texto poÉtico

4
TEXTO POÉTICO – 8º ANO BEIJO Beijo na face Talvez te leve Pede-se e dá-se: O vento em breve Dá? Flor! Que custa um beijo? A vida foge, Não tenha pejo: A vida é hoje, Vá! Amor! Um beijo é culpa, Guardo segredo, Que se desculpa: Não tenhas medo Dá? Pois! A borboleta Um mais na face, Beija a violeta: E a mais não passe! Vá! Dois... Um beijo é graça, Oh! Dois? Piedade! Que a mais não passa: Coisas tão boas... Dá? Vês? Teme que a tente? Quantas pessoas tem a Trindade? É inocente... Três! Vá! Guardo segredo, Três é a conta Não tenha medo... Certinha e justa... Vê? Vês ? Dê-me um beijinho, E que te custa? Dê de mansinho, Não sejas tonta! Dê! Três! Como ele é doce! Três, sim: não cuides Como ele trouxe, Que te desgraça: Flor, Vês? Paz a meu seio! Três são as Graças Saciar-me veio, Três as virtudes; Amor! Três.

Upload: diana-ferreira

Post on 14-Jun-2015

949 views

Category:

Documents


1 download

TRANSCRIPT

Page 1: TEXTO POÉTICO

TEXTO POÉTICO – 8º ANO

BEIJO

Beijo na face Talvez te levePede-se e dá-se: O vento em breveDá? Flor!Que custa um beijo? A vida foge,Não tenha pejo: A vida é hoje,Vá! Amor!

Um beijo é culpa, Guardo segredo,Que se desculpa: Não tenhas medoDá? Pois!A borboleta Um mais na face,Beija a violeta: E a mais não passe!Vá! Dois...

Um beijo é graça, Oh! Dois? Piedade!Que a mais não passa: Coisas tão boas...Dá? Vês?Teme que a tente? Quantas pessoas tem a Trindade?É inocente... Três!Vá!

Guardo segredo, Três é a contaNão tenha medo... Certinha e justa...Vê? Vês ?Dê-me um beijinho, E que te custa?Dê de mansinho, Não sejas tonta!Dê! Três!

Como ele é doce! Três, sim: não cuidesComo ele trouxe, Que te desgraça:Flor, Vês?Paz a meu seio! Três são as GraçasSaciar-me veio, Três as virtudes;Amor! Três.

Saciar-me? Louco... As folhas santasUm é tão pouco, Que o lírio fecham,Flor! Vês?Deixa, concede E não o deixamQue eu mate a sede, Amor! Manchar, são... quantas?

Três!

João de Deus

Page 2: TEXTO POÉTICO

As mãos Urgentemente

Com mãos se faz a paz se faz a guerra É urgente o amor.Com mãos tudo se faz e se desfaz É urgente um barco no mar.Com mãos se faz o poema e são de terra

Com mãos se faz a guerra e são a paz É urgente destruir certas palavras,Ódio, solidão e crueldade,

Com mãos se rasga o mar com mãos se lavra Alguns lamentos,Não são de pedra estas casas mas de mãos Muitas espadas.E estão no fruto e na palavrasAs mãos que são o canto e são as armas. É urgente inventar alegria,

Multiplicar os beijos, as searas,E cravam-se no tempo como farpas É urgente descobrir rosas e riosAs mãos que vês nas coisas transformadas E manhãs claras.Folhas que vão no vento, verdes harpas.

Cai o silêncio nos ombros e a luzDe mãos é cada flor, cada cidade Impura, até doer.Ninguém pode vencer estas espadas É urgente o amor, é urgenteNas tuas mãos começa a liberdade. Permanecer.

Manuel Alegre Eugénio de Andrade

Aprofundamento da Leitura – “Urgentemente”

1. Identifica a expressão- chave do poema.

2. Faz o levantamento dos verbos que, no poema, se opõem ao verbo destruir.

3. Atenta no apelo feito pelo sujeito poético.

3.1.De que apelo se trata?

3.2.De que processo se serve o sujeito poético para realçar esse apelo?

4. Atenta agora na relação vida / morte.

4.1.Faz o levantamento dos vocábulos que pertencem ao campo lexical de vida e de morte.

5. Explica a escolha dos verbos inventar ( o quê? ) e permanecer ( para quê?).

6. Explica a simbologia das seguintes palavras, no contexto do poema.

- espadas

- searas

- rios

- manhãs claras

- beijos / rosas

7. “Urgentemente” é um poema dos anos 50. A realidade social e política, no nosso país,

era diferente da que temos hoje. Comenta a actualidade / intemporalidade do poema.

Page 3: TEXTO POÉTICO