teatro medieval jesuita

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Teatro Medieval séculos V e XV

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Breve descrição do teatro medieval e teatro dos Jesuítas no Brasil

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Page 1: Teatro medieval jesuita

Teatro Medievalséculos V e XV

Page 2: Teatro medieval jesuita

Introdução

• A Idade Média foi um período entre os séculos V e XV da nossa era. • Também conhecido como a “Idade das Trevas”, por causa da

estagnação cultural da sociedade. • A Igreja monopolizava toda e qualquer manifestação de

pensamento, como por exemplo, a literatura; a filosofia; a ciência e as artes.

• O teatro era utilizado como instrumento da Igreja para arrebanhar fiéis e para catequizar o povo.

• As peças eram de cunho religioso ou profano. • Satirizavam o catequético, o Cristianismo, ou eram instrumento de

propaganda destes, mas sempre sobre o mesmo tema: a religiosidade.

Page 3: Teatro medieval jesuita

Introdução

• Foi subdividido em três fases: • Alta Idade Média; • Plena Idade Média;• Baixa Idade Média.

Page 4: Teatro medieval jesuita

Introdução

• As primeiras manifestações teatrais ocorreram na Plena Idade Média, seguidas de um grande florescimento na Baixa Idade Média.

• No ápice do sistema de dominação encontra-se a Igreja Católica. • Para manter o “statu quo” ela descobre o teatro como fator capaz de

disseminar sua ideologia de obediência e submissão aos valores estatuídos.

• Por esse motivo, o teatro é popular, dirige-se a todas as camadas do povo (e não à classe dominante), transformando-se no lugar privilegiado do desejo de ensinar inerente à arte medieval, presente no teatro religioso, no cômico e até na poesia narrativa.

• Mas, quando o clero não pode mais controlar as energias sociais que se lhe contrapõem e que se intrometem na representação teatral, ele proíbe então a representação dos mistérios (séc. XVI).

Page 5: Teatro medieval jesuita

Introdução

• Inicialmente as peças eram encenadas dentro da própria Igreja, tendo, como uma espécie de ator, o padre.

• A vida cotidiana é impregnada pela piedade e pelo temor a Deus, bem como pela imposição das regras e convenções de uma sociedade altamente normatizada.

• O teatro medieval deriva do rito religioso (a missa cristã), do mesmo modo como, na Antiguidade, a tragédia grega.

• Ele se formou aos poucos, e surge da liturgia, isto é, da dramatização do texto da Bíblia lido durante o ofício divino.

Page 6: Teatro medieval jesuita

Introdução

• O ponto de partida é o canto antifonado (canto narrativo de salmos), estabelecido pelo Papa Gregório (século VI), alternando solista e coro, e difundido pelos beneditinos.

• No século IX, surgem os diálogos que dramatizam o encontro das Santas Mulheres com o anjo, na sepultura de Jesus. Eram executados sobretudo no ofício da Ressurreição (Páscoa) e no dos Pastores (Natal). Esta cena inicial vai sendo ampliada e enriquecida, ocupando mais tempo que a fundamental.

• Esses esboços de representação dão origem a um drama litúrgico, que permanece ligado ao ritual da missa, cantado em latim e mantido a cargo do sacerdote. Essas representações tendem a ser faladas nas línguas locais, na medida em que vai crescendo a necessidade de entendimento e de participação das populações.

Page 7: Teatro medieval jesuita

Introdução

• Com a adoção dos idiomas locais aumenta o entusiasmo coletivo em relação às representações. O público é cada vez maior. Uma série de episódios paralelos à narração bíblica começam a ser inseridos.

• O elemento cômico-burlesco passa a integrar as representações, que tendem a se deslocar do interior para os pátios das igrejas, libertando-se da liturgia. Os atores deixam de ser os sacerdotes.

• No período não se construiu edifício teatral próprio. • Ao final da Idade Média, surgem grandes espetáculos de Mistérios,

Milagres, Farsas e Moralidades• As apresentações ocorrem nas praças. Algumas apresentações

ocorrem nos palácios. Na rua, o teatro é assistido, muitas vezes, por milhares de pessoas.

Page 8: Teatro medieval jesuita

Introdução

• Os atores, na sua maioria, não são profissionais. São estudantes ou clérigos e fazem parte de determinadas associações chamadas confrarias, que se responsabilizam pela representação.

