tema: as ações das empresas no processo de imposição das barragens no brasil.histórico:
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Histórico: essa peça foi escrita no instituto de educação Josué de castro, em Veranópolis, por educando do curso de comunicação e cultura do eixo desenvolvimento cultura. A mesmo tem em sua forma o teatro fórum aonde propõe interagi com todos, que por sua vez posso assistir, e intervir de forma critica. Essa peça e fruto das aulas de teatro que o eixo pode realiza como os educadores: Thiago e Carina, Letícia, e os demais que sempre estava para ajuda no avanço do eixo. Escrita por militantes do MAB (movimento dos atingidos por barragens) “TRANSCRIPT
Cuidado Zé!
Peça de teatro cuidado Zé
Tema: as ações das empresas no processo de imposição das
barragens no Brasil.
Histórico: essa peça foi escrita no instituto de educação Josué de castro, em
Veranópolis, por educando do curso de comunicação e cultura do eixo desenvolvimento
cultura. A mesmo tem em sua forma o teatro fórum aonde propõe interagi com todos, que por
sua vez posso assistir, e intervir de forma critica. Essa peça e fruto das aulas de teatro que o
eixo pode realiza como os educadores: Thiago e Carina, Letícia, e os demais que sempre estava
para ajuda no avanço do eixo.
Escrita por militantes do MAB (movimento dos atingidos por barragens)
“Eu sinto o cheiro de tudo, tenho saudades das nossas
reuniões da comunidade, das brincadeiras nas madrugadas,as
danças...”
Veranópolis 2010
Cuidado Zé!
Cuidado Zé!
A história que vamos assistir agora é a realidade de muitos atingidos nos cantos deste Brasil.
Em nome de um empreendimento, que vai gerar energia para garantir o desenvolvimento do
país, pessoas são obrigadas a sair de suas terras, têm que construir outra forma de vida e de
cultura, mudar sua história, história que a água leva, água que deveria servir a vida está sendo
apropriada por poucos para gerar lucros e conseqüentemente causando mortes.
Cenário: representação de uma casa mais urbana. Uma sala com uma mesa, uma garrafa de
café, pão, jornais...
Zé: Maria me da um cafezinho aí, pelo menos isso podemos tomar e comer um pedaço de pão.
Não estaríamos passando por uma situação tão difícil se não tivesse cedido para aquele
capitalista, ladrões de terra. Como tínhamos fartura lá onde nós morávamos, de frutas, água
de fonte e de graça, ar puro, a terra era pequena mais tudo que plantava dava.
Mariana: bem que eu te avisei Zé, mas você não quis me escutar, agora não da mais para
voltar atrás, é tarde. Nada disso temos aqui na cidade, e acredito que os nossos vizinhos
também não, claro que tem alguns que usando de esperteza se beneficiaram não pensando
nos outros.
Mariana: era tudo isso Zé e mais um pouco, podíamos pescar no rio, as crianças corriam nos
campos, aqui temos que comprar gás e quando queremos lenha temos que pagar também.
Zé: De manha os cantos dos passarinhos, à noite a lua cheia, as estrelas, quanta coisa
perdemos com esse maldito empreendimento de barragem. E você tentou me avisar.
Mariana: eu sinto o cheiro de tudo, tenho saudades das nossas reuniões da comunidade, das
brincadeiras nas madrugadas, as danças...
(o casal aos poucos vai adormecendo no sofá ou cadeira e o narrador entra)
Narrador: os fatos que mudaram para sempre nossas vidas são inevitáveis. Outros fatos
podem passar por uma transformação a partir de nossas atitudes, por outros é preciso dar o
máximo para que não venha a se concretizar. Este não é um desafio pessoal, mas muito mais
coletivo.
( enquanto o narrador fala o casal vai saindo de cena, ou uma cortina é puxada para montar
outro cenário. O outro cenário deve ser caracterizado de elementos rurais, mesa cadeiras,
queijo, café, broa, frutas, água fresca... os personagens caracterizados de camponês.)
Zé: liga o rádio e canta a musica Saudade de Minha Terra
Cuidado Zé!
Mariana: vamos Zé está na hora.
Zé: hora do que muié?
Mariana: não lembra Zé, hoje é dia de confraternização na casa de Flavia.
Zé: claro, como poderia esquecer?
(desliga o rádio, pega uma blusa, sai do palco e retorna para o mesmo espaço.)
(enquanto os atores saem de cena e retornam para o espaço da festa da comunidade o
narrador faz uma fala.)
Narrador: A história de como se organiza uma comunidade vem sendo estudada ao longo da
história. Seu significado é a união das pessoas e seu objetivo maior é a construção coletiva. Em
uma comunidade que cuida de suas tradições não podem faltar pessoas, danças, músicas
(aponta para as pessoas). Sejam todos bem vindos. O tema de hoje é: A terra é mãe e a água é
vida.
