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ACADEMIA MILITAR
Os Sistemas de Vigilância em Apoio das Operações de
Reconhecimento e de Segurança
Aspirante Oficial Aluno de Cavalaria Pedro Miguel Martins Bernardo
Orientador: Tenente Coronel de Cavalaria João Carlos Pinto Bouça Flores Noné
Santana
Relatório Científico Final do Trabalho de Investigação Aplicada
Lisboa, julho 2013
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i
ACADEMIA MILITAR
Os Sistemas de Vigilância em Apoio das Operações de
Reconhecimento e de Segurança
Aspirante Oficial Aluno de Cavalaria Pedro Miguel Martins Bernardo
Orientador: Tenente Coronel de Cavalaria João Carlos Pinto Bouça Flores Noné
Santana
Relatório Científico Final do Trabalho de Investigação Aplicada
Lisboa, julho 2013
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ii
Dedicatória
Ao meu Pai.
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iii
Agradecimentos
Em primeiro lugar, queria agradecer à minha cara-metade pela sua imensa paciência
e por perdoar a minha ausência durante estes 5 longos anos, em especial este último. O seu
constante e incansável apoio foram pilares estruturais nesta caminhada. Obrigado Carla
Martins.
Em segundo lugar, queria agradecer ao meu orientador, TCor Cav João Noné
Santana, pelo tempo sacrificado para me “guiar” nesta jornada e pelos bons conselhos e
experiência mesmo quando o tempo não corria a favor.
Ao TCor Cav Miguel Freire, ao TCor Cav José Baltazar, ao TCor Jorge Ferreira e
ao TCor Luís Marino, pelos preciosos contributos fornecidos nas respostas às entrevistas.
Não posso deixar de agradecer publicamente ao Cap Cav Pedro Cabral, à Cap Cav
Elizabete Silva, e ao Cap Cav Tiago Pires pelos conhecimentos transmitidos, pela total
disponibilidade em fornecer informações, pelas respostas às entrevistas e por
disponibilizarem os meios materiais e humanos necessários aquando da análise dos
equipamentos.
Ao 1 Sarg Cav Soeiro, ao 1 Sarg Cav Coelho e ao 1 Sarg Cav Meireles do
Regimento de Cavalaria N.º 6, o meu obrigado, por todo o tempo despendido e pela
paciência na explicação de todos os equipamentos das várias versões da VBR PANDUR II
e cedência de material que se veio a verificar uma imprescindível ferramenta de trabalho.
Queria ainda agradecer ao Comando e a todos os Oficiais, Sargentos e Praças da
Academia Militar, do Regimento de Cavalaria N.º 6 e do Quartel da Cavalaria que
contribuíram direta ou indiretamente para a realização desta tese de mestrado.
Por fim, e porque os últimos são os primeiros, à minha mãe por ter “acumulado as
funções” de pai quando este faleceu e ainda assim ter a força, a vontade e a coragem de
lutar para que eu tivesse um futuro promissor e pelas constantes palavras de apoio. Mãe, és
um exemplo!
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iv
Resumo
O presente Trabalho de Investigação Aplicada encontra-se subordinado ao tema “Os
Sistemas de Vigilância em Apoio das Operações de Reconhecimento e Segurança”.
Utilizando como fio condutor o problema de investigação, materializado numa
pergunta de partida “Os Esquadrões de Reconhecimento, orgânicos das Brigadas do
Sistema de Forças Nacional (SFN), possuem na sua organização Sistemas de
Vigilância adequados à execução de Operações de Reconhecimento e Segurança de
acordo com os padrões doutrinários de referência?”.
Os instrumentos de recolha de dados foram a pesquisa bibliográfica sobre a
temática em estudo, apoiada em publicações doutrinárias nacionais e em doutrina
estrangeira, em revistas da especialidade e em outros trabalhos de investigação.
Desta forma foi possível elaborar a primeira parte do trabalho, abordando a
relevância das Informações nas estruturas de Planeamento e Comando das atividades
Operacionais. Salientou-se a importância das Unidades de Reconhecimento que, pela sua
organização e pelos meios humanos e materiais, são a força mais vocacionada para
obtenção das notícias. Estas irão, depois de devidamente confirmadas e trabalhadas, dar
origem a Informação, que irá assumir um papel fulcral no Processo de Decisão Militar.
Na segunda parte do trabalho, com um conteúdo mais prático, é feita uma análise
aos equipamentos e as características específicas dos Equipamentos de Vigilância das
Unidades de Reconhecimento do Sistema de Forças Nacional em Operações de
Reconhecimento e Segurança. Para cumprir tal desígnio, foram elaborados quadros
comparativos, tendo por base o equipamento existente nas nossas forças, que permitiram
estudar o tipo de missão que cada equipamento permite realizar.
Após termos as bases teóricas que alicerçam o Trabalho de Campo, elaboraram-se e
aplicaram-se entrevistas a antigos e atuais Comandantes de Unidades de Reconhecimento,
procurando enriquecer esta investigação com a sua experiência e com os seus
conhecimentos neste campo.
Salienta-se como resultado desta investigação, o facto de os Esquadrões de
Reconhecimento não possuírem Sistemas de Vigilância adequados para o cumprimento de
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v
Operações de Reconhecimento e de Segurança. Esta lacuna é mais evidente nos Meios
Optrónicos que operam até aos 4000/5000m de alcance, cobrindo a zona em que o
Esquadrão trabalha. Segundo o modelo conceptual, equipamentos como câmaras Térmicas,
Diurnas e Nocturnas, não estão previstas nos Quadros de Material. No entanto, existem
também lacunas ao nível dos Meios Ópticos, nomeadamente na falta de binóculos com
proteção laser.
Com base neste estudo concluiu-se, ainda, que não há interoperabilidade entre os
sistemas de vigilância, com especial ênfase para os meios mais recentes cuja utilização
atual não retira pleno proveito das capacidades dos sistemas. Há ainda uma necessidade de
aliar estes sistemas com os meios rádio, o que, a acontecer, possibilitará a transmissão dos
dados/notícias obtidas em tempo real (ou próximo do real), para o escalão superior.
Palavras-chave: Equipamentos de Vigilância/Observação, Operações de
Reconhecimento/Segurança, Informações.
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vi
Abstract
The Current assignment of Applied Investigation is linked to the topic “The
Surveillance systems in support of reconnaissance and security operations”
Using as a connecting line the problem of research, materialized in a starting
question
“Do The organic reconnaissance squads of the National Forces Brigades System
(SFN) possess in their organization adequate Surveillance Systems for carrying out
Reconnaissance and Security operations in line with the doctrinal reference standards?”
The Data gathering means were Bibliographical research about the current subject
in study, supported by National doctrinal publications, and in Reference doctrine, as well
as magazines of the trade and other research papers.
In this way it was possible to write the first part of the work, approaching the
relevance of information in the Planning and Command Structures of Operational
Activities.
The importance of Reconnaissance units, that due to their organization, human and
material resources, are the most specialized force in news gathering, was underlined.
These news after properly confirmed and worked on, will in time give way to
information that will take on a crucial role in the process of Military decision.
In the second part of the work, with a more practical content, an analysis is carried
out of surveillance equipment of the Reconnaissance units of the National Forces system in
operations of reconnaissance and security and their specific characteristics. To accomplish
this goal, comparison charts were drawn up, having as a basis the existing equipment in
our forces, that allowed the study of what type of mission that each equipment allows for.
After establishing the theoretical basis with which to build from with the field work,
Interviews were carried out of former and acting Reconnaissance unit Commanders,
seeking to enrich this research with their experience and knowledge in the field.
To point out as a result of this investigation, is the fact that the reconnaissance
squads do not have adequate surveillance systems to carry out security and reconnaissance
operations. This becomes even more apparent with the optronic means that operate until a
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range 4000/5000mtrs, covering the zone where the squad is operating. According to the
conceptual model, equipment such as thermal cameras, for day and night, are not available
in the equipment board. However there are also deficiencies with the optical means,
namely with the lack of binoculars with laser protection.
Based on this study, it was also concluded that there is no interoperability between
surveillance systems, with special mention to the fact that the more recent means are not
being used to the full extent of their system capabilities. There is also a need to ally these
systems with the Radio means , that in doing so would make real time (or very close to it)
data/news transmission to the higher Rank possible.
Keywords: Surveillance/Observation Equipment, Reconnaissance/Security
Operations, Information.
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viii
Índice Geral
Dedicatória ................................................................................................................ ii
Agradecimentos ....................................................................................................... iii
Resumo ..................................................................................................................... iv
Abstract .................................................................................................................... vi
Índice Geral ........................................................................................................... viii
Índice de Figuras ..................................................................................................... xi
Índice de Quadros .................................................................................................. xii
Índice de Tabelas ................................................................................................... xiii
Lista de Apêndices e Anexos ................................................................................ xiv
Lista de Abreviaturas, Siglas e Acrónimos .......................................................... xv
Capítulo 1 .................................................................................................................. 1
Introdução ................................................................................................................. 1
1.1. Enquadramento/Contextualização da Investigação ..................................... 1
1.2. Justificação do Tema ................................................................................... 2
1.3. Delimitação do Estudo ................................................................................ 2
1.4. Objetivos ...................................................................................................... 3
1.5. Problema de Investigação e Questões Derivadas ........................................ 3
1.6. Hipóteses ..................................................................................................... 4
1.7. Metodologia ................................................................................................. 4
1.8. Estrutura do Trabalho .................................................................................. 5
Capítulo 2 .................................................................................................................. 7
Revisão de Literatura............................................................................................... 7
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ix
2.1. Introdução .................................................................................................... 7
2.2. A Tomada de Decisão Militar ..................................................................... 7
2.3. As Informações ............................................................................................ 8
2.4. O Campo de Batalha .................................................................................. 10
2.5. A Ameaça .................................................................................................. 12
2.6. Operações de reconhecimento ................................................................... 13
2.6.1. Fundamentos .............................................................................................. 14
2.6.2. Tarefas dos Esquadrões de Reconhecimento em Operações de
Reconhecimento ........................................................................................ 15
2.7. Operações de Segurança ............................................................................ 16
2.8. O Caso dos Esquadrões de Reconhecimento Portugueses ........................ 17
2.9. Síntese Conclusiva ..................................................................................... 18
Capítulo 3 ................................................................................................................ 19
Metodologia e Procedimentos ............................................................................... 19
3.1. Introdução .................................................................................................. 19
3.2. Metodologia ............................................................................................... 19
3.3. Entrevistas ................................................................................................. 19
3.4. Caracterização da amostra ......................................................................... 20
Capítulo 4 ................................................................................................................ 21
Apresentação, Análise e Discussão de Resultados ............................................... 21
4.1. Introdução .................................................................................................. 21
4.2. Sistemas de Vigilância em uso no Exército Português.............................. 21
4.2.1. Meios Ópticos ............................................................................................ 22
4.2.1.1 Binóculos ............................................................................................... 22
4.2.2. Meios Optrónicos ...................................................................................... 22
4.2.2.1 Radares .................................................................................................. 22
4.2.2.2 Câmaras Térmicas ................................................................................. 24
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x
4.2.2.3 Veículos Aéreos Não Tripulados ........................................................... 25
4.2.2.4 Veículos Terrestres Não Tripulados ...................................................... 26
4.2.2.5 Sensores Terrestres Controlados à Distância......................................... 27
4.2.2.6 Câmaras Diurnas ................................................................................... 28
4.3. Quadros de Comparação dos Equipamentos de Vigilância ....................... 29
4.4. Análise dos Resultados .............................................................................. 32
4.5. Síntese Conclusiva ..................................................................................... 41
Capítulo 5 ................................................................................................................ 43
Conclusões e Recomendações ................................................................................ 43
5.1. Introdução .................................................................................................. 43
5.2. Resposta às Perguntas Derivadas e Verificação das Hipóteses de
Investigação ............................................................................................... 43
5.3. Resposta à Questão Central ....................................................................... 45
5.4. Limitações à Investigação ......................................................................... 46
5.5. Propostas e Recomendações ...................................................................... 46
5.6. Investigações Futuras ................................................................................ 47
Bibliografia ............................................................................................................. 48
APÊNDICES ........................................................................................................... 51
ANEXOS ................................................................................................................. 82
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xi
Índice de Figuras
Figura n.º 1 — Relação Tempo X Comando.................................................. 7
Figura nº 2 - Radar AN/PPS 5B montado no tripé ....................................... 83
Figura nº 3 – BOR – A550 ........................................................................... 83
Figura nº 4 - Sensor Terrestre Spinout-1 ...................................................... 84
Figura nº 5 – Conventional aircraft VS Stealth ............................................ 84
Figura nº 6 – Assinatura electromagnetica aeronave “normal” VS Stealth . 85
Figura nº 7 - Radar Passivo .......................................................................... 85
Figura nº 8 - Operação em Multi-sector ....................................................... 87
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xii
Índice de Quadros
Quadro n.º 1 - Modelo metodológico utilizado .............................................. 5
Quadro nº 2 – Comparação de alcances ....................................................... 29
Quadro nº 3 – Comparação de características 1 ........................................... 30
Quadro nº 4 — Comparação de características 2 ......................................... 31
Quadro n.º 5 — Caracterização da amostra ................................................. 32
Quadro nº 6 — Questão n.º 1 ....................................................................... 32
Quadro n.º 7 — Questão n.º 2 ...................................................................... 34
Quadro nº 8 – Questão nº 3 ......................................................................... 36
Quadro nº 9 – Questão nº 4 .......................................................................... 37
Quadro nº 10 – Questão nº 5 ........................................................................ 39
Quadro nº 11 – Questão nº 6 ........................................................................ 40
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xiii
Índice de Tabelas
Tabela 1 - Critérios de Qualidade da Informação ........................................ 10
Tabela 2 - Dispersão de Homens/km2 ......................................................... 11
Tabela 3 - Alcance do Radar BOR-A 550.................................................... 86
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xiv
Lista de Apêndices e Anexos
APÊNDICE A : GUIÃO DE ENTREVISTA .............................................. 52
APÊNDICE B: ENTREVISTA TCOR JOSÉ FREIRE ............................... 55
APÊNDICE C: ENTREVISTA TCOR JOSÉ BALTAZAR........................ 57
APÊNDICE D: TCOR JORGE FERREIRA ................................................ 63
APÊNDICE E: TCOR LUIS MARINO ....................................................... 71
APÊNDICE F: CAP PEDRO CABRAL ...................................................... 73
APÊNDICE G: CAP ELISABETE SILVA ................................................. 78
APÊNDICE H: CAP TIAGO PIRES ........................................................... 80
ANEXO A: FIGURAS ................................................................................. 83
ANEXO B: FICHAS DE MATERIAL ........................................................ 88
ANEXO C: QUADROS DE MATERIAL DOS ESQUADRÕES DE
RECONHECIMENTO .......................................................... 92
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xv
Lista de Abreviaturas, Siglas e Acrónimos1
BrigMec — Brigada Mecanizada
BrigInt — Brigada de Intervenção
BRR — Brigada de Reação Rápida
CCIR — Commander’s Critical Information Request
EM — Estado-Maior
ERec — Esquadrão de Reconhecimento
ISR — Intelligence, Surveillance and Reconnaissance
II GM — 2ª Guerra Mundial
ISTAR — Intelligence, Surveillance, Target Acquisition and
Reconnaissance
IVR — Informações, Vigilância e Reconhecimento
IVR — Informações, Vigilância e Reconhecimento
KFOR — Kosovo Force
NAPS — Navigation and Positioning System
NATO — North Atlantic Treaty Organization
NBC — Nuclear, Biological, Chemical
NEP — Normas de Execução Permanente
OTAN — Organização do Tratado do Atlântico Norte
PDM — Processo de Decisão Militar
PelRec — Pelotão de Reconhecimento
PITVANT — Projeto de Investigação e Tecnologia em Veículos Aéreos
Não Tripulados
PO/PE — Posto de Observação/Posto de Escuta
RWS — Remote Weapon System
SFN — Sistema de Forças Nacional
SICCE — Sistema de Informação para o Comando e Controlo do
Exército
1Abreviaturas militares de acordo com PDE 0-18-00 (Exército Português, 2010a).
