tecnologia em manutenção de aeronavesifspsaocarlos.edu.br/portal/arquivos/publicacoes/2016/... ·...
TRANSCRIPT
São Carlos
16/12/2014
Tecnologia em Manutenção de Aeronaves
ESTRATÉGIAS DE LEITURA UTILIZADAS POR
RESTAURADORES AERONÁUTICOS BRASILEIROS PARA
COMPREENSÃO DA LÍNGUA INGLESA
Natalia Cristina de Mendonça Spera
2
Tecnologia em Manutenção de Aeronaves
Natalia Cristina de Mendonça Spera
ESTRATÉGIAS DE LEITURA UTILIZADAS POR
RESTAURADORES AERONÁUTICOS BRASILEIROS PARA COMPREENSÃO DA LÍNGUA INGLESA
São Carlos - SP 2014
3
Natalia Cristina de Mendonça Spera
Estratégias de leitura utilizadas por restauradores aeronáuticos brasileiros para compreensão da língua inglesa
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo, campus São Carlos, visando à obtenção do grau de Tecnólogo em Manutenção de Aeronaves.
Orientadora: Profª. Dra. Daniela Terenzi
São Carlos - SP 2014
4
5
Dedico este trabalho à Deus, meu tudo.
A minha família, namorado, amigos
e a todos que contribuíram direta
ou indiretamente na minha formação.
6
AGRADECIMENTOS
Agradeço, primeiramente, à Deus,
minha inspiração, tudo que tenho e tudo que sou.
A minha família, os meus melhores amigos e
meu porto seguro, pelos conselhos e todo o apoio.
Ao Gustavo, pelo incentivo e compreensão,
com toda a paciência e companheirismo.
A minha orientadora Profª. Dra. Daniela Terenzi,
por toda instrução e encorajamento,
pelo seu papel fundamental no desenvolvimento deste trabalho.
Aos meus amigos, por todo o suporte,
toda a disponibilidade para ajuda e
pelos momentos de descontração.
7
RESUMO É evidente a necessidade do domínio de outras línguas quando se trata do ramo
aeronáutico, pois grande parte dos fabricantes e empresas que prestam serviços como
manutenção, desenvolvimento de projetos ou mesmo as linhas aéreas, estão presentes
em todo o mundo. Porém, com a convivência em uma empresa restauração de
aeronaves no interior de São Paulo, por parte da pesquisadora que desenvolveu este
trabalho, juntamente com a investigação das exigências da ANAC (Agência Nacional da
Aviação Civil), notou-se uma carência nos mecânicos em relação ao estudo de línguas,
principalmente o inglês. Esta pesquisa analisa como os participantes leem e interpretam
os manuais das aeronaves, levando em conta três diferentes perfis, relacionados ao
nível de inglês deles, à experiência no campo, assim como às oportunidades de estudo,
que influenciam no momento da leitura. Pesquisas também apontam que a correta
interpretação do texto e a habilidade para compreendê-lo são diretamente proporcionais
ao tempo de realização de tarefas e sua correta execução.
Palavras-chaves: Inglês na Aviação; Manuais; Restauradores Aeronáuticos;
Estratégias de Leitura
8
ABSTRACT There is a clear need for learning other languages when it comes to aeronautics, since
most of the manufacturers and companies, that provide services such as maintenance,
development of projects or even airlines, are present worldwide. However, since the
researcher of this study has been working in this area, along with the investigation of the
requirements of ANAC, it was noticed that mechanics need to study languages,
specifically English. This paper analyses how aircraft restorers read and understand
manuals, considering three different profiles, taking into account their level of English
and how much the experience they have in this field, as well as educational
opportunities influence on reading. The capability of understand the text correctly is
directly proportional to the time of execution of tasks and their proper implementation.
Key-words: English Aviation; Manuals; Aircraft Restorers; Reading Strategies
9
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Aeronave de pequeno porte, Cessna 180 Skywagon................................... 21
Figura 2 – Aeronave de grande porte, Airbus A320....................................................... 22
10
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Divisão dos textos por colaborador.............................................................. 23
Tabela2 – Estratégias de Leitura em Língua Inglesa utilizadas pelos colaboradores... 37
11
LISTA DE ABREVIAÇÕES E SIGLAS
ANAC Agência Nacional de Aviação Civil
FAA Federal Aviation Administration (Administração Federal de Aviação)
OACI Organização da Aviação Civil Internacional
12
SUMÁRIO
DEDICATÓRIA.............................................................................................................................. 5
AGRADECIMENTOS.................................................................................................................... 6
RESUMO...................................................................................................................................... 7
ABSTRACT................................................................................................................................... 8
LISTA DE FIGURAS..................................................................................................................... 9
LISTA DE TABELAS................................................................................................................... 10
LISTA DE ABREVIAÇÕES E SIGLAS........................................................................................ 11
SUMÁRIO.................................................................................................................................... 12
1. INTRODUÇÃO........................................................................................................................ 13
1.1 O PROBLEMA................................................................................................................... 14
1.2 JUSTIFICATIVA................................................................................................................. 16
1.3 OBJETIVOS....................................................................................................................... 16
1.3.1 Objetivo Geral............................................................................................................. 16
1.3.2 Objetivos Específicos.................................................................................................. 17
1.4 ORGANIZAÇÃO DO TEXTO............................................................................................. 17
2. METODOLOGIA...................................................................................................................... 19
2.1 PARTICIPANTES DA ENTREVISTA................................................................................ 20
2.2 MATERIAIS UTILIZADOS................................................................................................. 20
2.2.1 Divisão dos textos........................................................................................................ 22
3. LEITURA EM LÍNGUA INGLESA............................................................................................ 24
3.1 ESTRATÉGIAS................................................................................................................. 25
4. ANÁLISE DAS ENTREVISTAS............................................................................................... 28
4.1 Colaborador A.................................................................................................................... 28
4.2 Colaborador B.................................................................................................................... 31
4.3 Colaborador C................................................................................................................... 34
4.4 Resultados obtidos............................................................................................................ 36
5. CONCLUSÃO.......................................................................................................................... 39
REFERÊNCIAS........................................................................................................................... 40
APÊNDICE.................................................................................................................................. 41
ANEXO 1..................................................................................................................................... 44
ANEXO 2..................................................................................................................................... 46
ANEXO 3..................................................................................................................................... 48
ANEXO 4..................................................................................................................................... 49
ANEXO 5..................................................................................................................................... 50
ANEXO 6..................................................................................................................................... 51
13
1 INTRODUÇÃO
Todas as pessoas ao redor do mundo, por mais diferentes que sejam suas
culturas, conseguem conversar entre si e discernir a mensagem que o outro indivíduo
está querendo passar se, e somente se, utilizarem a mesma linguagem. Após séculos
de desenvolvimento, a língua falada, ou linguagem verbal, ainda é o meio mais utilizado
para se trocar informações.
Contudo, os diversos tipos de línguas existentes constroem uma grande barreira
na comunicação mundial, o que é comum, considerando o contato entre os povos que
utilizam diferentes idiomas. Existem registros de que na época do Império Romano e no
milênio seguinte, já havia a necessidade da existência de uma “língua franca1”, sendo
que a língua grega no oriente e o latim no ocidente tinham esse papel. Posteriormente,
vieram o português na África e Ásia nos séculos XV e XVI, o francês, na Europa no
século XVII e o árabe, desde o século VII, na maior parte da Ásia, África, partes da
Oceania e Europa, por exemplo. No período de guerras, o conhecimento de
vocabulários ligados à aviação, campos de batalha e à área naval dos adversários era
questão de vida ou morte. Hoje, o inglês é considerado a “língua franca”, no mundo dos
negócios internacionais e na diplomacia, sendo uma das línguas mais faladas no
mundo.