(entra na casa Mariana e Zé, cumprimentam a platéia como se eles estivessem fazendo parte
daquela festa e faz a fala da terra e da água)
A terra mãe é o chão do ser humano, é seu sustento, é ela que acolhe a semente e germina os
frutos que servirão de alimento para o ser humano. Por isso e outras razões o ser humano
deve cuidar da terra como se estivesse cuidando dele mesmo e a terra é de todos. A água é
vida, e, portanto nos dá vida, ela é um bem de todos, mas ao longo da historia ela vem se
tornando alvo de pessoas que estão se apropriando para fins de lucro. Cuide do rio como se
estivesse cuidando de você, há perigo de que aquela fonte possa não ser mais sua daqui uns
dias, ou já não é mais, e aquele rio, pode ser que você não possa pescar lá mais.
Coro: cuidado Zé!
( logo em seguida os dois juntos provocam a platéia: vamos cantar, dançar, sempre olhando
para eles fazendo com que aceitem a proposta. Convida para fazer uma roda e começa.
Primeira brincadeira: Xhem nhem Xhem nhem, escravos de Jó, camaleão, vida de viajante para
finalizar. Enquanto os pares estiverem dançando, o casal vai se despedindo e saindo devagar
para entrar no cenário anterior que é o rural. O narrador faz uma fala enquanto o pessoal vai
retornando para o lugar.)
Narrador: A dança, as brincadeiras, a música sempre foram manifestações que estiveram
presentes na vida das pessoas. Elas ajudam a harmonizar a convivência entre os seres
humanos. (pode se cantar aqui uma musica que vai concentrando as pessoas, só um refrão)
(Chega o casal)
Cuidado Zé!
Zé: Sabe, eu gosto de tudo isso, mas o campo não nos dá sustentação. Mariana olha como
estamos de situação.
Mariana: Como estamos? Estamos bem Zé. Temos de tudo não precisamos comprar quase
nada.
Zé: só isso basta Mariana? E o estudo para nossos bacuris? A nossa saúde?
Mariana: Tudo isso nós vamos ajeitando, e aqui estamos melhores do que em qualquer outro
lugar.
Zé: as pessoas do campo não têm valor...
Coro: Cuidado Zé!
(bate na porta)
Zé: Quem será a esta hora da noite?
Mariana: Não deve abrir a porta sem perguntar quem é!
Zé: Quem é?
Empresa: Olá dona Mariana e seu Zé! Eu gostaria de bater um papo com vocês.
Mariana: Mas a esta hora da noite?
Empresa: Eu sou representante de uma empresa muito famosa e queria ter um dedinho de
prosa com vocês, eu estive aqui mais cedo mas vocês estavam na reunião na casa da vizinha.
Coro: Cuidado Zé!
Mariana: O senhor não pode voltar amanhã?
Empresa: Seu Zé e dona Mariana, amanhã não podem vir, vou para outras bandas...
Mariana: Desconfio-me...
Zé: Vamos acabar logo com esta prosa de uma vez!
Coro: Cuidado Zé!
(faz que esta abrindo a porta)
Narrador: Depois não diga que não avisamos. Porque nesta hora da noite? Porque a casa do Zé
e Mariana?
Cuidado Zé!
Empresa: É sobre uma barragem que vai ser construída aqui nessa região para gerar energia.
Zé: Já ouvi falar e o que eu tenho a ver com isso?
Empresa: Essa energia vai ser mandada para as empresas e vai ter mais empregos para os
Brasileiros , vai trazer desenvolvimento para esse município. Entendeu?
Zé: Mais ou menos...
Mariana: Vai logo ao ponto senhor, você quer bem é que nós sai daqui.
Empresa: É que para construir a barragem do tamanho que precisamos é preciso de todo este
espaço (mostra um mapa) e o terreno do senhor está incluído neste espaço.
Mariana: Senhor, vou logo lhe dizendo, nós não vamos sair daqui.
Zé: Carma muié, deixa o homem falar...
Coro: Cuidado Zé!
Empresa: É simples Zé, vamos comprar sua terra pagar bem e você poderá comprar outra onde
quiser, e viver numa terra bem melhor do que essa. O que acha?
Mariana: Não Zé, não caia nessa, é pura enganação. Já ouvi contar histórias parecidas, e o
senhor vai indo que já é tarde.
Zé: Mais qual é a proposta?
Coro: Cuidado Zé?
Mariana: (chama ser de lado e fala) Ouve Zé, ele tá querendo te impressionar, não se iluda
podemos ver isso amanhã.
Empresa: Vamos Zé, você não vai ter uma chance dessa outra vez. Amanhã não sei como o
patrão está e pode desistir da proposta.
Zé: Mas qual é a proposta?
(empresa mostra tipo um cheque, Zé fica impressionado e Mariana desconfiada)
Mariana: Não Zé.
Coro: Cuidado Zé!
(Zé passa a mão na cabeça pela pressão e assina o papel vendido. Empresa sorri, Mariana
chora e Zé faz uma cara de que vai dar certo. A empresa sai de fininho uma cena de desespero
Cuidado Zé!
por parte de Mariana e satisfação de Zé) fundo musical de Era Terra... Passa eles juntando as
coisas e de repente um barulho de água forte.
Narrador: Vocês acham que a historia terminou. Não, são muitas histórias diferentes.
A história dos atingidos é uma realidade de violação dos direitos humanos. A história não
para por aí.
Você concorda se fosse você naquela cena em que Mariana não conseguiu convencer o Zé de
não assinar o papel? O que você mudaria naquela cena?