telmo keim

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© 1997-2010 www.guiarioclaro.com.br - 22.000 exemplares - distribuição gratuita ano 3 número 33 - julho 2010

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ano 3 número 33 - julho 2010

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SumárioBazar ................................................6

Entrevista ......................................8Humor ..........................................18

Esportes ......................................22

Ensaio ....................................... 26Corpo ........................................ 34Cultura ..................................... 38

Turismo .................................... 43Casa & Cia .............................. 48Contraponto .......................... 50

Editorial

Qual piadaEm pleno inverno, quando o frio convida ao reco-

lhimento, passada a Copa e o porre de um futebol que não empolgou ninguém, fomos ‘surpreendidos’ com a derrota ‘previsível’. Por que então estamos propondo o riso?

No país da piada pronta, a Drops foi conversar com a dupla de atores que se vestem de jornalistas para o telejornal mais criativo dos últimos tempos. Dani Calabresa e Bento Ribeiro disputam o horário das dez com novelas e com o convencional da tele-visão brasileira. De furo em furo, um comentário sar-cástico que na maioria das vezes inclui eles próprios, faz sucesso no programa.

Em outro cenário, fomos conversar com quem or-ganiza a prática da charge e do cartum em suas raízes na cidade de Piracicaba. Este ano será a vez do 37º Salão Internacional de Humor, um evento que reúne num mesmo lugar desenhistas e público para um mo-mento único, o riso.

Na Floresta Estadual Edmundo Navarro, pegamos carona montanha abaixo e fomos conhecer as trilhas que estão sendo abertas pela Federação Paulista de Mountain Bike, uma modalidade esportiva que cresce e, se receber incentivo, pode prometer surpresas para a Olimpíada de 2016.

E para sorrir a larga, nada melhor que cuidar deles, daqueles que se mostram nessas situações: seus den-tes. Entre o branco estético e a saúde da boca, con-versamos com especialistas para entender até onde o clareamento dos dentes pode ser praticado.

Se você pretende aproveitar as férias de julho e o frio para tomar um café na capital, convidamos um jornalista - e caipira assumido - para narrar roteiros de boas baladas na cidade que não para. De sexta a domingo, veja o que é possível desde que se tenha pique.

No mais, porque não rir mais de si mesmo? Talvez aí esteja a graça. Agora é com você. Boa leitura!

Carlos Marques

Dani Calabresa e Bento Ribeiro do Furo MTV

Foto: Telmo Keim

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De mesa em mesa

Hoje pela manhã recebi em minha mesa um exemplar da revista “Drops” número 32, confesso que não sei como ela veio parar em minha mesa.Mas o importante é que a li inteira e estou boquiaberto com a qualidade da revista. Todas as matérias estão muito bem escritas, principalmente a com nosso comentarista Sócrates e a matéria sobre puberdade feminina, sem falar, é claro, das fotos incríveis da modelo com as belíssimas guitarras. Enfim, chegamos onde esse e-mail nos leva. Estou maravilhado com a revista e não sei como é a distribuição da mesma, mas gostaria de receber outros exemplares, caso isso seja possível. Sem mais, agradeço desde já.

Rogério Oliveira Programa Login - TV Cultura

Pelas edições

Gostaria de parabenizá-los pelo crescimento da revista. A cada edição me surpreendo pela qualidade das matérias e pelo cuidado com que os temas são tratados. A língua Portuguesa agradece.

Miriam Potenza Limeira

Boas Práticas

Primeiramente, gostaria de dizer que sou leitor da revista Drops desde sua criação e admiro o estilo e a abordagem adotados. Acredito também que o impacto da revista na sociedade de Rio Claro é alto e, portanto, o potencial de formação de opinião da revista é importante. Gostaria de propor à revista a criação de uma sessão ou coluna técnico-científica na área de saúde, na qual seriam discutidos de maneira prática e de fácil entendimento como alguns hábitos podem ser benéficos ou maléficos para os indivíduos.

Daniel Gama Mestre em Ciências da Motricidade - Unesp Rio Claro

Escreva para a Drops. Queremos uma revista com a sua cara: [email protected]

Editor-executivo: Carlos Marques

MTB 56.683 [email protected]

Editora-assistente: Lilian Cruz

[email protected]

Redação: Gilson Santulo, Marcos Abreu

e Rafael Moraes [email protected]

Criação: Leonardo Hutter e Silvia Helena [email protected]

Atendimento: Thais Cuba

[email protected]

Tecnologia da Informação: Elton Hilsdorf Neves

[email protected]

Financeiro: Neliane Favaretto

[email protected]

Cadastro: Jair Senne

[email protected]

Edição e Produção: enfase - assessoria & comunicação

Avenida Sete, 540 - Andar Superior 13500-370 - Rio Claro/SP

Fone: 19 2111.5057

Impressão: Gráfica Mundo www.graficamundo.com.br

Tiragem: 22.000 exemplares

Distribuição gratuita nas cidades de Rio Claro, Araras, Piracicaba, Limeira,

Santa Gertrudes e Cordeirópolis.

E-mails

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Bazar

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Até que enfim um Furo para rirpor Lilian Cruz | fotos Telmo Keim

Algumas notícias polêmicas, outras nem tanto, arrancam risos e reflexões de telespectadores no horário mais desafiador da TV

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Entrevista

Em alguns lares, a hora da novela é sagrada e ninguém ousa tocar no controle remoto. Para aqueles que preservam o hábito de zapear após o jantar, a noite reserva uma surpresa interessante: um genuíno telejornal, baseado em fatos reais registrados no decorrer do dia. Entretanto, além de informações triviais, há uma pitada ácida de humor, ingrediente capaz de despertar indignações que só o riso consegue digerir.

