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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE VETERINÁRIA CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA RELATÓRIO DO ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM MEDICINA VETERINÁRIA ÁREA DE CLÍNICA MÉDICA E CIRÚRGICA DE GRANDES ANIMAIS SUPERVISOR: BRUNO GONÇALVES DE SOUZA ORIENTADOR: PROF. LUIZ FIGUEIRA PINTO BIANCA PACHIEL MEDEIROS

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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO

INSTITUTO DE VETERINRIA

CURSO DE MEDICINA VETERINRIA

RELATRIO DO ESTGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM MEDICINA VETERINRIA

REA DE CLNICA MDICA E CIRRGICA DE GRANDES ANIMAIS

SUPERVISOR: BRUNO GONALVES DE SOUZA

ORIENTADOR: PROF. LUIZ FIGUEIRA PINTO

BIANCA PACHIEL MEDEIROS

Seropdica, novembro 2014

Dedicado a:

Minha famlia,

Pelo apoio incansvel, pelo sorriso recompensador em cada conquista e pela compreenso da ausncia constante.

Daniel Prado,

Pela companhia, pela ajuda diante dos entraves, pela pacincia, pelo amor.

Meus amigos,

Por tornar mais leve e confortvel toda a caminhada.

AGRADECIMENTOS

Ao meus pais por terem superado tantos obstculos para me proporcionar desde cedo as melhores oportunidades de estudo e me mostrar sempre os valores necessrios para vencer. Aos meus irmos pelo exemplo, pela amizade, apoio, e pacincia nos momentos que no podamos estar juntos. minha sobrinha Maria Jlia, por ter me dado mais motivo para vencer na vida e por seu amor incondicional.

Ao meu namorado por sempre dividir as angstias, as noites inacabveis de estudo e por entender e viver comigo as dificuldades de toda a faculdade.

A minha av Tereza Pachiel e minha tia Alade Pachiel, sem as quais teria sido to mais dura a caminhada, pelas mensagens sempre positivas e de incentivo.

UFRRJ por ter sediado anos to importantes de aprendizado profissional e pessoal.

Ao Prof. Luiz Figueira Pinto, por aceitar me orientar no presente trabalho e sempre passar toda sua experincia de maneira clara.

Prof. Rita de Cssia Campbell Machado Botteon e a Doutoranda Ana Paula Lopes Marques por terem me mostrado um caminho a seguir em momentos de confuso.

Ao meu supervisor local de estgio, Bruno Gonalves de Souza pela pacincia em ensinar e pela generosidade em dividir at onde vai seu conhecimento.

s residentes do HVGA por todas as horas de explicaes, demonstraes e por dividir tantas experincias, alm da amizade.

Aos meus colegas de estgio supervisionado pela ajuda mtua durante todo o estgio.

coordenao do curso pela boa vontade em receber nossos problemas e resolv-los conosco.

Aos meus bons amigos Diego, Mayan e Cleivison por proporcionar a descontrao no meio de tantas preocupaes e afazeres.

Aos animais, pelos quais dedicamos nosso trabalho e que nos impulsionaram a chegar at aqui.

RELATRIO DO ESTGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM MEDICINA VETERINRIA- REA DE CLNICA MDICA E CIRRGICA DE GRANDES ANIMAIS

Bianca Pachiel Medeiros

RESUMO

A medicina veterinria abrange vrias reas de atuao, e a clnica veterinria tem ganhado mais importncia com o passar do tempo, tanto para animais de companhia, que trazem benefcios a sade fsica e psicolgica dos seres humanos, quanto pra animais de produo, que servem ao homem com produtos de origem animal, trabalho, esporte e lazer. Nesse contexto, o objetivo deste trabalho, foi mostrar as atividades desenvolvidas no estgio curricular supervisionado no Setor de Grandes Animais do Hospital Veterinrio da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRRJ), Campus Seropdica. Foram realizadas 390 horas de estgio, acompanhando os atendimentos de animais que chegavam ao hospital, os exames complementares, a rotina de tratamento clnico e cirrgico e ps-operatrio de animais internados. Foram acompanhados 34 casos dentre os quais 50% dos pacientes eram da espcie equina, e os outros 50% divididos entre bovinos (20,59%), pequenos ruminantes (20,59%) e sunos (8,82%). Dos 34 casos, 28 permaneceram internados (82,65%), dentre os quais 17,64% foram eutanasiados, 32,35 % receberam alta e 38,23 % ainda estavam internados no momento da concluso do trabalho.Observou-se ainda maior porcentagem de fmeas atendidas (55,88%) em relao aos machos (44,12%). As patologias de mais frequncia foram do Sistema Locomotor (35,29%), em seguida Sistema Digestivo (17,64%), Nervoso (11,76%) e Respiratrio (5,88%). Demais afeces no enquadradas nessas categorias apresentaram 29,41 % dos caso. A maioria dos pacientes atendidos tinham entre 1 a 10 anos (52,94%). Ainda no presente trabalho, foi relatado um caso de Diarria em Bezerro, desde a entrada no hospital veterinria at sua cura clnica. Com isso o objetivo do estgio supervisionado foi cumprido e a aprendizagem no decorrer deste teve as expectativas atendidas e superadas.

