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TEXTO DO DIA
"O Senhor vem em juízo contra os anciãos do seu
povo e contra os seus príncipes; é que fostes vós
que consumistes esta vinha; o espólio do pobre
está em vossas casas."
(Is 3.14)
SÍNTESE
O profeta de Deus percebe quando há injustiça
entre os homens e quando esta atrai o juízo de
Deus. Ele discerne tudo e conhece os grandes
dilemas do seu povo e do seu tempo.
TEXTO BÍBLICO Isaías 3.1-5; 8; 13-15
1 Porque eis que o Senhor Deus dos Exércitos tirará de Jerusalém e de Judá o bordão e o cajado, todo o sustento de pão e toda a sede de água;
2 o valente, e o soldado, e o juiz, e o profeta, e o adivinho, e o ancião;
3 o capitão de cinquenta, e o respeitável, e o conselheiro, e o sábio entre os artífices, e o eloquente;
4 e dar-lhes-ei jovens por príncipes, e crianças governarão sobre eles.
5 E o povo será oprimido; um será contra o outro, e cada um, contra o seu próximo; o menino se atreverá contra o ancião, e o vil, contra o nobre.
8 Porque Jerusalém tropeçou, e Judá caiu, porquanto a sua língua e as suas obras são contra o Senhor, para irritarem os olhos da sua glória.
13 O Senhor se levanta para pleitear e sai a julgar os povos.
14 O Senhor vem em juízo contra os anciãos do seu povo e contra os seus príncipes; é que fostes vós que consumistes esta vinha; o espólio do pobre está em vossas casas.
15 Que tendes vós que afligir o meu povo e moer as faces do pobre? - diz o Senhor, o Deus dos Exércitos.
INTRODUÇÃO
INTRODUÇÃO
• O que é justiça para você?
• A palavra juízo é amplamente usada no AT, em Isaías 40 X.
• Os governantes, os ricos, os sacerdotes e os profetas estavam coniventes com o erro; sentindo-se seguros dentro das fortalezas, usavam todo o seu poder para oprimir os pobres.
• Quem deveria proteger o povo, faz o contrário, o explora.
• O projeta anuncia a justiça e o juízo de Deus.
I - A INJUSTIÇA E A OPRESSÃO DE UM POVO
1. Justiça
• Atualmente a palavra justiça significa o cumprimento de uma lei moral (equidade e a igualdade).
• Para o judeu, era sinônimo de seguir as exigências da lei de Deus e de sua justiça.
• A arrogância levou, principalmente a elite de Israel, a inverter o sentido da justiça, trocando o que justo pelo injusto.
• Exploração daqueles que não têm como se defender, como o fraco, o pobre, o órfão e a viúva (Is 1.17; 23; Is 3.14; 10.2).
• Desenvolvimento à custa dos injustiçados.
2. A opressão oficializada
• Sempre existiram desigualdades em Israel, mas no tempo de Isaias elas adquiriram grandes proporções.
• Divisão de dois grandes grupos: os oprimidos (pobres e marginalizados) e os opressores (elite) - Is 3.12,15; Am 3.9-12.
• Mesmo entre os pobres havia exploração e abuso (Is 3.5).
• As instituições, inclusive educacional, serviam para legitimar o sistema de opressão (ver o livro: Educação Cristã Libertadora).
3. A injustiça como instrumento de triunfo
• Justiça tem o significado de retidão em um caminho ético.
• Em vez disso, derramavam sangue para se alcançar os objetivos pessoais e egoístas (Is 5.7).
• Desonestidade e corrupção na esfera pública e uma grande diferença entre as classes sociais.
• Desrespeito à tradição clânica de proteção da terra familiar (Is 5.8 – ver também o exemplo da “vinha de Nabote”)
• Isaías denunciou o governo e líderes que enganavam o povo e causava dificuldades em vez de facilitar a vida deles.
4. A injustiça no mundo atual
• Semelhança da organização política e socioeconômica do livro de Isaias com o mundo atual.
• Aproximadamente 10 milhões de brasileiros vivem abaixo da linha da miséria; no mundo, quase um bilhão de pessoas sobrevive com menos de dois dólares por dia.
• A afirmação de Jesus de que sempre teríamos pobres entre nós não serve de desculpa para uma inércia cristã diante desta situação.
• Além de pregar o Evangelho, a Igreja tem a responsabilidade de promover a justiça e igualdade.