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xvi
SIC-T — Sistema de Informação e Comunicações Tático
SPI — Sistema Politico Internacional
TDS — Threat Detecting System
TIA — Trabalho de Investigação Aplicada
TO — Teatro de Operações
UAS — Unmanned Aerial System
UAV — Unmanned Air Vehicle
UEC — Unidade Escalão Companhia
UGV — Unmanned Ground Vehicle
UXO — Unexploded Ordnance
VANT — Veiculo Aéreo Não Tripulado
VBR — Viatura Blindada de Rodas
VCB — Vigilância do Campo de Batalha
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Capítulo 1 – Introdução
1
Capítulo 1
Introdução
O presente Trabalho de Investigação Aplicada (TIA), etapa final dos cursos da
Academia Militar, está subordinado ao tema “Os Sistemas de Vigilância em Apoio das
Operações de Reconhecimento e Segurança”. Neste Capítulo será feito o enquadramento e
justificação do tema, bem como a delimitação do estudo e os objetivos que nos propomos
atingir com este trabalho. Será enunciada a pergunta de partida, que não será mais do que
um “fio condutor” do trabalho que nos orientou na direção certa, e as perguntas derivadas,
cuja solução contribuiu para chegarmos à solução final.
1.1. Enquadramento/Contextualização da Investigação
As constantes evoluções tecnológicas que se têm feito sentir no meio militar levam
a um aumento do Campo de Batalha, fruto do desenvolvimento do armamento, quer ao
nível dos alcances, quer ao nível dos efeitos. Hoje em dia, mais do que nunca, as operações
são executadas de forma cirúrgica e sem margem para erros, o que coloca mais pressão nos
ombros de quem tem por missão decidir — o Comandante. E porque, já dizia Sun Tzu em
“A Arte da Guerra” “Conhece-te a ti e ao teu inimigo, e em cem batalhas que sejam, nunca
correrás perigo”, a capacidade de obter Informação correta e em tempo pode fazer a
diferença numa batalha. (Tzu, 2003, p. 66) A modernização dos sistemas do Campo de
Batalha, aliada à necessidade de decidir bem, antecipando possíveis ações do adversário,
levou a uma “dependência” de Informações. Para tal, cabe a todas as Unidades, mas em
especial às Unidades de Reconhecimento “alimentar” o Sistema de Informações para que o
Comandante possa decidir a sua manobra, de forma a cumprir a missão.
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Capítulo 1 – Introdução
2
1.2. Justificação do Tema
A importância deste estudo centra-se no facto de ser uma temática atual, que não
tem sido abordada neste tipo de trabalhos e pela relevância, que cada vez mais, este
assunto tem nas Operações Militares. A modernização do Campo de Batalha e a crescente
necessidade de obtenção de Informações em tempo real ou próximo do real para apoiar os
Comandantes na decisão, torna este tema bastante pertinente, especialmente porque, a cada
dia que passa, surgem novas ameaças nos Teatros de Operações (TO).
Nos últimos anos, algumas Unidades de Reconhecimento do SFN receberam novos
meios, no que a Sistemas de Vigilância diz respeito, nomeadamente com a chegada das
viaturas da família VBR PANDUR II 8x8 e dos Carros de Combate Leopard 2A6.
Salientam-se as VBR PANDUR II versão Reconhecimento que equipam a Secção de VCB
e as restantes, que possuem meios que, não sendo específicos para a vigilância do Campo
de Batalha, servem esse propósito.
1.3. Delimitação do Estudo
As restrições materializadas no curto espaço temporal e físico para a realização
deste trabalho, às quais se acumula a abrangência desta temática, levaram à necessidade de
o delimitar. Desta forma, as Unidades a que nos referimos como Unidades de
Reconhecimento são Unidades de Escalão Companhia (UEC). Neste caso, e porque se trata
de Unidades de Cavalaria, a denominação correta será Esquadrão.
Por outro lado, e apesar de abordarmos as unidades cujo core-business visa a
obtenção de Informações para os mais altos escalões, decidimos, por uma questão de
objetividade, restringirmo-nos às Unidades de Reconhecimento da Arma de Cavalaria, do
Sistema de Forças Nacional, optando por não abordar o Batalhão ISTAR2, os Pelotões de
Reconhecimento e a Secção VCB, ambos da Companhia de Apoio de Combate dos
Batalhões de Infantaria da Brigada de Intervenção (BrigInt) e da Brigada Mecanizada
2 ISTAR – Intelligence, Surveillance, Target Acquisition and Reconnaissance (Informações, Vigilância,
aquisição de Objetivos e Reconhecimento). O ISTAR é definido como “a aquisição coordenada, o
processamento e difusão oportuna de notícias e Informações (precisas, relevantes e seguras), que apoiam o
planeamento e a conduta das operações, o ataque a objetivos e a integração de efeitos (processo de
targueting) contribuindo para que um Comandante possa atingir os objetivos operacionais de uma
determinada operação. Por outras palavras, é uma atividade de Informações que integra e sincroniza o
planeamento com a gestão dos sensores e outros meios, os sistemas de processamento, exploração,
targeting e disseminação, em apoio das operações correntes e futuras.” (Perdigão, 2008, pp. 405 - 408)
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Capítulo 1 – Introdução
3
(BrigMec) e os Pelotões de de Reconhecimento da Companhia de Comando e Apoio da
Brigada de Reação Rápida (BRR). Estão excuídas deste estudo, as Operações de Apoio á
Paz.
No que concerne aos Sistemas de Vigilância, apenas foi feita análise aos
equipamentos3, não se abordando o “Sensor Humano”.
1.4. Objetivos
Este trabalho tem como objetivo geral de estudo, analisar se as Unidades de
reconhecimento do Sistema de Forças Nacional, possuem os Sistemas de Vigilância
necessários para a execução de missões no âmbito das Operações de Reconhecimento e
Operações de Segurança. Como objetivos específicos deste estudo temos:
Identificar os requisitos específicos que os equipamentos de vigilância
necessitam de possuir para serem empregues por Unidades de Reconhecimento
nas Operações de Reconhecimento e Segurança;
Identificar lacunas e mais-valias ao nível dos equipamentos de vigilância nas
Unidades de Reconhecimento;
Identificar novos meios que se possam constituir numa mais-valia para o
cumprimento das missões atribuídas às Unidades de Reconhecimento.
1.5. Problema de Investigação e Questões Derivadas
Com este trabalho pretende-se determinar/responder à questão central:
Os Esquadrões de Reconhecimento, orgânicos das Brigadas do Sistema de Forças
Nacional (SFN), possuem na sua organização Sistemas de Vigilância adequados à
execução de Operações de Reconhecimento e Segurança de acordo com os padrões
doutrinários de referência? A partir desta, derivam outras questões pertinentes,
nomeadamente:
3 Consultar Anexo C – Quadros de Material dos Esquadrões de Reconhecimento
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Capítulo 1 – Introdução
4
QD1: Que tipos de requisitos específicos devem os Sistemas de Vigilância possuir,
para serem empregues no apoio à execução das Operações de Reconhecimento e de
Segurança?
QD2: Que equipamentos de vigilância devem possuir os Esquadrões de
Reconhecimento para serem empregues em Operações de Reconhecimento e de
Segurança?
QD3: Que novos meios, fruto das constantes evoluções tecnológicas, cumprem as
especificações para serem empregues pelos Esquadrões de Reconhecimento em Operações
de Reconhecimento e de Segurança?
1.6. Hipóteses
Perante as questões identificadas, formularam-se as três hipóteses seguintes:
H1: Existem requisitos específicos que os equipamentos de vigilância devem
possuir para que as Operações de Reconhecimento e de Segurança se efetuem com
sucesso.
H2: Os Esquadrões de Reconhecimento devem possuir meios de deteção de longo
alcance e equipamentos que permitam observar em períodos de visibilidade reduzida e sob
quaisquer condições meteorológicas e que permitam a ligação a outros sistemas.
H3: Existem novos meios que poderiam complementar os atuais, na demanda pelo
domínio da Informação.
1.7. Metodologia
Na realização deste trabalho de investigação foram tidas em consideração as
orientações definidas pela Academia Militar, nomeadamente no ANEXO F à NEP
520/DE/30JUN11, tendo sido complementado com o Manual de Investigação em Ciências
Sociais de Quivy & Campenhoudt (2008) e pelo Guia Prático sobre Metodologia Científica
para a elaboração, escrita e apresentação de tese de doutoramento, dissertações de
mestrado e Trabalhos de Investigação Aplicada de Sarmento (2008).
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Capítulo 1 – Introdução
5
Através do emprego da metodologia de investigação científica, nas suas várias
etapas, recorrendo a uma Pergunta de Partida (Questão Central) e respetivas Questões
Derivadas, foi possível atingir o objetivo a que nos propusemos.
A metodologia do Trabalho de Investigação adotada é explanada no quadro que se
segue.
Quadro n.º 1 - Modelo metodológico utilizado
[Adaptado de Quivy & Campenhoudt (2008)]
1.8. Estrutura do Trabalho
Este trabalho de Investigação encontra-se dividido em duas partes: uma parte
teórica, que engloba uma apurada pesquisa bibliográfica sobre a temática em estudo,
nomeadamente na doutrina nacional, nas Publicações Doutrinárias do Exército (PDE), na
Doutrina Americana — nos Field Manual (FM) —, em artigos de revistas da especialidade
e na realização de entrevistas exploratórias4 e uma parte prática que materializa o Trabalho
4 Entrevistas exploratórias — Segundo Quivy & Campenhoudt (1998), as entrevistas exploratórias “devem
ajudar a constituir a problemática de Investigação” e “contribuem para descobrir aspetos a ter em conta e
alargam ou retificam o campo de investigação das leituras”, tendo ainda a mais-valia de nos esclarecer
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Capítulo 1 – Introdução
6
de Campo. Este trabalho está estruturado em cinco Capítulos, sendo que no presente
Capítulo tem sido apresentado o Problema a explorar. No Capítulo 2 — Revisão de
Literatura, através da recolha de bibliografia relacionada com o tema, abordam-se
conceitos essenciais para a perceção do trabalho. É feito, de forma sucinta, o
enquadramento do mesmo e a importância do ciclo de produção das Informações no
Exército. Seguidamente, no Capítulo 3 — Trabalho de Campo, expõem-se os
procedimentos e ferramentas utilizados para a realização do Trabalho de Campo. No
Capítulo 4 — Apresentação, Análise e Discussão de Resultados, são abordados e
analisados os diferentes tipos de equipamentos de vigilância do Campo de Batalha e as
entrevistas. Por último, no Capítulo 5 — Conclusões e Recomendações, são confirmadas
ou infirmadas as hipóteses que foram anteriormente apresentadas, é dada resposta à
Questão Central, são expostas as limitações do trabalho e, a concluir, são apresentadas
algumas propostas de investigação futura.
“quanto à pertinência do enquadramento” feito pelas leituras. Desta forma as entrevistas têm como “função
principal revelar determinados aspetos do fenómeno estudado em que o investigador não teria
espontaneamente pensado por si mesmo…” (Quivy & Campenhoudt, Manual de Investigação em Ciências
Sociais, 1998, p. 69)
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Capítulo 2 – Revisão de Literatura
7
Capítulo 2
Revisão de Literatura
2.1. Introdução
Neste Capítulo pretendemos, abordar os principais conceitos do TIA, começando do
geral para o particular. Para tal, é feita referência à importância da Tomada de Decisão
Militar e à importância vital das Informações. É feita uma alusão ao Campo de Batalha e à
Ameaça da atualidade, sendo também feita uma caraterização das Operações de
Reconhecimento e de Segurança, realçando-se tarefas executadas neste tipo de missões.
2.2. A Tomada de Decisão Militar
Um Comandante, no exercício da função de comandar, necessita de tomar decisões
corretas e em tempo oportuno. “A volatilidade, a incerteza, a complexidade e a
ambiguidade do nosso ambiente operacional exigem que os profissionais militares tomem
decisões rápidas (...)” (Williams, 2011, p. 68)
Figura n.º 1 — Relação Tempo X Comando
[envisioning Future warfare pag 44]
Conforme verificamos na figura 1, à medida que nos aproximamos da atualidade, há
um claro decréscimo de tempo despendido para observar, para orientar, para decidir e para
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Capítulo 2 – Revisão de Literatura
8
a ação. As Informações chegam-nos cada vez mais próximas do tempo real, e os
Comandantes necessitam de tomar decisões imediatas para aproveitar a sua “validade”. O
elemento chave está na rapidez, quer da aquisição, manuseamento e tratamento da
Informação, quer nas ações que desta decorrem.
O segredo para o sucesso está em, através das Informações, prever a manobra do
seu adversário, como se de um jogo de xadrez se tratasse, aplicando o esforço quando e
onde mais lhe convier. Para tal, terá que antecipar os ataques do seu oponente e apenas
empenhar a sua unidade em confrontos decisivos e necessários e a reduzir as perdas
desnecessárias, não deixando de alcançar os objetivos estabelecidos pelo nível
estratégico/político. (Rodrigues, 2006)
Para apoiar o Comandante na análise da situação e na tomada de decisão, é
desenvolvida por si e pelo seu Estado-Maior (EM) uma sequência de ações conhecida por
Processo de Tomada de Decisão5 (PDM). Este processo “está concebido para facilitar a
interação entre o Comandante, o EM e as unidades subordinadas durante o processo de
planeamento”, (Exército Português, 2007, pp. 5-4) permitindo “o esforço concorrente e
coordenado que mantém a flexibilidade, o eficiente uso do tempo e facilita a partilha
contínua de Informação”. (Exército Português, 2007, pp. 5-4)
Para o desenvolvimento do PDM, é necessário “injetar” várias Informações, sejam
estas sobre a ameaça ou sobre o terreno, a hidrografia, as condições meteorológicas, etc.,
da área de Operações. Estas Informações são decisivas na ação de planeamento e no
cumprimento da missão, sendo portanto conduzidas pelo próprio Comandante, no decorrer
do Comando – Missão6.
2.3. As Informações
As Informações sempre tiveram um papel fulcral nas guerras. Esse papel foi
crescendo exponencialmente à medida que “(…) aumentava a dimensão do Campo de
Batalha e a dispersão das forças”, ao mesmo tempo que diminuía a capacidade dos
Comandantes para controlar as tropas (…)”. (Rodrigues, 2006, p. 96)
5 PDM — É um processo de planeamento analítico que estabelece procedimentos para analisar a missão,
gerar, analisar e comparar modalidades de ação com base em critérios de avaliação, selecionar e
modalidade de ação ótima e produzir um plano ou ordem. (Exército Português, 2007) 6 Comando missão — Segundo o PDE 3-00, significa “a condutadas operações através da execução
descentralizada baseada em ordens tipo missão.
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Capítulo 2 – Revisão de Literatura
9
Se considerarmos que, “na 1.ª Guerra do Golfo, entre a identificação e o
bombardeamento de um alvo existia um intervalo de 3 dias”, ao passo que em “Abril de
2003, entre a reunião de Saddam Hussein com os Comandantes militares de topo e o
momento em que o B-1B lançou 4 bombas de 2000 libras guiadas por satélite sobre o local
referenciado, decorreram apenas 45 minutos” (Instituto de Estudos Superiores Militares,
2006, p. 110) reparamos na diferença abismal do tempo de reação entre os dois períodos.
Este tempo entre a tomada da decisão e a sua execução pode muito bem ser o tempo de
“validade” de uma Informação. Desta forma, ao Comandante, é agora exigido que dê uma
resposta imediata a uma qualquer situação ou problema, influenciando assim a forma como
gere e organiza os seus meios de obtenção de Informações. Ainda que este disponha de
uma célula de Informações para o aconselhar nesta matéria, deve ser perfeito conhecedor
de como se desenrola o processo das Informações, bem como das suas potencialidades e
limitações, para que possa dirigir as operações de IVR/ISR7. Dada a escassez dos meios, as
maiores dificuldades são identificar, prioritizar e definir as Necessidades de Informação
Crítica do Comandante8. São estas operações que fornecem ao Comandante “uma
avaliação das modalidades de ação, capacidades, potencial de combate, dispositivo,
organização do inimigo, bem como uma previsão das suas intenções”, não esquecendo a
“avaliação da influência das características da área de operações no cumprimento da nossa
missão e na do inimigo, assim como uma avaliação das nossas ações sobre o inimigo”.
