teoria da pena à extinção da punibilidade (parte geral)

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TEORIA DA PENA ESPÉCIES DE SANÇÃO PENAL Pena: sanção aplicável aos imputáveis. Medida de segurança: sanção aplicável aos inimputáveis por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado. Pena reduzida ou medida de segurança: sanções aplicáveis aos semi-imputáveis. Medida socioeducativa: sanção aplicável aos adolescentes infratores. Conceito de pena: é uma sanção aflitiva imposta pelo Estado, por meio de ação penal, ao autor de infração (penal), como retribuição de seu ato ilícito, consistente na diminuição de um bem jurídico, cujo fim é evitar novos delitos. Finalidades da pena: retribuição e prevenção. Características da pena: a) é personalíssima, só atingindo o autor do crime; b) sua aplicação é disciplinada pela lei; c) é inderrogável, no sentido da certeza de sua aplicação; d) é proporcional ao crime. ESPÉCIES DE PENA PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE Penas privativas de liberdade: reclusão e detenção. Regimes prisionais: fechado, semiaberto e aberto. Regime fechado: a pena privativa de liberdade é executada em estabelecimento de segurança máxima ou média. Regime semiaberto: a pena privativa de liberdade é executada em colônia agrícola, industrial ou em estabelecimento similar. Regime aberto: no qual a pena privativa de liberdade é executada em casa de albergado ou estabelecimento adequado. Forma progressiva de cumprimento da pena: o agente passa do regime mais grave para o regime menos grave. Regressão de regime: não cumprindo as regras do regime menos severo, pode o agente regredir ao regime mais severo. Estabelecimentos de segurança máxima ou média: para cumprimento de pena em regime fechado. Colônia penal agrícola, industrial ou estabelecimento similar: para cumprimento de pena em regime semiaberto. Casa de albergado: para cumprimento de pena em regime aberto. Prisão-albergue domiciliar: somente admitida para as hipóteses previstas no art. 117 da LEP. Excepcionalmente, quando não haja Casa de Albergado na comarca, pode o condenado em regime aberto cumprir pena em prisão-albergue domiciliar (posição jurisprudencial). Regime especial: para cumprimento de pena imposta a mulheres e maiores de 60 anos (art. 82 da LEP). Regime disciplinar diferenciado: é um regime de disciplina carcerária especial caracterizado por maior grau de isolamento do preso e restrições ao contato com o mundo exterior. Deve ser aplicado como sanção disciplinar ou como medida de caráter cautelar, nas hipóteses previstas em lei, tanto ao condenado como ao preso provisório. Direitos do preso: o preso conserva todos os direitos não atingidos pela perda da liberdade, impondo-se a todas as autoridades o respeito à sua integridade física e moral. Trabalho do preso: o trabalho do preso será sempre remunerado, sendo-lhe garantidos os benefícios da Previdência Social - arts. 28 a 37 da LEP. Superveniência de doença mental: o condenado a quem sobrevém doença mental deve ser recolhido a hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou, à falta, a outro estabelecimento adequado. Detração penal: é o cômputo, na pena privativa de liberdade e na medida de segurança, do tempo de prisão provisória ou administrativa e o de internação em hospital ou manicômio. Detração penal em penas restritivas de direitos: é admitida, desde que satisfeitas as exigências do art. 44 do CP.

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TEORIA DA PENA

ESPÉCIES DE SANÇÃO PENAL Pena: sanção aplicável aos imputáveis. Medida de segurança: sanção aplicável aos inimputáveis por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado. Pena reduzida ou medida de segurança: sanções aplicáveis aos semi-imputáveis. Medida socioeducativa: sanção aplicável aos adolescentes infratores. Conceito de pena: é uma sanção aflitiva imposta pelo Estado, por meio de ação penal, ao autor de infração (penal), como retribuição de seu ato ilícito, consistente na diminuição de um bem jurídico, cujo fim é evitar novos delitos. Finalidades da pena: retribuição e prevenção. Características da pena: a) é personalíssima, só atingindo o autor do crime; b) sua aplicação é disciplinada pela lei; c) é inderrogável, no sentido da certeza de sua aplicação; d) é proporcional ao crime. ESPÉCIES DE PENA PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE Penas privativas de liberdade: reclusão e detenção. Regimes prisionais: fechado, semiaberto e aberto. Regime fechado: a pena privativa de liberdade é executada em estabelecimento de segurança máxima ou média. Regime semiaberto: a pena privativa de liberdade é executada em colônia agrícola, industrial ou em estabelecimento similar. Regime aberto: no qual a pena privativa de liberdade é executada em casa de albergado ou estabelecimento adequado. Forma progressiva de cumprimento da pena: o agente passa do regime mais grave para o regime menos grave. Regressão de regime: não cumprindo as regras do regime menos severo, pode o agente regredir ao regime mais severo. Estabelecimentos de segurança máxima ou média: para cumprimento de pena em regime fechado. Colônia penal agrícola, industrial ou estabelecimento similar: para cumprimento de pena em regime semiaberto. Casa de albergado: para cumprimento de pena em regime aberto. Prisão-albergue domiciliar: somente admitida para as hipóteses previstas no art. 117 da LEP. Excepcionalmente, quando não haja Casa de Albergado na comarca, pode o condenado em regime aberto cumprir pena em prisão-albergue domiciliar (posição jurisprudencial). Regime especial: para cumprimento de pena imposta a mulheres e maiores de 60 anos (art. 82 da LEP). Regime disciplinar diferenciado: é um regime de disciplina carcerária especial caracterizado por maior grau de isolamento do preso e restrições ao contato com o mundo exterior. Deve ser aplicado como sanção disciplinar ou como medida de caráter cautelar, nas hipóteses previstas em lei, tanto ao condenado como ao preso provisório. Direitos do preso: o preso conserva todos os direitos não atingidos pela perda da liberdade, impondo-se a todas as autoridades o respeito à sua integridade física e moral. Trabalho do preso: o trabalho do preso será sempre remunerado, sendo-lhe garantidos os benefícios da Previdência Social - arts. 28 a 37 da LEP. Superveniência de doença mental: o condenado a quem sobrevém doença mental deve ser recolhido a hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou, à falta, a outro estabelecimento adequado. Detração penal: é o cômputo, na pena privativa de liberdade e na medida de segurança, do tempo de prisão provisória ou administrativa e o de internação em hospital ou manicômio. Detração penal em penas restritivas de direitos: é admitida, desde que satisfeitas as exigências do art. 44 do CP.