Na bancada, dois apresentadores alternam as chamadas. Ele veste terno e carrega a lembrança dos tempos em que foi um galã global. Filho do escritor João Ubaldo Ribeiro, Bento Manuel Batella Ribeiro, 29 anos, encara o improvável papel de âncora liberado para, entre uma notícia e outra, fazer mímicas, lançar desafios e esbravejar desaforos sobre os assuntos em destaque.

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Entrevista

Na cadeira ao lado, ela mantém os cabelos alinhados, os óculos de secretária e a postu-ra ereta. O sotaque carregado denuncia suas origens e confirma seu apelido macarrônico, “não é que dou pra oito não, é que puxo a le-tra R como uma italiana, bem ‘paulistanão’”, se defende a atriz de 28 anos Daniella Maria Giusti Barra, a Dani Calabresa que, sem tra-vas na língua, ironiza políticos e pseudocele-bridades, tantas vezes intocáveis pela mídia tradicional.

Para servir de alternativa à mesmice dos telejornais, o Furo MTV reflete o momento do humor nacional, que não se traveste de adereços e se pauta pela realidade ao pole-mizar fatos que por si só já são piadas pron-tas. O público parece se identificar cada vez mais com o formato de satirizar o cotidiano e passa a frequentar as apresentações de stand-up, modelo de encenação em que o humorista fica em pé, sem fantasias e sem recursos de cenário e faz sarcasmo de si pró-prio, improvisa piadas com situações sobre

trânsito, política, casamento. Na vanguardia, a MTV não perdeu o mo-

mento de ascensão desse estilo e criou, há mais de um ano, o Furo com a intenção de captar a atenção do público jovem, fazendo-o coçar a cabeça sobre o noticiário cotidiano. Entretanto, o desenrolar das edições con-quistou fãs de diversas idades, que se mani-festam como tietes nas versões híbridas do programa, tanto no blog quanto no twit-ter. “Aqui na MTV temos liberdade para fazer um trabalho autoral. Não tem um bordão já estabelecido e mesmo diante de um roteiro, acrescen-tamos o improviso. Usamos o humor, mas não fugimos do pano de fundo que é a notícia e isso favorece nossa criatividade”, conclui Bento.

“Usamos o humor, mas

não fugimos do pano de fundo que

é a notícia”10

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Direto dos estúdios, dos corredores e, porque não, dos elevadores do prédio da antiga TV Tupi que há 20 anos abriga a MTV em São Paulo, a dupla de apre-sentadores não poupou piadas e fez rir quem acompanhou a entrevista e a seção de fotos exclusiva para a Drops. Afinal, nenhum jornalista ou leitor deve desprezar um Furo, ainda mais quando ele é cheio de graça.

Quando questionados se ambos sempre foram os piadistas da turma, Calabresa relembra sua infância em Santo André, “eu era tímida, bem mais quieta, mas sempre fui ‘a estranha’. Na infância, as meninas bonitinhas iam dançar e eu errava a coreografia, trombava com todas. Por isso acho que sempre fui amiga dos meninos, falava palavrão. Os homens parecem que têm permissão para falar palavrão, mas quando uma garota fala palavrão, ela passa de maluca. Eu fazia umas bes-teirinhas, como desenhar a professora,

coisa assim. Mas não era a piadista, eu era a patetona”.

‘Zé graça’ confesso, Bento Ribeiro re-lembra sua infância vivida entre a Bahia, a Alemanha e o Rio de Janeiro. “Como eu era gorducho, ser engraçado era mecanismo de defesa para não ser humilhado. Eu fazia umas gracinhas até cerca da sétima série; depois foi só derrota”, ironiza o ator, que em 2008 com o corpo em forma, foi par român-tico de Claudia Ohana na novela “A Favorita”, da Globo. “Derrotado esse Bento, viu? Ele é nascido em Portugal, um looser brasileiro”, completa Calabresa ao relembrar que o co-lega nasceu em Lisboa e mudou-se para o Brasil com um ano de idade.

Velha amiga de Danilo Gentili e recém-casada com o cara mais cool do momento, Marcelo Adnet, Calabresa já passou pelos palcos de musicais infantis, pelas câmeras do SBT e Rede TV e permanece na cena stand up comedy paulistana. “Eu nunca sofri pre-conceito, mas sei que mulher não tem muita credibilidade no humor. Sabe quando você

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Entrevista

vai assistir a um espetáculo cômico e entra uma mulher, tem gente que pensa, ‘ah, vou aproveitar e mijar na vez dela’. Mas acredito que o cenário para a mulher no humor está mudando”.

Para provocar, Bento desenrola uma teo-ria duvidosa, “o gene do humor é masculino e por isso quando a mulher é engraçada, ela é masculinizada”. A atriz abaixa a cabeça e sentencia: “não podemos esquecer que ele é português”. A química entre os dois funciona e um ri do outro e tudo parece natural.

Com inspiração no humor destilado em Monty Python, Saturday Night Live e Uma Família da Pesada, a dupla comemora a fase. “O programa começou mesmo como uma aposta, não sabíamos se ia dar certo. Mas o fato de ter reprise, ter Internet, nos deixa mais tranquilos. Porque a gente não concorre diretamente com a última parte da novela ou com o Corinthians na quarta à noite. Quan-do vejo que as pessoas assistem no portal da MTV, me dá uma sensação de alívio, porque não foi só minha mãe quem me assistiu” pon-dera Calabresa. “Ah, mas não acho que a gen-te tem tão pouca audiência não, nosso chefe ainda não tirou do ar, afinal, aqui um ponto no Ibope é parabéns!”, completa.

Outra sacada é partir do humor autodeprecia-tivo. “Em nenhum momento a gente se coloca como exemplo de qualquer coisa. Ainda não ar-rumamos encrenca com ninguém, porque a gente

se inclui nessa situação patética do cotidiano. Se o cara ‘tá’ roubando na política, ‘tá’ fazendo nada ou ‘tá’ fazendo merda, blah! eu também dei meu voto!”,

completa o ator. “Acho que as pessoas às vezes se le-vam muito a sério. Quando ela faz um monte de cre-tinice, merece um comentário à altura. Refletimos no

“Os homens parecem que têm permissão para falar palavrão, mas quando uma garota fala palavrão,

ela passa de maluca.”

