teorias e práticas da psicopedagogia institucional
DESCRIPTION
jjTRANSCRIPT
MATERIAL DIDÁTICO
TEORIAS E PRÁTICAS DA
PSICOPEDAGOGIA INSTITUCIONAL
U N I V E R S I DA D E
CANDIDO MENDES
CREDENCIADA JUNTO AO MEC PELA PORTARIA Nº 1.282 DO DIA 26/10/2010
Impressão e
Editoração
0800 283 8380
www.ucamprominas.com.br
Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
2
SUMÁRIO
UNIDADE 1: INTRODUÇÃO ............................................................................................................................. 3
UNIDADE 2: A QUESTÃO HISTÓRICA .......................................................................................................... 5
UNIDADE 3: CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................................... 59
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................................. 63
Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
3
UNIDADE 1: INTRODUÇÃO
Nesse início de século XXI, novas perspectivas, mudanças e desafios são
apresentados no cenário educacional. Essas premissas trazem para o profissional
da educação a necessidade de se colocar no mercado de trabalho com mais
conhecimento, postura reflexiva e, sobretudo capacidade de interagir com esta nova
ordem mundial.
A própria sociedade vive um momento histórico e particular de sucessivas
discussões sobre o que se refere à globalização, neoliberalismo, avanços
tecnológicos e educação on-line, sob diversas abrangências, fazendo surgir uma
nova estrutura que se firma na sociedade, a qual exige profissionais cada vez mais
qualificados e preparados para atuarem neste cenário cada vez mais competitivo,
instável e exigente.
Diante disso, a Psicopedagogia traz possibilidades de reflexão, de análise, de
um estudo mais sistematizado e significativo sobre a instituição escolar, bem como
as suas questões relativas à aprendizagem.
Uma das maiores contribuições da Psicopedagogia institucional é o avanço
do conhecimento para a busca de um ambiente que viabilize a prática
psicopedagógica para a redução do fracasso escolar, uma vez que este profissional
precisa estar sintonizado e conhecer os alunos que fazem parte da instituição onde
atua com o intuito de detectar as dificuldades de aprendizagem dos mesmos, e, a
partir daí construir ações preventivas e intervencionistas dentro deste espaço.
Sendo assim, pode-se perceber que a Psicopedagogia é um campo de
conhecimento e atuação em Saúde e Educação, em que o profissional dessa área
trabalha com o processo de aprendizagem humana, com padrões normais e
patológicos, levando em consideração que, para o seu desenvolvimento, o sujeito
sofre influência e interferência do meio em que vive como, por exemplo, a família, a
escola e a sociedade.
A Psicopedagogia, portanto, estuda a questão da aprendizagem humana
como um todo. Esse conhecimento se deu a partir da necessidade de desvelar os
problemas de aprendizagem que podem ser determinantes no fracasso escolar e
Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
4
nos insucessos de cada ser humano.
A Psicopedagogia busca uma área de atuação mais organizada e estruturada.
No entanto, faz-se necessário saber que esta área do conhecimento ainda está em
fase de organização no que se diz respeito à fundamentação teórica, à integração
das várias segmentações como as ciências pedagógicas, psicológica,
fonoaudiológica, neuropsicológica e psicolingüística.
Acredita-se que há uma necessidade de uma compreensão simples, porém
integradora para viabilizar a aprendizagem humana, sendo esta o próprio objeto de
estudo deste campo do conhecimento.
Porém, pode-se perceber que ainda, a Psicopedagogia é conhecida por
atender apenas às crianças e adolescentes com dificuldades de aprendizagem, mas
isso trata-se de um engano, pois há distúrbios ou patologias que podem aparecer
em qualquer momento da vida.
Sendo assim, a Psicopedagogia pode trabalhar com sujeitos de qualquer
idade, e tratando-se da Instituição Escolar, esta tem uma importância fundamental
na questão social, pois ela é uma das responsáveis em encaminhar o aluno a
refletir, a pensar e a questionar sobre a sua relação com a escola e com o aprender,
objeto maior de atenção dos psicopedagogos.
Neste sentido, espera-se que seja possível especializar profissionais para
atuarem em uma prática reflexiva e preventiva nas dificuldades de aprendizagem,
por meio de um estudo sistematizado deste fenômeno educativo, levando em
consideração as mais diversificadas maneiras de aquisição do conhecimento.
Sabe-se que esta área do conhecimento possui um sério compromisso de
ação preventiva, uma vez que o ambiente escolar está envolvido em todo o
processo de aprendizagem que inclui todos os seus sujeitos no mundo social,
cultural e histórico.
Diante do exposto, um dos principais objetivos da Psicopedagogia
Institucional é que o profissional habilitado saiba compreender as práticas
educacionais que otimizam a aprendizagem dos alunos e perceber a importância de
uma forte base teórica para a prática psicopedagógica.
Pode-se considerar que psicopedagogia é uma das áreas mais importantes
em relação a ações preventivas de aprendizagem na escola, podendo acontecer
Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
5
através de uma ação interdisciplinar com os demais profissionais para que, juntos
possam sanar o fracasso escolar, favorecer a inclusão de todos e sobretudo
contribuir com o sucesso individual e coletivo.
A partir das premissas supracitadas, este caderno de estudo se dá através de
uma revisão bibliográfica, onde os passos teóricos são delineados desde a sua
historicidade apresentada na primeira parte, refletir a questão histórica sobre o tema
é de suma importância para uma melhor compreensão.
Na segunda parte, são tratadas as teorias existentes bem como a sua
contribuição para as organizações escolares e para os profissionais que desejam
obter sucesso em um mercado cada vez mais exigente.
Na terceira, há uma análise das características e habilidades do
psicopedagogo e a questão das intervenções. Na última parte há uma abordagem
sobre a aprendizagem, seus conceitos e desafios dos psicopedagogos.
Em seqüência, o trabalho apresenta as suas considerações finais através da
análise dos dados obtidos no referencial teórico que sustenta esta temática.
Espera-se que a partir da leitura desta apostila, o profissional possa ter
subsídios para dar continuidade em seu trabalho investigativo. É importante
perceber como é significativo ter como hábito uma postura reflexiva, crítica e ética
em sua práxis e saber que é preciso ir em busca de mais fontes de conhecimento
para que, a cada dia, a sua visão de mundo se amplie mais e mais em prol da
qualidade de ensino e no combate ao fracasso escolar.
UNIDADE 2: A QUESTÃO HISTÓRICA
Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
6
De acordo com os estudos de Bossa (2000), a Psicopedagogia tem suas
origens no século XIX na Europa e apresentava como eixo central a preocupação
com os problemas de aprendizagem, primeiramente voltada apenas para a
especialização médica, constituindo assim o seu caráter orgânico, pois segundo
Bossa (2000), praticamente todos os fracassos na escola eram resultantes de
causas orgânicas identificadas e relacionadas às relações físicas do aluno.
Sendo assim, acreditou-se por muitos anos que os problemas de
aprendizagem eram causados apenas por fatores orgânicos. Em meados de 40 a
60, a prática do pedagogo equiparava-se à do médico. Apenas em 1946, em Paris
foi criado o primeiro centro de psicopedagogia com um trabalho cooperativo entre
médico e pedagogo.
Estes profissionais atendiam às crianças com problemas escolares ou com
comportamentos definidos como àquelas que apresentavam doenças crônicas como
cegueira, surdez ou problemas motores.
Ao aliar a prática do professor à prática do médico, nasceu o nome
Psicopedagogia, ou seja, era o médico que trabalhava suas ações aliadas à
pedagogia. Com os avanços, com novas descobertas científicas e com vários
movimentos sociais, a Psicopedagogia, no decorrer do tempo passou por várias
influências trazendo muitas contribuições para a instituição escolar.
Portanto, pode-se dizer que a Psicopedagogia surgiu como uma disciplina
com programas de pesquisa, objetivos e conteúdos específicos, uma vez que
buscou aliar o conhecimento educacional ao conhecimento da Psicologia da
Aprendizagem, levando em consideração os princípios psicológicos e processos
educativos.
No Brasil, somente em 1958, surgiu o Serviço de Orientação Psicopedagógica
da Escola Guatemala, na Guanabara (Escola Experimental do INEP - Instituto de
Estudos e Pesquisas Educacionais do MEC). O objetivo era melhorar a relação
professor-aluno (BOSSA, 2000). Em 50 e 60, estes profissionais se organizaram no
país com uma nova abordagem teórica: a psico-neurológica do desenvolvimento
humano.
Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
7
Existem muitas abordagens teóricas sobre o desenvolvimento e a
aprendizagem sobre os fatores intra e extra-escolares que falam sobre o fracasso
escolar com uma visão crítica, reflexiva e abrangente.
Diante disso, o campo de atuação do psicopedagogo ampliou-se, e não é visto mais
somente o seu lado clínico, pois hoje podem-se ver que as ações psicopedagógicas
estão sendo aplicadas em vários segmentos, como: a escola que é reconhecida
sendo Institucional, e também em segmentos hospitalares, empresariais, em
organizações e em todos os segmentos onde há a necessidade de se trabalhar a
gestão de pessoas.
Neste sentido, a psicopedagogia trabalha e estuda a aprendizagem, o sujeito
que aprende, aquilo que ele está apontando como a escola em seu conteúdo
sociocultural. É uma área das Ciências Humanas que se dedica ao estudo dos
processos de aprendizagem.
Pode-se hoje afirmar que a Psicopedagogia é um espaço transdisciplinar, pois
se constitui a partir de uma nova compreensão acerca da complexidade dos
processos de aprendizagem e na perspectiva das suas deficiências.
Para Bossa (2000), a Psicopedagogia Clínica tem como missão, retirar as
pessoas da sua condição inadequada de aprendizagem, dotando-as de sentimentos
de alta auto-estima, fazendo-as perceber suas potencialidades, recuperando desta
forma, seus processos internos de apreensão de uma realidade, nos aspectos:
cognitivo, afetivo-emocional e de conteúdos acadêmicos. O aspecto clínico é
realizado em Centros de Atendimento ou Clínicas Psicopedagógicas e as atividades
ocorrem geralmente de forma individual.
Por outro lado, o aspecto institucional se dá em organizações e está voltado
para a prevenção dos insucessos interpessoais e de aprendizagem e à manutenção
de um ambiente harmonioso e tranquilo.
De acordo com Bossa (2000), a Psicopedagogia tem um papel importante no
cenário educacional, pois ele visa à inclusão dos alunos com necessidades
educativas especiais (NEE) no ensino regular e viabiliza o seu monitoramento com o
intuito de acompanhar bem de perto a evolução ou não do aluno.
Além disso, no processo histórico da Psicopedagogia, percebe-se que esta
área possui estratégias que aliam a Psicologia e a Pedagogia e tem como objeto de
Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
8
estudo o processo de aprendizagem formal.
O psicopedagogo, ao longo do tempo, buscou analisar os diferentes
processos da aprendizagem e os fatores que determinam a evolução ou o bloqueio
de comportamentos adversos.
Assim, percebe-se através da história que a área de atuação do
psicopedagogo procurou englobar as habilidades cognitivas, perceptivas, motoras,
lingüísticas e os fatores socioculturais que se relacionam com o processo de
aprendizagem.
Através dessas premissas, o psicopedagogo vem desenvolvendo um trabalho
com o intuito de criar possibilidades para que a aprendizagem ocorra
satisfatoriamente e desenvolver intervenções com o objetivo de detectar e estimular
áreas que estão comprometendo o processo de aprender.
Faz-se necessário compreender que a intervenção inicial deve possuir um
caráter preventivo e, em seguida ser reeducativa e desenvolvido em clínicas ou
consultórios psicológicos para a identificação dos motivos que provocam os
problemas de aprendizagem como o déficit intelectual, as incapacidades físicas ou
sensoriais, as inadaptações grupais, a imaturidade psicomotora, a ausência dos pré-
requisitos básicos para a alfabetização, métodos de ensino inadequados, fatores
emocionais, dislexias entre outros.
É preciso criar estratégias para a permanência e sucesso do aluno no
contexto escolar, Faz-se necessário um acompanhamento constante e estimulação
dos alunos com NEE para que as suas aprendizagens sejam efetivas, significativas
e sobretudo, que estes alunos sejam sujeitos e não objetos de sua produção do
conhecimento (FREIRE, 1986).
As teorias da Psicopedagogia Institucional
Faz-se necessário reconhecer os aspectos teóricos que fundamentam a
questão tratada neste trabalho, para tanto, inicia-se com a etimologia do significado
de Pedagogia. Esta palavra tem origem na Grécia Antiga – Paidós que significa
criança e Agogé que significa condução.
Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
9
Sendo assim, pedagogo era o escravo que conduzia as crianças. Na antiga
Grécia eram assim chamados os pedagogos àqueles que conduziam as crianças
aos locais de estudos para terem aulas com os filósofos. Pedagogia também
significa ciência da educação e do ensino.
De acordo com Libâneo (2002) a pedagogia atualmente perpassa toda a
sociedade, extrapolando o âmbito escolar formal abrangendo ambientes mais
amplos da educação informal e não-formal.
Pode-se dizer que a pedagogia está ligada ao ato de condução ao saber,
preocupando-se com os meios, com as formas e maneiras de como levar o indivíduo
ao conhecimento.
A partir desses dados conclui-se, então, que a pedagogia está em contínuo
crescimento, abrangendo novos espaços na sociedade, no mercado de trabalho, o
desenvolvimento nos métodos e práticas educacionais.
Dessa forma, pode-se considerar que a Pedagogia não é única área que tem
a educação como objeto de estudo. Isso prova que a Educação ocorre num espaço
dentro e fora da escola, em várias modalidades, em diferentes cenários como na
família, na profissão e na religião.
Desta forma, a Psicopedagogia institucional é, portanto, uma área de
investigação científica, tendo o aluno ou um sujeito inserido num processo de
educação como fator fundamental. Busca apoio em concepções psicológicas como
as teorias operatórias da personalidade, psicologia do desenvolvimento, psicologia
da cognição, psicologia da motivação, no intuito de privilegiar os mecanismos
psicológicos capazes de intervir numa situação da educação.
Por outro lado, por possibilitar e objetivar uma prática pedagógica, procura
nas teorias pedagógicas subsídios que respondam, com eficiência, eficácia e
excelência, suas determinações ao alcance de seu objetivo: a formação integral de
um aluno.
Segundo Libâneo (2002), a pedagogia tem lugar diferenciado das outras
ciências da educação, pois conseguem-se integrar parcialmente nas diversas
ciências em razão de uma aproximação global aos problemas educativos. Ela
continua na conquista de desenvolvimento para o sujeito possibilitando-lhe ser
capaz de construir pensamentos autônomos e criativos na busca da razão crítico-
Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
10
social.
Diante disso, surge a Psicopedagogia, ou seja, é uma relação estreita com a
Psicologia. Palavra de origem grega psique que significa alma, e logos que significa
palavra, razão ou estudo. Trata-se, portanto, de uma ciência que estuda os
processos mentais como os sentimentos, pensamentos, a razão e o comportamento
humano.
A área da psicologia estuda as questões relacionadas à personalidade, à
aprendizagem, à motivação, à memória, à inteligência, ao funcionamento do sistema
nervoso, e também à Comunicação Interpessoal, ao desenvolvimento, ao
comportamento sexual, à agressividade, ao comportamento em grupo, aos
processos psicoterapêuticos, ao sono e ao sonho, ao prazer e à dor, entre outros.
Desta forma, fica mais compreensível o sentido de Psicopedagogia. Percebe-
se que é de suma importância conhecer estas terminologias, uma vez que o próprio
significado traduz boa parte de seus fundamentos, isto é, expõe com clareza que se
trata da junção das áreas da Pedagogia e da Psicologia atuando juntas em prol de
uma aprendizagem significativa no combate ao fracasso escolar.