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Detração em pena de multa: não cabe, uma vez que a multa é considerada dívida de valor, após o trânsito em julgado da sentença condenatória. PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS Características: são autônomas e substituem as penas privativas de liberdade, por força de disposição legal, implicando certas restrições e obrigações ao condenado. Espécies: a) prestação pecuniária; b) perda de bens e valores; c) prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas; d) interdição temporária de direitos; e) limitação de fim de semana. Natureza jurídica: consiste na inabilitação temporária de um ou mais direitos do condenado, na prestação pecuniária ou perda de bens ou valores, imposta em substituição à pena privativa de liberdade, cuja espécie escolhida tem relação direta com a infração cometida.

Características: a) são substitutivas, pois visam afastar as privativas de liberdade de curta duração; b) gozam de autonomia, pois têm características e forma de execução próprias; c) a pena substituída deve ser não superior a 4 anos ou resultante de crime culposo; d) o crime não pode ter sido cometido com violência ou grave ameaça à pessoa; e) exige como condição objetiva que o réu não seja reincidente em crime doloso; f) para a substituição também devem ser analisados os elementos subjetivos do condenado, pois somente

são aplicadas se a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a sua personalidade, bem como os motivos e as circunstâncias do crime, indicarem que a transformação operada seja suficiente. Prazo de duração: têm a mesma duração das penas privativas de liberdade a que substituem, ressalvado o disposto no art. 46, § 4º, do CP (art. 55 do CP). Impossibilidade de cumulação: não podem ser aplicadas cumulativamente com as penas privativas de liberdade. Ao definir a espécie e duração da pena à luz do caso concreto, deve o juiz aplicar a pena privativa de liberdade ou substituí-la pela pena restritiva de direitos. Condenação igual ou inferior a um ano: nesse caso, a substituição pode ser feita por multa ou por uma pena restritiva de direitos. Condenação superior a um ano: nesse caso, a pena privativa de liberdade pode ser substituída por uma pena restritiva de direitos e multa ou por duas penas restritivas de direitos (art. 44, § 2º, do CP). Conversão: a pena restritiva de direitos converte-se em privativa de liberdade quando ocorrer o descumprimento injustificado da restrição imposta. Do cálculo da pena privativa de liberdade a executar será deduzido o tempo cumprido da pena restritiva de direitos, respeitado o saldo mínimo de 30 dias de detenção ou reclusão. Prestação pecuniária: consiste no pagamento em dinheiro à vítima, a seus dependentes ou a entidade pública ou privada com destinação social, de importância fixada pelo juiz não inferior a 1 salário mínimo nem superior a 360 salários mínimos. Dedução da reparação civil: o valor pago será deduzido do montante de eventual condenação em ação de reparação civil, se coincidentes os beneficiários. Prestação de outra natureza: se houver aceitação do beneficiário, a prestação pecuniária pode consistir em prestação de outra natureza, tal como fornecimento de cestas básicas, medicamentos etc. Perda de bens e valores: dar-se-á, ressalvada a legislação especial, em favor do Fundo Penitenciário Nacional (FUNPEN) (criado pela LC n. 79, de 7-1-1994, que foi regulamentada pelo Dec. n. 193, de 23-3-1994), e seu valor terá como teto - o que for maior - o montante do prejuízo causado ou do provento obtido pelo agente ou por terceiro em consequência da prática do crime. Prestação de serviços à comunidade: consiste na atribuição ao condenado, de maneira compatível e de acordo com a sua aptidão, de tarefas gratuitas junto a entidades assistenciais, hospitais, escolas, orfanatos ou outros estabelecimentos congêneres. O serviço prestado é gratuito e realizado aos sábados, domingos e feriados, ou em dias úteis, de modo a não prejudicar a jornada normal de trabalho do condenado, à razão de uma hora de tarefa por dia de condenação. Essa modalidade de pena restritiva de direitos é aplicável às condenações superiores a 6 meses de privação de liberdade.

