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TECNOLOGIA SUSTENTÁVEL DO VEÍCULO ELÉTRICO E O CONSUMO COMPARTILHADO NA CIDADE DE SÃO PAULO Regina da Silva Ornellas (USP ) [email protected] James Terence Coulter Wright (USP ) [email protected] O crescimento das cidades e das populações tem promovido o aumento de renda e consequentemente o aumento do consumo. Alguns interpretam o crescimento do consumo como sinais de desenvolvimento de uma sociedade. Porém ao analisar os resultadoos decorrentes do aumento desse consumo, é percebido que ele traz bons resultados, juntamente com maus e que podem ser irreversíveis. Esse consumo tem se caracterizado por ser descontrolado e insustentável, trazendo malefícios, especialmente ao planeta. Um exemplo desse crescimento á a frota de veículos, que traz junto com ela aumento do congestionamento na Cidade, que gera a emissão de gases poluentes. Em vista desse cenário, o Consumo Colaborativo, que antigamente era notado apenas como forma usual de compartilhamento (escambo, empréstimo, troca e aluguel entre pessoas), está sendo estabelecido e disseminado pelas redes sociais, dispositivos móveis e geolocalização, que são tecnologias que permitem a qualquer pessoa encontrar locais, produtos e serviços disponíveis e compartilháveis ao redor do mundo. Esse movimento que está ganhando caráter e força, juntamente com a tecnologia para Veículos Elétricos, tem capacidade de transformar os negócios e o modo de uma sociedade consumir e viver, enfatizando a filosofia da redução de gastos e o incentivo a que consumidores passivos passem a ser colaboradores ativos de uma tecnologia sustentável. O objetivo desse estudo é compreender o funcionamento do Consumo Colaborativo e o impacto de aderência á esse novo movimento em Veículos Elétricos. Palavras-chaves: Consumo Colaborativo; Automóveis; Avaliação de Impacto; Veículo Elétrico XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.

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TECNOLOGIA SUSTENTÁVEL DO

VEÍCULO ELÉTRICO E O CONSUMO

COMPARTILHADO NA CIDADE DE SÃO

PAULO

Regina da Silva Ornellas (USP )

[email protected]

James Terence Coulter Wright (USP )

[email protected]

O crescimento das cidades e das populações tem promovido o aumento

de renda e consequentemente o aumento do consumo. Alguns

interpretam o crescimento do consumo como sinais de desenvolvimento

de uma sociedade. Porém ao analisar os resultadoos decorrentes do

aumento desse consumo, é percebido que ele traz bons resultados,

juntamente com maus e que podem ser irreversíveis. Esse consumo tem

se caracterizado por ser descontrolado e insustentável, trazendo

malefícios, especialmente ao planeta. Um exemplo desse crescimento á

a frota de veículos, que traz junto com ela aumento do

congestionamento na Cidade, que gera a emissão de gases poluentes.

Em vista desse cenário, o Consumo Colaborativo, que antigamente era

notado apenas como forma usual de compartilhamento (escambo,

empréstimo, troca e aluguel entre pessoas), está sendo estabelecido e

disseminado pelas redes sociais, dispositivos móveis e geolocalização,

que são tecnologias que permitem a qualquer pessoa encontrar locais,

produtos e serviços disponíveis e compartilháveis ao redor do mundo.

Esse movimento que está ganhando caráter e força, juntamente com a

tecnologia para Veículos Elétricos, tem capacidade de transformar os

negócios e o modo de uma sociedade consumir e viver, enfatizando a

filosofia da redução de gastos e o incentivo a que consumidores

passivos passem a ser colaboradores ativos de uma tecnologia

sustentável. O objetivo desse estudo é compreender o funcionamento

do Consumo Colaborativo e o impacto de aderência á esse novo

movimento em Veículos Elétricos.

Palavras-chaves: Consumo Colaborativo; Automóveis; Avaliação de

Impacto; Veículo Elétrico

XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos

Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.

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1 Introdução

Alguns argumentam que a sociedade contemporânea é caracterizada por uma visão distorcida

do chamado “desenvolvimento”, em que os defensores dele acreditam que qualquer proposta

que restrinja rotinas e atividades de produção e consumo da sociedade, fará com que essa

regrida. Esses defensores ressaltam que a questão primordial dessa questão não está em

impedir a industrialização e o desenvolvimento de um país e do mundo. Realmente, a criação

de empecilhos para o desenvolvimento de uma sociedade não é a solução para todos os

problemas. A verdadeira incompatibilidade situa-se entre a preservação ambiental e o exagero

como o consumo insustentável e desnecessário e o acúmulo privilegiado de riquezas. O

desenvolvimento não deve ser reconhecido apenas como manifesto através do acumulo de

riquezas, mas a saúde da população e local em que vive, o chamado “meio ambiente” também

podem ser alguns dos fatores que medem o desenvolvimento de uma sociedade.