SUMRIO

1. INTRODUO 10

1.1. Estgio Curricular Supervisionado10

1.2. Clnica Veterinria11

1.3. Descrio do local de estgio11

1.4. Objetivos do estgio14

2. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS15

2.1. Casustica do Hospital Veterinrio de Grandes Animais16

3. RELATO DE CASO - DIARRIA EM BEZERRO20

3.1. Suspeita Clnica22

3.2. Exames complementares22

3.3. Tratamento23

3.4. Reviso de Literatura25

3.5. Discusso do Relato de Caso28

4. DISCUSSO29

5. CONCLUSO31

6. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS32

7. ANEXOS 34

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - Nmero de animais atendidos no HVGA de acordo com a faixa etria, no decorrer do Estgio Supervisionado....................................................................18

TABELA 2 - Distribuio das patologias dos pacientes do HVGA no perodo de estgio.......................................................................................................................19

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1: Hospital Veterinrio de Grandes Animais (HVGA) - corredor principal...12

FIGURA 2: Farmcia do HVGA.................................................................................12

FIGURA 3: A - Baia de areia HVGA. B - rea com troncos de conteno................13

FIGURA 4: A - Sala/escritrio. B - Sala de estudos..................................................14

FIGURA 5: Representao grfica da distribuio por espcie de animais atendidos no HVGA....................................................................................................................17

FIGURA 6: Representao grfica da distribuio por sexo dos animais atendidos no HVGA no perodo do estgio.....................................................................................18

FIGURA 7: Representao grfica do sexo referente a cada espcie dos pacientes do HVGA....................................................................................................................18

FIGURA 8: Paciente da espcie bovina, sexo masculino, com 21 dias de idade, pesando aproximadamente 50 Kg, atendido no HVGA e submetido a internao para tratamento..................................................................................................................20

FIGURA 9: Fezes diarrica sanguinolenta do paciente do relato em questo. Foto: Dra. Simone Bezerra Calado, residente do HVGA.....................................................21

FIGURA 10: Regio posterior do paciente do presente relato de caso, notar a presena de sujidade sugerindo diarria sanguinolenta. Foto: Dra. Simone Bezerra Calado, residente do HVGA.......................................................................................21

LISTA DE FIGURAS (continuao)

FIGURA 11: Paciente sendo submetido a fluidoterapia via parenteral pela veia jugular. Foto: Dra. Simone Bezerra Calado, residente do HVGA...............................24

FIGURA 12: Fezes do animal durante o tratamento, notar que as fezes ainda se encontravam diarrica porm com considervel diminuio de sangue....................25

LISTA DE ANEXOS

ANEXO 1: Ficha de exame clnico utilizada na primeira avaliao dos animais no HVGA.........................................................................................................................34

ANEXO 2: Ficha de exame clnico dirio (frente - A) e tratamento (verso - B) dos pacientes internados no HVGA..................................................................................35

ANEXO 3: Requisio de Exames do Laboratrio de Quimioterapia Experimental em

Parasitologia Veterinria LQPEPV, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, utilizada no HVGA........................................................................................36

ANEXO 4: Termo de Responsabilidade assinado por proprietrios dos animais para internao dos animais no HVGA..............................................................................37

ANEXO 5: Autorizao para prtica de eutansia nos animais do HVGA.................38

ANEXO 6: Termo de responsabilidade para a alta hospitalar a revelia, utilizado no HVGA.........................................................................................................................39

ANEXO 7: Termo de adoo assinado por responsveis que querem doar os animais ao HVGA, para fins cientficos......................................................................40

ANEXO 8: Ficha de exame neurolgico utilizada no HVGA......................................41

ANEXO 9: Ficha de exame neurolgico utilizada no HVGA (pgina 2).....................42

ANEXO 10: Ficha de exame neurolgico utilizada no HVGA (pgina 3)...................43

ANEXO 11: Ficha de exame neurolgico utilizada no HVGA (pgina 4)...................44

LISTA DE ANEXOS (continuao)

ANEXO 12: Ficha de exame de Sistema Locomotor utilizada no HVGA (pgina 1)..45

ANEXO 13: Ficha de exame de Sistema Locomotor utilizada no HVGA (pgina 2)..46

ANEXO 14: Ficha de exame de Sistema Locomotor utilizada no HVGA (pgina 3)..47

ANEXO 15:Ficha de exame de Aparelho Respiratrio utilizada no HVGA(pgina 1)48

ANEXO 16: Ficha de exame de Aparelho Respiratrio utilizada no HVGA (pgina 2)................................................................................................................................49

ANEXO 17: Ficha de exame de Aparelho Respiratrio utilizada no HVGA (pgina 3)................................................................................................................................50

ANEXO 18: Ficha de exame de Aparelho Respiratrio utilizada no HVGA (pgina 4)................................................................................................................................51

ANEXO 19: Ficha de exame de Aparelho Respiratrio utilizada no HVGA (pgina 5)................................................................................................................................52

ANEXO 20 : Ficha de atendimento de clica utilizada no HVGA (pgina 1).............53

ANEXO 21 : Ficha de atendimento de clica utilizada no HVGA (pgina 2)..............54

ANEXO 22 : Ficha de atendimento de clica utilizada no HVGA (pgina 3).............55

ANEXO 23 : Ficha de atendimento de clica utilizada no HVGA (pgina 4).............56

ANEXO 24 : Ficha de atendimento de clica utilizada no HVGA (pgina 5).............57

ANEXO 25 : Ficha de atendimento de clica utilizada no HVGA (pgina 6).............58

1. INTRODUO

1.1. Estgio Curricular Supervisionado

O estgio curricular supervisionado, integrante da nova grade para concluso do curso se graduao em Medicina Veterinria e teve incio no dia vinte e oito de agosto de dois mil e quatorze (28/08/2014) e se encerrou no dia vinte e seis de novembro de dois mil e quatorze, totalizando assim 390 horas requeridas para o estgio ser concludo, desenvolvido no Hospital Veterinrio de Grandes animais (HVGA) pertencente Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), situado no municpio de Seropdica, BR 465, Km 7.