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Cumprimento em menor tempo: se a pena substituída for superior a 1 ano, é facultado ao condenado cumprir a pena substitutiva em menor tempo, nunca inferior ã metade da pena privativa de liberdade fixada. Conversão: a prestação de serviços à comunidade será convertida em pena privativa de liberdade quando, além das causas já mencionadas e elencadas no art. 45 do CP, o condenado: a) não for encontrado por estar em lugar incerto e não sabido, ou desatender a intimação por edital; b) não comparecer, injustificadamente, à entidade ou programa em que deva prestar serviço; c) recusar-se, injustificadamente, a prestar o serviço que lhe foi imposto; d) praticar falta grave. Espécies de interdição temporária de direitos: a) proibição do exercício de cargo, função ou atividade pública, bem como de mandato eletivo; b) proibição do exercício de profissão, atividade ou ofício que dependam de habilitação especial, de licença ou autorização do Poder Público; c) suspensão de autorização ou de habilitação para dirigir veículos; d) proibição de frequentar determinados lugares. Limitação de fim de semana: consiste na obrigação de permanecer o condenado, aos sábados e domingos, por 5 horas, em casa do albergado ou congênere, aproveitando o tempo em tarefas educativas ou palestras, tudo com o escopo de reeducar e ressocializar o condenado. PENA DE MULTA Conceito: consiste, nos termos do art. 49 do CP, no pagamento ao Fundo Penitenciário da quantia fixada na sentença e calculada em dias-multa. Quantidade de dias-multa: no mínimo, de 10 e, no máximo, de 360 dias-multa. Valor do dia-multa: não pode ser inferior a um trigésimo do maior salário mínimo mensal vigente ao tempo do fato, nem superior a 5 vezes esse salário. Cominação e aplicação: a) sanção principal, quando cominada abstratamente ao delito, como única pena; b) sanção alternativa, quando cominada conjuntamente com a pena privativa de liberdade, deixando ao julgador a possibilidade de aplicar uma ou outra; c) sanção cumulativa, quando cominada conjuntamente com a pena privativa de liberdade, devendo o julgador aplicar as duas juntas. Multa substitutiva: o juiz pode aplicá-la quando a pena privativa de liberdade (detenção ou reclusão) for igual ou inferior a um ano (art. 44, § 2º, do CP) e o sentenciado preencher os demais requisitos da lei. Situação econômica do réu: o juiz deverá atender, na fixação da pena de multa, principalmente, à situação econômica do réu, podendo ser aumentada, nos termos do art. 60, § 1º, do CP, até o triplo (1.800 salários mínimos x 3 = 5.400 salários mínimos) se for considerada ineficaz, embora aplicada no máximo. Pagamento da multa: a multa deve ser paga dentro de 10 dias, depois do trânsito em julgado da sentença condenatória. Dívida de valor: a multa aplicada em sentença condenatória transitada em julgado perde o caráter de sanção penal, transformando-se em mera dívida de valor. Pagamento em parcelas: excepcionalmente, o pagamento da multa pode ser feito pelo condenado em parcelas mensais, admitindo-se também o desconto em vencimento ou salário. Fundo Penitenciário: a multa é recolhida mediante guia ao Fundo Penitenciário Nacional. No Estado de São Paulo, a multa é recolhida ao Fundo Penitenciário Estadual (FUNPESP), criado pela Lei Estadual n. 9.171/95. APLICAÇÃO DA PENA Circunstâncias do crime: são dados subjetivos ou objetivos que fazem parte do fato natural, agravando ou diminuindo a gravidade do crime sem modificar-lhe a essência. Circunstâncias judiciais: estão previstas no art. 59 do CP (a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social, a personalidade do

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agente, os motivos, as circunstâncias e consequências do crime, bem como o comportamento da vítima). Circunstâncias legais: previstas em lei, podendo ser: gerais, comuns ou genéricas, sempre previstas na Parte Geral do Código Penal, que são: - circunstâncias agravantes (arts. 61 e 62); - circunstâncias atenuantes (arts. 65 e 66); - causas de aumento e de diminuição de pena; b) especiais ou específicas, sempre previstas na Parte Especial do Código Penal, que podem ser: - qualificadoras; - causas de aumento ou de diminuição da pena. Circunstâncias agravantes: são de aplicação obrigatória, salvo quando a pena-base foi fixada no máximo legal. Circunstâncias atenuantes: são de aplicação obrigatória, salvo quando a pena-base foi fixada no mínimo legal. Reincidência: é uma circunstância legal genérica agravante prevista nos arts. 63 e 64 do CP. Conceito de reincidência: é a repetição da prática de um crime pelo sujeito, gerando, nos termos da lei penal, a exacerbação da pena, e tendo como fundamento a insuficiência da sanção anterior para intimidá-lo ou recuperá-lo. Formas de reincidência: real e ficta. Reincidência real: ocorre quando o sujeito pratica a nova infração após cumprir, total ou parcialmente, a pena imposta em face do crime anterior; Reincidência ficta: ocorre quando o sujeito comete novo crime após haver transitado em julgado sentença que o tenha condenado por delito anterior. Foi adotada pelo Código Penal. Pressuposto da reincidência: existência de uma sentença condenatória transitada em julgado por prática de crime. Crimes que não geram reincidência: a) os crimes militares próprios (art. 9º do CPM); b) os crimes políticos (crimes de motivação política e crimes que ofendem a estrutura política do Estado e os direitos políticos individuais). Eficácia temporal da condenação anterior: não prevalece para efeito de reincidência a condenação anterior se, entre a data do cumprimento ou extinção da pena e a infração posterior, tiver decorrido período de tempo superior a 5 anos (período depurador). FIXAÇÃO DA PENA Cálculo da pena: sistema trifásico. Sistema trifásico: previsto no art. 68 do CP: a) a pena base será fixada atendendo-se ao critério do art. 59 do CP; b) em seguida serão consideradas as circunstâncias agravantes e atenuantes; c) por último, serão levadas em conta as causas de aumento ou diminuição da pena. Concurso de atenuantes e agravantes: a pena deve aproximar-se do limite indicado pelas circunstâncias preponderantes, entendendo-se como tais as que resultam dos motivos determinantes do crime, da personalidade do agente e da reincidência. CONCURSO DE CRIMES Sistema do cúmulo material: em que se determina a soma das penas de cada um dos delitos componentes do concurso - foi adotado no concurso material (art. 69), no concurso formal imperfeito e nas penas de multa (art. 72). Sistema do cúmulo jurídico: em que a pena a ser aplicada deve ser mais grave do que a cominada para cada um dos delitos, sem se chegar à soma delas. Sistema da absorção: em que a pena a ser aplicada é a do delito mais grave, desprezando-se os demais. Sistema da exasperação: em que a pena a ser aplicada deve ser a do delito mais grave, entre os concorrentes, aumentada a sanção em certa quantidade, em decorrência dos demais crimes - foi adotado no concurso formal imperfeito e no crime continuado (art. 71). Espécies de concurso de crimes: a) concurso material (também chamado concurso real);

