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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAS APLICADAS - GESTÃO CENTRO DE EDUCAÇÃO DA UNIVALI - SÃO JOSÉ CURSO DE ADMINISTRAÇÃO – HABILITAÇÃO EM COMÉRCIO EXTERIOR DIEGO CAPELLA MARTINS ESTUDO DA VIABILIDADE DE IMPORTAÇÃO POR CONTA E ORDEM DE TERCEIROS: UM ESTUDO DE CASO NO ESTALEIRO SCHAEFER YACHTS. SÃO JOSÉ 2008

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAS APLICADAS - GESTÃO

CENTRO DE EDUCAÇÃO DA UNIVALI - SÃO JOSÉ CURSO DE ADMINISTRAÇÃO – HABILITAÇÃO EM COMÉRCIO

EXTERIOR

DIEGO CAPELLA MARTINS

ESTUDO DA VIABILIDADE DE IMPORTAÇÃO POR CONTA E ORDEM DE TERCEIROS: UM ESTUDO DE CASO NO ESTALEIRO

SCHAEFER YACHTS.

SÃO JOSÉ 2008

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DIEGO CAPELLA MARTINS

ESTUDO DA VIABILIDADE DE IMPORTAÇÃO POR CONTA E ORDEM DE TERCEIROS: UM ESTUDO DE CASO NO ESTALEIRO

SCHAEFER YACHTS.

Trabalho de Conclusão de Estágio apresentado como requisito parcial para obtenção do grau de bacharel em Administração da Universidade do Vale do Itajaí. Professor Orientador: Amarildo Felipe Kanitz, Titulação

SÃO JOSÉ 2008

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DIEGO CAPELLA MARTINS

ESTUDO DA VIABILIDADE DE IMPORTAÇÃO POR CONTA E ORDEM DE TERCEIROS: UM ESTUDO DE CASO NO ESTALEIRO

SCHAEFER YACHTS.

Este Trabalho de Conclusão de Estágio foi julgado adequado e aprovado em sua

forma final pela Coordenação do Curso de Administração da Universidade do Vale do Itajaí,

em (dia, mês e ano constante da ata de aprovação – defesa)

Prof.(a) MSc. Luciana Merlin Bervian UNIVALI – Campus São José Coordenador (a) do Curso

Banca Examinadora:

Prof.(a) MSc. Nome do Professor (a) Orientador (a)

UNIVALI – Campus São José Professor Orientador

Prof.(a) Dra. Nome do Professor (a) Orientador (a)

UNIVALI – Campus São José Membro

Prof.(a) Dra. Nome do Professor (a) Orientador (a)

UNIVALI – Campus São José Membro

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Dedicatória (opcional): o autor dedica sua obra ou presta homenagens a pessoa(s); a dedicatória deve ser localizada na parte inferior direita da folha.

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AGRADECIMENTOS

Agradecimentos (opcional): menção a pessoas e/ou instituições que contribuíram de

forma relevante para o desenvolvimento do trabalho. Aparecem em folha separada, após a

dedicatória e devem se limitar ao estritamente necessário.

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A epígrafe é elemento opcional colocado após o agradecimento. Consiste Epígrafe (opcional): aparece após os agradecimentos; consiste na transcrição de uma frase, pensamento, ditado ou parte de um texto que o autor deseja destacar, por considerar significativo e inspirador em relação ao seu trabalho. Apesar de ser escrita por outra pessoa, não deve vir entre aspas. A autoria da mensagem deve ser apresentada do lado direito, abaixo do texto, fora de parênteses. Epígrafes também podem ser colocadas na abertura das divisões do texto (capítulos).

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RESUMO

No atual cenário competitivo, as empresas que querem se destacar no mercado estão adotando estratégias e ferramentas como forma de se diferenciar de suas concorrentes. Neste contexto, a área de compras visa a redução do custo total de aquisição de materiais, assim como a melhoria da qualidade dos materiais, e do relacionamento com o mercado e com os fornecedores. Sendo assim, o presente tem por objetivo estudar a viabilidade do estaleiro Schaefer Yachts, o processo de importação direta por conta e ordem de terceiros, um regime especial da Secretaria da Fazenda , a aplicação desta metodologia visa a melhoria de qualidade dos produtos e serviços adquiridos associada à uma redução do custo total de aquisição no estaleiro Schaefer Yachts. Para atingir este objetivo, o estudo baseou-se na pesquisa exploratória e descritiva, nas técnicas de pesquisa documental e bibliográfica, na entrevista informal e na observação participante adotando-se uma abordagem qualitativa. Assim, fundamentou-se teoricamente o estudo abordando conceitos de autores renomados da área de administração de materiais e projetos. A partir dos procedimentos metodológicos adotados foi possível diagnosticar a empresa objeto de estudo, bem como descrever os processos relativos à área de compras, e o relacionamento da empresa com seus fornecedores. Em posse dessas informações elaborou-se um estudo de viabilidade de importação direta por conta e ordem de terceiros, para o estaleiro Schaefer Yachts. Ao final do estudo conclui-se que a empresa possui os requisitos necessários para a aplicação deste processo. Palavras-chave: Redução de custos.Compras. Importação.

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ABSTRACT

O resumo apresenta em primeiro lugar o objetivo do trabalho, seguido da metodologia empregada, resultados e conclusões. O espaço utilizado para a digitação é simples, sem abertura de parágrafo (contendo aproximadamente 500 “quinhentas” palavras). Key-words: palavras representativas do conteúdo do trabalho (três palavras-chave).

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

ACOBAR - Associação Brasileira dos Construtores de Barcos e seus Implementos

AFRF – Auditor-Fiscal da Receita Federal.

AFRMM – Adicional do Frete para Renovação da Marinha Mercante.

ATA – Associação de Transporte Aéreo.

BACEN – Banco Central do Brasil.

BTU - British Thermal Unit (ou Unidade térmica Britânica)

CCO - Comprovante de Compra

CE – Comprovante de Exportação.

CFR – Incoterms, onde o vendedor assume todos os custos (custo e frete).

CI – Comprovante de Importação.

CIF – Cost, Insurance and Freight.

COFINS – Contribuição para Financiamento da Seguridade Social.

CONCEX – Conselho Nacional do Comércio Exterior.

DDE – Declaração de Despacho de Exportação.

DECEX – Departamento de Operações de Comércio Exterior.

DI – Declaração de Importação.

DMM – Departamento de Marinha Mercante.

DSI – Declaração Simplificada de Importação.

EADI – Estação Aduaneira do Interior.

FCA – Free Carrier.

FOB – Free on Board.

ICMS – Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços.

INCOTERMS – Termos internacionais de comércio.

IPI – Imposto sobre Produtos Industrializados.

LI – Licenciamento de Importação.

MRP - Material Requirement Planning (planejamento da necessidade de materiais)

NCM – Nomenclatura Comum do Mercosul.

PIS – Contribuição para os programas de integração social.

PCP – Planejamento e Controle de Produção

RC – Registro de Operação de Crédito.

RE – Registro de Exportação.

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RECOM – Registro Especial de Importação de Insumos.

REI – Registro de Exportadores e Importadores.

RES – Registro de Exportação Simplificado.

ROF – Registro de Operações Financeiras.

RV – Registro de Vendas.

SECEX – Secretaria do Comércio Exterior.

SERPRO - Serviço Federal de Processamento de Dados.

SGP – Sistema Global de Preferências.

SH – Sistema Harmonizado.

SISCOMEX – Sistema Integrado de Comércio Exterior.

SRF – Secretaria da Receita Federal.

ZFM – Zona Franca de Manaus.

ZPE – Zona de Processamento de Exportações.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Fluxograma de LI ................................................................................................ 31

Figura 2 –Estrutura organizacional Schaefer Yachts ............................................................. 59

Figura 3 – Estrutura organizacional do Departamento de Suprimentos.................................. 60

Fonte: Dados primários (2008) ............................................................................................. 60

Figura 4 – Sistema de gestão de compras utilizado pela Schaefer Yachts (Protheus/ Microsiga)

............................................................................................................................................. 64

Figura 5 – Tela referente à geração de cotações .................................................................... 65

Figura 6 - Tela de solicitação de compra............................................................................... 66

Figura 7 – Aparelho de Ar Condicionado 12.000 Btu – M12 ................................................ 70

Figura 8 – Etapas necessárias para a importação dos aparelhos de ar condicionados Mermaid

Manufacturing do fornecedor Panda – Formula Import ......................................................... 73

Figura 9 – Etapas necessárias para a importação por conta e ordem de terceiros dos aparelhos

de ar condicionados Mermaid Manufacturing via Panda – Formula Import ........................... 80

Figura 10 – Quadro de custos ............................................................................................... 81

Figura 11 - Tabela Comparativa (Importação) ...................................................................... 82

Figura 12 - Comparativo (Regime Especial) ......................................................................... 83

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 14

1.1 PROBLEMA DE PESQUISA ....................................................................................... 15

1.2 PERGUNTAS DE PESQUISA ...................................................................................... 16

1.3 OBJETIVOS ................................................................................................................. 16

1.3.1 Objetivo geral .......................................................................................................... 16

1.3.2 Objetivos específicos ............................................................................................... 17

1.4 JUSTIFICATIVA .......................................................................................................... 17

1.5 APRESENTAÇÃO GERAL DO TRABALHO ............................................................. 18

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................................. 19

2.1 COMÉRCIO INTERNACIONAL E GLOBALIZAÇÃO ............................................... 19

2.2 INTERNACIONALIZAÇÃO ........................................................................................ 20

2.3 IMPORTAÇÃO ............................................................................................................ 24

2.3.1 Território Aduaneiro .............................................................................................. 24

2.3.2 Registro de Importador .......................................................................................... 25

2.3.3 Importações Permitidas .......................................................................................... 27

2.3.4 Importações sem Cobertura Cambial .................................................................... 28

2.3.5 Importações de Material Usado ............................................................................. 29

2.3.6 Exame de Similaridade ........................................................................................... 30

2.3.7 Transporte na Importação ..................................................................................... 31

2.3.8 Despacho Aduaneiro ............................................................................................... 31

2.3.9 Licenciamentos ........................................................................................................ 33

2.3.10 Licenciamento Automático ..................................................................................... 33

2.3.11 Licenciamento Não-Automático (LI – Licença de Importação) ............................ 33

2.3.12 Incoterms ................................................................................................................. 35

2.3.13 Declaração de Importação ...................................................................................... 38

2.3.14 Declaração de Importação Antecipada .................................................................. 39

2.3.15 Comprovante de Importação .................................................................................. 39

2.3.16 ROF – Registro de Operações Financeiras ............................................................ 40

2.3.17 Câmbio na Importação ........................................................................................... 41

2.3.18 Modalidade de Pagamento: Pagamento Antecipado ............................................. 42

2.3.19 Contratação de Câmbio após o Despacho Aduaneiro ........................................... 42

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2.3.20 Vinculação do Contrato de Câmbio ....................................................................... 43

2.3.21 Financiamento à Importação .................................................................................. 43

2.3.22 Custos ...................................................................................................................... 44

2.3.22.1 Imposto de Importação – II................................................................................... 45

2.3.22.2 Reduções e Isenções do Imposto de Importação ................................................... 46

2.3.22.3 Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) ...................................................... 48

2.3.22.4 Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias (ICMS) ............ 48

2.3.22.5 Capatazia ............................................................................................................. 50

2.3.22.6 Armazenagem ...................................................................................................... 51

2.3.22.7 ATA – Adicional de Tarifas Aeroportuárias ......................................................... 51

2.3.22.8 Adicional ao Frete para Renovação da Marinha Mercante (AFRMM) .................. 51

2.3.22.9 Despachante ........................................................................................................... 53

2.3.22.10 Despesas Bancárias ............................................................................................... 54

