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TECNÓLOGO EM DESIGN GRÁFICO
LEANDRO NOGUEIRA RANGEL
FLYER DE ENTRETENIMENTO NOTURNO - A ANÁLISE GRÁFICA
COMUNICACIONAL
Campos dos Goytacazes/RJ
2
2010
LEANDRO NOGUEIRA RANGEL
FLYER DE ENTRETENIMENTO NOTURNO - A ANÁLISE GRÁFICA
COMUNICACIONAL
Monografia apresentada ao Instituto
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia
Fluminense de Campos dos Goytacazes como
requisito parcial para conclusão do Curso de
Tecnólogo em Design Gráfico.
Orientador: Prof. José Ronaldo Araújo
3
Campos dos Goytacazes/RJ
2010
LEANDRO NOGUEIRA RANGEL
A ANÁLISE GRÁFICA DO FLYER DE ENTRETENIMENTO NOTURNO
Monografia apresentada ao Instituto
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia
Fluminense como requisito parcial para
conclusão do Curso de Tecnólogo em Design
Gráfico
Aprovada em 20 de dezembro de 2010
Banca Avaliadora:
.................................................................................................................................................
Prof. José Ronaldo Araújo (orientador)
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense/ Campos dos Goytacazes
.................................................................................................................................................
Profª. Patrícia Daldegan Almeida Meneguelle
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense/ Campos dos Goytacazes
{{
.................................................................................................................................................
Profª. Joelma Alves de Oliveira
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense/ Campos dos Goytacazes
4
AGRADECIMENTOS
Ao Prof. José Ronaldo, por todo pronto-atendimento em me atender nos finais de
semana em plenos feriadões.
A Prof. Ana Paula, por direcionar o embasamento da pesquisa e acreditar na
finalização do projeto.
A todos os demais professores que dedicaram a mim uma atenção especial sempre
quando os solicitei.
Aos meus saudosos entrevistados, que me receberam com gentileza, viabilizando a
elaboração desta monografia.
Aos meus amigos, nos momentos de ajuda e descontração.
À minha mãe, por todo sacrifício para investir em meus estudos.
E, principalmente à Deus, por me proteger e ajudar em todos momentos difíceis e que
me permitira alcançar esta e outras grandes conquistas.
5
DEDICATÓRIA
A minha mãe, por toda dedicação a mim.
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RESUMO
A presente monografia analisou o flyer como peça gráfica e ferramenta comunicacional
alternativa, com toda a diversidade visual para festas com públicos ecléticos, para produtores
de festas e donos de boates. Esse segmento no design gráfico se consolidou no universo do
entretenimento noturno como veículo ideal para divulgação de todos os tipos de eventos. Por
isso, este projeto tem como objetivo mostrar a importância e domínio desta mídia para esse
mercado, abordando suas características, evoluções de produção e adequações aos públicos
que se destinam. O método de pesquisa se fez através de entrevistas com profissionais
envolvidos na concepção dos conceitos e das peças gráficas, revisão bibliográfica e pesquisa
documental em flyers diversos. A observação dos layouts teve ênfase na sua capacidade de
atração dos flyers ao usar imagens cognitivas de impacto.
Os objetivos deste estudo são: verificar se o flyer irá atingir seu público-alvo; analisar os
códigos utilizados para transmitir a mensagem, basear a representação gráfica em estudos
comunicacionais, apresentar na peça uma composição que une atração e funcionalidade,
posicionar esse meio em referencial do nicho ao qual pertence, demonstrar sua utilização
impressa e virtual, abordar a grande diversificação de festas para públicos distintos; justificar
sua utilização como marcadores urbanos, guiando sub-culturas a diferentes espaços, e por fim
auxiliar o público a eficácia de escolha. A necessidade de comunicação através do flyer, junto
aos nativos e turistas, é demonstrada com diferentes modelos dispostos no mercado
atualmente, sendo produzidos e distribuídos na vida noturna das principais capitais mundiais,
em paralelo com os que são produzidos na cidade do Rio de Janeiro.
Palavras-chaves: Mídia Alternativa; Flyers; Marketing; Comunicação visual; Tribos urbanas.
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ABSTRACT
This monograph examined the flyer as part graphical tool and alternative communication,
with all the visual diversity to public holidays with eclectic festivities for producers and
owners of nightclubs. This segment was consolidated in graphic design in the universe of
evening entertainment as an ideal vehicle for dissemination of all types of events. Therefore,
this project aims to show the importance and control of media in this market, discussing its
features, production changes and adjustments to the public as intended. The method of
research was done through interviews with professionals involved in the design concepts and
graphic works, literature review and documentary research in several flyers. The observation
of the layouts had emphasis on its ability to attract fliers to use images of the cognitive
impact.
The objectives of this study is to verify that the flyer will reach your target audience,
analyzing the codes used to convey the message, based on the graphical representation in
communications studies, present in part a composition that combines functionality and
attraction, this means in reference position the niche to which it belongs, to demonstrate its
use printed and virtual, to address the great diversity of parties for different audiences; justify
their use as markers urban sub-cultures leading to different spaces, and ultimately help the
public the effectiveness of choice. The need for communication through the flyer, with the
natives and tourists, is demonstrated with different models arranged on the market today,
being produced and distributed in the nightlife of the main capitals of the world, alongside
those produced in Rio de Janeiro.
Keywords: Alternative Media, Flyers, Marketing, Visual Communication, Urban tribes.
8
LISTA DE IMAGENS
Figura 1 – “A MALDITA”..................................................................................................... 28
Figura 2 – “HALLOWEEN BIRTHDAY EXTRAVAGANZA”........................................... 30
Figura 3 – “THE SURESHOCKIN PLANET ROCKIN SERIOSO HAPPININ”…….…….30
Figura 4 – “DISTORTION”................................................................................................... 31
Figura 5 – “TORREMOLINOS” ........................................................................................... 32
Figura 6 – “BURLESQUE NIGHT”...................................................................................... 32
Figura 7 – “FUCKED!”.......................................................................................................... 32
Figura 8 – “I LOVE POP”........... .......................................................................................... 33
Figura 9 – “LUV”................................................................................................................... 39
Figura 10 – “COSMOPOLITAN”.......................................................................................... 39
Figura 11 – “CASA DA MATRIZ”........................................................................................ 40
Figura 12 – “THE SHOW CASE STUDIO”.......................................................................... 47
Figura 13 – “RENAISSANCE”.... ......................................................................................... 48
Figura 14 – “THE LOVE BROS & NUBIAN”...................................................................... 49
Figura 15 – “JERRY D‟S”…………….................................................................................. 49
Figura 16 – “A NIGHT OF PURE FUNK!”…....................................................................... 50
Figura 17 – “DOUBLE DAY SUPER EXPLOSION”........................................................... 51
Figura 18 – “TOMORROW IS BORN”…............................................................................. 52
Figura 19 – “DESIRE 92”…………….................................................................................. 53
Figura 20 – “FANTASIA, THE CLUB TOUR PART VII”…………………...................... 54
Figura 21 – “MOND BAR”……………................................................................................ 55
Figura 22 – “DIRTY DISCO”................................................................................................ 56
Figura 23 – “SHÔKOWEEN”...... ......................................................................................... 56
Figura 24 – “STRIP SILENCE”............................................................................................. 57
Figura 25 – “ARDIDA”.......................................................................................................... 58
Figura 26 – “ULTRALOVECATS”....................................................................................... 58
Figura 27 – “I LOVE MIERCOLES”..................................................................................... 59
Figura 28 – “FREUDEN HOUSE” ........................................................................................ 60
Figura 29 – “QUALITY BREED”…….................................................................................. 60
9
Figura 30 – “EU AMO BAILE FUNK”................................................................................. 61
Figura 31 – “LOUNGE 69”.................................................................................................... 61
Figura 32 – “ENJOY PRIDE EDITION”............................................................................... 62
Figura 33 – “FEIJOADA DA FAMÍLIA MANGUEIRENSE”............................................. 62
Figura 34 – “SAMBA DE BLACK”...................................................................................... 63
Figura 35 – “FASHION NUGGET”....................................................................................... 64
Figura 36 – “THE ROYAL FLUSH”..................................................................................... 65
Figura 37 – “NO BLOOD FOR OIL”………….................................................................... 65
Figura 38 – “RIDOIM WARFARE”...................................................................................... 66
Figura 39 – “AVALAND HOLLYWOOD”.......................................................................... 68
Figura 40 – “LUV CLUB”..................................................................................................... 68
Figura 41 – “WIGSTOCK 98”…………............................................................................... 69
Figura 42 – “ZOUK”.............................................................................................................. 69
Figura 43 – “DANCING CHEETAH”................................................................................... 70
Figura 44 – “BARATOS DA RIBEIRO”.............................................................................. 70
Figura 45 – “SPRAYSON”.................................................................................................... 71
Figura 46 – “MARACANGALHA”....................................................................................... 71
Figura 47 – “RINALDO RINALDINI”.................................................................................. 74
Figura 48 – “JHONNY CASH”….......................................................................................... 75
Figura 49 – “ELETROCHOCK”............................................................................................ 75
Figura 50 – “ELETROCLASH”............................................................................................. 76
Figura 51 – “COMBO CLUB CLASSICS”........................................................................... 77
Figura 52 – “ELECTRO BOOGIE”....................................................................................... 78
Figura 53 – “BLOCK ROCKI‟N BEATS”............................................................................. 78
Figura 54 – “METAL JAM”................................................................................................... 79
Figura 55 – “GATE 21”.......................................................................................................... 80
Figura 56 – “WE FRESH”...................................................................................................... 80
Figura 57 – “SEXPLOSION”……………............................................................................. 81
Figura 58 – “LA TOUR EIFFEL” ......................................................................................... 81
Figura 59 – “SAMBA SOCIAL CLUBE”............................................................................. 82
Figura 60 – “GEMA”.............................................................................................................. 82
Figura 61 – “CINE LAPA”.................................................................................................... 83
Figura 62 – “I AM A UNDER CONTROL”.......................................................................... 84
Figura 63 – “PUSH THAT BUTTON”.................................................................................. 85
10
Figura 64 – “JUICY”.............................................................................................................. 85
Figura 65 – “DURI”................................................................................................................ 85
Figura 66 – “WAS” ................................................................................................................ 86
Figura 67 – “DIVAS DA MPB AO JAZZ”............................................................................ 86
Figura 68 – “LEMOON”.............. ......................................................................................... 86
Figura 69 – “FLUCHTWEG”................................................................................................. 88
Figura 70 – “ELECTRO BUNKER”...................................................................................... 88
Figura 71 – “THE BOILER”.................................................................................................. 89
Figura 72 – “CARABET” ...................................................................................................... 89
Figura 73 – “PATRICK PULSÍNGER”................................................................................. 89
Figura 74 – “LA PALOMA”.................................................................................................. 90
11
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 12
1 CULTURA MIDIÁTICA............................................................................................. 14
1.1 Cultura de massa versus contracultura.............................................................. 15
1.2 Mídia alternativa ………............................…………......…...…....…..…....... 19
1.3 Comunicação e design ………............................…….....…….......…..…....... 24
2 FLYER DE ENTRETENIMENTO............................................................................. 27
2.1 História do flyer: ontem e hoje ……………....………….....……...........….... 29
2.2 Marketing direcionado............................................................……....…......… 34
2.3 Design editorial............................…................................................................ 36
3 ANÁLISE GRÁFICA DOS FLYERS.....................…....................…......................... 44
3.1 Semiótica........................................................................................................... 44
3.2 Tipos de flyers analisados................................................................................. 46
3.2.1 Evolução .............................................................................................47
3.2.2 Conceito...............................................................................................54
3.2.2.1 Conceito erótico.....................................................................55
3.2.2.2 Conceito embalagem..............................................................59
3.2.2.3 Conceito carioca.....................................................................60
3.2.2.4 Outros conceitos.....................................................................63
3.2.3 – Layout................................................................................................66
3.2.3.1 Layout quanto à ilustração.....................................................66
3.2.3.2 Quanto à tipografia................................................................71
3.2.3.3 Quanto à forma / faca especial...............................................79
3.2.3.4 Quanto à diagramação............................................................83
3.2.3.5 Quanto à impressão................................................................87
CONSIDERAÇÕES FINAIS ……....………………………………............................… 91
REFERÊNCIAS ……..........………………………………………………................….. 92
ANEXO Entrevistas com produtores e designers............................................................... 93
12
INTRODUÇÃO
Um flyer é uma peça gráfica, direcionada a um público específico, que tem como
objetivo informar e posicionar o evento comercialmente. Tem a função de resumir o conceito
da festa através de representação gráfica unindo imagem e linguagem.
Nele é inserido um conjunto de elementos que constituem a mensagem de um evento.
Essa mídia deve oferecer todas as informações necessárias e estabelecer com quem os
observa, um nível atrativo através do impacto visual e despertando a curiosidade.
Uma grande demonstração do que vem sendo feito no mercado e a adequação dos
flyers destinados a diferentes tipos de públicos, se fará com base nos estudos que compõem a
pesquisa.
Todos os projetos gráficos necessitam de um planejamento em design, utilizando
recursos de comunicação visual para evidenciarem seus produtos, marcas e serviços.
Cada festa tem um estilo diferente. Sendo assim, todo o estilo comunicacional também
se difere. Através dessa diversidade de nichos, a linguagem deve ter coerência com o estilo do
público, podendo ser mais ofensiva, dinâmica, minimalista, mas nunca deixa de ser objetiva,
já que são informações curtas e superficiais apenas para informar o leitor e impressioná-lo
visualmente.
As imagens cognitivas e o seu poder de impacto atraem determinados públicos
trazendo peculiaridades na sua comunicação como: tribos urbanas, comportamentos,
estratégias de mercado, linguagens e novas tecnologias.
Observa-se que esta peça do design gráfico é sempre mais consumida nas grandes
capitais, exigindo cada vez mais criatividade. Os donos de estabelecimentos de festas têm
uma preocupação imensa com a imagem do evento e querem disputar a noite com
personalidade própria. A preocupação estética nesse ramo de mercado, nunca deixa de ser
objetiva, impressionando visualmente o leitor através da qualidade do material, gerando
coesão entre os elementos enfocados e conseqüentemente oferecer identificação a seus
consumidores no segmento nos quais estão inseridos, despertando curiosidade e possível
fidelização.
São inseridas todas as informações importantes do evento, como nome da casa
noturna, data e programação, sendo a linguagem visual o principal diferencial.
13
A escolha do tema para o projeto acadêmico é decorrente de uma carência em análise
gráfica desse gênero. Neste presente trabalho, o flyer serve como um estudo sociológico,
definindo tribos urbanas que buscam festas com estilos musicais que mais os agradem. O
objetivo busca abordar e identificar as bases institucionais que norteiam a esse segmento no
do design gráfico, compondo um estudo de seus aspectos e revelando a importância desta
mídia para o entretenimento noturno.
Outro ponto importante é a análise acerca de como os profissionais envolvidos em um
projeto comunicacional, conseguem detectar dentro de uma elaboração de objetivos, a
necessidade de utilização de mídias fora dos padrões considerados tradicionais. Essa
necessidade é causada pelo interesse em comunicação de forma mais direta.
A mídia citada nessa pesquisa e as utilizadas tradicionalmente só se diferem na forma
como são exploradas, fazendo parte de um universo de ferramentas de comunicação e que
partilham um mesmo objetivo. Sendo assim, é possível distinguir e analisar a mídia que se
aplica à demanda do entretenimento noturno, em uma tradução da mídia alternativa usada
convencionalmente.
A pesquisa foi desenvolvida tendo como base estudos pré-existentes de elaboração no
processo de marketing, por profissionais e estudiosos respeitados no assunto. A análise dos
dados obtidos trará subsídios para estudos e hipóteses, pela qual uma festa agregada ao flyer,
produz reconhecimento visual, impacto e fácil memorização.
A divulgação, utilizando ensinamentos de marketing de guerrilha, propicia o desejo do
público em ir ao evento. Portanto, essa razão justifica a relevância do projeto, enfatizando sua
capacidade de comunicação.
A metodologia utilizada neste trabalho de pesquisa será bibliográfica, em obras de
Louis Bou, Mike Riemel, Bo Bergström, Jay Conrad Levinson, entre outros e documental,
constituída de consultas a sites e citações de entrevistas de profissionais envolvidos no
mercado do entretenimento noturno.
A diversidade cultural apresenta diferentes características nos flyers. O design na peça
transmite a personalidade conceitual do evento, caracterizando-o. Então, por conseguinte, o
flyer é a imagem gráfica da festa.
14
1 CULTURA MIDIÁTICA
Como é sabido em senso comum, cultura se refere a conhecimento, sendo
compartilhado pelos indivíduos de determinados grupos, lhes conferindo uma identidade.
Valores estéticos e morais são difundidos por gerações, porém com o passar do tempo, e em
contato com outras culturas, traços se perdem e outros se adicionam. Com esse
desenvolvimento sociológico diferenciado, não é possível afirmar que existam culturas
superiores.
“O termo „mídia‟ é originário do inglês media, que por sua vez, veio do latim e
significa „meios‟. É utilizado para se fazer referência aos meios e veículos de comunicação”
(TAMANAHA, 2006, p. 1).
Desde o seu surgimento, a abrangência da comunicação teve caráter principal. Pode-se
observar que os meios explorados intensamente pela publicidade, cada vez mais se tornam
comuns no dia-a-dia, e em decorrer disso, há o surgimento eminente de novos meios que
disseminam informação.
Então, nota-se que o trabalho dos profissionais dessa área está cada vez mais voltado
para a busca de novas mídias, que alcancem os objetivos da comunicação sem perder o foco,
tanto no posicionamento da informação a ser transmitida, quanto no público a ser alcançado.
Em se tratando de comunicação no universo do design gráfico, é possível constatar
que a peça tem a intenção de captar a atenção do público-alvo para a informação veiculada,
sendo assim, deve ser utilizar uma linguagem clara e objetiva. A mensagem a ser transmitida
pode consistir na divulgação de um produto e/ou um serviço, uma marca, uma empresa ou, até
mesmo, em um comunicado de cunho social, com direcionamento diverso. Como dito
anteriormente, para que esta informação seja percebida com maior eficácia, ela deve estar
voltada diretamente ao público-alvo.
“A base de toda a comunicação é o fato de alguém ter algo a dizer.” (Bergstrom, 2009,
p. 30). Essa mensagem deve ser transmitida de forma coerente, para que assim, o público
perceba a finalidade dessa peça gráfica.
15
O objetivo do emissor é exercer influência pela comoção, motivação ou informação.
A mensagem é adaptada a esse propósito, e para que o emissor alcance o receptor,
deve-se estabelecer um canal entre eles, um meio. O emissor espera que a mensagem
gere conhecimento, interesse e credibilidade, e finalmente chegue a seu efeito final
(na maioria dos casos, uma ação).
(BERGSTROM, 2009, p. 30).
Porém, muitas vezes estas ações não conseguem adentrar na mente do consumidor da
maneira planejada, talvez por não possuírem uma mesma unidade de linguagem no processo
de comunicação ou por não estarem de acordo com as características do produto ou da marca.
O processo começa com a escolha da narrativa correta, que por sua vez, depende de
uma estratégia e da análise do objetivo de comunicação. A mensagem, que deve ter
uma forma e uma configuração, precisa de criatividade como recurso extra para criar
influencia.
(BERGSTROM, 2009, p. 60)
No âmbito das informações, alguns críticos e profissionais na área de comunicação,
discutem o que seria mais importante: a mídia ou a mensagem. O professor e pensador
Marshall McLuhan, publicou o livro “O meio é a mensagem” nos 60, como se o meio
“turbinar-se” o conteúdo, ou seja, é mais considerável a plataforma que comunica uma
mensagem do que sua informação propriamente dita. Então, conclui-se que para um
direcionamento estratégico de uma determinada mensagem, há de se preocupar e estudar o
meio mais adequado e eficaz.
A comunicação encontra na difusão da mensagem um grande desafio. É observado
que os canais tradicionais de comunicação estão cada vez mais congestionados. E em paralelo
a isso, existe uma busca cada vez maior por meios e tecnologias que cheguem ao objetivo.
1.1 Cultura de massa versus contracultura
Pode-se definir cultura de massa, como toda manifestação cultural produzida para o
povo, camada mais numerosa da população. Veiculada pelos meios de comunicação mais
abrangentes, desmede heterogeneidades sociais, étnicas, etárias, sexuais ou psicológicas.
16
A massa é constituída por um conjunto homogêneo de indivíduos que, são
essencialmente iguais, indiferenciáveis, mesmo que provenham de ambientes
diferentes, heterogêneos e de todos os grupos sociais. A massa é um agregado que
nasce e vive para além dos laços comunitários e contra esses mesmos laços, que
resulta da desintegração das culturas locais e no qual as funções comunicativas são
necessariamente impessoais e anônimas. A sociedade é sempre a vencedora e o
indivíduo não passa de um fantoche manipulado pelas normas sociais – Adorno,
1954 – Television and the Patterns of Mass Culture. A cultura de massa não é o
único sistema cultural das sociedades contemporâneas. Estas são realidades
policulturais em que a cultura de massa se faz incluir, controlar, censurar e, ao
mesmo tempo, tende a corromper e a desagregar as outras culturas.
(WOLF, 1995, p. 47)
A chegada da cultura de massa pretende submeter as demais a um projeto comum. A
massificação cultural requer a repressão às demais formas de cultura, de forma que os valores
ditos como corretos, sejam apenas os compartilhados pela massa.