Na aviação civil, isso não é uma exceção. Na tentativa de corrigir o problema da
falta de comunicação global entre todas as áreas da aviação, a Organização da
Aviação Civil Internacional (OACI) definiu a língua inglesa como idioma oficial. Apesar
de não existirem exigências de proficiência nessa língua na maioria dos setores da área
(com exceção de pilotos e controladores de tráfego aéreo), a compreensão da mesma
não deixa de ser de extrema importância. Na área de manutenção de aeronaves, seu
conhecimento pode agilizar as tarefas ou mesmo garantir interação e execução dos
processos de manutenção. Hoje, o requisito da língua para ocupação de cargos em
1 Segundo Bortoletto (2010), ”língua franca” é uma expressão latina para língua de contato ou língua de
relação resultante do contato e comunicação entre grupos ou membros de grupos linguisticamente distintos para o comércio internacional e outras interações mais extensas.
14
empresas de aviação fica a escolha daquela que está contratando. Candidatos que
possuem níveis avançados de inglês ou o curso de inglês instrumental, geralmente têm
vantagem nos processos seletivos.
Aprofundando um pouco a discussão acerca de um dos ramos da aviação, temos
a restauração de aeronaves, que será retratada neste trabalho. As atividades são
realizadas por mecânicos aeronáuticos e a interpretação de manuais os quais estão,
em sua maioria, em inglês, está no dia-a-dia desses profissionais.
Nesse contexto, a compreensão rápida e eficiente da língua vem a ser
imprescindível. A capacidade de leitura de um texto como um todo é o principal
objetivo. Esse tipo de uso do inglês está relacionado ao ensino instrumental ou o
chamado inglês técnico. Nessa situação, a maioria das pessoas procura esse
aprendizado a fim de compreender a língua para um uso específico, ou seja, para
conseguirem interpretar textos e vocabulários como ferramentas para o trabalho que
desempenham.
1.1 O Problema
No campo da aviação, a execução errônea de uma tarefa de manutenção por má
compreensão das instruções oferecidas por textos em inglês, a falta de entendimento
entre pilotos e torres de controle de nacionalidades diferentes, ou mesmo a falha na
comunicação entre passageiros e comissários são problemas ainda existentes no dia-a-
dia desses profissionais.
A raiz deste problema vem sendo estudada com diversas ramificações, mas
todas seguindo o mesmo eixo: o aprendizado da língua inglesa, nos dias atuais, é
essencial em qualquer área da aeronáutica.
Azevedo (2009), em sua monografia sobre exames de proficiência de língua
inglesa para controladores de tráfego aéreo, afirma:
A necessidade de uso da língua inglesa dentro do contexto de aviação civil mostrou-se clara e incisiva. Problemas gerados por falhas na comunicação podem comprometer a segurança aérea, e muitos acidentes no passado tiveram como agravantes o uso ineficiente, ou o não uso, do inglês. (AZEVEDO, 2009, p.34)
15
Do mesmo modo, Zuppardo (2013) descreve, em seu estudo de manuais
aeronáuticos, a deficiência do sistema sobre exigências da língua para mecânicos.
No Brasil, também não há requisitos estabelecidos em nível nacional para a proficiência em língua inglesa dos técnicos de manutenção de aeronaves, pois as provas para obtenção de licenças profissionais ministradas pela Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) são realizadas em português. A proficiência nessa língua é a única exigida (ANAC, 2001). Sendo assim, os centros de manutenção de aviação executiva e comercial têm suas próprias exigências para a contratação desses profissionais. (ZUPPARDO, 2013, p.07)
Ainda no trabalho citado acima, a autora mostra dados da Federal Aviation
Administration (FAA) que afirmam que os técnicos de manutenção de aeronaves
passam de 25 a 40% do tempo de serviço buscando, usando ou documentando
informações escritas, o que nos leva a certificar a importância da compreensão do
inglês na área. Um conhecimento mais aprimorado da língua inglesa pode acelerar as
tarefas de manutenção ou mesmo garantir seu cumprimento adequado.
Ainda nos primeiros meses de experiência na manutenção de aeronaves, a
pesquisadora já notou essa carência do aprendizado do inglês e suas consequências.
Muitos dos profissionais que contam com um maior tempo de carreira não possuem a
habilidade da leitura de textos em inglês. Eles enxergam a necessidade desse
conhecimento, porém se adaptam se com o pouco que sabem da língua e, com a
experiência que possuem, realizam as atividades.
Considerando esse contexto, gerou-se o interesse em entender como esses
profissionais, que nunca ou pouco estudaram a língua inglesa, compreendem e
executam as tarefas descritas nos manuais e boletins de serviço2. Partindo desse
ponto, foi essencial considerar, também neste estudo, a diferença entre as estratégias
de leitura que eles utilizam em comparação àquelas utilizadas por aqueles que tiveram
oportunidades de estudo do inglês instrumental.
2 Boletim de serviço é um documento emitido pelo fabricante do produto aeronáutico ou da própria
aeronave. Neste documento estão descritas modificações ou aperfeiçoamentos, atividades de manutenção ou correções de mau funcionamento dos componentes. A execução dos procedimentos passa a ser obrigatória somente quando o órgão regulador do país de origem do produto (ANAC, no Brasil) o define como mandatório.
16
1.2 Justificativa
Diante da dificuldade encontrada por parte dos profissionais da área de
manutenção e restauração de aeronaves no momento da leitura de manuais e
instruções em inglês, esse trabalho procura documentar as estratégias de leitura
utilizadas para contornar a situação. De acordo com Chaparro et al. (2002) e a FAA, a
causa de maiores erros na manutenção é a interpretação errada de manuais.
A estrutura e o layout do documento influenciam a compreensão dos leitores,
consequentemente, o desenvolvimento da tarefa. Foi constado que 64% dos técnicos
relatam utilizar seus próprios meios para executar os procedimentos de manutenção.
(Caro et al., 2001; CHAPARRO et al., 2004)
Segundo Zafiharimalala et al. (2010), os documentos de manutenção utilizados
na aeronáutica possuem três funções: suporte na realização das tarefas, documentação
legal e guia de treinamento, sendo obrigatória a sua utilização.
O manuseio e interpretação corretos significam um trabalho eficaz e maior
segurança tanto para o mecânico, evitando acidentes de trabalho, como no serviço
realizado, tópico de essencial importância, principalmente no meio aeronáutico.
Tendo em vista a importância do tema, foi realizada uma análise comparativa da
interpretação desses textos por pessoas com diferentes conhecimentos da língua
inglesa.
1.3 Objetivos
Aqui serão apresentados os objetivos da pesquisa.
1.3.1 Objetivo Geral
O objetivo geral do trabalho é identificar quais são as estratégias de leitura
utilizadas por restauradores aeronáuticos para compressão de manuais na língua
inglesa e identificar as diferenças de interpretação de texto, considerando as
oportunidades prévias de estudo de inglês que esses profissionais possuem.
17
1.3.2 Objetivos Específicos
Com o intuito de alcançar o objetivo geral, são implicados alguns objetivos
específicos:
Estudar e compreender as estratégias para leitura de textos em língua
inglesa;
Escolher textos e desenvolver um roteiro para realização de entrevistas,
visando a auferir respostas para análise posterior das interpretações;
Analisar as estratégias utilizadas, juntamente com a identificação dos
perfis.
1.4 Organização do texto
Para alcançar os objetivos, foi aplicada a metodologia e analisados,
posteriormente, os dados obtidos. Desse modo, para melhor compreensão, a pesquisa
será exposta conforme explicado a seguir.
Este documento está dividido em 5 capítulos. No primeiro capítulo, tem-se a
apresentação do trabalho, item no qual o leitor é contextualizado sobre o tema, os
problemas hoje existentes com relação a ele, as justificativas que serviram de
motivação para realização da pesquisa e quais foram os objetivos que guiaram o
desenvolvimento do trabalho.