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estúdio uma possível reação das pessoas quando veem notícias de roubalheira”, emenda.

Para driblar o politicamente correto, que tan-tas vezes limita o humor no Brasil, a dupla usa o bom senso. “Flertamos com o incorreto, mas não muito. Preferimos dar um tom de questio-namento e inflamar quem está nos assistin-do”, dispara Bento. Calabresa aponta um dos diferenciais entre o teatro e a televisão. “No teatro a gente tem mais liberdade, porque a pessoa que vai assistir entra mesmo no cli-ma, acompanha o texto do espetáculo desde o começo. Agora na TV, a pessoa pode estar passando e pegar a piada pela metade, aí não entende nada”.

Em coro, a dupla afirma que também há dias de tristeza na vida dos humoristas e para esses dias, o profissionalismo é o melhor remédio. “Aí entram as técnicas de teatro, porque em cena, a gente passa a agir como se fosse um personagem. Por isso eu amo tanto teatro, gostaria de fazer teatro a vida inteira”, confessa Calabresa.

Após beber a água da caneca de Jô Soares, apresentar o Furo, fazer parte do elenco do Comédia da própria MTV e rodar o Brasil com espetáculos do “Comédia ao vivo”, Calabresa vocifera quando dizem que ela mudou. “Quem muda são nossos amigos. Olham para mim e falam, ‘ você está mais bonita, mais não sei o quê...’ Não! Eu estou igual. Continuo usando Melissa e saia jeans [e aponta para a forma que está vestida durante a entrevista]. As pessoas acham que você mudou, mas eles passam a te tratar diferente”.

Outro comportamento que chega a assustar Calabresa é o descaramento que muitos têm para

Entrevista

“Como eu era gorducho, ser engraçado era mecanismo de defesa

para não ser humilhado.”

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Entrevista

divulgar opiniões de forma anônima. “Hoje todo mundo odeia todo mundo na Internet. Que coisa! Criar na Internet movimentos, tópicos de xingamento e ofensas gratuitas contra alguém são de uma babaquice total. Pô, se não gosta, não assiste, não compre, não dê bola, mas não fique nessa covardia do anônimo. Isso me assusta um pouco na exposição da mídia”.

O destaque nas telas e nos palcos faz Calabresa vivenciar situações até então dis-tantes do seu cotidiano. “Gente, eu vou ao supermercado, mas não vou pronta para fazer uma piada. Se eu encontrar alguém, é estranho a pessoa falar ‘olha, é a Calabresa, conta uma piada aí’, se eu estou no check-in do aeroporto, não quero ficar contando piada, não é assim. Adoro meus fãs e curto quando alguém me aborda e diz que eu ale-grei a noite, que fiz um bem para ela. Mas não gosto de pessoas que ficam invadindo minha vida, subindo no muro

para me ver de biquini. Não que isso tenha acontecido, hahaha”. E completa: “O povo tem que respeitar se você está em um lugar jantando com amigos. Vem aqueles e pedem: tira uma foto! Ah, gente, qualquer um às ve-zes não quer tirar uma foto, ainda mais depois do jantar, sei lá, não passei batom, não limpei os dentes. Mas as pessoas adoram dizer que é o preço que se paga.”

“Ah, que preço é esse?” pergunta Bento. “Então eu vou sair na rua e bater em alguém e dizer: ‘é o preço!’ Isso é uma pentelhação. A gente não pode mais usar óculos escuros porque já acham que você está mascarado, ‘Olha lá, virou estrela, já está de óculos’ [iro-niza com o tom de voz]. Ah, aí é demais. Todo mundo pode usar óculos escuros, ou não?”

Bento sabe que, na Drops, está liberado para usar óculos escuros e os saca do bolso para finalizar a sessão de fotos.

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Lápis macio 6B e folhas de papel sulfite instigantemente branco. Eis minhas ferramen-tas básicas. Só me faltam as ideias e cá estou à procura delas. Se eu parar, não consigo avistá-las. Elas podem surgir a qual-quer momento, pode ser na fila do banco, na plateia de um filme nonsense ou até no bate-papo de botequim. Ainda hei de encontrá-las em meio às minhas inquietações.

Sei que tudo depende do meu olhar e de minha intenção. Embora haja instantes de dor, como se fosse um parto (aflição que ha-bita minha imaginação, afinal sou homem), prossigo à procura do que a palavra grega pathos resume: paixão, excesso, catástrofe, assujeitamento. Tudo isso sincronizado em uma só folha de papel e o mais desafiador: que faça rir!

Sim, sou mais um cartunista, um dos mui-tos espalhados pelo mundo. Não vivo disso, mas vejo vida em mim para essa forma de expressão. Desde os tempos da adolescência, quando as tiras dos jornais eram minha pri-meira busca, antes mesmo do esporte, do co-tidiano, ou quiçá da política. Pensando bem, não estariam nas tiras a sinopse para um emaranhado de notícias?

O prazo para agarrar minha inspiração

está cravado no dia 3 de agosto, data limite para inscrição do 37º Salão Interna-cional de Humor, um dos eventos culturais brasileiros mais reconhecidos no mundo. Quem já teve, assim como eu, um desenho exposto em alguma edição pôde sentir na pele a dimensão desse feito, porque a mos-tra não tem um público alvo. Ela é vista por todo aquele que se orgulha em tê-la tão acessível, inserida a um dos cartões postais da região, o Engenho Central de Piracicaba. É lá que, sem pu-dores, intelectuais e iletrados se encontram e cada um, dentro de sua compre-ensão, sorri.

