texto poÉtico
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TEXTO POÉTICO – 8º ANO
BEIJO
Beijo na face Talvez te levePede-se e dá-se: O vento em breveDá? Flor!Que custa um beijo? A vida foge,Não tenha pejo: A vida é hoje,Vá! Amor!
Um beijo é culpa, Guardo segredo,Que se desculpa: Não tenhas medoDá? Pois!A borboleta Um mais na face,Beija a violeta: E a mais não passe!Vá! Dois...
Um beijo é graça, Oh! Dois? Piedade!Que a mais não passa: Coisas tão boas...Dá? Vês?Teme que a tente? Quantas pessoas tem a Trindade?É inocente... Três!Vá!
Guardo segredo, Três é a contaNão tenha medo... Certinha e justa...Vê? Vês ?Dê-me um beijinho, E que te custa?Dê de mansinho, Não sejas tonta!Dê! Três!
Como ele é doce! Três, sim: não cuidesComo ele trouxe, Que te desgraça:Flor, Vês?Paz a meu seio! Três são as GraçasSaciar-me veio, Três as virtudes;Amor! Três.
Saciar-me? Louco... As folhas santasUm é tão pouco, Que o lírio fecham,Flor! Vês?Deixa, concede E não o deixamQue eu mate a sede, Amor! Manchar, são... quantas?
Três!
João de Deus
As mãos Urgentemente
Com mãos se faz a paz se faz a guerra É urgente o amor.Com mãos tudo se faz e se desfaz É urgente um barco no mar.Com mãos se faz o poema e são de terra
Com mãos se faz a guerra e são a paz É urgente destruir certas palavras,Ódio, solidão e crueldade,
Com mãos se rasga o mar com mãos se lavra Alguns lamentos,Não são de pedra estas casas mas de mãos Muitas espadas.E estão no fruto e na palavrasAs mãos que são o canto e são as armas. É urgente inventar alegria,
Multiplicar os beijos, as searas,E cravam-se no tempo como farpas É urgente descobrir rosas e riosAs mãos que vês nas coisas transformadas E manhãs claras.Folhas que vão no vento, verdes harpas.
Cai o silêncio nos ombros e a luzDe mãos é cada flor, cada cidade Impura, até doer.Ninguém pode vencer estas espadas É urgente o amor, é urgenteNas tuas mãos começa a liberdade. Permanecer.
Manuel Alegre Eugénio de Andrade
Aprofundamento da Leitura – “Urgentemente”
1. Identifica a expressão- chave do poema.
2. Faz o levantamento dos verbos que, no poema, se opõem ao verbo destruir.
3. Atenta no apelo feito pelo sujeito poético.
3.1.De que apelo se trata?
3.2.De que processo se serve o sujeito poético para realçar esse apelo?
4. Atenta agora na relação vida / morte.
4.1.Faz o levantamento dos vocábulos que pertencem ao campo lexical de vida e de morte.
5. Explica a escolha dos verbos inventar ( o quê? ) e permanecer ( para quê?).
6. Explica a simbologia das seguintes palavras, no contexto do poema.
- espadas
- searas
- rios
- manhãs claras
- beijos / rosas
7. “Urgentemente” é um poema dos anos 50. A realidade social e política, no nosso país,
era diferente da que temos hoje. Comenta a actualidade / intemporalidade do poema.