3 ASPECTOS METODOLÓGICOS ............................................................................... 55

4 RESULTADOS DO ESTUDO ...................................................................................... 56

4.1 CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA E DO MERCADO ATUANTE ........................ 56

4.2 O SETOR DE COMPRAS E O PROCESSO DE COMPRA .......................................... 61

4.3 FORNECEDORES E A RELAÇÃO COM O ESTALEIRO SCHAEFER YACHTS ..... 67

4.3.1 PANDA – Formula Import ..................................................................................... 68

4.3.2 Mermaid Manufacturing ........................................................................................ 69

4.3.3 PRODUTO - Ar condicionado 12.000 BTU – M12 ................................................ 70

4.4 ETAPAS NECESSÁRIAS PARA A IMPORTAÇÃO DOS APARELHOS DE AR

CONDICIONADOS MERMAID MANUFACTURING DO FORNECEDOR PANDA –

FORMULA IMPORT .......................................................................................................... 71

4.5 IMPORTAÇÃO POR CONTA E ORDEM DE TERCEIROS COM REDUÇÃO DE

ICMS ................................................................................................................................... 73

4.6 ETAPAS NECESSÁRIAS PARA A IMPORTAÇÃO POR CONTA E ORDEM DE

TERCEIROS DOS APARELHOS DE AR CONDICIONADOS MERMAID

MANUFACTURING VIA PANDA – FORMULA IMPORT ............................................... 77

4.6.1 Etapas de importação com o Regime Especial ....................................................... 80

4.7 COMPARATIVO DE CUSTOS .................................................................................... 81

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................ 84

REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 86

ANEXOS............................................................................................................................. 88

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ANEXO A – Ordem de Compra - Schaefer Yachts ........................................................ 89

ANEXO B – Simulação Importação – Alíquota ICMS Comum ....................................... 90

ANEXO C – Simulação Importação – Alíquota ICMS Reduzida .................................... 91

ANEXO D – Proforma ....................................................................................................... 92

ANEXO E – Phantom 260 .................................................................................................. 93

ANEXO F – Phantom 290 .................................................................................................. 95

ANEXO G – Phantom 360 ................................................................................................. 97

ANEXO H – Phantom 485 ................................................................................................. 99

ANEXO I – Phantom 500F .............................................................................................. 101

ANEXO J – Phantom 500HT ........................................................................................... 103

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14

1 INTRODUÇÃO

No atual contexto em que, cada vez mais, o mundo se apresenta integrado, frente à

mundialização da economia aqui denominada de globalização onde, nas reflexões de Ianni

(1999), alerta que a globalização está presente na realidade e no pensamento, desafiando

grande número de pessoas em todo o mundo. A despeito das vivências e opiniões de uns e

outros, e reconhece que esse problema está presente na forma pela qual se desenha o novo

mapa mundial, na realidade e no imaginário.

Da mesma forma o Brasil se insere como parte integrante e fundamental no cenário

mundial e, como tal, necessita caminhar passo a passo com os demais países, adequando tal

participação às suas necessidades e particularidades nacionais, porém, com objetivos claros a

médios e longos prazos com nossos parceiros comerciais (MAIA, 1999).

Nestes argumentos acima, cabe aqui referendar como é importante para organizações

participarem deste movimento, partindo em busca de internacionalizar-se, pois encontram a

oportunidade de expandir negócios através das exportações e adquirem produtos não

fabricados no seu país de origem com as importações. De fato, a internacionalização torna-se

o caminho natural, para que as empresas se mantenham preparadas e competitivas.

Atento a todos esses obstáculos, o governo vem estruturando o comércio exterior

brasileiro de forma a conciliar as necessidades de desenvolvimento interno com a geração de

divisas, em moedas fortes, necessárias ao pagamento de bens e serviços imprescindíveis às

atividades nacionais, e aos investimentos em infra-estrutura, criando dispositivos legais,

abrangentes e diversificados (MAIA, 1999).

“O comércio exterior assume cada vez mais um papel vital para a maioria dos países

do mundo, constituindo uma variável fundamental para o desenvolvimento das nações”

(MALUF, 2000, p.18).

Diante do exposto o presente trabalho apresenta características de uma empresa de

construção naval, mais especificamente das etapas do processo de compras de insumos e das

variáveis envolvidas no mesmo e avalia a viabilidade de importação direta de aparelhos de ar

condicionado marítimo do seu fornecedor internacional – Mermaid Manufacturing.

A empresa estudada é o estaleiro Schaefer Yachts, fundado em 1992 e com

capacidade produtiva mensal de 38 a 40 barcos. Tal produção é totalmente realizada em sede

única localizada no município de Palhoça, Grande Florianópolis (SC). Tendo em vista a

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15

grande capacidade produtiva e o fato de a produção das lanchas acontecerem em sua própria

fábrica desde o projeto até o produto final, a empresa possui uma grande rotatividade de

matéria-prima para a confecção dos barcos, como tecidos, alguns tipos de madeira, eletro-

eletrônicos e, principalmente, materiais da linha náutica, sendo que aproximadamente 80%

dos itens comprados são de origem estrangeira e adquiridos através de fornecedores locais,

importadores e representantes nacionais.

1.1 PROBLEMA DE PESQUISA

Aproximadamente 80% dos itens comprados pela Schaefer Yachts são procedentes

de outros países e com a necessidade de efetivar regularmente importações para atender as

suas necessidade do seu processo produtivo. Hoje em dia, o Estaleiro Schaefer, adquire toda a

sua linha de aparelhos de Ar Condicionado, da empresa catarinense Panda – Formula Import,

revendedora de uma série de produtos do meio náutico, inclusive dos aparelhos de Ar

Condicionado, produzidos pela empresa americana Mermaid Manufacturing.

Referente à importação, a Panda – Formula Import, é beneficiária do regime especial

do ICMS, concedido pelo Estado de Santa Catarina, e também presta serviços de

assessoramento, oferecendo todo o suporte necessário ao desembaraço da mercadoria

importada, respeitando toda a legislação brasileira de comércio exterior. É importante dizer

que a empresa importadora poderá trazer a mercadoria em seu próprio nome ou em nome da

empresa compradora. No caso, a importação realizada em nome da importadora ou da

Trading Company, configura importação realizada na modalidade de Conta e Ordem de

Terceiros.

Esta modalidade de importação está regulamentada pela Secretaria da Receita

Federal e pelo Bacen. Desta maneira as empresas comerciais importadoras podem operar

nessa modalidade desde que atendam às regulamentações e apresentem contrato previamente

firmado, caracterizando a operação.

Por trata-se de assunto relativamente novo, são poucas as publicações e matérias

disponíveis, o que nos traz certa dificuldade de coletar informações e opiniões que

enriquecem nosso trabalho. Dentre as várias obras existentes no comércio exterior não há

publicada nenhuma que trate exclusivamente dessa nova modalidade. No entanto a presente

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16

necessidade de reorganizar os processos operacionais a fim de ajustar-nos aos regulamentos

brasileiros, nos condiciona a obedecer e adaptar todas as atividades, ferramentas e processos

às constantes mudanças na legislação aduaneira brasileira.

Pretende-se aqui neste momento de investigação, possibilitar ao estaleiro Schaefer

realizar sobre conta e ordem de terceiros, a importação de um produto piloto, como o aparelho

de Ar Condicionado 12.000Btu da Mermaid Manufacturing, sendo este de grande

importância, agrega muito valor ao produto final e que temos grande dificuldade de achar

similares nacionais, tanto pela qualidade do produto oferecido quanto por questão financeira.

É nesta linha de raciocínio que se entende as dificuldades da empresa em obter

materiais importados em tempo hábil para a produção dos seus barcos, onde neste ambiente

podemos nos confrontar desde problemas alfandegários, instabilidade da moeda estrangeira

(momento) e capacidade de armazenagem, impossibilitando a empresa de obter uma grande

quantidade em estoque.

1.2 PERGUNTAS DE PESQUISA

Sendo assim a pergunta que se faz é: Como a empresa Schaefer poderá obter

vantagens competitivas em utilizar sobre conta e ordem de terceiros a sua importação do

aparelho de ar condicionado 12.000 Btu da Mermaid Manufacturing?

1.3 OBJETIVOS

1.3.1 Objetivo geral

Avaliar a viabilidade do Setor de Suprimentos da Schaefer Yachts de importar por

ordem de terceiros o Ar Condicionado 12.000 Btu de seu fabricante estrangeiro - Mermaid

Manufacturing.

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17

1.3.2 Objetivos específicos

a) Compreender o processo de fornecimento via Panda – Formula Import e o

Fabricante Mermaid Manufacturing;

b) Mostrar as etapas realizadas pela Schaefer na compra do Ar – via Panda – formula

Import;

c) Comparar os custos da situação atual com a almejada.

1.4 JUSTIFICATIVA

O processo de internacionalização deixou de apresentar-se como uma aventura

solitária para a empresa. Internacionalizar-se é, cada vez mais, integrar-se numa rede de

acordos inter-empresariais erigidos por cima das fronteiras políticas. Por esta razão, a seleção

de sócios e de fórmulas contratuais passou a ser um aspecto chave na estratégia internacional

da empresa.

Num contexto de crescente abertura das economias nacionais, a internacionalização

de uma indústria ou de uma empresa moderna deixou, inclusive, de ser uma questão de opção

para se tornar numa questão de sobrevivência.

Pode-se dizer que a internacionalização das economias e das empresas em particular

apresenta-se como um tema cada vez mais atual e continuamente renovado, suscitado por

profundas alterações no posicionamento dos países e das condições em que as empresas,

grandes e pequenas, têm de exercer a sua atividade.

É de suma importância para empresas emergentes ou em ascensão comercial que

saibam como entrar no mercado internacional. Hoje, a importação tem sido a saída para

empresas de pequeno, médio e grande porte, buscando produtos com melhores preços e

garantia de qualidade.

Diante de tais considerações e do fato de 80% dos itens comprados pela Schaefer

Yachts serem de origem estrangeira e adquiridos através de fornecedores locais, importadores

e representantes nacionais, julga-se pertinente avaliar a viabilidade do Setor de Suprimentos

da empresa de importar diretamente, ou por meio de terceiros, os produtos de seu fornecedor

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18

internacional.

1.5 APRESENTAÇÃO GERAL DO TRABALHO

Este trabalho está estruturado da seguinte maneira: O capítulo 1 apresenta a

introdução, a descrição da situação problema, os objetivos e a justificativa. Já no capítulo 2 é

abordada a fundamentação teórica, apresentando comércio internacional e globalização, a

internacionalização e importação, já no capítulo 3 temos a descrição do método.

O capítulo 4 aborda o resultado da pesquisa realizada, apresentando a empresa,

destacando o setor de compras, sua relação com seus fornecedores, caracterização do

fornecedor nacional e estrangeiro do material estudado, além do comparativo dos tipos de

operação de importação entre a Schaefer e o fornecedor.

No quinto capítulo constam as considerações finais obtidas com a realização da

pesquisa citada.

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19

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Este capítulo apresenta uma revisão de literatura dos assuntos que se relacionam com

a fundamentação deste trabalho e que devem ser abordados para a melhor compreensão do

comércio internacional e as vantagens competitivas adquiridas pela inserção no mesmo, bem

como a definição deste projeto.

Dessa forma, serão abordados os conceitos e a estrutura de importação, vertentes,

modalidades e processos.