Diante disso, é de suma importância uma avaliação diagnóstica do
psicopedagogo que já iniciaram-se com os estudos de Freud em 1895. Ele afirmava
que o estabelecimento de um diagnóstico é a condição para a determinação do
tratamento, e isso comprova a importância da Psicopedagogia Institucional,
especialmente na escola.
A psicopedagogia no cenário escolar
Segundo Silva (2006), o local pode ser visto como um conceito multifacetado,
que envolve escala (tamanho/dimensão), diferença/especificidade, autonomia, nível
de complexidade. Ele é também identificado com uma idéia de lugar ou de região,
como porção do espaço onde as pessoas habitam, realizam suas práticas diárias,
ocorrem as transformações e a reprodução das relações sociais, a construção física
e material da vida em sociedade.
Assim, o lugar é a complementaridade de três dimensões: localização,
Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
11
interação social, no sentido antropológico e cultural. Assim, além de realidade
empírica, a região, o cenário ou o lugar é a representação social. (SWYNGEDOWN,
apud SILVA, 2006).
Diante disso, entende-se por cenário escolar como uma instituição
educacional, isto é, uma unidade social sistematizada, organizada e feita para
concretizar desejos e aspirações comuns em seu contexto. Trata-se de uma
instituição responsável pela educação de sujeitos, responsável pelo
ensino/aprendizagem de todos que nela estão inseridos (IMBERNÓN, 2003).
Tais considerações inferem que, a escola propicia a educação de todos, tem
o compromisso de contribuir com a aprendizagem e o sucesso de cada aluno.
Pressupõe-se que haja uma interação de todos em prol da educação, tanto nas
áreas administrativas, sociológicas, pedagógicos, entre outras.
Diante de tal perspectiva, e sabendo que onde há o envolvimento de muitos
sujeitos há uma circulação de saberes, de pensamentos, idéias, angústias e alegrias
diversificadas. Desta forma, pode-se perceber que a escola pode ser considerada
um cenário eclético, sobretudo de interação de culturas diferentes, crenças
religiosas, opção política, pessoas que se diferenciam também no poder aquisitivo,
histórico, entre outros fatores.
Tudo isso revela que é neste cenário tão diversificado que acontece a ação
de educar, é na escola que se dá a facilitação da inserção dos indivíduos no meio
social. Percebe-se, que nesta instituição educacional o saber e a aprendizagem
devem ser vistas como um todo, pois há a interação que se dá nas dimensões do
sujeito do conhecimento e do outro.
E é na convergência destas dimensões, neste espaço proporcionado através
da interação, que se manifesta e subsiste a instituição educacional e se instaura a
necessidade de um profissional que interprete o fenômeno aprendizagem, uma vez
que esta não acontece da mesma forma em todos os sujeitos envolvidos neste
processo.
Neste sentido, a Psicopedagogia no cenário escolar precisa ser e agir com
uma visão holística, como um todo e não fragmentada. Pois, sabe-se que é neste
ambiente que o aluno, por exemplo, passa o maior tempo de sua vida, por isso, a
escola serve de base para se fazer um diagnóstico psicopedagógico institucional
Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
12
com o intuito de detectar os problemas de aprendizagem, e, conseqüentemente
tomar decisões adequadas no combate ao fracasso escolar.
Para isso, há muitas razões que podem indicar a necessidade de atendimento
psicológico para a criança e para o adolescente. A maioria das crianças que
necessita de ajuda extra-familiar apresenta algo em comum como dificuldades em
suas funções de contato com o ambiente físico e social, ou seja, dificuldades de
relacionamento com o mundo e consigo mesma. Sendo assim, o Psicopedagogo na
escola então deve:
Possibilitar intervenção com o intuito de solucionar os problemas de
aprendizagem tendo como eixo norteador o aluno;
Buscar a realização de um diagnóstico e intervenção psicopedagógica,
utilizando métodos, instrumentos e técnicas próprias da psicopedagogia
institucional;
Refletir sobre a sua atuação nos problemas de aprendizagem;
Precisa desenvolver pesquisas investigativas e estudos científicos
relacionados ao processo de aprendizagem;
Levantar discussões e oferecer assessoria psicopedagógica aos trabalhos
realizados em cenários escolares;
Neste sentido, a escola precisa ter uma característica dinâmica,
transformadora, empreendedora e, sobretudo integradora, isto seria um modelo de
instituição que visa à formação integral do ser humano, que visa a uma formação
para a vida e que saiba diagnosticar as dificuldades de seus integrantes.
Sendo a instituição escolar um espaço de construção do conhecimento para
todos, faz-se necessário a prática constante da investigação, da pesquisa, da
reflexão e da ação psicopedagógica.
Neste sentido, a ação do psicopedagogo deve estar voltada para a prevenção
das dificuldades de aprendizagem e prevenção do fracasso escolar não só do aluno,
mas também dos educadores e de todos os envolvidos no processo. Ele também
deverá investir na possibilidade de melhoria das relações de aprendizagem e na
construção da autonomia de alunos e educadores.
Desta forma, a Psicopedagogia na escola tem como principal premissa a
prevenção das dificuldades de aprendizagem, a busca de uma ação integrada entre
Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
13
a psicologia e a pedagogia em prol do sucesso do aluno, e consequentemente o
sucesso do professor, e de toda a comunidade escolar.
Para tanto, torna-se uma necessidade que a ação preventiva esteja inserida
na construção de um relacionamento satisfatório entre todos os envolvidos para que
o contexto escolar também se volte para os aspectos sadios da aprendizagem e do
conhecimento, uma vez que estes estão atrelados em um processo contínuo.
Deste modo, a escola deve ensinar, garantir uma aprendizagem significativa
para os alunos, possibilitar a aprendizagem de habilidades e competências de
conteúdos e ou conhecimentos que são necessários para a vida em sociedade.
Oferecendo instrumentos de compreensão da realidade local e, também,
favorecendo a participação dos alunos em relações sociais diversificadas e cada vez
mais amplas.
A vida escolar possibilita exercer diferentes papéis, em grupos variados,
facilitando a integração dos jovens em um contexto maior. Para cumprir sua função
social, a escola precisa considerar as práticas de nossa sociedade, sejam elas de
natureza econômica, política, social, cultural, ética ou moral.
É preciso que as instituições escolares possam considerar as manifestações
e as relações diretas ou indiretas das práticas sociais com os problemas específicos
da comunidade em que está inserida. Diante disso, nota-se que há uma urgência de
as escolas existirem para agir de forma planetária e global em seu contexto, na
sociedade e na história. Assim, faz-se necessário agir com urgência, com
direcionamento e ousadia (FREIRE, 1989).
Neste sentido, pode-se dizer que o espaço escolar constitui-se em uma
organização sistêmica com um conjunto de elementos que interagem e se
influenciam, de tal forma que o profissional em Psicopedagogia precisa ser sempre
reflexivo, crítico e pesquisador.
De acordo com Gasparian (1999), a escola que contribui com a ação do
psicopedagogo contribui com todos os envolvidos no processo educativo. Diante
disso, pode-se elencar algumas contribuições da Psicopedagogia na instituição
escolar, como:
Ajudar os professores, auxiliando-os na melhor forma de elaborar um plano
de aula para que os alunos possam entender melhor as aulas;
Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
14
Ajudar na elaboração do projeto pedagógico;
Orientar os professores na melhor forma de ajudar, em sala de aula, aquele
aluno com dificuldades de aprendizagem;
Realizar um diagnóstico institucional para averiguar possíveis problemas
pedagógicos que possam estar prejudicando o processo ensino-
aprendizagem;
A partir de avaliações psicopedagógicos, encaminhar o aluno para um
profissional adequado como psicopedagogo, psicólogo, fonoaudiólogo, entre
outros,
Conversar com os pais para fornecer orientações;
Auxiliar a direção da escola para que os profissionais da instituição possam
ter um bom relacionamento entre si;
Conversar com a criança ou adolescente quando este precisar de orientação.
Desta forma, quando a escola demonstra a sua preocupação com a não
aprendizagem das crianças e dos adolescentes, ela propicia uma melhor qualidade
de vida e uma educação inclusiva de todos, dando ênfase na educação integral do
ser humano, uma vez que a escola deve cumprir com o seu papel básico que é o de
educar e contribuir com as premissas:
Garantir a aprendizagem dos alunos;
Garantir a aprendizagem de vários conhecimentos básicos e necessários
para o exercício da cidadania;
Garantir a aprendizagem de habilidades necessárias para a vida em
sociedade;
Garantir a aprendizagem da apropriação da língua em todas as suas
modalidades para fortalecer o senso crítico, a reflexão da realidade e da
capacidade de poder mudar esta realidade.
Sendo assim, percebe-se que com estas concepções, a escola terá mais
facilidade e poderá oferecer mais subsídios para que possa acontecer a integração
de toda a comunidade escolar, levando em consideração a possibilidade de melhor
Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
15
o ensino e a aprendizagem de todos na escola.
Uma das melhores formas para possibilitar a aprendizagem na escola pode
ser o trabalho em equipe. Desta forma, o lócus da práxis docente pode se
estabelecer como um espaço onde se vive e convive, onde todos os envolvidos
possam trocar idéias e experiências, trocar de papéis de quem ensina e de quem
aprende.
É preciso que, pelo contrário, desde os começos do processo, vá ficando cada vez mais claro que, embora diferentes entre si, quem forma se forma e re-forma ao formar e quem é formado forma-se e forma ao ser formado. É neste sentido que ensinar não é transferir conhecimentos, conteúdos nem é formar é ação pela qual um sujeito criador dá forma, estilo ou alma a um corpo indeciso e acomodado. Não há docência sem discência, as duas se explicam e seus sujeitos, apesar das diferenças que as conotam, não se reduzem à condição de objeto, um do outro. Quem ensina ensina alguma coisa a alguém (FREIRE, apud SILVA, 2006, p. 24).
Diante disso, o locus de aprendizagem possibilita um ir e vir constante, na
medida que otimiza a criação e a recriação de sujeitos participantes, criativos e
reflexivos. O trabalho em equipe que age torna o seu espaço de trabalho em um
laboratório de experimentação que contribui com a troca de experiências, de idéias
inovadoras e sobretudo com a troca de conhecimentos possibilitando a
reorganização do aprendente enquanto ser social e indivíduo.
Faz-se necessário que a escola, portanto, estabeleça uma relação estreita
com os seus alunos, para que estes possam apropriar-se da aprendizagem e serem
sujeitos agentes da sua própria aprendizagem e do conhecimento (PAIN, 1985).
As intervenções psicopedagógicas na escola
O cenário institucional possui inúmeros déficits, dificuldades e carências que
tornam-se motivos das queixas, renúncias, angústias, e sobretudo de lutas do corpo
docente e da escola como um todo. Muitos destes sujeitos citados acreditam e
esperam que muitas das dificuldades encontradas na escola possam ser revertidas
e ou até sanadas.
Percebe-se que a instituição escolar vem apresentando várias características
Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
16
diferentes ao longo de sua história, principalmente no que se diz respeito às
questões relacionadas com a aprendizagem do aluno, ao fracasso escolar e o
atendimento individual dos alunos que apresentam algum tipo de dificuldade em
aprender.
Para melhor atuação e uma prática psicopedagógica mais eficiente e eficaz, o
psicopedagogo deve refletir e agir:
Compreender o jeito e o tempo de cada um processar sua aprendizagem;
Proporcionar o aprender vivido de forma integrada e de acordo com a
realidade;
Compreender e trabalhar com as relações emotivas e afetivas que ocorrem
durante a aprendizagem, de tal forma a possibilitar que o aluno seja assíduo,
responsável, criativo, questionador, espontâneo, sendo de iniciativa,
perseverante, sonhador e transformador;
Buscar de forma incessante a reintegração do aluno no contexto escolar,
possibilitando o resgate da sua auto-estima e na construção do
conhecimento, que para ele seja significativo e que faça sentido em sua vida;
Tornar a prática do diálogo com as crianças um hábito no espaço escolar,
com o intuito de buscar uma compreensão de suas angustias, inquietações,
desejos e ansiedades que demonstram os mecanismos de aprendizagem de
cada um.
De acordo com Fernandéz (2001) a intervenção pedagógica individual tem
muitas características vantajosas para os professores, pois muitas dificuldades
escolares apresentadas pelos estudantes do ensino fundamental necessitam
realmente de uma ação conjunta com um especialista.
Além disso, pode-se perceber que quando os alunos não aprendem, muitos
deles acabam desenvolvendo uma auto-estima baixa, pois acreditam que o fracasso
escolar é tido como um problema pessoal.
Deste modo, faz-se necessário o desenvolvimento de intervenções de cunho
preventivo, e se isso acontecer dentro de um curto espaço de tempo, a intervenção
psicopedagógica contribuirá para que estes alunos consigam superar as suas
dificuldades de aprendizagem com mais segurança, confiança e sobretudo sem
traumas e medo.
Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
17
Segundo Fernández (2001), deve-se levar em consideração todo o processo
de aprendizagem do aluno e reconhecer que cada um tem seu tempo para aprender,
assim, o professor precisa ter conhecimento disso.
Assim como em todo processo de aprendizagem estão implicados os quatro níveis (organismo, corpo inteligência e desejo), e não se poderia falar de aprendizagem excluindo algum deles, também no problema de aprendizagem, necessariamente estarão em jogo os quatro níveis em diferentes graus de compromisso”. (Fernandez, 1990, p. 57).
Neste sentido, sentiu-se a necessidade da atuação de um profissional que
tivesse um maior conhecimento sobre os aspectos relacionados à aprendizagem e
de questões psíquicas para entender todo o processo de desenvolvimento humano.
Assim, fez-se necessário que o trabalho psicopedagógico tivesse um maior
enfoque no aluno que o método científico adotado. Com o tempo começou a voltar-
se para a questão do conhecimento, ou seja, de como o aluno aprende, o que se
aprende e por que se aprende.
Sabe-se que a consciência é o resultado de um conhecimento estabelecido. A
palavra conhecimento vem do latin con+ciência, apesar desta palavra estar inserida
nos primórdios da humanidade, muitos estudos sociocognitivos são amplamente
utilizados na atualidade.
A título de ilustração, pode-se dizer que o modelo científico da
psicopedagogia constitui-se numa intervenção que possibilita diagnosticar tanto as
dificuldades quanto as habilidades específicas de cada aluno; e propor atividades
destinadas tanto para evitar fracassos, através de aquisições que forneçam
capacitação, quanto para solucionar problemas que surgem na prática diária.
Desta forma, é bem possível que o aluno que apresentava dificuldades de
aprendizagem possa adquirir agilidade e flexibilidade mental pela capacidade de
articular conhecimentos ou agilidade de pensamento após a intervenção e
monitoramento do psicopedagogo e de todo trabalho em equipe.
Sendo assim, a intervenção psicopedagógica veio para trazer uma
contribuição maior, enfatizando o fazer pedagógico. Para tanto, é necessário que
este profissional saiba reconhecer a forma de aprendizagem de cada criança,
buscando entender que este processo precisa ser compreendido como um fator
Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
18
abrangente que traz muitas implicações. A título de ilustração, pode-se citar que há
vários eixos de estruturação que in (viabilizam) a aprendizagem da criança, como as
questões afetivas, cognitivas, motores, sociais, econômicas, históricas, políticos
entre outras.
Piaget afirma que o processo de aprendizagem e as suas dificuldades não
podem ser focadas apenas no aluno e no professor, mas deve ser relacionada como
um processo que envolve inúmeros fatores que necessitam ser apreendidos com
pelo professor e pelo psicopedagogo.