O crescimento constante das populações vem causando grande problemática ao meio-

ambiente, pois quanto maior é a população humana, maior é o consumo de alimentos e

recursos naturais. Além disso, o consumo de forma excessiva gera uma considerável

quantidade de resíduos sólidos, que não possuem destino definido dando origem a lixões e

aterros que não portam condições para seu armazenamento.(BRANCO, 1997, pág 6)

O consumismo exagerado, somado ao aumento populacional no globo terrestre, faz com que

existam cada vez mais indústrias, que por sua vez, consomem grande quantidade de energia

elétrica e matérias-primas, gerando grandes quantidades de lixo, causando enormes impactos

ambientais. Além disso, ocorre um esgotamento de recursos não renováveis, que uma vez

consumidos não podem ser repostos, como o petróleo e os minérios.

1.1 Consumo Não Sustentável : Aumento da Frota de Veículos em São Paulo

Um dos exemplos de consumo desenfreado é o de veículos. No Brasil em média há 4,4

veículos por km², mas nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro esta relação é,

aproximadamente, doze vezes superior.(GUIDORIZZI et al, 2009). Elevadas concentrações

de veículos com pouca infraestrutura viária compõem uma fórmula potencialmente forte para

a geração de congestionamentos. (FOLHA DE SP, 2011)

Na década de 70, São Paulo tinha aproximadamente 965.000 carros e dispunha de 14.000

quilômetros de ruas e para a quantidade atual de veículos dispõe de 17.000 quilômetros de

ruas. Esses números, indicam um crescimento de 725% de carros para 20% a mais de ruas.

(ESTADO DE SÃO PAULO, 2011). A mobilidade no Município de São Paulo e na sua

região metropolitana decresceu de 1,53 viagens motorizadas por habitante, em 1977, para

1,32, em 1987, e para 1,23, em 1997, apresentando um pequeno crescimento em 2002, quando

retorna ao índice de 1,33, próximo ao de 1987. (PESQUISA ORIGEM DESTINO, 2002).

Este é um indicador importante porque reflete o nível socioeconômico da população, assim

como as condições de circulação existentes no município. A queda da mobilidade pode ser

uma decorrência do desemprego e a diminuição da renda , dois fatores que levam à redução

dos deslocamentos realizados.

A divisão modal das viagens é a maior causa dos problemas de transporte e trânsito na Região

Metropolitana de São Paulo e das dificuldades de circulação existentes. O Município de São

Paulo é responsável por 63% das viagens motorizadas de toda a Região Metropolitana, sendo

que 90% desses deslocamentos são internos. (PESQUISA ORIGEM DESTINO, 2002).

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Devido aos tempos médios de viagem ter sido sempre significativamente maiores para as

viagens realizadas por modos coletivos do que as de automóvel, isso reforça a percepção

favorável ao automóvel por parte da população e contribui para o agravamento da divisão

modal das viagens. Indicado na fig. 1 são cadastrados diariamente em São Paulo 600 a 1000

veículos; desses 250 estão por dia nas ruas.

Figura 1: Evolução da Frota de Carros na Capital da Cidade de São Paulo

Fonte: Jornal Estado de São Paulo (http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,frota-de-sp-chega-neste-mes-a-

7-milhoes,686964,0.htm) – Mar, 2011.

A Fundação Dom Cabral pesquisou o trânsito de grandes cidades brasileiras como São Paulo,

Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Porto Alegre. O resultado é que todas as cidades pesquisadas

estão em um nível alarmante de congestionamentos, que poderão fazer as mesmas

simplesmente travarem daqui alguns anos. De acordo com a pesquisa, São Paulo, por

exemplo, poderá parar em apenas 4 anos. O Rio de Janeiro, daqui há 5 anos. Já as outras duas

capitais, o prazo para pararem com seus congestionamentos é de 12 anos. Há um ano atrás,

São Paulo tinha previsão de 5 anos, o Rio de 6 e as outras duas, 15 anos cada uma. Ou seja,

em 1 ano os níveis de congestionamento aumentaram, assim como as frotas de veículos. Em

São Paulo, os congestionamentos estarão cada vez maiores daqui para a frente, sendo que eles

começarão a se interligar, parando a cidade. Num estudo feito há 4 anos, São Paulo formava

filas de veículos com 100 metros em 1 minuto. Hoje, a fila é de 150 metros, um aumento de

50%. Com cada vez mais carros nas ruas, principalmente com apenas um ocupante, as filas

continuarão a crescer de forma assustadora. Hoje, cada quilometro de engarrafamento

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comporta 750 veículos. Na fig. 2, é indicado o resultado dos congestionamentos em São

Paulo. (NOTÍCIAS AUTOMOTIVAS, 2009).