Os indivíduos, na medida em que são componentes da massa, estão expostos a
mensagens, conteúdos e acontecimentos que vão além de sua experiência, que se
referem a universos com um significado e um valor que não coincidem
necessariamente com as regras do grupo que o indivíduo faz parte. A interpretação
transforma e adapta o significado da mensagem recebida, fixando-a às atitudes e aos
valores do destinatário até mudar, por vezes, radicalmente o sentido da própria
mensagem. A exposição do público a universos simbólicos e de valores diferentes
dos que são próprios da sua cultura constitui um elemento muito afim de tudo o que
é acentuado pelas mais recentes hipóteses sobre os efeitos do mass media.
(WOLF, 1995. p. 23)
“Nos anos 60, época de vultoso crescimento dos novos meios de comunicação em
massa, surgiu a contracultura” (RIEMEL, 2005, p. 246). Esta pode ser definida como um
ideário independente que questiona valores vigentes e instituídos na cultura ocidental.
A difusão de normas, gostos e padrões de comportamento das amarras tradicionais,
como a religiosa e a familiar, eram contestados, aproximando a juventude de uma
maior integração cultural. Esse conceito agregava subculturas distintas com códigos
e costumes próprios, formando um estilo de mobilização social.
(RIEMEL, 2005, p. 246)
É observado que a partir desse desenvolvimento em liberdade de expressão, com busca
de novos canais, fuga dos padrões comerciais e modismos midiáticos, inicia-se alguns termos
17
de classificação de tribos urbanas classificados com uma cultura underground1, alternativa ou
marginal.
Neste mesmo período da década de 60, empresas e fábricas perceberam a força dos
meios de comunicação alternativos. As camadas consideradas “subalternas” começaram a
imaginar e difundir novos modelos de comunicação que iludiam e desorientavam os códigos
dominantes. Esses novos meios comunicacionais, importantes pela sua segmentação, até vital
para alguns grupos, são levantados: “nascidos como irreprodutíveis, tentaram o salto frágil na
esfera da reprodutividade contracultural (jornais alternativos, rádios independentes, revistas
auto-financiadas, filmes de movimento)” (CANEVACCI, 2001, p. 184). Ou seja, todo esse
contexto foi criado para conscientização dos funcionários e incentivar a mudança de postura
em relação à gerência burguesa.
A partir do fim dos anos 60, houve uma fase crítica em toda área do mundo
ocidental, que confiava às classes sociais da sociedade pós-industrial nascente e às
camadas geracionais “subalternas” somente o “status” de expectadores passivos, por
uma praxe decidida em outras esferas. Então essas classes e essas camadas
executaram uma operação de destruição dos papéis a elas designados, para
experimentar a criação de um modelo de comunicação inovador, certamente a ser
codificado em seguida, porém espontânea, experimental e aberta a mais
possibilidades de saída. Excluiu os códigos estabelecidos e se impôs a exigência de
inventar novos modelos para codificar sem mediações externas.
(CANEVACCI, 2001, p. 183)
Entre o fim dos anos 60 e início dos anos 70 constitui-se um novo modelo de
comunicação gráfica. “Insinua-se definitivamente um novo modo de promover a formação da
opinião pública não oficial, o folheto” (CANEVACCI, 2001, p. 184). Com a utilização das
ferramentas gráficas para sua produção, sua ideologia podia ser transmitida estrategicamente
ao seu público-alvo;
O máximo esforço inicial da reprodutibilidade técnica do movimento será o folheto.
A descoberta das fotocópias, da matriz, das resmas, da máquina de escrever, da tinta
apropriada, vai ser difundidíssima e capilar. Ele é com plenos direitos, o símbolo em
estado puro de um “mass medium” irreprodutível elaborado pelo movimento. O ano
de 1968 e o folheto constituem uma coisa só. De fato, esses folhetos são pensados,
escritos e difundidos por pequenos grupos de intervenção, baseados em discussões
nas assembléias e nas reuniões, com conteúdos e estilos absolutamente informais. A
sua característica essencial está no fato de terem que ser distribuídos manualmente e
não de carro ou através de bancas de jornais: eles são personalizados.
(CANEVACCI, 2001, p. 194)
1 Expressão relacionada para designar qualquer forma artística em um ambiente cultural que está fora da mídia.
18
É observado, principalmente nas grandes metrópoles, que a identidade do indivíduo
tende a ser mutável. O grau de compreensão que era variado, devido ao conservadorismo do
passado, deu lugar à interação mundial diária. Nas sociedades mais desenvolvidas, existem
diversidades culturais muito abrangentes. Esse intenso contato permite uma “crise de
identidade” nos indivíduos, refletindo diretamente na comunicação. O livre-arbítrio em
psicologia é a teoria da escolha, onde todos podem assumir o controle da própria vida, mesmo
que as escolhas anteriores tenham sido absolutamente equivocadas.
A explicação para esse contato é a globalização. A evolução tecnológica aprimora
cada vez mais os meios de comunicação, como a Internet. “Anúncios mudaram. Mudaram a
linguagem, as formas, as mídias, as massas. A comunicação não está só. Globalizou-se”
(CESAR, 2003, p. 244), ou seja, a multiplicidade cultural, permite que o indivíduo adote um
estilo de vida diferente do universo que o cerca.
O indivíduo, no processo de identificação e inclusão a uma determinada tribo urbana,
realiza em um processo mental, o julgamento de múltiplas opiniões e a seleção de uma delas.
Exemplos mais complexos incluem a escolha de um estilo de vida, filiação religiosa ou
posição política. Nas tribos urbanas, o objetivo-mor é estabelecer “redes de amizades” a partir
de interesses e afinidades em comum, como pensamentos e hábitos. Ao completar a
maioridade, o jovem que teoricamente já absorveu valores morais, tem capacidade de opinião
e compreensão. Ele exerce domínio e responsabilidade plena sobre seus atos, podendo buscar
interesse em qualquer área sem proibição.
Através de sua personalidade, sendo definida como conjunto de características
graduais psicológicas, que determinam a sua individualidade pessoal e social, é exposta sua
forma de expressão dada por reações no meio onde está inserido, justificando a própria
conduta de forma consciente ou não.
Muitas destas tribos sofrem preconceitos, manifestado geralmente na forma de uma
atitude discriminatória contra pessoas ou lugares, tendo um juízo estereotipado, pejorativo e
pré-concebido, pelo simples fato de ser diferente, e na maioria das vezes, sem que se saiba de
sua essência ideológica. Na sociedade contemporânea, além de assumir o papel da expressão,
a música também representa culturas e marca identidades. Por conta de uma preferência,
como um determinado estilo musical, por exemplo, esse indivíduo inicia uma busca de
convívio com pessoas que compartilham os mesmo ideais, gerando assim verdadeiras tribos
urbanas. Estas passam a usar determinados estilos, construindo e adotando costumes.
Assim como existem várias definições para música, existem muitas divisões a
agrupamentos da música em gêneros, estilos e formas. A partir daí pessoas se aproximam,
19
elegem espaços para freqüentar, passam a usar determinados tipos de roupas, gírias e dança,
ou seja, constroem ou adotam determinados costumes.
Sob inspiração de uma compra com base mercadológica: “os clientes compram muito
mais do que meramente um produto ou serviço”, pode-se pressupor que estão comprando a
personalidade, a reputação, a maneira de vestir, a decoração da casa noturna, seus serviços, o
aroma, o status da festa, compram uma promessa de diversão (boa música – rever amigos e
fazer novos - azaração). (LEVINSON, 1989, p. 83)
A fim de unir todo esse contexto social, observou-se por diversas pesquisas de campo,
que foi adotado o termo “cena”. Este alimenta um triângulo mercadológico: produção,
circulação e consumo. A partir daí, percebe-se que não adianta uma produção com boa
circulação se não há comunidade quem a consuma.
A disseminação de idéias através da publicidade tem por objetivo de persuadir e
motivar consumidores a usufruir bens e serviços. Essa premissa, aliada ao design, deve
utilizar uma abordagem de acordo com o perfil da empresa contratante, com o segmento a
qual ela pertence e o público a ser alcançado, como dito anteriormente.
Como observado sob uma análise de todo contexto cultural da vida noturna, no início
da década de 70, encontrava-se em ascensão a freqüência aos clubes noturnos. Hoje em dia,
nas grandes capitais de todo o mundo, muitos moradores e turistas buscam entretenimento,
sem outra finalidade se não diversão. Essa disposição é potencializada principalmente nos
finais de semana, podendo ser para uma distração ou para um evento imperdível. Existem
diversos tipos de festas e boates com inúmeras atrações, e na maioria delas as festas são
focadas no ritmo musical.
1.2 Mídia alternativa
Como é percebida em senso comum, a comunicação humana realiza um processo que
envolve a troca de informações, que através do design, utiliza sistemas simbólicos como
suporte para este fim. Estão envolvidas neste processo infinitas maneiras de se comunicar. A
comunicação segmentada é um desdobramento do modelo de comunicação de massa. Ela se
consagra nas grandes metrópoles onde abrigam diversidades culturais, como mencionado
anteriormente. Através da grande explosão comunicacional, sua abordagem se torna cada vez
20
mais abrangente. Esse tipo de comunicação atinge grupos específicos, classificados de acordo
com características próprias e preferências similares.
Uma empresa raramente pode satisfazer a todos em um mercado. Portanto os
profissionais de marketing começam dividindo o mercado em segmentos. Após
examinar diferenças demográficas, psicográficas e comportamentais entre os
compradores, eles identificam e descrevem grupos distintos, que podem preferir ou
exigir vários mixes diferentes de produtos ou serviços. Então, decidem quais
segmentos apresentam a maior oportunidade. Para cada mercado-alvo escolhido, a
empresa desenvolve uma oferta de mercado. A oferta é posicionada, na cabeça dos
compradores-alvo, como algo que fornece um ou mais benefícios centrais. As
empresas são mais bem sucedidas quando escolhem seu mercado-alvo
cuidadosamente e preparam programas de marketing sob medida para ele.
(KOTLER, 2006, p. 22)
A partir dessa afirmação, é observado que com a segmentação dos públicos,
convencionalmente são utilizadas alternativas de mídia para alcançá-los. Essas se
caracterizam como um veículo de comunicação diferenciado, propondo o que seu nome
sugere: uma alternativa à mídia dominante (formatos convencionais como Jornais e TV
principalmente).
Conforme observado em grandes metrópoles mundiais, alguns deste exemplos são:
motomídia, busdoor, mídia em metrô, anúncios em novas tecnologias, entre outros. A mídia
alternativa é caracterizada ainda como um espaço para veiculação de anúncios em locais
inusitados, podendo haver interação. Apesar dessa amplitude de utilização, esses tipos de
mídia, geralmente são utilizados em segundo plano, complementando uma campanha já
realizada com as mídias tradicionais.
Em se tratando no aspecto de divulgação, a mídia alternativa, está intimamente ligada
aos conceitos de marketing de guerrilha. “É um método que utiliza as mais recentes
estratégias no campo do marketing, para planejar, lançar e manter a maior ofensiva
mercadológica possível”. “Seu objetivo é transformar clientes potenciais em consumidores
reais, e investimento de marketing em lucro.” (LEVINSON, 1989, p. 9).
É uma nova maneira de comercializar seus produtos ou serviços com base na
paciência, imaginação, tempo e energia, e não mais no orçamento de marketing
(que, na maioria das vezes, o pequeno empresário nem ao menos tem). Uma das
necessidades humanas mais importantes é a identidade, reconhecendo a identidade
dos clientes potenciais.
(LEVINSON, 1989, p. 9)
21
As empresas devem procurar, cada vez mais, formas modernas e direcionadas para
comunicar seus objetivos e receber informações do mercado, ao invés de intensificar a
comunicação tornando-a maçante e com o tempo desinteressante.
Freqüência excessiva também é ineficiente. Você quer anunciar o suficiente para
que seus clientes ajam da maneira que você quer, mudem para sua marca, que
pensem bem dela, conheçam as características de seu produto ou pura e
simplesmente comprem mercadorias que você está vendendo. Você quer que seu
anúncio chegue até eles o número de vezes suficiente para atingir uma quantidade
grande a não-consumidores. Sua publicidade deve ser dirigida aos seus verdadeiros
consumidores em potencial. A publicidade que não se concentra nas pessoas que
podem vir a consumir o que ela anuncia é puro desperdício.
(WOLF, 1995, p. 35)
Como se pode notar, de nada adianta ter um ótimo contexto comunicacional, se ao
transmitir essa mensagem, se escolhe meios ineficazes quanto à clientela almejada.
O importante é: realizar uma boa veiculação. O sucesso depende do sucesso da
outra. (...) Planejar a mídia significa desenvolver a idéia que deverá ser implantada
para obter o que se quer, isto é, traçar o caminho que deve ser percorrido para chegar
onde se quer, e que consiste em estudar minuciosamente a situação do produto no
mercado, a atuação da concorrência e as características do público-alvo.
(TAMANAHA, 2006, introdução)
Cabe ao profissional descobrir se as mídias já existentes estão de acordo com o perfil
da informação a ser transmitida ao público-alvo. Ou seja, deve-se planejar.
Planejamento de mídia é usado para se fazer referência ao momento em que o
profissional analisa as informações passadas pelo cliente de maneira formal ou
informal, tais como: características do mercado, performance de venda do produto e
da concorrência, perfil demográfico e psicográfico do público-alvo, objetivos de
venda e de propaganda. O profissional então cruza essas informações com os dados
de pesquisa de mídia, determina a quantidade de pessoas do público-alvo que a
veiculação deverá contemplar, a intensidade adequada e o tempo necessário,
seleciona os meios apropriados e recomenda a programação que considera eficiente
para atender aos resultados pretendidos.
(TAMANAHA, 2006, p. 76)
22
A partir da escolha eficaz do meio comunicacional, desenvolvem-se os objetivos
traçados pelo marketing.
O êxito de uma campanha publicitária ocorre quando os objetivos de marketing são
alcançados: mais vendas, opiniões positivas, maior visibilidade, mais
recomendações boca-a-boca, vantagens competitivas e quaisquer outras metas que
possam ser estabelecidas.
(WOLF, 1995, p. 32)
Para finalizar a apresentação dos conceitos que envolvem as mídias, este raciocínio
ainda é complementado sob a análise da crescente utilização dos meios alternativos de
comunicação e sua abrangência.
As mídias chamadas alternativas ganham espaço. Empresas investem muito mais em
pontos-de-venda ou marketing direto do que há poucos anos. (...) A comunicação, de
fato, precisará ser o mais abrangente possível, e concomitantemente, o mais
individualizado possível.
(CESAR, 2003, p.245)
É importante ainda ressaltar que não se deve fugir do conceito planejado porque se
pode perder o diferencial definido pela empresa. Deve-se criar um canal de comunicação com
cada tipo de grupo do mercado consumidor. A estratégia de comunicação para cativar o
consumidor é cada vez mais elaborada.
23
Encontrar uma criação para evitar que a mala-direta vá para o lixo é indispensável.
Lance mão de tudo o que você achar possível para atrair a atenção: formatos
diferenciados, papéis diferenciados, brindes, etc. Qualquer coisa que você imaginar
que seria difícil ir para o lixo será bem vindo. Na verdade a maioria das vezes não se
tem dinheiro para extrapolar, e a convencional mala-direta acaba predominando. Se
for assim, vale à pena seguir alguns conceitos básicos: Use uma imagem que possa
traduzir a idéia, mas que seja inovadora, curiosa. Se puder, fuja do formato padrão.
Brinque com o papel branco, como se estivesse fazendo dobraduras. Depois de
encontrada a forma de apresentação, crie. Não polua com informações demais. Só
pra lembrar, a regra vale sempre, e para tudo. Recursos com tipologia manuscrita em
uma determinada informação podem criar mais aproximação com quem está vendo.
Dão um toque pessoal. O conteúdo principal, a promessa básica, precisa estar
evidente, fácil de ser localizada. Pode-se usar outra cor, sublinhar, colocar em
negrito, usar um splash1. Mesmo que o consumidor não leia a mala inteira, precisa
bater os olhos e saber do que se trata. Bons redatores resolvem isso usando
subtítulos. Bons diretores de arte valorizam esses subtítulos. Se tiver preço ou
promoção explore. Use de tal forma que possa ser visualizado sem que o
consumidor precise procurar. Em evidência, o telefone. Não o esconda. Não o deixe
tímido demais. Também não abuse afinal você está vendendo um produto, não o
telefone.
(CESAR, 2003, p. 72)
Ainda tratando de mídias alternativas impressas, além do flyer são encontrados folders
e cartazes. Os flyers diferem dos folders principalmente por ser “folheto constituído por uma
única folha, com uma ou mais dobras”. Já o cartaz, intimamente ligado ao flyer, funciona
como “impresso de grande formato, para se tornar visível em lugares de grande freqüência de
público”. (VOLLMER, 1998, p. 48 e 24).
Essa evolução midiática constante no mundo contemporâneo pode ser analisada como
possibilidade de utilização sob uma forma personalizada, refletindo em um contato intimista.
Em decorrer disso, empresas de design anseiam novas formas de chamar a atenção do público
alvo.
A mídia impressa por sua vez, talvez tenha anúncios interativos em maior número.
Cada vez mais o consumidor poderá pegar no anúncio, puxar uma lingüeta, passar a
mão, sentir o cheiro, colocar óculos especiais para 3D ou ver formas tridimensionais
feitas em papel saltarem ao abrir uma página. Esse tipo de artifício aproxima o
consumidor.
(CESAR, 2003, p. 245)
1 Explosão de tinta (líquido) em uma superfície. Geralmente usado como tarjas para gerar impacto visual.
24
Complementando essa abordagem, ao longo das últimas décadas, a evolução
tecnológica fez com que a comunicação fosse cada vez mais rápida e clara. Um exemplo é a
internet, que se dissipa com maior sucesso, através de portais jornalísticos e redes sociais.
A internet e a interatividade, sem dúvida são uma revolução. As pessoas estão
acessando, procurando, participando. Posso dizer, encontram-se maravilhadas com a
possibilidade por conta própria no que diz respeito à escolha. (...) Ao mesmo tempo
em que estamos falando com o mundo inteiro, temos que falar com um único
consumidor!
(CESAR, 2003, p. 245)
Diante desses depoimentos há de se considerar, que os meios alternativos através de
sua característica em segmentação, uma importância comunicacional no universo do design
gráfico.
1.3 Comunicação e design
Como é observado nos seres humanos, a forma mais desenvolvida de percepção é a
visual, pois desde os primórdios, os elementos gráficos foram fundamentais à comunicação.
Também é por essa razão que as os desenhos das pinturas rupestres foram as primeiras formas
de registro da comunicação visual a serem desenvolvidas por todas as civilizações, antes
mesmo da invenção da escrita.
As mais antigas tentativas para registrar informações de maneira a poderem ser
recuperadas mais tarde foram complicadas representações de animais e cenas da
caçada em pedra que foi o primeiro veículo. Dentro de relativamente pouco tempo, a
padronização dos significados tornou-se realidade. Todos eram símbolos gráficos,
reunidos podiam contar uma história.
(DEFLEUR /BALL-ROKEACH, 1993, p. 32)
Sob uma percepção estética: “A imagem transmite idéias, emoções, ou seja, não se
refere apenas a ilustrações, mas a seus significados. É por causa da imagem que a publicidade
se tornou uma forma tão poderosa de comunicação.” (CESAR, 2003, p. 209 e 210). Essa
25
análise é complementada por essas representações simbólicas inseridas nas imagens, sob um
contexto de uma composição visual amplamente variada encontradas nas grandes cidades em
paralelo a um aprofundamento individual.
Para nós, o conceito eurístico de imagem dialética é usado como: uma constelação
objetiva em que a situação social representa a si mesma, um modo de percepção –
De fetiches, fantasmagorias e ilusões na consciência individual e coletiva. Um modo
de reprodução no interior de uma antropologia da cultura visual em que passado e
presente se cruzam. Essas constelações, percepções e reproduções não geram uma
força liberatória ou regressiva no cruzamento “enfeitiçado” entre mundo mítico,
mundo positivo e mundo futuro: para nós eles são indicadores empíricos para
delinear a cultura que a forma-metrópole difunde e eleva ao grau de auto-
representação carregada de sentido.
(CANEVACCI, 2001, p. 152)
“A comunicação visual é um conjunto de técnicas, conhecimentos e procedimentos
que buscam maior eficácia na transmissão visual de mensagens verbais ou não-verbais através
dos diversos meios de comunicação” (VOLLMER, 1998, p. 28).
A cultura do consumo é uma cultura da comunicação visual, cuja relativa
“autonomia” não está em fugir de outras determinações quanto em estabelecer
hierarquias e diferenças de “gosto” e de “identidade”.
(CANEVACCI, 2001, p. 132)
Imagens são utilizadas em uma ampla gama no design gráfico, aplicados com grande
destaque ou elementos decorativos, compõem a representatividade do conceito da peça. Esse
suporte visual pode ser representado de duas formas, fotografia e ilustração.
Para que a história da imagem na publicidade fique clara, dois temas são
fundamentais entender: a fotografia e a ilustração. (...) Na publicidade a fotografia
não apenas faz com que os consumidores se lembrem dos anunciantes, mas permite
que desejem seu produto. (...) O desenho sempre foi uma poderosa forma de
comunicação. E mesmo com a fotografia, a ilustração não perdeu lugar. Precisando
acompanhar a nova tecnologia, alguns encaram o computador como um aliado, uma
ferramenta e passam a fornecer ilustrações digitais. Outros, heróicos, insistiram e
insistem até hoje em trabalhar com arte sem interferência da máquina.
