva, rever e manter a política da SST da organização, com base na qual se poderá definir e estabelecer a estrutura operacional, atividades de planejamento, responsabilidades, as práticas, os procedimentos, os processos e os recursos.

Definida a política da SST, a organização deve desenhar um sistema de gestão que englobe desde a estrutura operacional até à disponibilização dos recursos, passando pelo planejamento, pela definição de responsabilidades, práticas, procedimentos e processos, aspectos decorrentes da gestão e que atravesse horizontalmente toda a organização.

O sistema deve ser orientado para a gestão dos riscos, devendo assegurar a identificação de perigos, avaliação de riscos, e o controle de riscos.

Quando a norma refere “ser apropriada à natureza e à escala dos riscos da SST da organização”, tal induz a que seja efetuada uma relação profunda com a prevenção. Com efeito, quando uma organização tem consciência da natureza e gravidade dos seus riscos e dos perigos associados às suas atividades, concretiza uma das etapas mais importantes para a consolidação e suporte dos princípios basilares da prevenção.

3 PROCEDIMENTO METODOLÓGICO

A descrição técnica entre os elementos das normas NR 10 e OHSAS 18001 foram feitos através de uma tabela comparativa item a item buscando na NR 10 seu equivalente a OHSAS 18001.

4 COMPARAÇÃO ENTRE AS NORMAS

A tabela que segue é um comparativo entre as normas OHSAS 18001 e NR10.

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Objetivos da norma

OHSAS 18001 NR 10

Item 1. Fornecer requisitos para um sistema de SST para o controle de riscos de acidentes e doenças ocupacionais e melhorar seu desempenho. Item 10.1.1 Estabelece os requisitos e condições mínimas para a implementação de medidas de controle e sistemas preventivos, de forma a garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores que, direta ou indiretamente, interajam em instalações elétricas e serviços com eletricidade.

Campo de aplicação

Item 1. Se aplica a qualquer organização que deseje:

a) estabelecer um Sistema de Gestão da SSO para eliminar ou minimizar riscos aos funcionários e outras partes interessadas que possam estar expostos aos riscos de SSO associados a suas atividades;

b) implementar, manter e melhorar continuamente um Sistema de Gestão da SSO;

c) assegurar-se de sua conformidade com sua política de SSO definida;

d) demonstrar tal conformidade a terceiros;

e) buscar certificação/registro do seu Sistema de Gestão da SSO por uma organização externa; ou

f) realizar uma auto-avaliação e emitir autodeclaração de conformidade com esta especificação.

Item 10.1.2 Esta NR se aplica às fases de geração, transmissão, distribuição e consumo, incluindo as etapas de projeto, construção, montagem, operação, manutenção das instalações elétricas e quaisquer trabalhos realizados nas suas proximidades, observando-se as normas técnicas oficiais estabelecidas pelos órgãos competentes e, na ausência ou omissão destas, as normas internacionais cabíveis.

Item 10.14.6 Esta NR não é aplicável a instalações elétricas alimentadas por extrabaixa tensão.

Referências

Item 2. - OHSAS 18002:1999, Diretrizes para a implementação da OHSAS 18001.

- BS8800:1996,Guia para sistemas de gestão da segurança e Saúde Ocupacional. Não menciona.

Elementos de sistema de gestão da SST

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Item 4. Os elementos de sistema de gestão da SST estão baseados no PDCA Item 10.2.2 As medidas de controle adotadas devem integrar-se às demais iniciativas da empresa, no âmbito da preservação da segurança, da saúde e do meio ambiente do trabalho.

Política SST

Item 4.2 Deve haver uma política que estabeleça claramente os objetivos globais de segurança e saúde e o comprometimento para melhorar o desempenho da SSO. Não menciona.

Planejamento

Item 4.3.1 A organização deve estabelecer e manter planejamento para identificação de perigos e avaliação e controle de riscos. Item 10.2.1 Em todas as intervenções em instalações elétricas devem ser adotadas medidas preventivas de controle do risco elétrico e de outros riscos adicionais, mediante técnicas de análise de risco, de forma a garantir a segurança e a saúde no trabalho.

Item 10.11.1 Os serviços em instalações elétricas devem ser planejados e realizados em conformidade com procedimentos de trabalho específicos, padronizados, com descrição detalhada de cada tarefa, passo a passo, assinados por profissional que atenda ao que estabelece o item 10.8 desta NR.

Requisitos legais e outros

Item 4.3.2. A organização deve estabelecer e manter procedimento para identificar e ter acesso à legislação e a outros requisitos de SSO que lhe são aplicáveis. Item 10.3.8 O projeto elétrico deve atender ao que dispõem as Normas Regulamentadoras de Saúde e Segurança no Trabalho, as regulamentações técnicas oficiais estabelecidas, e ser assinado por profissional legalmente habilitado.

Objetivos de saúde e segurança

Item 4.3.3 A organização deve estabelecer e manter objetivos de Segurança e Saúde Ocupacional documentados, em cada nível e função pertinentes da organização. Item 10.2.2 As medidas de controle adotadas devem integrar-se as demais iniciativas da empresa no âmbito da preservação da segurança da saúde e do meio ambiente do trabalho.

Item 10.11 Procedimentos de trabalho.

Programa de gestão de SST

Item 4.3.4 A organização deve estabelecer e manter programa(s) de gestão da SSO para atingir seus objetivos. Item 10.2.2 As medidas de controle adotadas devem integrar-se as demais

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iniciativas da empresa no âmbito da preservação da segurança da saúde e do meio ambiente do trabalho.

Estrutura

Item 4.4.1 As funções, responsabilidades e autoridades do pessoal que gerencia, desempenha e verifica atividades que têm efeito sobre os riscos de SSO das atividades, instalações e processos da organização, devem ser definidas, documentadas e comunicadas, a fim de facilitar a gestão da Segurança e Saúde Ocupacional. Item 10.2.2 As medidas de controle adotadas devem integrar-se as demais iniciativas da empresa no âmbito da preservação da segurança da saúde e do meio ambiente do trabalho.

Responsabilidade

Item 4.4.1 A responsabilidade formal pela SSO é da alta administração Item 10.13.1 As responsabilidades quanto ao cumprimento desta NR são solidárias aos contratantes e contratados envolvidos.

Treinamento, conscientização e competência.