(Exército Português, 2009)
A Informação adequada reduz a incerteza. Porém, este desígnio por vezes não se
torna facilitador pela abundância de Informações que são disponibilizadas atualmente,
dificultando a decisão de quem gere recursos escaços e procura direcioná-los para o local
onde possa retirar maior benefício dos mesmos. Para tal, é criado um Ciclo de Produção da
Informação em que o Comandante define os objetivos e orienta.
A Informação deve ser gerida de forma organizada e controlada durante o seu ciclo
de vida, independentemente do suporte e formato em que é recolhida, para que possa
apoiar o processo de decisão de um Comandante (NATO, 2001). Para tal torna-se
necessária a integração de todos os órgãos de recolha de Informações, criando um sistema
de Informações eficaz, dinâmico e integrado capaz de se adaptar a qualquer tipo de missão.
Esta integração vai possibilitar que seja minimizada a distorção e deceção dos dados
7 IVR/ISR – Informações, Vigilância e Reconhecimento/ Intelligence, Surveillance and Reconnaissance
8 Conhecidas pela sua designação em Inglês – CCIR – Commander’s Critical Information Requirements.
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Capítulo 2 – Revisão de Literatura
10
recolhidos por todas as fontes, confrontando-os e garantido assim, através do cumprimento
de determinados critérios9, a qualidade da Informação.
Tabela 1 - Critérios de Qualidade da Informação10
[Adaptado de JP 6.0, 1-3]
CRITÉRIOS DE QUALIDADE DE INFORMAÇÃO
Precisão Informação que traduz a situação real.
Relevância Informação aplicável à missão, tarefa ou situação posterior.
Oportunidade Informação disponível a tempo da tomada de decisão.
Inteligibilidade Informação expressa e apresentada em formato inteligível.
Integralidade Toda a Informação necessária requerida pelo Comandante (Decisor).
Brevidade Informação que possui apenas o nível de detalhe necessário.
Segurança Informação à qual foi concedida proteção adequada onde necessário.
A aplicação dos critérios de qualidade de Informação, que se podem observar na
Tabela 1, aos dados recolhidos vai executar uma triagem e interligar Informações de
sistemas distintos, procurando apurar se determinada Informação constitui uma verdade ou
não.
Para Michael e Charles Flynn (2012) “A integração dos sistemas (…) de
Informações é uma capacidade de combate essencial no ambiente operacional complexo e
extremamente mutável da atualidade.” (General de Divisão Michael T. Flynn e General
(BG) Charles A. Flynn, Exército dos EUA in Military Review, Março Abril 2012 pp 28).
É uma forma de minimizarmos as eventuais disparidades que possam existir entre as
nossas forças e a ameaça que enfrentamos, aproveitando as suas fraquezas e prevenindo a
surpresa. É também vital para a adaptação das nossas forças (NF) ao ambiente operacional
envolvente e a todos os fatores que podem afetar as operações.
2.4. O Campo de Batalha
O Campo de Batalha atual deixou de ser caracterizado pelo confronto cara a cara
dos contendores, onde a ameaça é conhecida ou facilmente identificável e se apresenta com
uniforme e equipamentos militares. Atualmente é marcado por conflitos assimétricos,
9 Os critérios aqui referidos são os Critérios de Qualidade da Informação – Ver tabela 1
10 Fonte: (JP 6.0, I-3)
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Capítulo 2 – Revisão de Literatura
11
causado por uma ameaça difícil de identificar (misturada com a população civil) com uma
organização atípica, operando em qualquer lugar, inclusive no ciberespaço.
Este Campo de Batalha caracteriza-se “pela elevada mobilidade e iniciativa das
forças que nele evoluem, por frentes irregulares, pelo aumento da letalidade e do poder de
fogo e sobretudo pela complexidade dos aspetos políticos e da envolvente tecnológica de
que se revestem os conflitos” (Instituto de Estudos Superiores Militares, 2006, p. 111)
Com o passar do tempo, e fruto dos avanços tecnológicos no ramo bélico, o
armamento passou a ter uma maior letalidade, conduzindo a uma maior dispersão de forças
no Campo de Batalha. Existe então uma ligação entre a letalidade e a dispersão de forças
no terreno. (Sullivan, 1995) Se recuarmos até “meados do século XIX, período em que as
espingardas foram utilizadas em massa e as peças de artilharia se tornaram mais eficazes,
deixamos de ter formações de soldados “ombro com ombro” no Campo de Batalha, prática
comum na era marcada pelo uso dos mosquetes”. (Sullivan, 1995, p. 11) Analisando a
tabela n.º 2, verificamos que ao longo da história o rácio de soldados por km2 tem vindo a
diminuir, tornando a frente das forças mais larga e com maior profundidade. É notória a
diferença, com especial incidência entre a guerra Israelo-árabe e a Guerra do Golfo. Há um
crescimento exponencial comparativamente às Guerras da antiguidade. Este acréscimo de
distâncias entre soldados resulta, como já foi referido, da crescente [mortalidade] no
Campo de Batalha, que hoje em dia toma proporções nunca vistas devido à evolução do
armamento em geral. (Sullivan, 1995)
Tabela 2 - Dispersão de Homens/km2 11
Área ocupada
por uma força
de 100,000
Homens Antiguidade
Guerras
Napoleónicas
Guerra
Civil
(USA)
WW I WW
II
Guerra
Israelo-
Árabe
Guerra
do Golfo
Km2 1,00 20,12 25,75 248 2,750 4,000 213,200
Frente (km) 6,67 8,05 8,58 14 48 57 400
Profundidade
(km)
0.15 2,50 3,0 17 57 70 533
Homens/Km2 100,000 4,790 3,883 404 36 25 2,34
Km2/Homem 10 200 257,5 2,475 27,500 40,000 426,400
11
LTG Pagonis, Moving Mountais; The rough number of 500,000 soldiers was used for the number deployed
within this area. — in Envisioning Future Warfare, General Gordon R. Sullivan and Colonel James M.
Dubik.1995, pp. 12
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Capítulo 2 – Revisão de Literatura
12
2.5. A Ameaça
Os atores do Sistema Político Internacional (SPI) têm vindo, ao longo dos tempos, a
sofrer várias transformações. A queda do muro de Berlim12
e a consequente dissolução do
Pacto de Varsóvia13
, foram um marco na história, acabando com um SPI bipolar (Estados
Unidos da América e União da Repúblicas Sociais Soviéticas, passando por um Sistema
unipolar dirigido pelos USA, potência dominante em vários âmbitos tais como o
económico, o tecnológico, o cultural, etc., dotada de uma máquina militar capaz de atuar
em qualquer parte do globo. Atualmente vivemos num SPI multipolar com vários países a
afirmarem-se como superpotências emergentes, tais como a China, a Índia ou o Brasil
(Academia Militar, s.d.). A ameaça, é agora difusa e incerta, sendo cada vez mais
perpetrada por atores não estatais com objetivos de ordem económica, política, religiosa e
étnica, entre outros. O terrorismo14
é neste momento a ameaça mais mediatizada, desde os
ataques ao World Trade Center, nos EUA, em 11 de Setembro de 2001, e à rede ferroviária
em Espanha, em 11 de Março de 2004. (Academia Militar, s.d.)
Apesar de qualquer unidade poder/dever contribuir para “sustentar” o Ciclo de
Produção de Informações, as unidades mais vocacionadas para a procurar elementos
caraterizadores da ameaça e do terreno são as Unidades de Reconhecimento, pela panóplia
de missões que têm a possibilidade de executar e dos meios que têm à sua disposição.
Desta forma, as Operações de Reconhecimento ganham especial ênfase na medida em que
são estas operações que vão possibilitar obter Informações não só para a unidade que
efetua essa missão, mas também e especialmente para o escalão superior, influenciando o
planeamento e a decisão da manobra das forças.
12
Muro de Berlim — Era a barreira física que separava a Republica Federal Alemã (RFA) e a Republica
Democrática Alemã desde 1961. Esta fronteira interna tinha como propósito impedir e controlar
movimentos entre as duas partes. Acabou por se tornar um símbolo da Guerra Fria e foi destruído em 1989,
abrindo caminho para a reunificação alemã que veio a acontecer em 1990 (Infopédia, s.d.) 13
Pacto de Varsóvia — Também conhecido como Tratado de Varsóvia, foi uma aliança militar assinado em
1955 e renovado em 1985, em Varsóvia a capital da Polónia. Instituía uma aliança entre a URSSe os seus
países satélites no âmbito da política de defesa, em resposta à criação da Organização do Tratado do
Atlântico Norte. Esta aliança acabou por ser dissolvida em 1991. (Infopédia, s.d.) 14
Terrorismo — É o uso ilegal da força ou violência contra pessoas ou bens para intimidar ou coagir um
governo, a população ou qualquer segmento da mesma, em prol dos objetivos políticos ou sociais. (The
Terrorism Research Center, s.d.)
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Capítulo 2 – Revisão de Literatura
13
2.6. Operações de reconhecimento
“O Reconhecimento e o Contra-reconhecimento são missões do Campo de Batalha,
tão antigas como a própria história militar, e para as quais muitos exércitos criaram
unidades especializadas para as cumprirem. (McGrath, The Development of
Reconnaissance Units in Modern Armies, 1956) Longe vão os tempos em que as
“Unidades de Reconhecimento eram únicas, devido à presença do cavalo”, que
proporcionava uma mobilidade sem igual relativamente à Infantaria e à Artilharia. Essa
mais-valia com a evolução da tecnologia, nomeadamente na era mecanizada, desapareceu,
acabando por ser o tipo de missão e a organização das Unidades de Reconhecimento que as
distinguem das demais. (McGrath, The Development of Reconnaissance Units in Modern
Armies, 1956)
As operações de reconhecimento são executadas com o objetivo de fornecer ao
Comandante Informações acerca da ameaça, do terreno e das condições meteorológicas de
determinada área de operações. Estas operações permitem ganhar iniciativa e conferem
nítida vantagem, através da recolha de Informação que permite determinar o melhor local
para efetuar movimentos, manobrar ou avaliar o potencial da ameaça de forma a empregar
o esforço das nossas forças em tempo e no local onde esta é mais vulnerável. (McGrath,
Scout Platoon, Field Manual) Estas operações devem ser planeadas e coordenadas de
forma a que as unidades de reconhecimento sejam empregues “em estreita ligação com o
Ciclo de Produção de Informações e integradas com o Plano de Informações, Vigilância e
Reconhecimento (IVR). Para tal, o Manual de Campanha FM 3-20.96, de 12 de Março de
2010, distingue duas técnicas de reconhecimento distintas pela forma como utilizam a fase
de planeamento ou a execução da operação para o cumprimento da missão: o
reconhecimento push e o reconhecimento pull. O primeiro é utilizado quando o
Comandante (Cmdt) detém algum conhecimento acerca da ameaça e desenvolve um
planeamento detalhado e específico de ISR para apoiar o desenrolar da manobra no
decorrer da ação, acabando as Informações recolhidas por servir para refinar e atualizar o
PDM e a modalidade de ação escolhida. O reconhecimento pull é utilizado quando existe
um grau de incerteza acerca da ameaça, situação em que o Comandante se abstém de se
comprometer com um plano ou modalidade de ação, sem que os seus elementos de
reconhecimento, devidamente integrados no Plano de Pesquisa e focados na obtenção de
Informação acerca das capacidades e limitações do inimigo, lhe forneçam dados que irão
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Capítulo 2 – Revisão de Literatura
14
contribuir para formular modalidades de ação vantajosas para a força em proveito da qual
está a atuar. (McGrath, Field Manual, Reconnnaissance and Cavalry Squadron, 2010)
Só as “Operações de Reconhecimento eficazes é que permitem que o Comandante
molde o Campo de Batalha, aceitando ou iniciando o combate em tempo e local à sua
escolha e aplicando o potencial de combate da sua unidade de forma a obter os efeitos
desejados.” (McGrath, Field Manual, Reconnnaissance and Cavalry Squadron, 2010, pp. 3-
2)
2.6.1. Fundamentos
No que concerne ao espetro das operações militares, a doutrina nacional, através do
PDE 3-00 Operações classifica o Reconhecimento como tarefa de transição com a exceção
feita ao Reconhecimento em força15
, que embora pretenda obter Informações acerca da
ameaça, é considerado uma operação ofensiva. (Exército Português, 2012)
As operações de Reconhecimento têm os seguintes fundamentos (McGrath, Field
Manual, Reconnnaissance and Cavalry Squadron, 2010):
Garantir a continuidade do reconhecimento (o reconhecimento é conduzido
antes, durante e depois da operação);
Não manter Unidades de Reconhecimento em reserva (devem ser empregues
todos os meios disponíveis — “um par de olhos pode fazer a diferença”);
Orientar-se pelo objetivo de reconhecimento (o Comandante define o objetivo
e os esforços são orientados nesse sentido);
Relatar com rapidez e precisão todas as Informações (as Informações têm um
tempo de vida muito curto e a ausência de Informações pode ser tão reveladora
como a sua existência);
Manter a liberdade de ação (as Unidades de reconhecimento não se devem
empenhar decisivamente, exceto se determinado pelo Comandante, sendo que
neste caso, cessa o reconhecimento e começa o combate pela sobrevivência);
Estabelecer e manter o contacto com a ameaça/inimigo (deve manobrar de
forma a não perder o contacto com a ameaça/inimigo);
15
Reconhecimento em força — É uma operação militar cuja finalidade é levar a ameaça a revelar a sua
localização, o escalão, o potencial, o dispositivo ou a intenção das suas forças, através da sua reação à
nossa ação ofensiva. Este tipo de operação deve ser conduzida para manter a ameaça sobre pressão ou
ocupar terreno importante, obrigando-a a revelar as suas vulnerabilidades. (Exército Português, 2012)
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Capítulo 2 – Revisão de Literatura
15
Esclarecer rapidamente a situação (procurar o máximo de Informação acerca
do inimigo ou do obstáculo, reagindo ao contacto);
Para que estes fundamentos possam ser alcançados, torna-se necessário o
cumprimento de certas tarefas que podem variar de acordo com a análise das Variáveis de
Missão16
. Estas tarefas, tendo como finalidade contribuir para o cumprimento da missão,
podem ser cumpridas com uma ou mais forças.
2.6.2. Tarefas dos Esquadrões de Reconhecimento em Operações de Reconhecimento
Dada a missão de reconhecimento a um Esquadrão de Reconhecimento, este vai dar
missões no âmbito das Operações de Reconhecimento aos Pelotões Reconhecimento
(PelRec). Desta forma, pretende dar resposta às necessidades de Informação quer do
Comandante do ERec, levando à constante adaptação da força em função do terreno e dos
obstáculos com que se vai deparando e dos objetivos de reconhecimento, quer do seu
escalão superior, possibilitando assim integrar a manobra das forças de reconhecimento
com as restantes forças no terreno.
O reconhecimento pode ser efetuado apeado ou montado, sendo que o tempo e a
segurança conferida à força são os principais fatores que condicionam a utilização de um
ou outro método.
Em operações de Reconhecimento, independentemente da organização para o
combate e da técnica de progressão adotada, os PelRec podem ter as seguintes tarefas:
reconhecer uma zona; reconhecer uma área; reconhecer um itinerário. No cumprimento de
qualquer uma destas, poderá ter que realizar uma ou mais sub-tarefas, tais como: progredir
no terreno; executar uma passagem de linha; reconhecer uma área edificada; reconhecer
uma ponte; reconhecer um obstáculo; reconhecer uma área contaminada; reagir a fogos
diretos/indiretos; estabelecer contacto com o Inimigo (In); limpar um edifício; executar
fogo e movimento e ultrapassar uma posição In.
