terra livre nº 34

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TERRA LIVRE PARA A CRIAÇÃO DE UM COLECTIVO AÇORIANO DE ECOLOGIA SOCIAL BOLETIM Nº 34 JULHO DE 2011 Veríssimo Borges e os transgénicos Incineração: Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades Plantas Aromáticas Por um novo paradigma mental, ético e civilizacional

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Page 1: Terra Livre nº 34

TERRA LIVRE PARA A CRIAÇÃO DE UM COLECTIVO AÇORIANO DE ECOLOGIA SOCIAL

BOLETIM Nº 34 JULHO DE 2011

Veríssimo Borges e os transgénicos

Incineração: Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades

Plantas Aromáticas

Por um novo paradigma mental, ético e civilizacional

Page 2: Terra Livre nº 34

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Uma explicação prévia O texto que abaixo divulgo, é um extracto do 4º artigo de uma série que ele intitulou

“ALGUMAS “IDEIAS CHAVE” da CANDIDATURA de VERÍSSIMO BORGES às

próximas eleições”.

Dada a actualidade do mesmo e por desconhecer se foi ou não publicado no Correio dos

Açores, achei por bem tornar público.

Espero estar a contribuir para que a sua voz continue a ser ouvida, mesmo após o seu

falecimento a 8 de Outubro de 2008.

Teófilo

Açores Região Livre de

Transgénicos

“…A segunda prende-se com a

proposta de legislação que decreta os

Açores como “Região Livre de

Transgénicos” , ou OGM (Organismos

Geneticamente Modificados).

Esta proposta é política e

economicamente bastante mais

relevante, não só pelas sucessivas

descobertas de perigosidade biológica

de transgénicos manipulados por

fortíssimos lobbies multinacionais, que

progressivamente vão empobrecendo e

desertificando vastas áreas do globo,

com cada vez maiores e mais gritantes

casos de desinformação e falta de

precaução das multinacionais

envolvidas, mas também pelo já nítido

recuo de alguma permissividade das

instâncias europeias face às pressões

chantagistas destes grupos americanos.

Só nos últimos meses a França eliminou

as anteriores concessões de plantação de

OGMs, criando uma moratória para

estas plantações no seu território, a

Alemanha prepara uma mais férrea

imposição dos princípios

precaucionários e a Polónia elabora a

mais rígida legislação interna anti-

cultivo de OGMs.

No ano passado era ainda a Áustria

olhada com maus olhos pela CE por,

isoladamente, insistir em tolerância zero

no cultivo de OGM no seu território.

Acrescem as elevadas percentagens com

que a maioria absoluta dos

Veríssimo Borges e os transgénicos

Page 3: Terra Livre nº 34

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consumidores europeus repudia

transgénicos nos seus pratos, forçando a

sua rotulagem obrigatória e associando

os OGM à realidade de inimigos

objectivos da Agricultura Biológica,

pondo em causa a própria apicultura.

Nos Açores não cultivamos

transgénicos, mas temos uma imagem

a defender.

Note-se que a Associação Agrícola não

perde oportunidade de os defender, para

além da imagem portuguesa que está

associada a estes cultivos em plena

expansão de áreas utilizadas, acrescida

da ilegalidade do Ministro da

Agricultura continuar a reter a

identificação obrigatória em pormenor,

das áreas efectivamente ocupadas por

estas culturas.

Ora o cultivo de OGM busca sempre

grandes explorações de monocultura e

nos Açores, para além de pastagens, só

produzimos milho de forragem e este

está fora dos interesses das

multinacionais envolvidas.

Não nos imaginamos como futuros

produtores de colza, nem de algodão e o

pouco milho grão que produzimos

apresenta uma variabilidade genética

considerável, a defender, com raças e

variedades locais que já justificaram a

criação de um banco de sementes.

Mas a pressão de plantação de

transgénicos nas nossas ilhas existe e é

persistente, não pelos valores

económicos que possam estar

envolvidos, mas sim pela estratégia das

multinacionais não deixarem território

por explorar. São como o doente que

gosta de contaminar os outros (sente-se

melhor acompanhado).

Nos Açores, sendo ilhas isoladas, o

único interesse das multinacionais será

a instalação de campos experimentais

de casos realmente perigosos, ao ponto

de terem medo da perca de controlo e

fuga para a natureza nos seus próprios

países.

Page 4: Terra Livre nº 34

4

A Universidade dos Açores, há poucos

anos, já foi abordada para a realização

de experiências deste tipo (Vasco

Garcia).