Item 4.4.2 O pessoal deve ser competente para desempenhar as tarefas que possam ter impacto sobre a SSO. A competência deve ser definida em termos de educação apropriada, treinamento e/ou experiência. Os procedimentos de treinamento devem levar em conta os diferentes níveis de: responsabilidade, habilidade e instrução; e risco. Item 10.8 Este item conceitua profissional qualificado, legalmente habilitado e trabalhador capacitado. Trata do treinamento necessário aos profissionais que trabalham com energia elétrica. (Item treinamento detalhado no anexo III da portaria)

Consulta e Comunicação

Item 4.4.3 A organização deve ter procedimentos para assegurar que as informações pertinentes de SSO são comunicadas para e a partir dos funcionários e de outras partes interessadas Item 10.8.9 Os trabalhadores com atividades não relacionadas às instalações elétricas desenvolvidas em zona livre e na vizinhança da zona controlada, conforme define esta NR, devem ser instruídos formalmente com conhecimentos que permitam identificar e avaliar seus possíveis riscos e adotar as precauções cabíveis.

Documentação

Item 4.4.4 A organização deve estabelecer e manter informações, em papel ou em meio eletrônico, para:

a) descrever os principais elementos do sistema de gestão e a interação entre eles; e

b) fornecer orientação sobre a documentação relacionada. Item 10.2.6 O Prontuário de Instalações Elétricas deve ser organizado e mantido atualizado pelo empregador ou pessoa formalmente designada pela empresa, devendo permanecer à disposição dos trabalhadores envolvidos nas instalações e serviços em eletricidade.

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Item 10.3.7 O projeto das instalações elétricas deve ficar à disposição dos trabalhadores autorizados, das autoridades competentes e de outras pessoas autorizadas pela empresa e deve ser mantido atualizado.

Controle de documentos e de dados

Item 4.4.5 A organização deve estabelecer e manter procedimentos para o controle de todos os documentos e dados exigidos por esta especificação OHSAS, para assegurar que:

a) possam ser localizados;

b) sejam periodicamente analisados, revisados quando necessário e aprovados, quanto à sua adequação, por pessoal autorizado;

c) as versões atualizadas dos documentos e dados pertinentes estejam disponíveis em todos os locais onde são executadas operações essenciais ao efetivo funcionamento do Sistema de Gestão da SSO;

d) documentos e dados obsoletos sejam prontamente removidos de todos os pontos de emissão e uso

e) documentos e dados arquivados, retidos por motivos legais e/ou para preservação de conhecimento, sejam adequadamente identificados Item 10.14.4 A documentação prevista nesta NR deve estar permanentemente à disposição dos trabalhadores que atuam em serviços e instalações elétricas, respeitadas as abrangências, limitações e interferências nas tarefas.

Item 10.14.5 A documentação prevista nesta NR deve estar, permanentemente, à disposição das autoridades competentes.

Controle operacional

Item 4.4.6 A organização deve identificar aquelas operações e atividades associadas aos riscos identificados, onde as medidas de controle necessitam ser aplicadas. A organização deve planejar tais atividades, inclusive manutenção, de forma a assegurar que sejam executadas sob condições específicas através

a) do estabelecimento e manutenção de procedimentos documentados, para abranger situações onde sua ausência possa acarretar desvios em relação à política de SSO e aos objetivos;

b) da estipulação de critérios operacionais nos procedimentos;

c) do estabelecimento e manutenção de procedimentos relativos aos riscos identificados de SSO, de bens, equipamentos e serviços adquiridos e/ou utilizados pela organização, e da comunicação dos procedimentos e requisitos pertinentes a serem atendidos por fornecedores e contratados;

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d) do estabelecimento e manutenção de procedimentos para o projeto de locais de trabalho, processos, instalações, equipamentos, procedimentos operacionais e organização do trabalho, incluindo suas adaptações às capacidades humanas, de forma a eliminar ou reduzir os riscos de SSO na sua fonte. Item 10.2.8.1 Em todos os serviços executados em instalações elétricas devem ser previstas e adotadas, prioritariamente, medidas de proteção coletiva aplicáveis, mediante procedimentos, às atividades a serem desenvolvidas, de forma a garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores.

Item 10.11.1 Os serviços em instalações elétricas devem ser planejados e realizados em conformidade com procedimentos de trabalho específicos, padronizados, com descrição detalhada de cada tarefa, passo a passo.

Atendimento a emergências

Item 4.4.7 A organização deve estabelecer e manter planos e procedimentos para identificar o potencial e atender a incidentes e situações de emergência, bem como para prevenir e reduzir as possíveis doenças e lesões que possam estar associadas a eles. Item 10.9.1 As áreas onde houver instalações ou equipamentos elétricos devem ser dotadas de proteção contra incêndio e explosão, conforme dispõe a NR 23 – Proteção Contra Incêndios.

Item 10.9.4 Nas instalações elétricas de áreas classificadas ou sujeitas a risco acentuado de incêndio ou explosões, devem ser adotados dispositivos de proteção.

Item 10.12.1 As ações de emergência que envolvam as instalações ou serviços com eletricidade devem constar do plano de emergência da empresa.

Monitoramento e mensuração do desempenho

Item 4.5.1 A organização deve estabelecer e manter procedimentos para monitorar e medir, periodicamente, o desempenho da SSO. Item 10.2.2 As medidas de controle adotadas devem integrar-se as demais iniciativas da empresa no âmbito da preservação da segurança da saúde e do meio ambiente do trabalho.

Item 10.11 Procedimentos de trabalho

Acidentes, incidentes e não-conformidades

Item 4.5.2 A organização deve estabelecer e manter procedimentos para definir responsabilidade e autoridade para:

a) tratar e investigar:

- acidentes,

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- incidentes;

- não-conformidades;

b) adotar medidas para reduzir quaisquer conseqüências oriundas de acidentes, incidentes ou não-conformidades;

c) iniciar e concluir ações corretivas e preventivas;

d) confirmar a eficácia das ações corretivas e preventivas adotadas Item 10.13.3 Cabe à empresa, na ocorrência de acidentes de trabalho envolvendo instalações e serviços em eletricidade, propor e adotar medidas preventivas e corretivas.

Item 10.10.1 Nas instalações e serviços em eletricidade deve ser adotada sinalização adequada de segurança, destinada à advertência e à identificação, obedecendo ao disposto na NR-26 – Sinalização de Segurança.

Gestão de registros

Item 4.5.3 A organização deve estabelecer e manter procedimentos para a identificação, manutenção e descarte de registros de SSO, Item 10.2.2 As medidas de controle adotadas devem integrar-se as demais iniciativas da empresa no âmbito da preservação da segurança da saúde e do meio ambiente do trabalho.