Palhaços no SalãoHumor

por Gilberto Algarra – jornalista e cartunista – especial para a Drops

Edu Grosso por Camilo Riani

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Munição em mãos e uma ideia na cabeça. Mas fiquem tranquilos! Como já disse Millôr Fernandes, “nenhum humorista atira pra matar”

Sentado em um banco de tábua que pa-rece um lápis de cor, o atual chefe do Centro de Documentação, Pesquisa e Divulgação do Humor Gráfico do Salão, o cartunista Eduardo Grosso situa a importância de seu ofício, “É lógico que há mensagens importantes nas obras que nos levam a pensar no cotidiano, mas não podemos nos esquecer do belo. Saborear uma obra é sempre um prazer”. Assim, estar fisicamente presente, diante de telas genuínas e geniais causa uma espécie de catarse, assim como aquele que prefere trocar o conforto de seu home-theater pela poltrona de um teatro.

Fã e executor do cartum, Edu é um dos admiradores da acidez dos trabalhos de Angeli, Henfil, Laerte e Glauco, artistas que já receberam prêmios por suas telas exibi-das na história do salão. Ao Glauco, esta 37ª edição reserva homenagens. “A perda do Glauco foi algo lamentável. Ele deixou um rastro cultural da história do Brasil, porque suas personagens e situações nos levavam a pensar coisas até então pouco discutidas”, considera Edu, ao citar como exemplo as tiras do “Casal Neuras”, um dos destaques do cartunista assassinado no começo de 2010.

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A primeira edição do Salão de Humor de Piracicaba ocorreu em 1974, tempos em que a censura apunhalava a criatividade. Entretanto, na maioria das vezes o algoz se tornava fonte de inspiração. “A ditadura e

a censura

eram alvos quase obrigatórios para os hu-moristas gráficos”, relembra o presidente do Salão, o cartunista Camilo Riani.

Em tempos de identidades ideológicas difusas, a atual `liberdade` concede chance para se falar de uma infinita variedade de assuntos, “hoje há possibilidade do cartu-

nista ampliar seu leque temático, indo desde a crítica política até

um humor mais ‘brincalhão’, experimental e leve”, com-

pleta Riani. Mesmo com a mu-dança dos focos das contestações, o imã que atrai humor e público

continua magne-tizado. A represen-tação pitoresca do absurdo e da falta de sentido da vida contemporânea intriga o historia-dor, professor da USP e autor do livro

Humor

Liberados para o riso

Camilo Riani por Edu Grosso

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Raízes do Riso, Elias Thomé Saliba. Para ele, o humor, - sobretudo o humor que nasceu com o século XX – possui uma fortíssima vocação para a ambiguidade: “se uma piada agrada e gratifica alguns, ela acaba por ferir outros – não há remédio”.

Para a inquietação de um cartunista, de-senhista, chargista ou qualquer artista do meio, o remédio é bagunçar o pensamento, deixar aflorar críticas, dúvidas e impressões infectadas com o prazer do riso. Para Saliba, os efeitos colaterais são certeiros, “se ainda rimos com a crueldade do humor é porque ainda guardamos resíduos de emoções que nos possibilitam chorar, de verdade, com a crueldade real, muito real. Como? Você não ri? Então, como diria aquele personagem de Victor Hugo, és terrível”.

E lá vou eu, assim como todos meus cole-gas do traço, em busca da dose do remédio mais divertido e ousado. Nosso encontro já tem período e local, é ali no Engenho, do dia 28 de agosto ao dia 17 de outubro, em mais um palco para os palhaços do humor gráfi-co da atualidade e para o público sedento de sinceros motivos para rir.

Gilberto Algarra por ele mesmo

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Nas trilhas com a magrelapor Gilson Santulo | fotos Telmo Keim

Com a bicicleta se vai ao trabalho, à es-cola, ao passeio. Considerada uma alterna-tiva de transporte ecologicamente correta, a bicicleta também é ideal para desviar das árvores da floresta, transpor galhos deita-dos ao chão, resistir à lama do terreno e, ainda, ultrapassar competidores no desa-fio de resistência entre magrelas e pilotos.

A Bicicleta da Montanha ou o Moun-tain Bike (MTB) é o esporte praticado em estradas de terra, trilhas de fazendas, re-servas florestais, montanhas e até na ci-dade - desde que uma dose de dificuldade faça parte do percurso. Por ser comum a escolha das pedaladas em locais isolados, a autossuficiência do atleta é importante no sentido de que ele próprio consiga realizar

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Nas trilhas com a magrelapor Gilson Santulo | fotos Telmo Keim

pequenos reparos em sua bicicleta e prosseguir sua rota.

A modalidade nasceu na Cali-fórnia em meados da década de 50 através de brincadeiras de surfistas nos dias sem ondas.

Com o passar do tempo, modificações nas bicicletas foram capazes de adaptá-las per-feitamente a qualquer tipo de solo, espe-cialmente aqueles pouco gentis em termos de conforto e facilidade.

Os pneus mais grossos e com cravos foram adotados para garantir melhor ade-rência em terrenos acidentados, com lama ou areia. Para absorver impacto, os equipa-mentos ganham amortecedores na frente ou atrás. Quadros reforçados e resistentes, especialmente para as modalidades que incluem saltos e quedas de grandes altu-ras, também são apetrechos indispensáveis para a bicicleta.

Em todas as modalidades de Mountain Bike (Cross Country, Maratona, Downhill, Freeride, 4X, Trial, BMX e Enduro de Regularidade) o

Com força e técnica sob duas rodas, o Mountain Bike escolhe os caminhos mais radicais para o encontro com a adrenalina

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Para mais informações sobre o esporte e os eventos no Estado, consulte www.cbmtb.com/sp

atleta deve se equipar de capacete, luvas, cantil e coragem para encarar saltos, valas e riachos. Para quem não teme desafios, o percurso pode se estender a uma carreira internacional, afi-nal, o MTB já faz parte dos seletos esportes olímpicos.