O HVGA atende animais de produo na especialidade de Clnica Mdica e Cirrgica, oferecendo consultas, exames de imagem, cirurgias e internaes, recebendo animais de diversas localidades e diversas espcies, como bovinos, equdeos, ovdeos e sunos.

O estgio foi realizado sob superviso do mdico veterinrio lotado pela UFRRJ Bruno Gonalves de Souza, e o presente relatrio confeccionado sob orientao do Prof. Dr. Luiz Figueira Pinto, responsvel pela disciplina de Obstetrcia Veterinria.

A escolha do setor de Clnica Mdica e Cirrgica de Grandes Animais, se baseou no renome da qualidade dos profissionais envolvidos, alm da ampla rea de atuao e grande mercado de trabalho com animais de produo, experincias com estgios passados, alm de interesse pessoal pela rea escolhida.

O trabalho a seguir abordar os procedimentos realizados, um estudo da casustica e um relato de caso de paciente atendido no HVGA durante o perodo de estgio.

1.2. Clnica Veterinria

A medicina veterinria uma profisso que pode ser dividida em vrias reas de atuao,e segundo Pfuetzenreiter (2007) pode ser dividida em Medicina Preventiva e Sade Pblica, que se relaciona com o planejamento e administrao da sade, educao em sade, epidemiologia, proteo ao ambiente, zoonoses e inspeo higinica e sanitria de produtos de origem animal ; Produo Animal, no que se trata de sistemas de produo, manejo, nutrio, reproduo, e explorao econmica; e a rea de Clnica Veterinria que inclui conhecimentos e prticas de clnica, cirurgia, patogenia, e patologias (Pfuetzenreiter, 2007) e a rea de interesse para as atividades desenvolvidas no decorrer do estgio supervisionado.

Os animais domsticos, atualmente, tem maior importncia na vida do ser humano, tanto animais de companhia, pois traz benefcios para sade fsica e psicolgica, quanto animais de produo, pois so utilizados para alimentao (carne e leite), para retirada de l, para o trabalho (animais de trao) e at mesmo para o lazer (animais de passeio e esporte).

Nesse contexto, a rea de clnica veterinria, tanto preventiva quanto curativa crescente, aumentando assim o incentivo de profissionais da rea de medicina veterinria se dedicarem a rea da clnica veterinria.

1.3. Descrio do local do estgio

O Hospital Veterinrio da UFRRJ dividido em dois setores, o Hospital Veterinrio de Pequenos Animais (HVPA) e Hospital Veterinrio de Grandes Animais (HVGA), sendo o ltimo, o local do estgio em questo.

O HVGA conta com as seguintes dependncias: sala/escritrio, onde so atendidos os proprietrios, emitidos receiturios, pedidos de exames, armazenados documentos e fichas clnicas dos pacientes; sala de estudos ,onde os residentes e estagirios se renem para discusso de casos clnicos e estudo individual; farmcia, onde ficam disponveis os medicamentos, materiais de curativos, materiais de coleta de sangue, materiais de exame clnico, e outros necessrios para rotina clnica dos pacientes internados e novos pacientes; almoxarifado, onde ficam armazenados os materiais para serem repostos a medida que se necessita; baias para internao, baia de areia para pacientes com problemas de locomotor, piquetes e redondel para permanncia do animais no HVGA e troncos de conteno para realizao dos procedimentos de maneira mais segura.

O hospital conta ainda com aparelho de radiologia mvel.

Seu funcionamento ocorre de segunda a sexta das 8 as 17 horas, com intervalo de almoo entre 12 e 13 horas, e aos sbados e domingos at as 12 horas.

FIGURA 1: Hospital Veterinrio de Grandes Animais (HVGA) - corredor principal

FIGURA 2: Farmcia do HVGA

FIGURA 3: A - Baia de areia HVGA. B - rea com troncos de conteno

FIGURA 4: A - Sala/escritrio. B - Sala de estudos

1.4. Objetivos do estgio

O objetivo do estgio supervisionado, alm de concluso do curso de graduao em Medicina Veterinria, foi a consolidao dos conhecimentos terico-prticos em Clnica e Cirurgia de Animais de Produo, atravs do acompanhamento da rotina Clnico-cirrgica dos pacientes atendidos no setor de grandes animais do Hospital Veterinrio, valioso legado para a vida profissional.

2. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

No decorrer do estgio foram desenvolvidas atividades variadas, como rotina de atendimento de novos pacientes, a rotina de acompanhamento e tratamento de pacientes internados no hospital veterinrio, acompanhamento de cirurgias e procedimentos ps cirrgicos dos mesmos.

Foram acompanhadas diversas consultas e avaliaes clnicas, quando ento se coletava o histrico e realizava-se a anamnese dos animais, que consistia em obter informaes importantes do paciente, anotando em ficha sistematizada, a fim de se obter informaes importantes para direcionar o diagnstico, como queixa principal, aparecimento e evoluo dos sintomas, outros sintomas associados, alimentao, pario, mudanas de comportamento, entre outras informaes julgadas pertinentes.