Para a execução das tarefas supramencionadas, torna-se necessário recorrer a meios
que permitam a observação do terreno a pequenas, médias e longas distâncias e a deteção
de ameaças, independentemente das condições meteorológicas que se façam sentir.
Pretende-se que tal aconteça sem que a força que está a realizar as tarefas seja exposta, ou
16
Fatores de Decisão Militar: Missão, Inimigo (Ameaça), Terreno e condições meteorológicas, Meios
disponíveis, Tempo para o cumprimento da missão e Considerações de natureza civil
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Capítulo 2 – Revisão de Literatura
16
seja “observar sem ser observado”, garantindo assim a segurança da própria força e
daquela em proveito da qual está a trabalhar. Uma vez que na atualidade são explorados os
períodos de visibilidade reduzida, é extremamente importante que a força tenha a
capacidade de observar e, se necessário, executar fogos neste tipo de condições.
2.7. Operações de Segurança
As Operações de Segurança “têm como objetivo proteger a força principal, evitar
que esta seja surpreendida e reduzir as incertezas no que concerne à ameaça”,
“proporcionando assim ao Comandante tempo de reação e espaço de manobra para
combater a ameaça de forma eficaz”. (McGrath, Field Manual, Reconnnaissance and
Cavalry Squadron, 2010, pp. 5-1)
Apesar de, doutrinariamente, não estarem definidas forças específicas para a
execução de Operações de Segurança, as unidades de reconhecimento são as que melhor se
enquadram neste tipo de missões, pela natureza dos seus meios materiais e humanos e pela
semelhança das missões que efetuam. (Mateus, 2011)
As operações de segurança conferem os seguintes Graus de segurança17
:
Vigiar — “Uma força com a missão de vigiar, mantém sob vigilância a frente,
flanco ou retaguarda de uma força em movimento ou estacionária, e alerta
oportunamente esta força. Mantém o inimigo sob observação, informa sobre a
sua natureza, meios e atitudes, mantendo o contacto com o inimigo. Dentro das
suas possibilidades, flagela o inimigo e dificulta-lhe a ação, empregando fogos
dos meios orgânicos e de apoio, e destrói ou repele patrulhas inimigas”;
Guardar — “Uma força com a missão de guardar atua na frente, flancos ou
retaguarda de uma força principal, em movimento ou estacionária, de maneira
a impedir a observação terrestre, os fogos diretos e ataques de surpresa do
inimigo. Para o efeito, e dentro das suas possibilidades, destrói e/ou retarda o
inimigo.
Cobrir — Uma força com a missão de cobrir atua afastada da força principal,
para além do alcance de apoio desta, orientada na direção do inimigo, com a
17
(Exército Português, 2012, pp. 10-2)
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Capítulo 2 – Revisão de Literatura
17
finalidade de o intercetar, obrigar a empenhar-se, retardar, desorganizar e
iludir, antes que aquele possa atacar a força principal.
Tarefas dos ERec em Operações de Segurança18
:
Ligação;
Efetuar Patrulhas;
Montar PO/PE;
2.8. O Caso dos Esquadrões de Reconhecimento Portugueses
Os Esquadrõs de Reconhecimento do Exército Português encontram-se divididos
pelas três Brigadas do Sistema de Forças Nacional — Brigada Mecanizada (BrigMec),
Brigada de Intervenção (BrigInt) e Brigada de Reação Rápida (BrigRR). A grande
diferença entre estas Unidades está no tipo missões que podem executar, tendo em conta a
sua proteção, o Sistema de Armas que utilizam e o tipo de plataforma/viatura que utilizam,
sendo que o ERec da BrigMec utiliza viaturas de lagartas da família M113 e Carro de
Combate (CC); o ERec da BrigInt utiliza viaturas de rodas da família VBR Pandur II 8x8;
e, finalmente, o ERec da BrigRR utiliza viaturas de rodas M11 Panhard e Unimogs.
Qualquer unidade de Reconhecimento do SFN tem como possibilidades executar
operações de reconhecimento, conforme QO da força. Cada vez é mais reduzido o número
de elementos que compõe os Pelotões de Reconhecimento, acabando assim por diminuir o
número do melhor e mais antigo “sensor” de vigilância – o Homem.
A estas unidades, “aponta-se-lhe unicamente como limitação o facto de,
organicamente, as unidades terem efetivos relativamente reduzidos, o que lhes dificulta o
cumprimento de missões de controlo de pontos sensíveis e de guarnição de postos de
observação, por longos períodos de tempo. No entanto, se reforçadas com forças de outro
tipo, como por exemplo Infantaria Ligeira, esta limitação é ultrapassada.” (Castanha, 1997,
p. 19)
18
(Mateus, 2011, pp. 5-2)
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Capítulo 2 – Revisão de Literatura
18
2.9. Síntese Conclusiva
Podia dizer-se que, porque estamos na Era da Informação, os Comandantes
militares têm necessidade de Informação correta e em tempo oportuno. Mas tal afirmação é
tão válida nesta Era, como o era há longos anos atrás. Atualmente, mais do que nunca, as
decisões são tomadas no imediato pelo que, a evolução tecnologica trás vantagens uma vez
que existem mais meios de recolha de notícias, mas trás também desvantagens no
congestionamento do canal de tratamento e processamento da Informação.
Por vezes, a dependência de Informações nos leva a sobrevalorizar os sistemas de
aquisição de Informação em detrimento do soldado, no Campo de Batalha.
O aumento das dimensões do Campo de Batalha, o aumento da letalidade das armas
e a dificuldade na identificação da ameaça leva a que as Unidades responsáveis pela
obtenção de dados e notícias tenham de se adaptar e sejam de tal forma flexíveis que
possam continuar a cumprir o desígnio de manter o Comandante do escalão superior com
Informações precisas, relevantes, oportunas e que lhe permitam empregar a força no local e
em tempo.
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Capítulo 3 – Metodologia e Procedimentos
19
Capítulo 3
Metodologia e Procedimentos
3.1. Introdução
Após se ter concluído a base de sustentação de conhecimentos, através da revisão da
literatura, é tempo de, neste Capítulo, dar início ao Trabalho de Campo, onde serão
analisados e comparados equipamentos orgânicos das unidades de Reconhecimento e
formuladas as perguntas das entrevistas.
3.2. Metodologia
A metodologia utilizada nesta investigação cinge-se ao método documental, através
de pesquisa bibliográfica em publicações doutrinárias nacionais e estrangeiras, sobre o qual
foram formuladas as hipóteses e os quadros comparativos dos equipamentos e o método
inquisitivo que se revê nos dados recolhidos nas entrevistas.
3.3. Entrevistas
Decorrente da elaboração de um trabalho de investigação, surge a necessidade de
obter opiniões de pessoas que, fruto da sua experiência ao longo da sua carreira, ligadas a
esta temática, enriquecem e valorizam este estudo.
A experiência dos entrevistados e as suas opiniões irão confirmar ou infirmar as
hipóteses levantadas.
Nesse sentido foram efetuadas entrevistas para a obtenção de Informações que, à
posteriori foram analisadas e interpretadas.
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Capítulo 3 – Metodologia e Procedimentos
20
3.4. Caracterização da amostra
As entrevistas tiveram como alvo 7 militares, todos eles Oficiais do Quadro
Permanente, e com elevada experiência na área da temática deste trabalho de investigação.
Todos os militares têm ou já tinham experiência de comando de um Esquadrão de
Reconhecimento.
Foi elaborado um guião entrevista19
, comum a todos os inquiridos e, as entrevistas
que foram realizadas pessoalmente, foram-no com recurso a um gravador de voz digital20
.
Por restrições de tempo, algumas entrevistas foram realizadas por e-mail.
As entrevistas não foram alvo de qualquer tratamento estatístico, uma vez que as
respostas são bastante amplas, face às perceções e opinião dos entrevistados.
No decorrer do trabalho será apresentado um quadro com os Oficiais que
responderam às entrevistas.
19
Ver Apêndice A 20
Gravador de Voz digital da marca OLIMPUS, modelo VN — 711PC
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Capítulo 4 – Apresentação, Análise e Discussão de Resultados
21
Capítulo 4
Apresentação, Análise e Discussão de Resultados
4.1. Introdução
Concluída a base de sustentação de conhecimentos, através da revisão da literatura
e da recolha de dados, impõe-se desenvolver o trabalho através de um estudo das
características de equipamentos de Vigilância que existem no mercado salientando
algumas características técnicas dos mesmos. A posteriori serão comparadas as suas
características.
4.2. Sistemas de Vigilância em uso no Exército Português
São equipamentos que exponenciam a capacidade da vista humana, capazes de fazer
frente às limitações, barreiras e condicionantes, sendo empregues não só em campanha
como também em quartéis. Neste último temos por exemplo as câmaras instaladas em
várias Unidades Militares, na sua maioria capazes de observar sob condições de
luminosidade reduzida. Em campanha são vários os equipamentos que podem ser
utilizados pelas Unidades de Reconhecimento, desde os binóculos, um dos mais antigos
equipamentos, até aos Veículos Aéreos Não Tripulados21
.
As constantes evoluções no campo da eletrónica permitiram também avanços nos
sistemas de vigilância fora do meio militar. Atualmente qualquer pessoa pode possuir um
sistema de vigilância em casa, com câmaras que possibilitam o acesso em tempo real via
internet. Na vertente militar são vários os tipos de equipamentos de Vigilância do Campo
de Batalha, pelo que achamos melhor dividi-los nos seguintes grupos: Meios Ópticos,
Meios Optrónicos e Aparelhos de Pontaria das Armas22
, sendo que este último não iremos
aprofundar.
21
Veículos Aéreos Não Tripuldos - Unmaned Aerial Vehicle (UAV) 22
Aparelhos de Pontaria das Armas — Apesar destes não terem como objetivo principal a vigilância, podem
ser utilizados com este propósito.
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Capítulo 4 – Apresentação, Análise e Discussão de Resultado
22
4.2.1. Meios Ópticos
4.2.1.1 Binóculos
Os binóculos serão certamente o mais antigo equipamento de vigilância/observação.
São utilizados por várias unidades, com diferentes fins. No Reconhecimento a finalidade é
observar o terreno e/ou procurar vestígios de ameaças, bem como regular os fogos
indiretos.
São um meio de observação individual, passivo, pequeno, de fácil transporte e
possibilitam a observação até aos 1000m. É sem sombra de dúvida, o equipamento mais
acessível, de fácil manuseamento e o mais económico. Contudo, tem como principal
limitação o facto de, em condições de visibilidade reduzida, se tornarem ineficazes. É o
meio mais limitado ao nível do alcance e da qualidade de imagem e a sua utilização não se
torna uma mais-valia em períodos de visibilidade reduzida. O produto da sua utilização
depende, em grande parte, da interpretação do utilizador.
Os ERec do SFN utilizam os binóculos “Glory”23
e os M22 cujas características são
semelhantes.
Quanto a este Meio Optrónico, deteta-se como desvantagem, o facto de alguns
modelos não não possuirem proteção laser.
4.2.2. Meios Optrónicos
4.2.2.1 Radares
A abreviatura RADAR deriva da expressão em inglês “Radio Detection And
Ranging” e apareceu no seio militar em 1935 na Inglaterra (Miguens, s.d.).
Os radares são equipamentos que funcionam através da emissão e receção de ondas
eletromagnéticas, conseguindo calcular a localização de um objeto através da reflexão
dessas ondas. O cálculo é feito com base no tempo que demora a refletir as ondas
23
Ver anexo B
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Capítulo 4 – Apresentação, Análise e Discussão de Resultado
23
eletromagnéticas e tem ainda a possibilidade de calcular a velocidade a que um objeto se
move. A este fenómeno chama-se o efeito de doppler.
Desde a 2ª Guerra Mundial (II GM) que os radares têm sido utilizados para detetar
ameaça aérea. Aliados a mísseis, e outro armamento antiaéreo, permitiram atenuar o poder
avassalador do vetor aéreo onde até os bombardeiros suicidas eram, em grande parte,
travados. A combinação destes dois equipamentos levou a que apenas se obtivesse
superioridade aérea em locais específicos e por períodos de tempo limitado, à custa da
redução das defesas aéreas inimigas, o que se tornava dispendioso. Só em meados de 1993,
com a criação de aviões F–117 com tecnologia furtiva24
é que se colocou em causa a
fiabilidade destes equipamentos.
Atualmente, já existem radares passivos cujo modo de funcionamento, ao invés de
ser mono-estático — funcionando com um emissor e um recetor na mesma antena (como a
maioria dos radares funciona), é multi-estático — recorre a três ou mais emissores e
recetores. Assim, apenas as fontes emissoras podem ser detetadas pela ameaça e essas
podem ser as mais variadas, desde emissão rádio, televisão, redes das operadoras de
telemóveis, etc., e o recetor (radar em si) não é detetável, tornando infrutíferas as tentativas
de a ameaça eliminar este poderoso meio de vigilância. De facto, esta tecnologia leva a que
seja difícil a ameaça destruir todas as fontes de emissão que podem ser utilizadas,
especialmente se estivermos a falar de uma grande cidade (Westra, 2009). Apesar da
evolução tecnológica neste campo, não existe ainda nenhum radar que consiga cumprir
todas as demandas solicitadas pelo moderno Campo de Batalha. Existem radares de
deteção e de seguimento, sendo que alguns conjugam a capacidade de identificação do alvo
(pessoal, viaturas, aeronaves, etc.) e ainda os que distinguem se são forças amigas ou
inimigas. (Varshney, 2002)
Os equipamentos utilizados pelas unidades de reconhecimento português são o
Radar AN/PPS-5B, que equipa as secções de Vigilância do Campo de Batalha (VCB) do
Esquadrão de Reconhecimento (ERec) da Brigada Mecanizada e do ERec da Brigada de
Reação Rápida (BRR), e o Radar BOR-A 550, que equipa a Secção VCB do Esquadrão de
Reconhecimento da Brigada de Intervenção.
24
Aviões F — 117 com Tecnologia Furtiva — São aeronaves que graças à sua construção com base em
superfícies planas e arestas muito afiadas, leva a que quando um sinal de radar atinge um avião furtivo, este
reflita em ângulos diferentes. Aliado a este fato, os materiais utilizados no fabrico da aeronave absorvem os
sinais do radar, levando a que a assinatura desta aeronave no radar seja semelhante à de um pássaro. (How
Stuff Works, 2000). Conforme podemos ver na figura nº 5 no anexo A é grande a diferença de reflecção da
energia emitida pelo radar.
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Capítulo 4 – Apresentação, Análise e Discussão de Resultado
24
O Radar AN/PPS-5B é um radar portátil, de fabrico Americano, utilizado pelas
Secções VCB na Vigilância do Campo de Batalha. É alimentado a bateria ou através da
energia da viatura, conseguindo detetar pessoas (em movimento) até aos 6.000m e veículos
em movimento até aos 10.000m. Este modelo, que está ao serviço do Exército Português
desde 1992, pode ser operado montado na viatura da família M113 ou montado no tripé25
.
(Exército Português, RET/DSM, s.d)
O Radar BOR-A 550 representa uma nova geração de Radares GSR (Ground
Surveillance Radar26
) e dispõe da mais recente tecnologia, encontrando-se instalado nas
viaturas da família VBR Pandur II 8x8, mais precisamente na versão VCB, podendo ser
operado na viatura no mastro telescópico ou em tripé27
. É fabricado pela empresa alemã
Thales e possui a capacidade de operar sob as mais rigorosas condições meteorológicas e
ambientais, destacando-se, de entre as diversas funções que possuí, o seguimento e
classificação automática de alvos adquiridos, o alcance para aquisição de alvos até aos
40Km e a possibilidade de ser empregue para detetar alvos em terra (pessoas, viaturas
[rodas ou lagartas]), na água (embarcações), ou ainda no ar (helicópteros e aeronaves).