No segundo capítulo é apresentada a metodologia. Esse capítulo está focado em
descrever como foram realizadas as entrevistas, que foi o instrumento para realização
deste trabalho, e quais foram os perfis dos participantes. Ainda nesse item, está
exposto como foram selecionados os colaboradores e o material para as entrevistas,
além de como as atividades foram desenvolvidas para realização das mesmas.
Em seguida é abordado o conceito de leitura em língua inglesa, inglês
instrumental e faz- se uma revisão de estratégias de leitura para textos nesse idioma.
Essa é a base teórica para realização do trabalho, sendo fundamental para sua
compreensão.
18
Seguindo esse contexto, no quarto capítulo intitulado “Análise das entrevistas”,
encontra-se uma narrativa das atividades realizadas pelos colaboradores e,
caminhando para o fim do trabalho, são expostas as discussões sobre o modo de cada
perfil interpretar textos em inglês. No fim desse mesmo capítulo, uma tabela é
apresentada como resumo dos resultados encontrados.
No quinto e último capítulo, são apresentadas as considerações finais da
pesquisa e o encaminhamento para futuras pesquisas.
19
2 METODOLOGIA
Esta pesquisa é de carácter exploratória, pois permite uma maior familiaridade
com um assunto que ainda é pouco explorado. Assim, o trabalho foi baseado em
entrevistas realizadas com pessoas que tiveram experiências práticas com o problema
abordado.
Para que fosse possível alcançar o objetivo desta pesquisa, foram feitas
entrevistas com três colaboradores da área de restauração de aeronaves de um museu
de aviação no interior do estado de São Paulo. Criou-se uma classificação em três
grupos, referentes ao nível de conhecimento dos entrevistados em relação à
proficiência da língua inglesa, com base em um estudo prévio dos perfis:
Colaborador A: se autodeclara inabilitado a compreender o inglês por
nunca ter estudado a língua;
Colaborador B: declara-se capaz de interpretar a língua, já que mesmo
sem nunca passar por um processo específico de aprendizagem em salas
de aulas, estudou em casa, aprendeu sozinho e com o tempo de
experiência na área adquiriu o conhecimento dos termos;
Colaborador C: teve oportunidade de estudo do inglês instrumental/técnico
com a ajuda de professores.
As entrevistas aconteceram em três dias do mês de Outubro de 2014, um dia
com cada colaborador, seguindo a ordem apresentada acima (A, B e depois C). Nelas,
foram-lhes apresentados textos na língua inglesa para que, posteriormente, fossem
feitas as análises de suas interpretações. As perguntas foram formuladas tendo em
vista as estratégias de leitura que o leitor poderia utilizar, mas de modo que o
questionário não influenciasse a interpretação do colaborador. No apêndice deste
trabalho, encontra-se esse roteiro, contendo também quais eram os objetivos das
perguntas, isto é, como a pesquisadora conseguiria identificar as estratégias utilizadas
pelo colaborador em cada pergunta.
20
2.1 Participantes da pesquisa
Em uma oficina de restauração, os profissionais são diversificados devido a
grande gama de atividades desempenhadas pelos mesmos. Constam, abaixo, maiores
detalhes sobre cada colaborador.
O colaborador A trabalhou durante a maior parte de sua carreira com usinagem e
há cinco anos está na área de restauração de aeronaves. Ele desenvolve atividades
principalmente dentro deste setor (usinagem), mas também realiza serviços em outras
áreas, tais como trens de pouso, sistemas de combustíveis e montagens das
aeronaves, por exemplo.
O colaborador B tem mais de quinze anos de experiência no campo da aviação,
voltados, principalmente, para a aviação de pequeno porte. Ele é chapeador (executa
restauração das partes estruturais das aeronaves, geralmente fabricadas com chapas
de alumínio, aço, titânio, entre outros materiais). Porém, também é responsável pela
parte elétrica na oficina. Suas atividades vão além do trabalho com a estrutura,
realizando também ajuste das superfícies de controle e trens de pouso, por exemplo.
O colaborador C está iniciando sua carreira na aviação. Há quatro anos, finalizou
o curso técnico de manutenção de aeronaves, onde teve o ensino formalizado do inglês
técnico. Desde então, trabalha na parte administrativa da oficina, tendo contato, na
maioria das vezes, apenas com a parte histórica das aeronaves do museu.
2.2 Materiais utilizados
Foi determinado que cada colaborador realizaria quatro atividades de leitura,
sendo dois textos sobre uma aeronave de pequeno porte (tipo de aeronave o qual estão
constantemente em contato no trabalho) e outros dois sobre uma aeronave de grande
porte. A seguir, estão especificadas as duas principais fontes textuais:
Trechos de manuais de uma aeronave de pequeno porte:
Manuais de serviço e operação do Cessna 180 Skywagon, séries 180/185,
Ano de fabricação: 1969 até 1974
21
Trechos de manuais de uma aeronave de grande porte:
Manuais de serviço e treinamento da Família Airbus A320
As Figuras 1 e 2 representam, respectivamente, as aeronaves que foram citadas.
É interessante apresentá-las para explicitar sua principal diferença: o porte das
aeronaves. Vale ressaltar que os colaboradores tinham pleno conhecimento sobre as
características e distinções das aeronaves.
Figura 1 – Aeronave de pequeno porte, Cessna 180 Skywagon3.
(Fonte: Sky Hoppers Aerial Adventure)
3 Figura retirada de SkyHoppers Aerial Adventure. The SkyHoppers Cessna 180 'Skywagon'. Disponível
em: <http://www.flyskyhoppers.com/cessna_180_skywagon_flight_training.php>, acessado em 05/12/2014
22
Figura 2 – Aeronave de grande porte, Airbus A3204
(Fonte: Airbus)
2.2.1 Divisão dos textos
Foram utilizados, no total, seis diferentes textos, os quais são três de uma
aeronave (Cessna) e três de outra (A320). Nos anexos de 1 a 6, encontram-se as
atividades de leitura.
Cada colaborador realizou atividades de leitura com dois textos de cada manual,
um relacionado ao campo em que o colaborador exerce um maior número de atividades
e outro relacionado ao campo em que o colaborador tem menos experiência. As
entrevistas foram conduzidas pela pesquisadora, entregando um texto por vez ao
colaborador e questionando-o sobre sua interpretação.
Na Tabela 1, encontram-se as divisões dos textos por colaborador, sendo os
textos de 1 a 3 retirados dos manuais da aeronave de pequeno porte e 4 a 6, da
aeronave de grande porte. As células destacadas com a cor azul representam os textos
os quais eram mais familiares aos colaboradores. O colaborador C realiza atividades na
administração da oficina de restauração, como descrito na seção 2.1 deste trabalho,
4 Figura retirada de Airbus. A320Family. Disponível em:
<http://www.airbus.com/fileadmin/media_gallery/aircraft_pages_photo_galleries/a320-gallery/CE-A320_AIB_N.299-15_L_1.jpg>, acessado em 05/12/2014
23
possuindo, assim, um contato menos frequente com os manuais das aeronaves. Desde
modo, este participante não possui um assunto que realiza a maior parte de suas
atividades quando nos referimos aos manuais, diferentemente dos outros
colaboradores.
Tabela 1 – Divisão dos textos por colaborador
Texto
Colaborador 1 2 3 4 5 6
A x x x x
B x x x x
C x x x x
A divisão foi elaborada para obter uma melhor análise das interpretações, a fim
de avaliar a influência do conhecimento prévio na leitura dos textos e identificar as
estratégias utilizadas em assuntos não familiares.
Considerando esses pontos, foi estipulado que uma mesma leitura fosse
realizada por dois colaboradores, como A e C (textos 1 e 4), B e C (texto 2) e, A e B
(texto 3). Por fim, os três participantes executaram a mesma atividade (texto 6),
justamente, para uma comparação entre os três perfis.
24
3 LEITURA EM LÍNGUA INGLESA
Neste capítulo será apresentada a fundamentação teórica da pesquisa,
discutindo o tema da leitura em língua inglesa, que engloba o estudo do inglês
instrumental e das estratégias de leitura. O conhecimento desses assuntos é
imprescindível para a compreensão da pesquisa realizada.