2.1 COMÉRCIO INTERNACIONAL E GLOBALIZAÇÃO

O ponto inicial para qualquer discussão sobre o sistema econômico internacional

reside na compreensão da noção de “livre-comércio”, que consiste na minimização da

interferência estatal no fluxo comercial através das fronteiras nacionais. A promoção do livre-

comércio é balizada sempre pela idéia de que a livre circulação de bens e serviços promove a

divisão mutuamente lucrativa de trabalho, amplia consideravelmente a produção interna real

de todos os países envolvidos e torna possível a elevação do padrão de vida ao redor do

planeta. Em suma, sob o ponto de vista teórico, o comércio internacional objetiva promover o

bem-estar dos povos através do aumento de sua renda real proporcionada pela expansão do

fluxo comercial entre as nações. (DI SENA JR., 2003)

Os defensores do livre-comércio argumentam que, sob a motivação do interesse das trocas (exportação/importação), a produção de bens de cada país aumenta de acordo com as vantagens comparativas que ele goza. Também se poderia supor custos sempre crescentes, o que resultaria na tendência para aumento dos preços dos bens exportáveis e declínio dos preços daqueles importáveis. Essa variação nos preços provocaria mudanças nos padrões de consumo, uma vez que os consumidores passariam a dar preferência aos produtos importados em detrimento dos exportáveis. Continuando o processo, os preços dos bens comerciais entrariam em equilíbrio e se tornariam iguais em todo o mundo. (Di SENA Jr. 2003, p. 46).

O conforto e a satisfação das necessidades dos povos transformou o comércio

internacional em algo de extrema importância e, em certos casos, essencial. Mesmo países

que possuíam recursos naturais abundantes, como o ferro, carvão e outros, devido à utilização

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20

em tão larga extensão, transformaram-se em importadores desses insumos. Um produtor

estrangeiro pode cotar preços inferiores porque o tipo e a qualidade dos bens e recursos que

possui são mais adequados do que os recursos encontrados no país importador.

Atualmente, a aplicação e o desenvolvimento de novas técnicas e matérias-primas,

manipuladas por mão-de-obra eficiente, barata e abundante, em certos países em

desenvolvimento e subdesenvolvidos, estão transformando economias sofisticadas, como os

EUA e Europa, em grandes mercados consumidores de bens e serviços, supridos por países

como Brasil, Coréia, Formosa, Hong Kong, Cingapura e na parte financeira pelos chamados

Paraísos Fiscais.( GUIDOLINI, 1991)

As mudanças que se processam atualmente no comércio mundial nos mostram que estamos entrando em uma época de integração e complementação industrial de bens e serviços, onde os países mais ricos do mundo estão reservados para si faixas nobres de produção onde o uso de tecnologia de ponta é total. (GUIDOLIN, 1991, p. 28).

Tais países, por outra parte, gastam somas fabulosas em novas pesquisas e

desenvolvimento de materiais, produtos, processos e formação de técnicos, que colocam seus

talentos a serviço da Ciência; com isso assumiram a vanguarda em quase todos os campos.

Restam aos demais países o papel de fornecedores de bens e serviços secundários.

2.2 INTERNACIONALIZAÇÃO

A globalização exige que as empresas se adaptem frente ao mercado extremamente

competitivo. Com isso a dificuldade das empresas de entrar no mercado internacional está

cada vez mais complicada.

A internacionalização, neste caso dos mercados e das empresas que neles pretendem

atuar, significa a atuação em diferentes nações conduzindo movimentos de fatores de

produção como transferências de capital, desenvolvendo projetos em cooperação com

parceiros estrangeiros ou simplesmente comercializando os seus produtos em outros países.

A internacionalização, no sentido macroeconômico, tem a ver com o conjunto dos

fluxos de trocas de matérias-primas, produtos acabados e semi-acabados, serviços, dinheiro,

idéias e pessoas, efetuadas entre dois Estados - Nação.

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Do ponto de vista empresarial, e seguindo uma teoria que estabelece um paralelo

com a concepção de Rostow das fases de desenvolvimento das economias, a

internacionalização compreende todo o tipo de intervenção qualitativamente avançada nos

mercados externos abrangendo todas as fases desde a exportação até ao investimento direto no

estrangeiro. (GUIDOLIN, 1991).

Para Minervini (2001, p. 5), são várias as motivações que empurram milhares de

empresas para o mercado internacional:

• Necessidade de operar em um mercado de volumes que garantam uma dimensão industrial da empresa (alcançando uma economia de escala que lhe dê competitividade).

• Pedidos casuais de importadores, talvez conhecidos através de uma feira internacional ou uma missão no exterior.

• Dificuldades de vendas no mercado interno. • Melhor aproveitamento das estações. Quem produz artigos de estação como roupa de praia ou aquecedores, na baixa estação do mercado interno pode projetar-se para o mercado do hemisfério oposto.

• Possibilidade de preços mais rentáveis. Há produtos que o mercado interno não valoriza de maneira suficiente. No exterior, os preços podem ser muito mais interessantes.

• Melhor programação da produção. Por exemplo, os produtores de calçados ou acessórios de moda em geral, com a exportação, podem concentrar-se em poucos modelos e grandes quantidades. Normalmente acontece o contrário no mercado interno.

• Prolongamento do ciclo de vida de um produto. Alguns produtos podem alcançar êxito nos mercados onde as estações são inversas. Também há casos onde os produtos que já alcançaram sua maturidade ou, inclusive, iniciaram sua fase de declínio no mercado interno são exportados para os mercados onde o nível tecnológico geral é inferior como carros ou maquinarias.

• Para diversificar riscos. Há países onde há grande flutuação e as empresas são atingidas por completo. Colocar parte da produção no mercado externo amortiza os efeitos das periódicas ou eventuais crises.

• Para melhorar a imagem com fornecedores, bancos e clientes. Uma empresa que exporta necessariamente adquire um maior prestígio, status (pois a exportação é veículo para a competitividade). Isso se reflete em suas operações no mercado interno.

• Para equilibrar-se contra a entrada de competidores no mercado interno. Com a globalização da economia, é cada vez mais freqüente bater de frente com os competidores na porta de casa. A exportação reduz o impacto da presença dos concorrentes.

• Para uma estratégia de desenvolvimento da empresa. Igualmente, se a exportação foi iniciada de maneira casual, como saída obrigatória derivada de uma crise no mercado interno, há empresas que encaram a exportação como uma meta estratégica para desenvolver-se.

Na realidade, o que acontece é que muitos empresários, especialmente aqueles que

vêm de formação técnica, iniciam a atividade de exportação acumulando uma série de

fracassos e alguns êxitos, porém, sem ter avaliado antes a sua própria capacidade de

internacionalização, quer dizer, a capacidade de adequar à empresa além do produto no

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mercado internacional. (MINERVINI, 2001).

Seguindo esse pensamento que, para Vargas (1999, p. 234), “o exportador pode ter o

melhor produto, o melhor preço, mas se não tiver um suporte financeiro adequado, não

conseguirá concorrer no exterior, quanto aos itens, preço, entrega e prazos de pagamentos”.

As distâncias do comércio exterior diferenciam a administração de uma empresa que

se volta para o negócio internacional da administração voltada somente para o mercado

doméstico.

Para Soares (2004), “internacionalizar uma empresa é introduzir no seu planejamento

estratégico (visão de longo prazo) o objetivo de buscar e manter negócios internacionais, tanto

em relação à importação quanto à exportação”.

Os mercados estão cada vez mais abertos à concorrência externa e, portanto, as

empresas de qualquer porte, mesmo quando operam apenas no mercado doméstico, enfrentam

a concorrência de empresas e produtos procedentes do exterior e, nesse sentido, já estão de

certa forma internacionalizada. Para completar a internacionalização nesse ambiente, é

preciso vencer as distâncias do comércio internacional, com o objetivo de ganhar ou manter a

competitividade, aumentar os lucros e a participação de mercado ou garantir a sobrevivência

da empresa no longo prazo. (SOARES, 2004).

Os países pobres, em desenvolvimento, podem tornar-se mais ricos, economicamente

fortes e competitivos somente se criarem e desenvolverem os ramos de atividade que têm sido

as indústrias “modernas” no mundo desenvolvido nestes últimos cinqüenta anos: uma

agricultura moderna e produtiva, a indústria automobilística, a indústria de química orgânica e

de fertilizantes, a siderurgia e a indústria de máquinas e, agora, o mercado da informação.

(DRUCKER, 1999).

A competitividade de um país depende da capacidade da sua indústria de inovar e

melhorar. Algumas empresas conquistam uma posição de vantagem em relação aos melhores

competidores do mundo em razão das pressões e dos desafios.

Num mundo de competição global crescente, os países se tornaram mais, e não menos, importantes. À medida que os fundamentos da competição se deslocam cada vez mais para a criação e assimilação do conhecimento, aumenta a importância dos países. A vantagem competitiva é gerada e sustentada através de um processo altamente localizado. As diferenças nos valores nacionais, a cultura, as estruturas econômicas, as instituições e a história são fatores que contribuem para o êxito competitivo. Em todos os países constatam-se disparidades marcantes nos padrões de competitividade. Nenhum país é capaz de competir em todos e nem mesmo na maioria dos setores. Em última instância, os países obtêm êxito em determinados setores porque o ambiente doméstico é o mais progressista, dinâmico e desafiador. (PORTER, 2001, p.239).

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As empresas atingem a vantagem competitiva através das iniciativas de inovação.

Elas abordam a inovação no seu sentido mais amplo, abrangendo novas tecnologias e novas

maneiras de fazer as coisas. A inovação se manifesta no novo desenho do produto, no novo

processo de produção, na nova abordagem de marketing ou nos novos métodos de

treinamento. Boa parte das inovações é trivial e incremental, dependendo mais da acumulação

de pequenos insights e melhorias do que de um único e grande avanço tecnológico

revolucionário. (PORTER, 2001)

Algumas inovações geram vantagens competitivas a partir da percepção de uma oportunidade de mercado inteiramente nova ou através do atendimento a um segmento do mercado negligenciado por outras empresas. Quando os concorrentes são vagarosos em suas reações, a inovação gera a vantagem competitiva. A informação desempenha um papel primordial no processo de inovação e melhoria – sobretudo a que não está disponível para os concorrentes ou que não é objeto de suas pesquisas. Às vezes, ela decorre de simples investimentos em pesquisa e desenvolvimento ou de levantamentos de mercado; com mais freqüência, resulta do esforço, da abertura e da investigação nos lugares certos, sem o jugo das premissas ofuscantes e da sabedoria convencional. (PORTER, 2001, p. 243).

O pensamento sobre a competitividade das nações e dos estados tem focalizado a

economia como um todo, considerando-se a política econômica nacional como a influência

dominante. Tanto na competição como na competitividade, o papel da localização tem sido

quase inexistente. Quando muito, a tendência tem sido interpretar a localização como algo de

importância decrescente. A globalização permite que as empresas se abasteçam de capital,

bens e tecnologia em qualquer parte do mundo e localizem suas operações onde obtiverem a

maior eficácia de custo. (DRUCKER, 1999).

Na prática, o maior (e melhor) motivo para uma empresa se internacionalizar é que,

no ambiente da globalização, os produtos, preços, negócios, organizações e até mesmo as

normas são definidos no comércio internacional. Resistências à internacionalização são

provenientes de uma visão curta do ambiente econômico atual.

Em resumo, a internacionalização é um investimento que garante no longo prazo que

a empresa não será varrida do mercado por concorrentes mais competitivos, provavelmente

procedentes do exterior, porque lhe permite ganhos de competitividade e de escala inclusive

para concorrer melhor no mercado doméstico. (SOARES, 2004).

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2.3 IMPORTAÇÃO

Pode-se denominar importação a entrada de mercadorias em um país, provenientes

do exterior, podendo compreender, também, os serviços ligados à aquisição desses produtos

no exterior como, seguros, fretes e serviços, gerando, conseqüentemente, saída de divisas.