Há um outro elemento que deve ser ressaltado, pois muitos educadores
reduzem o modelo de Piaget conduzindo o processo de ensino-aprendizagem de
uma forma estática e única. Deste modo, a relação dos processos de equilibração e
reequilibração das estruturas cognitivas não são devidamente analisadas por muitos
educadores.
Reconhecer, portanto, o processo de aprendizagem das crianças contribui
com um diagnostico e com uma intervenção psicopedagógica mais eficaz e eficiente,
tendo como objetivo central o desenvolvimento do processo de aprendizagem
humana.
Assim, para o profissional em psicopedagogia é de suma importância a
experiência de intervenção lado a lado ao professor, procurando interagir todo o
processo, possibilitando uma aprendizagem mais significativa e enriquecedora,
sobretudo quando os professores são especialistas nas suas disciplinas.
Uma intervenção psicopedagógica bem sucedida é aquela que pode
acontecer em parceria com os professores. Há relatos de coordenadores e
professores que revelam o baixo comprometimento da equipe no ato pedagógico,
deixando que os fracassos escolares sejam apontados como o fracasso do indivíduo
professor ou aluno. Percebe-se que essa situação é muito comum e, infelizmente
não relaciona o fracasso como resultado de um sistema.
Muitos desabafos de queixas de professores revelam a falta de orientação e
de condução de um trabalho pedagógico mais eficaz e eficiente, isso demonstra a
fragmentação da equipe da instituição escolar, deixando de lado a interação, a união
e o trabalho de equipe.
Daí a grande necessidade de uma intervenção, pois esta visa à integração e
Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
19
melhoria da comunicação de toda a equipe da instituição, buscando o
desenvolvimento pedagógico de qualidade de ensino, o que resulta na viabilização
da aprendizagem.
Segundo Fernandéz (1991) o profissional deve compreender e detectar em
qual fase o aluno está, pois há fatores diferentes, como por exemplo no adolescente.
Este se encontra em uma fase evolutiva do ser humano e deve ser considerada a
todos os aspectos biológico, psicológico e social. Por isso, faz-se necessário
trabalhar a prevenção do fracasso escolar, pois as dificuldades de aprendizagem
conseqüentemente poderão refletir na fase adulta.
Sendo assim, o psicopedagogo deve utilizar instrumentos investigativos e
avaliativos para fazer um levantamento de dados e estabelecer suposições com o
intuito de encontrar o que está causando a não aprendizagem e, desta forma
encontrar um meio de prevenção, considerando todos os fatores que intervém, tanto
para o fracasso como para o sucesso do processo de aprendizagem do aluno
(FERNANDÉZ, 1991).
Para que então aconteça uma intervenção que satisfaça a todos, é preciso
que os atendimentos sejam realizados de maneira diferenciada e bem direcionada a
cada aluno, procurando respeitar a individualidade, a singularidade e as diferenças
de cada um.
É necessário que uma proposta de intervenção seja planejada e realizada
através de encaminhamento, atendimentos semanais, entrevistas, anamnese,
orientação ao educador, envolvimento de outros profissionais que acompanham o
aluno e o envolvimento familiar.
Pode-se perceber que, diante de todo o processo de intervenção, o
psicopedagogo deve observar se há uma evolução significativa no desenvolvimento
dos alunos em todos os sentidos, na auto-estima, na autoconfiança, no projeto de
vida, no sentido da vida, na autodeterminação e na auto-realização.
Sisto (1996) afirma que é imprescindível o acompanhamento da família do
aluno para dar seguimento e continuidade em seu processo cognitivo, emocional,
afetivo e social.
A intervenção psicopedagógica busca melhorar o desempenho acadêmico do
aluno, mediante a realização de intervenção em várias dimensões como por
Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
20
exemplo a afetividade e a aprendizagem nas modalidades da escrita, a memória, a
compreensão dos conteúdos, a sua exposição de idéias, a organização do tempo, o
planejamento de metas, os hábitos de estudo, entre outras.
O psicopedagogo precisa lançar mão de técnicas específicas para poder
realizar um atendimento individual ou em grupo, levando em consideração o meio
social em que os alunos vivem, as suas condições sócio-econômicas e o contexto
familiar. Ressalta-se que em muitos casos, alguns alunos evadiram da escola
quando ainda eram crianças, e em alguns casos pode-se detectar que a idade
cronológica não condiz com a mental, ou sejam, queimaram etapas.
Dessa forma, o psicopedagogo precisa traçar um projeto que visa a inclusão
escolar, monitorar a evolução de cada aluno através de registros, portfólios,
convívio, amadurecimento emocional, atitudes e comportamentos.
O trabalho do psicopedagogo junto aos professores busca levar a uma
reflexão e compreensão da realidade, analisando todos os aspectos afetivos,
culturais, sociais, emocionais, orgânicos e cognitivos e como esses fatores afetavam
ou viabilizam a aprendizagem.
A equipe de professores deve estar fortalecida, não centralizar as suas
atenções apenas no aspecto disciplinar. Assim, a intervenção psicopedagogica
poderá ter maiores resultados. É importante salientar que o psicopedagogo deve ter
como principais objetivos as seguintes questões:
Prevenção e intervenção no processo de ensino e aprendizagem;
Desenvolver a reflexão, a prática voltada para sua realidade, mostrar a
importância das emoções e pensamentos dos alunos;
Enriquecer, promover e estimular o processo de leitura, escrita, oralidade,
raciocínio e cálculo;
Incentivar o aluno a gostar de estar na sala de aula;
Detectar problemas pedagógicos que podem prejudicar a qualidade do
processo ensino-aprendizagem dos alunos;
Orientar e levar o aluno à reflexão sobre a vida e o seu sentido;
Valorizar a família;
Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
21
Orientar os professores a serem parceiros do mesmo compromisso;
Encaminhar, quando necessário, casos diagnosticados a profissionais
específicos como Psicólogos, Psiquiatra, Neurologista, Assistente Social,
Dentista, Fonoaudiólogo, contando com a colaboração de todos os
profissionais da instituição;
Promover leituras e debates para reflexão;
Respeitar todos os tipos de religião;
Apoiar a prática do professor.
Deve-se levar em consideração que os recursos e as técnicas devem estar
sempre em constante aperfeiçoamento, todas a possibilidades que a instituição
puder oferecer devem ser aplicadas e avaliadas.
O processo de intervenção deve visar à interação de toda a equipe da
instituição para trocarem idéias, dividir tarefas do dia-a-dia, para enfrentarem
dificuldades, avaliar as técnicas e o processo, e, além disso, tudo superar
divergências.
Neste sentido, é preciso que todos os envolvidos acreditem no potencial de
cada um, olhar o aluno como um sujeito e não um objeto da sua ação educativa
(FREIRE, 1988).
A relevância do trabalho deve estar centralizada na premissa de que todo
aluno é capaz de aprimorar seus conhecimentos; deve possuir um caráter inovador,
audacioso e pioneiro. O psicopedagogo, juntamente com toda a equipe escolar de
buscar a efetividade de resultados, fazendo acontecer a recuperação na defasagem
escolar, melhorando o rendimento de cada aluno, incentivar o domínio na escrita, da
leitura e do cálculo.
Deve-se implementar sempre o processo de intervenção, pois percebe-se que
a compreensão e entendimento, a ampliação do vocabulário e inclusão no mundo
literário é um caminho certo para o sucesso de todos.
O psicopedagogo deve participar e refletir com as autoridades competentes
na organização, implantação e execução de projetos de educação e saúde pública
que visem questões pedagógicas. Devem buscar o desenvolvimento de parcerias
com outras entidades do setor público, social ou privado, pois o trabalho coletivo
configura-se como um importante papel para o desenvolvimento social e profissional
Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
22
para cada um dos componentes da equipe e conseqüentemente, como gerador de
novas idéias, novos projetos para combater o fracasso escolar.
Diante do exposto, acredita-se que educar é criar e recriar espaços, é
propiciar as condições de aprendizagem e é buscar subsídios para que os
professores tenham maiores possibilidades de trabalho.
Neste sentido, a atuação do professor no cenário escolar em que o processo
educativo se desenvolve, deve ser criativa, ele deve promover os acontecimentos,
articular os espaços, tempo, coisas e pessoas para produzir momentos que
possibilitem ao aluno ir mais além, encontrar meios para eles possam ultrapassar
suas dificuldades, desenvolver o espírito de iniciativa, de responsabilidade e de
compromisso.
O psicopedagogo deve atuar com ênfase ao combate a todos os obstáculos
que dificultam a aprendizagem e otimizar as práticas e recursos que viabilizam os
processos que levam o aluno a aprender, a encontrar saídas para as suas
dificuldades e apontar esperança de um futuro melhor.
Os profissionais desta área do conhecimento precisam implementar um
processo semelhante à persistência, ao comprometimento e à conscientização, para
que acima de tudo possa garantir a funcionalidade da aprendizagem de todos os
alunos da instituição escolar.
Para o sucesso então da intervenção psicopedagógica, o profissional precisa
compreender algumas etapas de aplicação da ação estratégica e devem respeitar
alguns critérios para que estas ações possam ser objetivas, satisfatórias e sobretudo
eficientes como:
Observar e levantar as necessidades dos alunos, atuais e futuros;
Descobrir quais são as dificuldades;
Fazer levantamento dos alunos que apresentam algum tipo de dificuldade;
Fazer um diagnóstico preciso;
Planejamento estratégico para definir as intervenções;
Execução do planejamento de intervenção;
Acompanhamento, monitoramento e verificação;
Aplicar ações corretivas e preventivas;
Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
23
Observar se os objetivos foram atingidos.
Uma visão de futuro deve ser feita para compor um plano de intervenção,
para isso, deve-se fazer um questionamento como:
Que tipo de ensino se deseja?
O que quer que os alunos e família falem da escola e do trabalho realizado
por ela?
De que modo a visão compartilhada representa os interesses dos alunos e os
valores que a escola enseja?
Liderança eficaz e comprometimento da Direção;
Participação ampla;
Conhecimento da Cultura e Valores da organização;
Planos e objetivos realizáveis;
Constância de propósitos e foco nos objetivos da prevenção do fracasso
escolar;
Visão ampla do ambiente interno e externo da escola;
Avaliação precisa dos recursos;
Comunicação e disseminação eficaz em todos os níveis;
Levar em conta as pessoas e seus sentimentos;
Conhecimento da realidade e do contexto onde os alunos estão inseridos;
Identificação clara das dificuldades e do monitoramento das intervenções;
Quanto ao processo de aprendizagem pessoal e organizacional, o
psicopedagogo deve estar atento e buscar:
Liderança capaz de garantir a execução das ações planejadas;
Comunicação com todos os envolvidos;
Treinar as pessoas que executarão os planos de intervenção;
Garantir o comprometimento com os resultados esperados;
Comunicar claramente as responsabilidades de cada um;
Criar e coletar adequadamente os dados e informações necessárias ao
monitoramento e avaliação das metas;
Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
24
Fazer o acompanhamento passo-a-passo das ações de forma estruturada;
Garantir uma metodologia formal de acompanhamento e verificação;
Agendar e garantir a realização das reuniões e divulgá-las;
Manter a equipe motivada para os resultados;
Fazer a verificação e planejar as ações corretivas e preventivas;
Executar as ações conforme planejado;
Manter o foco nos resultados esperados;
Manter a equipe motivada para os resultados;
Obter o comprometimento dos executores com os resultados esperados;
Monitorar os obstáculos e remover as dificuldades;
É preciso levar em consideração que todo projeto de intervenção está sujeito
a eventuais mudanças, mesmo quando este está fundamentado em um
planejamento estratégico, com ações eficientes e acertadas.
Neste sentido, o presente projeto de intervenção, trata-se de uma proposta
que deve ser repensada criticamente, melhorada e ampliada de acordo com as
necessidades da escola contextualizada para que seja de fato, um plano de
intervenção eficiente e eficaz.
O psicopedagogo e a Intervenção junto ao professor
A organização de situações de aprendizagem orientadas ou que dependem
de uma intervenção direta do psicopedagogo permite que as crianças trabalhem
com diversos conhecimentos. Estas aprendizagens devem estar baseadas não
apenas nas propostas dos psicopedagogos, mas, essencialmente, na escuta dos
alunos e na compreensão do papel que desempenham a experimentação e o erro
na construção do conhecimento.
A intervenção do psicopedagogo e do professor como mediador do
conhecimento é necessária para que, na instituição escolar, possam, em situações
de interação social ou sozinhas, ampliar suas capacidades de apropriação dos
conceitos, dos códigos sociais e das diferentes linguagens, por meio da expressão e
Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
25
comunicação de sentimentos e idéias, da experimentação, da reflexão, da
elaboração de perguntas e respostas, da construção de objetos e brinquedos etc.
Para isso, o psicopedagogo deve conhecer e considerar as singularidades
dos alunos que estão iniciando a 1ª série do ensino fundamental assim como a
diversidade de hábitos, costumes, valores, crenças, étnicas etc. dos alunos com os
quais trabalha respeitando suas diferenças e ampliando suas pautas de
socialização.
Nessa perspectiva, o psicopedagogo pode contribuir com o professor sendo
este o mediador entre os alunos e os objetos de conhecimentos, organizando e
propiciando espaços e situações de aprendizagem que articulem os recursos e
capacidades afetivas, emocionais, sociais e cognitivas de cada criança aos seus
conhecimentos prévios e aos conteúdos referentes aos diferentes campos de
conhecimento humano.
Na escola, o professor constitui-se, portanto, no parceiro mais experiente, por
excelência, cuja missão é propiciar e garantir um ambiente rico, prazeroso, saudável
e não discriminatório de experiências educativas e sociais variadas, para que as
aprendizagens dos alunos ocorram com sucesso, mas quando isto não acontece se
faz necessária a intervenção do psicopedagogo.
É preciso que o professor e o psicopedagogo considerem, na organização do
trabalho educativo transformando em possibilidades as dificuldades de
aprendizagem do aluno como:
Buscando a interação com alunos diferentes em situações diversas como
fator de promoção da aprendizagem do desenvolvimento e da capacidade de
relacionar-se;
Refletir os conhecimentos prévios de qualquer natureza que os alunos já
possuem sobre o assunto, já que eles aprendem por meio de uma construção
interna ao relacionar suas idéias com as novas informações de que dispõem
e com as interações que estabelece;
Respeitar a individualidade e a diversidade dos alunos;
Reconhecer o grau de desafio que as atividades apresentam e o fato de que
devam ser significativas e apresentadas de maneira integrada para os alunos
e o mais próximo possível das práticas sociais reais, das experiências de vida
Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
26
que eles têm;
Ressaltar a resolução de problemas como forma de aprendizagem,
Dar ênfase nos fatores positivos do aluno, ressaltar o que ele tem de melhor.
Essas considerações podem estruturar-se nas seguintes condições gerais
relativas às aprendizagens dos alunos a serem seguidas pelo professor em sua
prática educativa.
A intervenção psicopedagógica e interação social
A intervenção psicopedagógica através da interação social é uma das
estratégias mais importantes do profissional para a promoção de aprendizagens
pelas crianças, principalmente para as crianças que apresentam maiores
dificuldades em aprender em situações diversas.
Assim, cabe ao profissional propiciar situações de conversa, brincadeiras ou
de aprendizagens orientadas que garantam a troca entre as crianças, de forma que
possam comunicar-se e expressar-se, demonstrando seus modos de agir, de pensar
e de sentir, em um ambiente acolhedor e que propicie a confiança, a autonomia e a
auto-estima.
A existência de um ambiente acolhedor não significa eliminar os conflitos, não
enxergar as dificuldades de aprendizagem e disputas e divergências presentes nas
interações sociais, mas pressupõe que o profissional forneça elementos cognitivos,
afetivos e de linguagem para que as crianças aprendam a conviver, buscando as
soluções mais adequadas para as situações com as quais se defrontam diariamente
despertando suas competências e habilidades.