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b) concurso formal (também chamado concurso ideal); c) crime continuado. Concurso material (ou real): ocorre quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não. Espécies: a) homogêneo; b) heterogêneo. Aplicação da pena: as penas são aplicadas cumulativamente, ou seja, somam-se as penas aplicadas a todos os delitos praticados pelo agente. Concurso formal (ou ideal): ocorre quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não. Espécies: a) homogêneo; b) heterogêneo; c) perfeito; d) imperfeito. Aplicação da pena: a) no concurso formal perfeito: se for homogêneo, sendo as penas idênticas, aplica- -se uma só delas, aumentada de 1/6 até metade; se for heterogêneo, não sendo as penas idênticas, aplica-se a mais grave delas, aumentada de 1/6 até metade; b) no concurso formal imperfeito: havendo desígnios autônomos na conduta do agente, as penas devem ser somadas, de acordo com a regra do concurso material. Cúmulo material benéfico: a pena aplicada no concurso formal não pode ser superior à pena que seria aplicada se o concurso fosse material. Crime continuado: ocorre quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os subsequentes ser havidos como continuação do primeiro. Natureza jurídica: o Código Penal adotou a teoria da ficção jurídica em relação ao crime continuado. Crimes da mesma espécie: são os previstos no mesmo tipo penal, ou seja, aqueles que possuem os mesmos elementos descritivos, abrangendo as formas simples, privilegiadas e qualificadas, tentadas ou consumadas. Requisitos do crime continuado: a) pluralidade de condutas; b) pluralidade de crimes da mesma espécie; c) condições objetivas semelhantes; d) unidade de desígnio. Condições objetivas semelhantes: são as circunstâncias de tempo, lugar, maneira de execução e outras. Espécies de crime continuado: a) crime continuado simples ou comum; b) crime continuado qualificado ou específico. Aplicação da pena: a) se as penas são idênticas, aplica-se uma só, com o aumento de 1/6 a 2/3; b) se as penas são diversas, aplica-se a mais grave, aumentada de 1/6 a 2/3. No crime continuado qualificado ou específico: a) se as penas são idênticas, aplica-se uma só, aumentada até o triplo; b) se as penas são diversas, aplica-se a mais grave, aumentada até o triplo. Cúmulo material benéfico: a pena nunca poderá ser superior àquela que seria aplicável em caso de concurso material e nunca poderá exceder 30 anos, prazo previsto pelo art. 75 do CP. Concurso em pena de multa: na aplicação da pena de multa, não se admitem as regras do concurso formal e do crime continuado, sendo elas somadas sempre.

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LIMITE DAS PENAS Trinta anos: o tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não pode ser superior a 30 anos. Unificação: sobrevindo condenação por fato posterior ao início do cumprimento da pena, far-se-á nova unificação, desprezando-se, para esse fim, o período de pena já cumprido. SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA Conceito: suspensão condicional da pena, ou sursis, é uma medida jurisdicional que determina o sobrestamento da pena, preenchidos que sejam certos pressupostos legais e mediante determinadas condições impostas pelo juiz. Sistemas: existem dois sistemas a respeito do sursis: a) sistema anglo-americano; b) sistema belga-francês. Formas: o sursis apresenta quatro formas: a) suspensão simples; b) suspensão especial; c) suspensão etária; d) suspensão humanitária. Requisitos: existem dois tipos de requisitos do sursis: a) requisitos de natureza objetiva, que dizem respeito à qualidade e quantidade da pena; b) requisitos de natureza subjetiva, que dizem respeito aos antecedentes judiciais do condenado e às circunstâncias judiciais do fato. Período de prova: é o nome que se dá ao lapso de tempo fixado pelo juiz durante o qual fica suspensa a execução da pena. Duração: esse período de prova é de 2 a 4 anos. Se o condenado for maior de 70 anos de idade, ou razões de saúde justificarem a suspensão, o período de prova poderá variar de 4 a 6 anos. Nesse caso, a pena suspensa não poderá ser superior a 4 anos. São os chamados sursis etário e humanitário. Sursis em contravenção penal: o período de prova será de 1 a 3 anos, de acordo com o art. 11 da LCP. Condições: durante o período de prova, o condenado deverá cumprir determinadas condições. Se não obedecê-las, terá o sursis revogado e deverá cumprir a pena privativa de liberdade a que foi condenado. Espécies de condições: a) condições legais; b) condições judiciais. Revogação do sursis: se o condenado, durante o período de prova, não cumpre as condições estabelecidas, o sursis é revogado, tendo ele de cumprir integralmente a pena que lhe foi imposta. As causas de revogação são também chamadas de condições legais indiretas. Espécies de causas de revogação: a) causas de revogação obrigatória, previstas no art. 81, I a III, do CP; b) causas de revogação facultativa, previstas no art. 81, § 1º, do CP. Cassação do sursis: ocorre em duas hipóteses: a) a primeira vem prevista no art. 161 da LEP [Lei n. 7.210/84); b) a segunda vem prevista no art. 706 do CPP. Prorrogação do sursis: ocorre quando o condenado pratica outra infração penal durante o período de prova. LIVRAMENTO CONDICIONAL Conceito: é a concessão, pelo poder jurisdicional, da liberdade antecipada ao condenado, mediante a existência de pressupostos, e condicionada a determinadas exigências durante o restante da pena que deveria cumprir o preso. Requisitos: a) requisitos de ordem objetiva; b) requisitos de ordem subjetiva. Concessão: uma vez preenchidos os pressupostos objetivos e subjetivos, o livramento condicional é concedido mediante requerimento do sentenciado, de seu cônjuge ou de parente em linha reta, ou por