Em seguida realizava-se o exame fsico dos animais, atravs da palpao, auscultao, percursso, e olfao, observando a postura do animal, seu comportamento, pelagem, presena de ectoparasitas, escore corporal. Avaliou-se ainda os parmetros vitais e suas alteraes, como frequncia cardaca e respiratria, temperatura retal, colorao de mucosas e esclera, tempo de perfuso capilar, turgor da pele e ausculta dos movimentos ruminais, no caso de ruminantes, e movimentos intestinais, no caso de monogstricos, e ainda palpao e ausculta especfica para cada caso, como ausculta pulmonar, palpao retal, palpao abdominal, entre outras, de acordo com a suspeita clnica.

Para um diagnstico mais seguro e preciso foram realizados exames complementares. O exame complementar mais realizado no decorrer do estgio no HVGA, so os exames de sangue, hemograma e bioqumico, que so realizados em todos os pacientes do HVGA. Alm desses, os exames de imagem (radiologia e ultrassonografia)foram utilizados com frequncia. De acordo com a necessidade de cada caso clnico, foram solicitados outros exames complementares, como urinlise, avaliao de pH ruminal, anlise de lquido peritonial, esfregao sanguneo de sangue perifrico, entre outros.

Aps a avaliao do animal, eram encaminhados pra internao, se necessrio fosse o acompanhamento do tratamento e da evoluo clnica do paciente, perante Termo de Responsabilidade assinado pelo proprietrio, autorizando as prticas veterinrias necessrias para recuperao do animal.

Durante a internao, os animais permaneceram nas baias, e quando possvel nos piquetes e no redondel, sob superviso dos mdicos veterinrios, enfermeiros e estagirios.

Nesse perodo, os pacientes passaram por avaliao clnica diria, e tratamento dirio, de acordo com a necessidade, at que se tivesse cura clnica e o animal tivesse alta.

Realizou-se ainda, o exame necroscpico de todos os animais que vinham a bito ou fossem eutanasiados no HVGA, quando era coletado material para anlise histopatolgica, a fim de fechar ou confirmar o diagnstico.

2.1. Casustica do HVGA

Durante todo o perodo de estgio, que compreende o ms de agosto a novembro, foram atendidos 34 animais no HVGA , dos quais 28 ficaram internados (82,35%), 6 foram eutanasiados (17,64 %), 11 receberam alta e voltaram para os proprietrios (32,35%), 13

continuam internados at o momento que se conclui o relatrio (38,23%), e apenas 1 (2,94%) animal morreu espontaneamente no decorrer do tratamento.

Foi feito ainda o levantamento quanto a distribuio por espcies, sexo, faixa etria e sistemas acometidos pelas patologias.

No levantamento por espcies (FIGURA 5) , observou-se que a maioria de animais atendidos foram equinos (50%), seguido por bovinos (20,59%), pequenos ruminantes (20,59%) e por ltimo sunos (8,82%).

Espcies

50

20,59

20,59

8,82

FIGURA 5: Representao grfica da distribuio por espcie de animais atendidos no HVGA.

O segundo levantamento se referiu ao sexo dos pacientes (FIGURA 6) e mostrou que houve a maior prevalncia de pacientes fmeas, totalizando 19 (55,88%) e os machos com menor prevalncia, num total de 15 (44,12%).

Sexo

Fmeas; 55,88

Machos; 44,12

FIGURA 6: Representao grfica da distribuio por sexo dos animais atendidos no HVGA no perodo do estgio.

Ainda considerando o sexo dos animais (FIGURA 7) pode-se observar: os equinos tiveram maior prevalncia de machos , somando 52,94%, enquanto as fmeas representaram 47,06 %; os bovinos a grande maioria foram fmeas, num total de 85,71 % dos pacientes enquanto os machos representaram apenas 14,29%; os pequenos ruminantes tiveram maior prevalncia de fmeas, com 57,14% e os machos representaram 42,86%; os sunos tiveram maior prevalncia em machos, com 66,66% e as fmeas num total de 33,34%.

47,06

52,94

85,71

14,29

57,14

42,86

33,34

66,66

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

%

EquinosBovinosPequenos

Ruminantes

Sunos

Espcies

Sexo referente s espcies

Fmeas

Machos

FIGURA 7: Representao grfica do sexo referente a cada espcie dos pacientes do HVGA.

Analisando a faixa etria (TABELA 1) dos animais atendidos no HVGA durante esse perodo, observou-se que a maior porcentagem de animais atendidos esto numa faixa etria entre 1 e 10 anos , somando 52,94% dos pacientes, seguido pelos pacientes menores de um ano com total de 35,29% e por ltimo os animais mais idosos, acima de 10 anos, com 11,76% dos casos.

TABELA 1 - Nmero de animais atendidos no HVGA de acordo com a faixa etria, no decorrer do Estgio Supervisionado.

FAIXA ETRIA

NMERO DE ANIMAIS

PORCENTAGEM

< 1 ano

12

35,29%

1 a 10 anos

18

52,94%

> 10 anos

4

11,76%

No levantamento realizado, se tratando das patologias (TABELA 2), houve maior prevalncia de afeces do Sistema Locomotor, com 35,29% dos casos, seguidas de afeces de Sistema Digestivo, com 17,64% dos casos, Sistema Nervoso, somando um total de 11,76%, e Sistema Respiratrio, com 5,88%. Pacientes com outras patologias ou encaminhados para outros procedimentos variados, somaram um total de 29,41 % dos casos.

TABELA 2 - Distribuio das patologias dos pacientes do HVGA no perodo de estgio.