Auditoria

Item 4.5.4 A organização deve estabelecer e manter um programa e procedimentos para auditorias periódicas do Sistema de Gestão da SSO a serem realizadas de forma a:

a) determinar se o Sistema de Gestão da SSO:

1) está em conformidade com as disposições planejadas para a gestão da SSO, inclusive os requisitos desta especificação OHSAS;

2) foi devidamente implementado e está sendo mantido; e

3) é eficaz no atendimento à política e aos objetivos da organização;

b) analisar criticamente os resultados de auditorias anteriores;

c) fornecer à administração informações sobre os resultados das auditorias. Item 10.2.2 As medidas de controle adotadas devem integrar-se as demais iniciativas da empresa no âmbito da preservação da segurança da saúde e do meio ambiente do trabalho.

Análise crítica pela administração

Item 4.6 A alta administração da organização deve analisar criticamente o Sistema de Gestão da SSO, para assegurar sua conveniência, adequação e eficácia contínuas. Não menciona.

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5 ANÁLISES DOS RESULTADOS

No item que cita objetivo observa-se que as normas apresentam o mesmo princípio de implantar procedimentos e medidas de controle de riscos para garantir a segurança dos trabalhadores. Já em relação ao campo de aplicação, a NR 10 é específica a área elétrica objetivando a implementação de medidas de controle e sistemas preventivos de forma a garantir a saúde e segurança dos trabalhadores que direta ou indiretamente interajam em instalações elétricas e serviços com eletricidade. Não obstante a OHSAS 18001 trata exclusivamente do sistema de gestão estabelecendo diretrizes de forma a programar a política e os objetivos que a organização deve estabelecer no sentido de desenvolver estratégias e planos de ação documentados. Isto induz que seja efetuada uma relação profunda com a NR 10 no sentido de classificar as atividades de trabalho, identificar os perigos, determinar o risco, decidir se o risco é tolerável, preparar plano de ação se necessário e rever a adequacidade do plano de ação.

CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

Como a norma NR 10 é nova, publicada em dezembro de 2004, ainda está em fase de interpretação e ajustes. Não obstante, essa situação impôs dificuldades na interpretação da norma balizada por publicações recentes.

Entendemos que, após analisar a tabela comparativa ponto a ponto, entre as normas NR 10 e OHSAS 18001 os parâmetros utilizados no modelo de gestão são compatíveis à implantação da NR-10. Há que se observar que, a norma OHSAS 18001 pressupõe parâmetros genéricos de gestão, e como tal, devem ser adaptados caso a caso. Nesse processo de ajuste, deve-se considerar não somente os parâmetros normativos mas as características individuais de cada planta fabril.

Considerando os dados da tabela comparativa entre as normas entendemos que existe equivalência pontual entre os itens. Há que se observar que a norma NR 10 não expõe, em seu corpo, nenhuma metodologia de gestão. Fato esse complementado pelos procedimentos expostos na OHSAS 18001.

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Donde resulta que conseguimos atender os objetivos propostos visto que as normas são complementares em sua essência.

Porém o estudo não termina nesse ponto, ou seja, não é conclusivo. Fica espaço a continuidade da exploração em face da tenra idade das alterações impostas pela nova edição da norma NR 10.

REFERÊNCIAS

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AGÊNCIA Nacional de Energia Elétrica – ANEEL. Resolução n. 456, de 29 de novembro de 2000. Estabelece, de forma atualizada e consolidada, as Condições Gerais de Fornecimento de Energia Elétrica. Brasília, 2000.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Espaço confinado, prevenção de acidentes, procedimentos e medidas de proteção: NBR 14787. Rio de Janeiro: ABNT, 2001.

______. Instalações elétricas de média tensão de 1,0 kV a 36,2 Kv: NBR 14039. Rio de Janeiro: ABNT, 2005.

______. Instalações elétricas de baixa tensão: NBR 5410. Rio de Janeiro: ABNT, 2005.

______. Sistemas de gestão da qualidade: fundamentos e vocabulário: NBR ISO 9000. Rio de Janeiro: ABNT, 2000.

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BRASIL. Segurança e medicina do trabalho: Lei n 6.514 de 22 de dezembro de 1977 normas regulamentadoras (NR) aprovadas pela portaria n 3.214 de 8 de junho de 1978. 30. ed. São Paulo: Atlas, 1996.

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______. Constituição da Republica Federativa do Brasil. 33. ed. atual, e ampl. São Paulo: Saraiva, 2004.

______. Código de processo civil. 19. ed. São Paulo: Saraiva, 2004.

______. Código penal. 16. ed. São Paulo: Saraiva, 2001.

CAMILO JUNIOR, Abel Batista. Manual de prevenção e combate a incêndios. 5. ed. São Paulo: SENAC São Paulo, 2004.

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______. OHSAS 18002 sistemas de gestão da segurança e saúde no trabalho: diretrizes para a implementação da OHSAS 18001. [S.l.]: c2001

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______. SIG – Sistemas integrados de gestão da teoria à prática. Coleção Risk tecnologia. São Paulo: Abril, 2003.

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CRUZ Vermelha Brasileira. Caderno de Primeiros Socorros. São Paulo, 1996.

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FUNDAÇÃO COGE – Comitê de Segurança e Saúde no Trabalho. Curso da NR-10 – Manual. São Paulo, 2004. Disponível em: . Acesso em: 19 maio 2006.

GIOSA, Lívio Antônio. Terceirização: uma abordagem estratégica. 4. ed. São Paulo: Pioneira, 1995.

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INTERNATIONAL Safety Council. First aid and CPR: procedimentos em situação de emergência. 2. ed. São Paulo: Randal Fonseca. 1993.

MARTINS, Sérgio Pinto. Direito do trabalho. 21. ed., atual. São Paulo: Atlas, 2005.

OLIVEIRA, Claudio A. Dias de. Passo a passo da segurança do trabalho nos contratos de empresas prestadoras de serviços. São Paulo: LTR, 1999.

OLIVEIRA, Luís Eduardo de; GALLO, José Wilson Furlan. Análise e organização para elaboração do prontuário técnico sobre sistemas e instalações elétricas. 2005.

PIRES, Aline de Melo. Eletricidade nas empresas. Revista Proteção. São Paulo, p. 31 a 50, jul. 2005.