Pedaladas na FlorestaRio Claro é a cidade sede da Federação

Paulista de Mountain Bike (FPMTB) e abriga estrutura para os bikers especializados em desbravar as trilhas da Floresta Estadual Edmundo Navarro de Andrade (Feena), uma das maiores reservas de eucalipto do país.

Estruturada em 2009 pelo administrador de empresas e ex-atleta, Clayton Palomares, a FPMTB conta com a parceria da Confede-ração Brasileira do esporte, secretarias mu-

nicipais e empresas privadas. “Nossos pla-nos, até o final da temporada 2010, é atingir 1.000 atletas filiados”, afirma Palomares.

Com o propósito de se aproximar daque-les que já são apaixonados pela bicicleta, a FPMTB atua em projetos para democratizar o acesso à prática e à cultura do esporte, promovendo eventos como os Campeona-tos Estadual e Municipal.

Além das competições, o grupo de atle-tas visa conscientizar a população sobre a importância do uso da bicicleta como um eficiente componente da mobilidade urba-na e, toda última sexta-feira do mês, orga-niza edições da Bicicletada nas ruas de Rio Claro. A equipe também presta serviços de consultoria para projetos cicloviários e su-pervisiona provas válidas pelo Ranking Pau-lista de MTB.

Ricardo Piccoli, Clayton Palomares, Regis Andriolli (vice lider do ranking nacional de Downhill) e Adélio Paulo da Silva

Esportes

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Modelo: Juscelino Pereira Junior Agência: Joy Model Management www.joymodelmanagement.com

Locação: Haras Juruá Raça Lusitano 11 3106.9146 - www.harasjurua.com

Produção de Moda: Caio Augusto BlumerProdução: Thais Ferreira CubaFotos: Telmo Keim

Agradecimentos Angelo Vertti - 19 3423.1174 www.angelovertti.com.br

Gallo Decorações - 19 3524.4111 www.gallodecor.com.br

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Para escancarar as canjicas por Rafael Moraes | foto Telmo Keim

O quê representa um sorriso? Classificá-lo como ‘uma expressão facial’ pode soar su-perficial uma vez que é um gesto tão abran-gente que floresce no rosto de qualquer indivíduo e pode ser determinante na hora de paquerar, demonstrar apreensão, desin-teresse e até medo. Ele se manifesta de tan-tas formas que pode delatar um mentiroso ou cativar o mais cético dos ouvintes.

O clareamento dentário pode trazer satisfação pessoal e melhorar a

autoestima de qualquer pessoa, mas antes de se submeter a tratamentos

profissionais ou mesmo caseiros, algumas informações valem o sorriso

Corpo

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Para escancarar as canjicas

Como não é sempre que a nomenclatura “cartão de visita” pode ser aplicada a uma parte do corpo, o sorriso merece atenção e para que esse amontoado de dentes possa realmente se sobressair, algumas pré-con-dições são fundamentais. Como preocupa-ção de primeira grandeza, a higiene bucal é obrigatória. Porém, outros problemas po-dem decorrer no que compete à primeira etapa de nossa alimentação, a boca. Entre

eles, problemas ortodônticos, gengivites, cáries e uma infinidade de enfermidades podem deteriorar as condições bucais e toda a saúde de uma pessoa.

Para o Chefe do Departamento de Odontologia Restauradora da Faculdade de Odontologia de Piracicaba – Unicamp, professor doutor Marcelo Giannini, quan-do o problema é desencadeado pelo incô-modo estético dos dentes amarelados, o

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clareamento é a alternativa recomendada pelos especialistas.

Ao todo, são quatro métodos para clarear os dentes, o clareamento utilizando moldei-ras, o clareamento de dentes desvitalizados (para dentes com tratamento de canal), o clareamento realizado em consultório (com peróxidos em alta concentração) e aqueles que utilizam produtos que não precisam de prescrição médica e são encontrados em

farmácias ou supermerca-dos, sem supervisão

profissional.

Para quem acredita que o clareamento é isento de efeitos colaterais, o professor Giannini salienta algumas das mazelas que o tratamento pode ocasionar: “a sen-sibilidade dental, as irritações gengivais (no caso da técnica em moldeira) e a leve desmineralização na superfície do esmalte (isso dependendo do material utilizado) e que devem ser corretamente avaliadas an-tes de cada procedimento. Após essas aná-lises, o clareamento é considerado seguro”. Estabelecidos como contraindicações a todos os métodos estão os grupos de ges-tantes, mulheres em fase de amamentação e menores de 18 anos, “assim como pesso-as que apresentam certos tipos de lesões intraorais não devem se submeter ao tra-tamento” finaliza Giannini.

Porém, há limitações no alcance do tratamento, como explica Giannini: “nos

casos mais favoráveis e fáceis, os dentes ficam bem brancos, mas isso depende do diagnóstico de cada caso. Existem alguns casos que não respondem tão bem ao tratamento”.

Algumas publicações sugerem que os pacientes em processo de trata-mento não fumem, evitem bebidas como café, chá, refrigerante a base de cola, vinhos, bebidas ácidas ou que contenham muitos pigmentos. Entretanto, cientificamente nada disso tem sido comprovado, eviden-cia Giannini.

Para quem sempre quis ter dentes mais brancos, vale ponderar os prós e contras de cada tratamento, sem es-

quecer que aquele que mais impressio-na é o sorriso sincero.

Corpo

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Frutas exóticas aguçam os sentidos nos corredores do Mercado

Municipal de São Paulo

Adoce seu invernopor Lilian Cruz | fotos Telmo Keim

A profusão de aromas nos corredores do Mercado Municipal Paulistano, o Mercadão, reserva surpresas que vão além do famoso pão com mortadela e o mais que tradicio-nal pastel de bacalhau. Nesta temporada, as frutas exóticas de inverno são as vedetes que atraem olhares e provocam água na boca de turistas de todo canto do país.