Figura 2: Fórmula dos Congestionamentos de São Paulo.

Fonte: Jornal Estado de São Paulo (http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,frota-de-sp-chega-neste-mes-a-

7-milhoes,686964,0.htm) – Mar, 2011.

O aspecto econômico pode passar despercebido, mas um trânsito eficiente permite

deslocamento mais rápido dos funcionários para seus locais de trabalho, aumentando a sua

produtividade, bem como diminui sensivelmente os custos das operações logísticas. Como

resultante, há melhoria na qualidade de vida da população, uma maior produtividade

econômica e menos poluição. (NOTICIAS AUTOMOTIVAS, 2009).

2 Consumo Colaborativo

A quantidade e as intenções que levam a aquisição de produtos podem variar, de acordo com

idade, formação, expectativas de futuro e etc., mas todos tem algo em comum: todas as

aquisições primeiramente são construídas na mente para depois serem materializadas. O

economista e sociólogo Thorstein Veblen foi o primeiro a utilizar o termo "consumo

consciente" em 1899 e o utilizou para descrever a classe que até então estava emergindo

durante os séculos 19 e 20. Essa geração tinha por característica evidenciar sua saúde e o

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poder social por usar roupas que tornem visível sua prosperidade e se diferenciar do público

de massa. O mais interessante é o excesso do consumo que culminou após isso, por volta de

meados de 1950, nos Estados Unidos, chamado de hyper consumo, que foi caracterizado pelo

consumo descontrolado e o mais espantoso é a linha que separa esse consumo entre o que é

realmente necessário e o que é conveniente e uma lista interminável, que pode ser chamada de

eu "quero ter".

2.1 Mudanças provocadas pelo Consumo Colaborativo

Diariamente as pessoas têm praticado Consumo Colaborativo e ao mesmo tempo o Consumo

Colaborativo tem habilitado pessoas para realizar benefícios além de simplesmente acessar

serviços e produtos e ao mesmo tempo economizar recursos, espaço e tempo, mas também

possibilita o contato social. Quando o gasto de uma sociedade sofre aumento, é um sinal de

maior consumo – que não é por si só um ato sustentável ou saudável. (BOTSMAN; ROGERS,

2010.p. 11). De acordo com Thomas Friedman, o ano de 2000 que foi marcado pelo ataque da

grande recessão nos Estados Unidos pode ser encarado como se a “Mãe Natureza” e Mercado

ordenassem um bloqueio do consumo.

Consumo Colaborativo pode ser definido como “colocar um sistema” em um lugar onde

pessoas podem compartilhar recursos sem sofrerem penalidade por isso, com liberdade ou

sacrifício á suas vidas. O conceito de não ser dono ou ter posse não é recente. No mundo dos

negócios isso é muito utilizado como forma de redução de custos. Por consumidores, esse

conceito também não é recente. A diferença é que agora com a Web 2.0 criou-se a

oportunidade de compartilhar produtos de forma conveniente e custo acessível, de acordo com

sua própria demanda e diferente de formas tradicionais de aluguel. Muitas pessoas possuem

objetos que nunca utilizaram ou que simplesmente utilizaram uma única vez. Isso gera dois

problemas: um empilhamento de itens e o aumento de lixo nas cidades. Isso não se aplica

somente a produtos físicos, mas também a informações que são coletadas e simplesmente

armazenadas – sem uso algum. (BOTSMAN; ROGERS, 2010.p. 12). A coletividade e os

valores de viver em comunidade transformaram-se em "eu". Fabricantes e a indústria do

marketing tem incentivado a que as pessoas utilizem seu tempo livre para escolher melhores

carros, melhores casas e etc. O tempo livre que até então era utilizado para a socialização,

agora é utilizado para trabalho, compras e acesso á redes sociais a fim de compartilhar .

opiniões com outras pessoas, fotos, afazeres e etc. As estatísticas mostram que essa geração é

mais competitiva, comercial e ambiciosa do que qualquer outra - porém ela abandonou os

valores de suas anteriores gerações e tem desenvolvido seus próprios valores e tem

desenvolvido um mundo que compartilha e que quebra barreiras de elitismo e hierarquia para

promover um mundo de participação, que compartilha e se conecta com pessoas que tenham

interesse em comum.( BOTSMAN; ROGERS, 2010.p. 54-56).

2.2 Sistemas de Consumo Colaborativo

O novo mecanismo promissor economicamente e socialmente que inicia realiza um balanço

entre as necessidades individuais e as comunidades e o planeta - Consumo Colaborativo -

provavelmente também provocará um desequilíbrio. Ele é baseado nas três sistemas:

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1- Sistema de Produtos e Serviços que habilita múltiplos produtos de uma companhia para

serem compartilhados ou produtos privados que podem ser compartilhados ou alugados um a

um.