Sendo que as importações são diretas ou indiretas ao consumidor final, onde as

diretas são os próprios bens de consumo e as indiretas seriam os maquinários para a indústria

nacional aperfeiçoar sua manufatura e ter a possibilidade de se tornar mais competitiva tanto

para o mercado interno quanto para o externo. (RATTI, 2000).

2.3.1 Território Aduaneiro

O território aduaneiro compreende todo o território nacional, estando dividido, para

fins de jurisdição dos serviços aduaneiros, em “Zona Primária” e “Zona Secundária”.

A Zona Primária compreende as faixas internas de portos e aeroportos, recintos

alfandegados e locais habilitados na fronteira terrestre, bem como outras áreas nas quais se

efetuem operações de carga e descarga de mercadorias ou embarque e desembarque de

passageiros, procedentes ou destinados ao exterior.

Esta Zona é demarcada pela autoridade aduaneira local, ouvido o órgão ou empresa a

que esteja vinculada a administração do porto, aeroporto ou estação de fronteira e abrange:

a) a área terrestre ou aquática, contínua ou descontínua, ocupada pelos portos

alfandegados;

b) a área terrestre ocupada pelos aeroportos alfandegados e;

c) a área adjacente aos pontos de fronteira alfandegados.

Aqui os recintos alfandegados são os pátios, armazéns, terminais e outros locais

destinados à movimentação e ao depósito de mercadorias importadas ou destinadas à

exportação, que devam se movimentar ou permanecer sob controle aduaneiro, assim como as

áreas reservadas à verificação de bagagens destinadas ao exterior ou dele procedentes.

Incluem-se ainda as dependências de lojas francas. (BIZZELLI, 2002)

Nos dizeres de Bizzelli (2002, p.47) “São ainda consideradas com Zona primária,

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para fins de controle aduaneiro, as áreas de livre comércio caracterizadas como Zonas de

Processamento de Exportação (ZPE), destinadas à instalação de empresas voltadas para a

produção de bens a serem comercializados com o exterior”.

Para Bizzelli (2002, p. 47)”A Zona Secundária compreende o restante do território

aduaneiro, nela incluídas as águas territoriais e o espaço aéreo”.

Nacionalizar uma mercadoria é a seqüência de atos que transfere a mercadoria

estrangeira para a economia nacional. Nas importações definitivas o documento comprovante

da transferência de propriedade do bem importado é, normalmente, o conhecimento de

embarque, enquanto que nas hipóteses de nacionalização de importações inicialmente

ingressadas no País em caráter não-definitivo, outros documentos, como a fatura comercial,

serviriam para comprovar a referida transferência.(BIZZELLI, 2002).

2.3.2 Registro de Importador

De conformidade com o estabelecido pelo Decreto-Lei nº 1.427, de 02/10/75,

Portaria MICT nº. 280, de 12/07/95, e, considerando inclusive a Portaria Secex nº. 21, de

12/12/96, somente poderão efetuar importações as empresas, entidades e pessoas que estejam

previamente inscritas no cadastro de Exportadores e Importadores da Secretaria de Comércio

Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Secex/MDIC),

que atendam, cumulativamente, no que couber, segundo (BIZZELLI, 2002) aos seguintes

requisitos:

a) possuir capital mínimo integralizado fixado pela secex;

b) não estar em débito com a fazenda nacional e fazendas estaduais;

c) ser considerada idônea;

d) não tiver sido punida, em decisão administrativa final, por infrações aduaneiras,

de natureza cambial, de comércio exterior ou de repressão ao abuso do poder

econômico.

A denominação comum do Cadastro é: Registro de Exportadores e Importadores –

REI, que se efetua a partir do Siscomex. Os importadores inscritos no REI até o início das

atividades no Sistema tiveram sua inscrição mantida e os demais serão automaticamente

inseridos ao realizarem a primeira operação de importação. As atualizações no Cadastro

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Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ) do MF, tais como inclusões, baixas etc., serão

disponibilizadas ao REI, de forma a existir um único cadastro para o Siscomex (Importação e

Exportação).

Para se obter a senha que permite ao usuário – representante legal, empregado com

vínculo empregatício exclusivo ou despachante aduaneiro – o acesso ao Siscomex, faz-se

necessário apenas o seu credenciamento junto à SRF. Para tanto, será necessária a

apresentação dos seguintes documentos:

a) Formulário aprovado pela SRF;

b) Cartão de Credenciamento;

c) Atos Constitutivos da Empresa ou Entidade (Contrato Social, Estatuto etc.)

devidamente atualizados;

d) Cartão do CNPJ, quando necessário;

e) Identificação pessoal do usuário (RG, CPF, e Procuração, se for o caso) e

declarações de antecedentes criminais e vínculo trabalhista exclusivo, conforme

for o caso.

A pessoa física somente poderá importar mercadorias em quantidade que não revele

prática de comércio.

Poderá ser suspenso pelo prazo máximo de 02 anos, após sumária verificação pelo

Decex da Secretaria de Comércio Exterior, o registro da empresa, entidade ou pessoa física

que:

a) estiver respondendo a processo administrativo por infração às leis e aos

regulamentos aduaneiros, de câmbio, de comércio exterior e de repressão ao abuso

do poder econômico, desde que tal providência seja justificadamente solicitada à

Secex pela autoridade processante à vista da natureza da ocorrência e de sua

gravidade;

b) praticar atos desabonadores no comércio exterior que possam prejudicar o

conceito do Brasil no estrangeiro;

c) manter estoques com fins especulativos, contrariamente aos interesses da

economia do País;

d) realizar ação monopolística ou de outra natureza prejudicial aos interesses

nacionais, aos bons costumes e à ordem pública;

e) não efetuar, nos prazos e condições determinados pelas autoridades competentes,

os recolhimentos que condicionarem a realização de exportações e/ou

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importações;

f) praticar subfaturamento ou superfaturamento, regularmente apurados,

independentemente de aplicação de outras sanções legais ou regulamentações

cabíveis;

g) estiver respondendo a processo administrativo ou judicial por débito fiscal

referente ao Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS)

relacionados com operações de comércio exterior;

h) apresentar informações ou documentos falsos aos órgãos fiscais, cambiais e de

comércio exterior ou que sejam responsáveis pela prática de quaisquer outros atos

irregulares em operações de importação e/ou exportação.

Será cancelado o registro da empresa, entidade ou pessoa física que:

a) for punida, por decisão administrativa final e de acordo com as leis e

regulamentos respectivos, por infração aduaneira, de natureza cambial, de

comércio exterior ou de repressão ao abuso de poder econômico;

b) tiver o registro suspenso por duas vezes, qualquer que seja o motivo;

c) praticar atos em detrimento da segurança nacional, desde que o cancelamento seja

solicitado pelas autoridades competentes;

d) tenha sido punida em decisão administrativa ou judicial por infringência à

legislação fiscal de câmbio estadual relacionada com operações de comércio

exterior.

A suspensão ou cancelamento do Registro de Importador e Exportador serão

efetivados pela Secretaria de Comércio Exterior, através do Decex, intimado previamente o

interessado para defender-se no prazo de 10 (dez) dias contados a partir da data da formulação

da Declaração de Importação. (BIZZELLI, 2002)

2.3.3 Importações Permitidas

Dentro das importações permitidas bifurcam-se entre as de Licenciamento

Automático e as de Licenciamento Não-Automático, seguindo (MALUF, 2000):

a) Licenciamento Automático: as mercadorias não estão sujeitas a nenhuma

autorização ou licença para que ocorra o embarque no exterior;

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b) Licenciamento Não-Automático: são aquelas que, para que ocorra o seu embarque

no exterior terão que ter uma “Licença de Importação-LI” emitida e válida para

embarque.

As importações brasileiras, sob o aspecto fiscal, podem ser agrupadas em:

a) importações com incidência tributária;

b) importações que gozam de vantagens tributárias.

Essas vantagens caracterizam-se pela:

a) isenção;

b) redução ou;

c) suspensão de tributos.

Importações enquadradas em regimes aduaneiros especiais, que podem ser:

a) regime de Drwaback;

b) admissão temporária;

c) entreposto aduaneiro de importação;

d) entreposto industrial;

e) depósito Especial Alfandegado;

f) trânsito Aduaneiro.

As importações proibidas, nos dizeres de Maluf ( 2000, p.213) “são as importações

que, por disposições legais ou acordos internacionais firmados, encontram-se proibida a sua

entrada no país. A proibição poderá ser em razão do país de origem ou da mercadoria”.

Já as importações temporárias são aquelas que possuem caráter temporário, ou seja,

estão temporariamente impedidas de entrar no país. Assim como as importações em

consignação, que na linha de Maluf (2000, p. 213)”são importações que não têm o ânimo de

permanência definida da mercadoria. Elas deverão vir sem cobertura cambial, haverá um

acompanhamento da sua destinação. deverão seguir para local alfandegado e será exigido um

Termo de Responsabilidade”.

2.3.4 Importações sem Cobertura Cambial

Nas operações de importação conduzidas sem cobertura cambial inexiste contratação

de câmbio, uma vez que não haverá necessidade de aquisição de moeda estrangeira.

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Segundo Poderão ser admitidas importações sem cobertura cambial para (MALUF,

2000):

a) peças e acessórios, abrangidos por Contrato de Garantia;

b) doações;

c) filmes cinematográficos;

d) investimento de capital estrangeiro, sujeito a registro prévio no Banco Central do

Brasil;

e) retorno de material remetido ao exterior para fins de teste, exame e/ou pesquisa,

com finalidade industrial ou científica;

f) bens importados em regime de admissão temporária e;

g) bens importados em consignação.

2.3.5 Importações de Material Usado

Esse tipo de operação obedece a uma regulamentação especial, visto que sua

concessão é de caráter excepcional. As várias restrições impostas visam, justamente, evitar a

importação de equipamentos considerados superados ou obsoletos, prejudiciais à elevação de

nosso índice de produtividade, dificultando nossa competitividade no mercado internacional.

Em todos os pedidos de importação será exigida a apresentação do laudo de vistoria

e avaliação, firmado por organizações especializadas e idôneas, constando entre outros o ano

de fabricação do equipamento, a vida útil média do bem, o valor de mercado e o peso líquido.

Exigências (MALUF, 2000):

a) que os equipamentos importados sejam destinados ao uso próprio do importador e

participem diretamente do processo produtivo;

b) que os bens não sejam produzidos no País ou não possam ser substituídos;

c) que sejam de interesse da economia nacional;

d) que não se destinem a controle de qualidade.

Com relação à idade do equipamento deverá ser observado o seguinte:

a) equipamento de precisão, destinado à produção seriada: não poderá ter idade

superior a 10 (dez) anos na data da apresentação do pedido de importação;

b) equipamento pesado: não poderá ter idade superior a 20 (vinte) anos na data da

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apresentação do pedido de importação.

2.3.6 Exame de Similaridade

Estão sujeitas ao prévio exame de similaridade as importações amparadas por

benefícios fiscais de isenção ou redução do importo de importação, inclusive as realizadas

pela União, Estados, Distrito Federal, Municípios e pelas respectivas autarquias.

O exame de similaridade será realizado pelo DECEX, que observará os critérios e

procedimentos previstos no Regulamento Aduaneiro.

Considera-se similar ao estrangeiro o produto nacional em condições de substituir o

importado, observados os seguintes parâmetros (MALUF, 2000):

a) qualidade equivalente a especificações adequadas ao fim a que se destine;

b) preço não superior ao custo de importação, em moeda nacional, da mercadoria

estrangeira, calculado o custo com base no preço CIF/CIP, acrescido dos tributos

que incidem sobre a importação e outros encargos de efeito equivalente e;

c) prazo de entrega normal ou corrente para o mesmo tipo de mercadoria.