Rambutan A fruta, comum em países do Oriente como Tailândia, Vietnã e Indonésia, se adaptou ao clima de Rondônia, na região Norte do Brasil. Seu formato ondulado com tons avermelhados por fora pode lembrar o urucum. Sua polpa generosa recorda o ingá. Também conhecida como Lichia da Malásia, a fruta tem sabor adocicado e leve. No Mercadão, R$ 60,00 por quilo é seu preço.

Pitaya Colombiana ou AmarelaO preço pode ser salgado, R$ 95,00 o quilo, mas seu gosto é tão leve que é possível comer uma fruta inteira sozinha sem enjoar. A Pitaya conta com a ajuda de abelhas, pássaros, mamangavas e morcegos para sua polinização. Sua doçura lembra o kiwi, que um dia já foi considerado exótico, lembra?

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Pitaya BrancaDoce, sem ser enjoativa e de leveza semelhante ao melão, a fruta não chama atenção apenas pelo sabor. Parecida com as escamas de um dragão, a fruta deriva de um cactus e atrai olhares em qualquer prateleira. Com o preço de R$ 48,00 o quilo, vale a aventura.

Frutas de todas as regiões do Brasil e de diversos países podem ser encontradas nas mais de 100 quitandas distribuídas pelo Mercado. Provar um pedaço de qualquer uma delas, faz parte do passeio.

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Diz a lenda que a rainha Vitória (1819-1901) teria considerado o mangostim a fruta mais saborosa do mundo, batizando-a como a “rainha das frutas”. De casca grossa e roxa, quase negra, gomos brancos e suculentos e gosto mais doce que ácido, o mangostim é nativo da Ásia, mas vem sendo produzido no Brasil. Além de sua beleza peculiar, a fruta é rica em fibras e apresenta propriedades funcionais, como descreve a nutricionista Lais Meyer Ferraz, “o mangustim é interessante nutricionalmente por seus agentes fenólicos – substâncias que impedem a oxidação do colesterol ruim (LDL)”. A aventura custa cerca de R$ 35,00 o quilo.

Maracujá GranadilhaConhecido por suas propriedades digestivas, o granadilha é uma espécie de maracujá que se

desenvolve bem no frio. Não apresenta o travo muito forte do maracujá roxo e pode ser

comido in natura. No Mercadão, o quilo custa R$ 70,00.

Mangustim ou Mangostão

MercadãoInaugurado em 25 de janeiro de 1933, o prédio é um espetáculo à parte. Seus mais de 12.600 m2 contam com vitrais capazes de refletir cores no ambiente. Suas paredes altas, de algum modo traduzem a opulência e a fartura da maior cidade do Brasil.

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Como você escreve a sua história?

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Se você não concorda com o descaso, assine! www.abaixoassinado.org/abaixoassinados/6403

Museu Amador Bueno da Veiga

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Que o interior é um lugar maravilhoso em muitos aspectos ninguém pode negar, com ritmo um pouco mais tranquilo, custo de vida mais baixo e a felicidade de sair do trabalho e, no máximo, em meia hora já estar em casa. Tudo ótimo. Mas, como eternos insatisfeitos, sempre queremos um pouco mais – pode ser a ten-dência do homem ao caos, não sei. Seja o que for, esse sentimento me trouxe a São Paulo, cidade que aprendi a respeitar e amar como meu segundo lar (meu primei-ro sempre será Pira!).

Assim, o convite para escrever um roteiro de fim de semana na capital para as pessoas que moram no interior foi recebido com muita felicidade. Porém, a

dificuldade logo veio: como resumir a cidade que não para (isso é real!) em apenas três dias? Como

isso não é possível, vou buscar citar alguns pontos pelos quais me apaixonei e que podem

agradar a “gregos e piracicabanos”.Para iniciar o roteiro, recomendo que evite a mania de parar nos grandes postos das

Um caipira na capitalpor Paulo Ucelli – especial para a Drops fotos Telmo Keim

Se o tempo disponível é limitado a um final de semana, não se acanhe, Sampa oferece opções para todos, inclusive para aqueles cujo sotaque não nega sua origem

Paulo Ucelli, jornalista que fugiu da calmaria do interior para sofrer (e se divertir!) na capital do Estado

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Turismo

O bar Z Carniceria preserva elementos da decoração da década de 50, tempo em que o local era um açougue

vão algumas dicas. Para quem quer um lugar-zinho com música boa, que dê para dançar, paquerar e curtir até mais tarde, recomendo o Barnaldo Lucrécia (prepare-se, vai ter que dançar!) ou o Grazie a Dio (sempre muito ani-mado e com gente bonita), o Aldeia Turiassú (quando tem a Banda Glória é a melhor bala-da de São Paulo), o CB (para quem gosta de som alternativo) e a Rua Augusta, que deixou de ser barra pesada para ter hoje algumas das baladas mais legais da cidade (recomendo Z Carniceria, Vegas, Inferno, Estúdio SP, Avesso, Comitê e por aí vai...). Para os mais insisten-tes, ao amanhecer existe a Love Story, casa que reúne tudo que a noite de São Paulo ofe-rece, de patricinhas e mauricinhos a boêmios e até prostitutas. Depois dessa, é melhor ir dormir, pois mal começou o finde!

Sabadão de manhã, a melhor alternativa é o Mercado Municipal. O sanduba de mor-tadela ou o delicioso pastel de bacalhau são sempre uma boa pedida. Depois, uma passa-dinha pela rua 25 de Março, para fazer umas comprinhas baratas. Pode ter certeza que vai ser divertido e nem um pouco brega.