2- Redistribuição de Mercados que encoraja ao reuso e a redistribuição de itens antigos ou

que não estão em uso e contribui significativamente para redução de lixo

3- Estilos de Vida Colaborativos que consiste na interação de pessoas com interesses

similares e que podem e querem compartilhar dos seus conhecimentos, recursos, espaço,

dinheiro com outros.

Através do Consumo Colaborativo a sustentabilidade é tida como uma das consequências. E

essa nova geração, caracterizada por uma ligação com a tecnologia, tem construído uma larga

parte de liberdade através do que “temos” e uma identidade através do que “fazemos”. Essa

geração está provocando uma ruptura de conceitos e tem gerado novos canais em ascensão.

3 Tecnologia: Veículo Elétrico

O consumo abundante de combustíveis fósseis, derivados do petróleo, é a principal causa do

fenômeno conhecido como Aquecimento Global. Veículos movidos a motor de combustão

liberam na atmosfera gases poluentes como o dióxido de carbono (CO2). De acordo com o

Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, 75% das emissões de CO2 dos

últimos 20 anos derivam da queima de combustíveis fósseis. A ideia do Veículo Elétrico é

promover a substituição do petróleo por fontes de energia renovável e não poluentes, que

ofereceriam qualidade de vida às cidades. O mundo inteiro tem somado esforços nesse

sentido. Na Dinamarca, 20% da eletricidade é gerada com o uso do vento. Brasil e Paraguai

são países detentores de recursos naturais, sobretudo hídricos, com vocação para energia

hidráulica e os biocombustíveis. (CHAUD et al, 2012)

Uma alternativa de fonte de energia limpa e renovável para o petróleo é a hidreletricidade.

Essa solução que aproveita a força da água corrente, sem reduzir sua quantidade e sem gerar

subprodutos tóxicos. Embora somente 33% do potencial hidrelétrico tenham sido

aproveitados, esse percentual evita a emissão de gases correspondente à queima de 4,4

milhões de barris de petróleo/dia.

Os veículos elétricos atuais - em teste, já lançados ou anunciados - usam quatro tipos de

tecnologia. Os híbridos ou Hybrid Electric Vehicle (HEV) combinam a energia de um motor

elétrico com a de um motor convencional de combustão interna (MCI), a gasolina,

biocombustível, ou flex. Percorrem curtas distâncias iniciais (10 a 15 km) exclusivamente

com eletricidade e, quando a bateria se esgota ou quando o veículo atinge uma determinada

velocidade, entra em funcionamento o motor de combustão interna, acionando as rodas e

também recarregando o conjunto de baterias. O modelo híbrido mais vendido atualmente, o

Toyota Prius, foi lançado em 1997 e chegou ao final de 2010 a 2 milhões de unidades

vendidas. A configuração híbrida paralela usa ambos os motores – de combustão interna e o

elétrico – para fornecer propulsão mecânica para as rodas, em conjunto ou de forma

independente. Na configuração em série, as rodas são mecanicamente conectadas somente ao

motor elétrico; o motor de combustão gera eletricidade diretamente para o motor elétrico e

para recarregar a bateria.

Os híbridos plug-in ou Plug-in Hybrid Electric Vehicle (PHEV) também combinam motor a

combustão interna e motor elétrico, sendo esse, porém, recarregável na rede elétrica; imagina

se que, no futuro, esses veículos poderão até armazenar eletricidade e devolvê-la à rede em

horários de pico. Todos os híbridos no mercado têm um sistema de frenagem regenerativa,

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que captura a energia cinética do veículo e a transforma em energia elétrica. Nos veículos

elétricos puros ou Electric Vehicle (EV) a bateria deve ser recarregada na rede elétrica (fonte

primária de energia), uma vez que um veículo elétrico não tem capacidade a bordo para

recarregar o conjunto de células de baterias.

O Veículo Elétrico é um tipo de veículo que utiliza propulsão por meio de motores elétricos

para transportar ou conduzir pessoas, objetos ou uma carga específica. É composto por um

sistema primário de energia, uma ou mais máquinas elétricas e um sistema de acionamento e

controle de velocidade ou binário. Os veículos elétricos fazem parte do grupo dos veículos

denominados Zero-Emissões, que por terem um meio de locomoção não poluente não emitem

quaisquer gases nocivos para o ambiente, nem emitem ruído considerável pois são bastante

silenciosos. (IEA, 2009).