Neste contexto surge o interesse

objectivo e subjectivo de decretar todas

as ilhas açorianas como “Região Livre

de Transgénicos” e abandonar os

projectos peregrinos, existentes na

gaveta, de tornar a breve trecho a

Graciosa em campo experimental.

Neste domínio, assumindo uma imagem

limpa e não conspurcada, vamos ao

encontro do sentir dos nossos melhores

turistas. Assim consolidamos a nossa

imagem de natureza “virgem” e

caminhamos para melhor certificação

dos nossos produtos, não hipotecando o

nosso futuro potencial e mais-valias na

área da Agricultura Biológica.

A simples classificação dos Açores

como “Região Livre de Transgénicos”

vem diluir a pressão das nossas rações

contaminadas. É que, para além de

devermos evitar a importação de OGMs

(especialmente os ilegais na CE) este

controle revela-se difícil e por vezes

impossível.

E como resta espaço neste artigo,

avanço uma outra ideia: “Criar nos

Açores Banco de Sementes

ameaçadas noutras partes do mundo

pela disseminação de OGM”.

Muito simples de entender: Se temos 9

ilhas isoladas com clima temperado,

poderemos em cada uma delas cultivar,

em pequena escala, uma raça ou

variedade de leguminosas ou cereais,

considerados nas suas terras de origem

como de elevado interesse potencial e

em grave risco de diluição genética

pelos OGM introduzidos.

Estes projectos, ambientalmente

inócuos, poderiam até ser financiados

pela FAO e originar futuras exportações

das respectivas sementes para

repovoamento dos países de origem.

Veríssimo Borges

Page 5: Terra Livre nº 34

5

Segundo o Correio dos Açores de 19 de

Maio de 2011, para Carlos César,

Presidente do Governo Regional dos

Açores, com o PEGRAA, a região

atingirá, designadamente em S. Miguel,

uma contribuição de 75% de energia

proveniente de fontes renováveis para a

produção e energia eléctrica. Ainda, de

acordo com o mesmo matutino, para

Álamo Menezes, Secretário Regional do

Ambiente e do Mar, a aposta no sistema

de tratamento de resíduos a ser

implementado constitui “um

investimento estratégico que pretende

transformar os resíduos em valor,

gerando riqueza nas ilhas”.

Poderíamos rebater as afirmações

anteriores, mas não é esse o objectivo

que perseguimos com o presente texto.

Com efeito, decidimos dar a palavra a

quem já teve responsabilidades nas

políticas de ambiente e de energia nos

Açores. Assim, primeiro damos a

palavra aos ex-secretários regionais,

Hélder Silva e Ana Paula Marques e por

último ao ex-presidente do conselho de

administração da EDA.

Para Hélder Silva, a incineração “não é

solução para o problema dos lixos” por

“razões “ambientais e económicas”. O

projecto em questão “deixa clara a

intenção de se manter a situação de

recolha não selectiva de resíduos e de

incineração indiferenciada de resíduos”

que vai “aumentar o risco de emissões

dos fumos e a perigosidade dos próprios

resíduos a depositar num aterro de

resíduos perigosos”. (1)

Ana Paula Marques, por sua vez, tem

alterado a sua posição ao longo do

tempo. Primeiro considerou que seria

bom um sistema incinerador “amigo do

ambiente” conjugado com métodos

alternativos, visando a redução,

reutilização e reciclagem. Mais tarde,

considerou que “apesar de ser mais

barato, do ponto de vista puramente

económico e a curto prazo, colocar os

resíduos dentro de uma incineradora e

produzir energia eléctrica, se incluirmos

as inegáveis vantagens ambientais de

outras abordagens que incluam a

redução, a reutilização e a reciclagem já

temos grandes dúvidas”. (2)

Incineração: Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades

Page 6: Terra Livre nº 34

6

Sendo a maior parte da propaganda

(enganosa) das incineradoras a

relacionada com a energia produzida,

transcrevo a opinião de Neil Tangri, da

Aliança Global de Alternativas às

Incineradoras:

“Esta tecnologia é, muitas vezes,

conhecida como produtora de

Energia, visto poder produzir

electricidade. No entanto, uma

análise detalhada do ciclo de

actividade revela que as

incineradoras gastam mais energia

do que produzem. Isto porque os

produtos, que são incinerados,

deverão ser substituídos por novos

produtos. Extraindo e processando

materiais virgens, transformando-os

em novos produtos, gasta-se muito

mais Energia (causando também

mais danos ao ambiente) do que

produzir materiais reciclados.”