A SECEX também exerce o controle de preços na importação tendo,

fundamentalmente, como se nota no exame das normas, como objetivo evitar a prática de

superfaturamento e a conseqüente transferência irregular ou fuga de divisas ao exterior. Para

tanto, utiliza vários instrumentos ou fontes de informações como colocações em bolsas

internacionais de mercadorias, publicações especializadas, listas de preços de fabricantes

estrangeiros, preços declarados por importadores com base em documentos comprobatórios

das operações comerciais e contratos de fornecimento de bens de capital fabricados sob

encomenda. (MALUF, 2000)

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Figura 1 – Fluxograma de LI Fonte: Maluf (2000).

2.3.7 Transporte na Importação

Acordando com Maluf (2000), consta-se que mercadorias com benefícios fiscais têm

a obrigatoriedade de embarcar em navios de bandeira nacional ou a apresentarem waiver

(liberação de bandeira, concedido pelo DMM – Departamento da Marinha Mercante. Caso

contrário, perdem os seus benefícios fiscais, bem como se aplica a outros casos.

Segundo Maluf (2000, p. 217) “não existe exigência para utilização de companhias

aéreas brasileiras, a menos que a operação esteja sendo realizada por órgãos da administração

pública federal”.

2.3.8 Despacho Aduaneiro

Despacho aduaneiro de importação é o procedimento fiscal mediante o qual é

verificada a exatidão dos dados declarados pelo importador em relação à mercadoria

importada, aos documentos apresentados e à legislação vigente, com vistas ao seu

desembaraço aduaneiro. O desembaraço aduaneiro constitui o ato final do despacho aduaneiro

em virtude do qual é autorizada a entrega da mercadoria ao importador.

O despacho aduaneiro de importação compreende o despacho para admissão em

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regime suspensivo de tributação, o despacho para admissão em ZPE, o despacho para

consumo relativo à mercadoria importada a título definitivo e o despacho para internação de

mercadoria precedente da ZFM, da Amazônia Ocidental ou Área de Livre Comércio.

Toda mercadoria que ingresse no país, importada a título definitivo ou não, se sujeita

ao despacho aduaneiro de importação, que será processado por meio do SISCOMEX, o

mesmo se aplicando à mercadoria, antes submetida a despacho de exportação, que retorne ao

país, ou que seja reintroduzida no mercado interno, procedente de ZPE ou de recintos

alfandegados interiores em regime de Depósito Alfandegado Certificado – DAC.

Estão sujeitas, ainda, a despacho aduaneiro de importação, independentemente do

despacho a que foram submetidas por ocasião do seu ingresso no país, as mercadorias de

origem estrangeira que venham a ser redestinadas para outro regime aduaneiro, bem como

aquelas introduzidas no restante do território nacional, procedentes da ZFM, Amazônia

Ocidental, Área de Livre Comércio ou ZPE. (MALUF, 2000)

O despacho aduaneiro é o procedimento fiscal de nacionalização da mercadoria.

Inicia-se com o registro da DI – Declaração de Importação ou da DSI – Declaração

Simplificada de Importação e finaliza-se com o desembaraço da mercadoria e emissão do CI –

Comprovante de Importação. Usualmente o registro da DI somente poderá ser feito após a

chegada da mercadoria, com exceção dos casos previstos para emissão de Declaração de

Importação Antecipada, em que o registro da declaração ocorre antes da chegada da

mercadoria. É realizado através do SISCOMEX. (MALUF, 2000)

SISCOMEX – Importação foi implantada em 1º de janeiro de 1997, em todo país,

para uso n licenciamento, despacho e controle cambial de mercadorias provenientes do

exterior. Veio modificar o processo manual, anteriormente utilizado, com a finalidade de

atualizar os trâmites necessários, tanto para o importador e seus prepostos, como para os

órgãos governamentais nele envolvidos.

No geral, os documentos que o SISCOMEX emitirá com relação à importação são

(MALUF,2000):

a) Licença de Importação - LI;

b) Declaração de Importação - DI;

c) Comprovante de Importação - CI;

d) Comprovante de Compra - CCO;

e) Registro de Operações Financeiras - ROF.

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2.3.9 Licenciamentos

O Licenciamento das importações ocorre de forma automática e não-automática e é

efetuado por meio do SISCOMEX.

Para Maluf ( 2000, p. 220) “as informações de natureza comercial, financeira,

cambial e fiscal que caracterizam a operação e definem seu enquadramento legal serão

prestadas para fins de licenciamento”.

2.3.10 Licenciamento Automático

Nos dizeres de Maluf (2000, p.220) “as mercadorias que não estão sujeitas a controle

prévio ou ao cumprimento de condições especiais terão o licenciamento automaticamente

concedido na ocasião da formulação, no SISCOMEX, da Declaração de Importação para fins

de Despacho Aduaneiro.”

2.3.11 Licenciamento Não-Automático (LI – Licença de Importação)

Segundo Maluf (2000, p.220) “as mercadorias ou operações sujeitas à anuência

prévia de importação ou cumprimento de condições deverão obter o licenciamento

previamente ao embarque da mercadoria no exterior, ou antes, do registro da Declaração de

Importação”.

Na Licença de Importação serão prestadas informações de natureza comercial,

financeira, cambial e fiscal. Essas informações serão prestadas pelo importador diretamente

ou por intermédio de agentes credenciados. A solicitação para emissão da Licença de

Importação será feita, por meio do SISCOMEX, junto ao DECEX e este poderá anuir

prontamente ou aguardar a anuência de outro órgão, se for o caso, antes de deferir a Licença

de Importação.

Os órgãos anuentes poderão autorizar, via SISCOMEX, o licenciamento automático

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de operações relativas a produtos relacionados como sujeitos a licenciamento não-automático.

Na Licença de Importação não serão aceitas substituições que descaracterizem a

operação. A Licença de Importação tem força de lei, ou seja, comprobatória.

Em alguns casos, a Licença de Importação será solicitada antes do Despacho

Aduaneiro. A relação destas mercadorias e/ou operações, bem como o momento de conseguir

licenciamento, foram relacionadas em comunicado público da SECEX/DECEX tendo em

vista suas condições gerais de comercialização. Podem ser verificados no próprio

SISCOMEX. ( MALUF, 2000)

A título de exemplo temos armas e munições, sangue humano e aeronave, que por

suas características particulares dependem de anuência prévia de importação, sendo sujeitas,

portanto, à emissão da Licença de Importação anteriormente ao embarque.

Mercadorias e/ou operações sob condições especiais como aquelas ao amparo de

Drawback, dependem de LI – Licença de Importação.

Nas importações sujeitas à licenciamento não-automático, o importador deve prestar

no Sistema as informações previamente ao embarque da mercadoria no exterior ou antes do

despacho aduaneiro, conforme o caso.

Como regra geral, temos as seguintes situações (MALUF, 2000):

a) validade: ao ser deferida a Licença de Importação receberá uma validade para

embarque que deverá ser obedecida, caso contrário necessitará de uma nova

autorização. A licença de Importação poderá ser alterada até antes do registro da

DI – Declaração de Importação. De um modo geral, o Licenciamento não-

automático tem validade de 60 dias para o embarque da mercadoria no exterior ou

para fins de solicitação de despacho aduaneiro, conforme o caso.

b) alterações: a Licença de Importação é passível de alterações até o início do

despacho aduaneiro, desde que não descaracterize a operação, pois neste caso será

exigida a emissão de uma nova Licença de Importação. Será mantida a mesma

validade, se a alteração não se referir a ela.

c) cancelamento: poderá ser de ofício ou por seu vencimento. Somente poderá ser

processado até o registro da DI, ou seja, sem ter dado início ao despacho

aduaneiro.

A SECEX/DECEX manifestar-se-á, quando couber, sobre retificações que venham a

ocorrer durante o despacho aduaneiro e após o desembaraço da mercadoria.

A descrição da mercadoria deverá conter o maior número de características

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identificadoras possíveis, tais como: marca, tipo, cor, acessórios e outras informações

relativas ao produto.

Os dados do licenciamento não-automático poderão ser transmitidos ao computador

central do SISCOMEX pelo próprio importador ou por agentes credenciados pela

SECEX/DECEX.

Após a transmissão, o licenciamento recebe numeração especificada e ficará

disponível para fins de análise pela SECEX/DECEX e/ou pelos órgãos anuentes.

O SISCOMEX presta aos importadores as informações correspondentes ao estágio

dos estudos e decisão sobre o licenciamento.

O controle de preços é exercido pelo DECEX e tem por objetivo permitir o

pagamento justo dos produtos importados.

Quanto maior é a alíquota ad valorem do imposto de Importação que incide sobre a

mercadoria, maior é a vantagem do importador em subfaturar a operação. Nos casos de

superfaturamento, poderão ser encobertas as transações financeiras, representadas pela

indevida transferência de fundos para o exterior. Em princípio o subfaturamento constitui

fraude fiscal, enquanto o superfaturamento constitui fraude cambial.

2.3.12 Incoterms

Os incoterms (Internacional Commercial Terms) são termos padronizados no

comércio internacional, que definem com precisão quais as responsabilidades do vendedor e

do comprador, para Maluf (2000, p.59), “os incoterms são um conjunto padrão de definições

determinando regras e práticas neutras que servem para definir, dentro de um contrato de

compra e venda internacional, os direitos e obrigações recíprocos do exportador e do

importador”.

Conforme Ratti (2000), estes termos surgiram em 1936, quando a Câmara de

Comércio Internacional, com sede em Paris, resolveu editar um livreto consolidando e

interpretando as várias fórmulas contratuais que vinha há muito tempo sendo utilizadas pelos

comerciantes internacionais, ficando conhecido como “incoterms 1936”. Foram feitas também

alterações e adições a estas nos anos de 1953, 1967, 1976, 1980, 1990 e 2000, a qual se

encontra atualmente em vigor e é denominada de “incoterms 2000”.

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“É importante lembrar que dentre os vários contratos a serem celebrados entre

importadores e exportadores (transporte, seguro e financiamento) os incoterms estão

relacionados somente ao Contrato de Compra e Venda” (MALUF, 2000). Existem 13 opções

de incoterms, os quais variam de acordo com o transporte utilizado, sendo estes (VAZQUES,