(CESAR, 2003, ps. 210, 211 e 219)
26
A percepção do consumidor é o objetivo da mídia. No universo das diferentes tribos
urbanas é repleto de símbolos como gírias e imagens, atuando como códigos cobertos de
significados. Para um melhor direcionamento, sendo ou não parte da tribo urbana, os
designers deve sempre se colocar no papel do público e estudar e pesquisam sobre seus
costumes na hora de produzir alguma peça, reunindo características, atributos e valores
defendidos, a fim de se evitar algum tipo de constrangimento ou retaliação.
Essa “bagagem” cultural, ou mesmo a vivência, do seu público é muito importante
para que ele possa estudar a linguagem que será utilizada, passar a mensagem de forma
adequada, através de um formato especificado. Feito isso, a linguagem do designer torna-se a
mesma do público-alvo, gerando identificação. Este método possibilita que o emissor se torne
aparentemente “íntimo”, e seja interessante para que o seu receptor aceite e entenda a
mensagem.
Design é um esforço criativo relacionado à configuração, concepção, elaboração e
especificação de uma forma. “De grosso modo, a publicidade é a promoção de um produto ou
marca, e é puramente isso, enquanto o design, em geral, é a organização e a articulação de
muitos dos próprios produtos e marcas” (NEWARK, 2009, p. 22). O pai do termo “design
gráfico” é um americano, Willian Addison Dwiggins, designer muito bem-sucedido que criou
peças gráficas em forma de pôsteres, panfletos e anúncios em jornais e periódicos
(NEWARK, 2009, p.10).
Em 1922, Dwiggins escreveu: “Em relação ao layout, no começo esqueça a arte e
use o senso prático. A função do designer gráfico é apresentar a mensagem de forma
clara, transmitir idéias importantes e fazer com que as menos importantes não
deixem de ser percebidas. Isso requer um exercício de bom senso e uma aptidão para
a análise, e não para a arte”.
(NEWARK, 2009, p. 10)
Design gráfico também é definido como “a atividade de planejamento e projeto
relativos a linguagem visual. Atividade que lida com a articulação de texto e imagem,
podendo ser desenvolvida nos mais variados suportes e situações” (VOLLMER, 1998, p. 36).
Esse contexto visual funciona como um processo de dar ordem estrutural e forma à
informação visualmente, trabalhando a relação de texto e imagem, utilizando componentes
visuais, com ilustrações que podem ser aplicada a vários meios de comunicação, sejam eles
impressos, digitais, audiovisuais, entre outros.
27
2 FLYER DE ENTRETENIMENTO
Flyer (que em inglês que significa “voador”) é um termo usado para designar
pequenos panfletos publicitários, também chamados de volantes. Também conhecidos como
volantes e panfletos; “volantes são impressos de pequenas dimensões, distribuído para
propaganda política ou comercial” (VOLLMER, 2006, p. 108). Porém eles se diferem de
folhetos, e conceituando este de outra forma como dito anterioremente. “Volantes e panfletos
são diferentes de folhetos, pois dão menos informações e são menos dispendiosos. A maior
força deles é a sua economia” (LEVINSON, 1989, p. 157).
A diferença entre estes termos é referente ao aspecto comercial, histórico e nacional.
Percebe-se em livros e pesquisa de campo, que panfletos no Brasil (também chamados de
volantes, folhetos, prospectos e filipetas) são considerados para progagação comercial (em
diferentes segmentos) e política. Já o termo flyer é mais utilizado sob um carater evolutivo,
como mídia no entretenimento noturno, como também é observado pelos profissionais no
assunto Louis Bou e Mike Riemel, abordando esse conceito em diferentes trechos desse
projeto. Como observado também por estes autores, este termo em inglês é genérico em todo
mundo, porém na segmentação noturna, ele é identificado como “party flyers” (flyers de
festa).
Uma noite qualquer, em uma cidade qualquer, milhões de jovens de todo o mundo
estão fazendo a mesma pergunta em comum: qual festa vamos hoje? Por sorte
sempre tem alguém que tira um flyer guardado no fundo do bolso solucionando o
grave problema. (...) Os flyers são passaportes de diversão para os festeiros, sem
eles, estariam todos perdidos.
(BOU, 2006, introdução)
Como é observado em livros, sites e pesquisas de campo, o flyer, iniciado nos anos 70,
potencializado nos anos 80, altamente difundido nos anos 90, é um veículo alternativo
convencional, totalmente estabelecido no entretenimento noturno. Este meio de comunicação
consiste em uma peça gráfica feita de papel, impressa geralmente em ambos os lados que visa
atingir e incentivar o comparecimento de um determinado público ao local do evento.
Geralmente encontra-se na frente a imagem conceito da festa e o nome do evento, e no verso
28
as informações complementares. Quanto ao tamanho, há uma diversa variedade, porém é
predominante o formato de cartão postal 10x15cm.
FIGURA 1 – “A MALDITA”
FONTE: ARQUIVO PESSOAL
O flyer deve ser objetos de esmerado cuidado gráfico, aliando comunicação e design.
Para atrair cada vez mais clientes, são utilizados alguns ensinamentos do design gráfico que
contribuem para um valor agregado à qualidade do evento. Estes transmitem uma aparência
de profissionalismo, podendo ser utilizado a elaboração de um formato inovador, impressão
diversificada qualidade à cores, dinamismo na diagramação das informações e composição
layout com os elementos gráficos de forma atrativa, mas a elaboração dessa peça gráfica não é
considerada arte.
Flyers prioritariamente não são arte, mas sim serviço, devendo atuar como um
chamariz e uma promessa de bom gosto. Como texto promocional, a função do flyer
é chamar atenção.
(RIEMEL, 2005, p. 143)
O flyer tem como missão informar. Essa mostra efêmera do que se espera quando paga
a entrada da festa, deve ser definida com perfeição, como a que tipo de música e público está
destinado, para evitar surpresas e decepções. São focadas necessidades como o nome da festa,
a data e programação do dia específico, porém a linguagem, o visual e distribuição fazem todo
diferencial.
29
2.1 História do flyer: ontem e hoje
Indícios mostram que na época Egípcia, papiros eram usados como cartazes para criar
mensagens de venda, e pequenos papéis eram distribuídos e facilmente encontrados nas ruas
da antiga Grécia e Roma.
Cerca de 2500 a.C., os egípcios descobriram um método de fazer uma espécie de
papel duradouro usando o papiro. Outrossim, era muito mais fácil escrever no papiro
com a escova e tinta do que trabalhar laboriosamente hieróglifos na pedra.
(DEFLEUR/ BALL-ROKEACH, 1993, p. 35)
“Desde o século XV com o advento da invenção de nova técnica de impressão por
Guttemberg, para produção de cópias de livros, surgiram também por conseqüência, panfletos
e prospectos.” (RIEMEL, 2005, p. 244). Ele ainda complementa essa premissa, “como fonte
histórica, foram produzidos em maior número nos tempos de agitação social, cultural e
política, como revoluções e guerras, a exemplo na época de Napoleão e nas guerras mundiais,
usados por grupos civis e política militar.” (RIEMEL, 2005, p. 245). Nesse contesto histórico
ele ressalta que “O flyer se converte como herdeiro direto do cartaz (ou pôster), com seu
vestígio histórico e artístico”. (RIEMEL, 2005, p. 244)
Neste foco histórico, as apresentações artísticas potencializaram o crescimento da
utilização de peças gráficas de forma considerável, onde se iniciou a sua funcionalidade junto
ao público jovem da década de 60.
A comunicação dos estudantes universitários no momento pós-guerra viu o
casamento entre panfletos como um meio entre música e cultura jovem. Eles
promoviam concertos e outros eventos. A década de 60 viu o começo do link entre
panfletos e cultura pop, como pôsteres feitos à mão que eram reduzidos a formato de
cartão postal com função de voar.
(RIEMEL, 2005, p. 246)
A partir de exemplos encontrados em livros e sites, foi analisado que o modelo de
flyer que vemos hoje foi iniciado na era da Disco Music, em Nova York e Londres na década
de 70. Nessa época aconteceu a consagração das discotecas como entretenimento noturno,
30
resultando em abertura de novos lugares e consequentemete gerando mais divulgação. Os
empresários competiam para atrair o público, mostrando no papel atrações para suas
danceterias. Nota-se que a propagação dos flyers se potencializou com a invenção da
xerografia monocromática1 (foto-copiadora na cor preta), montagens de letras escritas à mão
ou utilização de letraset2, fotografias recortadas dos artistas e impressas em folhas coloridas.
FIGURA 2 – “HALLOWEEN BIRTHDAY EXTRAVAGANZA”
FONTE: OLD SCHOOL FLYERS
No começo da década de 80, o número de boates e ao mesmo tempo as possibilidades
para o design do flyer cresceram. O modelo de flyer iniciado da década anterior se
estabeleceu, porém permitiu que fossem experimentadas novas formas em seu layout. Efeitos
tipográficos, elementos de composição, diagramação elaborada, impressão colorida em uma
cor e fotomontagens manuais foram grandes destaques dessa época.
FIGURA 3 - “THE SURESHOCKIN PLANET ROCKIN SERIOSO HAPPININ”
FONTE: OLD SCHOOL FLYERS
1 Impressão em uma única cor.
2 Gabarito de letras inseridas por atrito.
31
A modernidade das técnicas de produção dos flyers surgiu no final dos anos 80 na
Inglaterra. Anúncios de festas eram tão populares que, “o termo flyer, foi inseparavelmente
associado, funcionando no início como convites, para a cultura das festas privadas em
Chicago e festas Raves1 ilegais na Inglaterra”. (RIEMEL, 2005, p. 243). Sob uma análise, em
referência aos exemplos produzidos nesta época, em que a foto-montagem era feita
manualmente, foi iniciada uma nova alternativa para sua produção, através de recurso
computadorizado, criada com o software Photoshop, disponível para uso de scanners. Nesta
época, os designers davam realismo a suas imaginações. A estética utilizada inicialmente “era
refletia na arte psycodélica dos anos 60, mas rapidamente desenvolveu-se um audacioso
estilo, com alienígenas, desenhos fragmentados, quadrinhos contemporâneos e smileys2
(mensagem subliminar da droga ecstasy “E”)” (RIEMEL, 2005, p. 249).
FIGURA 4 - “DISTORTION”
FONTE: RAVE FLYERS
“No começo da década de 90, o número de boates e ao mesmo tempo as possibilidades
para o design do flyer cresceram. Os computadores e softwares se tornaram mais acessíveis
com efeitos impossíveis de serem reproduzidos à mão livre”. (RIEMEL, 2005, p. 251). Flyers
apareceram com impressões acessíveis de quatro cores (policromia) em papel brilhoso.
Devido ao grande número de eventos, os flyers tiveram que se tornarem mais captadores de
atenção do que simplesmente informar data e local, definindo as diferença estética dos estilos.
Nesse momento todos os clubes e discotecas começam a fazer seus flyers, uma maneira de
comunicar com custo reduzido a um público específico. Sua análise pode ser complementada
1 Tipo de festa que acontece longe dos centros urbanos, com música eletrônica.
2 Ou Smiley Face é a representação de uma carinha sorridente. Símbolo que consiste em um círculo amarelo com
duas elipses pretas (olhos) e um traço curvo (sorriso).
32
a partir da premissa que “através das novas tecnologias de informação e comunicação, houve
maior qualidade na produção de flyers” (RIEMEL, 2005, p. 251).
Impressoras modernas que dão realismos às cores, internet que otimiza o tempo de
pesquisa e de material para os flyers, os scanners que capturam eletronicamente a
digitalização de imagens, etc…
(RIEMEL, 2005, p. 251)
O flyer hoje em dia, representa muito mais que simples papéis informativos usados
como material de divulgação sobre as festas. “Eles se transformaram na forma mais particular
de expressão estética-artística "noturna", a Flyer-art, verdadeiro fenômeno cultural.”
(CULTURA MOOD).
A partir de uma ampla análise dos flyers coletados em estudos de campo, encontrados
em livros, e complementando a abordagem do site Cultura Mood, pode-se perceber que
muitas vezes os flyers são desenvolvidos com caráter satírico e controverso, usando
caricaturas de personalidades, políticos, pin-ups e erotismo, a fim de atrair a atenção do
público. Além desses exemplos, diferentes referências estéticas são utilizadas. Os layouts
representam, através de manipulações fotográficas e ilustrações, um mix ortodoxo entre
psicodelismo, pop art, HQ comics1, cultura underground, fanzines kitsch, estilo retrô com
todos os neos e pós, tendências de moda, movimento punk2 e futurismo. “Idéias inovadoras
surgiram e idéias bem sucedidas são repetidas, continuadas, confirmando sinais do
desenvolvimento de uma tradição nos re-design de flyers” (CULTURA MOOD).
FIGURA 5 - “TORREMOLINOS”, FIGURA 6 - “BURLESQUE NIGHT” E FIGURA 7 - “FUCKED!”
FONTE: FLY FLYER FLY
1 Estilo gráfico de história em quadrinhos.
2 Produção contracultural de características autônomas, com aparência agressiva em elementos como: estilo
musical, moda, design, artes plásticas e também o comportamento.
33
FIGURA 8 – “I LOVE POP”
FONTE: ARQUIVO PESSOAL
A partir de todo esse contexto artístico, que se opõe ao posicionamento de Riemel que
afirma “flyers não são arte” como dito anteriormente, essa máxima é subvertida, através do
posicionamento Cultura Mood que apresenta a peça gráfica como verdadeira referência
cultural, cronológica e estética. “A “Flyer-art” representa hoje uma nova era gráfica,
importante referência estética, que lança tendências refletidas na produção gráfica e
publicitária. Descobriram o potencial mercadológico dos flyers, anunciantes e agências de
propaganda começaram a se especializar e se introduzir no novo meio de comunicação que
surgia” (CULTURA MOOD). A partir dessa referência histórica, mesmo tratando a peça
gráfica somente como meio comunicacional, surgiu o interesse do público em geral,
colecionar o surgimento crescente dessas diferentes peças gráficas.
Hoje existem colecionadores em todo o mundo que movimentam um mercado de
venda e troca de flyers assumindo proporções surpreendentes, e utilizando a internet
como o cenário de suas negociações.
(RIEMEL, 2005, p. 156)
“O flyer é um veículo de comunicação contemporâneo. Com a proliferação da
informação, a necessidade de comunicação expandiu de diversas maneiras, e diversos tipos de
mídia vêm sofrendo evolução”. (RIEMEL, 2005, p. 156). Uma destas transformações
acontece na mídia impressa.
Ao retomar uma das estratégias dos flyers, referente à sua apresentação na porta da
boate como possível desconto em entrada, percebe-se que esse marketing ganha uma nova
34
possibilidade de participação do público. Através desse aspecto contemporâneo é analisada
uma nova logística na produção deste meio
Os flyers que antes eram impressos e distribuídos principalmente nas ruas, passaram a
chegar ao público por meio eletrônico, em qualquer lugar do mundo. O nome mais utilizado
para esse tipo de propagação é conhecido como “E-flyer (“e” de eletrônico) disponível nos
sites das boates, sites especializados de festas, blogs ou recebido através de um cadastro por e-
mail. “Muitas boates já oferecem a possibilidade baixar os “e-flyers” em seu site, que depois
de serem impressos em uma impressora caseira, serão trocados por descontos ao chegar na
porta da boate.” (BOU, 2006, p. 24).
Para Patrícia Lobo, fotógrafa e produtora de eventos, a utilização crescente dos flyers
na plataforma digital, como os sites listaamiga.com e eflyers.com.br, promove a divulgação
de festas em uma ampla escala, subvertendo a pulverização de sua distribuição física.
Os flyers ainda são um diferencial para algumas festas até mais undergrounds. O
flyer foi instituído e nunca mais saiu, a internet não substitui, mas é um ótimo
instrumento de divulgação, até para pessoas de outras cidades que virão à cidade
durante um feriado por exemplo e pelo tipo de público que sempre é um pouco mais
novo. A internet alcança muito a galera jovem.
(LOBO, 2007)
2.2 Marketing direcionado
O designer hoje, antes de desenvolver um projeto, precisa desenvolver pesquisa de
mercado. Conhecer a filosofia da empresa, seus objetivos, canais de distribuição, estratégia de
marketing e posicionamento junto ao consumidor.
“A precisão máxima do flyer acontece quando humor, emoção e exemplos do dia-a-dia
da vida noturna são usados em palavras, encorajado opiniões”. Ele ainda complementa
“quando o consumidor segura o flyer em sua mão, diferentes impressões o afetam como se
tivesse passando em uma lista, ele lê o texto, vê as cores, e sente o material e a absorção é
guiada pelos diferentes sentidos” (RIEMEL, 2005, p. 120).
A partir dessa observação, percebe-se que o marketing do entretenimento nortuno, tem
como propósito a comunicação atrativa, dessa forma, a função do design gráfico é parecida
com a de um tradutor visual. Como observado nas entrevistas, os produtores contextualizaram
35
a premissa que o flyer é a “cara” do evento. Este pode contribuir para que a festa seja um
sucesso ou fracasso. Para uma definição estratégica eficiente, com abordagem junto ao
consumidor, é fundamental estudar o mercado almejado, através de análises do público-alvo e
da concorrência, como mencionado anteriormente. Cabe, então, ao designer o papel de
intérprete da intenção do marketing, nascendo o conceito, raiz de todas as peças gráficas.
O material promocional de uma empresa deve transmitir sua imagem e personalidade
junto ao público-alvo. Por isso, deve-se almejar que ele embarque os seguintes pontos: boas
apresentações do produto ou serviço, seja através de fotos ou de ilustrações, um texto claro e
elucidativo que direcione eficazmente a recepção do consumidor, informação técnica, se
necessária, de forma clara servindo de referência, descrição de características do produto ou
serviço e seus valores agregados e informação de como contactar a empresa.
Para Alexandre Aranha, diretor de arte e coordenador de núcleo de criação de uma
produtora cultural contextualiza o flyer, que por ser um veículo diariamente substituído com
novas linguagens, uma forma de torná-lo mais atrativo e aperfeiçoar sua abordagem é utilizar
representações sob uma referência de modismos contemporâneos.
Hoje em dia eu penso que pra flyer o ideal é que ele seja claramente orientado
dentro das tendências de uma linha estética de design do momento, porque é um
produto descartável. Tem que lembrar que o flyer vai ser pisoteado no dia da estréia.
Você sai com ele hoje e se estiver na rua, vão ter três mil flyers no final do dia no
chão, indo pro lixo. É um contato ainda que real fugás também, poucos dobram e
colocam no bolso.
(ARANHA, 2007)
A estratégia de distribuição dos flyers consiste principalmente na “redução de
desperdício, postando sua imagem em sites especializados ou focando sua entrega em locais
específicos para atingir a um público selecionado, ou convidados potenciais, numa circulação
rápida, de mão em mão”. (RIEMEL, 2005, p. 73). Essa distribuição pode ser feita a partir da
contratação de distribuidores profissionais, que irão entregá-los em praias, portaria de
faculdades e boates. Ele afirma que “também são achados dentro de caixas de correio, pára-
brisas de carros, inseridos em jornais locais de distribuição, ou deixados em locais como:
lojas, restaurantes, cafés, bibliotecas e quadros de anúncios” (RIMIEL,2005, p. 73).
Para complementar essa abordagem, a distribuição acontece de forma manual ou
deixada em locais onde há freqüência do público almejado.
36
Porta de boate, bares, festas com o mesmo tipo de público, nas praias segmentadas
durante feriados, também pra gringos, albergues, lojas, cinemas num filme mais ou
menos interessante que você sabe que a galera vai, faculdades.
(LOBO, 2007)
O flyer do marketing noturno além de sua representação estética apresenta em si,
diversas abordagens mercadológicas.
Desde o começo da minha festa, o flyer apresentado na porta tinha desconto,
justamente para as pessoas ficarem com os eles, é uma coisa que a pessoa guarda e
vai ver em casa depois, porque que aquilo vai ter um desconto. Alguns funcionam
somente pelo marketing. Em uma das minhas festas tinha gente que vendia os flyers,
porque ganhavam dinheiro com o desconto na porta.
(LOBO, 2007)
A partir desses conceitos e contextualizando sua abordagem, pode-se concluir uma
análise em que, para o marketing, o design é uma peça fundamental para dar forma à sua
comunicação. E já para o design, o marketing é um multiplicador em desenvolvimentos de
projetos que propõem diversos objetivos. (RIEMEL, 2005, p. 113 e 114)
Antigamente o flyer, era uma espécie de “mala-direta” sem interferências artísticas.
Hoje é cada vez mais estético e direcionado, sob um planejamento de marketing, ou seja,
“sem flyer não tem festa e sem festa não tem boate.” (BOU, 2006, p. 7)
2.3 Design editorial
Quando o cliente sente a necessidade de que precisa anunciar seu produto, geralmente
busca nas agências de publicidade a sua solução em comunicação. A criação de qualquer
material publicitário é interativa e dividida em duas partes: a primeira cabe ao redator
publicitário, no domínio do uso da palavra, adequar linguagens próprias e a segunda, ao
diretor de arte, no domínio da imagem, associar essas palavras ao melhor apelo visual,
gerenciando a atividade de design e concepção artística de um produto, incorporando uma
série de funções.