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SÃO PAULO (Estado). Secretaria de Energia. Departamento de Saúde. Primeiros Socorros. São Paulo, [s.d.].

SOUZA, João José Barrico de; PEREIRA, Joaquim Gomes Pereira. Manual de auxílio na interpretação e aplicação da nova NR 10: NR 10 comentada. São Paulo: LTr, 2005.

TÉCNICAS para análise de crédito. Ipanema: Link Quality, [199-]. 2 vídeo-cassete (100 min)

GLOSSÁRIO

1. Alta Tensão (AT): tensão superior a 1000 volts em corrente alternada ou 1500 volts em corrente contínua, entre fases ou entre fase e terra.

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2. Área Classificada: local com potencialidade de ocorrência de atmosfera explosiva.

3. Aterramento Elétrico Temporário: ligação elétrica efetiva confiável e adequada intencional à terra, destinada a garantir a equipotencialidade e mantida continuamente durante a intervenção na instalação elétrica.

4. Atmosfera Explosiva: mistura com o ar, sob condições atmosféricas, de substâncias inflamáveis na forma de gás, vapor, névoa, poeira ou fibras, na qual após a ignição a combustão se propaga.

5. Baixa Tensão (BT): tensão superior a 50 volts em corrente alternada ou 120 volts em corrente contínua e igual ou inferior a 1000 volts em corrente alternada ou 1500 volts em corrente contínua, entre fases ou entre fase e terra.

6. Barreira: dispositivo que impede qualquer contato com partes energizadas das instalações elétricas.

7. Direito de Recusa: instrumento que assegura ao trabalhador a interrupção de uma atividade de trabalho por considerar que ela envolve grave e iminente risco para sua segurança e saúde ou de outras pessoas.

8. Equipamento de Proteção Coletiva (EPC): dispositivo, sistema, ou meio, fixo ou móvel de abrangência coletiva, destinado a preservar a integridade física e a saúde dos trabalhadores, usuários e terceiros.

9. Equipamento Segregado: equipamento tornado inacessível por meio de invólucro ou barreira.

10. Extra-Baixa Tensão (EBT): tensão não superior a 50 volts em corrente alternada ou 120 volts em corrente contínua, entre fases ou entre fase e terra.

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11. Influências Externas: variáveis que devem ser consideradas na definição e seleção de medidas de proteção para segurança das pessoas e desempenho dos componentes da instalação.

12. Instalação Elétrica: conjunto das partes elétricas e não elétricas associadas e com características coordenadas entre si, que são necessárias ao funcionamento de uma parte determinada de um sistema elétrico.

13. Instalação Liberada para Serviços (BT/AT): aquela que garanta as condições de segurança ao trabalhador por meio de procedimentos e equipamentos adequados desde o início até o final dos trabalhos e liberação para uso.

14. Impedimento de Reenergização: condição que garante a não energização do circuito através de recursos e procedimentos apropriados, sob controle dos trabalhadores envolvidos nos serviços.

15. Invólucro: envoltório de partes energizadas destinado a impedir qualquer contato com partes internas.

16. Isolamento Elétrico: processo destinado a impedir a passagem de corrente elétrica, por interposição de materiais isolantes.

17. Obstáculo: elemento que impede o contato acidental, mas não impede o contato direto por ação deliberada.

18. Perigo: situação ou condição de risco com probabilidade de causar lesão física ou dano à saúde das pessoas por ausência de medidas de controle.

19. Pessoa Advertida: pessoa informada ou com conhecimento suficiente para evitar os perigos da eletricidade.

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20. Procedimento: seqüência de operações a serem desenvolvidas para realização de um determinado trabalho, com a inclusão dos meios materiais e humanos, medidas de segurança e circunstâncias que impossibilitem sua realização.

21. Prontuário: sistema organizado de forma a conter uma memória dinâmica de informações pertinentes às instalações e aos trabalhadores.

22. Risco: capacidade de uma grandeza com potencial para causar lesões ou danos à saúde das pessoas.

23. Riscos Adicionais: todos os demais grupos ou fatores de risco, além dos elétricos, específicos de cada ambiente ou processos de Trabalho que, direta ou indiretamente, possam afetar a segurança e a saúde no trabalho.

24. Sinalização: procedimento padronizado destinado a orientar, alertar, avisar e advertir.

25. Sistema Elétrico: circuito ou circuitos elétricos inter-relacionados destinados a atingir um determinado objetivo.

26. Sistema Elétrico de Potência (SEP): conjunto das instalações e equipamentos destinados à geração, transmissão e distribuição de energia elétrica até a medição, inclusive.

27. Tensão de Segurança: extra baixa tensão originada em uma fonte de segurança.

28. Trabalho em Proximidade: trabalho durante o qual o trabalhador pode entrar na zona controlada, ainda que seja com uma parte do seu corpo ou com extensões condutoras, representadas por materiais, ferramentas ou equipamentos que manipule.

29. Travamento: ação destinada a manter, por meios mecânicos, um dispositivo de manobra fixo numa determinada posição, de forma a impedir uma operação não autorizada.

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30. Zona de Risco: entorno de parte condutora energizada, não segregada, acessível inclusive acidentalmente, de dimensões estabelecidas de acordo com o nível de tensão, cuja aproximação só é permitida a profissionais autorizados e com a adoção de técnicas e instrumentos apropriados de trabalho.

31. Zona Controlada: entorno de parte condutora energizada, não segregada, acessível, de dimensões estabelecidas de acordo com o nível de tensão, cuja aproximação só é permitida a profissionais autorizados.

LISTA DE ANEXOS

ANEXO 1 - Anexos da Portaria/MTE n. 598, de 7 de dezembro de 2004 ....

ANEXO 2 - OHSAS 18001 ...........................................

ANEXO 1 – Anexos da Portaria/MTE n. 598, de 7 de dezembro de 2004

ANEXO I

D.O.U de 08/12/2004 – Seção I

NORMA REGULAMENTADORA Nº 10

SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE

10.1 OBJETIVO E CAMPO DE APLICAÇÃO

10.1.1 Esta Norma Regulamentadora – NR estabelece os requisitos e condições mínimas objetivando a implementação de medidas de controle e sistemas preventivos, de forma a garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores que, direta ou indiretamente, interajam em instalações elétricas e serviços com eletricidade.