1999; MALUF, 2000):

a) Ex Works (EXW): é o incoterm que apresenta menor risco para o vendedor,

colocando este a mercadoria à disposição do importador, no seu estabelecimento

(do vendedor) ou em local designado. Este incoterm é utilizado para qualquer tipo

de transporte, inclusive multimodal;

b) Free Carrier (FCA): utilizado para qualquer tipo de transporte, inclusive

multimodal; o vendedor terá a obrigação de entregar a mercadoria, liberada para

exportação, à custodia do transportador indicado pelo importador, em local

determinado;

c) Free Alongside ship (FAS): de uso exclusivo para o transporte marítimo, o

vendedor corre com os riscos e as despesas da mercadoria até a liberação desta e a

sua colocação no cais do porto de embarque, ao lado do costado do navio;

d) Free on Board (FOB): somente utilizado no transporte marítimo e de cabotagem,

é o termo mais utilizado no transporte internacional, onde o vendedor tem a

responsabilidade de colocar a mercadoria a bordo do navio para embarque,

assumindo todos os riscos e despesas até determinado ponto;

e) Cost and Freight (CFR): é utilizado somente no transporte marítimo, sendo

responsabilidades do vendedor arcar com as despesas necessárias para a colocação

da mercadoria a bordo do navio, bem como o valor do frete até o porto de destino;

f) Cost, Insurance and Freight (CIF): utilizado exclusivamente no transporte

marítimo, o vendedor tem a obrigação de correr com todas as despesas

correspondentes, inclusive com o pagamento do frete e seguro internacional, até o

porto de destino. Porém, nas importações brasileiras não é permitido este termo,

pois, conforme a Resolução do Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP)

n° 03/71, o seguro internacional de mercadorias importadas deve ser realizado

através de sociedades seguradoras estabelecidas no Brasil, sendo que somente em

casos excepcionais, o Instituto de Resseguros do Brasil (IRB) poderá autorizar a

realização do seguro, no todo ou em parte, no exterior;

g) Carriage Paid To (CPT): termo similar ao CFR, com a diferença que o CPT

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aplica-se a todos os tipos de transporte, inclusive multimodal;

h) Carriage and Insurance Paid to (CIP): termo similar ao CIF, porém aplicável a

todos os tipos de transporte, inclusive multimodal. É importante lembrar que esta

negociação, igual ao incoterm CIF, sofre restrição na contratação do seguro

internacional quando realizada uma importação no Brasil (Resolução CNSP n°

03/71);

i) Delivered At Frontier (DAF): utilizado em todos os tipos transporte, é

responsabilidade do vendedor entregar a mercadoria na fronteira ou em ponto

combinado, antes da divisa do país fronteiriço, correndo com todas as despesas até

o ponto;

j) Delivered Ex Ship (DES): somente utilizado no transporte marítimo ou de

cabotagem, é obrigação do vendedor disponibilizar a mercadoria, ao comprador, a

bordo do navio, não desembaraçada, no ponto de destino designado, sendo este

responsável pelos danos ou perdas da mesma até aquele ponto;

k) Delivered Ex Quay (DEQ): utilizado no transporte marítimo ou de cabotagem,

onde o vendedor tem a obrigação de entregar a mercadoria no porto do cais do

porto do comprador, arcando com os custos e as responsabilidades até o ponto de

destino;

l) Delivered Duty Unpaid (DDU): utilizado em qualquer tipo de transporte,

inclusive multimodal, onde a responsabilidade do vendedor vai até a colocação da

mercadoria à disposição do comprador no ponto designado do país de importação,

arcando com as despesas e riscos até a entrega da mesma, exceto com o

pagamento dos tributos devidos à importação no país do comprador;

m) Delivered Duty Paid (DDP): termo utilizado para qualquer tipo de transporte,

sendo o de maior responsabilidade para o vendedor, pois este deverá assumir

todos os riscos e despesas da venda da mercadoria, colocando-a a disposição do

comprador, desembaraçada, com o pagamento dos tributos correspondentes à

importação, em local designado no país do importador.

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2.3.13 Declaração de Importação

É o documento no qual, após o seu registro, dar-se-á início ao processo de despacho

aduaneiro. É um conjunto de informações gerais da operação de importação realizada.

Documento através do qual é feita a solicitação para nacionalização da mercadoria. De um

modo geral o seu registro somente é permitido após a chegada da mercadoria no território

nacional. (MALUF, 2000).

Situações a serem contempladas:

a) retificação: a retificação, após o seu registro, somente poderá ocorrer com a

concordância da fiscalização, bem como não exime o importador da aplicação das

penalidades fiscais e sanções administrativas eventualmente cabíveis.

b) cancelamento: será livremente realizado antes do início do despacho aduaneiro. O

cancelamento após o início do despacho, mas antes do desembaraço, somente será

realizado mediante autorização da SRF, com fundamentação em recurso. Em

nenhuma hipótese será admitido o cancelamento após o desembaraço da

mercadoria.

c) declaração simplificada de importação: é utilizada no lugar da DI, na forma e

situações previstas na legislação. De um modo geral é utilizada para pequenas

operações ou operações que não necessitam de um controle demasiado e

pormenorizado. Será formulada pelo importador ou seu representante, em

microcomputador conectado ao SISCOMEX – Sistema Integrado de Comércio

Exterior, mediante a prestação das informações constantes do Anexo I, da

Instrução Normativa nº. 155 de 22/12/99, da SRF.

d) importação de pequeno valor de pessoa física, desde que não caracterize

destinação comercial, tanto em quantidade como em freqüência, com ou sem

cobertura cambial.

e) importação de pessoas jurídicas, sem cobertura cambial, com valor máximo

definido.

f) doações de organismo estrangeiro ou governo, recebidos por órgão ou entidade

integrante da administração pública direta, autárquica ou fundacional, de qualquer

dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios ou

Instituição de Assistência Social.

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g) importação de missão diplomática, representação de organismos internacionais e

delegações especiais.

h) hipóteses previstas pela SRF do regime de admissão temporária.

i) integrantes de bagagem desacompanhada.

j) reimportação.

k) retorno ao País por:

− exportação em consignação;

− defeito técnico, para reparo ou substituição;

− alteração nas normas aplicáveis à importação do país importador.

2.3.14 Declaração de Importação Antecipada

É a declaração de importação de mercadoria que proceda diretamente do exterior

poderá ser registrada antes da sua chegada na unidade da SRF de despacho nos casos

previstos. É utilizada na importação de mercadorias a granel tanto líquida como sólida e

produtos perecíveis e outros. A sua motivação deve-se ao fato de que o processo de despacho

aduaneiro necessita ser agilizado pelas peculiaridades da carga, agilização da descarga por

limitação de espaço para sua armazenagem e outros. (MALUF, 2000).

2.3.15 Comprovante de Importação

Nos dizeres de Maluf (2000, p.210), “É o documento que comprova a retirada total

da mercadoria que deu entrada no processo de nacionalização, através da DI. Este documento

é emitido pela SRF, dentro do SISCOMEX, após os trâmites definidos para a operação. A

comprovação da nacionalização da mercadoria dar-se-á através do SISCOMEX.”

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2.3.16 ROF – Registro de Operações Financeiras

Operações com prazo superior a 360 dias, investimentos estrangeiros no país,

empréstimos, arrecadamento mercantil/leasing, afretamento de bens, securitização de

exportações e outras estão sujeitas ao ROF (Registro de Operações Financeiras) – conjunto de

telas e programas, em transação do SISBACEN (Sistema do Banco Central), destinados a

registrar operações financeiras entre o país e o exterior, possibilitando a vinculação dos

pagamentos das obrigações geradas por essas operações, agilizando o acompanhamento dos

correspondentes fluxos de capital pelo Banco Central e a construção de uma base de dados

consistente.

O acesso ao ROF é permitido àqueles que sejam credenciados junto ao Banco

Central para a respectiva transação ou junto ao SERPRO dependendo do tipo de operação a

ser realizada e deverá ser informado o seu número no SISCOMEX ou no Contrato de Câmbio,

conforme seja o caso. O ROF terá um prazo de validade que, no caso de não ser utilizado ele é

cancelado automaticamente (MALUF, 2000).

Para Maluf (2000, p. 211) “Parametrização é o procedimento após o registro da DI,

pagamento dos impostos devidos e entrega dos documentos exigidos pela SRF em que a

importação está sujeita a alguma das conferências representada pelos respectivos canais

citados”:

a) Canal Verde: a mercadoria é liberada automaticamente, independente de

qualquer conferência, seja ela física, documental ou de valor aduaneiro.

b) Canal Amarelo: a mercadoria, para ser liberada, está sujeita ao exame

documental.

c) Canal Vermelho: a mercadoria está sujeita à conferência física e documental.

d) Canal Cinza: a mercadoria está sujeita à valoração aduaneira, que é o processo de

verificação, de preço, onde a SRF exige uma série de documentos

comprobatórios, declarações e outros que achar conveniente. Entende-se por valor

aduaneiro, o valor de transação de mercadoria, em venda para exportação para o

país de importação, ajustado com as normas sobre o acordo de valoração

aduaneira entre os países membros da OMC – Organização Mundial do Comércio.

(MALUF, 2000)

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2.3.17 Câmbio na Importação

A legislação brasileira determina os prazos para pagamento das importações. Sendo

assim, é de extrema importância que os mesmos sejam checados para que seja realizada a

operação de importação, pois poderão ser negociados prazos que não são compatíveis com a

legislação e assim o importador não poderá usufruir dos mesmos.

O câmbio é uma operação financeira onde há troca de moeda estrangeira por moeda

nacional. Esta troca poderá implicar em aquisição de moeda estrangeira e/ou em venda de

moeda estrangeira. Neste caso, será concretizada através da assinatura de um Contrato que

tem de um lado o importador/comprador de moeda estrangeira e de outro o banco/vendedor

de moeda estrangeira, credenciado a desenvolver essas operações.

No caso da importação, o Contrato a ser assinado é o de “Venda”, pois o ponto de

vista do contrato é o ponto de vista do banco, ou seja, neste caso, o banco está vendendo a

moeda estrangeira, pois o importador está comprando as suas divisas do banco, para remetê-

las ao exterior efetuar o pagamento.

Segundo Maluf (2000, pag. 213)”A contratação do câmbio, também conhecida como

fechamento, é a primeira fase de uma operação cambial de importação, consistindo na

assinatura de um contrato junto a um banco autorizado, pelo Banco Central do Brasil, a operar

em câmbio”.

Nesta fase ocorrerá a compra, por parte do importador, da moeda estrangeira, objeto

da operação financeira e, conseqüentemente a venda, por parte do banco.

A assinatura do contrato junto a um banco, de escolha do importador, implica em

assumir o compromisso de adquirir junto a um banco as divisas ou o compromisso necessário

à remessa da operação de importação.

A operação cambial é financeira, razão pela qual caberá ao importador decidir sobre

o momento mais adequado e o banco com o qual será concretizada.

O Contrato de Câmbio de Venda representativo da operação de importação conterá

todos os dados relativos à operação, ou seja, basicamente o seguinte (MALUF, 2000):

a) vendedor da moeda estrangeira (banco);

b) comprador da moeda estrangeira (importador);

c) moeda;

d) taxa cambial;

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e) valor em moeda estrangeira;

f) valor em moeda nacional;

g) bonificação;

h) data limite para liquidação da operação;

i) forma de entrega da moeda estrangeira;

j) natureza da operação;

k) outras informações.

A legislação vigente oferece ao importador duas épocas bem definidas para a

contratação:

a) antes do despacho aduaneiro da mercadoria no país ou;

b) após o despacho aduaneiro da mercadoria no país.

2.3.18 Modalidade de Pagamento: Pagamento Antecipado

No caso de “Pagamento Antecipado”, as divisas serão remetidas pelo importador ao

exportador anteriormente ao embarque da mercadoria no exterior. Assim sendo, de posse da

Fatura Pro Forma enviada pelo exportador estrangeiro, o importador apresentará a mesma ao

banco e fechará o contrato de câmbio de importação na modalidade “pagamento antecipado”.

O BACEN regulamenta as regras para que seja realizada a operação acima, ou seja,

determina prazo para embarque no exterior e outros.

Ao se decidir por esta alternativa, o importador deverá conhecer algumas

particularidades dentre as quais se destacam:

Ao contratar o câmbio, define-se o importador e este não é passível de alteração.

A taxa cambial contratada não poderá ser alterada, bem como o valor em moeda

nacional a pagar mencionado no Contrato de Câmbio.

2.3.19 Contratação de Câmbio após o Despacho Aduaneiro

A contratação do câmbio, após o despacho aduaneiro da mercadoria no país, deve

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respeitar o prazo fixado pelo Banco Central d Brasil.

Esta situação aplica-se às importações realizadas a prazo, em que o importador

compromete-se a realizar o pagamento na data do vencimento da cambial.

2.3.20 Vinculação do Contrato de Câmbio

A vinculação do câmbio segue a regra geral, ou seja, se o fechamento do(s)

Contrato(s) de Câmbio foi(ram) realizado(s) antes do registro da DI, vincula-se o Contrato à

DI, se será feito posteriormente então a vinculação da DI deverá ser feita no(s) Contrato(s) de

Câmbio quando do seu fechamento.

2.3.21 Financiamento à Importação

Existem poucas linhas de financiamento à importação e as mesmas variam em

função do produto ser financiado, valor, país de procedência e prazo.