(Operating Manual BOR-A 550, 2006)
4.2.2.2 Câmaras Térmicas
As camaras térmicas são um equipamento passivo de vigilância que apresenta uma
imagem semelhante à televisão, e o contraste é feito pela diferença de temperaturas,
conseguindo penetrar nas camuflagens e não é afetada pelas condições meteorológicas.
Pode ser utilizada de dia ou de noite (mesmo quando não há luz residual). Apesar de ser
um dos equipamentos mais precisos, são também equipamentos dispendiosos,
apresentando como desvantagens a clareza da imagem no caso de haver pouco contraste
entre o alvo/objetivo e o meio que o rodeia.
Este tipo de equipamentos não são Orgânicos de nenhum dos Esquadrões de
Reconhecimento do Exército Português, segundo o Modelo Conceptual.
25
Ver Anexo A, figura nº 2. 26
GSR — Ground Surveillance Radar — Radar de Vigilância Terrestre. 27
Ver Anexo A, figura nº 3.
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Capítulo 4 – Apresentação, Análise e Discussão de Resultado
25
4.2.2.3 Veículos Aéreos Não Tripulados
Os Veículos Aéreos Não Tripulados (VANT), conhecidos como Unmanned Aereal
Vehicle (UAV), são aeronaves desprovidas de tripulação, controladas remotamente,
capazes de executar missões tipicamente militares. O Departamento de Defesa dos Estados
Unidos define os UAV como “veículo motorizado aéreo sem tripulação a bordo, que utiliza
força aerodinâmica para a sua sustentação, tendo a possibilidade de voar de forma
autónoma ou ser pilotado de forma remota, podendo ser descartável ou recuperável e tendo
a capacidade de transportar cargas letais ou não letais.” (Glade, 1963)
Os UAV dividem-se em 3 classes: Portáteis, Táticos e Theater. Os primeiros, tal
como o próprio nome indica, são pequenos, autónomos e portáteis, sendo o elemento de
apoio de pequenas unidades no Campo de Batalha. Os UAV Táticos são sistemas maiores
utilizados para escalões como Batalhão ou Brigada, operando em apoio ao nível tático. Os
UAS Theater são controlados pelo Comandante da componente da Força Aérea em
operações conjuntas, sendo aqueles que, dotados de maior capacidade de carga, de meios
de comunicações e sistemas de aquisição de Informações, se afirmam como os mais
competentes. (Advance Coordination and Increased Visibility Needed to Optimize
Capabilities, 2007)
Os Veículos Aéreos Não Tripulados presentes nos quadros orgânicos de material
das unidades de reconhecimento (ainda que a garantir pela Bateria de Aquisição de
Objetivos (BAO) das Forças de Apoio Geral) são ainda uma realidade longínqua. O
Ministério da Defesa Nacional está, neste momento, a desenvolver dois projetos no âmbito
dos UAV. O primeiro, com vista a desenvolver capacidades no âmbito dos UAV para o
Batalhão ISTAR, com o nome Projeto de Investigação e Tecnologia em Veículos Aéreos
Não Tripulados (PITVANT), que visa o desenvolvimento de sistemas não tripulados, tendo
como referência a doutrina americana. Este projeto envolve diversas entidades, como a
Direção-Geral de Infraestruturas de Defesa e a Força Aérea, em parceria com o Instituto de
Engenharia Mecânica e Gestão Industrial, a Universidade da Califórnia e a Agência de
Desenvolvimento e Defesa da Suécia. (Divisão de Planeamento de Forças, 2012) O outro
projeto deriva de um protocolo entre o Exército, a empresa TEKEVER Autonomous
Systems Lda e, a Universidade de Aveiro, celebrado a 02NOV2011, com a finalidade de
desenvolver um sistema Mini Unmanned Aerial System (UAS), com a designação “AR4
Light Ray”. Pretende-se que este sistema seja testado no Teatro de Operações (TO) do
Kosovo (KFOR), trabalhe nas frequências atribuídas ao Exército e tenha interoperabilidade
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Capítulo 4 – Apresentação, Análise e Discussão de Resultado
26
com os meios rádio da família E/R P/PRC — 525, bem como com os rádios SIC-T e
SICCE. (Memorando EPI ABR12)
Para além dos desenvolvimentos no campo militar, há ainda uma empresa não
militar, a Quarkson, que se encontra a desenvolver um projeto de fabrico de UAV com
tecnologia 100% portuguesa. (Quarkson)
A utilização destes equipamentos tem como principal vantagem reduzir o número
de baixas, em situações de maior risco ou incerteza, uma vez que permitem recolher
alguma Informação antes de empenhar os militares.
Atualmente, já existem UAV que possuem armamento, como o Predator, o Sky
Warrior e algumas versões do Hunter, aliando a sua valência de reconhecimento furtivo à
possibilidade de apoiar pelo fogo as operações terrestres. (Revista Militar, 2011) Apesar de
este Sistema já ter dado provas da sua eficácia, por exemplo ao serviço do Exército dos
EUA, no Afeganistão e Iraque, há ainda alguma falta de consenso quanto ao facto de estes
substituírem a tripulação das aeronaves (Revista Militar, 2011). Os “críticos dos UAV
afirmam que contra uma ameaça com mais capacidades, estes não teriam a eficácia das
operações no Afeganistão e no Iraque, e por outro lado, os defensores argumentam que
com o ambiente operacional atual será o mais provável no futuro”. (Blom, 2010, p. 130)
Outra valência deste equipamento é a capacidade de retransmissão de comunicações, o que
“aumenta consideravelmente o alcance entre as unidades terrestres que operem em áreas
diferentes” (Revista Militar, 2011, p. 21).
Apesar destes meios ainda não estarem nas respetivas Unidades, estão presentes no
Quadro de Material, estando prevista a aquisição de VANT’s segundo o Modelo
Conceptual. O Exército vai adquirir VANT de pequenas dimensões, capazes de transportar
câmaras térmicas, nocturnas e diurnas, com um raio de acção de cerca de 6000m e com a
capacidade de gravar imagens e/ou transmiti-las em tempo real para o Operador
4.2.2.4 Veículos Terrestres Não Tripulados
Os Veículos Terrestres Não Tripulados (VTNT), conhecidos por Unmanned Ground
Vehicle (UGV), fora do contexto militar, como é o caso do Spirit, utilizado em Marte, é
um sistema de reconhecimento terrestre que recolhe diversas Informações desse planeta. É
utilizado também por forças policiais, nomeadamente pela Special Weapons and Tactics no
resgate de pessoas e na limpeza de compartimentos. Na área militar, existem UGV’s com
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Capítulo 4 – Apresentação, Análise e Discussão de Resultado
27
capacidade de atuar nas mais adversas condições meteorológicas, de dia ou de noite, em
qualquer tipo de terreno ou em ambiente aquático. Possuem meios de transmissões, uma
variedade de sensores modulares [Nuclear Biological Chemical28
(NBC), de engenhos
explosivos, de Unexploded eXplosive Ordnance29
(UXO) e detetor de minas], e múltiplas
câmaras (de infravermelhos, térmica e de visão noturna) que permitem adaptar este UGV à
missão que realiza, fornecendo em tempo real a sua localização, bem como as imagens
captadas. Possui ainda módulos de lançamento de granadas, de potes de fumos,
possibilidade de integrar diverso tipo de armamento (M16, M240, M249, Calibre.50, ou
lança granadas de 6mm) e equipamento para abertura de brechas. O Talon é um UGV
utilizado pelo Exército dos Estados Unidos, com provas dadas em mais de 20 mil missões
nos mais diversos teatros de operações, como Bósnia (2000), Afeganistão (2002) e Iraque
(2003). (Global Security, 2013)
Estes robots permitem reduzir o número de baixas numa operação uma vez que, em
situações de risco, permitem o reconhecimento à frente da força, para esclarecer a situação
e, por exemplo, detetar a presença de agentes biológicos e químicos. Em Portugal é apenas
utilizado pela Equipa de Explosive Ordnance Disposal30
(EOD) da engenharia.
4.2.2.5 Sensores Terrestres Controlados à Distância
Os sensores terrestres são utilizados na, aquisição de alvos e no reconhecimento. A
sua principal função é de fornecer maior situational awareness para maximizar a proteção
da força. “Estes sensores terrestres utilizam uma combinação de detetores, incluindo
detetores sísmicos que são utilizados para as vibrações do solo causadas por viaturas ou
pessoal apeado. Detetores magnéticos acompanham o movimento de objetos metálicos tais
como armamento ou viaturas. Os sensores acústicos são utilizados para detetar alvos pela
sua assinatura acústica (captam os ruídos de motores e trilhos), enquanto os sensores de
infravermelhos detetam movimentos de objetos no seu campo de visão.” (Eshel, 2010, p.
26) Todos os dados captados são enviados via Wireless para uma unidade central,
28
Nuclear Biológical Chemical – Nuclear Biológico e Químico 29
UXO – Unexploded Explosive Ordnance – São engenhos explosivos que foram preparados, armados ou de
uma outra forma prontos para serem utilizados e que foram disparados, lançados ou projetados de forma a
constituir perigo para as operações e permanecem por detonar seja por mau funcionamento ou qualquer
outra causa. (USA Departement of Defense, 2010)Esta “representa uma ameaça à mobilidade de pessoal,
aos equipamentos e às instalações. (Field Manual 3-100.38 Army Training and Doctrine Command, 16
August 2005, 2005) 30
Explosive Ordnance Disposal – Inativação de Engenhos Explosivos.
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Capítulo 4 – Apresentação, Análise e Discussão de Resultado
28
juntamente com as coordenadas da sua localização (GPS) e a sua autonomia permite que
estes equipamentos funcionem 24h/dia e 7dias/semana durante semanas ou até meses.
(Scott, 2012)
Neste momento os ERec das Brigadas do Sistema de Forças Nacional possuem este
tipo de sensores terrestres em Quadro de Material, conforma previsto no Modelo
conceptual.
Embora seja um tipo de sensor completamente diferente e com uma utilização
específica, as mais recentes viaturas VBR Pandur II 8x8, modelo VCB e Remote Weapon
Systems (RWS) Threat Detecting System31
(TDS) estão equipadas com sensores que
detetam vários tipos de ameaças, nomeadamente: telémetro, iluminação infravermelha,
mísseis guiados por laser, designador de alvos, fornecendo ao operador um azimute e uma
distância da ameaça. Se estiver ligado ao sistema lança granadas de fumo, o TDS lança
granadas com o intuito de mascarar a sua posição. ( Steyr-Daimier-Puch Spezialfahrzeug
GmbH, 2009)
4.2.2.6 Câmaras Diurnas
Este tipo de câmaras permitem aumentar o alcance da vista humana, possibilitando
obter imagens e/ou vídeo em tempo real. Com este equipamento o operador consegue
observar o que se passa em torno da viatura a partir do interior da mesma, aumentado a
proteção da força. Por vezes, aliadas a este tipo de câmaras encontram-se outros
equipamentos como os telémetros laser, que permitem calcular imediatamente a distância
até um determinado alvo e os Navigation And Positioning System32
(NAPS) que permitem
ter constantemente as coordenadas da posição em que nos encontramos num mapa digital
que, pode referenciar as forças amigas ou a ameaça.
Este equipamento não está contemplado no Modelo Conceptual, pelo que não
existem em Quadros de Materiais. Desta forma, deteta-se uma lacuna neste tipo de
equipamento, que, ao nível de alcance, cobre a área em que o ERec trabalha e a sua
utilização poderia-se constituir uma mais-valia para o cumprimento das Missões de
Reconhecimento e de Segurança.
31
Threat Detection System — Sistema de Deteção de Ameaça. 32
Navigation And Positioning System — Sistema de Navegação e Posicionamento.
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Capítulo 4 – Apresentação, Análise e Discussão de Resultado
29
4.3. Quadros de Comparação dos Equipamentos de Vigilância
Apresentam-se 3 quadros, com o intuito de tornar mais percetível as diferenças
entre os vários tipos de equipamento orgânico das Unidades de Reconhecimento, e um
conjunto de características a ser avaliado. Foi escolhido um equipamento (a título de
exemplo para valores de referência) para cada tipo de modo de funcionamento
(infravermelhos, radar, câmara térmica, ocular, etc.).
Quadro nº 2 – Comparação de alcances
No quadro acima (Quadro n.º 3), tendo por base os manuais técnicos dos materiais,
apresentam-se os alcances dos diferentes equipamentos, destacando-se os UAV’s33
que
atingem os 20.000m, impondo-se como um equipamento que confere à força maior
flexibilidade e liberdade de ação.
33
Relembra-se que o UAV tem a possibilidade de integrar outros equipamentos presentes nesta tabela.
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Capítulo 4 – Apresentação, Análise e Discussão de Resultado
30
Segue-se o Radar (AN/PPS — 5B34
) e as Câmaras Diurnas com cerca de 10.000m,
podendo estes dois sistemas, em diferentes plataformas, funcionar de forma conjunta,
como acontece nas viaturas VCB do ERec/BrigInt.
É de realçar que se a esta tabela retirarmos os aparelhos de Pontaria das Armas e as
câmaras diurnas, reparamos que existem poucos Sistemas de Vigilancia capazes de cobrir
esta área. Denota-se uma lacuna ao nível dos Meios Optrónicos. Desta análise, retiramos
também que existem necessidades ao nível de meios de visão noturna entre os 500m e os
4.000m (ou superior), que sejam passivos.
Quadro nº 3 – Comparação de características 1
Analisando o quadro n.º 4, podemos verificar que todos os equipamentos
possibilitam operar montados na viatura, sendo que, apenas os UAV e as Câmaras Diurnas
são dependentes de uma plataforma, e este último não permite sequer a alimentação por
bateria. Assim sendo, apresenta uma limitação, no caso de se querer montar um PO/PE
com um equipamento destes. Da mesma forma, e no caso de se querer instalar de forma
mais tática, apenas os Binóculos, as Câmaras Térmicas, as Câmaras Diurnas e os
34
Neste caso foi tomado como valor de referência o alcance máximo para a deteção de viaturas.
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Capítulo 4 – Apresentação, Análise e Discussão de Resultado
31
Aparelhos de Pontaria das Armas, por serem meios passivos, não denunciariam a nossa
posição.
Quadro nº 4 — Comparação de características 2
Face ao exposto no quadro n.º 5, podemos verificar que a maioria dos equipamentos
permitem a observação noturna, salientando que a Câmara Térmica pode ser aliada à
Câmara Diurna, como acontece na viatura VCB do ERec/BrigInt, acabando por se
conjugar os pontos fortes destes dois meios.
Os Binóculos acabam por apresentar várias limitações, sendo uma delas o que já foi
apontado anteriormente, que diz respeito à proteção Laser. Poderiam constituir-se uma
mais-valia caso se acoplassem vários sistemas a este, como o telémetro, e a capacidade de
observação noturna.
Quanto à localização do alvo, que apenas é feita pelo Radar e pelos VANT’s, é
importante referir que, principalmente o radar, ao captar um alvo, pode ele próprio estar a
ser alvo de localização.
É importante verificar que, ao nível da formação específica, e aqui referimo-nos a
formação técnica de nível mais avançado, apenas os VANT’s e os radares carecem deste
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Capítulo 4 – Apresentação, Análise e Discussão de Resultado
32
requisito, ou seja carecem de formação específica: os VANT’s, pela sua conceção de
funcionamento e os Radares pela interpretação dos dados captados.
4.4. Análise dos Resultados
Quadro n.º 5 — Caracterização da amostra
Entrevistado Posto Nome Género35 Idade Funções
Unidade de Colocação
E1 TCor José Miguel Moreira Freire
M 44 Cmdt
ERec BrigMec AM
E2 TCor José Nunes Baltazar
M 47 Cmdt ERec BRR
e ERec BrigMec BrigMec
E3 TCor Jorge Filipe da Silva Ferreira
M 44 Cmdt ERec BrigInt
RC6
E4 TCor Luís Manuel Cardoso Marino
M 49 Cmdt ERec BRR
RC3
E5 Cap Pedro Miguel Tavares Cabral
M 37 Cmdt ERec BrigInt
RC6
E6 Cap Elisabete Maria Rodrigues da Silva
F 33 Cmdt
ERec BrigMec BrigMec
E7 Cap Tiago Filipe Parreira Pires
M 35 Cmdt ERec BrigInt
RC6
Quadro nº 6 — Questão n.º 1
Que níveis/tipos de equipamentos de vigilância é que já utilizou no planeamento e execução de
operações de reconhecimento e segurança?