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10.1.2 Esta NR se aplica às fases de geração, transmissão, distribuição e consumo, incluindo as etapas de projeto, construção, montagem, operação, manutenção das instalações elétricas e quaisquer trabalhos realizados nas suas proximidades, observando-se as normas técnicas oficiais estabelecidas pelos órgãos competentes e, na ausência ou omissão destas, as normas internacionais cabíveis.

10.2 MEDIDAS DE CONTROLE

10.2.1 Em todas as intervenções em instalações elétricas devem ser adotadas medidas preventivas de controle do risco elétrico e de outros riscos adicionais, mediante técnicas de análise de risco, de forma a garantir a segurança e a saúde no trabalho.

10.2.2 As medidas de controle adotadas devem integrar-se às demais iniciativas da empresa, no âmbito da preservação da segurança, da saúde e do meio ambiente do trabalho.

10.2.3 As empresas estão obrigadas a manter esquemas unifilares atualizados das instalações elétricas dos seus estabelecimentos com as especificações do sistema de aterramento e demais equipamentos e dispositivos de proteção.

10.2.4 Os estabelecimentos com carga instalada superior a 75 kW devem constituir e manter o Prontuário de Instalações Elétricas, contendo, além do disposto no subitem 10.2.3, no mínimo:

a) conjunto de procedimentos e instruções técnicas e administrativas de segurança e saúde, implantadas e relacionadas a esta NR e descrição das medidas de controle existentes;

b) documentação das inspeções e medições do sistema de proteção contra descargas atmosféricas e aterramentos elétricos;

c) especificação dos equipamentos de proteção coletiva e individual e o ferramental, aplicáveis conforme determina esta NR;

d) documentação comprobatória da qualificação, habilitação, capacitação, autorização dos trabalhadores e dos treinamentos realizados;

e) resultados dos testes de isolação elétrica realizados em equipamentos de proteção individual e coletiva;

f) certificações dos equipamentos e materiais elétricos em áreas classificadas;

g) relatório técnico das inspeções atualizadas com recomendações, cronogramas de adequações, contemplando as alíneas de “a” a “f”.

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10.2.5 As empresas que operam em instalações ou equipamentos integrantes do sistema elétrico de potência devem constituir prontuário com o conteúdo do item

10.2.4 e acrescentar ao prontuário os documentos a seguir listados: a) descrição dos procedimentos para emergências; e b) certificações dos equipamentos de proteção coletiva e individual;

10.2.5.1 As empresas que realizam trabalhos em proximidade do Sistema Elétrico de Potência devem constituir prontuário contemplando as alíneas “a”, “c”, “d” e “e”, do item 10.2.4 e alíneas “a” e “b” do item 10.2.5.

10.2.6 O Prontuário de Instalações Elétricas deve ser organizado e mantido atualizado pelo empregador ou pessoa formalmente designada pela empresa, devendo permanecer à disposição dos trabalhadores envolvidos nas instalações e serviços em eletricidade.

10.2.7 Os documentos técnicos previstos no Prontuário de Instalações Elétricas devem ser elaborados por profissional legalmente habilitado.

10.2.8 MEDIDAS DE PROTEÇÃO COLETIVA

10.2.8.1 Em todos os serviços executados em instalações elétricas devem ser previstas e adotadas, prioritariamente, medidas de proteção coletiva aplicáveis, mediante procedimentos, às atividades a serem desenvolvidas, de forma a garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores.

10.2.8.2 As medidas de proteção coletiva compreendem, prioritariamente, a desenergização elétrica conforme estabelece esta NR e, na sua impossibilidade, o emprego de tensão de segurança.

10.2.8.2.1 Na impossibilidade de implementação do estabelecido no subitem 10.2.8.2., devem ser utilizadas outras medidas de proteção coletiva, tais como: isolação das partes vivas, obstáculos, barreiras, sinalização, sistema de seccionamento automático de alimentação, bloqueio do religamento automático.

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10.2.8.3 O aterramento das instalações elétricas deve ser executado conforme regulamentação estabelecida pelos órgãos competentes e, na ausência desta, deve atender às Normas Internacionais vigentes.

10.2.9 MEDIDAS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL

10.2.9.1 Nos trabalhos em instalações elétricas, quando as medidas de proteção coletiva forem tecnicamente inviáveis ou insuficientes para controlar os riscos, devem ser adotados equipamentos de proteção individual específicos e adequados às atividades desenvolvidas, em atendimento ao disposto na NR 6.

10.2.9.2 As vestimentas de trabalho devem ser adequadas às atividades, devendo contemplar a condutibilidade, inflamabilidade e influências eletromagnéticas.

10.2.9.3 É vedado o uso de adornos pessoais nos trabalhos com instalações elétricas ou em suas proximidades.

10.3 SEGURANÇA EM PROJETOS

10.3.1 É obrigatório que os projetos de instalações elétricas especifiquem dispositivos de desligamento de circuitos que possuam recursos para impedimento de reenergização, para sinalização de advertência com indicação da condição operativa.

10.3.2 O projeto elétrico, na medida do possível, deve prever a instalação de dispositivo de seccionamento de ação simultânea, que permita a aplicação de impedimento de reenergização do circuito.

10.3.3 O projeto de instalações elétricas deve considerar o espaço seguro, quanto ao dimensionamento e a localização de seus componentes e as influências externas, quando da operação e da realização de serviços de construção e manutenção.

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10.3.3.1 Os circuitos elétricos com finalidades diferentes, tais como: comunicação, sinalização, controle e tração elétrica devem ser identificados e instalados separadamente, salvo quando o desenvolvimento tecnológico permitir compartilhamento, respeitadas as definições de projetos.

10.3.4 O projeto deve definir a configuração do esquema de aterramento, a obrigatoriedade ou não da interligação entre o condutor neutro e o de proteção e a conexão à terra das partes condutoras não destinadas à condução da eletricidade.

10.3.5 Sempre que for tecnicamente viável e necessário, devem ser projetados dispositivos de seccionamento que incorporem recursos fixos de equipotencialização e aterramento do circuito seccionado.

10.3.6 Todo projeto deve prever condições para a adoção de aterramento temporário.

10.3.7 O projeto das instalações elétricas deve ficar à disposição dos trabalhadores autorizados, das autoridades competentes e de outras pessoas autorizadas pela empresa e deve ser mantido atualizado.

10.3.8 O projeto elétrico deve atender ao que dispõem as Normas Regulamentadoras de Saúde e Segurança no Trabalho, as regulamentações técnicas oficiais estabelecidas, e ser assinado por profissional legalmente habilitado.