• Os únicos atores profissionais da idade Média eram os saltimbancos, que realizavam, desde sempre, suas exibições, a maior parte das vezes, individuais, nas feiras e nas praças.

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Evolução do Teatro medieval

• 1- O ritual da missa é enriquecido por reflexões sobre o texto bíblico, comentários lírico-épicos e responsórios.

• 2- Aos poucos deste coro se destacam os personagens que vão ilustrar o texto do Evangelho, numa transição da atitude narrativa para a teatral.

• 3- Quando estes “quadros” se acentuam, e o drama litúrgico não é mais apresentado por clérigos, na igreja ou no claustro, e sim por cidadãos da cidade, a “peça” sai da igreja e deixa de ser um prolongamento do ofício religioso.

• O espetáculo torna-se semi-litúrgico e vai para o adro ou pórtico da igreja.

• Ao separar-se da liturgia conquista as línguas nacionais, abandonando o latim.

Page 10: Teatro medieval jesuita

Evolução do Teatro medieval

• 4- Mais tarde, a ação já não se limita mais as cenas de Páscoa e do Natal, mas apresenta-se a vida de Jesus, com numerosas “estações”.

• Os temas das Escrituras vão sendo alargados e enriquecidos, sempre com muito realismo.

• O que leva ao cômico e ao profano. • No entanto, esta hipótese é contestada pelos que defendem a

autonomia do teatro cômico/profano. • Para estes, ele surge independentemente da Igreja, graças ao

desenvolvimento da burguesia e à incorporação de artistas populares tradicionais e, em seu apogeu, vai influenciar o teatro litúrgico/religioso, intrometendo-se nele.

• 5- Na fase final a encenação é feita nas praças e com cenários complexos.

Page 11: Teatro medieval jesuita

Características Gerais

• O teatro medieval é eminentemente épico: deseja narrar tudo, desde a Criação do Mundo até o Juízo Final.

• Nesse momento houve uma ruptura, ou melhor, ignorância total das regras teatrais da Antiguidade, quebram-se unidades de lugar, tempo e ação criadas no Teatro Grego.

• O teatro adquire a característica cristã da dicotomia: elevado e popular; excelso e rude; sublime e humilde; passado, presente e futuro;

• em categorias ético-teológicas e não estético-estilísticas. Por isso, a conexão entre os eventos só pode ser compreendida pela ligação vertical com a Providência divina. Daí a importância da interpretação figural.

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Características Gerais

• Para difundir as verdades da fé, o objeto da mais alta importância e sublimidade deve-se converter num acontecimento da realidade mais simples e quotidiana.

• Outra característica do teatro medieval é o fato de ele se basear na oposição litúrgica X profano, e não na do trágico X cômico.

• Isto porque as duas últimas categorias estão presentes na dramatização religiosa: o trágico repousa na visão do homem decaído e o cômico se intromete a partir do próprio realismo.

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Contribuições para o Teatro Ocidental

• Técnicas de encenações desenvolvidas pelos atores;

• Técnicas de cenário, iluminação e sonoplastia;• Riqueza de figurino e maquiagem;• Autos (ex.: de Natal, de Páscoa),

representados até os dias de hoje.

Page 14: Teatro medieval jesuita

Tipos TeatraisMistérios

• Reconstituía passagens da Bíblia. • Não se trata de um dogma no qual a Igreja se apóia, mas de

histórias de Natal, Assunção, Ressurreição, etc. • No Mistério entrava tudo: o bom e o falso, o sério e o burlesco,

o verídico e o lendário. • Tinha como finalidade edificar a alma, mas também distrair o

público, não havendo respeito à verossimilhança. • Os papéis femininos eram representados por homens. • Sua apresentação, em seu apogeu, comovia uma cidade inteira,

que pagava para assistir vários ciclos de apresentações que duravam até quarenta dias para dar continuidade a uma história.

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Mistérios

Estrutura do Espetáculo:• Prólogo: explicação do que iria ocorrer;• A peça em si: em versos (346 a 61.908 versos);

Não era dividida em atos e cenas, mas em jornadas, que podiam durar um dia inteiro, com pausa apenas para as refeições.

• Epílogo ou Prólogo final: que resumia os acontecimentos e convidava os espectadores a voltarem.