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proposta do diretor do estabelecimento penal, ou por iniciativa do Conselho Penitenciário, conforme estabelece o art. 712 do CPP. Condições: no momento da concessão do livramento condicional, o juiz deve especificar as condições a que fica subordinado o benefício. Espécies de condições: a) condições legais - obrigatórias; b) condições judiciais - facultativas. Revogação: a) causas de revogação obrigatória; b) causas de revogação facultativa. Restauração do livramento: é possível, não obstante o teor do art. 88 do CP. Art. 141 da LEP. Prorrogação do livramento: art. 89 do CP. Extinção do livramento: art. 90 do CP. MEDIDA DE SEGURANÇA Conceito: ê uma espécie de sanção penal imposta pelo Estado aos inimputáveis (art. 26, caput, do CP) visando a prevenção do delito, com a finalidade de evitar que o criminoso que apresente periculosidade volte a delinquir. Fundamento: enquanto o fundamento da aplicação da pena reside na culpabilidade, o fundamento da medida de segurança reside na periculosidade. Pressupostos: a) prática de fato descrito como crime; b) periculosidade do sujeito; c) ausência de imputabilidade plena. Periculosidade: é a potencialidade de praticar ações lesivas e pode ser real (quando precisa ser comprovada) ou presumida (quando não precisa ser comprovada). Periculosidade presumida: no caso dos inimputáveis, a periculosidade é presumida. Espécies de medida de segurança: a) medida de segurança detentiva, que consiste na internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico (art. 96, I, do CP); b) medida de segurança restritiva, que consiste na sujeição a tratamento ambulatorial (art. 96, II, do CP). Aplicação da medida de segurança: deverá o réu ser submetido a processo regular, sendo-lhe observadas todas as garantias constitucionais. Sentença absolutória imprópria: ao final do processo, em fase de sentença, o juiz deverá, tratando-se de inimputável, absolver o réu, impondo-lhe medida de segurança. Prazo de duração: indeterminado, perdurando enquanto não for averiguada, mediante perícia médica, a cessação da periculosidade. Prazo mínimo: de 1 a 3 anos, findos os quais será o agente submetido a perícia médica, que se repetirá de ano em ano ou a qualquer tempo, por determinação judicial (art. 97, § 2º, do CP). Cessação de periculosidade: é procedimento regulado pelos arts. 175 a 179 da LEP. Desinternação ou liberação do agente: será sempre condicional. Isso significa que deverá ser restabelecida a situação anterior se o agente, antes do decurso de um ano, pratica fato indicativo de persistência de sua periculosidade. Medida de segurança substitutiva: ocorre quando, no curso da execução da pena privativa de liberdade, sobrevier doença mental ao condenado. Nesse caso, o juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou da autoridade administrativa, poderá determinar a substituição da pena por medida de segurança. Prazo da medida de segurança substitutiva: tem seu limite fixado no restante da pena privativa de liberdade que o condenado tinha ainda por cumprir. Sistema vicariante: significa a possibilidade de aplicação de pena ou medida de segurança ao semi-imputável.

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EFEITOS DA CONDENAÇÃO Efeito principal: a imposição de pena aos imputáveis e de medida de segurança, se for o caso (art. 98 do CP), aos semi-imputáveis. Efeitos secundários de natureza penal: são vários, tais como: a) a revogação facultativa ou obrigatória do sursis anteriormente concedido; b) a revogação facultativa ou obrigatória do livramento condicional; c) a caracterização da reincidência pelo crime posterior; d) o impedimento de vários benefícios; e) a fixação do pressuposto da reincidência como crime antecedente etc. Efeitos secundários de natureza extrapenal: a) efeitos civis, que são, dentre outros, a obrigação de indenizar o dano (art. 91, I, do CP), o confisco (art. 91, II, do CP) e a incapacidade para o exercício do pátrio poder (poder familiar no novo Código Civil), tutela ou curatela (art. 92, II, do CP); b) efeitos administrativos, que são a perda do cargo ou função pública (art. 92, I, do CP) e a inabilitação para dirigir veículo (art. 92, III, do CP); c) efeito político, que é a perda do mandato eletivo (art. 92, I, do CP). REABILITAÇÃO Conceito: é a declaração judicial de que estão cumpridas ou extintas as penas impostas ao sentenciado, que assegura o sigilo dos registros sobre o processo e atinge os efeitos da condenação. Prazo para requerimento: 2 anos do dia em que for extinta, de qualquer modo, a pena principal ou terminar sua execução, computando-se o período de prova do sursis e do livramento condicional, sem revogação. Condições da reabilitação: a) ter tido domicílio no País pelo prazo referido no caput do art. 94 do CP; b) ter tido, durante esse tempo, demonstração efetiva e constante de bom comportamento público e privado; c) ter ressarcido o dano causado pelo delito, ou demonstrado a absoluta impossibilidade de o fazer até o dia do pedido, ou exibido documento que comprove a renúncia da vítima ou novação da dívida. Procedimento da reabilitação: arts. 743 e s. do CPP. Efeitos da reabilitação: assegura o sigilo dos registros sobre o processo e a condenação, que só pode ser quebrado quando se tratar de informações solicitadas por juiz criminal. Revogação da reabilitação: a) condenação do reabilitado como reincidente, por sentença transitada em julgado; b) condenação do reabilitado à pena privativa de liberdade.