37
Em design, diretor de arte é o profissional responsável pela definição e orientação
das linhas gerais de um projeto gráfico. Já em propaganda, ele é um profissional de
criação especializado em desenvolver a linguagem visual e gráfica das peças
publicitárias.
(VOLLMER, 1998, p. 37)
Embora seja possível dizer que quem faz design também faz arte, o diretor de arte
não participa diretamente dos processos de design. Os dois profissionais precisam
entender as mesmas coisas sobre criação sendo quando se trata de peças gráficas.
(CESAR, 2003, p. 115)
Se o cliente prefere desenvolver seu flyer sem ajuda de uma agência, ele pode buscar
um contato direto com um designer que trabalha temporariamente. Freelancer é o termo em
inglês para denominar o profissional autônomo, que se auto-emprega em diferentes empresas,
captando e atendendo seus clientes de forma mais flexível. “tarefa realizada de forma
independente, mediante pagamento, por profissional sem vínculo empregatício” (VOLLMER,
1998, p. 50).
Sob uma observação nos últimos tempo, este tipo de profissional, é uma verdadeira
tendência em ascensão no mercado de design, propaganda, web, e muitos outros.
Normalmente um freelancer tem engajamento maior em projetos que demandam uma
dedicação diferenciada, sendo frequentemente solicitado em predominância de urgências e
prazos.
Como dito anteriormente, além da informação em si, o texto dos flyers contém
referências a conhecimentos específicos da cultura abordada e de seus valores, onde signos
lingüísticos podem funcionar esteticamente. A linguagem usada pode fazer referências a certo
contexto, podendo não ser compreendida fora dele. Um bom designer deve estar capacitado
para identificar o público alvo e criar uma abordagem de acordo.
Para Glauber Souza, designer gráfico e gerente de boate, o formato do flyer é um
ponto importante a se considerar, visto que, pode influenciar sua retenção para posterior
análise das informações de forma mais detalhada. Ele atenta para a premissa da legibilidade,
considerando apenas os dados característicos e necessários. Na conclusão de seu pensamento,
ele releva a importância desse meio e sua eficácia.
38
Flyers muito grandes às vezes aparentemente são mais bonitos, mas são
completamente descartáveis. A pessoa pega, olha aquela informação, está certa que
a função do flyer é informar os detalhes da festa, mas a pessoa não guarda, não tem
como. Nesse formato de card as pessoas acabam querendo colecionar. Eu sou
sempre da opinião que o menos é mais. Eu acho que a principal função do flyer da
festa é que ele tem que ter o serviço completo, tem que ter basicamente o endereço,
preço da festa, data, horário, o tipo de festa, o tipo de música que vai tocar, nome de
djs e das atrações, enfim qualquer outra coisa pode agregar, mas você corre aquele
risco de tumultuar e ficar poluído visualmente. Tem que ter o mínimo possível de
informação e o necessário. (...) A gente já cogitou várias vezes em acabar com os
flyers impressos, pra tentar reduzir custos, mas a gente sempre chega a conclusão
que não adianta, tem que ter, nem que reduza a quantidade.
(SOUZA, 2007)
Quanto ao formato dessa peça gráfica, existem milhares de variações, sendo definidas
pelo produtor, ou seja, na concepção idealizada da peça, será revelado sua necessidade de
atração, pois isso gerará custos superiores para produção. O flyer para se tornar atrativo, é
importante que fuja dos padrões convencionais e se destaque entre o excesso de imagens,
“para isso, criam-se releituras de marcas e embalagens famosas, criando intertextualidade ou
se experimentam facas de cortes especiais e materiais diversos demonstrando inovação”. Ele
conclui que, “Se a maioria dos flyers é produzida em papeis normais de 80gm, um papel
brilhoso de 170gm pode destacar o caráter comercial do evento” (RIEMEL, 2005, p. 53).
“Desde pequenas boates com festas secretas ou semanais até mega eventos singulares
em grandes metrópoles, existem diferentes tipos de festa para uma grande variedade de
pessoas”. Ele completa o raciocínio levantando uma teoria quanto à classificação do flyers:
“Considerando tanto o tipo de festa quanto a forma que o flyer é produzido, podem ser
distinguidos em três categorias: “flyer standard”, “mega flyer” e “calendar flyer” (RIEMEL,
2005, p. 42).
“O Flyer standard é o flyer mais comum, retangular, entre formatos A5 e A6,
impresso de um lado. Anuncia uma noite semanal de boate, criado uma series de flyers que se
prolongam durante o mês ou uma temporada inteira” (RIEMEL, 2005, p. 42).
39
FIGURA 9 – “LUV”
FONTE: ACERVO PESSOAL
Com o crescimento das festas, os flyers também cresceram, surgindo o “mega flyer”.
“O jeito certo de divulgar uma mega-festa é com um mega-flyer, impressa dos dois lados.
Contêm informações sobre os diversos DJ‟s, performances, detalhes extras de qualquer outra
atração, usualmente com um mapa, e sempre com o logo dos patrocinadores.” (RIEMEL,
2005, p. 43).
FIGURA 10 – “COSMOPOLITAN”
FONTE: ACERVO PESSOAL
“Calendar flyer: Boates também usam flyers como calendário, para dar uma visão
geral sobre os eventos no mês. Esses normalmente tem um formato alongado, e organizados
como uma tabela que pode ser lida de cima para baixo ou da esquerda para direita”.
(RIEMEL, 2005, p. 43).
40
FIGURA 11 – “CASA DA MATRIZ”
FONTE: ACERVO PESSOAL
A diagramação das informações também é um ponto a ser considerado. Como é
difundido no meio acadêmico e sabido na área de estudo, "Menos é mais" na publicidade. Ou
seja, na contextualização do veículo flyer, as pessoas ao o obterem, o lêem andando, tendo
curta atenção, onde geralmente não param para prestar atenção nas informações. O título e a
imagem devem apresentar uma promessa básica, provocando no leitor uma vontade de ler
toda a peça. Para esse foco, é observado nas análises de campos, que devem ser impactantes,
envolventes e surpreendentes.
“Se o flyer é mal feito e descontextualizado, representa uma falta de respeito com a
sensibilidade estética do cenário que ele se propõe a divulgar” (RIEMEL, 2005, p. 131).
Então, afirma-se que flyers, com design especialmente elaborado, aumentam as expectativas e
estas precisam ser satisfeitas. “O código visual dos flyers não funciona independentemente,
interage com os códigos verbais, são duas expressões para o mesmo conceito. A escolha do
visual normalmente é um ato criativo, mas também segue tendências internacionais”. E este
pensamento é finalizado com seu raciocínio sobre a segmentação do público-alvo, onde
afirma que “Os visuais seguem convicções de determinada cultura. Alguns padrões são tão
ligados a determinados estilos que se pode reconhecer o tipo de festa apenas olhando para os
estereótipos, coletando todos os tipos de jargões visuais” (RIEMEL, 2005, p. 50).
Já processo estético e criativo do flyer é bem dinâmico, onde a partir de uma definição
conceitual pré-configurada do produtor, o designer potencializa a pesquisa iconográfica e o
layout da peça, como dito anteriormente.
41
Eu como já estou acostumado, é muito rápido, em menos de uma hora. Quando toda
criação é minha me falam o nome da festa, na hora já vem alguma coisa na cabeça.
Aí eu já vou procurar uma coisa ou outra pela internet, pego as informações e já
faço. Às vezes o próprio cliente já tem uma imagem que ele quer usar, e aí eu só
trabalho em cima daquela imagem, mudo cor ou coloco algum efeito”. “Eu
normalmente, procuro trabalhar com referência que remetam aquele determinado
estilo. Seja de imagem, estilo, época, cores, moda, estilo musical. Procuro usar
sempre uma coisa que remeta aquela idéia do flyer.
(SOUZA, 2007)
Para Cláudio Portugal, formado em comunicação e atuando como designer gráfico, o
mais importante em um flyer é a representação estética da promessa da festa. Ele também
ressalta a importância do processo criativo, falando da forma e meios que utiliza.
Se um cara vir um flyer que é exatamente igual às capas de disco que ele gosta de
ouvir, ele vai pegar na hora, ou seja, a estética influencia à pessoa ir pegar o flyer. E
também a estética desse público influencia também como esse flyer vai ser
desenhado. É bom o artista colocar um pouco dele também, é o que eu procuro
fazer. (...) Tem sempre um briefing inicial. Depende do flyer. Primeiramente,
sempre tem reunião com o produtor, explicando a festa, o tipo de som, nome da festa
e eu peço referência estética do que o agrada, para me orientar. A seguir apresento
um esboço com várias referências mostrando a linha estética, que vai seguir daqui
pra frente. Aprovando, eu começo a ter mais liberdade e ele sabe que, mais ou
menos, sempre eles vão ter essa linha estética. (...) Uso Illustrator, Photoshop,
Indesign. Fora caneta, papel, lápis...
(PORTUGAL, 2007)
Essas etapas de produção são bastante relevantes para se obter um resultado
consistente objetivando sucesso na sua funcionalidade e aprovação do cliente.
O processo é definido por fases distintas com pontos lógicos de início e finalização,
o que facilita as tomadas de decisão nos intervalos apropriados. A eliminação de
etapas ou a reorganização do projeto pode apresentar uma atraente forma de cortar
custos e tempo, porém, isso pode acarretar riscos substanciais e impedir benefícios
em longo prazo. O processo, quando feito corretamente, pode produzir resultados
extraordinários. (...) As diretrizes do sistema devem ser de fácil entendimento pelos
gerentes, profissionais de design e agências de propaganda. Os sistemas devem
incluir elementos flexíveis, porém, precisam mater normatização clara e absoluta no
que diz respeito às assinaturas de marcas.
(WHEELER, 2008, p. 80, 140 e 141)
42
A partir daí, como aprendido academicamente e na prática de mercado, as clássicas
etapas de gerenciamento de projetos de criação de peças gráficas, tanto no design gráfico
quanto na publicidade e propaganda, como dito por Wheeler (2008), são aproveitadas e
adaptadas para à criação dos flyers, e compõem-se de:
Briefing - Neste momento inicial todos os requisitos básicos são discutidos, inclusive
detalhes. A coleta de dados de uma festa é feita através de uma conversa com o produtor de
eventos e o designer, com objetivo de saber todos os aspectos relevantes relacionados ao
serviço que esta festa e/ou boate oferece. Um briefing bem feito garante maior eficiência e
rapidez no processo, evitando o trabalho de ter que ser refeito. O planejamento do tempo por
cada etapa é essencial para a entrega da peça no prazo, se possível com prevenção de um
tempo extra já pensando no caso de houver algum possível atraso na impressão.
Análise do ambiente – Deve-se levar em consideração o ambiente no qual está inserida
a festa, definido durante o briefing: público-alvo, posicionamento no mercado, políticas
internas da boate, pontos fortes e fracos da festa no que se refere à postura da concorrência.
Pesquisa – Levantamento dos flyers concorrentes e análise de imagens e aspectos
interessantes que venham agregar valor à peça gráfica, evitando coincidências.
Brainstorm – Com todas as informações coletadas e organizadas, a equipe de criação
ou designer freelancer, inicia um processo para gerar idéias e conceitos a serem trabalhados.
Reconhecer uma estética, uma linguagem própria e utilizá-las em benefício de forma criativa,
contrastam a exemplos extravagantes produzidos pelo desconhecimento e mau gosto.
Definição do conceito - Filtragem dos elementos que serão utilizados, ou seja, o
conceito a ser trabalhado será definido nesta etapa, como o estilo iconográfico. Quando se
trata de uma peça gráfica, é de suma importância definir o sistema de impressão e o tipo de
papel, não só por questões de orçamentos, mas também por questões intimamente ligadas à
estrutura interna do arquivo. Para discutir estas questões deve-se procurar a gráfica e expor as
características principais do projeto (formato, quantidade de cores, etc.), para que ela possa
auxiliar numa escolha mais adequada do sistema de impressão e tipo de papel.
Desenvolvimento layout – Inicia-se o processo de desenvolvimento do conceito a ser
utilizado na peça, preferencialmente através de esboços em papel, para depois serem
finalizados em computador, de forma que o cliente rapidamente associe a imagem que está
vendo, com o flyer do sua festa/boate preferida. A hierarquia na diagramação é feita
geralmente por organizadores, nome do evento, atrações (dj´s, shows ao vivo, etc.), imagem,
o próprio formato e patrocinador. Toda boate tem um nome e assinatura visual que o
identifica dos demais, e às vezes até são produzidos especialmente para festas.
43
Apresentação – Após a idéia finalizada, deve ser feita uma apresentação da solução ao
cliente de forma digital e impressa com um breve memorial descritivo quanto à imagem
instaurada, fontes e cores utilizadas. No caso de mais de uma solução, devem ser feitas
amostras individuais e apresentadas separadamente. Nesta etapa, o produtor aprovará a
solução ou solicitará as alterações, se necessárias.
Correções – Nesta etapa, se necessário, são feitas as modificações e adaptações
solicitadas pelo produtor. Uma nova apresentação, nos moldes da primeira, deverá ser feita.
Novas correções podem ser solicitadas ou não. Se aprovada, o projeto estará pronto a ser
finalizado para impressão.
Finalização – Após a aprovação do flyer, o projeto estará pronto para ser encaminhado
para a gráfica. A qualidade e escolha dos fornecedores gráficos, podendo ou não ser de
responsabilidade do designer, é a etapa mais importante, onde a criação vai transpassar a idéia
e se tornará concreto. Normalmente a tiragem de 5000 unidades é a mais utilizada, mas antes
deve se certificar se o fechamento do arquivo foi feito de forma correta e se está pronto para
produção. Devem-se pesquisar seus produtos, serviços e especialidades. A densidade de um
papel é expressa em gramas por metro quadrado (g/m²), unidade batizada de gramatura. As
mais comuns a flyers no dia-a-dia são de 75g/m² à 150g/m², no suporte mais usado que é o
papel couché. Impressão de flyers em um suporte com gramatura superior a 170g/m² já é
considerada papel cartão.
Contextualizando todo esse processo, esse é o resultado no processo de design no
sistema de folhetos:
Os melhores folhetos convidam à leitura, uma vez que são fáceis de entender e de
usar. O design de um sistema unificado assegura que a identidade da empresa seja
apresentada com consitência e comunique familiaridade com os consumidores. (...)
Os sistemas de folhetos eficazes são diferenciados dos da concorrência. (...) Os
folhetos eficientes facilitam que os consumidores compreendam a informação e
adquiram os produtos e serviços.
(WHEELER, 2008, p. 141)
44
3 ANÁLISE GRÁFICA DOS FLYERS
A arte (do latim ars, significando técnica ou habilidade) normalmente é endendida
como a atividade ligada a manifestações de ordem estética por parte do ser humano; é um
fenômeno cultural. No sentido moderno podemos também incluir o termo ao produto da
atividade artística. Regras absolutas sobre arte não sobrevivem ao tempo, mas em cada época,
diferentes grupos ou cada indivíduo escolhe como deve compreender esse fenômeno.
O design gráfico já foi chamado de “arte comercial”. Na procura de uma distinção
simples, esse termo a fornece imediatamente: objetivo comercial.
A arte é conotativa, associativa, implicativa; ela se revela na ambiguidade. Sua
função e sua forma são inseparáveis. O design é exato, denotativo, explícito. É uma
mediação, uma estrutura, um método.
(NEWARK, 2009, p. 28)
Pertencendo à esfera da razão, a informação agregada à arte é apresentada como uma
estruturação de significados previamente codificados, combinados com a lógica para um
grupo de receptores capazes de interpretar a mensagem. A observação ótica é mais rápida e
facilmente decodificada do que conceitos verbais. O talento de simplesmente identificar
figuras, também explica a popularidade dos formatos de mídia visual e o efeito emocional de
imagem de rostos.
3.1 Semiótica
Surgida no final do século XIX, desenvolvida ao longo do século XX, a semiótica,
nome dado pelo filósofo Charles Sanders Peirce (1839-1914) nos Estados Unidos, ocupa-se
do estudo dos signos em geral, ou seja, do processo de significação ou representação. “É a
ciência que tem por objetivo examinar os modos de constituição de todo e qualquer fenômeno
de produção de significação e de sentido. Estes signos são então transmitidos, e
reinterpretados pelo receptor. Ela classifica e descreve todos os tipos logicamente possíveis”
(PEREIRA, 2001, p. 43 e 44)
45
A semiologia e a semiótica ensinam que, as mensagens podem ser decompostas em
elementos simples chamados signos. Signos são, pois, todo o elemento significativo da
mensagem, “Signo é algo que, sob certo aspecto e de algum modo, representa alguma coisa
para alguém, um signo é, pois, uma coisa que representa outra” (PEREIRA, 2001, p. 49).
Toda mensagem é codificada, e deve-se ter consciência do código ou dos códigos
utilizados na mensagem por uma razão simples: “o emissor só pode ou só deve usar códigos
que o receptor conheça” (PEREIRA, 2001, p. 31).
Um dos fundamentos da comunicação visual é quanto ao simbolismo das imagens em
seu caráter psicológico. A representatividade iconográficas de fotos e ilustrações permite
diversas interpretações. Para distinguir termos amplamente estudos nesses estudos, é
ncessário explicar a diferença de signos e códigos.
Signos – São elementos de uma mensagem. As mensagens geralmente podem ser
decompostas um unidades menores: palavras, imagens tomadas isoladamente. Os
signos surgem da necessidade que tem o ser humano de representar as coisas para
melhor compreender, interpretar, analisar conhecer o mundo. E também facilitar a
comunicação.
Código – Em palavras simples, código é a linguagem na qual a mensagem é
transmitida. Na comunicação profissional, duas formas artificiais de linguagem – ou
seja, de codificação da realidade, para efeito de comunicação – se destacam
amplamente: a linguagem da palavra (ou verbal, falada ou escrita) e a linguagem da
imagem, que é uma das modalidades da linguagem não-verbal. Enquanto a
linguagem da palavra opera com símbolos, a linguagem da imagem trabalha com
ícones visuais. Mas para que exista comunicação, é necessário que o emissor use um
código que o receptor conheça. Esta é outra razão pela qual o emissor deve estudar
previamente o receptor.
(PEREIRA, 2001, p. 29 e 31)
“Uma mensagem qualquer é uma particular seleção e combinação de signos. Tudo o
que foi dito para o signo vale, em princípio, para a mensagem”. (PEREIRA, 2001, p. 101). Ele
ainda afirma que: “Esta pode ser constituída de um único signo ou de muitos signos. A
diferença não está no tamanho, mas sim no nível de informação” (PEREIRA, 2001, p. 59).
Isto é, enquanto o signo possui significado próprio, independente, a mensagem tem seu
significado de acordo com o contexto.
O objetivo de qualquer mensagem, é “Passar informações: um conteúdo. Mas o
conteúdo da mensagem não é apenas um produto que você recebe e basta tirar da embalagem.
É um produto intelectual. Requer interpretação”. (PEREIRA, 2001, p. 121 e 123). Nesse
pensamento atenta-se para o fato de que: “Há em primeiro lugar o sentido imediato, explícito,
46
literal, ou denotativo. E há os sentidos ocultos, implícitos, metafóricos ou simbólicos da
mensagem, que são os conotativos. (PEREIRA, 2001, p. 113)
A interpretação e resposta em relação às mensagens também são analisadas por ele.
“O retorno permite ao emissor realimentar-se, reajustar-se e fazer um entendimento entre
emissor e receptor que pode progredir aos pouco. É assim que se dão as tentativas da
comunicação humana” (PEREIRA, 2001, p. 123).
Como unidade semiótica, o flyer contém um grupo de informações, comunicadas
visualmente. Também oferece um playground semiótico diante da grande diversidade
conceitual e estética das sub-culturas jovens. A codificação de símbolos e linguagens para
posterior interpretação insere-se direcionadamente por mensagens especificas para
determinado segmento.
3.2 Tipos de flyers analisados
“O mundo underground, a segmentação das festas e dos públicos, o custo e as
apresentações artísticas, são um coletivo cultural para estes flyers”. (BOU, 2006, p.131). Com
a liberdade de expressão, chega por sua vez a liberdade de criar e, no caso abordado, a
liberdade em sua forma de projetar um flyer.
Assim como os estilos de música são distintos Pop, Rock e Heavy metal que
possuem linguagens visuais específicas, o design do flyer quanto ao tipo de festa
também possui seu próprio estilo e vai mudando de acordo com a moda e a cultura.
(BOU, 2006, p. 7)
A análise de campo observou, que algumas casas noturnas utilizam o mesmo conceito
estético de forma sequencial, apenas variando sua abordagem. Ou seja, algumas boates
apresentam um projeto gráfico de identidade visual para os flyers de determinadas festas. A
partir dessa premissa, é pontencializado seu reconhecimento visual imediato através da peça,
diferenciando os eventos.
Ao desenvolver a peça gráfica, é observado que se deve estabelecer o conceito da
festa, fazendo referência a sua representação estética portadora de significado. Dependendo da
47
iconografia adotada, baseada em imagens (foto e ilustração) e palavras, podem gerar um
impacto visual, cumprindo seu objetivo de comunicação, instigando a leitura.
3.2.1 Evolução
A evolução dos flyers descrito neste projeto é abordada de acordo com os períodos
importantes no desenvolvimento gráfico e estético do design.
No final dos anos 70, o modelo de flyer utilizado era o formato 15x21 e 1/0 (impresso
somente na frente), no sistema de xerografia monocromática. O conceito das peças era
inspirada na cultura da Black Music, difundida nas discotecas da época.