4 Problema de Pesquisa

A cidade de São Paulo sofre o efeito do consumo descontrolado, especialmente em relação ao

setor de veículos e isso tem gerado más consequências, em que podem ser resumidas em

aumento de poluição do ar e constantes problemas de trajeto – as quais podem ser

minimizadas com projetos diferenciados de trânsito. Um desses projetos que podem ser

caracterizados entre “melhoramentos urbanos” poderia ser a implementação da tecnologia do

Veículo Elétrico no movimento de Consumo Colaborativo de Veículos, por meio do

compartilhamento de veículos inicialmente na Região Metropolitana de São Paulo. Portanto,

mediante essa análise, o problema de pesquisa proposto é: Quais são os impactos do Consumo

Colaborativo de Veículos Elétricos na cidade de São Paulo em 2040?

5 Método de Pesquisa

Para atingir seus objetivos, a pesquisa ocorreu em duas etapas: a primeira, com caráter

qualitativo, que tem por objetivo o entendimento do aumento descontrolado do consumo, suas

consequências e Consumo Colaborativo: como uma tendência que já é confirmada em alguns

países e ainda não difundida no Brasil e especificamente na cidade de São Paulo. A pesquisa

qualitativa ocorreu por meio do levantamento em fontes secundárias. A segunda parte será

realizada pela construção de Cenários, seguindo a metodologia de Wright e Spers. (WRIGHT;

SPERS, 2006).

5.1 Avaliação de Impacto

A Avaliação de Impacto pode ser definida como um conjunto de passos que ajudam a avaliar

impactos econômicos, sociais e ambientais antes de propor novas iniciativas. (PORTER et al,

2011). É utilizada como uma ferramenta que dá subsídio ao processo de tomada de decisão.

Considerando que o objetivo da Avaliação de Impactos é assegurar que os problemas em

potenciais sejam previstos e solucionados ou remediados no estágio inicial da elaboração do

projeto. Na literatura, não há uma única metodologia que pode ser aplicada para a Avaliação

de Impacto. Para essa pesquisa serão utilizadas a Delphi e Cenários.

5.2 Construção de Cenários

A metodologia aplicada no estudo é a elaboração de cenários. As decisões que são feitas hoje,

e que moldam o futuro, são baseadas na extensão dos conhecimentos atuais, que são incertos.

Portanto, tendo em vista que os conhecimentos sobre a situação atual são insuficientes para a

tomada de decisões de forma precisa, os gestores precisam de ferramentas que os possibilitem

lidarem da melhor forma possível com as incertezas. O futuro é desconhecido e impossível de

ser previsto com precisão, uma vez que não existe uma técnica ou “bola de cristal” perfeita.

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(PORTER et al, 1991). De acordo com Wright e Spers (2006), há três possibilidades de visões

do futuro: a visão extrapolativa, exploratória e normativa. A visão extrapolativa busca projetar

o futuro, a partir do que ocorreu no passado. Na visão exploratória, admite-se que o futuro

pode ser diferente do passado, e busca-se prever diferentes cenários daquilo que possa

acontecer. Por fim, a visão normativa busca projetar o que a organização deseja que ocorra no

futuro. Seria, dessa forma, o melhor cenário possível. O método de elaboração de cenários

elaborados utilizado nessa pesquisa segue oito etapas (RINGLAND, 1998)

6 Elaboração de Cenários

Tendo por base o modelo e as etapas apresentadas, foram elaborados os cenários que

contemplam o Consumo Colaborativo de Veículos na cidade de São Paulo.

Etapa 1: Definição do Escopo e Objetivos dos Cenários

Foi realizada uma projeção de alternativas estratégicas de médio e longo prazos com

horizonte de tempo de 2040.

Com relação ao público principal a quem se destinam os cenários, destacam-se os seguintes

grupos:

- População da Cidade de São Paulo;

- Usuários de Veículos na Cidade de São Paulo;

- Empresas montadoras de Veículos;

- Empresas revendedoras de Veículos;

- Empresas fornecedoras de Energia;

- O Governo do Estado de São Paulo (especialmente entidades como Departamento de

Tráfego);

- Empresas locadoras convencionais de Veículos;

- Empresas locadoras de Veículos no Sistema Colaborativo;

- Empresas atuantes no setor de Estacionamentos na Cidade de São Paulo.

Quanto aos competidores, há grandes empresas no mercado de locação convencional de

veículos, tais como a Avis, Unidas, Hertz, Rentcars, Localiza e outras. Dentro do movimento

de Consumo Colaborativo, há na Cidade de São Paulo apenas uma empresa: Zazcar – porém

assim como as locadoras convencionais, ela atua com Veículos movidos a combustão.