Por último, para ficarmos um pouco

mais esclarecidos em relação à questão

da energia produzida pelas

incineradoras, que de acordo com

algumas afirmações irá contribuir para a

redução das importações de

combustíveis fósseis, as palavras de

Roberto Amaral, em resposta a uma

leitora do Açoriano Oriental, são

elucidativas:

“ … Estão neste momento a decorrer

em S. Miguel vultuosos investimentos

de prospecção de novos

reservatórios geotérmicos e de novos

poços de produção com vista,

precisamente, a aumentar a

capacidade de produção geotérmica,

estando, paralelamente, a decorrer

um concurso público internacional

para a instalação de um parque

eólico com 10 MW de potência.

Este conjunto de novos investimentos

esgota a capacidade de integração

plena de energia renovável nos

próximos anos, pelo que a produção

de energia eléctrica proveniente de

uma instalação de incineração só

poderia ser injectada na rede fora

das horas de vazio, ou retirando de

serviço, nessas horas de vazio,

outras centrais com produção

renovável, nomeadamente as

geotérmicas. …”

(1) Açoriano Oriental, 16 de Abril de

2004

(2) Açoriano Oriental, 22 de Outubro

de 2007

(3) Açoriano Oriental (?), 2010

T. B.

Page 7: Terra Livre nº 34

7

Decorreu no passado dia 18 de Junho,

na Escola Secundária das Laranjeiras

uma sessão teórico-prática sobre

“Plantas Aromáticas”. À sessão, que foi

dinamizada pela Eng.ª Elizabete

Oliveira, docente daquele

estabelecimento de ensino, assistiram

13 pessoas, entre as quais alguns

docentes da mencionada escola.

Depois da sessão teórica, que teve lugar

numa das salas da escola, onde foi feita

uma prelecção sobre plantas aromáticas

e medicinais, suas aplicações e métodos

de propagação, seguiu-se uma visita à

horta pedagógica. Nesta, os

participantes tiveram a oportunidade de

observar algumas das plantas

mencionadas na primeira sessão.

Na horta pedagógica, a Eng. Elizabete,

também, demonstrou como se devia

fazer a propagação por estacas lenhosas

e herbáceas.

Por último, todos os assistentes foram

brindados com a oferta de algumas

aromáticas para plantação nos seus

quintais e jardins.

Plantas Aromáticas

Page 8: Terra Livre nº 34

8

Vivemos hoje uma profunda crise do

paradigma antropocêntrico que

dominou a humanidade europeia-

ocidental e se mundializou: nele o

homem vê-se como centro e dono do

mundo, reduzindo a natureza e os seres

vivos a objectos desprovidos de valor

intrínseco, como meros meios

destinados a servir os fins e interesses

humanos [1]. Se o surgimento da

ciência e da tecnologia moderna

obedeceu, sobretudo após as duas

Revoluções Industriais, à crença no

progresso geral da humanidade

mediante o domínio da natureza e a

exploração ilimitada dos seus recursos,

incluindo os seres vivos, vive-se hoje a

frustração dessa expectativa de um

Paraíso terreno científico-tecnológico e

económico: o sonho comum aos

projectos liberais e socialistas

converteu-se no pesadelo da persistente

guerra, fome e pobreza, da crise

económico-financeira, da destruição da

biodiversidade, do sofrimento humano e

animal e da iminência de colapso

ecológico. Muitos relatórios científicos

mostram o tremendo impacte que o

actual modelo de crescimento

económico tem sobre a biosfera

planetária, acelerando a sexta extinção

em massa do Holoceno, com uma

redução drástica da biodiversidade,

sobretudo nos últimos 50 anos, a um

ritmo que pode chegar a 140 000

espécies de plantas e animais por ano,

devido a causas humanas: destruição de

florestas e outros habitats, caça e pesca,

introdução de espécies não-nativas,

poluição e mudanças de clima [2].

Manifestação particularmente violenta

do antropocentrismo tem sido o

especismo, preconceito pelo qual o

homem discrimina os membros de

outras espécies animais por serem

diferentes e vulneráveis, mediante um

critério baseado no tipo de inteligência

que possuem que ignora a sua comum

capacidade de sentirem dor e prazer

físicos e psicológicos (a senciência, ou

seja, a sensibilidade e o sentimento

conscientes de si, distinto da

sensitividade das plantas) ou o serem

sujeitos-de-uma-vida, consoante as

perspectivas de Peter Singer e Tom

Por um novo paradigma mental, ético e civilizacional

Page 9: Terra Livre nº 34

9

Regan [3]. A exploração ilimitada de

recursos naturais finitos e dos animais

não-humanos para fins alimentares,

(pseudo-)científicos, de trabalho,

vestuário e divertimento, tem causado

um grande desequilíbrio ecológico e um

enorme sofrimento. O especismo é afim

a todas as formas de discriminação e

opressão do homem pelo homem, como

o sexismo, o racismo e o esclavagismo,

embora sem o reconhecimento e

combate de que estas têm sido alvo.