As capacidades de interação, porém, são também desenvolvidas quando as
crianças podem ficar sozinhas, quando elaboram suas descobertas e sentimentos e
constroem um sentido de propriedade para as ações e pensamentos já
compartilhados com outras crianças e com os adultos, o que vão potencializar novas
interações.
Nas situações de troca, podem desenvolver os conhecimentos e recursos de
que dispõem, confrontando-os e reformulando-os em busca do saber, que se for de
forma prazerosa, pode despertar nas crianças com dificuldades de aprender o
Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
27
desejo, o fascínio pelo novo.
Nessa perspectiva, o profissional deve refletir e discutir com seus pares sobre
os critérios utilizados na organização dos agrupamentos e das situações de
interação, visando, sempre que possível, auxiliar as trocas de experiências entre as
crianças e, ao mesmo tempo, garantir-lhes o espaço da individualidade.
Assim, em determinadas situações, é aconselhável que crianças com níveis
de desenvolvimento diferenciados interajam; e em outras, deve-se garantir uma
proximidade de crianças com interesses e níveis de desenvolvimento semelhantes.
Propiciar a integração quer dizer, portanto, considerar que as diferentes
formas de sentir, expressar e comunicar a realidade pelas crianças resultam em
respostas diversas que são trocadas entre elas e que garantem parte significativa de
suas aprendizagens.
Uma das formas de propiciar essa troca é a socialização de suas
descobertas, quando o psicopedagogo organiza as situações para que as crianças
compartilhem seus percursos individuais na elaboração dos diferentes trabalhos
realizados. Deve-se levar em conta o contexto familiar de cada criança, bem como
sua situação social, cultural e histórica.
Portanto, é importante frisar que as crianças desenvolvem em situações de
interação social, nas quais conflitos e negociação de sentimentos, idéias e soluções
são elementos indispensáveis, pois cada uma dessas crianças vem de famílias e
contextos diferentes e têm muito o que compartilhar nos momentos de interação.
O âmbito social oferece, portanto, ocasiões únicas para elaborar estratégias
de pensamento e de ação, possibilitando a ampliação das hipóteses infantis. Pode-
se estabelecer, nesse processo, uma rede de reflexão e construção de
conhecimentos na qual tanto os parceiros mais experientes quanto os menos
experientes têm seu papel na interpretação e ensaio de soluções.
A interação permite que se crie uma situação de ajuda na qual as crianças
avancem no seu processo de aprendizagem possibilitando-as a vencer o fracasso
escolar.
Cabe ao psicopedagogo a tarefa de individualizar as situações de
aprendizagem oferecidas às crianças, considerando suas capacidades afetivas,
emocionais, sociais e cognitivas assim como os conhecimentos que possuem dos
Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
28
mais diferentes assuntos e suas origens socioculturais diversas.
Isso significa que o psicopedagogo deve planejar e oferecer uma gama
variada da experiência que responda, simultaneamente, às demandas do grupo e às
individualidades de cada criança.
Considerar que as crianças são diferentes entre si, implica propiciar uma
educação baseada em condições de aprendizagem que respeitem suas
necessidades e ritmos individuais, visando a ampliar e a enriquecer as capacidades
de cada criança, considerando-as como pessoas singulares e com características
próprias.
Individualizar não é marcar e estigmatizar as crianças pelo que diferem, mas
levar em conta suas singularidades, respeitando-as e valorizando-as como fator de
enriquecimento pessoal e cultural para que o psicopedagogo não corra o risco de
rotulá-las e sim ser um mediador da aprendizagem, oferecendo a elas, a partir da
realidade de cada uma, recursos pedagógicos necessários para uma aprendizagem
significativa e prazerosa.
As abordagens psicopedagógicas
As abordagens psicopedagógicas predominantes na educação brasileira
sobre a aprendizagem, Sisto (1996) destaca três grandes correntes teóricas:
psicanalítica, associacionista e construtivista. A orientação psicanalítica da
psicopedagogia pressupõe que as dificuldades de aprendizagem estão ligadas a
problemas emocionais como conseqüência de uma relação de causa e efeito entre
desenvolvimento emocional e aprendizagem.
A orientação associacionista da psicopedagogia pressupõe que as
dificuldades de aprendizagem são decorrentes de aspectos externos ao sujeito,
como a forma de transmissão e características do conteúdo em si mesmo.
A matéria-prima desta concepção é o próprio conteúdo e baseia-se na
linearidade de sua formação, no acréscimo do conteúdo já adquirido e na
dependência do conteúdo novo em relação ao anterior.
A aprendizagem é pensada em termos do estabelecimento de pré-requisitos
Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
29
rígidos que determinam a seqüência e a relação dos conteúdos entre si. Como
lembra Sisto (1996), as duas orientações apresentam explicações parciais do
processo de aprendizagem.
A orientação construtivista da psicopedagogia propõe um modelo explicativo
do funcionamento cognitivo que diferencia e distancia significativamente sua
concepção de aprendizagem das demais. Neste modelo a relação entre os
elementos endógenos e exógenos da aprendizagem e do desenvolvimento é
contínua e necessária.
Aprendizagem e desenvolvimento são considerados produtos da construção
cognitiva e envolvem formas e conteúdos. As formas são produto do
desenvolvimento e possibilitam a assimilação das relações contidas nos objetos de
conhecimento e acomodação das estruturas cognitivas às novas relações
descobertas nestes objetos.
Os conteúdos constituem as próprias relações construídas a partir dos objetos
de conhecimento e são internalizados em função de uma rede de significados que
constituem o sistema cognitivo do sujeito. Não há determinação de pré-requisitos
entre os conteúdos e diferentes formas podem ser aplicadas a uma mesma área ou
a áreas diferentes de conteúdos, ocasionando defasagens cognitivas. Estas
defasagens permitem que o sujeito aprenda um mesmo conteúdo em níveis
diferentes ou diferentes conteúdos em um mesmo nível, pois, a aprendizagem
ocorre a partir do nível de pensamento em que o sujeito se encontra em cada
conteúdo, em particular (Sisto, 1996).
A abordagem construtivista do processo ensino-aprendizagem não é uniforme
e pode ser dividida em dois grandes grupos. O primeiro grupo inclui as experiências
pedagógicas realizadas a partir de uma concepção aplicacionista da psicologia
genética.
Do segundo grupo fazem parte as experiências que utilizam a psicologia
genética como ciência de referência inserindo-a em “uma problemática e em um
conjunto de questões que exigem um corpo teórico original”, como é o caso da
didática da matemática (LERNER, 1996, p.88).
Situações capazes de provocar conflito intelectual e de incentivar o sujeito a
pensar sobre outros pontos de vista, levando-o a defender ou provar sua idéia,
Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
30
podem influenciar positivamente na construção destes sistemas. Esta possibilidade
se deve à coordenação de opiniões suscitada pelo conflito que ao mobilizar a
inteligência e a totalidade dos conhecimentos já adquiridos pode levá-lo à
construção de um conhecimento de nível superior (KAMII, 1986).
Situações-problema capazes de promover uma atividade organizadora e
estruturadora da realidade são fundamentais na escola, pois, é delas que depende o
caráter estruturante da atividade do aluno e a ocorrência de um impacto maior ou
menor do aprendizado escolar sobre sua organização cognitiva (CASTORINA,
1996).
Desta perspectiva, a aprendizagem de um conteúdo específico não se limita
ao conteúdo em questão e envolve um processo mais amplo de criação de
possíveis, pois, frente a uma situação-problema o sistema cognitivo “cria,
espontânea e naturalmente, alternativas de solução para esta situação”. Entre as
soluções criadas, a resposta comunicada pelo sujeito é a considerada por seu
sistema a alternativa com maior probabilidade de ser correta (SISTO, 1996, p.56).
A atuação do psicopedagogo na escola
Entende-se que o psicopedagogo é o profissional mais indicado para formar
pessoas que irão atuar nas diversas áreas institucionais e mercadológicas. Uma vez
que, sua formação contempla uma prática pedagógica reflexiva, eficaz,
transformadora e autocrítica (SCHÖN, 2002).
Diante disso, acredita-se que a atuação psicopedagógica deve apontar
elementos norteadores necessários para efetivar um trabalho com aquelas crianças
que apresentam certas dificuldades de aprendizagem.
Neste sentido, a atuação do psicopedagogo na escola deve, antes de tudo,
procurar reconhecer e compreender as capacidades do aluno com o intuito de
detectar os empecilhos que dificultam a sua aprendizagem.
O perfil do psicopedagogo e dos demais profissionais de outras áreas são
semelhantes, porque o mercado de trabalho é “exclusivo”, pois aquele que não se
enquadrar, estará fora. Dentro desse novo paradigma, exige-se um profissional
Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
31
competente, flexível, criativo, crítico, conhecedor das novas tecnologias, que saiba
conviver e trabalhar em equipe, que possua autonomia de pensamento, sociável,
que saiba compreender processos e incorpore novas idéias, que tenha habilidade de
gestão, auto-estima, etc.
De acordo com Morin (2001) é exatamente neste ponto, que a sociedade é
contraditória, desvaloriza o psicopedagogo, o seu fazer pedagógico, e ao mesmo
tempo recorre à educação para formar e capacitar profissionais em toda e qualquer
área. Ainda sob esta ótica, percebe-se que a atuação do psicopedagogo requer
habilidades e competências.
Segundo Perrenoud (2000) competência é mais do que um conhecimento; Ela
pode ser explicada como um saber que se traduz na tomada de decisões, na
capacidade de avaliar e julgar e envolve muito mais que acumular conhecimento,
desenvolver habilidades e introjetar valores.
O sentido é muito importante: não é uma soma de valores, de conhecimentos,
de habilidades. É a capacidade de mobilizar, articular e colocar em ação esses
componentes, para um desempenho eficiente e eficaz. Então, valores,
conhecimentos e habilidades são componentes que, por si sós, não são a
competência.
As habilidades estão associadas ao saber fazer: ação física ou mental que indica a capacidade adquirida. Assim, identificar variáveis, compreender fenômenos, relacionar informações, analisar situações-problema, sintetizar,julgar, correlacionar e manipular são exemplos de habilidades. Já as competências são um conjunto de habilidades harmonicamente desenvolvidas e que caracterizam por exemplo uma função/profissão específica: ser arquiteto, médico ou professor de química. As habilidades devem ser desenvolvidas na busca das competências (MORETTO, 2002, p.34).
A idéia de competências tem três ingredientes básicos. Primeiro: relaciona-se
diretamente à idéia de pessoa. Não se pode dizer que um computador é
competente; competente é o seu usuário, uma pessoa. Segundo: a competência
vincula-se à idéia de mobilização, ou seja, a capacidade de se mobilizar o que se
sabe para realizar o que se busca. É um saber em ação. Aliás, da má compreensão
deste aspecto vem outra crítica, a de competência como mero saber fazer algo. Agir
é mais do que fazer.
Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
32
Um conceito de competência pode ser apresentado como o conjunto de
conhecimentos, habilidades e atitudes demonstradas pela pessoa na realização de
uma tarefa. Dizem que alguém é competente numa atividade quando esse conjunto
de comportamentos apresentados resulta no sucesso para a realização daquela
atividade.
Portanto, para uma atuação psicopedagógica eficaz, é preciso ter, antes de
tudo, uma missão que contribua de maneira diferenciada e significativa para que as
pessoas envolvidas tenham sucesso em seu ramo de atividade e construam um
segmento sustentado, através de soluções integradas, que promovam mudanças
nos modelos de gestão e desenvolvam competências essenciais em sua
organização ou instituição.
O psicopedagogo deve atuar no trabalho da instituição para buscar melhorias
do desempenho da aprendizagem através de:
Identificação conjunta de problemas que dificultam a aprendizagem;
Implementar soluções com foco nas estratégias, estruturas, sistemas de
melhorias como um todo;
Uma atuação eficaz deve ter um planejamento estratégico buscando fazer:
Um levantamento na unidade de alunos com dificuldades de aprendizagem;
Fazer diagnósticos e a partir destes buscar soluções;
Planejamento de ações de intervenção;
Projeto de captação de recursos quando necessários para possiv eis
intervenções;
Planejamento e implantação de projetos para o desenvolvimento de pessoas
Em relação à qualidade do ensino, o psicopedagogo deve:
Implantar uma Gestão de planejamento das suas atividades de intervenção;
Implementação de auditorias internas de qualidade de ensino;
Planejamento e implantação de sistemas de avaliação da qualidade de
ensino;
Planejamento, implantação e monitoramento de programas de intervenção
psicopedagógica aos alunos;
Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
33
Os segmentos de desenvolvimento da aprendizagem dos alunos devem:
Desenvolver a competência de supervisão de equipes para o
acompanhamento de cada aluno com dificuldades;
Desenvolver as habilidades que ainda não foram produzidas pelos alunos;
Gestão estratégica na prática do psicopedagogo;
Realizar reuniões eficazes e objetivas com todo o corpo docente,
especialistas e direção escolar;
Buscar um desempenho satisfatório no relacionamento Intra e Interpessoal na
escola;
O psicopedagogo na escola deve ter:
Compromisso e envolvimento com o seu trabalho;
Conhecimento e experiência pedagógica na educação;
Conhecimento dos princípios, fundamentos e filosofia da educação
Conhecimento da área Psicológica;
Disponibilidade de horário;
Conhecimento do projeto em que está inserido (processo histórico social
administrativo e operacional da instituição escolar);
Dinamismo;
Criatividade;
Capacidade de análise;
Ser uma pessoa capaz de encontrar soluções;
Paciência pedagógica;
Experiências com metodologias participativas;
Habilidade de escrita e leitura com fluência;
Habilidade para lidar com as novas tecnologias;
Habilidade em planejamento, monitoramento, avaliação e estratégias;
Habilidade de desenvolver projetos;
Este profissional deve ver, pensar, tomar decisão e agir estrategicamente.
Além de tudo, para que as propostas de ação na sua escola dêem certo, é
Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
34
preciso:
Criar uma cultura de continuidade, de pensar e agir estrategicamente;
Proporcionar uma visão geral e holística da filosofia e missão da escola;
Acreditar que todo o processo é uma oportunidade para a aprendizagem;
Buscar diminuir o grau de incerteza do futuro com o monitoramento das
tendências;
Promover o alinhamento de toda a organização, na busca de recursos e de
resultados no combate ao fracasso escolar;
Buscar uma referência de trabalho e flexibilidade nas decisões;
Evitar conflitos e perda de tempo, pois todos conhecem suas
responsabilidades;
Desenvolver relações interpessoais positivas e de cooperação em todo a
comunidade escolar.
É necessário que as instituições escolares utilizem uma Gestão Estratégica
em Psicopedagogia para encontrar maneiras diferenciadas de idealizar novos
saberes, expandir as várias possibilidades de aprendizagem dos alunos e criar
condições para que todos possam olhar o futuro com esperança.
O psicopedagogo e o seu papel frente aos desafios
Pode-se dizer que o psicopedagogo é um profissional com uma formação que
abrange duas dimensões. A primeira, a formação teórico-científica, incluindo a
formação acadêmica específica nas disciplinas em que o docente se especializa em
uma formação pedagógica que envolve conhecimentos da filosofia, sociologia,
história da educação e da própria pedagogia que contribuem para o esclarecimento
do fenômeno educativo no contexto histórico social.
A segunda, a formação técnica-prática que visa a preparação profissional
específica para a docência incluindo a didática, as metodologias específicas das
Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
35
matérias, psicologia da educação e pesquisa educacional (PIMENTA, 1999).