PATOLOGIA

FREQUNCIA ABSOLUTA

FREQUNCIA RELATIVA

SISTEMA LOCOMOTOR

12

35,29%

Ferida em membros

5

14,70%

Gabarro (Tiloma)

2

5,88%

Paralisia dos membros posteriores

1

2,94%

Fratura

1

2,94%

Frouxido do Tendo Flexor

1

2,94%

Contratura do Tendo Extensor

1

2,94%

Claudicao inespecfica

1

2,94%

SISTEMA DIGESTIVO

6

17,64%

Diarria

3

8,82%

Sndrome do Abdme Agudo

2

5,88%

Haemonchose

1

2,94%

SISTEMA NERVOSO

4

11,76%

Doena de Glasser

3

8,82%

Polioencefalomalcia

1

2,94%

SISTEMA RESPIRATRIO

2

5,88%

Pneumonia bacteriana

1

2,94%

Plipo Nasal

1

2,94%

OUTROS

10

29,41%

Cirurgias Eletivas

3

8,82%

Papilomatose

2

5,88%

Fotossenssibilizao

1

2,94%

Ferida na garupa

1

2,94%

Fstula na ganacha

1

2,94%

Vermifugao

1

2,94%

Mastite Clnica

1

2,94%

3. RELATO DE CASO - DIARRIA EM BEZERRO

Foi encaminhado ao HVGA um paciente da espcie bovina, mestia, macho, com 21 dias de idade e aproximadamente 50 Kg, pelo Setor de Bovinocultura de Leite da UFRRJ, no dia 01 de outubro de 2014.

FIGURA 8: Paciente da espcie bovina, sexo masculino, com 21 dias de idade, pesando aproximadamente 50 Kg, atendido no HVGA e submetido a internao para tratamento.

A queixa principal era diarria com presena de sangue.

Foi realizada ento a histria clnica do animal, onde foi relatado pelo responsvel que o animal apresentava a diarria sanguinolenta a cerca de 5 dias e que o animal havia sido medicado na propriedade com Sulfadoxina em associao com Trimetropim, antidiarrico em p , o qual no foi informado o nome, e ainda havia sido administrado um complexo vitamnico e soro fisiolgico.

FIGURA 9: Fezes diarrica sanguinolenta do paciente do relato em questo. Foto: Dra. Simone Bezerra Calado, residente do HVGA.

FIGURA 10: Regio posterior do paciente do presente relato de caso, notar a presena de sujidade sugerindo diarria sanguinolenta. Foto: Dra. Simone Bezerra Calado, residente do HVGA.

Foi relatado ainda que os bezerros da propriedade ficam presos juntos em um piquete, so alimentados com 6 litros de leite de vaca pela manh e que ainda havia outro bezerro apresentando diarria naquele lote.

No exame fsico o animal apresentava leve hipertermia, mucosas plidas, e turgor da pele do pescoo diminudo, indicando desidratao. Foi observado ainda que o bezerro apresentava tenesmo e tremores, sugestivo de dor.

Quando terminado o exame do animal, foi coletado material para o exame de fezes, diretamente do reto , e sangue por puno da veia jugular, para ser submetido ao exame de Hemograma e anlise Bioqumica.

3.1. Suspeita Clnica

A primeira suspeita clnica no momento em que o animal chegou e foi examinado, foi a infeco por um protozorio do gnero Eimeria, causando um quadro de Eimeriose ou Coccidiose.

A segunda suspeita foi de uma diarria de origem viral (DVB ou Rinotraquete Infecciosa Bovina) com infeco bacteriana secundria. A suspeita ocorreu diante do exame de fezes negativo e diante de sinais clnicos de estomatite, apresentando pequenas aftas na cavidade oral do bezerro.

3.2. Exames complementares

Como j citado anteriormente, o animal foi submetido a exame de fezes e sangue.

O sangue foi coletado em frasco com anticoagulante EDTA para ser enviado para Eritrograma e Leucograma e em frasco sem anticoagulante para ser submetido a anlise Bioqumica, ambos enviados para o Laboratrio de Quimioterapia Experimental em Parasitologia Veterinria (LQEPV) da UFRRJ.

No Eritrograma foi observada apenas alterao de Hematcrito, cujo resultado foi 49,3% , o que um valor acima dos valores de referncia para a espcie (24,0 a 46,0 - segundo Marck Veterinary Manual, 2008), o que sugere uma concentrao de clulas devido a desidratao causada pela diarria.

No Leucograma o animal apresentou Leucocitose e Neutrofilia, sugerindo presena de agente infeccioso.

Foi observado ainda no Hemograma Hiperfibrinogenemia, o que denota presena de inflamao e hipoproteinemia.

As fezes foram tambm enviadas ao LQEPV e foram submetidas a anlise pelo mtodo de Mac Master e pelo mtodo de Centrifugao - flutuao simples, ambos a fim de investigar a presena de endoparasitas intestinais. Para os dois testes os resultados foram negativos.

Aps o resultado do exame de fezes, acreditou-se que a infeco por protozorio estivesse descartada, j que o resultado da tcnica de centrifugao - flutuao simples foi negativo. Com isso foi coletada uma nova amostra de sangue e enviada a laboratrio de referncia no estado de So Paulo, para sorologia para Diarria Viral Bovina (DVB) Rinotraquete Infecciosa Bovina (IBR), que so viroses que podem levar a um quadro de diarria, alm de poder causar outras sintomatologias.

Os exames de sorologia para DVB e IBR tiveram resultado negativo.