A desconsideração ética do mundo

natural e da vida animal não só obsta à

evolução moral da humanidade como

também a lesa, lesando o planeta, como

é particularmente evidente nos efeitos

do consumo de carne industrial. Além

do sofrimento dos animais, criados

artificialmente em autênticos campos de

concentração [4], além da nocividade da

sua carne, saturada de antibióticos e

hormonas de crescimento [5], a pecuária

intensiva é um mau negócio com um

tremendo impacte ecológico: a

produção de 1 kg de carne de vaca

liberta mais gases com efeito de estufa

do que conduzir um carro e deixar todas

as luzes de casa ligadas durante 3 dias,

consome 13-15 kg de

cereais/leguminosas e 15 000 litros de

água potável, cuja escassez já causa 1.6

milhões de mortes por ano e novos

ciclos bélicos

(http://www.ambienteonline.pt/noticias/

detalhes.php?id=7788); a pecuária

intensiva é responsável por 18% da

emissão de gases com efeito de estufa a

nível mundial, como o metano, emitido

pelo gado bovino, que contribui para o

aquecimento global 23 vezes mais do

que o dióxido de carbono; 70% do solo

agrícola mundial destina-se a alimentar

gado e 70% da desflorestação da selva

amazónica deve-se à criação de

pastagens e cultivo de soja para o

alimentar; entre outros índices,

destaque-se que toda a proteína vegetal

hoje produzida no mundo para

alimentar animais para consumo

humano poderia nutrir directamente 2

000 milhões de pessoas, um terço da

população mundial, enquanto 1 000

milhões padecem fome [6]. Isto leva a

ONU a considerar urgente uma dieta

sem carne nem lacticínios para

alimentar de forma sustentável uma

população que deve atingir os 9.1

biliões em 2050 [7].

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Compreende-se assim a urgência de um

novo paradigma mental, ético e

civilizacional que veja que as agressões

aos animais e à natureza são agressões

da humanidade a si mesma, que não

separe as causas humanitária, animal e

ecológica e que reconheça um valor

intrínseco e não apenas instrumental aos

seres sencientes e ao mundo natural,

consagrando juridicamente o direito dos

primeiros à vida e ao bem-estar e o do

segundo à preservação e integridade (no

que respeita aos animais, Portugal

possui um dos Códigos Civis mais

atrasados, considerando-os meras

coisas, o que urge alterar) [8]. Sem este

novo paradigma, de uma nova

humanidade, não antropocêntrica, em

que o homem seja responsável pelo bem

de tudo e de todos [9], não parece viável

haver futuro.

[1] Kant considera o homem o “senhor

da natureza”, que tem nele o seu “fim

último” –Critique de la faculté de juger,

83, Paris, Vrin, 1982. O mesmo autor

considera que os animais “não têm

consciência de si mesmos e não são, por

conseguinte, senão meios em vista de

um fim. Esse fim é o homem”, que não

tem “nenhum dever imediato para com

eles” – Leçons d’éthique, Paris, LGF,

1997, p.391.

[2] Peter Raven escreve no Atlas of

Population and Environment:

"Impulsionamos a taxa de extinção

biológica, a perda permanente de

espécies, até centenas de vezes acima

dos níveis históricos, e há a ameaça da

perda da maioria de todas as espécies no

fim do século XXI”. A equipa

internacional liderada pelo biólogo

Miguel Araújo, da Universidade de

Évora, publicou recentemente um

importante artigo na revista Nature

sobre as consequências na “árvore da

vida” das mutações climáticas

antropogénicas:http://www.nature.com/

nature/journal/v470/n7335/full/nature09

705.html

[3] Cf. Peter Singer, Libertação Animal

[1975], Porto, Via Óptima, 2008; Tom

Regan, The Case for Animal Rights

[1983], Berkeley, University of

California Press, 2004, 3ª edição. Peter

Singer segue a perspectiva utilitarista

herdada de Jeremy Bentham e baseia-se

na igualdade de interesses dos animais

humanos e não-humanos em

Page 11: Terra Livre nº 34

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experimentarem o prazer e evitarem a

dor, enquanto Tom Regan estende a

muitos dos animais não-humanos a

perspectiva deontológica de Kant,

considerando-os indivíduos com

identidade, iniciativas e objectivos e

assim com direitos intrínsecos à vida, à

liberdade e integridade. Cf. Os animais

têm direitos? Perspectivas e

argumentos, introd., org. e trad. de

Pedro Galvão, Lisboa, Dinalivro, 2011.