O curso de psicopedagogia ainda é visto sob uma ótica simplista. Não se
pode renegar o papel de educador, ou seja, um mediador de aprendizagem. Não se
pode fugir à responsabilidade da educação, mas ao mesmo tempo o psicopedagogo
é formado para atuar em outros espaços que precisam de sua intervenção com o
intuito de viabilizar a aprendizagem.
Este é um profissional qualificado para atuar em diversos campos educativos,
e essa atuação pode ser formal, não formal e informal. Sendo assim ele deixa de
atuar só em questões escolares, conquistando um espaço bem mais amplo com o
na empresa e da clínica.
O psicopedagogo a ser formado deverá ser capaz de atuar segundo múltiplas
dimensões como a política, ética, artística, técnica e afetiva, entre outras. Um
profissional capaz de compreender as relações educativas que ocorrem no âmbito
dessa sociedade dos sistemas de ensino, da escola, da sala de aula e de outras
agências educacionais, todas elas consideradas em seu contexto e que envolvem
simultaneamente dimensões individuais e sociais.
O campo de atividade pedagógica extra-escolar é extenso, pode-se incluir no
item da educação extra-escolar toda a gama de agentes pedagógicos que atua no
âmbito da vida privada e social. Pais, trabalhadores voluntários e associações,
centro de lazer, todos atuam como pedagogos, mesmo sem a formação acadêmica.
Mediante os novos paradigmas no mercado te trabalho, muitos empresários
percebem a importância do pedagogo para o crescimento organizacional.
Instrutores, animadores, formadores, organizadores técnicos, consultores,
orientadores são profissionais que exercem sistematicamente atividades
pedagógicas e que ocupam parte de seu tempo nestas que se desenvolvem em
órgãos públicos e privados, ligados às empresas, à cultura, aos serviços de
alimentação, promoção social (BOMFIM, 2004).
Muitos trabalhadores, engenheiros e técnicos dedicam boa parte de seu
tempo a supervisionar ou ensinar funcionários e estagiários no local de trabalho.
Estes profissionais ocupam parte de seu tempo em atividades pedagógicas, em
órgãos públicos e empresas, referentes à transmissão de saberes e técnicas ligadas
a outras atividades profissionais especializados.
Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
36
Nesta categoria, podem-se incluir trabalhadores sociais, monitores e
instrutores de recreação e educação física, ou onde ocorrer algum tipo de atividade
pedagógica, tais como: administrador de pessoal, redatores de jornal e revistas,
comunicadores sociais, apresentadores de programas de rádio e TV.
Isso mostra como o mercado para psicopedagogos é amplo e está em
expansão. Todo psicopedagogo é, por excelência, professor, mas nem todo
professor é psicopedagogo, o que amplia ainda mais o campo daqueles que
escolheram a pedagogia como carreira
Neste sentido, os profissionais de Recursos Humanos, ao constituírem um
saber através de sua prática, se aproximam de teorias cujos textos jamais visitaram.
Nesse contínuo esforço de produção de um conhecimento novo e de respostas às
questões que o cotidiano lhe apresenta, o responsável pelo treinamento se quer
percebe que ele é um educador com os olhos no futuro.
Enquanto os professores das escolas repassam um saber sedimentado,
geralmente contido nos livros, o psicopedagogo cria um saber novo que responde às
questões que emergem no dia-a-dia e que são responsáveis pelo funcionamento
das organizações escolares ou não.
É nesta atual conjuntura, que o psicopedagogo sente a necessidade de sair
de uma visão fragmentada para se adaptar e inserir em um novo espaço de atuação
com uma visão educacional inovadora da sua atuação profissional.
O novo cenário de atuação deste profissional que é o psicopedagogo sai dos
alcances apenas da escola, para prestar seus serviços em locais que eram restritos
a outros profissionais. Empresas, associações, igrejas hospitais, eventos, emissoras
e outros formam a nova estrutura profissional do psicopedagogo.
Esta atual realidade vem com força quebrando preconceitos e idéias de que
este profissional está apto para exercer suas funções apenas na escola. Onde
houver uma prática educativa e questões relacionadas à aprendizagem existe aí
uma ação psicopedagógica, exigindo deste profissional uma visão inovadora,
libertadora e livre de tabus que impedem de exercer sua função com competência e
credibilidade.
Toda nova proposta é um desafio. O psicopedagogo precisa se transformar
para essa mudança de paradigmas. Há nessa mudança uma possibilidade de
Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
37
melhor atuação, se adequando, portando, a esta nova realidade, mas é necessário
se posicionar como profissional capacitado e reflexivo para caminhar junto a esta
transformação da sociedade (SANTOS BOAVENTURA, 2003).
O Psicopedagogo, pois, deixa de ser, neste novo contexto, o mesmo
profissional de antes, ele se apresenta nesta nova situação agora como um agente
de transformação para atuar nesta nova e desafiadora realidade.
Hoje, o profissional em psicopedagogia está sendo inserido em um mercado
de trabalho mais amplo e diversificado, porque a sociedade atual, exige cada vez
mais profissionais capacitados e treinados para atuarem nas diversas áreas, sendo
elas exigentes e competitivas, além de exigirem profissionais capazes de aprender
constantemente.
Não sendo comum um profissional ser qualificado apenas para exercer uma
determinada função, e sim para atuar em áreas diversificadas existentes no mercado
de trabalho, seja ele qual for, a atuação do psicopedagogo passou a ser vista como
uma importante ferramenta para a aprendizagem dos trabalhadores.
Neste sentido, esta proposta de trabalho busca analisar como o
psicopedagogo pode auxiliar uma escola ou empresa em gestão de recursos
humanos, no que se refere ao recrutamento, à seleção de pessoal e treinamento.
É nesta perspectiva, que as linhas de pensamento relacionadas ao
profissional em Psicopedagogia busca a possibilidade de uma reflexão mais
aprofundada sobre a atuação deste em organizações institucionais, empresariais e
clínicas. Pois hoje em dia, muito se tem pensado e estudado sobre a dinâmica do
conhecimento e as novas funções do educador como mediador do processo de
aprendizagem humana.
O psicopedagogo e a sua práxis neste novo milênio
Na atualidade, as empresas estão em busca da produtividade, do lucro e da
eficiência; por outro lado, as escolas estão em busca da aprendizagem e do sucesso
escolar. É neste sentido que nota-se a necessidade da intervenção
psicopedagógica, uma vez que esta prática vem ocorrendo na assistência às
Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
38
pessoas que apresentam dificuldades de aprendizagem.
Diante do baixo desempenho dos alunos, a práxis do psicopedagogo nas
escolas têm o objetivo de diagnosticar a causa dessas dificuldades. A questão fica
centralizada em quem não aprende e buscar uma solução que atenda ao aluno e à
escola.
A Psicopedagogia desenvolve os processos psicomotores e de raciocínio que
estão por trás de qualquer aprendizagem, principalmente neste novo contexto, onde
o sujeito vive com um excesso de informações e por outro lado com uma escassez
de conhecimento. Diante disso é preciso:
Reintegrar o aprendiz no contexto escolar, possibilitando o resgate do poder
de Simbolizar,
Criar e Reagir na construção do conhecimento;
Dialogar com crianças e adolescentes, em busca da compreensão de suas
inquietações e desejos, assim como seus mecanismos de aprendizagem.
Diferente de estar com dificuldade, o aluno pode manifestar muitas outras
dificuldades, e mostrar uma situação muito mais complexa e ampla, onde também se
instala a escola, como parceira integral no processo da aprendizagem.
Portanto, ao analisar a dificuldade de aprender, o psicopedagogo deve incluir
o projeto pedagógico escolar em propostas de ensino e valorizar a aprendizagem
integral do ser humano, não apenas a aprendizagem de um ou outro conteúdo, isto
pode ser caracterizado como um desafio da práxis do psicopedagogo.
O psicopedagogo deve abrir espaços para que se disponibilizem recursos que
façam frente aos desafios, isto é, na direção da efetivação da aprendizagem dos
sujeitos envolvidos e inseridos, e como conseqüência das mudanças que ocorrem
na sociedade como um todo, compreender novos paradigmas que surgem e
colocam em dúvida as estruturas já estabelecidas.
Neste sentido, é preciso que as organizações escolares auxiliem a
cooperação de seus funcionários. Estes devem estar em condições de desempenhar
suas funções com competência e qualidade, pois os alunos estão cada vez mais
exigentes em relação aos produtos que consomem, adquirem.
Nota-se que muitas mudanças vêm ocorrendo, sobretudo nos últimos anos. A
ótica que privilegia a divisão dos alunos, aquele que aprende daquele que não
Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
39
aprende, que valoriza o homogêneo e não o heterogêneo, que considera o conteúdo
como um fim e o mais importante, começa a perder a força, e isso acontece em
muitos casos, graças à práxis do psicopedagogo.
Faz-se necessário que, o psicopedagogo saiba atuar na diversidade, no
heterogêneo, pois isso possibilita o aprender coletivo, a riqueza da troca, o aprender
com o outro. O professor deixa de ser apenas o difusor do conhecimento e vive o
fazer pedagógico como o espaço para a estimulação da aprendizagem colaborando
com a prática psicopedagógica.
Nesse sentido, as escolas devem estar sempre proporcionando atualização e
educação– formação continuada – aos seus professores, na busca permanente da
qualidade de suas aulas. É necessário também que se trabalhe em equipe e não
mais de forma individual; sendo que o trabalho em equipe resgata valores morais,
tais como: sinceridade, lealdade, aprendizagem e humildade.
De acordo com Caldeira (2002), o trabalho em equipe é um dos grandes
desafios apresentados no momento atual, pois faz com que alguns conceitos e
práticas sejam redimensionados. No momento que se trabalha em grupos – equipe –
desenvolvem-se novas atitudes, tais como: a autonomia, a cooperação, a
participação, o diálogo e a reflexão.
Essas atitudes exigem uma nova postura, novos conhecimentos, ou seja, a
formação continuada na escola como um todo. Diante desse novo contexto, o
psicopedagogo passa a ter uma função especial, primordial a desempenhar: passa a
ser o motivador, o articulador, o mediador entre as diferentes instâncias do sistema
organizacional, visando o desenvolvimento de novas competências com o intuito de
atender as demandas da sociedade, mas também – e talvez a principal – o
crescimento pessoal/profissional dos funcionários da instituição.
Esse crescimento acontece através da aquisição de novos conhecimentos
que lhes são proporcionados no próprio local de trabalho.
O Psicopedagogo deve interagir, ouvir e interpretar as necessidades dos
componentes desse espaço onde acontece o trabalho em equipe. No momento que
se busca a realização pessoal de todos os integrantes do quadro docente de uma
escola, não visando unicamente a eficiência na busca de bons resultados nas
avaliações, mas no sentido de melhorar a satisfação de todos os envolvidos neste
Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
40
processo, ou seja, direção, professores, funcionários, especialistas, família e
especialmente os alunos, realiza-se a qualidade social.
Nesta nova perspectiva, o Psicopedagogo encontra-se diante de um grande
desafio: a concretização da qualidade social dentro da escola.
Qualidade social entendida como busca da interação do indivíduo consigo mesmo, a visão do todo, a percepção da vida, do ser humano com todas suas complexidades e sua colocação dentro da sociedade (RIBEIRO, 2000, p. 18).
Segundo Marchezan (2002), essa visão de qualidade social não deve ser
restrita do âmbito escolar, pois defende-se a idéia de que a educação não acontece
somente nos bancos escolares, mas em qualquer local de convívio permanente
entre pessoas, pois esse contexto pressupõe que sempre haverá condições de
aprendizado.
Para que tal desafio seja posto em prática é necessário que os cursos de
Psicopedagogia ofereçam uma formação também direcionada para essas novas
demandas, para o novo campo de atuação que emerge para esse profissional.
A práxis do Psicopedagogo na instituição escolar deve fortalecer a identidade
institucional, e, sobretudo buscar, ou seja, resgatar as raízes dessa instituição, ao
mesmo tempo em que procura sintonizá-la com a realidade que está sendo
vivenciada no momento histórico atual, buscando adequar essa escola às reais
demandas da sociedade.
Durante todo o processo educativo, o psicopedagogo deve procurar investir
numa idéia de ensino-aprendizagem do aluno que estimule:
As interações interpessoais;
Incentivar os sujeitos no processo educativo;
Estimular a postura transformadora de toda a comunidade para inovar a
prática escolar;
Enfatizar o que é essencial e com significado relevante,
Interação com o corpo docente no sentido de desenvolver mais o raciocínio
do aluno, ajudando-o a aprender a pensar e a estabelecer relações entre os
diversos conteúdos trabalhados;
Reforçar a parceria entre escola e família;
Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
41
Lançar as bases para a orientação do aluno na construção de seu projeto de
vida, com clareza de raciocínio e equilíbrio;
Incentivar a implementação de projetos que estimulem a autonomia de
professores e alunos;
Neste sentido, esta formação visa ao favorecimento da apropriação do
conhecimento pelo ser humano, ao longo de sua evolução, pois a ação
psicopedagógica consiste numa leitura e releitura do processo de aprendizagem,
bem como as competências da aplicabilidade de conceitos teóricos que lhe dêem
novos contornos e significados, gerando práticas mais consistentes, que respeitem a
singularidade de cada um e consigam lidar com resistências.
Neste novo milênio, ação desse profissional jamais pode ser isolada e sim
integrada à ação da equipe escolar, direção, especialistas e docentes para que
juntos possam buscar e vivenciar a escola, não apenas como um cenário de
aprendizagem de conteúdos educacionais, mas de convívio, de cultura, de valores,
de pesquisa e experimentação, que possibilitem a flexibilização de atividades
docentes e discentes.
É preciso incorporar novas dinâmicas em sala de aula, contemplar a
interdisciplinaridade com todos os profissionais da escola, o a práxis do
psicopedagogo deve estimular o desenvolvimento de relações interpessoais, o
estabelecimento de vínculos, a utilização de métodos de ensino compatíveis com as
mais recentes concepções a respeito desse processo.
Ele deve procura envolver toda a equipe escolar levando-a a ampliar a visão
de mundo, ampliar o seu olhar em relação ao aluno e repensar as circunstâncias e
diversidades de produção e apropriação do conhecimento.
A práxis psicopedagógica tem contribuído com a atuação docente, estimulado
a reflexão e a confrontação com temáticas ainda insuficientemente discutidas. Isto
se deve ao comprometimento do aluno e da instituição, que apresenta dificuldades
múltiplas, envolvendo as competências cognitivas, emocionais, atitudinais,
relacionais e comunicativas almejadas e necessárias à sociedade.
Deste modo, a práxis do psicopedagogo e suas ações devem ser integradas e
complementadas por diferentes profissionais. Eles devem compor um projeto de
Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
42
escola coerente que estimula os valores, as relações humanas, que envolva os
diferentes e as diversidades culturais vividas no ambiente escolar. Todo o projeto
deve envolver a direção, os professores, alunos e a comunidade com o intuito de
transformação na escola e na sociedade.
O que é aprendizagem e quando intervir?
O processo de aprendizagem emerge diferentes maneiras de interação do
conhecimento e do meio. Aprendizagem significa uma modificação de
comportamento, a aquisição de novas respostas ou reações. Consiste em adquirir,
após condições especiais, novas reações a estímulos antes indiferentes e neutros.
A aprendizagem é um processo, uma atividade interior que tem um início, um
desenvolvimento e um fim. Além de ser muito pessoal, pode ser influenciada, com
êxito, por pessoas habilitadas, através de estímulos, motivação e estratégias
coerentes com a dificuldade. Um dos principais mediadores do processo de
aprendizagem é o professor, porém, muitas vezes são necessárias as intervenções
psicopedagógicas.