3.3. Tratamento

Foi institudo inicialmente, no dia da entrada do animal, pelos mdicos veterinrios responsveis, o tratamento com Albendazol (Valbazen 10 Cobalto) via oral durante 4 dias (antinematideo), Metronidazol via intravenosa por 3 dias (antimicrobiano com atuao tambm contra protozorios), Brometo de hioscina (antiespasmdico) associado a Dipirona (analgsico) (Buscofin) at que se observasse melhora do desconforto abdominal, no sendo mais observado tenesmo, e Diclazuril (Coxy B - eimeriosttico) via oral por tempo indeterminado inicialmente. Foi feita ainda fluidoterapia com soro fisiolgico a 0,9 % no momento da chegada para correo da desidratao.

FIGURA 11: Paciente sendo submetido a fluidoterapia via parenteral pela veia jugular. Foto: Dra. Simone Bezerra Calado, residente do HVGA.

A fluidoterapia via oral foi feita a fim de corrigir a desidratao, utilizando gua, carbonato de clcio, cloreto de sdio e cloreto de potssio, sendo oferecido "a vontade" para o animal durante sua internao, enquanto permaneceu a desidratao.

Aps resultado de sangue e constatao de hipoproteinemia, foi administrado at a recuperao do animal, um suplemento a base de protenas e aminocidos (Organew)

Devido a presena de inflamao no intestino, evidenciada pelo sangue e cogulos de fibrina nas fezes, foi administrado um antinflamatrio no esteroidal (AINE) , o Flunexin Meglumine (Flunexina) por 5 dias, juntamente com Omeprazol, um protetor de mucosa gstrica, para se prevenir os possveis danos causados pelo aumento da secreo de cido clordrico causado pelos AINEs, como lceras abomasais.

No dia 09 de outubro, 8 dias aps a entrada do animal, ainda com quadro de diarria foi institudo o tratamento com outros antimicrobianos, Gentamicina durante 5 dias e Pentabitico a base de Penicilina durante 10 dias, permanecendo ainda o suplemento protico e o antiespasmdico associado a analgsico.

FIGURA 12: Fezes do animal durante o tratamento, notar que as fezes ainda se encontravam diarrica porm com considervel diminuio de sangue.

Dia 18 de outubro o animal no recebeu mais nenhum medicamento, estando com as fezes com suas caractersticas normais para um bezerro em aleitamento.

3.4. Reviso de literatura

Em bezerros neonatos, a diarria considerada uma das causas mais importantes de mortalidade (FAGUNDES et al., 2014), e tem uma grande complexidade de agentes etiolgicos, podendo ser causada por bactrias, vrus, helmintos e protozorios, sozinhos ou em associaes. Pode apresentar ainda causa no infecciosa, sendo nesse caso, por erro de manejo alimentar e higinico as causas mais provveis (OLIVEIRA FILHO, 2006, apud BENESI,1999). A diarria se caracteriza por fezes com aumento do contedo aquoso e/ou maior frequncia que o normal e pode ser um sinal clnico de uma doena intestinal primria ou resposta toxemia, septicemia e doenas de outros sistemas (SMITH, 1994). Pode variar ainda, de uma sintomatologia leve, com pouca debilidade do animal, a uma diarria forte, que leve a um estado geral muito ruim, acarretando muitas vezes na morte do animal.

Quanto s bactrias identificadas em fezes diarricas de bezerros, as mais comuns so Escherichia coli enteropatognica e Salmonella. Quanto aos protozorios, h uma grande envolvimento etiolgico de espcies do gnero Eimeria, Giardia e Cryptosporidium., sendo que no caso do ltimo, a manuteno da infeco nos rebanhos , desempenhada de maneira importante pelos bezerros e ainda representa um grande risco zoontico (FAGUNDES et al., 2014, apud BROOK et al., 2008, 2009). As viroses mais relacionadas a diarria so o rotavrus e o coronavrus e ainda a Diarria Viral Bovina (DVB) pode infectar bezerros e causar grave enfermidade.

Botteon et al., (2008) diz que "a sndrome diarria neonatal ocorre como resultado da interao entre o bezerro,o meio ambiente, a nutrio e agentes infecciosos."

Normalmente, os ndices de diarria em bezerros maior nos rebanhos leiteiros, por haver um sistema mais intensivo de criao, que favorece alta concentrao de animais, aumentando a exposio a agentes responsveis pela molstia (OLIVEIRA FILHO, 2006). Na criao de gado para corte extensivamente, a diarria uma das principais enfermidade que afetam o rebanho, no entanto se tem poucos estudos com essa abordagem (SALVADOR et al., 2003).

Mesmo quando h uma recuperao do quadro da diarria, os bezerros podem apresentar um crescimento menor do que o esperado para a sua raa e idade, sendo extremamente importante a preveno das enfermidades e ainda o diagnstico precoce, para rpida interveno e diminuio dos danos.

Essa afeco se constitui um problema, por levar a grandes perdas econmicas, como custos com honorrios profissionais, perda de peso e morte dos animais.

No mundo, se estima que se tenham perdas variando de 20 a 52 % no caso de animais leiteiros em consequncia da diarria, e um custo com doenas entricas de 33,46 dlares por bezerro por ano (BOTTEON et al., 2008, apud KANEENE e HURD, 1990)

Por ser uma enfermidade complexa, com muitos fatores envolvidos na sua patogenia, importante para a preveno, que sejam implantadas medidas com caractersticas individuais para cada propriedade, respeitando o manejo utilizado, de modo que traga benefcios, boa produo e lucratividade na atividade exercida (BOTTEON et al., 2008).