[4] Cf. Peter Singer, Libertação Animal;

Jonathan S. Foer, Comer Animais

[2009], Lisboa, Bertrand, 2010.

[5] Segundo a Organização Mundial de

Saúde, mais de 75% das doenças mais

mortais nos países industrializados

advêm do consumo de carne.

[6] Cf. um relatório de 2006 da FAO,

Food and Agriculture Organization, da

ONU, Livestock’s Long Shadow:

environmental issues and

options:http://www.fao.org/docrep/010/

a0701e/a0701e00.HTM

[7]

http://www.guardian.co.uk/environment

/2010/jun/02/un-report-meat-free-diet

[8] Para uma introdução às diferentes

perspectivas e questões éticas e

jurídicas relacionadas com a natureza e

os animais, cf. Fernando Araújo, A

Hora dos Direitos dos Animais,

Coimbra, Almedina, 2003; Maria José

Varandas, Ambiente. Uma Questão de

Ética,Lisboa, Esfera do Caos, 2009;

Stéphane Ferret, Deepwater Horizon.

Éthique de la Nature et Philosophie de

la Crise Écologique, Paris, Seuil, 2011.

[9] Cf. Hans Jonas, Das Prinzip

Verantwortung, Frankfurt am Mein,

Insel Verlag, 1979.

Paulo Borges

Discussão:

http://permaculturaportugal.ning.com/pr

ofiles/blogs/por-um-novo-paradigma-

mental

Visite Transição e Permacultura

Portugal em:

http://permaculturaportugal.ning.com/?x

g_source=msg_mes_network

Page 12: Terra Livre nº 34

12

Parafraseando Gandhi diria que a cultura de

uma empresa ou grupo empresarial pode ser

avaliada pela forma como trata os animais.

Abaixo seguem algumas

reflexões/interrogações sobre um grupo

empresarial que era considerado por muitos

como exemplar.

O mais poderoso Grupo Empresarial dos

Açores, o Grupo Bensaúde, que tem o seu

poder espalhado por diversos sectores

económicos dos Açores e no continente

português, nos últimos anos, tem-se

apresentado como um grupo com

preocupações ambientais, de que é exemplo

a certificação ambiental de alguns dos seus

hotéis (1), sociais, de que é exemplo o

financiamento do Projecto “Cool the Earth”

(2) ou com sensibilidade para o sofrimento

animal, que pode ser exemplificado com o

apoio ao projecto Pegada Positiva, da

Associação Açoriana de Protecção dos

Animais (3)

O grupo Bensaúde, conhecido entre os

açorianos por não “fazer favores a

ninguém”, com as medidas pro-ambientais

que afirma ter tomado, mais do que as ditas

preocupações o que está a fazer é introduzir

acções com vista à racionalização dos

custos e consequentemente aumento dos

seus lucros. Será?

Com outros projectos de cariz social, o

grupo não faz mais do que investir em

publicidade, pois mais do que colaborar no

chamado desenvolvimento dos Açores a

preocupação principal é sempre o

crescimento da sua fortuna, uma das

maiores do país. Será?

O apoio à APA, do nosso ponto de vista

não passa de mais uma manobra publicitária

pois tal é feito apenas numa “bomba de

gasolina” recentemente instalada e com

pouca adesão dos consumidores. Se

houvesse um interesse em apoiar

dignamente a protecção dos animais o

projecto deveria ser extensivo a todas as

“bombas de gasolina” do grupo. Será?

O recente (?) investimento nas touradas de

praça, aquando das São-joaninas - 2011, na

ilha Terceira, durante as quais morreu de

um cavalo, só vem provar o cinismo do

grupo ao apoiar a tortura animal quando

simultaneamente mantém colaboração com

uma associação de protecção de animais.

Será que os touros pertencem ao reino

vegetal?

(1) http://www.grupobensaude.com/pagi

nas/empresas.aspx?idLingua=1

(2) http://www.grupobensaude.com/pagi

nas/noticias.aspx?idNoticia=42&idLing

ua=1

(3)

http://associacaoacorianaproteccaoan

imais.blogspot.com/

Mariano Soares

O GRUPO BENSAÚDE E O BEM-ESTAR ANIMAL