E1
“Como Cmdt do ERec empreguei em exercícios (…) meios orgânicos do Esquadrão”
“Como G3/BrigMec acompanhei o emprego do Pelotão de Aquisição de Objetivos
(PAO) vindo da EPA para apoio ao GAC/BrigMec”
E2 “(…) binóculos, os AN/PVS 4, AN/PVS 5 para as armas individuais e coletivas (…)”;
35
M = Maculino; F = Feminino
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Capítulo 4 – Apresentação, Análise e Discussão de Resultado
33
“(…) intensificadores de luz, os sistemas das armas coletivas ou os próprios sistemas
das viaturas como, no caso do Milan, a câmara térmica (…)”;
“(…) meios que eram orgânicos das secções de vigilância do Campo de Batalha (…)”;
“(…) radares (…)”.
E3
“Tomando os exercícios como referência ao invés das operações reais propriamente
ditas (…) foi utilizado o radar (…) AN/PPS 5B.”
“ (…) trabalhei com UAV’s e com sensores remotos.”
“(…) tenho andado a acompanhar os exercícios quer do EREC (…) a PANDUR VCB
com todas as potencialidades que advém de dois sistemas da parte do radar
propriamente dito, assim como das camaras de vigilância (…)”
“(…) telemetragem, apenas faz a Remote Weapon System (RWS), a Canhão e a VCB
do reconhecimento.”
E4
“O orgânico da Secção VCB do Esquadrão de Reconhecimento da Brigada de Reação
Rápida (AN/PPS 5B), sensores remotos, binóculos «GLORY» óculos de visão noturna
AN/PVS - 5C”.
E5
“(…) para além do equipamento do esquadrão de reconhecimento (…)” “foi planear o
emprego do destacamento de operações especiais a efetuar uma vigilância a
determinado alvo/ objetivo, na missão no Kosovo. Eles tinham equipamentos de
vigilância próprios, desde binóculos de visão noturna, câmaras térmicas, binóculos de
longo alcance, etc.”
“(…) desde que assumi o comando do Esquadrão de Reconhecimento (…) o que nós
temos empregue mais é a nossa secção de vigilância de Campo de Batalha.” “(…) está
dotada de uma viatura que tem o radar e uma camara que podemos tirar partido dele e
tem uma eficácia muito grande…”
“(…) as viaturas RWS e Canhão têm camaras térmicas com um alcance
considerável.”.
E6
“(…) equipamento orgânico do ERec, nomeadamente os Binóculos, os equipamentos
de intensificadores de imagem das armas coletivas e individuais AN/TVS – 5 e
AN/TVS – 4, os Goggles, os Radares AN/PPS 5B, o periscópio das viaturas M113, as
câmaras térmicas do sistema míssil TOW e dos Carros de Combate M60 e,
recentemente, com a câmara térmica do carro de combate Leopard 2A6.”;
E7 “(…) utilizei os sistemas de vigilância das novas viaturas PANDUR REC (…)”
Nesta primeira questão verificamos que os entrevistados, na sua grande maioria,
referem os equipamentos orgânicos dos (respetivos) Esquadrões de Reconhecimento,
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Capítulo 4 – Apresentação, Análise e Discussão de Resultado
34
fazendo referência aos Binóculos, aos Aparelhos de Pontaria das Armas Coletivas e
Individuais (AN/TVS – 5 e AN/TVS – 4, respetivamente), e aos Radares da Secção de
Vigilância do Campo de Batalha. O facto de as funções terem sido as mesmas, tendo em
alguns casos alterado o esquadrão em que se encontraram, dá-nos ideia de que as
experiências foram semelhantes.
Quadro n.º 7 — Questão n.º 2
Fruto da sua experiencia, quais as características específicas (técnicas) que os equipamentos de
vigilância necessitam de possuir, para que possam ser empregues por unidades de Reconhecimento
em operações de Reconhecimento, nomeadamente de área, de zona e de itinerário?
E1
“As características de os equipamentos de vigilância devem ter as seguintes
características:”
“Serem térmicos”;
“Serem independentes do sistema de armas da viatura…” “que permite também
operar a afastado da viatura”, “peso e autonomia das baterias”
“Desejavelmente ter ligação a redes táticas e ser parte do «sistema de sistemas»”;
“Possibilidade para ligar e interagir com sistemas de geolocalização, telémetros
laser, etc”
“UAV’s”
E2
“(…) os equipamentos têm que ter como características militares capacidade e
características para funcionarem a determinadas distâncias (…)”;
“(…) sobre todas as condições meteorológicas (…)”;
“(…) de preferência com ausência de luz natural ou com muito pouca.”
E3
“A primeira característica importante que todos eles deviam ter era ser passivos…”
“Os binóculos têm que permitir a telemetragem independentemente dos sistemas
acoplados aos sistemas de armas da viatura.”;
“…possibilidade de ter a visão noturna, mesmo que seja por algum meio que esteja
agarrado ao sistema de armas da viatura mas que possa ser apeado.”;
“…falta uma coisa importante que é eu conseguir ligar todos os sistemas e transmiti-
los..”;
“…estes sistemas de vigilância que existem têm de permitir transmitir, através de um
canal quer seja ele filar ou não filar, a quem tenha capacidade de processar os dados.”;
“…ao nível de esquadrão, é quem faz o primeiro processamento da notícia e tem de ter a
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Capítulo 4 – Apresentação, Análise e Discussão de Resultado
35
capacidade de interpretação. Para isso precisa de um sistema automático que permita
ajudar a fazer essa interpretação e depois que permita passar para o escalão superior.”;
“…é preciso que todos esses sistemas sejam interoperáveis…” “…em termos de
software…” “…permitir a transmissão de dados”;
“…há uma coisa que nós ainda não exploramos em Portugal, embora já existam
projetos, que são aeronaves e viaturas não tripulados…”;
“…Penso que seria uma mais-valia, não sei em que escalão, mas se pelo menos um dos
pelotões tivesse um sensor terrestre que permitisse a vigilância sem ser pelos meios
humanos…”.
E4 “Equipamentos com capacidade para integrar o sistema ISTAR (Intelligence,
Surveillance, Target Aquisition and Reconnaissance), nomeadamente os UAV’s.”
E5
“(…)têm que ter dois vetores muito importantes que é permanência a vigiar e quanto
maior o alcance melhor.”;
“(…) deve fazer parte das características base, ter o maior alcance possível e a constante
monitorização daquilo que estamos a vigiar.”;
“(…) tem que existir especial atenção ao tempo de duração de baterias (…)”;
“Contudo, existem características que qualquer equipamento militar deveria ter,
nomeadamente, ser robusto e funcionar sobre todas as condições climáticas. Se possível
poder alternar entre o dia e noite (…)”;
“A outra característica que também deverá ter é um sensor que, pode dar o alerta, caso o
operador não estivesse a vigiar”;
“Não sei, ainda, se é possível ter estes meios de uma forma sem ser em viatura (…)”;
“Outra característica que acho que devia ter é (…)” “Ser o mais passivo possível.”
E6
“(…) rusticidade requerida para qualquer equipamento militar (…)”
“(…)operar sob quaisquer condições meteorológicas, capacidade de detetar ameaças a
grandes distâncias, operar sob condições de pouca ou nenhuma luz e a transmissão de
imagens, Informação em tempo real (...)”
E7
“(…) acompanhar em mobilidade o restante da força (...)”;
“(…) capacidade de enviar os dados recolhidos para a retaguarda, no momento ou num
curto espaço de tempo (…)”
Face à 2ª questão, os inquiridos têm opiniões que convergem no mesmo sentido,
sendo referenciado por vários a possibilidade de transmitir em tempo real, ou próximo do
real, as Informações que o equipamento está a captar, a necessidade de ser um meio
robusto, com boa capacidade de deteção de ameaças e capaz de operar sob quaisquer
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Capítulo 4 – Apresentação, Análise e Discussão de Resultado
36
condições climáticas. Parece-nos importante salientar o facto de ter sido apontado como
característica a independência da viatura. Ou seja, pretende-se que possa ser operado tanto
montado, e aqui podemos supor que funcionaria ligado ao sistema elétrico da própria
viatura, como apeado, podendo a viatura ficar na retaguarda e o equipamento acompanhar
(por exemplo) os elementos de um PO/PE, sendo que neste caso operaria com baterias.
Quadro nº 8 – Questão nº 3
E em Operações de Segurança, designadamente na segurança à frente, de flanco e da retaguarda?
E1
“As características de os equipamentos de vigilância devem ter as seguintes
características:”
“Serem térmicos”;
“Serem independentes do sistema de armas da viatura (…)” “que permite também
operar a afastado da viatura”, “peso e autonomia das baterias (…)”
“Desejavelmente ter ligação a redes táticas e ser parte do «sistema de sistemas»”;
“Possibilidade para ligar e interagir com sistemas de geolocalização, telémetros
laser, etc”;
“UAV’s”
E2
“(…) o radar (…)”;
“(…)tem que conseguir fazer em qualquer tempo sob quaisquer condições
meteorológicas de dia e de noite (…)”;
“(…) garantir rusticidade suficiente quando sujeitas a intempéries (…)”;
“(…) forma simples de operar (…)”;
“(…) manutenção tem de ser igualmente simples (…)”.
E3
“(…) há uma possibilidade das operações de segurança precisarem de estarem mais
táticas(…)” “(…) falta-nos também investir (…)” “(…) em sistemas simples de
vigilância, nomeadamente camaras.”;
“O ter um sistema electrónico que me permita fazer a mesma coisa mas ficar com a
imagem guardada e poder voltar atrás para ver, seria uma mais-valia.”;
“Em termos de características dos equipamentos de vigilância, devem ser igualmente
passivos…”;
“Tudo isto tem que funcionar em tempo real (…)” “(…) ao transmitir para o escalão
superior, este tem de estar a conseguir ver a mesma imagem(…)”.
E4 “Confirmar e adquirir alvos”;
“Detetar alvos a 24 Km e identificar alvos a 18 Km”;
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Capítulo 4 – Apresentação, Análise e Discussão de Resultado
37
“Utilizando sistemas (…)” “(…)em quaisquer condições de visibilidade”;
“Integrar o sistema ISTAR”;
“Obter / partilhar Informação em “tempo real / próximo do real”;
“Partilhar a COP (Common Operacional Picture)”;
“Adquirir/bater objetivos obtidos pelos diferentes meios de recolha integrados no
sistema JISR”;
“Obter, de dia ou de noite e em condições de visibilidade limitada, imagens (fotos ou
vídeo) de objetivos ou atividades de interesse e disseminação das mesmas e de dados
complementares, para um centro de processamento/análise/ integração de uma forma
atempada, eficiente e segura “.
E5
“(…) basicamente acabam por ser as mesmas.”;
“A constante monitorização do alvo, do objetivo, das zonas mortas (…)”;
“O desejado para uma força de reconhecimento nesse tipo de operações é ter os homens,
depois os radares, as camaras, UAV’s, UGV’s (…)”.
E6 “As mesmas características, o que varia é a forma como são utilizados”.
E7 “As caraterísticas devem ser as mesmas e ainda permitir maiores alcances.”.
Quando confrontados com esta questão, a maioria dos entrevistados afirma que as
características seriam as mesmas. O que nos leva a crer que não há a necessidade de
adquirir nenhum tipo de equipamento específico para a realização de operações de
Reconhecimento e de Segurança. O que neste caso pode mudar é a forma como são
empregues os meios.
Quadro nº 9 – Questão nº 4
Do seu conhecimento e das características que elencou, que tipos de equipamentos é que não existem
no Exército português?
E1 “ Portugal não tem praticamente nada a não ser a nova viatura PANDUR VCB”
E2
“(…) não existe ainda hoje (…)” “(…) os UAV’s ou UAS’s.”;
“(…) faltavam-nos uma grande quantidade de meios(…)”, “por exemplo, os AN/PVS,
as armas coletivas (…)”.
E3
“Quase todos existem, não existem nas quantidades que todos nós gostaríamos.”;
“(…) com PANDUR versão reconhecimento, temos as melhores camaras térmicas que
existem, o que não temos é o complemento que falta, que é permitir passar o sinal em
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Capítulo 4 – Apresentação, Análise e Discussão de Resultado
38
tempo real para quem precisa dele.”;
“Não temos (…)” “(…)para além da engenharia, nenhum sistema remoto terrestre, o que
poderia ser uma mais-valia nas unidades de reconhecimento.”;
“(…) os sensores remotos, que caíram em desuso (…)” “(…) é um bom sistema, pode
neste momento já estar desatualizado, mas era um tipo de equipamento que era uma
mais-valia.”.
E4 “(…) nenhum equipamento com capacidade para integrar o sistema ISTAR.”
E5
“Equipamentos que não existem são os UGV’s, os UAV existem, mas ainda andamos
muito embrionários (…)”;
“Radares mais sofisticados do que os AN/PPS 5B (…)”;
“(…) devíamos fazer uma evolução nos sensores remotos (…)” “(…) alguns que tenham
determinado tempo de vida, que são descartáveis, que se pudesse lançar através de um
meio de lançamento de determinado sitio e depois quando deixasse de ser útil aquilo
rapidamente perdia a sua função.”;
“(…) apostar novamente em binóculos de melhor qualidade, aparelhos de visão noturna
mais modernos (…)”.
E6 “(…) Mini-UAV e radares com mais capacidades.”.
E7
“(…) acrescentar aos radares uma série de sensores para melhorar a capacidade de
deteção (…)”;
“(…) precisamos urgentemente de um software que permita ao escalão superior ter
acesso aos dados que eu capto no terreno (…)”;
“(…) ter a capacidade de gravar imagem para editar mais tarde.”.
Nesta questão, os inquiridos estão em grande parte de acordo que os UAV’s são o
equipamento que não existe no Exército Português. Efetivamente os projetos em que
Portugal está a colaborar no desenvolvimento de (neste caso) Mini-UAV’s têm sofrido
alguns atrasos e até agora apenas têm sido feitos testes com estes equipamentos em
exercícios como o “Dragão”, que envolve a Brigada de Intervenção. Para além dos UAV’s,
a aposta vai também para os equipamentos individuais, onde se denota a falta destes.
É de destacar ainda, que embora em questões anteriores tivesse sido referida, a
necessidade de os equipamentos serem passivos, nesta questão aponta-se como limitação a
falta de radares.
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Capítulo 4 – Apresentação, Análise e Discussão de Resultado
39
Quadro nº 10 – Questão nº 5
Na sua opinião e, decorrente do conhecimento e contacto com outras organizações, no âmbito dos
equipamentos de Vigilância, que lacuna(s) deteta nas Unidades de Reconhecimento?
E1
“(…) este assunto não pode ser abordado só numa perspetiva técnica. É importante
saber-se o que é que o Exército pretende ter como capacidades nesta área e isto tem
que estar explanado na doutrina que suporta o emprego das unidades equipadas por
estes equipamentos.”
E2
“(…) se nós compararmos os meios que existem no atual esquadrão de
reconhecimento, nos nossos esquadrões de reconhecimento em termos de vigilância de
Campo de Batalha eles são basicamente aqueles que eram há 20 anos atrás.”