Desta forma, considerando o contexto do setor, os grupos de interesse e as decisões a apoiar,

os cenários deverão tratar das seguintes questões:

- Compartilhamento de Veículos: alternativa a posse e ao aluguel tradicional de Veículos;

- Mobilidade: o uso de alternativas para deslocamento, mas que não gerem ou contribuam

com o congestionamento;

- Economia: redução de custos advindos da posse do Veículo;

- Conveniência: comodidade de resgatar o Veículo Compartilhado em locais convenientes

para o usuário;

- Sustentabilidade: redução de veículos (contribuindo para a redução de congestionamento

na cidade); redução de lixo (pelo acúmulo de materiais após depreciação gerados pelo veículo

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próprio); redução da emissão de gases (pela tecnologia elétrica); economia de combustíveis e

redução da poluição sonora;

- Qualidade de Vida: com a redução de congestionamento e horas no trânsito da Cidade, a

Qualidade de Vida tende a ser maximizada;

- Produtividade: com uma qualidade de vida melhorada, a produtividade da população

poderá ser maior e consequentemente a produtividade da Cidade de São Paulo poderá ser

ampliada, o que influencia diretamente no PIB da Cidade.

Etapa 2 . Identificação das variáveis, tendências e eventos fundamentais

Uma vez definido o escopo e os objetivos dos cenários do Consumo Colaborativo de Veículos

na cidade de São Paulo, e fazendo uma análise do panorama atual do setor, foi possível

identificar uma lista das principais variáveis dos cenários:

- Renda da população;

- Linhas de Crédito;

- Poluição na Cidade de São Paulo;

- Congestionamento;

- Disponibilidade de Recarga de Energia;

- Custo de Recarga de Energia;

- Desemprego em Empresas Montadoras de Veículos a Combustão

Etapa 3 . Estruturação das variáveis dos cenários

Neste sentido foi possível identificar fatores invariantes relevantes para o Consumo

Colaborativo de Veículos na cidade de São Paulo, como o crescimento e perfil populacional

(envelhecimento da população), assim como a distribuição de renda, que deverá melhorar em

todos os cenários analisados, sendo considerada uma tendência pesada.

Estas variáveis foram organizadas utilizando o Modelo das Cinco Forças Competitivas, de tal

forma a garantir que os cenários contemplem todos os elementos relevantes para o setor de

Veículos Elétricos no sistema de Consumo Colaborativo na Cidade de São Paulo, conforme

Fig. 3.(PORTER, 1986).

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Figura 3: Matriz das Cinco Forças no Consumo Colaborativo de Veículos Elétricos

Fonte: Adaptado pelos autores com base nas Matriz das Cinco Forças de Porter.

As relações entre as variáveis foram identificadas de forma manual e com a análise dos

autores, que tem por objetivo identificar as variáveis que irão determinar os cenários. A

divisão de variáveis foi feita com base na técnica de Análise e Estruturação de Modelos.

(WRIGHT, 1991).

- Variáveis resultantes: desordem no tráfico urbano, evolução de tecnologias substitutivas,

inovação em formas de consumo e sustentabilidade.

- Variáveis intermediárias: número da frota de veículos, locadoras de veículos, número de

usuários pessoais e profissionais de automóveis, tráfego intenso, geração de resíduos, emissão

de gases poluentes e esgotamento de fontes naturais para combustão.

- Variáveis causais: necessidade de mobilidade urbana, fatores econômicos e incentivos a

posse do automóvel (mídia e cenário econômico).

A relação entre as variáveis, combinada aos resultados das projeções dos estados futuros das

variáveis, permitiu a elaboração da matriz de variáveis dos cenários.

Etapa 4 . Projeção dos estados futuros das variáveis

Nesta etapa são feitas projeções qualitativas de dois a quatro estados futuros por variável, com

base nas opiniões dos especialistas consultados. A técnica utilizada nessa etapa é a Delphi. A

Rodada 1 contou com oito questões detalhadas, a partir das quais foi possível caracterizar os

estados futuros das variáveis que compõem os cenários. Na primeira rodada houve uma

participação de 20 pessoas, que são enquadradas como usuários de veículos e residentes de na

Cidade de São Paulo. A partir dos resultados da Rodada 1 foi possível identificar um cenário

mais provável e dois cenários contrastados para o consumo do Veículo Elétrico em São Paulo,

até 2040, utilizando os futuros estados das variáveis. Estes cenários foram apresentados na

Rodada 2, com o objetivo de refinar as opiniões da Rodada 1 e gerar dados para a elaboração

de um cenário desejado, para completar a matriz de cenários.

Na Rodada 2 participaram 15 pessoas que puderam contrastar as opiniões apresentadas na

Rodada 1. A partir dos resultados da Rodada 2 foi possível montar uma estrutura das variáveis

do cenário e uma matriz de cenários completa, com um cenário mais provável, um desejado e

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dois cenários contrastados ou exploratórios, e a partir desta matriz os textos sobre os cenários

são desenvolvidos.