Segundo Smith (1994), as bactrias provocam a diarria, atravs da secreo de toxinas, que iro estimular o aumento nas secrees intestinais. J os vrus e os protozorios fazem a destruio das clulas epiteliais vilosas absortivas do intestino. Como h grande perda de lquido e eletrlitos na diarria, quando essas perdas excedem a ingesto, so observados efeitos sistmicos de desidratao, podendo resultar de maneira mais grave, num colapso cardiovascular.

O diagnstico etiolgico da diarria, praticamente impossvel de ser realizado apenas clinicamente. Para tanto h a necessidade de se fazer exames laboratoriais como exame de fezes, hemogramas, sorologias especficas para DVB e outras suspeitas. Exame necroscpico pode ser til, tendo melhores resultados com maior nmero de bezerrros, no curso inicial da doena e no muito distante da hora de eutansia (SMITH, 1994).

Para o tratamento de diarrias , o princpio bsico a correo da desidratao e acidose, que so problemas comuns decorrentes dessa enfermidade. Para tanto se faz o uso da fluidoterapia por via oral, caso o bezerro consiga se alimentar, ou por via parenteral, em casos onde a alimentao j est comprometida. Para a correo da acidose so usados agentes alcalinizantes como Lactato ou Bicarbonato (BENESI, 1999).

Alm de fluidoterapia, deve ser feita a administrao de antibiticos a avaliar a gravidade de cada caso, e no s para agentes bacterianos, mas para outros agentes de causa primria que possam servir de porta de entrada para infeco bacteriana secundria.

Para Smith (1994) preveno deve ser o ponto principal, e para isso os bezerros devem ter uma adequada ingesto de colostro. Podem ser feitos reforos de imunidade especfica, como vacinaes. Preveno de parasitoses atravs de vermifugaes regulares. Reduo das chances de sobrevivncia dos agentes infecciosos, atravs de limpeza e desinfeco de instalaes. Diminuio da disseminao de agentes etiolgicos, atravs da diminuio de superlotao e separao de animais por lote.

3.5. Discusso do Relato de Caso

No caso clnico relato se observou a coerncia da sintomatologia e da evoluo da enfermidade de acordo com a literatura.

Como a diarria em bezerros causada por uma srie de agente infecciosos (SMITH, 1994), o paciente submetido a vrios exames a fim de chegar a um agente causal e fazer um tratamento mais especfico. No entanto, os exames no foram conclusivos, sendo dessa maneira, o diagnstico estabelacido pelos mdicos veterinrios responsveis foi de Coccidiose (eimeriose), considerando que sua presena nas fezes no momento do exame foi mascarada, j que o bezerro j havia tido tratamento iniciado na propriedade, com antimicrobiano da classe das sulfonamidas, neste caso a Sulfadoxina, que tem uma ao contra os protozorios entricos, sendo considerada um coccdeosttico (VIANA, 2000). Com isso as fezes foram coletadas aps administrao de medicamentos, o que explicaria o resultado negativo (SMITH, 1994).

A eimeriose uma enfermidade caracterstica de animais jovens, principalmente logo aps o nascimento, e principalmente de rebanhos leiteiros (AZEVDO, 2008), sendo a literatura compatibiliza-se com o caso relatado, por ser um bezerro com menos de um ms e proveniente de bovinocultura de leite.

A sintomatologia apresentada pelo paciente relatado est de acordo o que diz Azevdo (2008) de que "os bezerros acometidos apresentam diarria com fezes escuras, contendo muco e sangue, forte odor, com aderncia cauda dos animais, alm de perda de peso, falta de apetite, crescimento retardado, enfraquecimento."

O tratamento com metronidazol explicado nos casos de Coccidiose por Viana (2000) que explica que este medicamento interrompe a sntese de DNA de alguns protozorios entricos, tendo indicao tambm para infeces bacterianas entricas.

O tratamento posterior com Gentamicina teve bons resultados contra as infeces bacterianas secundrias aos danos causados pela Eimeria, que est de acordo com a literatura, j que a Gentamicina um aminoglicosdeo ativo contra bactrias gram-positivas e gram-negativas, principalmente enterobactrias (ANDRADE et al., 2003).

4. DISCUSSO

O setor de grandes animais do Hospital Veterinrio apresenta grande demanda de animais para a internao, tendo mais de 80% dos pacientes tendo ficado internados. Dentre fatores que explicam isso, pode-se citar a demora por parte dos proprietrios para procurar atendimento veterinrio para os animais, o que agrava o quadro, j que o diagnstico precoce a melhor maneira para o sucesso do tratamento (SMITH,1994).

As enfermidades com maior frequncia foram as Patologias de Sistema Locomotor, mais especificamente as feridas em membros, principalmente pois a maioria dos pacientes do setor de grandes animais so da espcie equina, que so os mais acometidos por problemas locomotores, devido a funo de trabalho ou esporte exercida por estes. (MARANHO, 2006).

Assim, a atividade prtica mais acompanhada foi o curativo de feridas de diferentes maneiras, e o acompanhamento da sua evoluo, envolvendo as fases da cicatrizao, e ateno para o paciente como um todo, no s se atentando a sua ferida, mas atuando de maneira multidisciplinar na abordagem da mesma (MALDELBAUM et al., 2003).