“(…) equipamento agora, e vais comprar o mesmo equipamento com as mesmas
características daqui a 10 anos obviamente que o equipamento que vais comprar daqui
a 10 anos terá que ter maiores capacidades (…)”
E3
“A nossa principal lacuna é em termos humanos.” “(…) a primeira lacuna é não ter
adequado os quadros orgânicos ao número de pessoas que é necessário para processar
essas noticias em primeira mão (…)” “(…)evoluímos tecnologicamente mas não
adaptamos as estruturas organizacionais em termos de meios humanos para essa
evolução, para permitir processar toda esta Informação em tempo real.”;
“(…) outra lacuna que é conseguir que aquilo que é visto em tempo real chegue a
quem precisa dessa Informação e essa Informação seja processada.”;
“Existem muitos equipamentos no exército mas estão todos dispersos (…)” “(…) e não
permite que se treine de forma integrada (…)”;
“Existe também a lacuna no conseguir transmitir os dados e conseguir processá-los do
lado de cá (…)” “(…) não há base de dados de Informações em Portugal, Informações
militares (…)”;
“(…) há áreas em que nós não temos apostado, nomeadamente na vigilância com
veículos não tripulados (…)”.
E4 “A não existência de uma Dotação de Equipamentos Vigilância do Campo de Batalha
a nível individual/Secção/Pelotão/Esquadrão”.
E5
“As lacunas que deteto é a antiguidade dos nossos equipamentos (…)”;
“(…) Outros Exércitos conseguem ter meios muito mais modernos, que lhes dão mais-
valias e mais Informação.”;
“(…) na área dos equipamentos de Vigilância estamos muito atrasados em relação a
outros países.”
E6 “(…) seriam os mini-UAV com o objetivo de complementar as capacidades já
existentes no ERec.”.
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Capítulo 4 – Apresentação, Análise e Discussão de Resultado
40
E7 “A falta de sensores e acima de tudo a incapacidade de gravar imagem e envio ao
escalão superior.”
Face à 5ª questão, os entrevistados apontam como principais lacunas o facto de os
quadros orgânicos não terem sido adaptados convenientemente havendo poucos meios
humanos para o cumprimento das missões. Aliado a esse facto, os sistemas de vigilância
disponíveis não satisfazem os níveis de interoperabilidade pretendida, uma vez que não
permitem transmitir dados em tempo real, seja para o comando do esquadrão, como para o
escalão superior. Dos equipamentos de que o Exército dispõe, é apontada como lacuna o
facto de estarem dispersos não permitindo às forças treinarem com os meios de forma
integrada.
Quadro nº 11 – Questão nº 6
Com base na sua experiência e/ou conhecimento de outros exércitos, que novos meios é que se
poderiam constituir uma mais-valia para as Unidades Reconhecimento no cumprimento das missões
de Reconhecimento e Segurança?
E1 “O LRAS3 utilizado pelos Americanos no Iraque”
E2
“UAVs e UAS’s…”;
“Quanto aos UGV’s, tem que se ver o custo eficácia.”;
“Quanto mais experiência internacional tem, mais reparamos que ao nível de VCB, nós
somos amadores.”
“Nós até podemos ter bons sistemas de vigilância e continuar a não ter um bom
feedback. Falta o círculo de processamento de Informação a trabalhar a sério.”
E3
“(…) devíamos ter os velhos meios que são os binóculos, visão noturna individual,
visão noturna para as armas individuais e coletivas (…)”;
“Os únicos meios que não existem são os não tripulados, quer os terrestres, quer os
aéreos.”;
“(…) o meio aéreo aí seria uma mais-valia.”;
“Esses são os únicos que se constituiriam uma mais-valia. Os outros existem no
Exército, precisamos é de os ter.”
E4 “Ter meios para que tenha capacidade de integrar o sistema ISTAR, garantir a sua
proteção e permitir a Informação em tempo real a todos os níveis.
E5 “(…) questão dos UAV’s (…)” “(…) mas não nos moldes que estão a fazer, que é
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Capítulo 4 – Apresentação, Análise e Discussão de Resultado
41
estar na bateria de aquisição de objetivos e depois serem cedidos.”;
“(…) meios de vigilância adequados ao operador, que o liberta da viatura.”;
“(…) equipamento mais sofisticado, telémetro, aparelhos de visão noturna, quer para
as armas individuais quer para as armas coletivas, radares mais portáteis” “os UGV’s
para ir monitorizando o tipo de terreno.”.
E6 “(…) radares, UAV’s todos eles integrados num sistema que possibilite a partilha de
Informação em tempo real.”.
E7
“(…) os equipamentos que temos com alguns upgrades (…)” “(…) ao nível dos
melhores (…)”;
“Existe uma enorme variedade de equipamentos e softwares que permitiriam
facilmente esta melhoria.”.
Nesta última pergunta, é consensual que os VANT’s são a grande ausência no seio
dos equipamentos de vigilância dos Esquadrões de Reconhecimento, estando porém já
devidamente previstos nos Quadros de Material. O seu emprego pode traduzir-se numa
mais-valia para o cumprimento das missões em Operações de Reconhecimento e de
Segurança, numa perspetiva de complementar e não como meio de substituição de
qualquer um dos equipamentos presentes nas Unidades. É de salientar, a relevância que é
feita à necessidade de integrar os sistemas, não só os futuros meios, mas em primeira
análise integrar os que atualmente estão ao dispor das Unidades de Reconhecimento. E
como tal não está a acontecer, leva a que não se aproveitem todas as capacidades e
recursos que os sistemas têm para oferecer.
4.5. Síntese Conclusiva
Apesar de os VANT acabarem por ser meios mais solicitados pelos entrevistados,
estes já estão previstos segundo o Modelo Conceptual. São Meios complementares de
observação.
Os radares são uma mais-valia no reconhecimento em situações estáticas (segurança
de flanco em prol de uma força estacionária), para a observação de zonas mortas e deteção
de ameaças a longas distâncias, podendo também ser utilizados em situações móveis
(segurança de flanco em prol de uma força em movimento, Op. Reconhecimento…). O
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Capítulo 4 – Apresentação, Análise e Discussão de Resultado
42
grande andicap deste equipamento consiste no facto de, grosso modo, os radares serem
meios ativos, o que possibilita à ameaça a deteção e localização da força. Os radares de
funcionamento passivo ainda estão numa fase embrionária e de testes, não se prevendo
ainda a data em que estarão totalmente disponíveis no mercado.
Os Meios Optrónicos, como as câmaras térmicas e as câmaras de visão noturna, são
um elemento chave no atual Campo de Batalha, permitindo observar em condições de
visibilidade reduzida, e identificar ameaças dissimuladas no terreno. O facto de este ser um
meio de vigilância passivo, não possibilita a deteção por parte da ameaça, não colocando
em causa a segurança da nossa força. Estes equipamentos são a verdadeira lacuna, uma vez
que não estão previstos legalmente para equipar os esquadrões de Reconhecimento. A
aquisição deste tipo de Meios iria colmatar fosso no que diz respeito à capacidade de
observação dos Sistemas de Vigilância entre os 1000m e os 4000/5000m.
A falta de interoperabilidade entre sistemas é umas maiores lacunas dos nossos
equipamentos, não permitindo a transmissão de dados e notícias entre sub-unidades e entre
o escalão superior. Este é um desígnio que se espera ver cumprido sob pena de não se estar
a usufruir de todas as potencialidades dos equipamentos que possuímos.
Um dos objetivos das operações conjuntas da NATO, no que concerne ao Sistema
de Comunicações e Informações, é atingir níveis de padronização que tornem possível a
interoperabilidade entre os estados-membros. Desta forma, em operações multinacionais,
as Informações podem circular entre forças aliadas. Estes níveis de padronização
consubstanciam-se de forma crescente em compatibilidade, intercambialidade e
uniformização. (NATO, 2001)
A necessidade de restruturar os quadros de efetivos das Unidades de
Reconhecimento é um aspeto a ter em conta, pois o melhor meio de vigilância é o homem,
independentemente dos novos sistemas que surgem no mercado.
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Capítulo 5 – Conclusões e Recomendações
43
1
2
Capítulo 5 3
Conclusões e Recomendações 4
5
6
5.1. Introdução 7
8
Neste último Capítulo, o objetivo é, com base no estudo documental, na análise dos 9
quadros comparativos de equipamentos e na análise das entrevistas, responder às perguntas 10
derivadas, o que nos vai confirmar ou infirmar as hipóteses pré-definidas inicialmente. 11
A resposta às perguntas derivadas, vai por sua vez encaminhar-nos à resposta da questão 12
central. 13
Serão igualmente expostas as limitações sentidas, durante a realização deste 14
trabalho de investigação, assim como algumas recomendações e proposta de investigação 15
futura no que diz respeito a esta temática, com vista a procurar o caminho de excelência. 16
17
18
5.2. Resposta às Perguntas Derivadas e Verificação das Hipóteses de Investigação 19
20
QD 1:Que tipos de requisitos específicos devem os Sistemas de Vigilância possuir, 21
para serem empregues no apoio à execução das Operações de Reconhecimento e de 22
Segurança? 23
Com base na análise das respostas à questão nº 2 das entrevistas que foram 24
realizadas, podemos afirmar que existem requisitos que os equipamentos de vigilância 25
devem possuir e que se tornam fundamentais à satisfação de necessidades inerentes à 26
condução das Operações de Reconhecimento e de Segurança (atuar em qualquer altura do 27
dia sob quaisquer condições meteorológicas). Grande parte dos inquiridos elencou a 28
capacidade de deteção de ameaças, a capacidade de operar sob condições adversas, a 29
rusticidade, que é uma característica comum a qualquer equipamento militar (tático), a 30
autonomia das baterias, que permite operar o equipamento num PO (por exemplo) e por 31
último, e não menos importante, o facto de ser passivo, não permitindo a deteção pela 32
ameaça. Todas estas características vêm confirmar a Hipótese 1: “Existem requisitos 33
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Capítulo 5 – Conclusões e Recomendações
44
específicos que os equipamentos de vigilância devem possuir para que as Operações de 1
Reconhecimento e Segurança se efetuem com sucesso”. 2
3
QD 2: Que equipamentos de vigilância devem possuir os Esquadrões de 4
Reconhecimento para serem empregues em Operações de Reconhecimento e de 5
Segurança? 6
Segundo conseguimos apurar com base nas entrevistas, as Unidades de 7
Reconhecimento têm necessidade de possuir, em primeiro lugar os seus meios orgânicos 8
segundo o Modelo Conceptual, em número suficiente, isto é, binóculos, sensores remotos 9
(que neste momento são pouco utilizados) e sobretudo os próprios VANT. 10
No entanto é necessário um investimento em equipamentos que não estão 11
legalmente previstos, de modo a complementar e garantir o cumprimento das missões. 12
Falamos de radares de longo alcance momento, equipamentos com baixa assinatura 13
electromagnética, não permitindo a deteção por parte da ameaça, e que permitam observar 14
em condições de visibilidade reduzida, uma vez que hoje de dia, as Operações desenrolam-15
se a qualquer hora do dia. São ainda referidos por alguns entrevistados, os UGV’s para 16
situações específicas. Desta forma, é confirmada a Hipótese 3: “As Unidades de 17
Reconhecimento devem possuir meios de deteção de longo alcance e equipamentos que 18
permitam observar em períodos de visibilidade reduzida e sob quaisquer condições 19
climáticas e que permitam a ligação a outros sistemas”, com base nas lacunas apontadas 20
pelos inquiridos na questão n.º 5. 21
22
QD3: Que novos meios, fruto das constantes evoluções tecnológicas, cumprem as 23
especificações para serem empregues pelos Esquadrões de Reconhecimento em Operações 24
de Reconhecimento e de Segurança? 25
Segundo a análise das respostas às entrevistas, a opinião é unânime, os VANT’s são 26
apontados como uma grande mais-valia e como complemento aos meios existentes, porém 27
este já é um Meio orgânico dos ERec’s. Como equipamento que não esteja enquadrado no 28
Modelo Conceptual, é aborado de várias formas um Sistema Integrado, capaz de, no 29
mesmo corpo do equipamento operar vários Meios, como por exemplo a Câmara Térmica, 30
a Diurna, a nocturna. Idealmente este Sistema Integrado seria capaz de enviar e receber 31
dados em tempo real (ou próximo do real) e que fosse interoperável com outros 32
equipamentos, pois só assim se tira partido de todas as valências que os equipamentos 33
possuem. Esta resposta vem confirmar a Hipótese 5 “Existem novos meios que poderiam 34
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Capítulo 5 – Conclusões e Recomendações
45
complementar os atuais, na demanda pelo domínio da Informação”, tendo como base as 1
respostas à questão 6 da entrevista. 2
3
4
5.3. Resposta à Questão Central 5
6
Relembrando a questão central do presente trabalho — Os Esquadrões de 7
Reconhecimento, orgânicos das Brigadas do Sistema de Forças Nacional (SFN), possuem 8
na sua organização Sistemas de Vigilância adequados à execução de Operações de 9
Reconhecimento e Segurança de acordo com os padrões doutrinários de referência?”. 10
As unidades de Reconhecimento do SFN possuem na sua orgânica uma panóplia de 11
Sistemas de Vigilância, que na verdade não se traduz na realidade das existências nas 12
unidades. A verdade é que os meios estão dispersos, sendo que alguns deles nem se 13
encontram em território nacional, fruto dos compromissos internacionais de Portugal. 14
Com base na divisão e análise dos diferentes equipamentos de vigilância que 15
existem e de acordo com os quadros de material dos Esquadrões de Reconhecimento, 16
verifica-se que ao nível de Meios Ópticos são suficientes para o cumprimento das missões 17
de Reconhecimento e de Segurança, tendo sido detetada uma lacuna no que concerne à 18
proteção laser dos binóculos. No que diz respeito aos Meios Optrónicos, os Esquadrões de 19
Reconhecimento não possuem os equipamentos necessários para o cumprimento das 20
missões de Reconhecimento e Segurança. Deteta-se uma lacuna, especialmente numa 21
porção de terreno entre os 1000 e os 4000m em que não há sobreposição de meios. Sendo 22
esta a “área de responsabilidade” dos Esquadrões de Reconhecimento, torna-se deveras um 23
fator a ter em conta. É notória a deficiência de equipamentos capazes de operar sob 24
condições de visibilidade reduzida a essas distâncias, capaz de operar montado em viatura 25
e no terreno, recorrendo a energia por parte de uma viatura ou de uma bateria, com a 26
capacidade de referenciar a Ameaça/Inimigo fornecendo as coordendas do alvo e que seja 27
interoperável com o Sistema de Comando e Controlo do Exército. O facto de os sistemas 28
existentes nestas unidades não serem interoperáveis limita a utilização plena dos meios e 29
isso traduz-se na impossibilidade de transmitir e receber dados/notícias em tempo real (ou 30
próximo do real) quer entre as pequenas unidades, como para com o escalão superior. 31
32
33
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Capítulo 5 – Conclusões e Recomendações
46
5.4. Limitações à Investigação 1
2
As limitações à realização deste trabalho de investigação prenderam-se com as 3
alterações de calendário, modificando o que inicialmente se tinha definido. 4
5
6
5.5. Propostas e Recomendações 7
8
Face às lacunas apresentadas e com vista a dirimir o seu impacto na conduta das 9
Operações de Reconhecimento e de Segurança, propõe-se a aquisição de um Sistema 10
Integrado que no mesmo corpo possua Meios Ópticos nomeadamente uma janela de visão 11
direta, e Meios Optrónicos, tais como uma câmara térmica, diurna e noturna, capaz de 12
fazer frente às condições de visibilidade reduzida e capacidade de detetar ameaças, 13
localizado-as através de coordenadas. Este equipamento deve ainda possibilitar o 14
funcionamento junto a este ou remotamente, ser operado montado na viatuar ou no terreno 15
e estar Integrado com o Sistema de Comando e Controlo do decisor. 16
Com base nestas características levantadas propõe-se o sistema Long Range 17
Advanced Scout Surveillance System (LRAS3), que é um sistema de vigilância que opera 18
em quaisquer condições climáticas com provas dadas no Iraque, que tanto opera montado 19
em viatura, como pode ser operado apeado. O LRAS3 consiste num “Radar de 20
Infravermelhos de segunda geração com oculares de longo alcance, telémetro laser 21
seguro36
, equipado com uma câmara diurna e um sistema GPS37 que inclui a determinação 22
da altitude”. (Cavoli & Mcnair, 2005, p. 33 a 36). Tem ainda a possibilidade de integrar 23
um módulo de apoio de fogos, que não é mais do que um sensor que deteta, reconhece, 24
localiza e designa alvos, enviando todos estes dados para os computadores dos postos de 25
comando de tiro, aumentando a precisão das munições guiadas por laser e por GPS, tanto 26
em operações diurnas como noturnas. (Cavoli & Mcnair, 2005) (Defense & ATL, s.d) 27
28
29
30
31
36
Este Telémetro Laser pode ser disparado sem qualquer perigo para os olhos das pessoas. 37
GPS – Global Positioning System (Sistema de Posicionamento Global)
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Capítulo 5 – Conclusões e Recomendações
47
5.6. Investigações Futuras 1
2
Parece-nos pertinente, em investigações futuras, estudar como poderiam ser 3
integrados os equipamentos que possuímos no âmbito dos sistemas de cada viatura e de 4
cada combatente por si, com o sistema de comunicações que o Exército tem vindo (e irá 5
continuar) a implementar nas suas unidades. Falamos dos meios rádio da família E/R 6
P/PRC 525 que possibilitam a transmissão de dados por “pacotes” e integram em alguns 7
modelos um sistema GPS que possibilita o envio de coordenadas do equipamento em 8
tempo real. 9
10
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Apêndices
51
APÊNDICES
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Apêndices
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APÊNDICE A : GUIÃO DE ENTREVISTA
ACADEMIA MILITAR
Os Sistemas de Vigilância em Apoio das Operações de
Reconhecimento e de Segurança
Aspirante Oficial Aluno de Cavalaria Pedro Miguel Martins Bernardo
Orientador: Tenente Coronel de Cavalaria João Carlos Pinto Bouça Flores Noné
Santana
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Apêndices
53
CARTA DE APRESENTAÇÃO
Esta entrevista surge no seguimento do contacto efetuado anteriormente e queria
desde já, agradecer a sua disponibilidade e amabilidade em participar neste projeto de
investigação.