AÇÃO PENAL

CONCEITO É o direito de invocar-se o Poder Judiciário, no sentido de aplicar o direito penal objetivo. CLASSIFICAÇÃO Ação penal pública e ação penal privada. AÇÃO PENAL PÚBLICA Noções gerais: na ação penal pública, a conduta do sujeito lesa um interesse jurídico de acentuada importância, fazendo com que caiba ao Estado a titularidade da ação, que deve ser iniciada sem a manifestação de vontade de qualquer pessoa. Titularidade: a ação penal pública deve ser exercida privativamente pelo Ministério Público (art. 129, I, da CF). Espécies: a) ação penal pública incondicionada, quando o seu exercício não se subordina a qualquer requisito, podendo ser iniciada sem manifestação de vontade de qualquer pessoa; b) ação penal pública condicionada, quando o seu exercício depende do preenchimento de condições, que podem ser:

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- representação do ofendido; - requisição do Ministro da Justiça. Ação penal pública incondicionada: não se subordina a qualquer requisito nem depende da manifestação de vontade de qualquer pessoa. Denúncia: a peça que inicia essa ação chama-se denúncia, sendo privativamente oferecida por membro do Ministério Público (promotor de justiça ou procurador de justiça, conforme o caso), devendo conter a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol de testemunhas (art. 41 do CPP). Prazo para oferecimento da denúncia: estando o réu preso, o prazo será de 5 dias, contado da data em que o órgão do Ministério Público receber os autos do inquérito policial. Se o réu estiver solto ou afiançado, o prazo para oferecimento da denúncia passa a ser de 15 dias (art. 46 do CPP). Ação penal pública condicionada: confere o Estado à vítima do crime, ou a seu representante legal, a faculdade de expressar seu desejo, ou não, de ver iniciada a ação penal contra o criminoso. Representação: é o ato pelo qual o ofendido ou seu representante legal expressam a vontade de que a ação penal seja instaurada. Ação penal nos crimes complexos: art. 101 do CP. AÇÃO PENAL PRIVADA Noções gerais: a ação penal privada tem lugar quando o Estado transfere ao particular o direito de acusar (jus accusationis), preservando para si o direito de punir (jus puniendi). Nesse caso, o interesse do particular, ofendido pelo crime, sobrepõe-se ao interesse público, que também existe. Espécies: a) ação penal privada exclusiva, que somente pode ser proposta pelo ofendido; b) ação penal privada subsidiária, que tem lugar nos crimes de ação penal pública, quando o Ministério Público não oferece denúncia no prazo legal. Ação penal privada exclusiva: somente pode ser proposta pelo ofendido ou por quem tenha qualidade para representá-lo (art. 30 do CPP). Queixa-crime: ê a peça pela qual se inicia a ação penal privada. A queixa-crime deverá revestir-se sempre da forma escrita, devendo ser elaborada e subscrita por advogado. Deverá também conter a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol das testemunhas (art. 41 do CPP). Prazo: o prazo para o exercício do direito de queixa é de 6 meses, contado da data em que vier o ofendido a saber quem é o autor do crime, sob pena de decadência (art. 38 do CPP). Ação penal privada subsidiária: se o Ministério Público não observar os prazos para oferecimento da denúncia, para requerer alguma diligência ou para oferecer arquivamento, não obstante a ação penal ser de iniciativa pública incondicionada, poderá o ofendido ou seu representante legal intentar a ação penal privada subsidiária por meio de queixa-crime (art. 5º, LIX, da CF; art. 100, § 3º, do CP e art. 29 do CPP). Prazo: o prazo para oferecimento da queixa-crime, nesse caso, de acordo com o art. 38 do CPP, será de 6 meses, contado da data em que se esgotar o prazo para manifestação do Ministério Público (denúncia, arquivamento ou diligência). FORMA DE IDENTIFICAÇÃO DA AÇÃO PENAL a) Se o Código Penal, na Parte Especial, ou a legislação extravagante, após descrever o delito, silenciar a respeito da ação penal, esta será uma ação penal pública incondicionada. b) Se o Código Penal, na Parte Especial, ou a legislação extravagante, após descrever o delito, fizer menção expressa à necessidade de condição por meio da expressão somente se procede mediante representação, esta será uma ação penal pública condicionada à representação do ofendido. c) No caso de ação penal pública condicionada à equisição do Ministro da Justiça, há somente duas hipóteses previstas no Código Penal: a do art. 7º § 3º b, e a do art. 145, parágrafo único. d) Se o Código Penal, na Parte Especial, ou a legislação extravagante, após descrever o delito, fizer referência à titularidade exclusiva do ofendido, ou seu representante legal, empregando a expressão somente se procede mediante queixa, a hipótese será de ação penal exclusivamente privada. e) No caso de ação penal privada subsidiária da pública, em tese, poderá ter lugar em todos os casos de ação penal pública, quando seu titular, o Ministério Público, não a propuser no prazo legal.