No que diz respeito as espcies mais atendidas, os equinos so a grande maioria somando 50% dos casos, sendo os outros 50% divididos em bovinos, pequenos ruminantes e sunos. Essa diferena pode ser explicada pelo fato dos animais que so criados para consumo animal, terem uma taxa de descarte maior, muitas vezes no sendo encaminhados para tratamento veterinrio especializado, sendo tratados na prpria fazenda e no ocorrendo resposta so descartados. J os equinos, alm de terem preparo para esporte, exposies e por isso terem um maior valor, tem tambm envolvido muitas vezes o fator emocional, de estima, sendo levados para tratamento com maior frequncia.

Animais mais velhos foram pouco observados no decorrer das atividades desenvolvidas, justamente pelo fato de se tratarem de animais de produo, sendo descartados antes de atingirem a idade mais avanada. O descarte uma estratgia considerada fundamental para a lucratividade de atividades com animais de produo, devendo ser eliminados animais que sejam considerados entraves a produo. No entanto esse descarte no deveria ocorrer de forma aleatria e sem conhecimento, por comprometer a sade financeira do ciratrio (SILVA et al., 2008).

Observou-se durante o decorrer de todo o estgio, que ainda se faz muito importante a informao sobre a sade preventiva de animais de produo. Os casos de animais com comprometimentos mas graves mostra que ainda no se utiliza a preveno e nem mesmo o diagnstico precoce para os problemas desses animais.

Prevenindo se diminui o custo com medicamentos, internaes e ainda se reduz as perdas pela queda de produo, diminuio de ganho de peso, descarte de animais e sua reposio, tempo com animal afastado do trabalho (SMITH, 1994). No entanto ainda muito deficiente a conscincia desse fato por parte de proprietrios de fazendas e de trabalhadores desse meio, evidenciado pelos casos de gravidade e longa durao de tratamento evidenciados no HVGA.

5. CONCLUSO

A Medicina Veterinria uma rea multidisciplinar que envolve no s a sade dos animais, mas tambm se preocupa com a sade pblica, estando a Clnica de Animais de Produo fortemente ligada a isso, por tratar animais que convivem diretamente com o homem e que podem gerar produtos para consumo humano.

A frequncia de atendimento foi maior para a espcie equina.

Patologias do Sistema Locomotor foram as mais frequentes no HVGA durante o estgio supervisionado.

O Estgio Curricular Supervisionado mostrou-se um timo meio de aprendizagem da prtica e suas fundamentaes tericas, ideal para praticar os conhecimentos adquiridos no decorrer de toda graduao, importante ainda para ter uma viso em conjunto de conhecimentos diversos obtidos em diferentes disciplinas da faculdade.

As expectativas de aprendizagem no estgio supervisionados foram atendidas e at superadas, sendo este de extrema importncia para a concluso da Graduao, e importante para a preparao para a vida profissional que se seguir a partir de toda a formao adquirida.

6. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

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VIANA, F.A.B. Fundamentos da Teraputica Veterinria, [Belo Horizonte]: UFMG, 2000.

7. ANEXOS

ANEXO 1: Ficha de exame clnico utilizada na primeira avaliao dos animais no HVGA

ANEXO 2: Ficha de exame clnico dirio (frente - A) e tratamento (verso - B) dos pacientes internados no HVGA

ANEXO 3: Requisio de Exames do Laboratrio de Quimioterapia Experimental em

Parasitologia Veterinria LQPEPV, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro,

utilizada no HVGA

ANEXO 4: Termo de Responsabilidade assinado por proprietrios dos animais para internao dos animais no HVGA.

ANEXO 5: Autorizao para prtica de eutansia nos animais do HVGA

ANEXO 6: Termo de responsabilidade para a alta hospitalar a revelia, utilizado no HVGA

ANEXO 7: Termo de adoo assinado por responsveis que querem doar os animais ao HVGA, para fins cientficos.

ANEXO 8: Ficha de exame neurolgico utilizada no HVGA

ANEXO 9: Ficha de exame neurolgico utilizada no HVGA (pgina 2)

ANEXO 10: Ficha de exame neurolgico utilizada no HVGA (pgina 3)

ANEXO 11: Ficha de exame neurolgico utilizada no HVGA (pgina 4)

ANEXO 12: Ficha de exame de Sistema Locomotor utilizada no HVGA (pgina 1)

ANEXO 13: Ficha de exame de Sistema Locomotor utilizada no HVGA (pgina 2)

ANEXO 14: Ficha de exame de Sistema Locomotor utilizada no HVGA (pgina 3)

ANEXO 15: Ficha de exame de Aparelho Respiratrio utilizada no HVGA (pgina 1)

ANEXO 16: Ficha de exame de Aparelho Respiratrio utilizada no HVGA (pgina 2)

ANEXO 17: Ficha de exame de Aparelho Respiratrio utilizada no HVGA (pgina 3)

ANEXO 18: Ficha de exame de Aparelho Respiratrio utilizada no HVGA (pgina 4)

ANEXO 19: Ficha de exame de Aparelho Respiratrio utilizada no HVGA (pgina 5)

ANEXO 20 : Ficha de atendimento de clica utilizada no HVGA (pgina 1)

ANEXO 21 : Ficha de atendimento de clica utilizada no HVGA (pgina 2)

ANEXO 22 : Ficha de atendimento de clica utilizada no HVGA (pgina 3)

ANEXO 23 : Ficha de atendimento de clica utilizada no HVGA (pgina 4)

ANEXO 24 : Ficha de atendimento de clica utilizada no HVGA (pgina 5)

ANEXO 25 : Ficha de atendimento de clica utilizada no HVGA (pgina 6)

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