O Inglês Instrumental, ou inglês técnico, consiste no aprimoramento da leitura de
textos na língua inglesa para objetivos específicos (em inglês, ESP: English for Specific
Purposes). O leitor utiliza conhecimentos novos obtidos pelo estudo e experiências ao
longo de sua vida para compreensão do texto.
E assim, o Inglês Instrumental possui o objetivo de desenvolver a habilidade de leitura, isto é, de compreensão de textos de diversas áreas do conhecimento escritos em língua inglesa, utilizando para isso, estratégias de leitura, a fim de tornar o aluno capaz de compreender um texto da sua área de estudo. (QUEIROZ, 2010, p.01)
As estratégias de leitura abrangem diversas áreas de compreensão. Segundo
Souza et al. (2010), deve haver uma interação entre diversos níveis de conhecimento,
entre eles: linguístico, textual, prévio e estratégico para que, assim, o leitor consiga
construir o sentido do texto.
Nesse mesmo livro, pode ser encontrada a explicação de cada conhecimento
acima citado. O conceito linguístico é exemplificado pelo conhecimento de vocabulário,
das relações sintáticas e do uso da língua (reconhecimento de cognatos, grupos
nominais, comparativos e superlativos, afixos, referência pronominal, apostos e formas
verbais). O conhecimento textual refere-se às noções e conceitos sobre o texto,
estruturas textuais e tipos de discursos (identificação dos gêneros textuais, marcadores
discursivos e palavras-chave). O conhecimento prévio é definido pelas experiências do
leitor com o assunto, seja por uma leitura prévia ou pela própria experiência, que
influencia, e muito, no momento da leitura. E por último, o conhecimento estratégico é
aquele em que é colocado em prática as estratégias de leitura como skimming (leitura
superficial), scanning (leitura detalhada), uso de dicionários e entre outros, que serão
explicadas com detalhes no próximo tópico.
25
Vale informar que os quatro níveis de conhecimento são considerados
estratégias para a leitura, já que a utilização (consciente ou não) dos mesmos
proporciona uma interpretação guiada para um fim específico.
3.1 Estratégias
Neste tópico encontram-se breves explicações sobre estratégias de leitura,
seguindo a ordem do livro de Souza et al. (2010). As estratégias apresentadas foram as
mais utilizadas pelos colaboradores para a compreensão dos textos em língua inglesa,
durante as entrevistas realizadas para este trabalho.
Cognatos
A identificação de cognatos ocorre pela semelhança de escrita das palavras em
inglês e em português. Isso acontece porque o português é uma língua latina e muitas
palavras do inglês vieram do latim. Assim, o leitor que não tem o conhecimento da
língua, muitas vezes é capaz de compreender o texto se apoiando nessas palavras.
Exemplos: system, optional, energy, battery, equipment, temperature, operation,
automatic, emergency, parameters, valve, fuselage, etc (retirados dos textos utilizados
para realização das entrevistas).
Conhecimento Prévio
As experiências já vivenciadas pelo leitor e a identificação de palavras já vistas
uma ou mais vezes é uma ferramenta fundamental no momento da compreensão
textual. Todo esse conhecimento adquirido o ajuda no entendimento e na formulação
de hipóteses para o texto.
Skimming
Com esta estratégia, buscamos a ideia geral do texto. Utiliza-se o skimming
quando é realizado um olhar rápido, dando maior atenção ao título, primeiras e últimas
linhas, cognatos e figuras, procurando entender o que está sendo tratado sem dar muito
valor aos detalhes. Para melhor entendimento, é possível exemplificar com uma
26
atividade do dia-a-dia, como quando o leitor olha as manchetes em um jornal e seus
primeiros parágrafos para julgar se aquela matéria lhe interessa ou não.
Scanning
A técnica tem como base focar a leitura para encontrar uma informação
específica, sem se atentar muito aos demais dados do texto. É quando os objetivos
influenciam o modo como é realizada a leitura. Por exemplo, quando se pretende
encontrar alguma palavra no dicionário, um contato em uma lista telefônica ou na
utilização do índice de livros ou revistas para ir direto ao assunto de interesse, usa-se o
scanning.
Informação não-verbal
Informações não-verbais são todas aquelas que são passadas por meio de
figuras, gráficos, tabelas e mapas, ou seja, dados à parte do que está escrito. Muitos
leitores não as utilizam como referência para a comprenssão do texto, mas em muitos
casos, as imagens podem passar as informações sem que seja necessário entender
por completo o texto, sendo assim, um mecanismo fundamental para aqueles que não
têm conhecimento amplo da língua compreenderem as informações.
Palavras-chave
São palavras indispensáveis para a compreensão do texto por terem ligação
direta com o assunto, aparecerem mais de uma vez e geralmente, são substantivos.
Exemplos retirados dos textos utilizados neste trabalho: aircraft, fuel, flight, engine,
speed, on board, left, right, etc.
Inferência Contextual
Muitas vezes, quando existem palavras cujo significado não é conhecido ou
sentenças que não são familiares aos leitores, uma solução é deduzir do que se trata o
texto por meio da análise de frases anteriores ou posteriores. Essa é a estratégia de
inferência, ou seja, tentar adivinhar o que está escrito utilizando os recursos que possui
no momento para a interpretação. Esses recursos podem ser: o conhecimento prévio, o
27
contexto semântico (o significado do texto como um todo, utilizando a compreensão da
ideia geral apresentada por informações nas outras sentenças), o contexto linguístico
(reconhecer se a palavra é um adjetivo, substantivo, verbo), informação não-verbal
(procurar pistas nas imagens, tabelas e gráficos) e o conhecimento sobre a organização
do texto (utilizar dicas contidas em itens como título, subtítulo e divisões de parágrafos).
Grupos nominais
Grupos nominais são formados de substantivos e seus complementos, como
adjetivos ou outros substantivos. No português, o núcleo do grupo nominal aparece
primeiro, seguido pelos seus modificadores, ao contrário do inglês em que, na maioria
das vezes, esse núcleo encontra-se por último. O conhecimento desse aspecto
linguístico ajuda o leitor a identificar qual é a principal palavra do trecho e quais são as
suas características, definidas pelas palavras que a rodeiam.
Exemplo: no português – bomba de combustível, assim: “bomba” é o núcleo e “de
combustível” é seu modificador.
no inglês – fuel pump, assim: “pump” (bomba) é o núcleo e “fuel” (de
combustível) é seu modificador.
Uso do dicionário
Durante a leitura, quando o leitor se depara com um vocabulário desconhecido
que pode comprometer o entendimento correto do material que está lendo, ele utiliza o
dicionário, caso julgue necessário, como estratégia para sanar suas dúvidas,
auxiliando-o na compreensão do texto.
28
4 ANÁLISE DAS ENTREVISTAS
Para uma apresentação mais clara das análises dos processos de leitura, elas
estão divididas, aqui, por cada colaborador, descrevendo as interpretações ao
realizarem as atividades de leitura. Em seguida, a Tabela 2 apresentará as informações
dos colaboradores para facilitar a visualização da analogia entre os perfis e as
estratégias mais utilizadas.
4.1 Colaborador A
O primeiro a ser entrevistado foi o colaborador A. Retomando alguns aspectos de
seu perfil, este se autodeclara inapto para realizar leitura de textos em inglês por não
ter tido oportunidade de estudo da língua em ambiente formal e ter sempre morado no
Brasil. Trabalhou por quase vinte anos na área da usinagem, e por isso, não havia
necessidade do conhecimento da língua, pois o serviço era passado por meio de
desenhos e números. Assim, ao iniciar seu trabalho na aviação, há cerca de cincos
anos, iniciou o seu contato com o inglês. Segundo esse colaborador, os conhecimentos
que ele possui foram adquiridos por se deparar com as palavras mais de uma vez
durante seu trabalho, por buscar seu significado consultando pessoas com mais
experiência ou por utilizar ferramentas para tradução (como dicionário, por exemplo).