Aprendizagem é a modificação que ocorre na conduta mediante à experiência
ou à prática, é um processo dinâmico, vivo, global, contínuo e individual. Exige,
como condição básica, o amadurecimentos do ser para a referida modificação:
É um processo pessoal:
Depende do envolvimento de cada um, de seu esforço e de sua capacidade,
O envolvimento e interação da criança é fundamental.
A criança aprende aos poucos, e cada uma dentro de seu ritmo próprio,
dentro de seu tempo e de suas possibilidades. Os métodos de ensino exploram uma
parte mínima das aptidões e da capacidade de aprender do aluno. Faz-se
necessário, então, um ambiente acolhedor e estimulador que são imprescindíveis
para efetivação da aprendizagem.
Para aprender, é fundamental a clara percepção da situação que o conceito
envolve, é necessário sentir a situação como um todo, elaborá-la internamente
levando em conta, a experiência pessoal com respeito àquele conceito:
Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
43
Tudo se aprende em todas as partes, para isso, é preciso ter em mente, e o
mais importante, é necessário que o professor saiba que toda criança é única e
singular e que aprende, o professor é o primeiro a notar a necessidade do auxílio do
psicopedagogo para que uma intervenção seja feita ainda em tempo hábil.
A Psicopedagogia e as modalidades de aprendizagens
Em cada ser humano, pode-se observar uma particular “modalidade de
aprendizagem”, quer dizer, uma maneira pessoal para aproximar-se do objeto de
conhecimento e para apropriar o seu saber.
Tal modalidade de aprendizagem constrói-se desde o nascimento, e através
dela é possível deparar-se com a angústia inerente ao conhecer-desconhecer. As
crianças sentem essa angústia quando chegam à 1ª série do Ensino Fundamental.
A modalidade de aprendizagem é como uma matriz, um molde, um esquema
de operar que vai utilizando nas diferentes situações de aprendizagem de acordo
com FERNÁNDEZ (1991).
Se analisar a modalidade de aprendizagem de uma pessoa, podem-se ver
semelhanças com sua modalidade sexual e até com sua modalidade de relação com
o dinheiro. Pois a sexualidade, como a aprendizagem e até a conquista do dinheiro,
são maneiras diferentes que o desejo de possessão do objeto tem para apresentar-
se.
O psicopedagogo, no momento de analisar a realidade, pode fazer um corte
que permita observar a dinâmica da modalidade de aprendizagem da criança,
sabendo que tal modalidade tem uma história que vai sendo construída desde o
sujeito e desde o grupo familiar, de acordo com a real experiência de aprendizagem
e como foi interpretada por ele e seus pais.
É preciso que o psicopedagogo reconheça as modalidades de aprendizagem
observando na criança como ela se vê como ser que aprende, observar se ela
possui um vínculo com o objeto a ser conhecido e reparar em cada aspecto da
criança que pode lhe oferecer pistas da dificuldade ou não em aprender.
A aprendizagem é um processo em que intervém a inteligência, o corpo, o
desejo, o organismo, articulados em um determinado equilíbrio; mas a estrutura
Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
44
intelectual tende também a um equilíbrio para estruturar a realidade e sistematizá-la
através de dois movimentos que Piaget definiu como invariantes: assimilação e
acomodação.
Na assimilação, o organismo para poder incorporar a seu sistema os valores
alimentares das substâncias que absorve, deve transformá-las. Por exemplo, um
alimento duro e com uma forma clara, no momento de começar a ser ingerido, será
transformado em macio e amorfo. Ao ocorrer o processo de digestão, a substância
perderá sua identidade original até converter-se em parte da estrutura do organismo.
Em resumo, a assimilação é o movimento do processo de adaptação pelos
quais os elementos do ambiente alteram-se para ser incorporados à estrutura do
organismo.
Na acomodação, o organismo, ao mesmo tempo que transforma as
substâncias alimentícias, para poder incorporá-las, transforma-se também ele
mesmo. Assim a boca (ou o órgão correspondente conforme a espécie) deverá abrir-
se, o objeto deverá ser mastigado e os processos digestivos devem adaptar-se às
propriedades químicas e físicas particulares do objeto.
Em síntese, a acomodação é o movimento do processo de adaptação pelo
qual o organismo altera-se, de acordo com as características do objeto a ser
ingerido.
Piaget observa que, ainda que os detalhes dos movimentos assimilativos ou
acomodativos vão variando, há uma invariabilidade em sua apresentação, em
qualquer processo de adaptação de todo ser vivo. Estas constantes proporcionam o
vínculo fundamental entre a biologia e a inteligência, elementos de estudo da
Psicopedagogia.
Levando em conta o anterior, a análise da modalidade da inteligência, em seu
operar, permite chegar a certas conclusões sobre a modalidade de aprendizagem e
a estabelecer correlações com determinadas patologias.
Desta maneira pode ser útil para realizar diagnósticos diferenciais (sintoma-
inibição-problema de aprendizagem reativo-oligofrenia-oligotimia), pode-se falar,
talvez, de uma modalidade de operar a inteligência de acordo com o tipo de
equilíbrio alcançado entre a assimilação e a acomodação.
Assim, então, como se podem encontrar atividades predominantemente
Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
45
assimilativas como o jogo, e outras predominantemente acomodativas como a cópia
de um desenho ou o cumprimento de uma consigna, também podem-se encontrar
pessoas que agem cognitivamente de um modo hiperassimilativo e outras
hiperacomodativamente.
Mas como a inteligência é somente uma das estruturas que intervêm no
processo de aprendizagem, e de outra forma não se pode separar do desejo e da
corporeidade, na análise de um sujeito em particular prefere-se falar de modalidade
de aprendizagem e não de modalidade de inteligência.
Pode-se descrever a hipoassimilação como uma pobreza de contato com o
objeto que redunda em esquema de objeto empobrecido, déficit lúdico e criativo.
A hiperacomodação seria a pobreza de contato com a subjetividade,
superestimulação da imitação, falta de iniciativa, obediência acrítica às normas,
submissão.
Lamentavelmente, a modalidade de aprendizagem
hipoassimilativa/hiperacomodativa é a vedete do sistema educativo. Muitos “bons-
alunos” encontram-se nesta situação.
A hipoacomodação que é a pobreza de contato com o objeto, dificulta na
internalização de imagens, a criança sofreu a falta de estimulação ou o abandono.
A hiperassimilação: predomínio da subjetivização, desrealização do
pensamento, dificuldade para resignar-se.
Com estes conceitos, pode-se concluir que, para que a criança aprenda em
uma modalidade “normal de aprendizagem” seria necessária a produção equilibrada
entre assimilação e acomodação. Estes conceitos são imprescindíveis para que a
prática psicopedagógica possa ser satisfatória para o aluno, a escola, a família e
para a auto-estima do próprio profissional.
O desafio do psicopedagogo frente aos problemas de aprendizagem
Um dos grandes desafios da escola e do educador é o problema da
aprendizagem. À priori, muitos educadores sabem que toda a criança pode
aprender, mesmo aquelas que apresentam aspectos que, para leigos, podem
comprometer a aprendizagem.
Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
46
O problema de aprendizagem que constitui um “sintoma” ou uma “inibição”
toma forma em uma criança, afetando a dinâmica de articulação entre os níveis de
inteligência, o desejo, o organismo e o corpo, redundando em um aprisionamento da
inteligência e da corporeidade por parte da estrutura simbólica inconsciente
(FERNANDEZ, 1991).
Para entender seu significado, o psicopedagogo tem em sua missão o
desafio, pois ele deve descobrir a funcionalidade do sintoma dentro da estrutura
familiar e aproximar-se da história individual da criança e da observação de tais
níveis operando.
Para procurar a remissão desta problemática, caso a intervenção
psicopedagógica não seja satisfatória, a escola precisa e deve apelar a um
tratamento psicopedagógico clínico que busque libertar a inteligência e mobilizar a
circulação patológica do conhecimento em seu grupo familiar e o professor precisa
estar atento a estes sintomas.
“O problema de aprendizagem reativo”, ao contrário, afeta o aprender da
criança em suas manifestações, sem chegar a atrasar a inteligência: geralmente
surge a partir do choque entre o aprendente e a instituição educativa que funciona
expulsivamente.
Para entendê-lo e abordá-lo, deve-se apelar à situação promotora do
bloqueio. O não-aprendiz não requer tratamento psicopedagógico, na maioria dos
casos. A intervenção do psicopedagogo dirigir-se-á fundamentalmente a sanar a
instituição educativa (metodologia-ideologia-linguagem-vínculo). Sobre isso diz
PAÍN:
A função da educação pode ser alienante ou libertadora, dependendo de como for usada, quer dizer, a educação como tal não é culpada de uma coisa ou de outra, mas a forma como se instrumente esta educação pode ter um efeito alienante ou libertador”. “Fundamentalmente, a existência da psicopedagogia clínica implica o fracasso da pedagogia.” De fato, uma educação profilática desde a latência, evitaria a maioria dos problemas de aprendizagem, porém tal educação tem que se inserir em uma realidade onde não seja exceção ou paliativo, mas a modalidade mesma da transmissão da cultura. Em outro instrumento de poder, esse processo tem uma missão alienante na qual a enfermidade cobra o sentido da denúncia, da mesma maneira que o barraco acusa o capitalismo (PAÍN, 1992)
Mas essa denúncia é um processo dialético de renúncia. Os transtornos de
Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
47
aprendizagem reativos exigem a criação de novas e mais eficazes propostas de
abordagem psicopedagógica, assim como impõem a necessidade de traçar
estratégias preventivas. A diferença entre sintoma e problema de aprendizagem é
comparável à diferença existente entre desnutrição e anorexia.
O anoréxico não come, o desnutrido tampouco, mas a articulação do não comer em um caso, é totalmente diferente do outro. No anoréxico, poderíamos dizer que houve um atrape do comer, por desejos de ordem inconsciente, pelo que, apesar de ter comida, não come. Enquanto que na desnutrição, o desejo de comer está ou esteve presente, o que falta é a comida. (FERNÁNDEZ, 1991)
Existe uma grande diferença nesta metáfora transportando-a a ao contexto
educacional. O anoréxico, seria o aluno que, por meios inconscientes, não consegue
aprender, tem e existem ao seu redor todas as possibilidades para aprender, mas
não tem o desejo de aprender, pois este se perdeu.
O desnutrido seria aquele aluno que tem vontade e desejo de aprender, mas
não lhe proporcionaram situações de aprendizagem de acordo com seus interesses,
seu tempo. Ou seja, esse aluno teve “fome” e não teve “comida”.
Nestas situações, o psicopedagogo não pode aceitar o privilégio na
aprendizagem, ou seja, rotular os alunos, ou ser preconceituosos. É preciso voltar
um olhar atencioso aos sintomas de dificuldades de aprendizagem e ao mesmo
tempo, voltar um olhar amoroso para estas crianças oferecendo-lhes o que comer,
ou melhor, oferecer a elas subsídios e possibilidades viáveis para aprender.
Apropriação do conhecimento: a maior das paixões
Nietzsche apud Silva (2006) aconselhava a fazer do conhecimento a mais
potente das paixões. Mas ele preconizava um conhecimento que renova e cria,
liberta e faz com que leve o homem a superar os conflitos pessoais e sociais.
Assim, a aprendizagem é um processo que se significa familiarmente, ainda
que se aproprie individualmente, intervindo o organismo, o corpo, a inteligência e o
desejo do aprendente e também do ensinante, mas o desejo é necessariamente o
desejo do outro, e quando se apropria de determinado conhecimento é possível
conquistar uma nova paixão.
Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
48
A inteligência processa, através da elaboração objetivante, os movimentos de
aproximação e apropriação do objeto, classificando-o, seriando-o, incluindo-o em
alguma estrutura hierárquica e de classe, enquanto que o desejo tende a apropriar-
se do objeto, incluindo-o em algumas metáforas próprias (elaboração subjetivante).
No aprender, interatuam a elaboração objetivante e a subjetivante.
O sintoma instala-se sobre uma modalidade e essa modalidade tem uma
construção pessoal a partir dos quatro níveis (organismo, corpo, inteligência e
desejo) da história pessoal e da significação dada à mesma. A modalidade opera
como uma matriz que está em permanente reconstrução e sobre a qual vão se
incluindo as novas aprendizagens que vão transformando-a, mas de qualquer
maneira a matriz permanece como estrutural.
O sintoma cristaliza a modalidade de aprendizagem em um determinado
momento, e a partir daí esta perde a possibilidade de ir transformando-se e de ser
utilizada para transformar.
O sintoma implica colocar em outro lado, jogar fora, atuar o que não se pode
simbolizar, enquanto que a simbolização permite ressignificar e a ressignificação
possibilita que a modalidade possa ir se modificando.
Ao não poder estabelecer este processo de ressignificação interno à própria
modalidade de aprendizagem, esta modalidade fica enrijecida, impedindo ou
dificultando a aprendizagem de determinados aspectos da realidade. A intervenção
psicopedagógica não se dirige ao sintoma, mas a poder mobilizar a modalidade de
aprendizagem. A partir de tal mobilização, vai relativizando os fatores que constroem
o sintoma.
Aprender é apropriar-se, apropriação que se dá a partir de uma elaboração
objetivante e subjetivante. A elaboração objetivante permite apropriar-se do objeto
ordenando-o e classificando-o, quer dizer, por exemplo, reconhecer uma cadeira
pondo-a na classe “cadeira”, quer dizer, tratando de usar o que a iguala a todas as
cadeiras do mundo.
Por outro lado, a elaboração subjetivante tratará de reconhecer, de apropriar-
se dessa cadeira, a partir daquela única e intransmitível experiência que haja tido o
sujeito com as cadeiras.
Aprende-se o que é uma cadeira, por exemplo, não só a partir do conceito de
Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
49
cadeira, ainda que o necessite, mas também a partir da história de trocas com
cadeiras que cada um teve, das imagens, das lembranças e das fantasias sobre
esse objeto.
Os desafios que (in) viabilizam a aprendizagem sob a ótica do
psicopedagogo
A situação atual não é nem desesperadora, nem motivadora. Começa-se a
saber “o que não se deve fazer”, determinaram-se impasses – limitar-se a atenuar a
reprovação – ou medidas úteis, mas sem comparação com a amplitude do
problema, como o apoio pedagógico.
Em compensação, seria bastante pretensioso saber como se pode, em larga
escala, lutar contra o fracasso escolar e as desigualdades na escola. Os
conhecimentos e os paradigmas que subentendem as pedagogias diferenciadas são
ainda por demais abstratos, por demais pobres para guiar uma verdadeira
operacionalização na área.
Esse programa vale para todos os empreendimentos do gênero: de nada
serve despender esforços consideráveis e louváveis, se não forem baseados em
uma análise rigorosa dos objetos e das estratégias que viabilizam a aprendizagem.
Os desafios melhor determinados articulam-se em concepções bastante
diversas e, às vezes, contraditórias.
Da aprendizagem e do ensino, ou seja, da didática, em uma pedagogia
diferenciada da própria diferenciação, instalada no início ou no cerne da ação
psicopedagógica do lugar da avaliação na regulação das aprendizagens e no ajuste
da ação pedagógica da relação intersubjetiva e intercultural, julgada crucial ou, ao
contrário, marginal na gênese das desigualdades, ou seja, é crucial e discriminatória
a achar que a aprendizagem de todos os alunos se dêem totalmente iguais.
As pedagogias diferenciadas devem enfrentar o problema de base:
Como as crianças aprendem?
Como criar uma relação menos utilitarista com o saber instaurar um contrato
didático e instituições internas que dêem ao trabalho escolar um verdadeiro
sentido?
Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
50
Como inscrever o trabalho escolar em um contrato social e em uma relação
entre professores e alunos que faça da escola um local de vida, um oásis
protegendo, ao menos em parte, dos conflitos, das crises, das desigualdades
e das desordens que perpassam a sociedade?