Buyer’s Credit: financiamento concedido diretamente ao comprador, no caso o

importador brasileiro, por um banqueiro, que efetuará o pagamento à vista ao exportador

estrangeiro.

Supplier’s Credit: financiamento concedido ao comprador, no caso o importador

brasileiro, pelo fornecedor, ou seja, pelo exportador estrangeiro que receberá o pagamento a

prazo.

Refinanciamento de Importação: operações destinadas a alongar o perfil da dívida

do importador, a ser realizada antes do vencimento, portanto, sem contratação de câmbio:

a) refinanciamento puro;

b) refinanciamento com assunção de dívida.

Refinanciamento com Assunção de Dívida: operação em que um importador

prorroga e transfere a um banco a responsabilidade do pagamento da dívida no exterior,

através da entrega dos R$ necessários ao fechamento do câmbio, recebendo em troca um

prêmio (Import Note).

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Garantias bancárias vinculadas à importação: Carta de Crédito (Comercial e

Financeira), Aval e Fiança Bancária.

2.3.22 Custos

No Brasil é permitido que pessoas físicas ou jurídicas residentes no país, comprem

de mercadorias provenientes de outros países , como por exemplo, matérias-primas, produtos

para revenda no mercado doméstico, máquinas e equipamentos para a indústria nacional.

Todavia, qualquer importação corresponderá a uma dívida, um compromisso, que o país

contrai no exterior.

Dois fatores são analisados: a especialidade do produto e a similaridade. Algumas

mercadorias são essenciais ao nosso desenvolvimento econômico, como, por exemplo,

máquinas e equipamentos, peças de reposição, que ainda não temos condições de fabricar e

também matérias-primas que não se encontram com facilidade no território nacional, como

cobre, estanho, níquel e outros metais não ferrosos, além de produtos químicos.

Essas importações são facilitadas, incidindo sobre elas um percentual menor de

imposto. Porém, em contrapartida, a entrada de mercadorias, cujo consumo não é essencial, é

dificultada através de uma incidência maior de impostos.

Segundo Maluf (2000, p.221), [...] “quanto mais essencial for o produto a ser

importado, no contexto da vida econômica do País, menor será o imposto”.

Quanto ao fator da proteção à indústria nacional, verifica-se o seguinte: se o produto

a ser importado tem similar nacional, com o objetivo de proteger a indústria e, por

conseguinte, o trabalhador e a mão-de-obra nacional, a alíquota do imposto seletivo será

majorada.

Maluf (2000) define que o contribuinte do imposto de importação é o:

a) importador ou quem a lei a ele equiparar;

b) arrematante de produtos apreendidos ou abandonados;

c) destinatário de RPI (Remessa Postal Internacional);

d) adquirente de mercadoria estrangeira em licitação;

e) viajante com bagagem tributada.

Responsáveis:

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a) transportador;

b) depositário.

Responsáveis solidários:

a) adquirentes ou cessionário de mercadoria com isenção ou redução;

b) representante de transportador estrangeiro.

Alíquota Ad Valorem: percentual aplicável sobre o valor aduaneiro da mercadoria.

Valor definido no Artigo VII do GATT.

Alíquota Específica: valor já previamente determinado, aplicável sobre a quantidade

da mercadoria. Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação

independente de qualquer atividade específica, relativa ao contribuinte (Art.16, CTN).

2.3.22.1 Imposto de Importação – II

O imposto incide sobre mercadorias estrangeiras, assim como sobre aquelas

definidas no artigo 84 do Regulamento Aduaneiro, aprovado pelo Decreto n.º 91.030/85,

tendo como fato gerador a entrada de qualquer uma dessas mercadorias no território

aduaneiro.

Apesar de serem mercadorias estrangeiras, o Regulamento Aduaneiro exclui da

incidência as seguintes situações:

a) mercadoria concretamente declarada que chegar ao país por erro manifesto ou

comprovado de expedição e que for redestinada ao exterior;

b) mercadoria em substituição a outra anteriormente importada que tenha se

revelado, após o despacho aduaneiro, defeituosa ou imprestável para o fim a que

se destinava;

c) mercadoria que tenha sido objeto de pena de perdimento;

d) mercadoria devolvida ao exterior antes do registro da Declaração de Importação.

Na visão de Maluf (2000, p. 222), [...] “ao Imposto de Importação não se aplica o

princípio da anterioridade. As alíquotas podem ser alteradas pelo Executivo a qualquer

momento. Existe imunidade constitucional para a importação de livro e papel destinado à sua

impressão”.

Para efeito de cálculo do imposto, considera-se ocorrido o fato gerador na data de

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registro da Declaração de Importação de mercadoria despachada para consumo, ou no dia do

lançamento respectivo (MALUF, 2000).

O Regulamento Aduaneiro determina que não constitui fato gerador do imposto,

dentre outros:

a) retorno de exportação temporária;

b) reimportação de mercadoria enviada ao exterior em consignação;

c) retorno de mercadoria exportada, por quaisquer motivos alheios à vontade do

exportador e;

d) pesca do capturado fora das águas territoriais do país.

A base de cálculo do imposto e:

a) quando a alíquota for específica, a quantidade de mercadoria expressa na unidade

de medida indicada na Tarifa Externa Comum (TEC);

b) quando a alíquota for Ad Valorem, o valor aduaneiro definido ao Artigo VII do

GATT.

Para a apuração do valor aduaneiro, o importador deverá utilizar o método

correspondente segundo as disposições de Acordo de Valoração Aduaneira.

A taxa de câmbio para conversão dos valores expressos em moeda estrangeira será

fornecida pela SRF.

As isenções ou reduções do Imposto de Importação são concedidas através de Lei ou

de Ato Constitucional. As alíquotas do Imposto de Importação encontram-se especificadas na

TEC, que se apóia na codificação da NCM.(MALUF, 2000).

2.3.22.2 Reduções e Isenções do Imposto de Importação

A função principal do Imposto de Importação está relacionada ao controle e ao

desenvolvimento econômico do país, além de ter finalidade fiscal, não obstante a vultuosa

arrecadação que proporciona aos cofres públicos. Na área fiscal, os produtos importados estão

sujeitos ao recolhimento integral de tributos. Entretanto, existe um rol de situações que

permite a concessão de isenção e redução de impostos.

Interpreta-se literalmente a legislação que disponha sobre isenção ou redução.

Referidos favores fiscais somente serão reconhecidos quando decorrentes de lei ou de ato

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internacional. Se decorrerem de acordo do país beneficiário (onde houver sido produzida ou,

no caso de mercadoria resultante de mão-de-obra de mais de um país, aquele que houver

recebido transformação substancial – consultar o acordo aplicável, pois o mesmo poderá

definir um percentual). (MALUF, 2000).

Essas isenções ou reduções podem ser concedidas em função:

a) da natureza da mercadoria importada (determinadas mercadorias para suprir o

mercado interno). Quando necessário, atribui-se quota de importação, com

obrigatoriedade de compra de determinado percentual da mercadoria similar

produzida n país, cabendo ao DECEX estabelecer normas e processamento

executivo e de controle;

b) de natureza do importador (importações feitas pelo Poder Público);

c) de projetos aprovados por órgãos competentes do Governo Federal, para a

implantação de indústrias em reuniões de desenvolvimento, consideradas

prioritárias são concedidas reduções do Imposto de Importação, por decisão de

órgãos de desenvolvimento regional, tais como SUDAM, SUDENE, SUDEP;

d) da política de estímulos às exportações (Drawback);

e) de Acordos Internacionais, por força de negociações internacionais, no âmbito da

associação Latino-Americana de Integração (ALADI) e do Acordo Geral de

Tarifas e comércio (GATI), pela aplicação de Notas da Tarifa Aduaneira do Brasil

e de outros dispositivos legais e Acordos Internacionais;

f) “ex-tarifários” (reduções tarifárias).

A concessão dos benefícios depende de ato específico.

Salvo exceções, a inserção ou redução do imposto não beneficiará mercadoria com

similar nacional, considerando similar nacional:

a) produto nacional em condições de substituí-lo em:

b) qualidade;

c) preço e;

d) prazo de entrega equivalente.

Sendo obrigatório:

a) transporte em navio de bandeira brasileira ou apresentação do waiver – liberação

de carga.

A isenção ou redução será reconhecida, em cada caso, por despacho da autoridade

fiscal, em requerimento com o qual o interessado faça prova do preenchimento das condições

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e do cumprimento dos requisitos previstos.

2.3.22.3 Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI)

O imposto incide sobre produtos industrializados, e tem como fato gerador, entre

outras hipóteses, o desembaraço aduaneiro daqueles produtos de procedência estrangeira.

Salvo disposição especial do regulamento (Ripi), o imposto será calculado mediante

a aplicação da alíquota do produto, constante da Tabela de Incidência do Imposto sobre

Produtos Industrializados (Tipi), sobre o valor que servir ou que serviria de base para cálculo

do tributo aduaneiro, por ocasião do despacho de importação, acrescido do montante desse

tributo e dos encargos cambiais efetivamente pagos pelo importador ou dele exigido.

(MALUF, 2000).

O IPI não incide na hipótese de extravio de mercadorias importadas ocorrido antes

do respectivo desembaraço aduaneiro por não configurar fato gerador desse tributo.

Alguns produtos, como bebidas, sorvetes e cigarros, são tributados mediante a

aplicação de alíquotas específicas, fixadas em Reais (R$) em função da quantidade

comercializada.

Normalmente é assegurada a isenção ou redução do IPI quando ocorrer o mesmo

regime de tributação utilizado para o Imposto de Importação, desde que sejam satisfeitos os

requisitos e condições exigidas para a concessão do correspondente benefício, ou na hipótese

de tributação especial de bagagem ou de tributação simplificada de remessas postais e

encomendas aéreas internacionais (MALUF, 2000).

Aplicam-se ao pagamento do IPI os mesmos procedimentos estabelecidos para o

débito em conta do Imposto de Importação apurados por ocasião do registro da DI.

2.3.22.4 Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias (ICMS)

A Constituição Federal do Brasil, promulgada em 05 de outubro de 1988, criou o

Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestação de

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Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação – ICMS, cuja

competência tributária cabe aos Estados e ao Distrito Federal, observados os princípios legais

orientadores do tributo, atualmente consubstanciados em Lei Complementar.

No entendimento de Bizzelli (2002, p.126), “o referido tributo incide, nas operações

de importação, sobre a entrada de mercadoria importada do exterior, ainda que se trate de bem

destinado a consumo ou a ativo do estabelecimento, e tem como fato gerador o desembaraço

aduaneiro, pelo importador (pessoa física ou jurídica), da respectiva mercadoria ou bem”.

Com a publicação da Lei Complementar nº. 87, de 13/09/96, foi definido de forma

específica no artigo 13, inciso V, que a base de cálculo do imposto corresponde à soma das

seguintes parcelas: o valor da mercadoria ou bem constantes do documento de importação,

Impostos de Importação, IPI, Importo sobre Operações de Câmbio (IOF) e quaisquer despesas

aduaneiras. Ressalta-se que o IOF, desde 1988, não onera a operação de importação em

decorrência de isenção tributária (BIZZELLI, 2002).

No § 1º do mesmo artigo, que trata de maneira genérica esse conceito, ficou

determinado que integra a base de cálculo do imposto o montante do próprio, constituindo o

respectivo destaque mera indicação para fins de controle.

Com base no mesmo artigo, as Unidades da Federação interpretam de forma

diferente a constituição da base de cálculo do ICMS na importação, provocando assim

situações distintas, pois uns determinavam que a base seria obtida pela somatória dos

elementos discriminados no referido inciso V (cálculo “por fora”), em a inclusão do ICMS, e

outros estabeleceram que o cálculo deveria ser “por dentro”, somando, além daquelas parcelas

o próprio ICMS.