Com o tempo, o colaborador relata ter memorizado algumas palavras-chave, que hoje
são a sua base para interpretar um texto.
Ao ser questionado sobre suas alternativas para compreender textos quando
encontra palavras desconhecidas, afirma focar sua interpretação na ilustração para
conseguir compreender o texto por completo.
A primeira atividade de leitura foi realizada com base em um texto que pertence
a sua área de domínio, sobre uma aeronave de pequeno porte (anexo 1). O
colaborador compreendeu corretamente o texto, utilizando palavras-chave e o
conhecimento prévio sobre o assunto. Quando questionado sobre as principais
informações do texto, sua resposta apresentou apenas substantivos: “sistema de
combustível, operação, comando de válvulas (aberto e fechado), partida, bombas de
29
combustível”. Isso comprova o uso dessas estratégias. E continuou dizendo que
encontrou as informações lendo, não a frase toda, mas identificando as partes do
sistema que ele conhece e “somando as palavras”.
Foi possível notar que o colaborador utilizava as palavras já conhecidas e,
também, os cognatos, lidos e compreendidos com facilidade. Durante sua entrevista,
citou “three position valve”, traduzindo-a corretamente como válvula de três posições.
Assim, as estratégias mais utilizadas, segundo a observação da pesquisadora, para
interpretar o que estava escrito foram o conhecimento prévio da área de trabalho do
colaborador e a informação não-verbal presente no texto, ou seja, a imagem que
acompanhava tal texto, pois ele a olhava durante toda a atividade procurando
compreender o sistema para responder as perguntas.
Para compreensão do segundo texto (anexo 3), a estratégia mais utilizada foi o
skimming. O colaborador soube identificar qual era o assunto do texto com o auxílio dos
cognatos presentes no título. Porém, notou-se que as principais informações não foram
compreendidas corretamente, visto que era exigido um vocabulário específico sobre
pilotagem. Acredita-se que tal vocabulário pode até já ter sido visto pelo colaborador,
mas ele não havia memorizado o significado de tais palavras.
Além disso, ao ler o segundo texto, percebeu-se que a figura, no caso uma
tabela, não auxiliou muito o colaborador a compreender as informações, pois ela
continha esses mesmos vocabulários não conhecidos por parte dele. Em suas palavras:
“a tabela, para um leigo, não ajuda muito”. E completou que se fosse necessário um
entendimento detalhado do texto, ele buscaria ajuda em uma plataforma de pesquisa,
como o Google ou pediria para alguém o auxiliar, já que sozinho não seria capaz de
compreender o texto.
A atividade de número três (anexo 4) foi o primeiro texto de uma aeronave de
grande porte e o assunto tratado era um assunto de seu conhecimento (sistema de
combustíveis), porém com suas modernizações, levando em consideração o tamanho
da aeronave. Segundo o colaborador, esse ponto foi o que causou dificuldade na
compreensão. Por não trabalhar com esse porte de aeronaves, ele conseguiu
compreender apenas algumas ideias devido à presença de palavras-chave na figura,
30
mas a falta de conhecimento do vocabulário e, principalmente, de verbos, o levou para
uma tradução equivocada e insegura.
Durante a atividade, observou-se que o colaborador utilizou a figura como fonte
principal de informações e, aliado a isso, utilizou, de maneira significativa, os cognatos
presentes na tal figura, nas palavras do colaborador, sua interpretação foi “90% pela
figura e 80% pelos cognatos na figura”. Percebe-se aqui, que este participante não
considerou que sua interpretação foi baseada, também, em seus conhecimentos
previamente adquiridos com a experiência na área.
É importante apontar que ao ler esse texto (anexo 4), o colaborador reconheceu
o aspecto linguístico dos grupos nominais. Ele não os denominou com esse termo, mas
relatou esse obstáculo na sua tradução, já que a ordem da palavra principal do termo e
dos modificadores é invertida no inglês, em relação ao português, ou seja, aparece por
último no grupo nominal.
Na leitura do quarto e último texto (anexo 6), notou-se que a primeira parte do
texto foi compreendida facilmente devido à presença das palavras-chave (anteriormente
vistas por várias vezes) juntamente com a figura e o conhecimento prévio acerca dos
desenhos dos instrumentos. O colaborador A afirmou que apenas com base no texto,
sabia que este tratava do painel de instrumentos do motor, mas sem a figura não seria
possível imaginar e entender toda a informação corretamente. Constatou-se que na
segunda parte, devido à ausência de imagens, o texto acabou sendo incompreendido, o
que reforça a justificativa do colaborador a cerca do papel importante da imagem na
compreensão das informações.
Quando questionado sobre as palavras que são parecidas com palavras do
português, mas que na verdade não possuem o mesmo significado (denominados
falsos cognatos), o colaborador disse não ter esse conhecimento e que, talvez em uma
frase seja possível descobrir esse tipo de palavra, mas se ela estiver isolada, é muito
difícil perceber isso. Foi exatamente o que aconteceu quando ele não identificou o
falso- cognato bottom. Justificável, já que aparece no texto em forma de tópico “Bottom
Left”, referindo à parte inferior esquerda da tela do painel da aeronave, exposta no texto
(anexo 6), mas foi interpretado como botão esquerdo. Retomando a questão dos
grupos nominais já comentada anteriormente, já que o termo correto para “botão
31
esquerdo” seria “left button”, isto é, o colaborador não se atentou ao fato de que, na
língua inglesa, o termo principal ocupa a última posição na organização de um grupo
nominal.
Desse modo, esse colaborador, pelas circunstâncias já citadas, apresenta uma
dependência das informações não-verbais quando é necessária a leitura de textos em
língua inglesa. Sua maior dificuldade é a compreensão da frase completa, utilizando da
junção das palavras-chave e o conhecimento prático para descobrir o que está escrito.
O skimming é outra estratégia muito utilizada por ele, visto que, por várias vezes
“passou os olhos” no texto a fim de compreender sua ideia principal. Assim, a inferência
contextual acontece naturalmente com as pressuposições dos significados das palavras
que ele não conhece.
4.2 Colaborador B
No segundo dia, foi entrevistado o colaborador B. Ele se considera um leitor
razoável de textos em inglês, relatou que começou seu contato com a língua por conta
própria, traduzindo letras de músicas e, após a entrada no meio aeronáutico (há
dezessete anos), percebeu a necessidade do inglês técnico que está presente na sua
vida por meio de textos no serviço ou em casa, com assuntos de eletrônica.
Assim como colaborador A, descrito anteriormente, ele também realizou sua
primeira atividade de leitura utilizando um texto de sua área (escolhido pela
pesquisadora), de uma aeronave de pequeno porte (anexo 2). O texto pode ser
considerado simples, porém bastante técnico. O colaborador não apresentou
dificuldades para compreender o texto, reconheceu as palavras mais recorrentes,
chamando-as de “termos padrões” da área, já vistos e utilizados em outros momentos
do seu trabalho.
No primeiro momento, ele observou o título e fez uma observação rápida do
texto, características da estratégia skimming. Depois disso, realizou uma leitura
procurando por características do componente descrito, ou seja, utilizou a estratégia
scanning, citando também os cognatos “generator”, “regulator” e “voltage”. Essas
estratégias foram aplicadas de forma espontânea, isto é, o colaborador não sabia que
essas eram estratégias de leitura (já que ele não teve oportunidades de participar de
32
um curso em que essas estratégias são ensinadas e nem de se aprofundar no
conhecimento da língua inglesa por meio de cursos), apenas era o seu modo de
analisar o texto.