No flyer “THE SHOW CASE STUDIO” de 1978 (figura 12), pode-se perceber que, na
hierarquia da peça, foi utilizado um corpo maior para dar destaque à fonte do título. A
diagramação é dividida em paralelo ao conteúdo textual e imagem. A ilustração, que deduz
ser um tipo de festa comandada por DJs, foi produzida à mão livre, como o título. Para
finalizar, foram inseridos vários tipos de famílias tipográficas em referência às informações
complementares, resultando assim, em uma mistura de fontes manuscritas e letraset (letras
dispostas em gabaritos e inseridas por atrito). Por serem feitas manualmente, as fontes do
título eram ousadas e chamativas, refletindo a natureza casual do projeto.
FIGURA 12 – “THE SHOW CASE STUDIO”
FONTE: OLD SCHOOL FLYERS
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O flyer da companhia “RENAISSANCE” de 1979 (figura 13), apresenta um período
onde começa a inserção das atrações da festa de forma visualmente representativa. Nesta
peça, a inclusão de fotos no tamanho 3x4 e com baixa resolução, prejudica a reprodução do
material. Na estrutura da diagramação dividida em título e imagens na parte superior e texto
na inferior, foram dispostos elementos ilustrativos em forma de estrelas, tipografias com
diferentes pesos e alinhamentos inseridas em letraset e moldura com arabescos.
FIGURA 13 – “RENAISSANCE”
FONTE: OLD SCHOOL FLYERS
O próximo é o “HALLOWEEN BIRTHDAY EXTRAVAGANZA”, de 1979 (figura 2,
apresentada anteriormente), possui uma diagramação elaborada que destaca as duas
fotografias das atrações da festa, apresentadas em melhor resolução. As informações são
inseridas com alinhamento centralizado e outras com o uso tipográfico apresentando
orientação inclinada. A composição de elementos ilustrativos nas bordas superiores completa
o layout do flyer.
Finalmente o flyer do grupo “THE LOVE BROS & NUBIAN” também de 1979
(figura 14), inova, apresentando o mesmo sistema de reprodução, porém sobre um novo
suporte, o papel colorido, na tentativa de captar mais atenção. A diagramação centralizada,
com tipografias no texto da parte superior e ilustração na inferior, compõe a peça gráfica. As
informações são inseridas com alinhamento centralizado. Como a utilização da fotografia
começava a ser considerado o moderno design da época, o uso da ilustração não deixava de
funcionar como uma forma de diferenciação.
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FIGURA 14 – “THE LOVE BROS & NUBIAN”
FONTE: OLD SCHOOL FLYERS
No início dos anos 80 se manteve a mesma configuração gráfica do período anterior,
porém com mais intervenções artísticas para composições de layouts.
No flyer “JERRY D‟S” de 1980 (figura 15), percebe-se a preocupação que o designer
teve quanto à apresentação. Explorou na tipografia do texto “Super birthday bash” a
representação do efeito sonoro ao repetir e sobrepor a última letra das palavras. Além disso,
com a utilização de corpos diferentes em uma única fonte, propôs uma diagramação
inovadora, alinhando o texto com as informações relativas às atrações da festa de acordo com
os dois círculos maiores. Estas estão destinadas para a maioria das informações, equilibrando
o layout com as áreas de respiro, criando uma variação de peso na impressão. Nesse flyer, a
inserção do texto começa a abandonar as regras tradicionais de diagramação, explorando uma
melhor composição dos elementos.
FIGURA 15 – “JERRY D”
FONTE: OLD SCHOOL FLYERS
50
A estrutura do flyer “A NIGHT OF PURE FUNK!” de 1981 (figura 16), apresenta um
layout horizontal. A peça gráfica demonstra uma diagramação sem alinhamento e sem
estrutura de orientação das informações, porém seu destaque, além do suporte colorido, está
no uso de diferentes famílias tipográficas. Mesmo as que não apresentam características de
tipos manuscritos, todas foram feitas à mão livre, criadas exclusivamente para a peça e não
sendo comerciais.
FIGURA 16 – “A NIGHT OF PURE FUNK!”
FONTE: OLD SCHOOL FLYERS
O próximo exemplo é o flyer “DOUBLE DAY SUPER EXPLOSION” de 1981
(figura 17), que apresenta um destaque na história da impressão, o início da monocromia
colorida. Além disso, foram criados vários boxes para compor o alinhamento, orientação e
estrutura da diagramação das informações com tipografias em estilos distintos. A peça
apresenta repetições da data do evento e sobreposição dos nomes das principais atrações,
apresentando efeito vazado na imagem. Em se tratando de imagem, o foco do layout
apresentado fica por conta da fotografia, com paralelo entre as de corpo inteiro e as das
cabeças, criando uma hierarquia de importância das atrações da festa.
51
FIGURA 17 – “DOUBLE DAY SUPER EXPLOSION”
FONTE: OLD SCHOOL FLYERS
Para finalizar, no flyer “THE SURESHOCKIN PLANET ROCKIN SERIOSO
HAPPININ” de 1983 (figura 3, apresentada anteriormente), o grande destaque do layout é o
foco central na representação do conceito de uma festa. Através de uma colagem sobreposta,
feita à base de recortes, foi criada uma fotomontagem manual que já era utilizada em outros
meios.
Nos anos 1920 também surgiu a fotomontagem, uma nova técnica (...) usada em
muitos projetos que se baseavam imagens. (...) Em geral, criadas num estilo
aleatório e anárquico, essas montagens dadaístas eram freqüentemente feitas de
fotografias justapostas e textos de jornal usadas como capas e ilustrações de
revistas.
(RAIMES/BHASKARAN, 2007, p. 68)
Outros conceitos já apresentados como: formato horizontal, uso de tipografias com
corpos diferenciados, estrutura para informações montada através de boxes, orientação do
texto inclinado, repetição, e espaços de respiro com traços de linhas finas, foram reunidos
nesta peça, definindo toda composição do layout.
Porém, já no início dos anos 90, o maior destaque na produção dos flyers, é quanto ao
início da evolução das tecnologias da impressão e a utilização de softwares gráficos para a
criação, configurando um modelo de flyers que vemos atualmente: policromia 4/4 (impressão
na frente e no verso) no formato 10x15, com: diagramação do nome da festa e a imagem de
destaque em alta resolução posicionadas na frente, e no verso, inserção das informações
complementares.
52
No flyer “TOMORROW IS BORN” de 1992 (figura 18), pode-se perceber que é neste
período que imagens de conceitos futuristas e surrealistas são exploradas como tendência. No
verso, apesar de utilizar um alinhamento tipográfico variável, a impressão colorida destaca as
tarjas da estrutura da diagramação. Como algumas dessas festas do tipo Rave eram ilegais e
privadas, um detalhe a ser considerado, marca o início da representação informacional através
da inserção de um mapa, a fim de facilitar a localização da festa.
FIGURA 18 – “TOMORROW IS BORN”
FONTE: RAVE FLYERS
O Flyer “DISTORTION” de 1992 (figura 4, apresentada anteriormente), mostra uma
referência ilustrativa baseada em cartas de Tarô. Estilos místicos e elementos fragmentados
também são conceitos explorados nesta época. A palavra distortion, título da festa, foi criada
através de uma tipografia fantasia prejudicando sua legibilidade. Isso também acontece na sua
aplicação dentro do coração central no verso do flyer. Estes elementos de apoio destacam as
principais atrações da festa. Também foram inseridos boxes auxiliares alinhados e mapa.
O próximo é o “DESIRE 92” de 1992 (figura 19), onde a imagem utilizada faz alusão
aos pôsteres psicodélicos da década de 70, época do movimento hippie, criando um link entre
as distorções visuais causadas pelas drogas.
Em grande parte produto do movimento hippie californiano, a música pop foi a força
motriz que levou à explosão psicodélica no final dos anos 1960, e teve grande
influência na música, na arte, na moda e no design. O grafismo psicodélico chegou às
revistas de consumo, pois os designers desenvolveram o gosto pelo psicodelismo. A
abordagem minimalista autoconsciente e da pop art foram transformadas em colagens
fantasiosas de formas ondulantes, cores ácidas e vívidas.
(RAIMES/BHASKARAN, 2007, p.142)
53
Essas técnicas eram utilizadas com freqüência, iniciando assim a utilização de efeitos
estéticos sobre as imagens. O excesso de saturação da imagem é um recurso obtido graças a
esses softwares de edição de imagem, que já começavam a ser utilizados na época. Em
contraste com a parte frontal, a impressão no verso é feita com uma impressão monocromática
(o mascote incluído nos cantos inferiores direito da imagem é referente ao site onde ele foi
extraído, não fazendo parte da peça gráfica original). A diagramação com alinhamento
centralizado é estruturada por fios e boxes, e o mapa é inserido, servindo como base para
todas as informações. Já o título do evento é escrito em diferentes tipos e com corpos maiores.
FIGURA 19 – “DESIRE 92”
FONTE: OLD SCHOOL RAVE
O último é o “FANTASIA, THE CLUB TOUR PART VII” de 1993 (figura 20), é
exemplo de flyer calendário, com toda programação mensal. Na parte da frente é inserida
ilustração de uma versão do smiley, como referência à droga Ecstasy. Esta potencializa o
conceito da imagem de fundo, onde se pode interpretar que é uma festa Rave, em um lugar
isolado da cidade, com duração até o amanhecer. O nome da festa com distorção gráfica e sua
aplicação em duas cores, criam um efeito visual na tipografia. Ainda na parte frontal foram
adicionadas as informações principais e no verso, as complementares como as datas
orientadas em forma de arco. Porém, esse verso sem alinhamento definido, prejudica a
legibilidade do texto.
54
FIGURA 20 – “FANTASIA, THE CLUB TOUR PART VII”
FONTE: OLD SCHOOL RAVE
3.2.2 Conceito
Conceito diz respeito à idéia na qual será baseada o projeto gráfico, portador de
significado, e tem atrás de si uma ou muitas idéias. A linguagem visual, baseada em imagens
(foto/ilustração) e palavras (tipografia), é utilizada para criar uma estética definida, ajudando
na atratividade da peça gráfica. Essas devem fazer referência com uma evidência espontânea,
exprimindo assim, em caráter imediato, a proposta da festa. Ser impactante visualmente e
funcional em sua diagramação são princípios básicos para cumprir a função de atratividade.
Como a necessidade constante de comida, a necessidade de um estilo diferente
ressurge naturalmente, logo depois de ser satisfeita com o último. O efeito externo
disso é, certamente, mudança de estilos; ora estão em voga, ora estão fora de moda.
Mas o que motiva os designers a procurar estilos novos ou a reciclar antigos por
meio da ironia, ou a misturar vários aspectos de estilos diferentes? Acredito que a
busca é movida por dois fatores: a necessidade de unificar a obra e o desejo de
valorizá-la.
( NEWARK, 2009, p. 18)
55
3.2.2.1 Conceito erótico
No senso comum, profissionais que trabalham com imagem e espectadores concordam
que a estética erótica e o apelo sexual é um grande fator determinante para se captar atenção.
Em vários meios como capas de revista e programas de TV, esse tema é utilizado para
despertar curiosidade. Em uma análise comparativa, relacionamos alguns exemplos
encontrados pelo mundo em paralelo ao que é produzido na cidade do Rio de Janeiro.
Os flyers calendários da “MOND BAR” (figura 21) usam fotos coloridas de
mulheres seminuas, com sobreposição de uma forma geométrica monocromática, criando
assim um contraste, uma interpretação como se estivessem sendo olhadas por dentro de uma
fechadura. A diagramação das informações, alinhadas hierarquicamente à direita, compõem
essa peça de formato retangular vertical. Vale considerar a escolha das cores deste projeto.
Além do preto, que reduz o espaço e o faz parecer menor e mais intimista, há os círculos em
cores quentes. Eles remetem ao tom de pele das modelos, trazendo contraste ao layout.
FIGURA 21 – “MOND BAR”
FONTE: FLY FLYER FLY
Esse estilo de flyer também é encontrado nos da festa “DIRTY DISCO” (figura 22),
utilizando ilustração de mulheres em poses sensuais. A peça, de formato retangular vertical e
impressão em bicromia, apresenta contraste na reserva de espaço para imagem e texto,
restando à base inferior, uma diagramação com tipografias de estilos e corpos variados.
56
FIGURA 22 – “DIRTY DISCO”
FONTE: FLY FLYER FLY
Ilustração também é encontrada no flyer “SHÔKOWEEN” (figura 23) que utiliza
ilustração à mão livre, em referência á estética gótica, e apresenta impressão em bicromia sob
uma textura de papel manchado. A diagramação, em contraste com o tamanho da ilustração e
a reserva de espaço para o texto e as formas de balões, apresenta uma assimetria em seu
alinhamento.
FIGURA 23 – “SHÔKOWEEN”
FONTE: FLY FLYER FLY
No flyer “BURLESQUE NIGHT” (figura 6 apresentada anteriormente), apresenta em
destaque, uma nova versão estilizada da figura feminina em estilo pin-up. Com elementos de
apoio sob várias formas e cores, e uma variedade de diferentes famílias tipográficas para
composição textual, completam o layout assimétrico e dinâmico da peça.
57
No Rio de Janeiro também é utilizada essa estética. A sensualidade masculina é
encontrada no “COSMOPOLITAN” (figura 10, apresentada anteriormente), onde, no formato
15x21, são inseridas outras formas e texturas para compor o equilíbrio das imagens, e uma
diagramação estruturada orientando o alinhamento das informações.
Já o erotismo feminino, bem mais explorado visualmente nessa estética, pode ser vista
no flyer “STRIP SILENCE” (figura 24), com a imagem-fetiche hiper-realista de uma stripper
em destaque, e um layout em equilíbrio onde imagem fica à esquerda e texto alinhado à
direita.
FIGURA 24 – “STRIP SILENCE”
FONTE: ACERVO PESSOAL
O hiper-realismo na ilustração também é encontrado no flyer “ARDIDA” (figura 25),
com enquadramento em close, destacando verdadeiros ícones sensuais, como a boca feminina
e a pimenta. A cor também é muito representativa deste conceito na peça, com tons em
vermelho na frente e imagem de fogo no verso. O equilíbrio do texto e imagem é apresentado
com uma diagramação paralela em alinhamento variado.
58
FIGURA 25 – “ARDIDA”
FONTE: ACERVO PESSOAL
Por fim, a “ULTRALOVECATS” (figura 26), onde vale também considerar a
escolha das cores deste projeto, pelo destaque no contraste do layout, com uso de uma
celebridade considerada símbolo sexual em uma imagem P/B inserida num layout com
elementos coloridos. Essa composição permite interpretar que: a celebridade era sensual na
época em que foi tirada a fotografia e o uso das cores do arco-íris faz referência a uma festa
GLS1, símbolo adotado por essa tribo.
FIGURA 26 – “ULTRALOVECATS”
FONTE: ACERVO PESSOAL
1 Letras iniciais de gays, lésbicas e simpatizantes.
59
3.2.2.2 Conceito embalagem
No processo de criação o designer pode usar como referência vários elementos
comuns ao seu dia-a-dia. Um exemplo é quanto à tentativa de se criar novos impactos visuais
com o flyer, com uma releitura gráfica inspirada nas formas de embalagens de diversos
produtos.
Nas fotografias de embalagem de alimentos, o formato de etiqueta em tamanho
reduzido, dá lugar às informações da festa “I LOVE MIERCOLES” (figura 27), com direito à
inserção de tipografia digital pixelizada1 e código de barras, tudo isso, para uma referência
aos produtos de supermercado.
FIGURA 27 – “I LOVE MIERCOLES”
FONTE: FLYER SOCIOTYPE
A festa “FUCKED!” (figura 7, apresentada anteriormente) faz uma releitura da
linguagem visual do cigarro Mallboro, com uma mesma tipografia de título, cor e estrutura de
alinhamento.
A “FREUDEN HOUSE” (figura 28), adota a embalagem da forma e cores de uma
caixa de sabão em pó, para composição de seu layout. São inseridas em referência à estrutura
de orientação e alinhamento, e diferentes estilos, variações e distorções tipográficas.
1 Menor ponto que forma uma imagem digital. Formada por pontos.
60
FIGURA 28 – “FREUDEN HOUSE”
FONTE: FLYER SOCIOTYPE
E para finalizar esses exemplos, é apresentada a peça “QUALITY BREED” (figura
29), que utiliza o formato planificado de uma caixa de leite inglesa, que incorpora em
referência a orientação na diagramação, fontes e cores. Esse flyer foi apresentado nesse layout
para atrair e motivar o público, onde o cliente pode guardar a peça para posterior produção do
acabamento, como se fosse uma faca especial.
FIGURA 29 – “QUALITY BREED”
FONTE: FLYER SOCIOTYPE
3.2.2.3 Conceito carioca
Ao se imergir num universo específico, o profissional começa a analisar a
predominância visual de certos elementos gráficos. Quando esse universo é uma cidade,
61
elementos representativos como paisagens, monumentos e estilos de vida são essenciais e
decisivos para o designer explorar seu lado criativo.
Esses flyers representam estéticas bem específicas da cidade, assim como o flyer “EU
AMO BAILE FUNK” (figura 30) reforça essa idéia, trazendo ilustrações, feitas com caneta
nanquim e colorização aquarelada, de cantores representantes do ritmo funk sobre um
background com a imagem de favela. A peça é disposta no formato retangular horizontal,
apresentando variação no alinhamento e contraste em cor com a tarja preta em seu verso.
FIGURA 30 – “EU AMO BAILE FUNK”
FONTE: ACERVO PESSOAL
As belezas naturais da cidade são utilizadas, como uma fotografia em duotone1 da
praia de Ipanema no flyer calendário “LOUNGE 69” (figura 31). Esta peça é disposta em
formato retangular vertical que em seu verso apresenta uma diagramação hierárquica,
referente às seqüências das datas das festas, auxiliada por boxes e tarjas.
FIGURA 31 – “LOUNGE 69”
FONTE: ACERVO PESSOAL
1 Impressão em bicromia (duas cores).
62
Na peça “ENJOY PRIDE EDITION” (figura 32) em formato quadrado e diagramação
assimétrica, que cria um dinamismo, explora um mix de cores e fotografias de vários
elementos representativos como: Corcovado, morro Dois Irmãos, praia de Copacabana, Arcos
da Lapa e Pão de Açúcar.
FIGURA 32 – “ENJOY PRIDE EDITION”
FONTE: ACERVO PESSOAL
Apesar de todos os referenciais apresentados, umas das características do nosso país
mais difundidas em todo mundo, é traçada por um ritmo intimamente carioca: o samba. No
flyer “FEIJOADA DA FAMÍLIA MANGUEIRENSE”, aborda essa vertente na ilustração de
uma roda de samba.
FIGURA 33 – “FEIJOADA DA FAMÍLIA MANGUEIRENSE”
FONTE: ACERVO PESSOAL
63
3.2.2.4 Outros conceitos
Diversos conceitos estéticos são criados em novos flyers e encontrados a cada noite.
Seguem algumas mostras dessas peças gráficas que são distribuídas em diversas cidades como
Rio de Janeiro.
O flyer “SAMBA DE BLACK” (figura 34), apresenta ícones da cultura negra.
Percebe-se a preocupação que o designer teve na criação da peça, utilizando imagens e texto
em bicromia. Apresenta também uma diagramação com alinhamento variante e tipos com
corpos variados.
FIGURA 34 – “SAMBA DE BLACK”
FONTE: ACERVO PESSOAL
A justaposição de imagens de rostos de forma irreverente, unindo dois conceitos em
um é encontrada no “I LOVE POP” (figura 8, apresentada anteriormente), onde as caras de
personagens da Disney estão sobrepostas à imagens sacras. Essa dualidade estética é
complementada com uma diagramação assimétrica com fonte sobreposta a tarjas pretas,
destacando assim o texto sobre o fundo.
Estéticas visuais para jovens com um mix de diferentes elementos, cores vibrantes e
efeitos variados são encontrados em diferentes meios como: revistas, cds, sites e moda. Nestes
são incorporados, em uma composição conceitual, montagens fotográficas bem impactantes,
através de um layout moderno e diagramação livre.
Essa estética composta de fotomontagens também é transportada para os flyers da
festa “LUV” (figura 9, apresentada anteriormente), com diagramação alinhada em uma única
fonte de corpos variados no texto com as informações, e as peças da “FASHION NUGGET”
64
(figura 35) onde o apelo visual, com abuso de cores neon, efeitos e diagramação assimétrica,
despertam diferentes sensações, atraindo e influenciando o público-alvo.
FIGURA 35 – “FASHION NUGGET”
FONTE: ACERVO PESSOAL
Analisando outros conceitos utilizados nos flyers produzidos fora no Brasil, são
encontrados diversos exemplos como o “TORREMOLINOS” (figura 5, apresentada
anteriormente) que aborda uma estética retrô, inspirada em cartazes de filmes trash. Esta é
definida por sua diagramação assimétrica, inclusão de manipulação fotográfica simples,
splashes e distorções tipográficas em fontes variadas.
As revistas e os livros “pulp fiction” (ficção de massa), como se tornaram
conhecidos, forma publicados nos Estados Unidos entre os anos de 1920 e 1930.