Na Paulista você pode se deparar com um nostálgico realejo – e o papagaio agarrar com o bico o prenúncio do seu destino

estradas para comer. Me desculpe, mas é um desperdício ao paladar. O famoso espetinho de frango é delicioso, mas nada comparado a um jantar em um dos vários restaurantes da região central. Chegando nas marginais, hora de fazer escolhas: para quem quer algo mais descontraído, recomendo que, por volta das nove horas, vá direto para a Vila Madalena, onde é possível comer um Bauru Ponto Chi-que na Mercearia São Pedro, uma porção de empanadas no bar homônimo, ou um galeto no Galinheiro.

Para quem quiser algo mais sofisticado, a região da Pompeia oferece o Killa Novoandino (pequeno, aconchegante e com sabor surpre-endente); na Avenida Paulista o Spot (com uma longa espera), sem contar o Santa Gula, Allez Allez, dentre outras grifes gastronômicas da Vila Madalena e em Moema.

Quem quiser dormir cedo pode parar por aí, mas para os animados

por uma baladinha, – e afirmo: vale a pena! – aí

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Depois é a vez do almoço. Uma boa pedida é dar um pulo na Liberdade e comer um Yaki-soba, mas eu recomendo o Chivito, barzinho simples na Heitor Penteado, com seus pratos e lanches (o Sem Cintura vai surpreender!). Daí, três alternativas: Museu da Língua Por-tuguesa, Feirinha da Praça Benedito Calixto e Museu do Futebol, todos valem a pena. À noite, mesmo cansado, vale uma passadinha na Famiglia Mancini, ou em uma das muitas pizzarias, afinal, ir para São Paulo e não comer pizza ‘é loucura meu!!!’ Para a noite, um tea-tro ou um cineminha no Espaço Unibanco (na Augusta), com filmes que você não assiste no interior. Depois, os mais fortes podem tentar outra balada. Se quiser algo leve e descontra-ído, fora das opções da sexta, uma boa pedida é o bar Roda Viva (só toca Chico Buarque), ou o Teta (com o melhor do Jazz). Acho que chegou a hora de dormir de novo!

Bom, no último dia vamos com cal-ma. De manhã duas ótimas pedidas: a visita à feira de antiguidades do Masp ou o Parque do Ibirapuera, pode até ser que você se depare com a apresentação de uma orquestra ao ar livre. Tudo para alcançar um pouco de paz!

Na almoço do domingo, para finali-zar o final de semana em grande estilo, nada melhor que parar na esquina mais

famosa do Brasil, a Ipiranga com a São João, para curtir deliciosos pratos, um chope ge-ladinho (ou vários), música e muita descon-tração no Bar Brahma, imperdível. Se ainda não se deu por vencido, pode passear pela Vila Madalena ou Moema e ver gente bonita. Mas haja ânimo.

Bom, esse é um passeio completo que dá para adequar de várias formas, pois a ‘Ter-ra da Garoa’ é um campo de possibilidades sem fim. Como última dica: prepare a cartei-ra. Para quem quiser, existe a opção de São Paulo sem gastar quase nada, mas isso deixo para outra oportunidade, pois já cansei e não vejo a hora de passar o próximo final de se-mana em Piracicaba, na beira do rio!

Com projetos de Oscar Niemeyer e Burle Marx, o Parque Ibirapuera oferece programações culturais e esportivas em qualquer época do ano

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Prata, azul, vermelho e branco; o laranja de tonalidade viva e marcante faz contraste com o cinza e o amarelo. Alguns brilhantes, outros foscos, sem contar os transparentes. Em diversos tamanhos, todos são peixes. A variedade quase infindável de espécies ma-rinhas ou de água doce cria um turbilhão de cores e formas e deixa transparecer toda a beleza, sutileza e harmonia que os aquários têm a oferecer.

O hobby do aquarismo, ou aquariofilia, cada vez mais ganha espaço e adeptos no Brasil, vide o crescimento de estudos, cursos e a constante troca de informações sobre o tema – fatores que elevam o padrão do aquarismo brasileiro no cenário mundial e dá nova luz à ‘arte’ de cuidar e criar de peixes,

plantas, corais e outras espécies. Nas palavras de Rogério Hebling, 38 anos, aquariofilista desde os seis anos e que o impulsionou a ter uma das mais completas lojas de aquários do interior, “o aquarismo é uma filosofia de vida, que lhe coloca em contato com a natureza proporcionando uma consciência ecológica que todas as pessoas deveriam ter”.

Quando o aquário é bem cuidado, a exu-berância dos peixes somada ao requinte das estruturas de vidro torna a peça um objeto de decoração diferenciado, que imprime perso-nalidade e proporciona visão aprazível. Para diferenciá-los ainda mais, eles podem ser classificados devido ao seu biótipo, podem ser plantados, de vida marinha ou comuni-tário. “Os efeitos da luz, os tipos de peixes, as

Prática que exige destreza, atenção e cuidados especiais, o hobby do aquarismo permite a criação de peixes e plantas ornamentais em pequenos espaços de beleza majestosa

e com opções para todos os gostos

Nuances do mundo aquáticopor Rafael Moraes | fotos Telmo Keim

Casa & Cia

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plantas e mesmo o formato e a disposição do aquário, trazem ao ambiente beleza, vida, harmonia e eleva a paz de espírito”, na concepção de Hebling, que monta aquários dos mais diversos tipos.

Rotina de cuidadosAssim como o paisagismo, a aquariofilia exige de

seus praticantes cuidados e senso estético apurado. Alguns conhecimentos básicos em biologia e quí-

mica são úteis para manter o aquário em perfei-to funcionamento.

Ao se iniciar no hobby do aquarismo al-gumas atitudes são de suma importân-cia para garantir um ambiente aquático profícuo e bem cuidado. “Fazer um estudo prévio do tipo de aquário e das espécies que serão usadas, aten-

tar para a montagem do aquário, para que ele seja o mais saudável e natural possível para os habitantes que ali viverão”, são dicas de Hebling para quem deseja ingressar na aquariofilia.