10.3.9 O memorial descritivo do projeto deve conter, no mínimo, os seguintes itens de segurança:

a) especificação das características relativas à proteção contra choques elétricos, queimaduras e outros riscos adicionais;

b) indicação de posição dos dispositivos de manobra dos circuitos elétricos: (Verde – “D”, desligado e Vermelho - “L”, ligado);

c) descrição do sistema de identificação de circuitos elétricos e equipamentos, incluindo dispositivos de manobra, de controle, de proteção, de intertravamento, dos condutores e os próprios equipamentos e estruturas, definindo como tais indicações devem ser aplicadas fisicamente nos componentes das instalações;

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d) recomendações de restrições e advertências quanto ao acesso de pessoas aos componentes das instalações;

e) precauções aplicáveis em face das influências externas;

f) o princípio funcional dos dispositivos de proteção, constantes do projeto, destinados à segurança das pessoas;

g) descrição da compatibilidade dos dispositivos de proteção com a instalação elétrica.

10.3.10 Os projetos devem assegurar que as instalações proporcionem aos trabalhadores iluminação adequada e uma posição de trabalho segura, de acordo com a NR 17 – Ergonomia.

10.4 SEGURANÇA NA CONSTRUÇÃO, MONTAGEM, OPERAÇÃO E MANUTENÇÃO

10.4.1 As instalações elétricas devem ser construídas, montadas, operadas, reformadas, ampliadas, reparadas e inspecionadas de forma a garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores e dos usuários, e serem supervisionadas por profissional autorizado, conforme dispõe esta NR.

10.4.2 Nos trabalhos e nas atividades referidas devem ser adotadas medidas preventivas destinadas ao controle dos riscos adicionais, especialmente quanto a altura, confinamento, campos elétricos e magnéticos, explosividade, umidade, poeira, fauna e flora e outros agravantes, adotando-se a sinalização de segurança.

10.4.3 Nos locais de trabalho só podem ser utilizados equipamentos, dispositivos e ferramentas elétricas compatíveis com a instalação elétrica existente, preservando¬-se as características de proteção, respeitadas as recomendações do fabricante e as influências externas.

10.4.3.1 Os equipamentos, dispositivos e ferramentas que possuam isolamento elétrico devem estar adequados às tensões envolvidas, e serem inspecionados e testados de acordo com as regulamentações existentes ou recomendações dos fabricantes.

10.4.4 As instalações elétricas devem ser mantidas em condições seguras de funcionamento e seus sistemas de proteção devem ser inspecionados e controlados periodicamente, de acordo com as regulamentações existentes e definições de projetos.

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10.4.4.1 Os locais de serviços elétricos, compartimentos e invólucros de equipamentos e instalações elétricas são exclusivos para essa finalidade, sendo expressamente proibido utilizá-los para armazenamento ou guarda de quaisquer objetos.

10.4.5 Para atividades em instalações elétricas deve ser garantida ao trabalhador iluminação adequada e uma posição de trabalho segura, de acordo com a NR 17 – Ergonomia, de forma a permitir que ele disponha dos membros superiores livres para a realização das tarefas.

10.4.6 Os ensaios e testes elétricos laboratoriais e de campo ou comissionamento de instalações elétricas devem atender à regulamentação estabelecida nos itens 10.6 e 10.7, e somente podem ser realizados por trabalhadores que atendam às condições de qualificação, habilitação, capacitação e autorização estabelecidas nesta NR.

10.5 SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS DESENERGIZADAS

10.5.1 Somente serão consideradas desenergizadas as instalações elétricas liberadas para trabalho, mediante os procedimentos apropriados, obedecida a seqüência abaixo:

a) seccionamento;

b) impedimento de reenergização;

c) constatação da ausência de tensão;

d) instalação de aterramento temporário com equipotencialização dos condutores dos circuitos;

e) proteção dos elementos energizados existentes na zona controlada (Anexo I);

f) instalação da sinalização de impedimento de reenergização.

10.5.2 O estado de instalação desenergizada deve ser mantido até a autorização para reenergização, devendo ser reenergizada respeitando a seqüência de procedimentos abaixo:

a) retirada das ferramentas, utensílios e equipamentos;

b) retirada da zona controlada de todos os trabalhadores não envolvidos no processo de reenergização;

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c) remoção do aterramento temporário, da equipotencialização e das proteções

adicionais;

d) remoção da sinalização de impedimento de reenergização;

e) destravamento, se houver, e religação dos dispositivos de seccionamento.

10.5.3 As medidas constantes das alíneas apresentadas nos itens 10.5.1 e 10.5.2 podem ser alteradas, substituídas, ampliadas ou eliminadas, em função das peculiaridades de cada situação, por profissional legalmente habilitado, autorizado e mediante justificativa técnica previamente formalizada, desde que seja mantido o mesmo nível de segurança originalmente preconizado.

10.5.4 Os serviços a serem executados em instalações elétricas desligadas, mas com possibilidade de energização, por qualquer meio ou razão, devem atender ao que estabelece o disposto no item 10.6.

10.6 SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS ENERGIZADAS

10.6.1 As intervenções em instalações elétricas com tensão igual ou superior a 50 Volts em corrente alternada ou superior a 120 Volts em corrente contínua somente podem ser realizadas por trabalhadores que atendam ao que estabelece o item 10.8 desta Norma.

10.6.1.1 Os trabalhadores de que trata o item anterior devem receber treinamento de segurança para trabalhos com instalações elétricas energizadas, com currículo mínimo, carga horária e demais determinações estabelecidas no Anexo II desta NR.

10.6.1.2 As operações elementares como ligar e desligar circuitos elétricos, realizadas em baixa tensão, com materiais e equipamentos elétricos em perfeito estado de conservação, adequados para operação, podem ser realizadas por qualquer pessoa não advertida.

10.6.2 Os trabalhos que exigem o ingresso na zona controlada devem ser realizados mediante procedimentos específicos respeitando as distâncias previstas no Anexo I.

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10.6.3 Os serviços em instalações energizadas, ou em suas proximidades devem ser suspensos de imediato na iminência de ocorrência que possa colocar os trabalhadores em perigo.

10.6.4 Sempre que inovacões tecnológicas forem implementadas ou para a entrada em operações de novas instalações ou equipamentos elétricos devem ser previamente elaboradas análises de risco, desenvolvidas com circuitos desenergizados, e respectivos procedimentos de trabalho.