Elas cobriam uma grande gama de gêneros como: histórias policiais e de mistério,
ficção científica, aventura, terror e ocultismo, mas são mais lembradas por suas
tórridas ilustrações de capa. O impacto era extremamente importante, e essas capas
sensacionalistas, com seus personagens desenhados de forma a quase saltarem da
página, com ótimo acabamento e tipografia chamativa. (...) Os títulos variavam em
estilo, mas todos tinham o mesmo estilo de “história em quadrinhos”. Geralmente
desenhadas à mão, as palavras eram distorcidas em sua perspectiva ou deformadas
em arcos e elipses. Para chamar a atenção do leitor nas bancas de revistas, os
ilustradores utilizavam cores chamativas, sombras, letras contornadas e exagerados
raios de luz.
(RAIMES/BHASKARAN, 2007, p. 112)
Celebridades também servem como referência. Uma releitura da cantora Madonna no
“THE ROYAL FLUSH” (figura 36), é representada através de uma ilustração estilizada,
substituindo a dama de paus, nesta peça em faca especial, no formato de carta de baralho.
Também estão presentes nesse exemplo o uso da tipografia montando uma composição visual
65
em forma do símbolo do naipe de paus e diagramação com texto justificado e sobreposto à
tarjas. Todos esses componentes são inseridos no layout clássico dos flyers (imagem na frente
e texto no verso).
FIGURA 36 – “THE ROYAL FLUSH”
FONTE: FLY FLYER FLY
A cultura americana é identificada com versões anárquicas, e este conceito é abordado
na peça em formato retangular horizontal e com impressão em verde e preto, remetendo a
nota de dólar “NO BLOOD FOR OIL” (figura 37). Esta apresenta releitura na imagem e nas
informações, com diagramação e fontes originais, com inserção de texto com tipo manuscrito
em vermelho.
FIGURA 37 – “NO BLOOD FOR OIL”
FONTE: FLYER SOCIOTYPE
A peça “RIDOIM WARFARE” (figura 38) segue o mesmo conceito. A imagem do
filme Independece Day, onde esta cidade é invadida e destruída por discos voadores, recebe
uma nova versão remetendo à estética do vídeo game Atari dos anos 80, com impressão
bicromática.
66
FIGURA 38 – “RIDOIM WARFARE”
FONTE: FLYER SOCIOTYPE
3.2.3 Layout
“Layout é o processo de desenvolvimento do planejamento gráfico, para visualização e
interpretação de um projeto”. (VOLLMER, 1998, p.67). Através de rafes (esboços em papel),
são estudadas melhores composições, definindo espaços da imagem e do texto, para posterior
finalização. O layout deve estar em conformidade com um esquema estético geral, “Todo
layout começa com um espaço branco a ser preenchido. Você pode preenchê-lo com textos,
imagens e cores. Mas, acima de tudo, precisa preenchê-lo com objetividade, simplicidade e
inteligência” (CESAR, 2003, p. 153).
O principal objetivo do layout é apresentar os elementos visuais e textuais de uma
maneira clara e eficiente ao leitor. Com um bom layout, um leitor pode navegar por
informações complexas, tanto na mídia impressa como na eletrônica.
(AMBROSE, 2009, p. 31)
3.2.3.1 Layout quanto à ilustração
Uma função-chave do layout é deixar os elementos, especialmente imagens,
realizarem as tarefas para as quais eles foram selecionados. Imagens são elementos gráficos
67
que dão vida a um design. Como diz o dito popular “uma imagem pode valer mais do que mil
palavras”, seja como foco principal de uma página ou como um elemento secundário,
desempenham um papel essencial na comunicação de uma mensagem e, portanto, é um fator
vital para determinar o visual de um projeto.
O uso da imagem é determinado por vários aspectos, incluindo o impacto desejado e
o estilo do projeto, o público-alvo, a função da imagem e a ousadia ou
conservadorismo do projeto como um todo. (...) As imagens desempenham várias
funções, desde transmitir dramaticidade de uma matéria jornalística, resumir e
sustentar um argumento apresentado no texto até fornecer uma quebra visual para
um bloco de texto ou espaço vazio. Elas são eficazes porque comunicam
rapidamente uma idéia ou instrução, fornecem informações detalhadas ou
transmitem uma sensação que o leitor pode compreender com facilidade.
(AMBROSE, 2009, p. 129)
Ou seja, imagem é sempre o elemento mais representativo, seja foto ou ilustração. Em
se tratando de ilustrações, estas podem ser produzidas diretamente através de um software
gráfico, porém geralmente são produzidas de forma manual e depois scaneadas para sua
posterior finalização. Existem vários tipos e técnicas de ilustração e alguns desses pontos são
aqui exemplificados.
As ilustrações podem ser produzidas através de diferentes estilos. No âmbito mundial
apresenta-se o flyer calendário “AVALAND HOLLYWOOD” (figura 39), com uso de
ilustração vetorial em estilo “croqui” de moda, em referência à capas das revistas e editoriais
de moda.
As silhuetas e a tipologia extremamente simplificadas que caracterizavam o estilo
art déco eram também evidentes nas revistas de moda norte-americanas da época.
Por volta do final dos anos 1930, muitos designers europeus influentes mudaram-se
para os Estados Unidos, levando consigo estilo e abordagem próprios. Pouco
depois, os projetos até então estáticos, haviam sido substituídos por imagens
totalmente sangradas, fontes sem serifa e desenhos assimétricos.
(RAIMES/BHASKARAN 2007, p. 86)
Outro destaque na peça é o seu formato retangular vertical que assume uma
diagramação montada por boxes e utilizando tipos que parecem ser desenhados de forma
manual.
68
FIGURA 39 – “AVALAND HOLLYWOOD”
FONTE: FLYER SOCIOTYPE
A estética retrô representada no flyer “LUV CLUB” (figura 40), se refere a
diversidade de ilustrações hiper-realistas de mulheres em estilo pin-up. Além disso, utiliza o
texto inserido em boxes, com tipos que seguem o mesmo conceito.
FIGURA 40 – “LUV CLUB”
FONTE: FLY FLYER FLY
No “WIGSTOCK 98” (figura 41), com utilização da mesma estética, apresenta uma
ilustração artística em destaque, fazendo referência aos antigos cartazes franceses em estilo
art-nouveau. Eles utilizavam um estilo de ilustração que incluía figuras de flores, linhas
curvas, e ornamentos pesados. A tipografia também segue o mesmo estilo.
O art nouveau surgiu na Europa, no final dos anos 1880, e tornou-se um
estilo de design universal. Este rejeitou o historicismo e buscou inspiração
nas formas naturais para criar desenhos foliáceos orgânicos e motivos
curvilíneos. (...) A tipologia do art nouveau é estilizada, elegante e com
fontes extremamente decorativas, derivadas de formas orgânicas.
(RAIMES/ BHASKARAN, 2007, p.25)
69
FIGURA 41 – “WIGSTOCK 98”
FONTE: FLY FLYER FLY
O flyer “ZOUK” (figura 42), utiliza a técnica em bico de pena e tinta nanquim, em
um mix formas anatômicas humanas e instrumentos musicais, em referência à ilustrações
encontradas em livros históricos. Esta característica é potencializada com diagramação
alinhando a hierarquia das informações, utilização de tipografia em corpos diferentes em
fontes serifadas e fontes caligráficas, e uso de impressão em bicromia.
FIGURA 42 – “ZOUK”
FONTE: FLY FLYER FLY
Na cena carioca estão dispostos alguns exemplos em várias técnicas, como o
“DANCING CHEETAH” (figura 43), que no formato retangular vertical, apresenta uma
composição de ilustrações expressivas de chimpanzés com textura de pele onça e impactantes
efeitos visuais em cores fortes.
70
FIGURA 43 – “DANCING CHEETAH”
FONTE: ACERVO PESSOAL
O uso do estilo de ilustração em caricatura é encontrado no flyer “BARATOS DA
RIBEIRO” (figura 44), com todas as deformações e exageros nos traços de maneira
humorística, características base desse estilo.
FIGURA 44 – “BARATOS DA RIBEIRO”
FONTE: ACERVO PESSOAL
Já o “SPRAYSON” (figura 45) utiliza a estética hip-hop1, com referência ao graffiti à
mão livre. Esta realça a sensação de volume e gradação de tom, lhe conferindo mais realidade.
1 Cultura artística negra estabelecida por músicas faladas, djs, dança de rua e arte de rua (além da moda e gírias).
71
FIGURA 45 – “SPRAYSON”
FONTE: ACERVO PESSOAL
Por fim, a peça “MARACANGALHA” (figura 46) utiliza ilustrações de blocos de rua
no carnaval. Estes se diferenciam através dos diferentes tipos inseridos nos logotipo das festas
e no texto auxiliar, porém o destaque é referente a produção das ilustrações criadas à mão
livre com a técnica de lápis pastel oleoso sobre um papel texturizado.
FIGURA 46 – “MARACANGALHA”
FONTE: ACERVO PESSOAL
3.2.3.2 Quanto à tipografia
“Tipografia é a representação visual da linguagem. Se trata do estudo e aplicação de
letras em uma mensagem” (NIEMEYER, 2006, p. 14 e 15). O termo difere de tipologia,
afirmando que “É o processo de classificação para determinação de categorias em que se
72
distribuem. (...) Classificação e caracterização das classes de elementos tipográficos”
(NIEMEYER, 2006, p. 15).
Ou seja, “tipografia é o meio pelo qual uma idéia escrita recebe uma forma visual. Diz
respeito à forma, ao uso e a composição das letras (BERGSTRÖM, 2009, p. 98). Fontes
variam desde formas claras e distinguíveis de fácil leitura, adequadas para grandes
quantidades de texto, até fontes visualmente mais fortes e atraentes, usadas em manchetes e
anúncios gráficos. A tipografia dá o tom ao texto, e a escolha de uma fonte deve considerar se
ela é apropriada à mensagem e ao público ao qual será apresentada.
A seleção da forma visual pode afetar significantemente a legibilidade da idéia
escrita e as sensações de um leitor em relação a ela devido às centenas, se não
milhares de fontes disponíveis. A tipografia pode produzir um efeito neutro ou
despertar paixões, simbolizar movimentos artísticos, políticos ou filosóficos ou
exprimir a personalidade de uma pessoa ou organização.
(AMBROSE, 2009, p. 57)
O uso gráfico das letraset, como mencionado anteriormente, consistia em folhas de
letra transferíveis a seco. Apresentavam uma grande variedade de tipos, estilos, tamanhos,
símbolos e outros elementos gráficos, porém com o passar do tempo, foram substituídos pelo
advento das técnicas computacionais de processamento de texto e editoração eletrônica.
O designer, ao montar qualquer peça gráfica, deve se atentar para o fato de escolher a
melhor fonte para a aplicação textual. Esse estudo tipográfico apresenta um cuidado especial
na sua composição, tanto na forma de seus caracteres, quanto na sua legibilidade. “O contraste
é imprescindível para atrair o leitor. Pesos diferenciados entre títulos, subtítulos e textos
colocam as coisas em seu devido lugar (CESAR, 2003, p. 177). Existem flyers, criados
somente com utilização da tipografia e seu destaque fica por conta do tipo de fonte utilizada
no projeto. A aplicação do texto deve considerar: o entrelinhamento, tornando confortável a
leitura, o alinhamento, que se refere à posição da tipografia em um bloco de texto, e a
hierarquia, um guia lógico organizando títulos e corpo do texto.
“Fonte é um conjunto de caracteres de uma mesma família tipográfica (VOLLMER,
1998, p.49). Esse pensamento é complementado: “As famílias tipográficas guardam as
mesmas características essenciais de seu desenho, independentemente do peso, da inclinação e
do corpo” (NIEMEYER, 2006, p. 40).
Já tipos, “É referente ao desenho de letra do alfabeto e algarismos” (VOLLMER,
1998, p.102).
73
Através da sistematização de tipos , agrupando-os segundo as suas principais
características, a classificação tipográfica Vox/ATypl, criada por Maximilien Vox
em 1954, divide os tipos em sete grandes classes”. “As classes são: romanos
(desenhos tipográficos providos de serifa – pequenos traços nas extremidades das
hastes), lineares (tipos sem serifa), incisos (possuem semiserifa), manuais (tipos que
parecem ser desenhados), manuscritos (imitam a escrita caligráfica), góticos
(pontiagudos e com hastes terminando em losângulo) e não latinos.
(NIEMEYER, 2006, p. 50 e 51).
Além das famílias, também são apresentadas variações estruturais do tipos. Estas são
apresentadas quanto: “ao tamanho (corpo), forma (caixa alta e caixa baixa), peso (bold,
regular e light), contraste na angulação, espessura dos traços, inclinação (normal e itálico),
estrutura (relacionado às famílias em que os tipos são classificados) e largura (condensado e
expandido)” (NIEMEYER, 2006, p. 36 e 37).
A partir de todo esse contexto, deve-se ter cuidado com a escolha da tipografia em um
projeto. “Antes de inovar para conseguir maior atenção, há que identificar o público, o
veículo, o anunciante. A pertinência ainda é a palavra de ordem na criação. Não adianta ser
super criativo se ninguém entende a criatividade. De nada vale tratar o texto como elemento
gráfico se as pessoas não conseguem entender o que está escrito” (CESAR, 2003, p. 178).
Sob esta análise, aqui estão alguns exemplos de flyers que seguem essa linha, como
“RINALDO RINALDINI” (figura 47), onde existe uma diversidade de tipos criados à mão
livre, exclusivamente para a peça, não sendo comerciais. O flyer apresenta título com alta
pregnância e fontes com diferentes personalidades. São inseridas com diferentes pesos e
corpos para cada informação, e exibidas em outline1, caixa-alta, e até na tentativa de criar
efeito em 3d. Porém, apesar de toda variação e com o alinhamento justificado, confere pouca
legibilidade.
1 Linhas de contornos, sem preenchimento.
74
FIGURA 47 – “RINALDO RINALDINI”
FONTE: FLYER SOCIOTYPE
Esse playground tipográfico também é encontrado no flyer “JOHNNY CASH” (figura
48). O contraste entre massa textual e imagem, título com pregnância e o box contendo as
outras informações, compõem o layout da peça no conceito rock retro, inspirados nos projetos
gráficos americanos dos anos 50, e com contraste de cores. Quanto à tipografia, o título na
categoria display (grandes dimensões) em inspiração cursiva (semelhante à escrita manual) é
impresso em bicromia. O alinhamento à esquerda do texto superior, entram em contraste com
o box. Neste, com alinhamento justificado, são apresentadas variações estruturais do tipos
quanto ao corpo, tamanho, forma, peso, contraste na angulação, espessura dos traços,
inclinação, estrutura e largura. O entrelinhamento é orientado pelas linhas de base, e o texto se
apresenta com tipos vazados através da sobreposição à cor com uma pintura chapada. O que
se nota é a variedade tipográfica dos anos 50.
O design tipográfico dos anos 1950 inspirava-se em duas influências
contrastantes. De um lado, a abordagem modernista desenvolvida na Europa
central entre as guerras e na Suíça na década de 1950, que produziu fontes
claras sem serifa nem detalhes decorativos desnecessários. Do outro, o uso de
fontes com serifas altamente decorativas, com detalhes em espirais, quase
caligráficos. (...) Os tipos dos títulos eram em geral vívidos e não se
alinhavam pela base.
(RAIMES/ BHASKARAN, 2007, p.122 e 123)
75
FIGURA 48 – “JOHNNY CASH”
FONTE: FLYER SOCIOTYPE
A tipografia arquitetônica é evidenciada no flyer “ELETROCHOCK” (figura 49).
Com impressão em 3/0 cores, o peso tipográfico tridimensional destaca o título da festa, onde
este compõe a metade da peça, como os “alfabetos arquitetônicos”:
Os alfabetos são desenhados numa grade isométrica e variam em complexidade.
(...) São criados a partir de pontos, linhas, superfícies e formas básicas geométricas
do círculo e do quadrado, com as grades conferindo uma ordem matemática ao
trabalho.
(RAIMES/ BHASKARAN, 2007, p. 162)
No restante da peça são inseridas as informações complementares nos boxes de forma
diferenciada e inclusão da imagem monocromática.
FIGURA 49 – “ELETROCHOCK”
FONTE: FLYER SOCIOTYPE
76
No flyer “ELETROCLASH” (figura 50), há contraste de várias formas nos logotipos
das bandas e cores nas tarjas. Este conceito de nightclub underground, utiliza uma imagem
pixelizada em baixa resolução e sem alinhamento definido para as informações. As inserções
de textura de papel amassado, rasgado, recortes e colagens é muito característica da estética
punk. Pode-se dizer que esse flyer é uma releitura capas de álbums, isso porque em ambos a
referência visual “independente” é propositalmente anarquizada.
Com uma postura crítica em relação aos sistemas econômicos e políticos e
uma abordagem “independente”, na moda, na música e no design, o
movimento capturou a imaginação de toda uma geração. O estilo exerceu
também uma enorme influência nas artes gráficas da época. (...) A qualidade
de imagem não tinha importância ou era deliberadamente maltratada. A
fotocopiadora era usada para remover os tons sutis de cinza e as áreas que
seriam coloridas à mão.
(RAIMES/ BHASKARAN, 2007, p.164 e 165)
FIGURA 50 – “ELETROCLASH”
FONTE: ACERVO PESSOAL
No Rio o “COMBO CLUB CLASSICS” (figura 51) apresenta um contraste de força,
com o título em vermelho com muita pregnância, em oposição a uma tipografia suave e
ilustração leve. Esse título utiliza um tipo escrito em brush1 sem kerning
2, com colorização
aquarelada, impressa em bicromia. O restante do texto é apresentado em uma configuração
sem entrelinhamento e entreletras, afetando assim, sua legibilidade.
1 Pincel.
2 Espaçamento entre letras.
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FIGURA 51 – “COMBO CLUB CLASSICS”
FONTE: ACERVO PESSOAL
O “ELECTRO BOOGIE” (figura 52) apresenta um arranjo tipográfico com uma
abordagem assimétrica e dinâmica, com a interação dos espaços contrastantes. Título em
caixa alta e sem kerning, aplicação de sombra e textura em um sentido diferente do fundo,
criando assim, um efeito de 3D, porém a escolha do tipo dificulta sua legibilidade. A outra
composição com tipo diferente, também em caixa alta, apresenta variações estruturais quanto
ao corpo, peso e espessura dos traços e sem entrelinhamento entre as palavras. Nesse flyer, há
referências à Die Neue Typographie (A Nova Tipografia).
(...) die Neue Typographie (a nova tipografia), se desenvolveu na Europa, no
período entre as duas guerras mundiais, e se caracterizava por tipos
geométricos sem serifa e composições assimétricas e simplificadas. (...)
princípios do construtivismo em sua tipografia enxuta e precisa. Misturava
versões condensadas e expandidas de fontes góticas sem serifa e preferia não
misturar lettering em caixa alta com caixa baixa em suas composições. (...) A
simplicidade é a ordem do dia: linhas fortes agrupadas com densas formas
geométricas e ângulos dinâmicos. O texto é mantido em um mínimo
funcional e usado como parte do design e não apenas para passar informação.
(...) As fotografias são usadas com parcimônia, mas de forma destacada; nada
é perdido, e o espaço branco é parte essencial do efeito como um todo.
(RAIMES/ BHASKARAN, 2007, p.62 e 63)
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FIGURA 52 – “ELECTRO BOOGIE”
FONTE: ACERVO PESSOAL
O flyer “BLOCK ROCKI‟N BEATS” (figura 53) apresenta pregnância no título, com
sua abordagem contrastante de peso, criada pela oposição de um título forte, contra um outro
tipo mais leve. A fonte decorativa do título e o alinhamento centralizado compõem o conceito
e diagramação, inspirado nos cartazes de luta-livre.
FIGURA 53 – “BLOCK ROCKI’N BEATS”
FONTE: ACERVO PESSOAL
Já o flyer ”METAL JAM” (figura 54), destaca a grande variedade tipográfica existente
entre as logotipos das bandas de heavy metal. A peça com um design fechado, estimulante e
ao mesmo tempo claustrofóbico no verso, apresenta alinhamento centralizado com caracteres
em caixa alto na frente, contra imagem razoavelmente uniforme.
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FIGURA 54 – “METAL JAM”
FONTE: ACERVO PESSOAL
3.2.3.3 Quanto à forma / faca especial
O acabamento abrange vários processos da produção gráfica. Eles dão o toque final a
um projeto depois que o suporte foi impresso. O segmento abordado nesse estudo é o corte
especial, sendo ele responsável por alterar o produto físico, fora do formato tradicional.
Um corte especial é feito com um molde de aço utilizado para cortar formas
irregulares em um suporte. Esse molde, chamado de faca especial, pode ser usado
para modificar o formato de um projeto ou para inserir um design no corpo do
mesmo.
(AMBROSE, 2009, p. 20)
Para se destacar entre outros flyers, não é mais necessário seguir a regra de ter
imagens agressivas e cores explosivas, mas sim, pensar em atrair de forma inteligente, nem
que para isso invista-se um pouco mais na produção, tanto na forma quanto no tamanho.
“Formato é o termo genérico para estilo, tamanho e aparência geral de uma publicação
(VOLLMER, 1998, p. 50). O cuidado do designer com o aproveitamento do papel, com o
refile, gramatura e ao mesmo tempo a criação da peça em formato diferenciado é uma grande
tendência para se ganhar visibilidade. A forma que o layout de um trabalho assume é guiada
80
pela função do projeto, na tentativa de tornar o meio mais atrativo para cada segmento do
público.
A seleção do formato depende de considerações práticas como o público-alvo, a
natureza das informações a serem apresentadas e os custos envolvidos, uma vez que
o uso de tamanhos de papel não-padrão implica em gastos adicionais tanto na
impressão como no acabamento. Dito isso, uma abordagem criativa à seleção do
formato pode produzir resultados significativos.