Etapa 5 . Identificação de temas motrizes dos cenários

A partir da primeira e segunda rodada do Delphi, utilizando os dados, assim como as

justificativas das respostas e os dados qualitativos, foram definidos:

- Cenário mais provável: Cidade em perigo.

- Cenário contrastado 1: Cidade em reestruturação.

- Cenário contrastado 2: Cidade responsável, mas sem recursos.

- Cenário desejado: Cidade Inteligente

Etapa 6 . Montagem da matriz morfológica dos cenários

Foi feita uma análise, com combinação consistente entre todas as variáveis dos cenários,

gerando uma matriz dos cenários, que serviu de base para a redação dos cenários para o

Consumo Colaborativo do Veículo Elétrico em 2040, indicada na Fig. 4.

Etapa 7 . Redação dos cenários 2040

A metodologia apresentada neste estudo possibilitou a participação estruturada de usuários de

veículos na Cidade de São Paulo, promovendo uma reflexão sobre o futuro da Cidade, que

deverá melhorar a qualidade de suas ações por meio da compreensão das implicações dos

cenários para a situação atual e futura da Cidade de São Paulo. A redação dos cenários está

contida á partir da página 10 dessa pesquisa.

8- Elaborar os cenários de transição ou de planejamento

A elaboração de cenários foi realizada, de acordo com as etapas em desenvolvimento que

permitiram a construção de cenários de curto e médio prazo, coerentes com os cenários de

longo prazo identificados.

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Matriz Morfológica para 2040

Variáveis Cenário 1 Mais Provável

Cidade em Perigo

Cenário 2 Contrastado

Cidade em Reestruturação

Cenário 3 Contrastado II

Cidade Responsável e Sem

Recursos

Cenário 4 Desejado

Cidade Inteligente R

end

a d

a p

op

ula

ção

Permanecerá equilibrada, com

lentos reajustes e por isso ela

avaliará uma mudança de hábito no

consumo desde que promova

economia de custos e manutenção.

Continuará a ser uma das

dificuldades da Cidade, porém o

início da preocupação com o

meio ambiente pode promover

mudanças nos hábitos de

consumo.

A renda não sofrerá aumento e por

isso estará mais propicia ao

momento de repensar valores e

hábitos. A adoção de novas

tecnologias que promovam a

sustentabilidade será considerada.

A renda será considerada o retorno

recebido pelo trabalho, que deve

ser investido em ações que visem a

preservação da geração atual e das

posteriores. Para isso, serão

adotadas ações e tecnologias

inovadoras.

Lin

ha

s d

e C

réd

ito

As linhas de crédito facilitarão a

aquisição de produtos,

especialmente veículos, que

proporcionarão para alguns a

demonstração de sucesso na vida.

As linhas de crédito estarão

disponíveis, com juros especiais

para projetos e produtos que

visem ação para o meio

ambiente.

As linhas de crédito estarão

escassas, visto que a situação

econômica da Cidade estará em

declínio. Isso provocará

dificuldades em disponibilidade e

alta taxa de juros das entidades

detentoras.

Muitos incentivos para acesso a

linhas de crédito, inclusive para

aquisição de produtos que visem a

sustentabilidade.

Po

luiç

ão

na

Cid

ad

e

de

o P

au

lo

A poluição continua a vigorar na

Cidade com altas taxas.

A poluição continuará alta porém

haverá ações governamentais a

fim de controlar a geração de

poluição, especialmente em

veículos movidos a combustão.

A poluição na Cidade sofrerá

declínio, mas não sendo resultado

de ações governamentais, mas em

virtude da situação econômica da

Cidade que não estará propicia a

custos com Veículos.

A poluição na Cidade estará

controlada, sendo resultado tanto

de ações governamentais como

incentivos fiscais, econômicos,

ambientais para aquisição de

tecnologias alternativas que visem

o ar do planeta.

Co

ng

esti

on

am

ento

O congestionamento continuará

alto, por conta de não haver

investimentos em transporte

público e por isso os residentes na

Cidade não tem outra alternativa

para locomoção.

O congestionamento na Cidade

continuará alto, mas propenso a

reduções pois a Cidade

incentivará o uso de transportes

coletivos e promoverá

infraestrutura para isso.

O congestionamento estará

equilibrado pois a Cidade estará

mais propensa ao uso do transporte

coletivo, mesmo que esse não

suporte a população e não

promova infraestrutura suficiente.

O congestionamento permanecerá

sem reduções, mas propenso a

melhorias devido a incentivos para

adoção de transportes alternativos,

como Veículo Compartilhado,

Ciclovias e etc.

Dis

po

nib

ilid

ad

e d

e

Rec

arg

a d

e E

ner

gia

Por se tratar de uma tecnologia

ainda em estudo, a disponibilidade

para recarga elétrica ainda será

restrita. Isso será um implicante

para adoção da tecnologia na

Cidade.