Para esse colaborador, pode-se observar que a figura foi um complemento, ou
seja, ele utilizou o texto como fonte principal para obter informações, diferente do
colaborador A, o qual buscou informações principalmente na figura. O colaborador B
utilizou informação não-verbal para ajudar a imaginar o que estava escrito, mas notou-
se que a figura não foi de extrema necessidade para a compreensão correta do assunto
do texto. Ele acrescentou, ainda, que ao ler um texto, “em 40% das vezes, com a figura
fica mais fácil”. Vale retomar aqui, que esta porcentagem para o colaborador A era de
90%, destacando o quanto a proficiência na língua torna menor a dependência da
informação não-verbal.
Em seguida, na próxima atividade de leitura do texto (anexo 3), com base no
título, o colaborador B conseguiu entender o contexto por meio das palavras-chave já
conhecidas. Além disso, percebeu-se que ele usou o reconhecimento de cognatos
presentes por todo o texto para melhor compreender as informações.
Sobre o assunto do texto, o colaborador disse que sabia que o procedimento
existia, mas não sabia como o mesmo funcionava e, com a falta do conhecimento do
vocabulário específico, não conseguiu prosseguir com a leitura do texto com segurança
na sua interpretação devido algumas palavras desconhecidas. “Eu ia demorar um
pouco mais para conseguir me situar. Mas, descobrindo isso aqui, todo o resto ia ficar
um pouco mais fácil”, se referindo à palavra “leaning” (inclinando). O colaborador
continuou, dizendo que, com a tabela, a explicação ficou simples, ou seja, a informação
não-verbal foi utilizada em conjunto com o texto auxiliando no entendimento. Entretanto
reafirmou: “mas é igual o que eu falei, esta palavra aqui já está me quebrando”, se
referindo a mesma palavra desconhecida que atrapalhou sua interpretação.
Na terceira atividade de leitura (anexo 5), foi apresentado o texto da aeronave de
grande porte ao colaborador. Ele relatou que já havia visto o procedimento descrito no
texto sendo realizado, mas não sabia como era feito. Isso ajudou na interpretação
(maior facilidade para imaginar), juntamente com as palavras já conhecidas desse
33
contexto em específico. Pode-se dizer, então, que o conhecimento prévio foi bastante
importante no primeiro contato com o assunto do texto.
Notou-se que a figura não foi muito utilizada na compreensão do texto, ou seja,
para esse colaborador, se não houvesse a figura, não faria diferença.
O colaborador apresentou dificuldades ao se deparar com uma palavra (“loss”,
atribuída a perda do sistema) que não se lembrava, mas seguiu com a leitura e usando
da inferência contextual pôde deduzir o que estava escrito. Após a entrevista, o
colaborador questionou a pesquisadora sobre o significado dessa palavra e,
conhecendo esse vocabulário, não houve alteração na sua interpretação, ou seja, sua
inferência estava correta.
Na última atividade de leitura (anexo 6), o colaborador encontrou no texto um
assunto do qual ele não sabia que existia na aeronave, mas o conhecimento prévio e a
imagem o ajudaram. Com uma estratégia complementando a outra (a imagem o ajudou
a “visualizar” o que estava escrito).
Os termos não compreendidos, que aparentemente não influenciaram na
tradução, foram ignorados em primeiro momento pelo colaborador, pois ele priorizou
uma compreensão geral do assunto. Mas, ao surgir o interesse de uma compreensão
mais detalhada e correta, esses termos foram levados em consideração, o que
demandou ao colaborador um pouco mais de tempo para a interpretação do texto. Um
problema relatado por ele foi o desconhecimento da palavra “overflow” (indicando o
fluxo de informações maior do que é suportado naquela tela específica da aeronave) e
a falta de conhecimento exato da distinção entre “cautions” e “warning” (cuidado e
advertência, respectivamente).
Sua maior preocupação era no momento de deduzir (estratégia de inferência
com base no contexto) o que estava escrito e, pensando nas possibilidades, disse: “às
vezes, por causa de uma palavra que eu não entendo, eu mato o texto inteiro”,
querendo dizer que o desconhecimento de uma palavra pode comprometer a
compreensão do texto todo.
Ainda sobre desconhecimento de vocabulário específico, constatou-se que ao
identificar a presença de falsos cognatos, o colaborador assumiu ser necessário
recorrer ao dicionário. E, ao contrário do colaborador A, nesse último texto (anexo 6), o
34
colaborador B soube identificar o falso cognato “bottom”. Ele não relatou que
reconheceu o falso cognato, apenas traduziu de forma correta.
Apesar de não se considerar um bom leitor de textos em língua inglesa, esse
colaborador conseguiu compreender as informações usando as estratégias de maneira
mais diversificada comparando-o aos outros colaboradores, mesmo que sem o
conhecimento explícito das mesmas. Acredita-se que isso se dá ao fato de ter
aprendido a adequar o conhecimento que possui às estratégias disponíveis para
entender corretamente os textos. Ele assume que não se empenha como deveria para
ter mais conhecimento da língua inglesa, mas que está sempre lendo e buscando as
palavras que não conhece principalmente quando encontra termos técnicos.
4.3 Colaborador C
O último entrevistado, colaborador C, afirmou ser um bom leitor de textos em
inglês, pois teve oportunidade de estudo, dizendo ter estudado, inclusive, o inglês
instrumental. Por trabalhar na parte administrativa da oficina, não possui uma área
específica de serviços na mecânica, utilizando, assim, do inglês somente para pesquisa
da parte histórica das aeronaves e, algumas vezes, faz a leitura de manuais.
Na primeira atividade realizada foi utilizado o mesmo texto da área de
conhecimento do colaborador A, que falava sobre o sistema de combustível de uma
aeronave de pequeno porte (anexo 1). Quando o colaborador C explicou como
compreendeu o texto foi possível perceber que ele realizou a leitura do texto completo,
reconhecendo o contexto linguístico (verbos, advérbios e substantivos). Por meio da
união do significado de todas essas palavras, ele foi formulando o entendimento e
compreendendo o que era explicado. Além disso, o colaborador relatou que a figura
não o influenciou em nada na interpretação.
Ao ser questionado sobre a estratégia que utilizava quando se deparava com
situações que não conhecia os significados das palavras, apresentou a seguinte
resposta:
Eu deduzo, invento, crio uma outra palavra que possa se encaixar. É, tem aqui, o negócio que parece dente, o ‘tee’! Na minha cabeça eu coloquei como se
35
fosse uma linha, e só depois que ele [o texto] falou das linhas. Eu não sei o que é o tee. Ah, deve ser um caminho, uma passagem. E é isso mesmo!
Ficou claro que ele usou da inferência contextual, associando os conhecimentos
da língua já obtidos com o conhecimento prévio do assunto (mesmo que seja o básico)
para deduzir uma tradução para aquela palavra que não sabia o significado.
Seguindo na ordem da entrevista, o segundo texto (anexo 4), abordava o
assunto de uma aeronave de grande porte. Notou-se que o colaborador usufrui do
aparecimento de palavras-chave, conhecimento textual (organização do texto) e o
conhecimento prévio, do pouco que escuta e conhece, para o auxiliar na compreensão
das informações. Porém, o vocabulário específico não conhecido, encontrado já no
título, deixou a interpretação incompleta. Houve várias palavras das quais ele não sabia
o significado, em sua maioria, substantivos, ou seja, termos técnicos. Porém, disse que
isso não o influenciou no entendimento do texto e, quando necessário, levou em
consideração o texto como um todo. Na entrevista, confirmou esta análise: “o
significado da palavra em si, eu não sei, porque geralmente, quando a gente lê um texto
em inglês, não pode pensar em português. Então a gente começa a entender o
procedimento em inglês mesmo”.
Verificou-se que a figura não teve um papel muito importante, já que o
colaborador a mencionou como: “meio superficial”.
A terceira atividade de leitura foi a mesma que a primeira do colaborador B
(anexo 2). O colaborador C teve uma boa compreensão do texto, principalmente por
meio dos dados principais que descreviam o componente, utilizando o scanning para
encontrá-las. As demais informações foram obtidas pelas palavras-chave, que são
termos gerais também utilizadas em carros, como “Electrical power supply system
(sistema elétrico da fonte de alimentação)”, por exemplo e pelo conhecimento adquirido
na convivência com pessoas que trabalham com esse assunto.