(AMBROSE, 2009, p. 9)
Em todo mundo é bem explorada essa forma de layout. Existem vários exemplos de
faca especial em vários formatos, seguindo a diagramação do nome da festa com a imagem na
frente e as informações complementares impressas no verso.
O flyer da festa “GATE 21” (figura 55) está em formato de passagem aérea, com
tipografia, alinhamento e estrutura em boxes como referência, e a “WE FRESH” (figura 56)
com impressão 2/2 cores, uma única fonte em suas variações e diagramação das informações
em alinhamento e orientação seguindo o formato de caixa de tênis.
FIGURA 55 – “GATE 21” E FIGURA 56 – “WE FRESH”
FONTE: FLY FLYER FLY
A forma peniana sob uma estética erótica é encontrada na “SEXPLOSION” (figura
57), impressa em 2/4 cores, diagramação centralizada e em hierarquia, com variações e
distorções tipográficas.
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FIGURA 57 – “SEXPLOSION”
FONTE: FLY FLYER FLY
Por fim, o flyer “LA TOUR EIFFEL” (figura 58) no formato de frasco de limpa-
vidros, com intervenções na embalagem e diagramação das informações no rótulo. A estrutura
com orientação centralizada, inclinada e em hierarquia, utiliza fontes em bold, com corpos
variados.
FIGURA 58 – “LA TOUR EIFFEL”
FONTE: FLY FLYER FLY
Já no Rio de Janeiro, esse tipo de layout em flyer também é encontrado. O “CASA DA
MATRIZ” (figura 11, apresentado anteriormente) na categoria calendário apresenta formato
de capa e disco de vinil. Esta peça explora essa referência com seu layout criativo, utilizando
a mesma hierarquia e alinhamento das informações na diagramação, e apresentando distorção
tipográfica do estilo dos anos 60, como dito anteriormente, no título e variações tipográfica de
corpo e peso nas fontes auxiliares.
82
Já o “SAMBA SOCIAL CLUBE” (figura 59) em forma de escudo-estandarte, dá
destaque ao nome da festa na frente e explora as imagens das atrações, no verso. A inserção
da fonte quanto à forma da faixa, a variação de corpo do texto auxiliar em uma diagramação
centralizada completam a peça.
FIGURA 59 – “SAMBA SOCIAL CLUBE”
FONTE: ACERVO PESSOAL
Exemplos com nome da festa na parte da frente e informações no verso são
observados no flyer “GEMA” (figura 60), em formato estilizada de diamante, em 4/2 cores
com uma única tipografia no verso e diagramação assimétrica e estruturada em blocos, e o
“CINE LAPA” (figura 61) e seu formato de gota, em 1/2 cores com diagramação do texto
centralizado e uma única tipografia com variação nas cores.
FIGURA 60 – “GEMA”
FONTE: ACERVO PESSOAL
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FIGURA 61 – “CINE LAPA”
FONTE: ACERVO PESSOAL
3.2.3.3 Quanto à diagramação
Este termo refere-se ao plano ou à direção em que os elementos de um design são
organizados. A capacidade de comunicação de um design é influenciada pela posição do texto
e das imagens em relação a outros elementos, como ponto focal da página, o alinhamento do
texto, tarjas, margens, etc. Ou seja, a diagramação é um conjunto de operações utilizadas para
disposição de elementos na página de qualquer impresso.
Na produção editorial, diagramação é a técnica de se trabalhar com textos, montando
caixas e blocos, definindo assim, os espaços para leitura. Sua funcionalidade é definida
através do equilíbrio e contraste, um estudo de como montar a melhor maneira de unir atração
no título e legibilidade de suas informações complementares. “Ele é responsável pelo o
equilíbrio da mancha gráfica (espaço útil de impressão) e dos claros (a maneira como o
espaço branco é tratado), de forma funcional e atraente, buscando estabelecer um sentido de
leitura que atenda a determinada hierarquia dos assuntos através de um grid” (VOLLMER,
1998, p. 71, 26 e 36).
O grid de linhas de base é a base gráfica para a construção de um design. O grid
ajuda a dividir proporcionalmente uma página nos planos vertical e horizontal,
tornando o processo de design mais rápido e fácil, além de assegurar uma
consistência visual e explicar como o design funciona. Os grids são úteis somente se
o designer sabe como utilizá-los. Alguns o julgam seu melhor amigo e outros o
acham limitador.
(AMBROSE, 2009, p. 50 e 51)
84
Pelo mundo é observado esse cuidado na sua disposição, como analisado na peça, “I
AM A UNDER CONTROL” (figura 62), onde o título é inserido no alto da página, e as
ilustrações são divididas em colunas simétricas no formato de TVs. Essa estrutura monta uma
diagramação alinhada, como uma moldura para a ilustração central. As informações
complementares utilizam caixa alta e alinhamento centralizado no seu uso tipográfico.
FIGURA 62 – “I AM A UNDER CONTROL”
FONTE: FLYER SOCIOTYPE
Separações na diagramação são encontradas no flyer “PUSH THAT BUTTON”
(figura 63), a peça impressa em 3/2 cores, permite que o uso tipográfico apresente cor variada
em relação às linhas (estruturas), como se fossem boxes para cada informação, com
orientação inclinada, seguindo o ângulo das faixas. A estética utilizada é uma referência ao
construtivismo russo, em uma abordagem retrô dos pôsteres de cartazes soviéticos.
O objetivo do construtivismo russo era unir a arte ao trabalho, criando um design
utilitário que se relacionasse com a “indústria” e a propaganda e que “servisse” ao
proletariado. Os construtivistas acreditavam que o design gráfico deveria privilegiar
a legibilidade, baseando-se numa geometria e numa escrita simplificada. (...) O
cinema soviético e o material impresso usado para promovê-lo foram verdadeiros
meios de comunicação revolucionários. Os pôsteres de filmes surgidos em meados
dos anos 1920 eram livremente influenciados pelo movimento construtivista. (...)
As imagens eram combinadas em diferentes planos, e usava-se o tamanho e o
posicionamento para representar o espaço, em vez da perspectiva tradicional.
(RAIMES/ BHASKARAN, 2007, p. 44 e 48)
85
FIGURA 63 – “PUSH THAT BUTTON”
FONTE: FLYER SOCIOTYPE
Essa composição entre imagem e texto, clássico nos flyers, também é observado no
“JUICY” (figura 64) em um formato de faca especial circular, impressa em 2/2 cores sobre
papel paraná em referência à porta-copos. É observado na peça a aplicação de imagem
vetorial de formas simples na frente, e hierarquia das informações com um alinhamento
centralizado, e utilização de fontes variadas em diferentes corpos e pesos, no verso.
Formato circular também é encontrado no flyer “DURI” (figura 65), utilizando como
referência o disco de vinil com textura de arranhões e rótulo com tipos variados.
FIGURA 64 – “JUICY” E FIGURA 65 – “DURI”
FONTE: FLY FLYER FLY
Na cidade do Rio, a funcionalidade através da diagramação clássica dos flyers,
também é encontrada no flyer “A MALDITA” (figura 1 apresentada anteriormente), com a
86
ilustração da pin-up sobre textura listrada e título, em contraponto com as informações em
variação de corpo da mesma fonte.
No Flyer “WAS” (figura 66), com interação entre imagem e texto, é destacado o
dinamismo com diferentes tipos e fotografias com aplicação de texturas. E no flyer “DIVAS
DA MPB AO JAZZ” (figura 67), o bloco de texto é distribuído no espaço da foto do ingresso
em uma estrutura e alinhamento inclinado justificado.
FIGURA 66 – “WAS” E FIGURA 67 – “DIVAS DA MPB AO JAZZ”
FONTE: ACERVO PESSOAL
O flyer “LEMOON” (figura 68) em um formato retangular vertical utiliza titulo, data e
local com orientação inclinada seguindo o ângulo da tarja. Já as informações complementares
são dispostas por texto alinhamento à esquerda de um lado e texto justificado de outro.
FIGURA 68 – “LEMOON”
FONTE: ACERVO PESSOAL
87
3.2.3.5 Quanto à impressão
Como já foi apresentado, os designers gráficos têm à disposição uma variedade de
processos de impressão e técnicas de acabamento para produzir publicações atraentes e
funcionais. Ele deve antever a reprodução de seu projeto na sua concepção, antes de chegar na
gráfica.
Qualquer processo destinado a reproduzir, com ou sem tinta, sobre um suporte, texto
e imagens gravados, ou moldados em matrizes adaptadas a prensas dos mais
diversos tipos de prensão. As reproduções gráficas podem ser obtidas nas máquinas
impressoras pelo contato direto da matriz com o suporte ou por meio de um
elemento intermediário.
(VOLLMER, 2006, p. 60)
Em se tratando da peça gráfica flyer, sua impressão inicialmente no “sistema de
xerografia (fotocópia) monocromática e sua ação térmica sobre o pó especial (toner)”, evoluiu
para a policromia como mostrado anteriormente. Esse processo de impressão em cores pode
ser de dois tipos: “sistema offset à base de fotolitografia e confecção de suas chapas de cores
de impressão ou impressão digital realizada diretamente por tecnologias eletrônicas próprias,
à laser” (VOLLMER, 1998, p. 111, 79 e 70). Suas utilizações variam quanto à tiragem e
custo, “o sistema offset trabalha com grandes tiragens, normalmente acima de cem mil
exemplares” (CESAR, 2003, p. 323), por isso, o sistema digital é o mais utilizado na
produção dos flyers.
No flyer “FLUCHTWEG” (figura 69), o tipo de impressão faz referência ao sistema
de xerografia, impresso em monocromia ou falsa bicromia. Neste exemplo pode ser
observado que para criar uma variação visual quanto a cor, diferentes tons na escala de cinza
foram utilizados. A variação visuail a partir de uma mesma foto é inspirado nas telas do artista
Andy Warhol, utilizando a imagem do punk.
O flyer “ELECTRO BUNKER” (figura 70) utiliza uma imagem em escala de cinza,
impressa em monocromia em preto sobre suporte de papel colorido 1/0 cor. Deve-se observar
o cuidado em se preservar a legibilidade tipográfica nas áreas informacionais, fazendo a
conversão da cor no contraste de preto e branco.
88
FIGURA 69 – “FLUCHTWEG” E FIGURA 70 – “ELECTRO BUNKER”
FONTE: FLYER SOCIOTYPE
O próximo é o flyer “THE BOILER” (figura 71), que utiliza a impressão em bicromia
(2/0 cores - vermelho e preto) sobre papel branco. O efeito duotônico sobre a imagem
apresenta um efeito visual muito utilizado em várias peças gráficas.
Em 1939, no centro de Manhattan, Nova York, próximo a rua 52, nascia a Blue
Note Records. (...) Essa gravadora começou, de forma improvisada,
sintomaticamente, a cor do selo dos primeiros discos de 78 rpm foi resultado de um
erro de impressão. Entretanto, as capas dos álbuns se tornariam ícones do design
para os novos LP de vinil. (...) Cores mais fortes e quentes foram introduzidas para
criar climas diferentes. O “hot” jazz podia ser reconhecido pelo uso do vermelho ou
magenta.
(RAIMES/ BHASKARAN, 2007, p. 132 e 133)
Para a inserção das informações sobre a foto, foi criada uma tarja preta, com
finalidade de destacar a diagramação. A fotografia da cantora de ritmo soul, exalta o conceito
da festa, e a partir deste, foi utilizada uma tipografia que remete ao estilo de som e com um
corpo maior dando destaque ao título
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FIGURA 71 – “THE BOILER”
FONTE: FLY FLYER FLY
No flyer “CARABET” (figura 72) aparenta que foi utilizado à impressão em três cores
(laranja, verde e preto) num suporte de papel branco e com impressão no verso. Porém na
verdade, foi utilizada uma impressão em 4/4 cores, pois na composição das cores, são
misturadas cores primárias. O conceito é idealizado sob a estética underground, com
diagramação variante no texto, utilizando tipografias sobre tarjas, e imagens. Estas por sua
vez, com interferências coloridas e efeito halftone (imagem representada por pontos), criam
um aspecto de impressão em papel jornal.
O Flyer “PATRICK PULSÍNGER” (figura 73) define bem a escala de cores básicas
no processo de impressão: ciano, magenta, amarelo e preto 4/0 cores, esse último foi utilizado
na composição duotônica, de escala em cinza com magenta, para definição da fotografia.
FIGURA 72 – “CARABET” E FIGURA 73 – “PATRICK PULSÍNGER”
FONTE: FLY FLYER FLY E FLYER SOCIOTYPE
90
Por fim o flyer “LA PALOMA” (figura 74) apresenta na frente a utilização do
processo de impressão em quatro cores, bastante utilizado nos dias de hoje, e no verso a
impressão em três cores (4/3). É importante ressaltar que detalhes como esses determinam o
custo final de impressão. Sob o formato retangular com uma fotomontagem de conceito
abstrato é definida toda diagramação. A orientação do conteúdo textual colorizado e a
variação tipográfica completam o layout da peça.
FIGURA 74 – “LA PALOMA”
FONTE: FLY FLYER FLY
Essas análises puderam ser elaboradas através das referências teóricas apresentadas
nos capítulos anteriores, por diferentes autores. “Na representatividade urbana, a variedade
cultural e a identificação de diferentes indivíduos por segmentadas ideologias, configuram
uma realidade antropológica atual”. (CANEVACCI, 2001, P.172).
A estrutura da percepção, a distorção das alegorias e a difusão dos “sinais”
restringem e constringem de pontos de vistas diferentes, quase opostos, o eventual
“desenho” levantado nos panoramas metropolitanos. O que se pode desejar é uma
nova expansão da permuta cultural. Na cultural sincrética desnuda-se, descobre-se,
desmacara-se a própria existência, o próprio modelo, os próprios costumes,
podendo-se “adotar” os papéis e as roupas de outros, com o fim de multiplicar as
próprias identidades, sincretizáveis com as várias e possíveis diversidades.
(CANEVACCI, 2001, P.172)
A permuta cultural e lúdica com as diversidades é a prática dos novos segmentos, que
as modernas tecnologias permitem misturar docemente nos fluxos urbanos, como nunca
aconteceu até hoje. A comunicação segmentada pode ser baseada na reprodutividade visual,
na moda e na publicidade, surgindo uma técnica de consenso que identifica claramente os
nichos urbanos, ou seja, foram reconhecidos os direitos formais à diversidade. Na prática,
atenta-se subliminarmente, que se devem respeitar os outros permanecendo nós mesmos.
91
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A comunicação midiática abarca muitos aspectos atualmente. Nesses, destacou-se a
análise do flyer, veículo usado para disseminar o entretenimento noturno. Esta análise geral
foi feita, levando-se em conta o âmbito mercadológico, social e cultural.
Esse trabalho abordou a importância e domínio dos flyers na vida noturna, que através
de um bom design na criação dessas peças gráficas, garantem uma comunicação eficaz para as
festas. Com base nesses dados obtidos, pode-se iniciar um planejamento gráfico obtendo
coerência conceitual e visual, direcionadas a cada perfil de público.
A presente monografia relativizou paralelamente alguns exemplos desenvolvidos em
diferentes países e a vertente carioca, apresentando flyers de diversos estilos em diferentes
festas, embasando a linguagem visual e textual nas quais elas se refletem.
Diante de um determinado serviço para um público-alvo pré-estabelecido e bem
definido, há de se estabelecer uma representação gráfica direcionada. Essa representação deve
mencionar um mesmo conceito, servindo para identificação e aceitação. A divulgação é feita
em diversos locais ou sites onde a freqüência do público é a mesma para o perfil que se espera
destinar o serviço. A preocupação quanto ao flyer nesse ramo de mercado é imprescindível,
visto que, para diferenciação da concorrência, a qualidade do material desperta credibilidade.
A partir daí, foi possível conceber um trabalho teórico objetivando demonstrar a
aplicação dos conceitos explorados anteriormente, com suas características, evoluções de
produção e adequação ao público que se destina.
Pesquisas e entrevistas foram feitas para saber questões que iriam ajudar na elaboração
dos flyers com finalidade prática de mercado. Toda pesquisa teórica teve como fonte livros e
sites relacionados. Sendo assim, designers e profissionais de marketing podem conciliar seus
trabalhos para chegar a um resultado produtivo. Ao reunir suas idéias, têm maiores chances de
encontrar soluções mais adequadas aos seus clientes.
A análise gráfica abordada neste projeto destaca o uso de alguns dos fundamentos do
design. Compreender os princípios básicos de conceito, layout, ilustração, tipografia, faca
especial, diagramação e impressão, são cruciais para aplicação da criatividade em um projeto.
92
REFERÊNCIAS:
AMBROSE, Gavim; HARRIS, Paul. Fundamentos do design criativo. Porto Alegre, Ed. Bookman,
2009.
BERGSTROM, Bo. Fundamentos da comunicação visual. São Paulo. Ed. Rosari, 2009.
BOU, Louis. Fly Flyer Fly. Barcelona, Ed. Morsa, 2006.
CANEVACCI, Massimo. Antropologia da Comunicação Visual. São Paulo. Ed. Brasiliense, 2001.
CESAR, Newton. Direção de arte em propaganda. São Paulo. Ed. Futura, 2003.
DEFLEUR, Melvin L.; BALL-ROKEACH Sandra. Teorias da comunicação de massa. Rio de Janeiro.
Ed. Jorge Zahar, 1993.
KOTLER, Philip. Administração de marketing. São Paulo. Ed. Pearson, 2006.
LEVINSON, Jay Conrad. Marketing de Guerrilha: Táticas e armas para obter lucros com pequenas e
médias empresas. São Paulo. Ed. Best Seler, 1989.
NEWARK, Quentin. O que é design gráfico? Porto Alegre, Ed. Bookman, 2009.
NIEMEYER, Lucy. Tipografia: uma apresentação. Rio de Janeiro, Ed. 2AB, 2006.
PEREIRA, José Haroldo Curso Básico de Teoria da Comunicação. Rio de Janeiro. Ed. UniverCidade,
2001.
RAIMES, Jonathan,; BHASKARAN, Lakshmi. Design Retro: 100 anos de Design Gráfico. Ed. Senac,
2007.
RIMIEL, Mike. Flyer Sociotype – Topographie of media phenomenon. Alemanha. Ed. Actar, 2005.
TAMANAHA, Paulo. Planejamento de mídia: Teoria e experiência. São Paulo. Ed. Pearson, 2006.
VOLLMER, Lara. ABC da ADG: glossário de termos e verbetes utilizados em Design Gráfico. São
Paulo. Ed. ADG, 1998.
WHEELER, Alina. Design de identidade de marca. Porto Alegre, Ed. Bookman, 2008.
WOLF, Mauro. Teorias da comunicação. São Paulo. Ed. Presença, 1995.
OLD SCHOOL FLYERS. Disponível em:
http://www.toledohiphop.org/images/old_school_source_code. Acesso em 23 de Nov. 2010.
OLD SCHOOL RAVE. Disponível em: http://www.loftsites.co.uk/old_school_rave. Acesso em 23 de
Nov. 2010.
RAVE FLYERS. Disponível em: http://www.raveflyers.co.uk/index.htm. Acesso em 23 de Nov. 2010.
CULTURA MOOD. Disponível em: http://www.mood.com.br/cultura/labels/artes_visuais.html.
Acesso em 23 de Nov. 2010.
93
ANEXO
Tendo dispostas no mercado festas, para as quais produzem reconhecimento ou
identificação por parte do público ao qual se destinam, foram produzidas pesquisas
qualitativas sob forma de entrevista entre produtores de festas cariocas e designers gráficos
que trabalham produzindo peças gráficas para o segmento, com finalidade de saber e
compreender um pouco mais do universo dos flyers.
Podemos analisar as respostas dadas ao questionário para nos remeter ao que,
anteriormente, abordou-se quanto à características do flyer e o seu uso para atrair o público.
A análise dos entrevistados parte do princípio que eles têm uma forma muito mais
apurada de revelar o gosto, a predileção e a fidelidade na escolha do flyer para estar presente
no mercado.
A influência da festa será predominante até o momento em que o público estabelecer
contato visual com o flyer, o que pode ou não lhe agradar. O que vai determinar isso é o quão
próximo o flyer está na realidade do seu público. O quanto ele se adapta, comunica e
identifica. As pessoas são atraídas pelo que lhe exerce fascínio.
O flyer consegue criar este diferencial porque sua comunicação se aproxima das
expectativas do seu público por meio da realidade, com uma abordagem comunicativa de
forma simples e direta.
1.1 – Entrevista com produtores de eventos
L - Loulou Chavarry, produtora de eventos.
P - Patrícia lobo, fotógrafa e produtora de eventos.
G - Glauber Souza, designer gráfico e gerente de boate.
1- Que tipo mídia propaga maior divulgação para a vida noturna carioca? Porquê?
L - Os flyers impressos o flyer virtual. Porque é o que mais dá retorno. O flyer virtual pela internet é muito mais
barato, a retorno é maior, e a abrangência é mais rápida economizando dinheiro e tempo. Pra divulgar, os sites
são uma mídia muito boa, blogs, fotologs, orkut.
P – Hoje em dia os sites da internet. Os flyers ainda são um diferencial para algumas festas até mais
undergrounds. O flyer foi instituído e nunca mais saiu, a internet não substitui, mas é um ótimo instrumento de
divulgação, até para pessoas de outras cidades que virão à cidade durante um feriado por exemplo e pelo tipo de
público que sempre é um pouco mais novo. A internet alcança muito a galera jovem.