10.6.5 O responsável pela execução do serviço deve suspender as atividades quando verificar situação ou condição de risco não prevista, cuja eliminação ou neutralização imediata não seja possível.

10.7 TRABALHOS ENVOLVENDO ALTA TENSÃO (AT)

10.7.1 Os trabalhadores que intervenham em instalações elétricas energizadas com alta tensão, que exerçam suas atividades dentro dos limites estabelecidos como zonas controladas e de risco, conforme Anexo I, devem atender ao disposto no item 10.8 desta NR.

10.7.2 Os trabalhadores de que trata o item 10.7.1 devem receber treinamento de segurança, específico em segurança no Sistema Elétrico de Potência (SEP) e em suas proximidades, com currículo mínimo, carga horária e demais determinações estabelecidas no Anexo II desta NR.

10.7.3 Os serviços em instalações elétricas energizadas em AT, bem como aqueles executados no Sistema Elétrico de Potência – SEP, não podem ser realizados individualmente.

10.7.4 Todo trabalho em instalações elétricas energizadas em AT, bem como aquelas que interajam com o SEP, somente pode ser realizado mediante ordem de serviço específica para data e local, assinada por superior responsável pela área.

10.7.5 Antes de iniciar trabalhos em circuitos energizados em AT, o superior imediato e a equipe, responsáveis pela execução do serviço, devem realizar uma avaliação prévia, estudar e planejar as atividades e ações a serem desenvolvidas de forma a atender os princípios técnicos básicos e as melhores técnicas de segurança em eletricidade aplicáveis ao serviço.

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10.7.6 Os serviços em instalações elétricas energizadas em AT somente podem ser realizados quando houver procedimentos específicos, detalhados e assinados por profissional autorizado.

10.7.7 A intervenção em instalações elétricas energizadas em AT dentro dos limites estabelecidos como zona de risco, conforme Anexo I desta NR, somente pode ser realizada mediante a desativação, também conhecida como bloqueio, dos conjuntos e dispositivos de religamento automático do circuito, sistema ou equipamento.

10.7.7.1 Os equipamentos e dispositivos desativados devem ser sinalizados com identificação da condição de desativação, conforme procedimento de trabalho específico padronizado.

10.7.8 Os equipamentos, ferramentas e dispositivos isolantes ou equipados com materiais isolantes, destinados ao trabalho em alta tensão, devem ser submetidos a testes elétricos ou ensaios de laboratório periódicos, obedecendo-se as especificações do fabricante, os procedimentos da empresa e na ausência desses, anualmente.

10.7.9 Todo trabalhador em instalações elétricas energizadas em AT, bem como aqueles envolvidos em atividades no SEP devem dispor de equipamento que permita a comunicação permanente com os demais membros da equipe ou com o centro de operação durante a realização do serviço.

10.8 HABILITAÇÃO, QUALIFICAÇÃO, CAPACITAÇÃO E AUTORIZAÇÃO DOS TRABALHADORES.

10.8.1 É considerado trabalhador qualificado aquele que comprovar conclusão de curso específico na área elétrica reconhecido pelo Sistema Oficial de Ensino.

10.8.2 É considerado profissional legalmente habilitado o trabalhador previamente qualificado e com registro no competente conselho de classe.

10.8.3 É considerado trabalhador capacitado aquele que atenda às seguintes condições, simultaneamente:

a) receba capacitação sob orientação e responsabilidade de profissional habilitado e autorizado;

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b) trabalhe sob a responsabilidade de profissional habilitado e autorizado.

10.8.3.1 A capacitação só terá validade para a empresa que o capacitou e nas condições estabelecidas pelo profissional habilitado e autorizado responsável pela capacitação.

10.8.4 São considerados autorizados os trabalhadores qualificados ou capacitados e os profissionais habilitados, com anuência formal da empresa.

10.8.5 A empresa deve estabelecer sistema de identificação que permita a qualquer tempo conhecer a abrangência da autorização de cada trabalhador, conforme o item 10.8.4.

10.8.6 Os trabalhadores autorizados a trabalhar em instalações elétricas devem ter essa condição consignada no sistema de registro de empregado da empresa.

10.8.7 Os trabalhadores autorizados a intervir em instalações elétricas devem ser submetidos à exame de saúde compatível com as atividades a serem desenvolvidas, realizado em conformidade com a NR 7 e registrado em seu prontuário médico.

10.8.8 Os trabalhadores autorizados a intervir em instalações elétricas devem possuir treinamento específico sobre os riscos decorrentes do emprego da energia elétrica e as principais medidas de prevenção de acidentes em instalações elétricas, de acordo com o estabelecido no Anexo II desta NR.

10.8.8.1 A empresa concederá autorização na forma desta NR aos trabalhadores capacitados ou qualificados e aos profissionais habilitados que tenham participado com avaliação e aproveitamento satisfatórios dos cursos constantes do ANEXO II desta NR.

10.8.8.2 Deve ser realizado um treinamento de reciclagem bienal e sempre que ocorrer alguma das situações a seguir:

a) troca de função ou mudança de empresa;

b) retorno de afastamento ao trabalho ou inatividade, por período superior a três meses;

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c) modificações significativas nas instalações elétricas ou troca de métodos, processos e organização do trabalho.

10.8.8.3 A carga horária e o conteúdo programático dos treinamentos de reciclagem destinados ao atendimento das alíneas “a”, “b” e “c” do item 10.8.8.2 devem atender as necessidades da situação que o motivou.

10.8.8.4 Os trabalhos em áreas classificadas devem ser precedidos de treinamento especifico de acordo com risco envolvido.

10.8.9 Os trabalhadores com atividades não relacionadas às instalações elétricas desenvolvidas em zona livre e na vizinhança da zona controlada, conforme define esta NR, devem ser instruídos formalmente com conhecimentos que permitam identificar e avaliar seus possíveis riscos e adotar as precauções cabíveis.

10.9 PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIO E EXPLOSÃO

10.9.1 As áreas onde houver instalações ou equipamentos elétricos devem ser dotadas de proteção contra incêndio e explosão, conforme dispõe a NR 23 – Proteção Contra Incêndios.

10.9.2 Os materiais, peças, dispositivos, equipamentos e sistemas destinados à aplicação em instalações elétricas de ambientes com atmosferas potencialmente explosivas devem ser avaliados quanto à sua conformidade, no âmbito do Sistema Brasileiro de Certificação.