Segundo o colaborador, a figura, nesse caso, confirmou tudo o que o texto dizia,
mas não foi fundamental para o entendimento.
No quarto texto apresentado (ANEXO 6) a esse colaborador, reparou-se que ele
realizou uma compreensão de forma tranquila. A leitura foi feita naturalmente, sem
pensar muito nas ferramentas que estavam sendo aplicadas, isto é, não reparou, por
36
exemplo, se o verbo estava no passado, no presente ou no futuro, apenas traduzia seu
significado.
Percebeu-se, também para este colaborador, que a imagem não teve influência
na interpretação que foi feita. Mais uma vez, como o colaborador B, a compreensão do
texto se deu, em sua maior parte, por meio do contexto linguístico e dos aprendizados
anteriores, utilizando isso para pressupor os significados para as palavras
desconhecidas.
A realização do skimming ao iniciar a leitura assim como o reconhecimento dos
cognatos e falsos cognatos, foi natural no processo de leitura desse colaborador. Logo
na primeira atividade, ao ser questionado se havia notado as palavras com escrita
parecida com o português, o colaborador completou a pergunta, afirmando: “os
cognatos!”. Ele ainda declarou que é muito difícil ser enganado pelos falsos cognatos,
porque o contexto “guia” a interpretação. Dessa maneira, percebe-se que o colaborador
está consciente da existência e da presença desse tipo de termos (falsos cognatos) nos
textos. Infere-se que isso se deve ao fato de que ele já realizou um curso em que as
estratégias de leitura foram trabalhadas.
Esse colaborador, apesar de conhecer as estratégias de leitura e de ter algum
conhecimento sobre o assunto dos textos ao interpretá-los, confessou que sua maior
dificuldade continua sendo o vocabulário técnico, isto é, palavras que não estão
presentes no dia-a-dia, ou são vistas apenas uma vez e que, consequentemente, com o
tempo você esquece. Sua tática contra esse esquecimento é a prática, ou seja,
conforme esses termos vão surgindo, ele as vai procurando, assim, chegará um
momento em que ele saberá o que significa aquela palavra.
4.4 Resultados obtidos
Como forma de sintetizar o que foi apresentado e analisado, será exposto na
Tabela 2 as principais estratégias utilizadas por cada colaborador, em cada texto.
Desse modo, é mais didático estabelecer uma comparação entre os perfis analisados.
Cabe ressaltar que as estratégias da tabela são aquelas que foram os alicerces
para a interpretação de cada colaborador, tendo em mente que para qualquer
37
interpretação, o leitor comumente utiliza, mesmo que inconscientemente, estratégias
como o conhecimento prévio (aliado também às palavras-chave), o reconhecimento de
cognatos e a inferência contextual (dedução), por exemplo.
Tabela 2 – Estratégias de Leitura em Língua Inglesa utilizadas pelos colaboradores
Texto 1 Texto 2 Texto 3 Texto 4 Texto 5 Texto 6
Co
lab
ora
do
r A
Palavras-
chave
Informação
não-verbal
- Skimming
Cognatos
Informação
não-verbal
Cognatos
-
Skimming
Palavras-
chave
Informação
não-verbal
Co
lab
ora
do
r B
-
Palavras-
chave
Scanning
Palavras-
chave
Informação
não-verbal
-
Skimming
Conhecimento
prévio
Inferência
contextual
Palavras-
chave
Informação
não-verbal
Inferência
contextual
Co
lab
ora
do
r C
Palavras-
chave
Inferência
contextual
Skimming
Palavras-
chave
Scanning
-
Palavras-
chave
Inferência
contextual
-
Palavras-
chave
Inferência
contextual
A estratégia skimming, encontrada em alguns espaços na tabela, foi utilizada por
todos os colaboradores, principalmente ao procurarem a resposta para a pergunta “qual
é o assunto do trecho?”. Em alguns textos, porém, a interpretação foi feita embasada
principalmente nela, ou seja, tudo o que o leitor extraiu de informações estavam
presentes no título, primeiras e últimas linhas.
Por meio dos dados da tabela, pode-se analisar como dois colaboradores
realizaram a mesma leitura. Sobre o primeiro texto (anexo 1), o colaborador A utilizou
as palavras-chave que já conhecia e foi colocando-as em ordem e observando a
imagem, principalmente, para conseguir entender o caminho do combustível no
38
sistema. A dependência desse colaborador com a figura e a falta de oportunidades de
estudo da língua faz com que ele se encaixe nos dados apresentados na seção 1.2
deste trabalho, que afirmam que a maior causa de erros na manutenção é a
interpretação dos manuais e que mais da metade da porcentagem dos técnicos utilizam
seus próprios meios para realizar as tarefas de manutenção.
Realizando a mesma atividade, o colaborador C utilizou as mesmas palavras-
chave, mas compreendeu o sistema de uma forma diferente, com o auxílio dos verbos e
inferindo as palavras que não conhecia, sem observar a figura. Entretanto, mesmo
tendo um conhecimento maior da língua inglesa, devido á um excesso de confiança em
sua leitura, este perfil também está sujeito àquela margem de erros na manutenção por
causa da interpretação errônea dos manuais.
O colaborador que estudou formalmente o inglês apresentou mais facilidade ao
ler os textos. Como apresentado por Ibiapino (2010) em sua pesquisa, quando expostos
aos métodos de estratégias de leitura, os alunos se sentem mais seguros para
compreender e assimilar o que está escrito em inglês. Notou-se também que, devido a
essa confiança, o colaborador não se prendeu as palavras cujos significados não sabia,
pois às vezes as ignorava, julgando não interferirem no seu entendimento, e, quando
necessário, propunha um sentido e seguia com a leitura.
Já o perfil que aprendeu inglês por conta própria, ou seja, sem o
acompanhamento de professores, surpreendeu ao utilizar uma gama maior de
estratégias para guiá-lo, diferentemente do que aconteceu com os outros participantes.
Possivelmente exista relação disso com o fato de ter desenvolvido a habilidade de
utilizar todos os meios, todas as estratégias ao seu alcance para compreender os
textos.
A cada leitura, o colaborador B, por meio das estratégias e do conhecimento que
tinha, compreendia as informações principais dos textos. Porém, o obstáculo das
palavras desconhecidas acabou deixando-o inseguro em relação a sua interpretação,
pois ele deduziu os significados das palavras desconhecidas, mas expressava sua
incerteza, pontuando que precisaria de um tempo maior para pesquisar e garantir que
aquelas palavras não mudaria o sentido do texto inteiro.
39
5 CONCLUSÃO
A partir da análise comparativa da interpretação de manuais em inglês por parte
de três perfis distintos, foi possível concluir que o profissional sem o conhecimento da
língua estrangeira embasa seus entendimentos nas imagens e tenta encontrar nelas
todas as informações. Enquanto isso, o profissional que teve oportunidade de estudar
formalmente o idioma, procura no próprio texto as informações de que precisa e utiliza a
figura para confirmar sua interpretação, ou, às vezes, não a utiliza.
O perfil que aprendeu o inglês a partir da convivência com a língua utilizou várias
técnicas de interpretação e se demonstrou apto para realizar as atividades
eficientemente. Porém, o perfil que possuía maior domínio do idioma, mesmo não tendo
experiência na área, teve melhor desempenho ao interpretar os textos.
Isso mostra a importância do conhecimento técnico da língua inglesa para os
profissionais de manutenção e restauração de aeronaves, o que justifica as disciplinas
de inglês ministradas durante o curso de tecnologia em manutenção de aeronaves e
deixa clara a necessidade de incentivar os técnicos da área a adquirirem esse
conhecimento.