G – Hoje em dia a internet é a principal ferramenta de divulgação, porque te um acance muito grande em pouco
tempo, não só na cidade. Ela é a mais eficaz , rápida e barata.
2- Na divulgação de eventos organizados por você, sempre foram utilizados flyers? Você acha interessante
esse tipo de mídia?
94
L – Sim, todos. Acho essencial
P - Desde o início em 97. Um dos produtores da festa era designer. O flyer é sempre um diferencial bacana que
você faz para seu evento é a intenção do conceito do seu evento.
G - Sempre, sejam impressos ou digitas, de qualquer festa, às vezes nem sempre faz flyer impresso, algumas
festas só faz mídia digital. Sempre tem que ter um flyer, uma imagem para representar a festa.
3- Em sua opinião, o que é mais importante para um bom flyer? Seu formato é relevante? O que é mais
eficaz: Um flyer clean ou com muita informação?
L – Apresentação a princípio, é o que vai chamar mais atenção. Um bom design e um bom desenho, pra mim são
os mais importantes, depois vem as informações. Elas ficam em segundo plano na verdade, e aí que as pessoas
descartam ou não o flyer. O formato mais perfeito é o pequeno, elas recebem e colocam no bolso. Existem flyers
lindos, grandes, as pessoas lêem os flyers, mas jogam fora. O formato perfeito é aquele que caiba no bolso.
Depende, se você tem uma boa organização para estas muitas informações, eu acho bem bacana
P - O impacto visual, é muito importante. Sempre valorizei essa coisa da frente do flyer ser quase sem nada
(informação) pra ter a arte ali exposta mesmo, isso eu acho bonito. Quando você vê um flyer poluído, com muita
coisa escrita, logo de cara na frente, eu acho feio, eu não me interesso. O formato é outra viagem que você pode
ter dentro do conceito do seu flyer, que é muito bacana. Na boate onde dou minha festa tem um formato padrão
que é o de bolso, que eu acho muito funcional. Outro critério dentro do conceito do seu flyer. De bolso e
funcional, mas eu adoro um flyer grande, imagem enorme 20x15 atrás só as informações, na frente só a arte com
nome da festa.
G - Formato é relevante, onde eu trabalho é pequeno e dificilmente a gerência da boate encontra flyer no chão.
Agente vê um ou outro obviamente, mas as pessoas não jogam fora, porque como ele é pequenininho, dá pra
colocar na carteira, no bolso. Flyers muito grande às vezes aparentemente são mais bonitos, mas são
completamente descartáveis. A pessoa pega, olha aquela informação, está certo que a função do flyer é informar
mais os detalhes da festa, mas a pessoa não guarda, não te como. Nesse formato de card as pessoas acabam
querendo colecionar. Eu sou sempre da opinião que o menos é mais. Eu acho que a principal função do flyer da
festa é que ele tem que ter o serviço completo, tem que ter basicamente o endereço, preço da festa, data, horário,
o tipo de festa, o tipo de música que vai tocar, nome de djs e das atrações, enfim qualquer outra coisa pode
agregar, mas você corre aquele risco de tumultuar e ficar poluído visualmente. Tem que ter o mínimo possível de
informação e o necessário.
4- Em seus eventos, você produz a idéia do flyer ou deixa livre para a criação do designer? É ainda
necessário haver um link do flyer com seu seguimento?
L - A idéia é minha. Eu quero uma imagem, e o cara se vira. Às vezes eu tenho a imagem eu tenho um banco de
dados no meu computador, e busco, se eu não acho a imagem interessante para o que eu tenho em mente eu
passo a idéia pra ele repassa pra mim, aí eu aprovo. Se a festa for temática eu acho importante ter um link sim.
P – Eu não costumo dar a idéia. Eu posso até dar um tema, o designer faz o que ele quiser. Eu acho que o flyer
precisa do link, o flyer é a extensão do conceito da sua festa. Você está informando às pessoas o que vai
acontecer na festa, mas de uma forma bonita.
G – Quando eu não faço o flyer, agente deixa a criação por conta do designer que é contratado e fica responsável
pelo produtor da festa. Os flyers que não são feitos por ele agente recebe por e-mail e agente aprova, inclusive
aqui na boate agente tem um cuidado de tentar padronizar as informações que vem no verso. Normalmente a
frente do flyer é livre, o desiger faz o que lê quer, cria, coloca a imagem que ele quer, e no verso agente tem mais
ou menos uma padronização de informação. Eu acho que não necessariamente tem que ter uma imagem com
uma ligação direta, pode ter uma referência, brincadeira, no conceito de cada um, o legal é que você tenha uma
imagem interessante.
5- Um flyer mal elaborado influi na divulgação da festa? Você já mandou refazer algum?
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L – Claro que sim, não chama atenção. Um flyer feio, mal feito, as pessoas vão olhar mas não vão lá, não tem
alguma coisa que chama a atenção. Se não fica uma coisa de mau gosto. A aparência dos flyer e uma das coisas
que mais refletem na festa. Já, uns dois, três, poucos.
P - Influi na festa, vem menos gente. Já, mandei refazer porque não saiu a data. Em questão de arte eu nunca
devolvi flyer. Alguns designer já me deram opções para escolher.
G - Influi, principalmente quando eu não contiver as informações que são primordiais pra festa. Realmente se
faltar algumas informações você pode ter vários problemas até. Já aconteceu de algumas casas noturnas terem
problemas pois não informaram que a festa era para maiores de dezoito anos de 18 anos. Nunca teve problema
na parte visual, deixa vivre. Claro se você tiver uma imagem muito negativa ou obscena pra casa, aí agente dá
um toque na galera pra pegar leve.
6- Quais são os melhores locais para distribuição dos flyers? Qual é seu alcance?
L – Eu acho que na própria noite, na porta de outras festas, porque fica direcionado o público. O público é
segmentado. Eu deixo muito em hostel, lojas etc...
P - Porta de boate, bares, festas com o mesmo tipo de público, nas praias segmentadas durante feriados, também
pra gringos, albergues, lojas, cinemas num filme mais ou menos interessante que você sabe que a galera vai,
faculdades. Tem a ver com mesmo público. Produzo cinco mil, o custo é da boate, ela acerta com a gráfica. Eu
acho que de cinco a dez por cento retornam.
G – Normalmente tem uma distribuição bastante grande em hotéis e albergues da região (zona sul e centro) para
alcançar o turista. Basicamente divulga na porta de outros clubes, para atrair o mesmo tipo de público para outra
festa que vai acontecer outro dia, lojas que tem mais ou menos o público da festa.
7- É possível perceber o interesse do público ao ver o flyer? Como não desperdiçá-los?
L – É, com certeza, quando a pessoa pega o flyer, dizem: Ai que lindo, nossa DJ tal. E quando a pessoa não
gosta eu acho até engraçado, porque dependo do público. Eu tenho mais contato com o público que já freqüenta
a minha festa. A tiragem é de cinco mil, e fica mais ou menos uns trezentos reais é a forma é direcionando para o
público. Noventa e cinco por cento dos flyers dão desconto na entrada.
P - Muita gente coleciona. Você tem a maior variedade possível de pontos pra divulgar. Desde o começo da
minha festa, o flyer apresentado na porta tinha desconto, justamente para as pessoas ficarem com os eles, é uma
coisa que a pessoa guarda e vai ver e casa depois, porque as pessoas que aquilo vai ter um desconto. Alguns
funcionam somente pelo marketing. Em uma das minhas festas tinha gente que vendia os flyers, porque
ganhavam dinheiro com o desconto na porta.
G – É, no caso da boate as pessoas gostam justamente por conta do formato. Eu já vi as pessoas pedindo mais ao
divulgador porque elas gostam de colecionar. Antigamente tinha com display com os flyers da semana na parte
de fora da boate e agente via direto as pessoas passarem e pegarem . Pelo formato agente tem um aproveitamento
bem grande dos flyers daqui da casa, é impressionante. Hoje em dia noventa por cento dos flyers geram
desconto, que é uma maneira que os produtores encontraram de chamar mais gente pelo desconto e evitar que as
pessoas joguem o flyer fora.
8- Como funciona o e-flyer? Qual é o índice de sua utilização?
L – E-flyer é um mailling (lista de e-mails), de mais ou menos vinte mil pessoas. É o flyer digital mandado por
e-mail e pros sites. È só imprimir em qualquer folha e ganha o desconto. Ele é diferente da lista amiga que a
mais barata. Recebo bastante, mas a grande maioria paga a entrada inteira. Muita gente quando recebe o flyer,
guarda para fazer coleção.
P – Várias pessoas baixam e podem imprimir como quiser. Recebo muito, hoje em dia a galera jovem tem muita
internet. Eu vejo isso na devolução dos flyers, existem os flyers impressos, mas muitos vêm pela internet, até
gente que recebe o impresso, mas imprime o da internet, pequeno, grande preto e branco. E-flyer é bem mais
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utilizado. Não só as pessoas de longe, mas as pessoas que freqüentam a noite tem o acesso pelo internet, cria um
hábito, a pessoa não precisa ter mais o flyer (impresso), ele está na internet, é cômodo. O flyer dá mais um
retorno na estratégia, para ver se o flyer não foi muito aceito, o flyer não fez tanto sucesso, o divulgador de
repente não foi em tal lugar, porque lá não tem flyers. È mais um controle da divulgação, não da bilheteria.
G – Normalmente o e-flyer é uma representação do flyer impresso, uma versão digital, e agente divulga através
do mailing da casa. Agente um cadastro de clientes que é feito pelo site e agente envia através do nosso e-mail e
a pessoa também pode imprimir no site, que está disponível para impressão a mesma versão digital que é
divulgada pelo mailing. Bem usado, agente tem um retorno bem grande aqui. È engraçado, às vezes as pessoas
imprimem muito pequenininho pra não gastar muita tinta e outros com uma página inteira impressa.
1.2 – Entrevista com designers
G – Glauber Souza – Designer e gerente de boate
C – Cláudio Portugal – Formado com comunicação e atua como designer gráfico
A – Alexandre Aranha – Diretor de arte e coordenador de núcleo de criação de uma produtora cultural
1- A mídia alternativa é ainda um marketing na moda ou veio para ficar? Porque?
G – Veio pra ficar. Internet, o próprio flyer mesmo. Agente já cogitou várias vezes em acabar com os flyers
impressos, pra tentar reduzir custos, mas agente sempre chega a conclusão que não adianta, tem que ter, nem que
reduza a quantidade.
C – Eu não lembro direito o conceito de mídia alternativa, mas eu seu que são mídias que não são tradicionais
como: rádio, tv, revista, jornal. As mídia alternativas impressas seriam: flyers, stickers, folders, cartazes. Eu acho
pelo que eu me lembro esse tipo de divulgação impressa já existe há bastante tempo desde a Europa antiga, de
panfletagem, colar coisas em postes. Tem aí também a mídia virtual, a internet. Eu acho que não é moda, ta aí e
vai conviver paralelo a mídia tradicional. Depende o que você precisa pro que você quer.
A – O contato com o flyer vai ficar ainda um bom tempo, mas está caindo mais a importância. É uma maneira de
tornar um primeiro contado de virtual real, mas as pessoas ficam conectadas direto e pode agregar outras coisas
junto ao flyer para valorizar sua festa. O público alvo de festas hoje em dia, diria um noventa por cento tem um
acesso digital.
2- Defina flyer e como você o caracteriza? Qual é o público-alvo?
G – É um cartão de visita de uma festa, é um contato que você está criando com o cliente e a boate ou festa. O
público varia de festa pra festa. Cada flyer é direcionado para um público.
C – Flyer, dentro de produção cultural de música ele está aí pra divulgar um evento, um show, um artista, apesar
de existir outros tipos de flyers. Dentro do seguimento é uma peça impressa pra divulgar e captar público para o
evento, ir atrás do público mesmo. Trabalho para um segmento mais voltado para música eletrônica, apesar de
que isso não determina meu trabalho. Eu trabalho em cima da estética. Eu acho que é o chama mais a atenção da
pessoa é o que ela vai achar legal de ver. O que faz a diferença e o que chama mais a atenção é a estética:
imagem, formato, tipo de papel. É o que ele vai se identificar. Depois que ele pegar, vai ver o que é.
A - Depende muito do espírito da festa pra mim. A novidade é sempre uma forma de chamar atenção do público
e na época que eu comecei sempre buscava algo novo diferente do que estava se seguindo, inovando em
desenho, cores e divertimento. Eu não faço mais flyer há muito tempo, mas há dois anos atrás não dava mais pra
mim. Hoje em dia eu penso que pra flyer o ideal é que ele seja claramente orientado dentro das tendências de
uma linha estética de design do momento, porque é um produto descartável. Tem que lembrar que o flyer vai ser
pisoteado no dia da estréia. Você sai com ele hoje e se estiver na rua, vão ter três mil flyers no final do dia no
chão, e vai pro lixo. È um contato ainda que real, fulgás também, poucos dobram e colocam no bolso.
3- Há quanto tempo você trabalha nesse segmento? É muito procurado? Qual é a faixa de preço?
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G – Como designer há dezoito anos, e como produção mais ou menos a um ano e meio. Tem uma procura
grande, agora que eu estou voltado para parte de produção tem uma procura maior, mas desde a época em que
trabalhei em jornal e revista, uma hora ou outra sempre pintava um extra pra fazer um flyer de uma festa. Até
porque sempre freqüentei a noite, os amigos indicavam para outros amigos que faziam festas e precisavam fazer
flyers. Depende do lugar, da festa, se é amigo, varia. Pode cobrar de cem reais até quinhentos reais.
C – De flyer mais ou menos desde dois mil e um, como designer acho que desde noventa e sete. Eu trabalho
bastante para duas boates. Depende da festa, do pacote que fechou se vão ser vários flyers, mas ele varia de cento
e cinqüenta, até quinhentos e cinqüenta ( para uma tração internacional, um único flyer), mais ou menos, nessa
faixa de preço, não passa disso não.
A – De noventa e sete a dois mil e seis (nove anos). Não porque era uma coisa exclusivista para festa que eu
trabalhava. Fazer o flyer de uma festa nunca foi meu ganha pão, porque eu acho que ganha muito pouco, em dez
anos não mudou muito o preço, por mais que tenham festas e festas, não pagam muito. No caso de uma outra
boate era 250 por flyer. O preço que eu falei quando eu fui lá, pelo tempo que demora, porque era uma arte que
eu estava usando pra descobrir novas técnicas, novas maneiras de realizar, então eu tinha um interesse de testar
as linguagens e não ficar fazendo a mesma coisa. Pelo trabalho que dava e pelo tempo que eu gastava, mais ou
menos uns três dias, pra ficar a arte pronta eu pedi quinhentos reais e eu fiquei sabendo que o mais caro que eles
pagavam era cento e cinqüenta reais. Mesmo sendo a metade do que eu achava justo, ainda assim era cem reais
mais caro do que as outras pessoas estavam ganhando. Paga muito mal.
4- A característica do flyer interfere no público-alvo ou o público que determina seu tipo?
G – Eu acho que nem uma coisa nem outra. O flyer quando é criado já é direcionado para um determinado
público. Ele não vai mudar a opinião da pessoa, não vai fazer a pessoa gostar ou deixar de gostar de determinado
estilo e nem acho que a pessoa influencie na criação do flyer. Ele antes de ser feito já tem um conceito que é
feito para um determinado público.
C – Isso é muito relativo. Eu já adquiri uma certa estética desenvolvida, até por estar muito tempo trabalhando.
As pessoas já conhecem as características do meu flyer, do meu trabalho gráfico, mesmo sem eu ter assinado ou
não. Acha que são as duas coisas, tem uma dialética aí, uma coisa influencia a outra. Se um cara ver um flyer
que é exatamente igual às capas de disco que ele gosta de ouvir, ele vai pegar na hora, ou seja, a estética
influência da pessoa ir pegar o flyer. E também a estética desse público influencia também com esse flyer vai ser
desenhado. É bom o artista colocar um pouco dele também, é o que eu procuro fazer.
A - O público interfere no flyer, que vai reagir ao flyer cem por cento. Se você acha que vai acertar uma pessoa e
você erra o que ela cultua, se você acha que conhece o público com quem você está falando e erra nessa
definição, você fala e essas pessoas não vão ouvir e não vai conseguir chegar nela.
5- A produção do flyer sempre é feita por meio de briefing? Você já teve que refazer algum?
G – No meu caso não, a pessoa me diz qual é a festa e eu como já trabalho na noite e conheço mais ou menos o
estilo, eu estou acostumado com a cena. A não ser se a festa for diferente, aí então eu vou pesquisar referências.
No caso de atrações, coloca a foto do artista. Não, normalmente tem uma correção ou outra porque faltou uma
informação, ou alguma coisa tava digitado errado em termos de texto. Quanto a imagem ou mudança, por gosto
do cliente e querer outra coisa, pelo menos comigo nunca aconteceu.
C - Tem sempre um briefing inicial. Depende do flyer, primeiramente sempre tem reunião com o produtor,
explicando a festa, o tipo de som, nome da festa e eu peço referência estética do que o agrada, para me orientar.
A seguir mostro um esboço com várias referências mostrando a linha estética, que vai seguir daqui pra frente.
Aprovando eu começo a ter mais liberdade e ele sabe que mais ou menos sempre eles vão ter essa linha estética.
E também já teve casos que me pediram pra fazer qualquer coisa. Já refiz vários por n fatores, por pessoas bem
cri-cri, sempre alguns voltam, mas depois que conhecem bem seu trabalho, já te procuram.
A - Não necessariamente um briefing, mas uma conversa com o produtor, do que estava acontecendo, uma idéia
para continuação dos flyers, uma troca de informação assim. Essa questão do valor eu deixei claro que era o
seguinte: por esse valor não tem mudança, meu desenho é o que é, fazendo apenas a alteração dos dados. Pelo
valor não vale, ficaria estranho, esquisito pra mim. Não, eu não teria refeito. Graças à Deus sempre gostaram. Eu
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criava um personagem, uma historinha, ilustrava o trabalho, um desenvolvimento que a pessoa acabava vendo.
Pelo valor que eles estavam pagando a própria direção da boate via que não fazia sentido. A maioria dos flyers
antigamente não eram muito criativos, já pegavam figuras prontas e montavam, mas não era o que eu estava
fazendo.
6- Como é seu processo de criação?
G – Eu normalmente, procuro trabalhar com referência que remetam aquele determinado estilo. Seja de imagem,
estilo, época, cores, moda, estilo musical. Procuro usar sempre uma coisa que remeta aquela idéia do flyer.
C – Procuro ver a linha do som, desenho algumas coisas a mão, vetorizo algumas imagens, fotos. Tenho uma
linha estética de vetor 2D e já tenho uma metodologia nas formas que eu crio, sempre estou desconstruindo,
mexendo uma na outra, misturando. Criando e recriando em cima da mesma coisa.
A – Eu aproveitava a questão do estudo da técnica do que eu estava usando. Estava fazendo uma linha mais
computacional e queria fazer algo mais orgânico. Queria confundir o público de como eu fiz, se era colagem,
foto, pintura, desenho à guache e comecei a misturar isso. E o tema começou a vir do meu momento. Como meu
flyer também era uma coisa ainda experimental, eu me libertava de qualquer briefing. Não é muito bom também
ter muitos detalhes. O grande público não percebe essas minúcias só o pessoal que é designer.
7- Quanto tempo é gasto na produção de um flyer? Você utiliza princípios da semiótica e gestalt em seus
trabalhos?
G – Eu como já estou acostumado, é muito rápido, em menos de uma hora. Quando toda criação é minha me
falam o nome da festa, na hora já vem alguma coisa na cabeça. Aí eu já vou procurar uma coisa ou outra pela
internet, pego as informações e já faço. Às vezes o próprio cliente já tem uma imagem que ele quer usar, e aí eu
só trabalho em cima daquela imagem, mudo cor ou coloco algum efeito. Não tem essa preocupação não. Eu uso
referencias que faça sentido dentro daquele conceito, daquele estilo. A preocupação maior é linkar a imagem do
flyer com a proposta da festa e não necessariamente ter um link direto com a imagem. Tem que ter uma
referência voltada para aquela proposta de festa.
C – Não tem como saber. Quando você já tem uma linha estética totalmente desenvolvida, é mais rápido, só
preciso fazer algumas alterações nas formas, cor, com a mesma cara virando outra coisa. Se for uma coisa
totalmente nova, criar do zero, aí demora um tempo. Nem lembro muito, mas semiótica eu acredito que sempre e
gestalt de alguma forma intuitivamente. Às vezes eu posso utilizar e nem perceber, mas não de uma forma
forçada.
A – Pra mim, hoje em dia, se eu fosse fazer eu gastarias apenas algumas horas. Você não precisa fazer um
grande esforço para colocar algo totalmente novo, nem que seja em relação ao seu próprio trabalho, porque vai
ser descartável, pode resolver de um jeito mas simples, que vai funcionar, vai comunicar. Porra nenhuma. Nada
baseado em regras, apenas na sensibilidade que estava querendo colocar.
8- Que tipo de programas são mais usados?
G – Especificamente para flyer eu gosto de trabalhar com Photoshop. Eu uso o Corel e o Freehand como
ferramenta auxiliar.
C - Illustrator, Photoshop, Indesign. Fora caneta, papel, lápis...
A – Basicamente Photoshop e Illustrator para fazer ilustração, e a parte textual no Indesign, pra fazer a
paginação e mandar pra gráfica.