Saber que existem inúmeras espécies de peixes e plantas e que nem todas elas são compatíveis

é uma das premissas que podem evitar catás-trofes dentro de sua sala de estar, como, por exemplo, montar o aquário durante a noite e se deparar com todos os seres em agonia na manhã seguinte. Contudo, harmonia e respeito

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aos atributos naturais são prioritários.Questionado sobre os principais animais

e plantas que fazem parte do habitat dos aquários, Hebling salienta que “não existe um padrão a ser seguido, no cenário bra-sileiro existem hobbistas apaixonados por aquários de todos os tipos, mas existe uma febre crescente pelo nature aquarium, que são aquários densamente plantados, um verdadeiro jardim submerso.”

Além da definição da espécie, deve-se con-siderar a iluminação e a temperatura adequa-da, elementos importantes para peixes, plan-tas, corais e outros habitantes do aquário. O pH, alcalinidade e a acidez da água requerem

Casa & Cia

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Quem nunca teve um?Um peixe muito popular, principalmente entre as crianças, é o Betta. Teoricamente é um peixe de manutenção mais simples, mas que também requer atenção, como:

• Troca parcial de água;• Alimentação de boa qualidade e em doses

equilibradas;• Testes regulares de pH da água com kit

adequado;• Temperatura estável;• Tratamento médico quando preciso.

Se esses fatores forem respeitados, o Betta poderá viver até cinco anos.Também conhecido como “peixe de briga”, esse peixe da família dos Anabantídeos é originário da Tailândia. Seu nome vem de uma tribo de índios onde os guerreiros eram chamados de “Bettahs”. Essa associação ocorre devido ao fato dos Bettas machos serem extremamente violentos, não podendo conviver com outros Bettas no mesmo aquário. Os Bettas vivem em águas estagnadas e pouco oxigenadas, como a dos arrozais, por exemplo. A respiração nessas águas só é possível devido a um órgão auxiliar que os Bettas possuem, o labirinto, que os permitem retirar oxigênio da atmosfera. Por esse motivo, seu aquário não precisa de oxigenação.

medições com kits especiais e esse controle é determinante para a manutenção da vida dentro do vidro. A intenção é recriar condi-ções semelhantes aos habitats naturais.

Após a montagem do aparato e o ingresso dos peixes, a higiene entra na rotina. A troca constante da água e, dependendo das espé-cies, o controle da oxigenação são fatores que merecem atenção e que podem ficar a cargo de filtros. Essencial também é o cuida-do com a alimentação, com componentes e doses adequadas à espécie que se cria. Esses cuidados são recompensados pelo esplendor da vista de um ambiente mágico e ao alcan-ce dos olhos.

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Aí é que está a graça!por Danilo Gentili

Duas cenas para se pensar. Globo de Ouro 2010. Rick Gervais, comediante inglês, subiu ao palco com um copo de bebida alcoóli-ca. Ele disse, em transmissão para o mun-do todo, algo como: “Esse copo de bebida não é meu. Só trouxe aqui porque quero que entre Mel Gibson”. Todos riram com a chacota (pesada) sobre os escândalos de alcoolismo do astro de Hollywood. Sabe o que Gibson fez? Subiu ao palco e fingiu que estava bêbado.

O Saturday Night Live execrou a republi-cana, na ocasião vice de McCain na corrida à presidência, Sarah Palin. Tina Fey estava caracterizada como Palin. Cortaram pro bastidor. Adivinha quem estava no estúdio assistindo tudo? Sarah Palin em pessoa! Quando você acha que a piada acaba, entra Alec Baldwin e começa a falar mais barbari-dades na cara da governadora. No meio do programa, a republicana, e não sua imita-dora, entra e participa de um quadro.

A comédia americana fornece as maiores referências porque o comediante é ousado, o seu alvo de piada é inteligente, seu pú-blico não é limitado e o ambiente onde ela é desenvolvida respira liberdade. Quando uma personalidade lá passa por escândalos, ela vai com as próprias pernas pagar seus pecados no programa de algum humoris-ta. E faz isso por três motivos: não precisa mais ser levada a sério; é segura o suficien-te para rir de si, pois o que construiu não é frágil e percebe que se torna mais popular ainda porque dá ao público o que o público quer ao compreender que uma boa piada sempre fala de uma grande verdade.

Mas, nos meios de comunicação do Brasil

reina a cultura padrão do Estado e não rola comédia de opinião. Isso pode desagradar as pessoas! Então somos genéricos. Já li en-trevista de um comediante talentoso dizen-do: “na escola, eu era amigo dos nerds e dos bagunceiros”. Ele não quer se comprometer nem com o seu passado, afinal ele é um bom rapaz! Agrada todo mundo. O problema é que comediante não é o bom rapaz! Pense num comediante realmente grande, que foi reconhecido pelo seu trabalho. Certamente ele era o moleque sem educação que falava o que ninguém queria ouvir ou agia sempre de forma errada no lugar errado, como um anarquista maluco. Ele não é o seu herói. Ele é o seu anti-herói. Se o senso de justiça do homem comum é agradar a todos; o do co-mediante é desagradar a todos igualmente.

Mas aqui no Brasil não se admira o co-mediante de verdade. Porque a verdade não é admirável. Nossa cultura nos ensina a lucrar com a mentira. Rir com a verdade é algo que não entra na cabeça. Assusta. Aqui a verdade é feita para ser maquiada e o comediante que ousar brincar com a ver-dade vai cair no esquecimento, de boicote em boicote. Pensando bem, é possível que eu esteja indo, em poucos anos, exatamente para lá, para o esquecimento. Mas eu juro que vou contando piada. Danilo Gentili é humorista, escritor e cartunista. Repórter do Custe o Que Custar (CQC) da Bandeirantes e ator de stand-up comedy.

foto: Matheus Dias - N

ume Com

unicação

Contraponto

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