10.9.3 Os processos ou equipamentos susceptíveis de gerar ou acumular eletricidade estática devem dispor de proteção específica e dispositivos de descarga elétrica.

10.9.4 Nas instalações elétricas de áreas classificadas ou sujeitas a risco acentuado de incêndio ou explosões, devem ser adotados dispositivos de proteção, como alarme e seccionamento automático para prevenir sobretensões, sobrecorrentes, falhas de isolamento, aquecimentos ou outras condições anormais de operação.

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10.9.5 Os serviços em instalações elétricas nas áreas classificadas somente poderão ser realizados mediante permissão para o trabalho com liberação formalizada, conforme estabelece o item 10.5 ou supressão do agente de risco que determina a classificação da área.

10.10 SINALIZAÇÃO DE SEGURANÇA

10.10.1 Nas instalações e serviços em eletricidade deve ser adotada sinalização adequada de segurança, destinada à advertência e à identificação, obedecendo ao disposto na NR-26 – Sinalização de Segurança, de forma a atender, dentre outras, as situações a seguir:

a) identificação de circuitos elétricos;

b) travamentos e bloqueios de dispositivos e sistemas de manobra e comandos;

c) restrições e impedimentos de acesso;

d) delimitações de áreas;

e) sinalização de áreas de circulação, de vias públicas, de veículos e de movimentação de cargas;

f) sinalização de impedimento de energização;

g) identificação de equipamento ou circuito impedido.

10.11 PROCEDIMENTOS DE TRABALHO

10.11.1 Os serviços em instalações elétricas devem ser planejados e realizados em conformidade com procedimentos de trabalho específicos, padronizados, com descrição detalhada de cada tarefa, passo a passo, assinados por profissional que atenda ao que estabelece o item 10.8 desta NR.

10.11.2 Os serviços em instalações elétricas devem ser precedidos de ordens de serviço especificas, aprovadas por trabalhador autorizado, contendo, no mínimo, o tipo, a data, o local e as referências aos procedimentos de trabalho a serem adotados.

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10.11.3 Os procedimentos de trabalho devem conter, no mínimo, objetivo, campo de aplicação, base técnica, competências e responsabilidades, disposições gerais, medidas de controle e orientações finais.

10.11.4 Os procedimentos de trabalho, o treinamento de segurança e saúde e a autorização de que trata o item 10.8 devem ter a participação em todo processo de desenvolvimento do Serviço Especializado de Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho - SESMT, quando houver.

10.11.5 A autorização referida no item 10.8 deve estar em conformidade com o treinamento ministrado, previsto no Anexo II desta NR.

10.11.6 Toda equipe deverá ter um de seus trabalhadores indicado e em condições de exercer a supervisão e condução dos trabalhos.

10.11.7 Antes de iniciar trabalhos em equipe os seus membros, em conjunto com

o responsável pela execução do serviço, devem realizar uma avaliação prévia, estudar e planejar as atividades e ações a serem desenvolvidas no local, de forma a atender os princípios técnicos básicos e as melhores técnicas de segurança aplicáveis ao serviço.

10.11.8 A alternância de atividades deve considerar a análise de riscos das tarefas e a competência dos trabalhadores envolvidos, de forma a garantir a segurança e a saúde no trabalho.

10.12 SITUAÇÃO DE EMERGÊNCIA

10.12.1 As ações de emergência que envolvam as instalações ou serviços com eletricidade devem constar do plano de emergência da empresa.

10.12.2 Os trabalhadores autorizados devem estar aptos a executar o resgate e prestar primeiros socorros a acidentados, especialmente por meio de reanimação cardio-respiratória.

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10.12.3 A empresa deve possuir métodos de resgate padronizados e adequados às suas atividades, disponibilizando os meios para a sua aplicação.

10.12.4 Os trabalhadores autorizados devem estar aptos a manusear e operar equipamentos de prevenção e combate a incêndio existentes nas instalações elétricas.

10.13 RESPONSABILIDADES

10.13.1 As responsabilidades quanto ao cumprimento desta NR são solidárias aos contratantes e contratados envolvidos.

10.13.2 É de responsabilidade dos contratantes manter os trabalhadores informados sobre os riscos a que estão expostos, instruindo-os quanto aos procedimentos e medidas de controle contra os riscos elétricos a serem adotados.

10.13.3 Cabe à empresa, na ocorrência de acidentes de trabalho envolvendo instalações e serviços em eletricidade, propor e adotar medidas preventivas e corretivas.

10.13.4 Cabe aos trabalhadores:

a) zelar pela sua segurança e saúde e a de outras pessoas que possam ser afetadas por suas ações ou omissões no trabalho;

b) responsabilizar-se junto com a empresa pelo cumprimento das disposições legais e regulamentares, inclusive quanto aos procedimentos internos de segurança e saúde; e

c) comunicar, de imediato, ao responsável pela execução do serviço as situações que considerar de risco para sua segurança e saúde e a de outras pessoas.

10.14 - DISPOSIÇÕES FINAIS

10.14.1 Os trabalhadores devem interromper suas tarefas exercendo o direito de recusa, sempre que constatarem evidências de riscos graves e iminentes para sua segurança e saúde

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ou a de outras pessoas, comunicando imediatamente o fato a seu superior hierárquico, que diligenciará as medidas cabíveis.

10.14.2 As empresas devem promover ações de controle de riscos originados por outrem em suas instalações elétricas e oferecer, de imediato, quando cabível, denúncia aos órgãos competentes.

10.14.3 Na ocorrência do não cumprimento das normas constantes nesta NR, o MTE adotará as providências estabelecidas na NR 3.

10.14.4 A documentação prevista nesta NR deve estar permanentemente à disposição dos trabalhadores que atuam em serviços e instalações elétricas, respeitadas as abrangências, limitações e interferências nas tarefas.

10.14.5 A documentação prevista nesta NR deve estar, permanentemente, à disposição das autoridades competentes.

10.14.6 Esta NR não é aplicável a instalações elétricas alimentadas por extrabaixa tensão.

ANEXO II

ZONA DE RISCO E ZONA CONTROLADA

Tabela de raios de delimitação de zonas de risco, controlada e livre.

Faixa de tensão Nominal da instalação elétrica em kV Rr -Raio de delimitação entre zona de risco e controlada em metros Rc -Raio de delimitação entre zona controlada e livre em metros

1 e 3 e 6 e 10 e 15 e 20 e 30 e 36 e 45 e 60 e 70 e 110 e 132 e 150 e 220 e 275 e 380 e 480 e