Sugere-se, como continuidade para este trabalho, o ensino de inglês
instrumental para profissionais com pouco conhecimento da língua e o
acompanhamento dos resultados, visando documentar o tempo necessário para obter
melhorias satisfatórias na compreensão correta dos manuais e a diminuição do tempo
de execução das tarefas.
40
REFERÊNCIAS AZEVEDO, Nathalia C. Exame de proficiência em Língua Inglesa (EPLIS) para controladores de tráfego aéreo e operadores brasileiros de estação aeronáutica: impactos potenciais. 38f. Trabalho de conclusão de curso (Licenciatura em Letras – Português) – Instituto de Estudos da Linguagem, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2009. BORTOLETTO, Galaor. Entenda o que é Lingua Franca. 2010. Disponível em: <http://www.galaor.com.br/tag/lingua-franca>. Acesso em: 10.nov.2014 CARO, S.; BÉTRANCOURT, M. Ergonomie des documents numériques. In Traité Informatique, H7 220, Techniques pour l’Ingénieur (TPI): Paris, 2001. CHAPARRO A., GROFF L. S., CHAPARRO B. S., SCARLETT D. Survey of aviation technical manuals. Phase 2 report: User evaluations of maintenance documentation. Federal Aviation Administration, 2002. IBIAPINO, José K. S. Estratégias de Leitura: uma forma de facilitar a leitura e compreensão de textos em língua inglesa. Artigo científico apresentado como trabalho de conclusão do curso – Curso de Pós-Graduação em Língua Inglesa, Faculdade Montenegro, Picos – Piauí, 2010. QUEIROZ, Erika. Material de apoio de inglês instrumental. s.n. s.l. 2010. SOUZA, A. G. F.; ABSY, C. A.; COSTA, G. C.; MELLO, L. F. Leitura em Língua Inglesa: uma abordagem instrumental. 2ª Ed. Disal Editora, São Paulo – SP, 2010. ZAFIHARIMALALA, H.; Tricot, A. Text signals in the aircraft maintenance documentation. MAD, Multidisciplinary Approaches to Discourse, Moissac, Março, 2010. ZUPPARDO, M. C. A linguagem da aviação: um estudo de manuais aeronáuticos baseado na Análise Multidimensional. ReVEL. v. 11, n. 21, 2013. Disponível em: <www.revel.inf.br>. Acesso em: 5 jun. 2014.
41
APÊNDICE
Roteiro da entrevista a ser realizada com os colaboradores.
1. Você se considera um bom leitor de textos que estão em inglês? Por quê?
Objetivo: Investigar um pouco mais o perfil de proficiência do entrevistado.
2. Por que e com que frequência você utiliza textos que estão em inglês no seu
trabalho? Explique sua resposta.
Objetivo: Investigar um pouco mais o perfil do entrevistado.
3. Qual é o tema / assunto do trecho? Como você identificou esse tema? O que
te ajudou?
Objetivo: identificar a capacidade do colaborador em captar o assunto geral do
texto, sendo influenciado ou não por seus conhecimentos no assunto.
4. Quais são as principais informações deste texto? O que você fez para
encontrá-las?
Objetivo: Perceber quais são as estratégias utilizadas para responder à
pergunta, ou seja, para buscar essas informações principais; identificar a habilidade do
leitor em procurar palavras chaves no texto e seguir sua interpretação tendo o apoio
dessas palavras.
5. Você percebeu que há palavras no texto que são iguais / muito parecidas com
palavras do português? Você acha que elas ajudam a entender o texto? Por que
(sim/não)?
Objetivo: analisar se o leitor utilizou cognatos para compreender o texto.
Sobre falsos cognatos, se o leitor não mencionar nada:
42
Você acha que alguma palavra pode parecer com o português, mas ter um
significado diferente? Explique sua resposta.
6. Você olhou a figura para buscar alguma informação? Por quê (sim/não)?
Por que e para que existe essa figura? A figura é importante para a
compreensão do texto?
Objetivo: reconhecer o quão relevante a presença da gravura é para o leitor. Se
sua interpretação depende ou não da mesma.
7. Você conhecia o assunto do texto? Já estudou ou trabalhou com esse
assunto?
Objetivo: Descobrir se o entrevistado já conhecia o assunto.
8. Em uma escala de um a três (sendo 1= nada, 2= pouco e 3= muito), o quanto
o conhecimento prévio, o conhecimento que você já tinha, sobre o assunto influenciou
no entendimento do texto?
Objetivo: Identificar o quanto a experiência foi um fator determinante para a
interpretação.
9. O que você faz ao encontrar uma palavra no texto que você não conhece?
Objetivo: Investigar se o entrevistado utiliza a estratégia do contexto ou uso do
dicionário nesse tipo de situação.
10. O que você faz quando tem muita dificuldade em entender um texto em
inglês?
Objetivo: Investigar o que o entrevistado faz ao se deparar com uma dificuldade.
11. Qual você considera ser sua maior dificuldade ao ler textos em inglês em seu
trabalho?
Objetivo: Investigar se o entrevistado tem alguma dificuldade relacionada a
alguma estratégia em específico.
43
12. O que você faz para melhorar sua habilidade de leitura?
Objetivo: Investigar como o entrevistado procura se qualificar para o trabalho, já
que é preciso ler textos e inglês.
44
ANEXO 1
Leitura realizada pelos colaboradores A e C5.
Skywagon A185-series fuel system Description Skywagon A185-Series aircraft are equipped with either a standard fuel system employing an ON-OFF shut-off valve, or an optional system utilizing a three-position fuel selector valve and an ON-OFF shut-off valve. On the optional system, fuel flows by gravity from front and rear outlets in each fuel cell through lines down the front and rear cabin doors posts on both sides of the aircraft. These lines connect to tees below the floorboard. From each tee, a single line carries fuel to a fuel selector valve. From the selector valve, a single line carries the fuel through an accumulator tank, an ON-OFF valve, a fuel strainer, through an electric auxiliary fuel pump to the engine-driven fuel pump. A fuel line drain valve is located in the lowest point of the fuel supply lines on both sides of the aircraft.
5 CESSNA. Service Manual: Skywagon 180/185 Series & AGcarryall. 1974
45
46
ANEXO 2
Leitura realizada pelo colaborador B e C6.
Electrical Power Supply System Description Electrical energy for the aircraft is supplied by a 14-volt, direct-current, single-wire, negative ground electrical system. A single 12-volt battery supplies power for starting and furnishes a reserve source of power in the event of alternator failure. An engine-driven alternator is the normal source of power during flight and maintains a battery charge controlled by a voltage regulator. An external power receptacle is offered as optional equipment to supplement the battery system for starting and ground operation.
6 CESSNA. Service Manual: Skywagon 180/185 Series & AGcarryall. 1974
47
48
ANEXO 3
Leitura realizada pelos colaboradores A e B7.
7 CESSNA. Owner’s Manual: Skywagon 185 (Model A185F). Disponível em:
<http://www.mennen.org/airplanes/Logs46Q/C185%20Owners%20Manual.pdf>, acessado em: 15/10/2014
49
ANEXO 4
Leitura realizada pelos colaboradores A e C8.
8 AIRBUS. A320 Fuel – Airbus Training Manual, Flight Crew Operating Manual. p.7, 2010. Disponível em:
<http://www.smartcockpit.com/plane/AIRBUS/A320.html>, acessado em: 14/10/2014
50
ANEXO 5
Leitura realizada pelo colaborador B9.
9 Fonte: AIRBUS. A319/A320/A321 Electrical. p.30. Disponível em:
<http://www.smartcockpit.com/plane/AIRBUS/A320.html>, acessado em: 14/10/2014
51
ANEXO 6
Leitura realizada pelos colaboradores A, B e C10.
10
AIRBUS. A319/A320/A321 Indicating and Recording. p.36. Disponível em:
<http://www.smartcockpit.com/plane/AIRBUS/A320.html>, acessado em: 14/10/2014