Haverá disponibilidade suficiente

para recarga de energia, embora

a adoção do Veículo Elétrico

ainda esteja em fase inicial.

Em virtude da situação econômica

da Cidade, os investimentos em

pesquisa e desenvolvimento serão

escassos. Por isso, a

disponibilidade de recarga de

energia será de propriedade

privada e restrita.

A Cidade será munida de energia

suficiente para adoção inicial do

Veículo Elétrico, porém será

necessário contínuo estudo para

investigação de novas formas de

energia sustentável.

Cu

sto

de

Rec

arg

a d

e

En

erg

ia

O custo da recarga será alto. Se

tratando de uma tecnologia ainda

em desenvolvimento com um custo

alto para manutenção, o usuário não

estará disposto a adoção imediata.

Embora o custo esteja em estudo

para melhoria, ainda estará alto

para um usuário particular. Por

conta disso, a adoção inicial será

governamental, aplicada em

transporte coletivo e frotas de

táxis.

O custo será equilibrado para

adoção pois trata-se de propriedade

privada, que intenciona o

desenvolvimento de uma gama de

usuários, que terão como

primordial intenção a negociação

do custo para adoção do produto.

Se este promover um custo inferior

ao Veículo a Combustão, a adoção

poderá ser imediata.

O custo de recarga será melhorado

pois com o avanço em estudos,

haverá possibilidade de redução

por inovações e melhorias no

desenvolvimento do sistema.

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Des

emp

reg

o e

m

Em

pre

sas

Mo

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do

ras

de

Veí

cu

los

a

Co

mb

ust

ão

O desemprego no setor de Veículos

permanecerá equilibrado, desde que

as variáveis de disponibilidade e

custo de recarga elétrica

permaneçam constantes.

O desemprego no setor de

Veículos estará em equilíbrio,

visto que a adoção para uma

nova tecnologia ainda está em

andamento e ainda é considerada

uma incerteza.

Visto que a adoção da tecnologia

Elétrica estará em

desenvolvimento, o desemprego

em setores apenas movidos a

combustão sofrerá aumento - mas

ainda considerado pequeno.

O desemprego estará equilibrado.

Porém haverá uma busca por

pessoas com habilidade em

pesquisa e desenvolvimento, que

tenham aptidão para novas

tecnologias e descobertas

sustentáveis.

Figura 4: Matriz Morfológica de Cenários para 2040. Fonte: elaborado pelos autores.

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7 Conclusão

Quando é analisado o Cenário Desejado ou “Cidade Inteligente”, é possível identificar que

esse cenário contempla tudo que a Cidade precisa para continuar ainda sendo considerada a

principal Cidade de Negócios do país e ainda preservar o meio ambiente, propiciar Qualidade

de Vida para a população; qualidade essa que seria representada por saúde, emprego, poder de

compra e mobilidade urbana de qualidade, sustentável e eficiente. Porém é também possível

identificar a diferença extrema entre o Cenário Mais Provável “Cidade em Perigo” e “Cidade

Inteligente”. Para que hajam as mudanças necessárias que transformem a atual Cidade de São

Paulo em uma Cidade Inteligente, é necessária, inicialmente, uma mudança cultural por parte

da população; que incite nos habitantes da Cidade uma visão do Cenário Atual e das

consequências geradas pelo comportamento pessoal e industrial são absolvidas pelo meio

ambiente e irá afetar grandemente a população nos próximos anos. A adoção da tecnologia

Elétrica pela Cidade de São Paulo poderá beneficiar não somente de forma ambiental, mas

também de forma econômica. É de compreensão que uma transformação como a desenvolvida

no cenário Cidade Inteligente exige muitas ações, que vão além de uma mudança na

população e sim exigirá uma atitude mais pragmática governamental, que pode ser conseguida

de forma gradual, mas que já poderá ser o início da transformação de uma “Cidade em

Perigo” para uma “Cidade Inteligente”.

8 Limitações e Proposições para Novos Estudos

A pesquisa tem como principal limitação á análise dos cenários desenvolvidos por

profissionais dos setores de Veículos, especialmente por profissionais do setor Elétrico. Pela

dificuldade na seleção de profissionais no setor, a pesquisa Delphi e a construção de cenários

esteve limitada apenas a painelistas usuários de Veículos na Cidade de São Paulo.

O estudo foi limitado a analisar apenas o impacto da adoção de veículos elétricos na Cidade

de São Paulo. Em vista das ações descritas nos cenários, como a opção de transportes

alternativos, um estudo poderia ser conduzido para verificar o impacto da tecnologia elétrica

desenvolvida em outras opções de transporte como frota de ônibus, motocicletas e etc.

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