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Milagres

• É uma peça de duração bem mais curta que o mistério. • Baseado na vida dos santos. • É a encenação de uma intervenção de um santo ou da Virgem Maria. • Produz-se geralmente em favor de uma personagem repugnante –

sogra que matou o genro; religiosas que abandonam o convento, etc. A intenção é mostrar que não há crime, por maior que seja, que não possa ser redimido pela fé.

• O Milagre era estritamente ligado à religião, mas tratado livremente, comportando sempre um sermão encaixado no curso da ação.

• Era escrito em versos, variando seu comprimento de 1.000 a 3.000 versos. Aproximadamente quarenta milagres chegaram aos nossos dias. Desapareceu no decorrer do século XVI, sendo conservado apenas na Espanha.

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Moralidades

• É um gênero ora grave ora alegre, que era representado mediante alegorias.

• Provam uma verdade de ordem moral, fazendo dialogar personagens alegóricos.

• Tinha intenção didática: ensinar algo. Quando seu objetivo era religioso distinguiam-se dos mistérios porque moralizavam em vez de contar.

Page 18: Teatro medieval jesuita

Autos

• Auto é uma peça de teatro curta comumente em um ato (auto).

• O assunto pode ser religioso ou profano, sério ou cômico.

• Os autos tinham a finalidade de divertir, de moralizar ou difundir a fé cristã.

• Teve sua origem na península Ibérica (Espanha/Portugal) e foi muito utilizado na Idade Média.

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Teatro dos Jesuítas

BrasilSéculo XVI

Page 20: Teatro medieval jesuita

Introdução

• Após o descobrimento em 1500, as manifestações teatrais no Brasil acontecem sob a orientação dos Jesuítas.

• Após 50 anos do descobrimento, chegam ao Brasil um grupo de missionários sacerdotes com o objetivo de estabelecer a fé cristã e catequizar os indígenas.

• A comitiva era composta de quatro sacerdotes, dentre eles o padre Manoel da Nóbrega, e alguns jovens que ainda não haviam sido ordenados. Apenas alguns anos mais tarde chega o responsável pela linguagem teatral no Brasil - padre José de Anchieta, que tinha então apenas 19 anos.

Page 21: Teatro medieval jesuita

Introdução

• Enquanto a população portuguesa no Brasil, composta, em sua maioria, por aventureiros e criminosos, ocupava-se da construção de fortificações e da ocupação da costa;

• Os jesuítas se preocupavam em estabelecer contatos e catequizar os indígenas.

• Nesse trabalho, enfrentavam não só a desconfiança dos indígenas como também dos próprios portugueses, que já haviam se habituado a uma vida desregrada, distante dos preceitos religiosos.

• Os missionários agrupavam os índios, formando aldeias onde podiam exercer a catequese com maior eficácia, ao mesmo tempo em que tentavam manter os nativos a salvo da avidez dos seus compatriotas.

Page 22: Teatro medieval jesuita

Motivos

• Uma das formas utilizadas pelo jesuítas para a implantação da fé nos grupos indígenas é pela linguagem teatral;

• Existem teorias que explicam o uso do teatro como forma catequética:

1- Portugal ainda possuía uma estrutura social medieval, portanto o teatro português ainda mantinha a forma da Idade Média, isto é, o teatro ainda era religioso, enquanto outros países da Europa como Inglaterra e Itália já estavam em uma linguagem trágica e burlesca (Shakespeare e Commedia Dell’arte );

2- A expressão corporal, contida na linguagem teatral, facilitava a comunicação entre os portugueses e indígenas;

Page 23: Teatro medieval jesuita

Motivos

3- Os missionários portugueses, como o Padre José de Anchieta, tinham grande apreciação por essa linguagem, tanto que, aprimorou seus ensinamentos com elementos ritualísticos contidos nas religiões indígenas: as máscaras, pinturas e elementos do cotidiano dos índios.

• Todos elementos juntou-se aos apólogos educativos, sermões, que resultava em espetáculos quase sempre litúrgicos, de cunho eminentemente apostolar, nos quais se juntavam anjos e flores nativas, santos e bichos, demônios e guerreiros, além de figuras alegóricas, como o Temor a Deus e o Amor de Deus.