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EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE

CONCEITO DE PUNIBILIDADE É a possibilidade jurídica de o Estado impor a sanção penal. CAUSAS DE EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE a) gerais, ou comuns, que podem ocorrer em todos os delitos, tais como a morte do agente, a prescrição etc.; b) especiais, ou particulares, que apenas ocorrem em determinados delitos, tais como a retratação do agente nos crimes contra a honra e o perdão judicial, nos casos expressamente previstos em lei; c) comunicáveis, que aproveitam a todos os autores, coautores e partícipes, como nos casos de perdão nos crimes contra a honra e renúncia ao direito de queixa; d) incomunicáveis, que valem para cada um, não se comunicando e não atingindo os demais, como nos casos de morte ou retratação do agente nos crimes contra a honra. EFEITOS DA EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE Antes do trânsito em julgado: atingirão o próprio jus puniendi, o poder de punir do Estado, não persistindo qualquer efeito do processo ou da sentença condenatória. Depois do trânsito em julgado: atingirão apenas o título penal executório ou alguns de seus efeitos, como a pena. Há casos, entretanto, em que atingem todos os efeitos da condenação (ex.: anistia e abolitio criminis). CAUSAS EXTINTIVAS DA PUNIBILIDADE EM ESPÉCIE Morte do agente: perde o Estado o jus puniendi, não podendo a obrigação penal ser transmitida aos herdeiros. Comprovação da morte: por meio de certidão de óbito (art. 62 do CPP). Anistia: é o esquecimento jurídico de uma ou mais infrações penais. É a declaração pelo Poder Público de que determinados fatos se tornaram impuníveis por motivo de utilidade social. Crimes hediondos: segundo o disposto nos arts. 5º, XLIII, da CF e 2º, I, da Lei n. 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos), não se aplica anistia aos delitos referentes à prática de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, ao terrorismo e aos definidos como crimes hediondos. Concessão: art. 48, VIII, da CF - é atribuição do Congresso Nacional, por meio de lei penal de efeito retroativo. Reincidência: anistiado o crime, o sujeito, se cometer novo delito, não será considerado reincidente. Formas de anistia: a) anistia própria: quando concedida antes da condenação; b) anistia imprópria: quando concedida depois da condenação irrecorrível; c) anistia geral: também chamada de plena, quando menciona fatos e atinge todos os criminosos que os praticaram; d) anistia parcial: também chamada de restrita, quando menciona fatos e exige uma condição pessoal do criminoso (ex.: se primário); e) anistia incondicionada: quando a lei não impõe qualquer requisito para a sua concessão; f) anistia condicionada: quando a lei exige o preenchimento de uma condição para a sua concessão (exemplo de Damásio E. de Jesus: que os criminosos deponham suas armas). Graça: forma de clemência soberana individual, concedida pelo Presidente da República, nos termos do art. 84, XII, da CF, por meio de decreto. Indulto: forma de clemência soberana, tem caráter de generalidade, ou seja, abrange várias pessoas, referindo-se a fatos, e pode ser concedido, sem qualquer requerimento, pelo Presidente da República por meio de decreto. Formas de graça e indulto: a) plenos ou totais: quando extinguem totalmente a punibilidade;

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b) parciais: quando concedem diminuição da pena ou sua comutação (substituição da pena por outra de menor gravidade). Comutação: indulto ou graça parciais são denominados comutação. Reincidência: vindo o sujeito agraciado ou indultado a cometer novo crime, será considerado reincidente. Abolitio criminis: retroatividade da lei que não mais considera o fato como criminoso. Renúncia do direito de queixa: é a abdicação do ofendido ou de seu representante legal do direito de promover a ação penal privada. Pode ser: a) renúncia expressa: quando consta de declaração assinada pelo ofendido, por seu representante legal ou por procurador, com poderes especiais (art. 50 do CPP); b) renúncia tácita: quando ocorre a prática de ato incompatível com a vontade do ofendido ou de seu representante legal de iniciar a ação penal privada. Perdão aceito: perdão ê o ato pelo qual, iniciada a ação penal privada, o ofendido ou seu representante legal desiste de seu prosseguimento. Pode ocorrer até o trânsito em julgado da sentença penal condenatória. Espécies de perdão: a) perdão processual: é aquele concedido nos autos da ação penal privada; b) perdão extraprocessual: é aquele concedido fora dos autos da ação penal privada; c) perdão expresso: é aquele concedido por meio de declaração assinada pelo ofendido, por seu representante legal ou por procurador com poderes especiais; d) perdão tácito: é aquele que resulta da prática de ato incompatível com a vontade de prosseguir na ação. Aceitação do perdão: a) processual: é aquela realizada nos autos da ação penal; b) extraprocessual: é aquela feita fora dos autos da ação penal; c) expressa: ocorre quando o querelado (réu), nos autos da ação penal, ou por declaração particular assinada, manifesta aceitação do perdão; d) tácita: ocorre quando o querelado (réu), nos autos da ação penal, é notificado pelo juiz para aceitar o perdão em três dias e não se manifesta, ou com a prática de ato incompatível com a vontade de não aceitar o perdão. Retratação do agente: no art. 107, VI, o Código Penal estabelece que a punibilidade é extinta pela retratação do agente "nos casos em que a lei a admite". Possibilidade de retratação: a) art. 143 do Código Penal (crime contra a honra); b) art. 342, § 2º, do CP (falso testemunho). Decadência: é a perda do direito de ação penal privada ou de representação, em decorrência de não ter sido exercido no prazo previsto em lei. Prazo: em regra é de 6 meses para o oferecimento da queixa-crime ou da representação, podendo o Código Penal ou a legislação extravagante estabelecer outros prazos, menores ou maiores. Perempção: é a perda do direito de prosseguir na ação penal privada, ou seja, a sanção jurídica cominada ao querelante, em decorrência de sua inércia. Hipóteses de perempção: art. 60 do CPP. Perdão judicial: é o instituto pelo qual o juiz, mesmo estando comprovada a prática da infração penal pelo sujeito culpado, deixa de aplicar a pena em face da ocorrência de circunstâncias que tornam a sanção desnecessária. Aplicação restrita: não se aplica a todas as infrações penais, mas tão somente àquelas especialmente indicadas pelo legislador. PRESCRIÇÃO Conceito de prescrição: é a perda do direito de punir do Estado pelo decurso do tempo. Espécies de prescrição: a) prescrição da pretensão punitiva; b) prescrição da pretensão executória; c) prescrição intercorrente; d) prescrição retroativa; e) prescrição antecipada.