As disciplinas, assim como as correntes da escola nova, colocaram e
recolocaram o aluno no centro da ação educativa, insistiram no papel do professor
com pessoa-recurso, como organizador de situações de aprendizagem mais do que
como distribuidor de saberes.
Defenderam-se as pedagogias construtivistas e interacionistas, ressaltou-se
que ninguém pode aprender no lugar da criança ou do adolescente, mas que
ninguém aprende sozinho.
Propôs-se um trabalho sobre objetivos-obstáculo mais do que um
planejamento-padrão das atividades acentuou-se mais a construção de
competências do que o acúmulo de conhecimento, favoreceu-se o trabalho por
projetos, por pesquisa e por situações-problema.
Tudo isso é agora evidente para todos? A ruptura com as pedagogias da
transmissão está, certamente, consumada na maior parte dos textos oriundos das
ciências da educação, dos movimentos pedagógicos, até mesmo dos ministérios e,
em grande parte, dos locais de formação inicial ou contínua dos professores.
O que se passa na mente da maioria? O “cenário para uma nova profissão”
não é - ainda não? – a referência comum e, mesmo entre os professores partidários
do princípio de diferenciação – que não são majoritários -, as representações do
ensino e da aprendizagem permanecem bastante tradicionais.
Essas questões pedagógicas e didáticas ultrapassam vários estudos
presentes, já que remetem a uma grande parte das pesquisas e das inovações
contemporâneas. Não se pode abandonar o sonho de saber suficientemente sobre
cada aluno para propor-lhe a priori uma situação de aprendizagem sob medida.
Introduziu a idéia de uma regulação interativa, não ocorrendo a diferenciação
no início da situação de aprendizagem (regulação proativa) e também não intervindo
à maneira de uma remediação (regulação retroativa), mas fazendo parte do
dispositivo didático e da ação pedagógica cotidiana.
Alguns estudiosos colocaram igualmente duas orientações da diferenciação:
Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
51
uma delas centrada no diagnóstico prévio como fundamento de um tratamento
psicopedagógico individualizado, e a outra partindo do princípio de que não se
poderia pretender conhecer o aluno antes de tê-lo envolvido em uma tarefa, a
diferenciação tomando a forma de uma regulação no interior da situação assim
criada.
Sem renunciar a toda orientação dos alunos para situações que pertencem à
sua zona proximal de desenvolvimento, há um afastamento cada vez maior do
modelo do diagnóstico prévio.
A distância cultural
Para que uma atividade seja geradora de aprendizagem, é necessário que a
situação desafie o sujeito, que ele tenha necessidade de aceitar esse desafio e que
isso esteja dentro de seus meios, ao preço de uma aprendizagem nova mais
acessível.
A vontade de aceitar o desafio é uma questão de sentido. Ora, o sentido é a
coisa mais sutil e mais fugaz do mundo. Não basta que uma atividade seja útil,
interessante, apreciada, divertida ou lisonjeira, para que se invista nela.
É necessário, ainda, que tire proveito disso, no registro das emoções e das
relações intersubjetivas. “Como eu poderia ensinar-lhe algo, ele não gosta de mim”.
Os dispositivos didáticos melhor elaborados irão chocar-se com uma parede, se o
aluno sentir-se malreconhecido, mal-amado, maltratado, se a aprendizagem separá-
lo de seus próximos ou mergulhá-lo em tensões ou em angústias, ou até mesmo se
ele encontrar prazer nisso.
É inútil pensar a diferenciação de um ponto de vista estritamente cognitivo.
Um professor carregado de conhecimentos e de instrumentos didáticos, mas que
não consegue comunicar-se, criar um vínculo humano e forte será definitivamente
menos eficaz do que um pedagogo menos preparado, mas com quem o aluno
“sente-se bem”.
As reflexões psicanalíticas sobre a educação, assim como as reflexões éticas
e pedagógicas lembram que, quando se educa alguém, sempre se “flerta” com a
Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
52
violência e todo tipo de desejos obscuros, que há transferência e
contratransferência, medo do outro e gosto pelo poder.
Uma parte do que acontece na relação educativa passa-se em uma cena de
difícil acesso, longe das boas intenções, dos contratos explícitos, das simetrias e
dos procedimentos fundados sobre a razão.
Os sociólogos e os antropólogos acrescentarão que toda relação
intersubjetiva é também intercultural. Mesmo entre membros da mesma sociedade,
da mesma comunidade, da mesma classe social, subsistem diferenças culturais,
entre famílias, entre sexos, entre gerações, em todas as relações sociais e, portanto,
também na escola.
É por isso que, afinal de contas, diferenciar o ensino coloca em confronto não
só diferenças bem visíveis de desenvolvimento, de projeto, de capital cultural, mas
também ínfimas e invisíveis diferenças na relação com o mundo, com a vida, com o
futuro, com os outros, com a propriedade, com o tempo, com a ordem, com o saber,
com o trabalho e com mil outras dimensões da existência.
Pode-se temer que, entrando no problema unicamente pela didática, essas
ínfimas diferenças, que interessam normalmente ao psicanalista e ao sociólogo mais
do que ao pedagogo, psicopedagogo e ao professor, acabem por reduzir todos os
esforços da diferenciação a nada, à maneira de um médico que dispusesse de todos
os conhecimentos e de todas as tecnologias, mas não tivesse conseguido ganhar a
confiança de seus pacientes da mesma forma se o psicopedagogo não ganhar a
confiança dos alunos.
Um currículo diferenciado em situações de aprendizagem
A noção de individualização dos percursos originou-se de constantes
confusões. De fato, as representações sociais associam à palavra “individualização”
a imagem de uma ação pedagógica dirigida para o indivíduo, bastante próxima do
tutorado. Irá falar-se, então, de individualização do ensino, distinguindo-a da
individualização dos percursos de formação.
Para compreender tal distinção, deve-se aceitar a mudança de perspectiva,
colocar-se no ponto de vista do aluno, de seu currículo de formação (no sentido de
Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
53
curriculum vitae), como seqüência de experiências de vida que contribuíram para
forjar sua personalidade, seu capital de conhecimentos, suas competências, sua
relação com o saber e sua identidade.
Nesse sentido, todos os percursos de formação são, de fato, individualizados,
pois dois indivíduos jamais vivem experiências idênticas. Até mesmo verdadeiros
gêmeos, educados e escolarizados juntos, não seguem o mesmo percurso de
formação (Perrenoud, 1996).
Portanto, a luta contra o fracasso escolar não consiste absolutamente em
inventar uma individualização dos percursos que existe em estado “selvagem”, mas
em dominá-la, para deixar de favorecer os favorecidos e desfavorecer os
desfavorecidos.
Para tanto, não basta praticar uma pedagogia diferenciada no seio de uma
turma tradicional. As trajetórias constroem-se em longos períodos e torna-se uma
necessidade o apoio e o conhecimento da Psicopedagogia.
O domínio de sua individualização passa pela criação de dispositivos de
acompanhamento e de regulação durante vários anos consecutivos, o que lança
vários desafios maiores às instituições escolares de apropriar-se do conceito de
individualização ou de personalização dos percursos e operar a ruptura conceitual
com a idéia de individualização do ensino, conceber e dominar progressões nas
aprendizagens durante vários anos.
O que supõe um trabalho em equipes pedagógicas coerentes, no mínimo em
escala de um ciclo de aprendizagem de dois três anos, criar e executar modos de
agrupamento dos alunos que lhes dêem um sentimento de estabilidade, sem voltar à
turma tradicional: grupos multiidades, grupos de projetos, de necessidades, de
níveis, conceber processos e instrumentos de orientação que permitam seguir e
reorientar as trajetórias individualizadas e decidir o encaminhamento dos alunos a
tais atividades ou grupos.
Aqueles alunos que se engajam em tal empreendimento deparam-se com os
limites da organização escolar atual e são levados, cedo ou tarde, a propor
estruturas e procedimentos nitidamente mais complexos, mais móveis, que suscitam
inevitavelmente inquietações, fantasias de injustiça ou de desordem, conflitos de
territórios ou de interesses e muita indisciplina.
Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
54
O primeiro obstáculo são as palavras, que geralmente veiculam idéias
prontas. Os educadores têm uma grande dificuldade em fazer uma tábula rasa da
organização escolar e das práticas pedagógicas atuais, em pensar de outro modo.
Ora, no estado da arte e da teoria, esta é a chave de uma ruptura como tentar
repensar os percursos escolares, para que sua individualização não se limite a
algumas variações marginais em relação a um formação-padrão definida como uma
progressão de grau em grau em um programa estruturado em anos sucessivos, não
levando em consideração o tempo e a naturalidade da criança.
Para isso, é preciso imaginar uma organização diferente, que assumisse as
mesmas funções, produzindo menos fracassos e desigualdades. O ideal seria
confiar o problema a profissionais competentes e comprometidos com a
transformação da realidade.
Se esta proposta há um quê de utopia, ela não recai nem sobre as finalidades
da escola, nem sobre seu sentido ou sua existência, coisa que mereceriam
discussões em si mesmas. As interrogações de Ivan Illich (1970) permanecem
atuais.
A utopia aqui considerada é simplesmente gestionária. Talvez seja a mais
inacessível: pode-se considerar uma sociedade sem escola, ou sem instrução
obrigatória ou generalizada; basta considerar nosso passado ou, ainda, o
desenvolvimento desigual da escolarização no planeta. Também pode-se imaginar
uma escola em busca de outros objetivos, transmitindo uma outra cultura,
privilegiando outros valores.
Contudo, é bem mais difícil imaginar uma escola organizada de tal modo, que
cada aluno seja tão freqüentemente quanto possível colocado em uma situação de
aprendizagem fecunda para ele. No entanto, esse é o verdadeiro desafio da escola e
da Psicopedagogia.
A Psicopedagogia e as dificuldades de aprendizagem
As dificuldades de aprendizagem fazem parte de uma expressão referente a
um grupo heterogêneo de transtornos que se manifestam por dificuldades
Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
55
significativas na apropriação e uso da fala, da leitura, da escrita, do raciocínio e de
habilidades matemáticas ou habilidades sociais, tais transtornos são próprios ao ser
humano.
Uma criança que apresenta dificuldades de aprendizagem pode ser aquela
com habilidade mental, processos sensoriais e instabilidade emocional impróprios,
apresenta defasagens específicas nos processos perceptivos, integrativos ou
expressivos, pelos quais alteram a evolução da aprendizagem.
Os psicopedagogos interessados por uma educação de qualidade sentem a
necessidade de entender como as crianças formulam seus pensamentos, se
desenvolvem e adquirem conhecimento e visão de mundo. Com o intuito de
compreender essas necessidades procura-se estudar, pesquisar, aprender um
pouco mais neste estudo.
Deve ser levado em consideração o contexto social e escolar de um
professor, pois é ele que observa o surgimento de fatos que lhe são estranhos e
nebulosos, às vezes, preocupantes. Isto acontece sempre que ele se depara com
alunos que apresentam dificuldades em aprender, e quando não alcançam nenhum
resultado favorável, é quase que in evitável a atuação psicopedagógica.
Apesar de ter estudado sobre a aprendizagem em sua formação, o professor,
às vezes se sente impossibilitado quando se defronta com tantos obstáculos,
quando surge um aluno inquieto, que causa estranheza, não consegue aprender,
por mais que de façam tentativas, se buscam estratégias, a lacuna na compreensão
do aluno constata-se, e a incompreensão dos fatos pelo professor.
Quando surgem as dificuldades de aprendizagem escolar é preciso procurar
atendimento adequado e especializado do psicopedagogo. Quanto mais tempo
demorar a intervenção, mais graves serão as seqüelas do aluno.
Quando o aluno realiza uma atividade e não alcança sucesso a auto-estima
dele pode diminuir, ele passa a não fazer os deveres escolares, costuma faltar às
aulas e em alguns casos críticos, esse aluno chega a abandonar a escola ou
transfere esses problemas a dificuldades de relacionamento com colegas,
professores e família.
Muitos sinais se tornam claros e relacionam-se principalmente à queda do
interesse pela escola; não tem estímulo pelos trabalhos escolares, queixas que não
Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
56
apresentam relação com a aprendizagem e passa a reclamar da turma, dos
professores, acha tudo chato, não gosta de falar sobre a escola, acha que as tarefas
escolares são cansativas em vez de dizerem que apresentam dificuldades. E como
se quisesse escamotear sua dificuldade.
Portanto, é preciso conhecer o aluno em sua natureza própria, em suas
relações com o outro e com o mundo. Desta forma, é possível aproximar-se da
criança, entender e descobrir suas dificuldades. Isso exigirá, por certo, interesse e
dedicação da parte do professor que deseja e se compromete com uma educação
de qualidade e para todos.
A psicopedagogia e a aprendizagem no contexto
educativo
Segundo Libâneo (2002), o novo paradigma de produção e desenvolvimento
está interligado com uma elevada qualificação que se liga com educação de
qualidade, que se liga também com tecnologia e consequentemente que se liga à
didática, e tudo isto infere que o fracasso deve ser eliminado. Seguindo ainda esse
mesmo esquema, ele mostra a ligação de diversas maneiras, por exemplo,
a tecnologia,
a educação de qualidade;
a elevada qualificação;
o novo paradigma de produção, conhecimento e desenvolvimento.
Esta é a visão na ótica economicista e mercadológica presente no
capitalismo, que antes se encontrava apenas no meio empresarial e industrial, mas
agora, neste novo milênio se tornou uma realidade no campo educacional.
Segundo Libâneo (2002),
A educação é um fenômeno social inerente à constituição do homem e da sociedade, integrante, portanto, da vida social, econômica, política e cultural. É um processo global entranhado na prática social, que ocorre numa variedade de instituições, nas quais os indivíduos estão envolvidos de modo necessário e inevitável, pelo fato de pertencerem uma sociedade
Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
57
(LIBÂNEO, 2002, p. 57).
A Educação no sentido amplo compreende o conjunto dos processos
formativos que ocorrem no meio social, sejam eles intencionais ou não-intencionais,
sistematizados ou não.
A educação informal não-intencional é aquela não-planejada, onde os
saberes são apreendidos no cotidiano familiar visando a aquisição de valores.
A educação não-formal possui um caráter de intencionalidade, tem pouca
estruturação e sistematização, e pode acontecer em diversos lugares como:
sindicatos, igrejas, empresas, organizações políticas e culturais, propagandas etc.
A educação formal é planejada intencionalmente, estruturada, sistematizada e
acontece preferencialmente, dentro da escola.
A "Educação" é uma palavra forte: "Utilização de meios que permitem assegurar a formação e o desenvolvimento de um ser humano (...)". O termo "formação", com suas conotações de moldagem e conformação, tem o defeito de ignorar que a missão do didatismo é encorajar o autodidatismo, despertando, provocando, favorecendo a autonomia do espírito. O ensino, arte ou ação de transmitir os conhecimentos a um aluno, de modo que ele os compreenda e assimile, tem um sentido mais restrito, porque apenas cognitivo. A bem dizer, a palavra ensino não me basta, mas a palavra educação comporta um excesso e uma carência (MORIN, 2001, p. 10).
Na “sociedade do conhecimento” caracterizada pelas novas tecnologias da
informação e da comunicação, tem lugar para a escola? Para o professor? E para o
Psicopedagogo?
Segundo Libâneo (2002) sim, porque a educação tem um papel que nenhuma
outra instância cumpre. Só que precisa ser repensada, sem contudo, esquecer que,
a escola não detém o monopólio do saber sozinha.
E além do professor, o psicopadagogo torna-se indispensável, na formação
para cidadania crítica, na participação social, na formação ética, além da preparação
para o trabalho, no combate ao fracasso escolar e para a elevação da auto-estima.