Para Bizzelli (2002), o correto é a obtenção da base de cálculo do imposto mediante

a soma das seguintes parcelas:

a) o valor da mercadoria ou bem constantes do documento de importação;

b) Imposto de Importação;

c) IPI;

d) quaisquer despesas aduaneiras e;

e) o próprio ICMS.

A importação tem seu valor expresso em moeda estrangeira e será convertida em

moeda nacional pela mesma taxa de câmbio utilizada no cálculo do Imposto de Importação,

sem qualquer acréscimo ou devolução posterior se houver variação da taxa de câmbio até o

pagamento do efetivo preço. O valor fixado pela autoridade aduaneira para base de cálculo do

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Imposto de Importação substituirá o preço declarado. (BIZZELLI, 2002).

Tendo passado a tributo seletivo, as alíquotas do ICMS são fixadas de acordo com o

grau de essencialidade das mercadorias. Atualmente, existem níveis básicos de alíquotas para

a incidência do tributo; 12% (doze por cento), 25% (vinte e cinco por cento), incidentes sobre

um grupo restrito de mercadorias, e 17% (dezessete por cento) ou 18% (dezoito por cento),

estas duas últimas incidentes sobre a maioria das mercadorias, conforme o Estado do

importador.

Considerando a definição da base de cálculo e a alíquota básica de 18%, temos que a

soma das parcelas menos o ICMS representa apenas 82% da própria base de cálculo;

utilizando uma regra de três simples, conforme Bizzelli (2002), obtêm-se o seu valor total:

Soma................................................................. 82%

Base de Cálculo................................................ 100%

Base de Cálculo = Soma. 100/82 = Soma/0,82.

Com o objetivo e incentivar diversas operações, são ainda autorizadas por Convênio

entre os Estados, a aplicação das alíquotas correspondentes sobre base de cálculo reduzida,

mediante redução percentual direta ou redução com carga tributária equivalente; neste último

caso podemos entender que o percentual da carga tributária equivalente substituirá a alíquota

no cálculo do imposto.

As isenções ou quaisquer outros incentivos ou benefícios fiscais serão concedidos ou

revogados nos termos das deliberações dos Estados e do Distrito Federal, mediante

Convênio.(BIZZELLI, 2002)

2.3.22.5 Capatazia

A tarifa de Capatazia é devida pela movimentação e manuseio das mercadorias

importadas nos Terminais de Carga. No caso da capatazia portuária é considerada como sendo

a movimentação de mercadorias por pessoal da administração do porto, na forma definida por

lei. A capatazia aeroportuária, é a movimentação e manuseio das mercadorias importadas nos

Terminais de Carga Aérea – TECA (MALUF, 2000).

Salvo as isenções previstas em lei, nenhuma pessoa física ou jurídica, de direito

público ou privado, poderá eximir-se do pagamento da tarifa devida.

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A sua quantificação é feita em função do peso bruto por embalagem ou por unidade,

quando desembalada e pela natureza da mercadoria. A tarifa é devida a partir do dia do

recebimento das mercadorias importadas.

2.3.22.6 Armazenagem

A tarifa de armazenagem é devida pela guarda e controle das mercadorias importadas

nos armazéns de carga. No caso d armazenagem portuária é considerada como taxa paga por

mercadorias depositadas nos armazéns, pátios, pontos ou depósitos pertencentes às

administrações dos portos organizados independentemente da procedência dessas

mercadorias. A armazenagem aeroportuária é devida pela guarda e controle das mercadorias

importadas nos armazéns de carga dos aeroportos (Terminal de Carga Aérea – TECA).

Conforme Maluf (2000, p.223) “A sua quantificação será feita em função do valor da

mercadoria CIF/CIP, da natureza da mercadoria e do tempo de armazenagem”.

2.3.22.7 ATA – Adicional de Tarifas Aeroportuárias

Adicional cobrado pela Infraero, que incide sobre o total tanto da capatazia quanto da

armazenagem (MALUF, 2000).

2.3.22.8 Adicional ao Frete para Renovação da Marinha Mercante (AFRMM)

Segundo Bizzelli (2002, p. 145), “O AFRMM se constitui em um dos recursos do

Fundo da Marinha Mercante, destinado a prover a renovação, ampliação e recuperação da

frota mercante nacional, objetivando o atendimento das reais necessidades do transporte

hidroviário”.

De acordo com o Decreto-Lei nº. 2.404, de 23/12/87, alterado pela Lei nº. 8.032, de

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12/04/90, o AFRMM, no que concerne à importação, é um adicional calculado sobre o frete, à

razão de 25% (vinte e cinco por cento), pelo transporte de qualquer carga na entrada em porto

nacional de descarga, na navegação de longo curso, ressalvadas as isenções previstas em lei.

Além das isenções, a lei nº. 9.432/97, art. 17, determina a não-incidência ao

AFRMM sobre as mercadorias cuja origem ou destino final seja porto localizado na Região

Norte ou Nordeste do País; a Lei nº. 9.808/99, art. 4º, concede isenção, até 31 de dezembro de

2010, aos empreendimentos que se implantarem, modernizarem, ampliarem ou diversificarem

no Nordeste e na Amazônia e que sejam considerados de interesse para o desenvolvimento

destas regiões, segundo avaliações técnicas específicas das respectivas Superintendências de

Desenvolvimento.(BIZZELLI, 2002)

Considera-se como frete, para fins de cálculo do adicional, a remunerações do

transporte mercante porto a porto, incluídas as despesas portuárias com a manipulação de

carga constantes do Conhecimento de Embarque, anteriores e posteriores a esse transporte,

bem como outra despesa de qualquer natureza que constituam parcelas adicionais acessórias.

O Ministério dos Transportes está implantando, porto a porto, o MERCANTE –

Sistema Eletrônico de Controle da Arrecadação do Adicional ao Frete para Renovação da

Marinha Mercante, os critérios e a disciplina dos procedimentos para a sua utilização, deverão

ser observados pelo responsável pelo transporte aquaviário, assim entendido o emissor do

Conhecimento de Embarque – CE, seu agente, preposto ou representante legal e pelo

consignatário da mercadoria ou seu representante legal, responsável pelo pagamento do

AFRMM ou pela comprovação da sua suspensão, isenção ou não-incidência (BIZZELLI,

2002).

Pelo sistema, quando o frete estiver expresso em meda estrangeira, a conversão para

o padrão monetário nacional será feita com base na tabela “taxa de conversão de câmbio”, do

Sisbacen, também utilizada pelo Siscomex, vigente:

a) na data do pagamento ou do registro da sua suspensão, isenção ou não-incidência,

no MERCANTE, efetuado até 30 (trinta) dias consecutivos contados a partir da

data do início efetivo da operação de descarregamento da embarcação;

b) na data de vencimento, ou seja, 30 (trinta) dias a contar da data de início efetivo

da operação de descarregamento, quando o pagamento, devidamente acrescido de

multa e de juro de mora, ou do registro da sua suspensão, isenção ou não-

incidência, no MERCANTE, for efetuado após o prazo do item anterior; ou

c) na data de pagamento, efetuado até o término do período de suspensão, cumpridos

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os quesitos condicionantes da concessão.

O consignatário da mercadoria ou o seu representante legal deverá efetuar o

pagamento, acrescido das taxas de utilização do MERCANTE, eletronicamente, por meio de

débito autorizado em conta corrente junto a um dos Bancos integrantes do convênio

formalizado com o Ministério dos Transportes, utilizando o código CE – MERC ANTE,

disponibilizado pelo responsável pelo transporte aquaviário, antes da liberação da mercadoria

pelo SRF.

As Unidades Locais da SRF não liberarão mercadorias de qualquer natureza, sem a

confirmação do pagamento do AFRMM, de sua suspensão, isenção ou não-incidência,

disponibilizada pelo Ministério dos Transportes. Para obtenção da confirmação do

pagamento, de sua suspensão, isenção ou não-incidência, o consignatário da mercadoria, ou

seu representante legal, deverá disponibilizar no MERCANTE o Número de Identificação da

Carga – NIC, da SRF.

Por último, acresce dizer que o AFRMM, onde ainda não foi implantado o

MERCANTE, será recolhido pelo consignatário da mercadoria transportada, ou por seu

representante legal, ambos devidamente identificados pelo número de inscrição no CNPJ ou

no CPF, em agência do banco recolhedor, ficando a liberação do conhecimento de embarque

condicionado à apresentação do documento de arrecadação autenticado, ou ao reconheci

mento de sua desoneração (BIZZELLI, 2002).

2.3.22.9 Despachante

Para Maluf (2000, p. 223) “É a despesa relativa aos serviços prestados na confecção

dos documentos: Licença de Importação (LI), Declaração de Importação (DI), pagamento de

fretes, acompanhamento da chegada da carga, despacho aduaneiro e outros.”

Ainda temos as taxas relativas ao conhecimento de embarque são normalmente:

a) desconsolidação da mercadoria no destino, se consolidada;

b) taxa de entrega: taxa paga para a liberação dos documentos originais;

c) taxa de coleta: cobrada pelo agente para coletar a mercadoria no local indicado

pelo embarcador.

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2.3.22.10 Despesas Bancárias

As despesas bancárias que poderão incidir na importação segundo Maluf (2000) são:

a) taxa para abertura de Carta de Crédito;

b) taxa de despesa de emissão de Contrato de Câmbio;

c) taxa para registro de cobrança;

d) taxa de utilização da retransmissão do crédito, seja através de telex, swift ou outra

transmissão;

e) outras que se fizerem necessárias.

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3 ASPECTOS METODOLÓGICOS

Para o desenvolvimento deste trabalho, busca-se aqui apresentar os procedimentos

metodológicos. Conforme afirma Lakatos e Marconi (1995, p 111) “metodologia é um

conjunto de métodos ou caminhos que são percorridos na busca do conhecimento”.

Este trabalho se apresenta como um estudo de caso e descritivo, pois promove o

estudo de fenômenos em profundidade dentro do contexto e da realidade, sendo feita através

de estudo realizado em um determinado espaço e tempo. (LAKATOS E MARCONI, 1999).

Para Gil (1999, p. 72), “O estudo de caso é caracterizado pelo estudo profundo e

exaustivo de um ou de poucos objetos, de maneira a permitir o seu conhecimento amplo e

detalhado”.

Os métodos de coleta de dados e informações serão a observação e a entrevista semi-

estruturada. A observação consiste na coleta de dados e informações através da verificação de

documentos, examinando fatos ou fenômenos no espaço em que se deseja estudar e obter

informações. Já a entrevista pode ser definida como o encontro entre duas pessoas

objetivando a obtenção de informações do entrevistado a respeito de determinado assunto,

isso se faz através de diálogo profissional entre os envolvidos. (LAKATOS E MARCONI,

1999).

Para serem alcançados os objetivos propostos nesta pesquisa e obter legitimidade e

coerência frente ao estudo proposto, foram aplicadas entrevistas semi-estruturadas, para coleta

de dados e entendimento de processos do estaleiro Schaefer Yachts, com o gerente do

departamento de Suprimentos, Wladmyr Geraldo Mauler, obtiveram-se dados sobre o

processo de compra da Schaefer, como é e funciona o setor de compras.

Sobre dados da empresa, estrutura física e organizacional do estaleiro, coletou-se

com a Gerente de Recursos Humanos, Letícia Polli dos Anjos, juntamente com o Sr. Pedro

Odílio Phelippe, Diretor Administrativo, informações relacionadas a mercado e produção.

Para um melhor entendimento da Panda – Formula Import, de todo o processo de

importação e fornecimento dos produtos Mermaid Manufacturing para a Schaefer, foram

coletados dados com a Operadora de Importação da Panda – Formula Import, e contato na

relação Panda/Schaefer, Maika Driesnack.

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