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Prescrição da pretensão punitiva: o decurso do tempo faz com que o Estado perca o jus puniendi (direito de punir), consubstanciado no direito de invocar o Poder Judiciário para aplicar a sanção ao autor do crime pelo fato cometido. Prazos prescricionais: art. 109 do CP. Contagem isolada da prescrição: no concurso de crimes, seja material, seja formal, seja crime continuado, a prescrição incide sobre cada infração, isoladamente, nos termos do que dispõe o art. 119 do CP. Redução dos prazos prescricionais: art. 115 do CP - os prazos prescricionais são reduzidos de metade quando o criminoso era, ao tempo do crime, menor de 21 anos, ou, na data da sentença, maior de 70 anos. Início da contagem do prazo prescricional: art. 111 do CP - inclui-se na contagem do prazo o dia do começo. Interrupção do prazo prescricional: art. 117, I a IV, do CP. Prescrição da pretensão executória: ocorre após o trânsito em julgado da sentença condenatória. Regula-se pela pena imposta e verifica-se nos prazos fixados pelo art. 109 do CP. Aumento do prazo prescricional: tratando-se de condenado reincidente, o prazo da prescrição da pretensão executória é aumentado de um terço, devendo a reincidência ser reconhecida no bojo da sentença condenatória. Início do prazo da prescrição da pretensão executória: art. 112 do CP. Interrupção do prazo: ocorrendo fuga do condenado, inicia-se a contagem do prazo da prescrição da pretensão executória. As causas de interrupção da prescrição da pretensão executória estão expressas no art. 117, V e VI, do CP. Prescrição intercorrente: art. 110, § 1º, do CP. Aplicada a pena na sentença e não havendo recurso da acusação, a partir da data da publicação da sentença começa a correr o prazo prescricional, calculado sobre a pena concretizada. Prescrição retroativa: é modalidade da prescrição da pretensão punitiva e constitui exceção à forma de contagem de tempo estabelecida no art. 109 do CP, uma vez que deve ser considerada com base na pena concreta. Forma de cálculo: deve-se tomar a pena em concreto aplicada ao réu e, em seguida, adequá-la a um dos prazos estabelecidos nos incisos do art. 109 do CP. Encontrado o valor, deve-se tentar colocá-lo entre dois polos, que podem ser: a) entre a data do fato ou da consumação do delito (o que for mais vantajoso ao réu) e a data do recebimento da denúncia ou queixa; b) entre a data do recebimento da denúncia ou queixa e a data da publicação da sentença condenatória. A publicação do acórdão confirmatório da sentença condenatória recorrível, por interromper o prazo da prescrição, de acordo com a nova redação do art. 117, IV, do CP, dada pela Lei n. 11.596, de 29 de novembro de 2007, pode-se constituir em outro polo para a contagem da prescrição retroativa, caso haja ainda outro recurso a tribunais superiores. Prescrição antecipada: também chamada de virtual, baseia-se na falta de interesse de agir do Estado e tem por escopo evitar que eventual condenação não tenha função alguma, desprestigiando a Justiça Pública. Considera-se a pena que seria aplicada ao criminoso em vista das circunstâncias do caso concreto, pena esta que, após os trâmites processuais, já estaria prescrita. Redução dos prazos prescricionais: art. 115 do CP. Ocorre quando o criminoso: a) era, ao tempo do crime, menor de 21 anos, fazendo-se a prova da idade mediante a apresentação de certidão de nascimento ou outro documento hábil; b) era, na data da sentença, maior de 70 anos. A jurisprudência tem-se orientado no sentido de reduzir o prazo prescricional também quando o réu completa 70 anos, enquanto aguarda o julgamento de seu recurso. Prescrição das penas restritivas de direitos: os prazos prescricionais das penas restritivas de direitos são os mesmos das penas privativas de liberdade, previstos no art. 109 do CP. Prescrição da pena de multa: art. 114 do CP. Ocorre em 2 anos, quando for ela a única sanção prevista ou aplicada, e no mesmo prazo fixado para a prescrição da pena privativa de liberdade, quando a multa for alternativa ou cumulativamente prevista ou cumulativamente aplicada.