APLICAÇÃO PRÁTICA
Qual a sua contribuição para mudar a realidade injusta de nossa sociedade?
O que você pode aprender com a atitude de Isaias?
PENSE
A pobreza é uma condição de existência que
reduz as potencialidades de vida humana. Ela
causa sofrimento e desigualdades sociais.
PONTO IMPORTANTE
Na profecia bíblica, os problemas sociais também são encarados como missão e
desafios dos servos de Deus. Os profetas eram homens sensíveis à voz do Espírito de
Deus e aos clamores das injustiças e opressões sociais.
II - A ARROGÂNCIA QUE CEGA
1. A descrição da arrogância pelo profeta
• Isaías é corajoso ao denunciar que as pessoas importantes do governo se portavam com orgulho.
• A profecia de Isaias não era contra o desfrute de coisas boas e do cuidado pessoal. Ele denunciou contra os meios que sustentavam e o descaso com o próximo.
• Num círculo vicioso, a arrogância leva à injustiça e a injustiça à arrogância.
2. Um pecado abominável
• O orgulho foi o primeiro pecado praticado no universo.
• Desde o início da humanidade, o ser humano procura ser um “deus”, o centro de tudo.
• Triste é a situação do ser humano que se acha suficiente e independente de Deus.
• Somos seres sociais e precisamos um do outro.
3. Os males do orgulho
• Orgulho uma afronta a Deus.
• Supervaloriza o "eu" em detrimento do “outro”.
• Leva a prática da desumanização.
• Isaias demonstra que o orgulho leva à prática da injustiça.
APLICAÇÃO PRÁTICA
Como você tem tratado as pessoas?
Você tem dado lugar à arrogância?
PENSE
O orgulho revela a nossa falta de
autoconhecimento enquanto seres humanos.
Quem conhece suas limitações e a fragilidade
da vida de modo algum se torna orgulhoso.
PONTO IMPORTANTE
O livro do profeta Isaías é um bom exemplo
do modo como o orgulho destruiu a
dependência do povo israelita de Deus.
III - A MISERICÓRDIA E A JUSTIÇA DE DEUS
1. O profeta prediz a ruína
• A depravação do povo, em especial dos líderes, resultaria em uma anarquia.
• O profeta anuncia a destruição do sistema de dominação e humilhação dos exaltados.
• O cumprimento foi o exílio babilônico, quando os principais símbolos de proteção divina sobre a nação foram destruídos (templo, inviabilidade de Jerusalém, muros de proteção, entre outros).
• Toda causa tem sua consequência: “a lei da semeadura”.
• Isso é inevitável!
2. Humildade
• A solução era o reconhecimento da dependência de Deus e submissão à Sua justiça.
• “A humildade precede a honra" (Pv 15.33).
• Deus promete habitar "com o contrito e humilde de espírito, para dar novo ânimo ao espírito do humilde e novo alento ao coração do contrito" (Is 57.15).
• Jesus disse que o Reino dos Céus é dos humildes (Mt 5.3).
3. A justiça de Deus
• A justiça divina geralmente é manifestada como atos de salvação, misericórdia e bondade de Deus, mas também de juízo.
• O profeta estava prevendo esse momento para o povo, em que seriam visitados em sua maldade.
• O povo seria poupado se estivesse um líder justo = o messias (lembrando que a expectativa era de um líder humano, não divino).
• O NT irá demonstrar que a justiça de Deus se revela por meio de Cristo e sua Igreja (Ver livro “Justiça e Graça”).
APLICAÇÃO PRÁTICA
Como Igreja, o que temos feito para o estabelecimento da misericórdia e justiça de Deus?
Como Igreja, temos feito a diferença na sociedade?
PENSE
A humildade é o caminho mais fácil para
conseguir o favor de Deus e dos homens.
PONTO IMPORTANTE
A tradição profética israelita sempre trouxe em sua mensagem a combinação entre
anúncio de juízo e restauração, justiça e graça ao povo, pois em última instância a vontade de Deus é sempre trazer vida e esperança, e
não destruição ao ser humano, apesar de sermos merecedores.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesta lição nos aprendemos que:
1. A função profética sempre esteve junto com questões sociais e políticas. As formas de injustiça social em nossa sociedade, demonstra o quanto a profecia de Isaías é atual;
2. A arrogância conduz o ser humano a ignorar o outro;
3. A igreja de Cristo deve ser um meio da revelação da misericórdia e a justiça de Deus.
Subsídios bibliográficos
"Depois da morte do bom rei Ezequias, em 686, e do profeta Isaías, Judá entrou em um processo de declínio em todos os setores, do qual não mais viria a recuperar-se, exceto pelo breve reinado de Josias.