Page 24: Teatro medieval jesuita

Características

• Os jesuítas recebiam, em sua ordem, ensinamentos de técnicas teatrais, que consideravam mais eficazes e fascinantes para a educação religiosa.

• A mistura do religioso com o dramático já havia sido feita na China, Índia, México e outras terras. Porém, nesses locais, ao contrário daqui, já havia uma produção teatral.

• A Companhia de Jesus impunha aos seus missionários o aprendizado da língua da terra onde estivessem em missão.

• Assim, em pouco tempo os jesuítas aprendiam as línguas indígenas e ensinavam aos índios o português e o espanhol.

Page 25: Teatro medieval jesuita

Características

• A partir de 1557 começa a haver uma incessante atividade teatral, praticada não só pelos jesuítas e indígenas como também pelos próprios colonos, seduzidos pelas mensagens moralistas e pela beleza dos eventos, que eram realizados em datas festivas e ocasiões especiais.

• Inicialmente, encenavam-se autos e peças religiosas trazidas de Portugal, porém logo deu-se início a uma produção dramatúrgica local.

• Movidos mais pelo espírito missionário do que pelo desejo de reconhecimento artístico, boa parte dessas obras não era assinada, e pouco cuidado se dedicava à sua conservação.

Page 26: Teatro medieval jesuita

Características• Alguns manuscritos, atribuídos ao padre José de Anchieta, e

duas cartas do padre Fernão Cardim, datadas de 1590, são os poucos registros dramáticos que se tem dessa época.

• Nessas cartas há descrições detalhadas de inúmeras apresentações teatrais na Bahia, Pernambuco, Espírito Santo, Rio de Janeiro e outros locais, tendo como platéias não só os indígenas e os colonos como também as famílias que aqui iam se constituindo e as autoridades políticas e religiosas.

• Esses relatos são recheados de descrições das encenações extremamente sofisticadas para a época e condições em que aconteciam, envolvendo grande número de participantes, cenários, instrumentos musicais, fogos de artifício, sempre causando comoção seja dos indígenas, seja dos colonos que se surpreendiam pelas narrativa s encenadas ou pelos efeitos produzidos pelos elementos teatrais.

Page 27: Teatro medieval jesuita

Características• O pesquisador Mario Cacciaglia em sua "Pequena História do Teatro Brasileiro"

faz uma rica descrição do que teria sido a primeira apresentação (1583), que ele adjetiva como espetacular, como segue:

• "...depois da missa, com acompanhamento de um coro de índios, com flautas e, da capela da Catedral, com órgãos e cravos, teve início uma procissão de estudantes precedida pelos vereadores e pelos sobrinhos ou netos do governador; os estudantes carregavam três cabeças de virgens cobertas por um pálio e puxavam sobre rodas uma esplêndida nau sobre a qual eram levadas em triunfo as virgens mártires (estudantes travestidos), enquanto da própria nau eram feitos disparos de arcabuz. De vez em quando, durante o percurso, falavam das janelas personagens alegóricas, em esplêndidos costumes: a cidade, o próprio colégio e alguns anjos. À noite foi celebrado na nau o martírio das virgens, com o aparato cênico de uma nuvem que descia do céu e dos anjos que chegavam para sepultar as mártires."

Page 28: Teatro medieval jesuita

Características

• Dentre os textos cuja autoria é atribuída ao padre José de Anchieta, figuram diversos autos, como o "Auto da Pregação Universal", representado diversas vezes, o "Auto da Crisma", o "Auto das Onze Mil Virgens", e aquele que é tido como sua obra-prima: "Na festa de São Lourenço", composto por cerca de 1.500 versos em tupi (a maior parte), espanhol, português e guarani.

• Paralelamente a esse teatro com finalidades de catequese e de doutrinação, os jesuítas mantinham também uma atividade teatral em latim, praticada pelos estudantes dos colégios da Companhia de Jesus.

Page 29: Teatro medieval jesuita

Características

• O Teatro Jesuítico brasileiro teve uma grande aceitação por parte do então, em formação, “povo brasileiro”;

• Porém esse teatro não perdurou por muito tempo e as encenações logo foram proibidas por autoridades católicas por acharem que sos missionários estavam envolvidos demais.

• O teatro no Brasil só volta a ter um desenvolvimento relevante no século XIX com o período romântico.