O professor é mediador e facilitador da criação das condições cognitivas e
afetivas que ajudarão o aluno atribuir significados às informações recebidas das
diversas fontes, com finalidade de revê-las, de reconstruí-las de forma crítica e com
sabedoria, e o psicopedagogo tem uma grande missão em resgatar aqueles alunos
Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
58
que não conseguiram desenvolver-se apenas com a mediação do professor.
O pensamento de Paulo Freire (1987) é relevante à temàtica quando ele
coloca que “ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se
educam entre si, mediatizados pelo mundo”. Reafirma-se aqui, que a educação é
uma prática social que acontece entre os grupos.
Portando, no contexto educativo, o psicopedagogo precisa entender como
alguém aprende, precisa compreender a maneira pela qual ocorre a mediação entre
os estímulos recebidos pela pessoa e as respostas, como sínteses ou produções
manifestadas.
Faz-se necessário conhecer como uma participação ativa do sujeito que,
como produtor de seu conhecimento, elabora e modifica a sua realidade, e, não,
somente, adapta-se a ela.
A psicopedagogia vê a aprendizagem como um resultado da visão de homem
em processo de desenvolvimento, portanto, a psicopedagogia está direcionando-se
ao enfoque no todo, buscando modelos educacionais que possibilitem a mudança de
atitudes e de comportamentos do ser humano, em função de seu desenvolvimento
pessoal.
A inteligência humana resulta de uma organização interna que possibilita ao
sujeito uma adaptação ao meio em que está inserido. Mas para que isso possa
acontecer, é necessária a manipulação de objetos no período sensório-motor a partir
da modificação dos reflexos primários pelo confronto com dito ambiente.
Para atingir esses objetivos, Piaget parte de modelos biológicos e constrói
uma epistemologia, chamada de genética, na qual compara a estrutura do
pensamento a um modelo lógico e matemático.
Desta forma, pode-se perceber que esta corrente dá ênfase na compreensão
de como o homem alcança um conhecimento objetivo da realidade, a partir de suas
estruturas mais elementares presentes desde sua infância.
Do mesmo modo, a partir da contribuição de Piaget, o trabalho
psicopedagógico tenta compreender como se dá a aprendizagem num sujeito dentro
de seu contexto. Assim, acredita-se que em determinada situação pode ser única, o
que exige do psicopedagogo uma profissionalidade, pois segundo Schön (2003),
existem situações únicas e que não podem ser encontradas em nenhum manual de
Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
59
técnicas, depende, muitas vezes do sendo crítico e reflexivo da cada profissional.
Sendo assim, um dos grandes objetivos reside na identificação da dificuldade
de aprendizagem, considerando todos os fatores possíveis e intervenientes neste
processo.
Portando, a psicopedagogia e a aprendizagem no contexto escolar
compreendem um processo muito complexo e que exige deste profissional muito
estudo e muita dedicação, pois o psicopedagogo visa diminuir e tratar problemas de
aprendizagem já instalados no cenário escolar.
Diante disso, faz se necessário um levantamento ou um diagnóstico preciso
da dificuldade encontrada a fim de realizar a intervenção devida, colaborando com o
sucesso do aluno e, conseqüentemente de toda a comunidade escolar.
UNIDADE 3: CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente estudo é de grande valia, pois conhecer as multiplicidades que
envolvem a temática é de suma importância para quem se destina a dedicar-se na
área de Psicopedagogia Institucional.
Este estudo investigativo buscou levantar reflexões sobre psicopedagogia
Institucional e sua aplicabilidade, uma vez que esse assunto é muito importante para
as escolas no que diz respeito ao seu desenvolvimento, sucesso, educação,
aprendizagem, treinamento e formação continuada.
Toda transformação relacionada à atuação do Psicopedagogo nas escolas se
dá ao fato de que essa transformação se acontece através, principalmente, por
valores e pensamentos como a cultura de um povo, reconhecimento humano,
sobretudo a sua valorização como ser humano, valor diferente ao valor econômico e
mercadológico apenas.
Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
60
Nesta perspectiva, essa mudança reflete sobre uma atuação deste
profissional que se abre em espaços para esta discussão, pautando-se em um
estudo na atuação do Psicopedagogo em escolas, suas habilidades e competências
que se evidenciam a cada dia no combate ao fracasso escolar.
A Psicopedagogia, tradicionalmente, tem sido concebida como uma área de
saberes que visam intervenções pedagógicas, de natureza preventiva e terapêutica,
no âmbito de clínicas ou de instituições escolares, para a superação de dificuldades
de aprendizagem.
Em consonância com essa concepção, o profissional formado até então era
levado a desenvolver ações pedagógicas, sem a devida consideração da
importância do envolvimento coletivo de todos os atores da instituição a que o aluno
se encontra vinculado.
Deve-se também atentar para a possibilidade de a manifestação do problema
de aprendizagem trazer algum tipo de benefício ou mesmo ser uma maneira própria
de estabelecer relação com o seu mundo.
O psicopedagogo deve ter uma postura integrativa, deverá levar em conta
não só o sintoma fruto de um distúrbio orgânico, mas também o afetivo, o social, o
cultural e o emocional que o acompanham.
A importância do afetivo emocional está em que não só podem fazer parte do
surgimento ou do agravamento do sintoma como também são importantes no
processo de cura.
O surgimento do sintoma pode ser considerado como uma forma de
expressar um desequilíbrio na constituição do sujeito enquanto aprendente. A
conquista do equilíbrio está não no enfoque em suprir o que falta ao paciente, mas
em possibilitar-lhe uma ação integradora do que ele já conquistou para que na ação
possa construir ou resgatar o que lhe falta.
Pode-se analisar no percurso deste estudo é um processo interativo de um
agente de mudanças externo à escola, que assume a responsabilidade de auxiliar
as pessoas nas tomadas de decisões, não tendo entretanto, o controle direto da
situação, apenas age com as intervenções.
As principais causas do aumento da demanda da atuação do psicopedagogo
são a busca de novos conhecimentos e de inovações para enfrentar a globalização
Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
61
do conhecimento, a necessidade de consolidar vantagens metodológicas, o
incremento dos processos educativos, bem como a necessidades de
questionamento progressivo das realidades dos alunos, visando a um processo de
melhoria contínua, sustentada e progressiva de sua aprendizagem.
A questão da qualidade na educação é como um resultado de todo um
processo da aprendizagem dos sujeitos envolvidos. Essa aprendizagem resulta do
desenvolvimento de objetivos propostos, que deseja a construção da cidadania.
Assim, pode-se dizer que a qualidade, tão desejada, é uma qualidade social,
pois ela só será conquistada a partir do comprometimento de todo o conjunto dos
processos que, juntamente com a presença do psicopedagogo na escola pode ser
conquistada.
Entende-se que qualidade é possível de ser alcançada através da
possibilidade da formação continuada, na busca de um treinamento eficaz, da
aprendizagem em equipe e do esforço da escola e do aluno.
Os profissionais da educação precisam entender e compreender os fatos para
atuarem com competência visando à transformação social e não apenas observar a
realidade que vem sendo mostrada através de avaliações externas à escola o
fracasso escolar.
É necessário que os educadores e psicopedagogos se responsabilizem pelo
setor educacional e busquem a produtividade e a eficiência; com responsabilidade,
competência e pedagogia. Desta forma, é necessário formar parcerias, relações,
interligações entre o mundo do trabalho em equipe e o mundo do trabalho
educacional.
Só assim a sociedade terá condições efetivas de evoluir a aprendizagem, o
social e educativamente; pois sempre se acreditou e se apostou que a educação
seria capaz de transformar a realidade, buscando a verdadeira emancipação e,
conseqüentemente a cidadania. Mas isso será possível na medida em que houver
interesses em comum entre os setores da educação formal e informal, escola,
universidade e sociedade.
Neste sentido, é necessário que se faça acontecer um diálogo entre as áreas
da educação e trabalho, envolvendo assim todos os sujeitos sociais com a
perspectiva de formação humana.
Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
62
Com sentido de viabilizar essa tarefa, o treinamento de pessoal é uma
ferramenta indispensável dentro dos setores de trabalho para garantir o sucesso da
aprendizagem e envolver os professores, direção, família e funcionários com a
mudança, mostrando-lhes os benefícios com motivação, satisfação e educação
continuada.
É preciso reconhecer que a escola pode ser reencantada, cotidianamente,
nos seus mais diversos sentidos, a partir de ações concretas e dos significados que
toda a comunidade escolar atribui e constroem coletivamente para o bem comum.
A escola precisa assumir o compromisso social de desenvolver nos seus
alunos competências e valores que efetivamente contribuem para a sua formação
como cidadão, superando suas dificuldades e resgatando seu desejo de aprender.
Portanto, pode-se concluir que a criança deve ter uma participação ativa e
não ser um mero ouvinte. Ela deve conscientizar-se e ser íntima de cada disciplina,
ter esforço próprio e dedicação. E uma escola deve ser alicerçada no trabalho em
equipe, na colaboração e não na submissão.
Deve ser um ambiente onde o amor e a verdade sejam vivenciados e não
apenas verbalizados, onde a dúvida encontre a luz na razão e não na imposição de
conceitos cristalizados, onde a razão seja desenvolvida pela análise, pela
observação, pelo trabalho real que leve às conclusões lógicas e não pela simples
aceitação de conceitos prontos e acabados, tudo isso precisa ser levado em
consideração.
Conclui-se também que o psicopedagogo e a escola devem apropriar o
projeto pedagógico para atender às crianças portadoras de dificuldades
educacionais especiais com afetividade, reciprocidade, cooperação, participação
ativa, interação social, atividades artísticas e auto-avaliação para facilitar seu
processo de aprendizagem.
Mas para que o sucesso da aprendizagem aconteça verdadeiramente, o
psicopedagogo precisa atuar com profissionalismo, atitude, criticidade, reflexão e
sobretudo com coragem e amor.
Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
63
REFERÊNCIAS
BOSSA, Nadia A. A Psicopedagogia no Brasil. Porto Alegre, Rio Grande do Sul: Artes Médicas Sul, 2000. BOMFIN, David. Pedagogia no treinamento: correntes pedagógicas no ambiente de aprendizagem nas organizações. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2004. CALDEIRA, Elizabeth. Educação social para a empresa: é possível construir a consciência democrática? Itajaí: UNIVALI, 2002. CASTORINA, J. Psicologia genética. Porto Alegre: Artes Médicas, 1988. _________. Teoria psicogenética da aprendizagem e a prática educacional: questões e perspectivas. Cadernos de Pesquisa, São Paulo: Fundação Carlos Chagas, v.88, p.37-46, 1996. FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 17ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1986. _________. Professora sim, tia não. São Paulo: Olho d’Água, 1993. __________. Pedagogia da autonomia. São Paulo: Paz e Terra, 1997. __________. Conscientização: teoria e prática da libertação: uma introdução ao pensamento de Paulo Freire. 3. ed. São Paulo: Moraes, 1988.
Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
64
__________. Educação como prática da liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1999. 150p. FERNÁNDEZ, Alicia. A inteligência aprisionada. Tradução: Iara Rodrigues. Porto Alegre: Artes Médicas, 1991. __________. Idiomas do aprendente: análise de modalidades ensinantes em famílias, escolas e meios de comunicação. Porto Alegre: Artmed, 2001. FREUD, Sigmund. Obras Completas. vol III , Biblioteca Nueva, Madrid, 1968. GASPARIAN, Maria Cecília Castro. Psicopedagogia institucional. São Paulo, Psicopedagogia on-line. 1999. IMBERNÓN, Francisco. Formação docente profissional: formar-se para a mudança e a incerteza. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2002. LERNER, D. O ensino e aprendizado escolar. In: CASTORINA, J.; LERNER, D.; FERREIRO, E.; OLIVEIRA, M. (Orgs.). Piaget-Vygotsky: novas contribuições para o debate. São Paulo: Ática, p.85-146, 1996. LIBÂNEO, José Carlos. Pedagogia e pedagogo, para quê? 5ed. São Paulo: Cortez, 2002. MARCHEZAN, Isabel. Educação ganha novos horizontes. Zero Hora, Empregos & oportunidades, p. 4. Porto Alegre, 23 jun. 2002. MORETTO, Vasco P. Construtivismo, a produção do conhecimento em aula. 3ª ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2002. MORIN, Edgar. A cabeça bem feita: repensar a reforma, reformar o pensamento. Tradução Eloá Jacobina. 5ª ed.. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2001. ________. Sete saberes necessários à educação do futuro. São Paulo: Cortez,2000. NIETZSCHE, Friedrich Wilhelm, 1844-1900- Obras incompletas. Seleção de textos de Gerard Lebrun. 3. ed. São Paulo: Abril Cultural, 1983. PAÍN, Sara. Diagnóstico e tratamento dos problemas de aprendizagem. Tradução de Ana Maria Netto Machado. Porto Alegre, Artes Médicas, 1992. _________. Subjetividade e objetividade. Relação entre desejo e conhecimento. São Paulo: CEVEC, 1996. _________. A função da ignorância. Porto Alegre: artes Médicas, 1999. PERRENOUD, Phillipe. Formando professores profissionais – Quais estratégias? Quais competências? Porto Alegre: Artmed, 1996.
Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
65
_______. Construir as competências desde a escola, Porto Alegre, Artes Médicas, 2000. _______. Dez novas competências para ensinar, Porto Alegre, Artes Médicas, 1996. PIAGET, Jean. A equilibração das estruturas cognitivas: problema central do desenvolvimento. Rio de Janeiro: Zahar. 1976. _______. .A noção de tempo na criança. 2ª ed. Rio de Janeiro: Record, s/d _______. O nascimento da inteligência na criança. Rio de Janeiro; Guanabara, 1987 _______. A psicologia da criança. São Paulo: Difel, 1978 PIMENTA, Selma Garrido (org.) Saberes Pedagógicos e Atividade Docente. São Paulo: Cortez, 1999. RIBEIRO, Flávio Antônio. Administração Holística. In: RODRIGUES, Alziro; NAKAYAMA, Marina Keiko (Orgs.). Modelos de mudança em Administração de Empresas. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2000. SANTOS, Boaventura de Souza. Discurso sobre as ciências. Lisboa: Editora Afrontamentos, 1990. SCHÖN, Donald A. Educando o profissional reflexivo: um novo design para o ensino e a aprendizagem. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2003. SILVA, Rosana Cristina Ferreira. A dialética do prazer na profissão docente. Dissertação (Mestrado em Educação defendida em 28/fev/2006). Três Corações: UNINCOR –2006. SISTO, F. Contribuições do construtivismo à psicopedagogia. In: SISTO, F.; OLIVEIRA, G.; FINI, L., SOUZA, M.; BRENELLI, R. (Orgs.). Atuação psicopedagógica e aprendizagem escolar. Petrópolis, RJ: Vozes, p.34-63, 1996. SWYNGEDOWN, Erik A. The heart of the place: The ressurrection of locality in an age of hyperspace. Geografiska Annales, 71(B), 1989.
LEITURA COMPLEMENTAR
GASPARIAN, Maria Cecília Castro. Psicopedagogia institucional. São Paulo, Psicopedagogia on-line. 1999.
Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
66
PAÍN, Sara. Diagnóstico e tratamento dos problemas de aprendizagem. Tradução de Ana Maria Netto Machado. Porto Alegre, Artes Médicas, 1992.
SISTO, F. Contribuições do construtivismo à psicopedagogia. In: SISTO, F.; OLIVEIRA, G.; FINI, L., SOUZA, M.; BRENELLI, R. (Orgs.). Atuação psicopedagógica e aprendizagem escolar. Petrópolis, RJ: Vozes, p.34-63, 1996.