Uma falha específica no caráter de Ezequias pode ser vista no seu comportamento para com os embaixadores de Merodaque-Baladã, de Babilônia. [...] O autor de Reis e o profeta Isaías declaram que o rei Ezequias expôs os tesouros do reino à embaixada babilônica (2Rs 20.12-15; Is 39.1-4). [...] O fato de Ezequias ter aberto seus tesouros para os embaixadores da Babilônia pode ser a expressão de um suposto apoio a causa dos caldeus, de forma que queria impressioná-los mostrando sua força e seu poder. Tal atitude foi má aos olhos do Senhor, ocasionando a ira de Yahweh contra Judá e Jerusalém. Ezequias arrependeu-se, mas Isaías o informou de que chegaria o tempo em que os descendentes políticos desses mesmos caldeus retornariam para Jerusalém. Eles despojariam todo o tesouro de Judá e levariam seus filhos e filhas para a corte real da Babilônia" (MERRILL, H. Eugene. História de Israel no Antigo Testamento: O reino de sacerdotes que Deus colocou entre as nações. 12.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2013, pp. 457-458).
HORA DA REVISÃO
1. Quais são as duas fortes denúncias que Isaías fez na profecia analisada nesta lição?
R) Isaías denuncia a injustiça e o orgulho.
2. Que tipos de injustiça estavam sendo praticadas por Judá?
R) Deus havia ordenado que ninguém deveria acumular terras (Is 5.8), que os julgamentos tinham que ser justos e não deveriam construir nada a preço de sangue, os comerciantes não deveriam ter balança desonesta, ninguém poderia praticar extorsão, não deveriam dar lugar ao orgulho da riqueza.
3. Qual característica o povo assumiu ao se tornar arrogante?
R) É como se Deus não se importasse com nada, ou como se Ele não precisasse ser honrado, assumindo uma postura de autossuficiência.
4. Qual foi o primeiro pecado praticado no universo?
R) O orgulho.
5. Que promessa o Evangelho de Mateus faz aos humildes?
R) Que o Reino dos Céus seria deles.
Referências
REFERÊNCIAS ANDRADE, Claudionor Corrêa de. Fundamentos Bíblicos de um Autêntico Avivamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2005.
ARAUJO, Israel de. Dicionário do Movimento Pentecostal. 1ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2007.
Comentário Bíblico Beacon. Vol 4. Rio de Janeiro: CPAD, 2005.
CROATTO, J. S. Isaías. Vol I: 1-39. O profeta da justiça e da fidelidade. Petrópolis: Vozes, 1989.
DORTCH, W. Richard. Orgulho Fatal: Um Ousado Desafio a este Mundo Faminto de Poder.
FEINBERG, Charles L. Os profetas menores. São Paulo: Vida, 1988.
LIÇÕES BÍBLICAS JOVENS. Isaias: eis-me aqui, envia-me a mim. 3º Trim, Edição Professor, Rio de Janeiro, 2016.
MERRILL, H. Eugene. História de Israel no Antigo Testamento: O reino de sacerdotes que Deus colocou entre as nações. 12.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2013.
REFERÊNCIAS
NAKANOSE, Shigeyuki; PEDRO, Enilda de Paula. Como ler o Primeiro Isaías (Is 1-39). São Paulo: Paulus, 2002.
NEVES, Natalino das. Educação Cristã Libertadora. São Paulo: Fonte Editorial, 2013.
NEVES, Natalino das. Justiça e Graça: um estudo da doutrina da salvação na Epístola aos Romanos. Rio de Janeiro: CPAD, 2015.
RENDTORFF, Rolf. Antigo Testamento: uma introdução. Santo André-SP: Academia Cristã, 2009.
SCHOKEL, Alonso Luís; SICRE. José Luís. Os profetas. São Paulo: Paulus, 2004.
SICRE, José Luís. Profetismo em Israel. Petrópolis: Vozes, 1996.
SILVA, Airton José. A voz necessária: encontro com os profetas do século VIII a.C. São Paulo: Paulus, 1998.
Pr. Natalino das Neves
www.natalinodasneves.blogspot.com.br
Contatos:
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