O Trabalho de Investigação Aplicada (TIA), sob a orientação do TCor Cav João
Carlos Pinto Bouça Flores Noné Santana, é a última etapa do Tirocínio para Oficiais para a
obtenção do grau de mestre em Ciências Militares – Cavalaria, pela Academia Militar.
Este projeto de investigação visa verificar quais os Sistemas de Vigilância que as
unidades de Reconhecimento possuem/devem possuir para o cumprimento das Operações
de Reconhecimento e Segurança.
A experiência e função desempenhada por V. Ex.ª será de extrema importância para
a realização do TIA, através da partilha de conhecimento que irá permitir respondermos à
questão central e respetivas questões derivadas, bem como a valorização do mesmo.
Após a finalização do TIA será fornecido feedback sobre os resultados obtidos na
investigação.
As finalidades desta entrevista cingem-se exclusivamente à investigação em curso
que culmina com a elaboração do relatório científico final e a apresentação do mesmo.
Se tiver alguma questão queira por favor colocá-la.
Solicito autorização para gravar a entrevista.
Atenciosamente,
Pedro Miguel Martins Bernardo
Asp Of Al Cav
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Apêndices
54
ENTREVISTA
IDENTIFICAÇÃO DO ENTREVISTADO:
Nome:
Posto:
Idade: Unidade de Colocação:
Funções:
QUESTÕES:
1. Com que níveis/tipos de equipamentos de vigilância é que já utilizou no planeamento e
execução de operações de reconhecimento e segurança?
2. Fruto da sua experiencia, quais as características específicas (técnicas) que os
equipamentos de vigilância necessitam de possuir, para que possam ser empregues por
unidades de Reconhecimento em operações de Reconhecimento, nomeadamente de
área, de zona e de itinerário?
3. E em Operações de Segurança, designadamente na segurança à frente, de flanco e da
retaguarda?
4. Do seu conhecimento e das características que elencou, que tipos de equipamentos é
que não existem no Exército português?
5. Na sua opinião e, decorrente do conhecimento e contacto com outras organizações, no
âmbito dos equipamentos de Vigilância, que lacuna(s) deteta nas Unidades de
Reconhecimento?
6. Com base na sua experiência e/ou conhecimento de outros exércitos, que novos meios é
que se poderiam constituir uma mais-valia para as Unidades Reconhecimento no
cumprimento das missões de Reconhecimento e Segurança
Terminámos,
Muito obrigado pela sua colaboração
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Apêndices
55
APÊNDICE B: ENTREVISTA TCOR JOSÉ FREIRE
ENTREVISTA
IDENTIFICAÇÃO DO ENTREVISTADO:
Nome: José Miguel Moreira Freire
Posto: TCor
Idade: 44 Unidade de Colocação: AM
Funções: Cmdt ERec/BrigMec e G3/BrigMec
QUESTÕES:
1. Com que níveis/tipos de equipamentos de vigilância é que já utilizou no
planeamento e execução de operações de reconhecimento e segurança?
- Como Cmdt do ERec/BrigMec empreguei em exercícios (1998) 2 radares GRC- da
Secção Radar orgânica do Esquadrão;
- Como G3/BrigMec acompanhei o emprego em exercícios (Rosa Brava 2009 e 2010)
do Pelotão de Aquisição de Objetivos (PAO) vindo da EPA para apoio ao
GAC/BrigMec.
2. Fruto da sua experiencia, quais as características específicas (técnicas) que os
equipamentos de vigilância necessitam de possuir, para que possam ser empregues
por unidades de Reconhecimento em operações de Reconhecimento,
nomeadamente de área, de zona e de itinerário?
- As características de os equipamentos de vigilância devem, na minha modesta opinião
ter as seguintes características: 1) serem térmicos; 2) serem independentes do sistema de
armas da viatura, ou seja, uma coisa é ter câmaras térmicas que fazem parte de uma
peça de CC, outra é ter um instrumento autónomo e exclusivo para as missões de
vigilância que permite ser usado do interior das viaturas, fazendo recurso a uma
panóplia de possibilidades, por exemplo mastros telescópicos, mas que permite também
operar afastado da viatura para guarnecer um PO (peso e autonomia das baterias); 3)
desejavelmente ter ligação a redes táticas e ser parte do “sistema de sistemas”,
possibilidade para ligar e interagir com sistemas de geolocalização, telémetros lazer,
etc.
- Depois existem os UAVs .
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Apêndices
56
3. E em Operações de Segurança, designadamente na segurança à frente, de flanco e
da retaguarda?
È o mesmo que a questão anterior
4. Do seu conhecimento e das características que elencou, que tipos de
equipamentos é que não existem no Exército português?
Portugal não tem praticamente nada a não ser a nova viatura PANDUR VCB, a qual
desconheço as possibilidades técnicas.
5. Na sua opinião e, decorrente do conhecimento e contacto com outras
organizações, no âmbito dos equipamentos de Vigilância, que lacuna(s) deteta nas
Unidades de Reconhecimento?
Tal como disse na questão anterior temos muito pouco, mas este assunto não pode ser
abordado só numa perspetiva técnica. É importante saber-se o que é que o Exército
pretende ter como capacidades nesta área e isto tem que estar explanado na doutrina que
suporta o emprego das unidades equipadas por estes equipamentos.
6. Com base na sua experiência e/ou conhecimento de outros exércitos, que novos
meios é que se poderiam constituir uma mais-valia para as Unidades
Reconhecimento no cumprimento das missões de Reconhecimento e Segurança
- Não me sinto suficientemente informado para poder dar uma resposta 100%.
O LRAS3 utilizado pelos americanos no Iraque;
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Apêndices
57
APÊNDICE C: ENTREVISTA TCOR JOSÉ BALTAZAR
ENTREVISTA
IDENTIFICAÇÃO DO ENTREVISTADO:
Nome: José Nunes Baltazar
Posto: TCor Cav
Idade: 47 Unidade de Colocação: Cmdt ERec BRR e ERec BrigMec
Funções: Cmdt ERec/BRR
QUESTÕES:
1. Que níveis/tipos de equipamentos de vigilância é que já utilizou no planeamento e
execução de operações de reconhecimento e segurança?
Os esquadrões de reconhecimento sempre tiveram meios de vigilância de Campo de
Batalha, como é chamado. Inclusive a Secção de Vigilância de Campo de Batalha. No
entanto, os próprios pelotões de reconhecimento e qualquer tropa de reconhecimento
têm o que nós chamávamos os meios básicos de vigilância. Desde os binóculos, os AN -
PVS 4, AN PVS 5, etc, para as armas individuais e coletivas, todos esses sistemas eram
utilizados. Desde o PO, que tinha os meios básicos como os binóculos e quando
tínhamos disponível (porque nem sempre existiam os meios de vigilância noturno),
intensificadores de luz, os sistemas das armas coletivas ou os próprios sistemas das
viaturas como, no caso do Milan, a câmara térmica. Além disso utilizávamos os meios
que eram orgânicos das secções de vigilância do Campo de Batalha, ou seja, os radares
que nos permitiam fazer proteção a maiores distâncias e para além da vista, mas em
linha de vista. Normalmente era por esses meios que trabalhávamos. Não havia na altura
em que eu lá estive esses sistemas – os UAV’s. Obviamente que depois no planeamento
nos socorríamos dentro das respetivas brigadas de acordo com o enquadramento dos
exercícios, assim como com as possibilidades que existiam e meios de vigilância que as
brigadas tinham noutras unidades. Dependendo de ter pelotão de aquisição de objetivos
ou não, dependendo dos meios das unidades de transmissões, dependendo daquilo que a
Unidade e que o exercício permitia, daquilo que estava no terreno, socorríamo-nos
desses meios todos, na tentativa de recorrer aos meios que realmente estavam no terreno
e menos em termos de teoria. Eu sempre evitei um bocadinho o “imaginemos que”.
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Apêndices
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Não! Vamos planear para aquilo que existe, se aquilo que existe dá resposta para aquilo
que precisamos.
2. Fruto da sua experiencia, quais as características específicas (técnicas) que os
equipamentos de vigilância necessitam de possuir, para que possam ser empregues
por unidades de Reconhecimento em operações de Reconhecimento,
nomeadamente de área, de zona e de itinerário?
As características têm que ser independentes da missão e militares. Sendo assim, os
equipamentos têm que ter como características militares capacidade e características
para funcionarem a determinadas distâncias, dependendo do tipo de unidade que
estamos a considerar, e sobre todas as condições meteorológicas, de preferência com
ausência de luz natural ou com muito pouca. Agora, tendo eles essas características nós
utilizamo-los em qualquer tipo de missão porque para mim o reconhecimento de zona
ou de itinerário é a mesma coisa. Quer dizer o reconhecimento de itinerário tem de
reconhecer o itinerário mais o terreno que o domina, no reconhecimento de zona eu
tenho que reconhecer os itinerários que estão na zona mais o terreno que o domina mais
o terreno que está entre um itinerário e outro. Portanto, as características dos
equipamentos não mudam assim tanto e não há equipamentos mais direcionados para
uns e menos direcionados para outros, pelo menos que eu conheça não.
3. E em Operações de Segurança, designadamente na segurança à frente (avançada),
de flanco e da retaguarda?
É a mesma coisa. Por exemplo, o radar, preciso de um radar que me dê um alerta, que
me consiga detetar viaturas a 15km, pessoal apeado a 5km (não estou a falar em
nenhum radar em particular), portanto, o que eu preciso é que aquele equipamento
consiga fazer o que foi mencionado. Para tal, tem que ter a rusticidade suficiente para o
conseguir fazer em qualquer tempo sob quaisquer condições meteorológicas de dia e de
noite porque eu não combino com as forças inimigas quando é que elas atacam. Se é só
quando está bom tempo, se é quando está mau tempo. Os equipamentos que eu tenho
têm que me garantir que funcionam em qualquer tipo de condições meteorológicas e
têm de me garantir rusticidade suficiente quando sujeitas a intempéries com os
elementos e continuarem a funcionar e por outro lado têm de ser de tal forma simples de
operar para que qualquer militar possa fazer sem grande especialização. Por outro lado a
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Apêndices
59
sua manutenção tem de ser igualmente simples para que a unidade que os tem, possa
fazer com eles primeiro escalão de manutenção em operações no Campo de Batalha.
A vigilância de flanco de uma força em movimento não quer dizer que a unidade que
está a fazer vigilância esteja sempre em movimento. Assim, estamos a entrar em aspetos
táticos, pois se queres ver e não ser visto tens que adotar uma determinada postura. Se
queres observar o terreno tens mais rendimento de estiveres parado, estacionado em
determinadas condições, portanto, quando nós falamos em vigilância de flanco de uma
força em movimento não quer dizer que a força que está a fazer vigilância de flanco
esteja sempre em movimento. Ela posiciona-se de forma a garantir a vigilância de
flanco, montagens de PO que implica ocupação, paragem e observação. Claro que era
mais vantajoso ter equipamentos que mesmo em movimento tentam isso tudo. O UAV
não precisa de parar e a unidade que recebe a imagem do UAV pode estar em
movimento. Portanto, isso chama-se evolução, a tecnologia vai-nos permitir isso.
Enquanto o radar permitia identificar determinado tipo de meios numa determinada
localização com algum grau de erro, neste momento a tecnologia já permite que em
tempo real estejas a ver que meios e exatamente onde, e em alguns casos já te permite
que além de veres os meios em tempo real exatamente onde eles estão vês o que é que
estão a fazer e decidir ataca-los tudo com esse mesmo meio. Portanto, já é um nível em
termos tecnológicos muito para além daquilo a que nós estávamos habituados.
4. Do seu conhecimento e das características que elencou, que tipos de equipamentos
é que não existem no Exército português?
Isso é uma pergunta difícil. Na altura em que fui Comandante de esquadrão de
reconhecimento não existia no Exército português, assim como não existe ainda hoje,
apesar de já haver uma tentativa, os UAV’s ou UAS’s. Mesmo comparado com
exércitos mais evoluídos faltavam-nos uma grande quantidade de meios que muitos
deles tínhamos um para amostra, não tínhamos propriamente o que devíamos ter. Por
exemplo, os AN PVS, as armas coletivas, tínhamos uma quantidade muito reduzida por
unidades. Na altura tínhamos e sempre tivemos pouco e não existiam meios muito
sofisticados portanto existia aquele que era o orgânico das nossas Unidades. Muitas
destas coisas são orgânicas e foram pensadas nos anos 70 ou 80. Obviamente agora
está-se a fazer um esforço para dar um salto em termos de UAV’s UAS’s, mas ainda é
uma coisa muito embrianária, em comparação com os civis. Por exemplo, há aí uma
universidade que quer vir cá com um sistema quando estivermos num exercício, vamos
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Apêndices
60
ver se é possível pois acho que é uma mais valia e depois também há toda uma série de
procedimento e protocolos que nós também teremos de aprender e revisitar para tirar a
mais valia desses sistemas. Não é só chegarem cá esses novos equipamentos e é tudo
bom. Não, é preciso depois redefinir processos, aquela Informação que aquele meio está
a recolher aquilo não deixa de ser um meio de recolha de Informação como são os
outros. Aquela Informação só terá valor se for devidamente tratada.
5. Na sua opinião e, decorrente do conhecimento e contacto com outras organizações,
no âmbito dos equipamentos de Vigilância, que lacuna(s) deteta nas Unidades de
Reconhecimento?
Essa pergunta leva-nos a outros campos completamente diferentes. Estamos a falar de
reconhecimento, que nós o vemos por exemplo no ERec da Brigada Mecanizada que é
um reconhecimento com uma tipologia dos anos 70 ou vamos falar de um conceito
muito mais moderno e muito mais integrado do reconhecimento que é o ISTAR?
Estamos a comparar coisas que não são comparáveis, hoje em dia os sistemas de
vigilância, aliás os sistemas de vigilância sempre foram muito para além do
reconhecimento. Com este conceito ISTAR tenta-se integrar de alguma forma o
reconhecimento integrado com outros temas mas para além disso hoje em dia os
sistemas de vigilância depende da capacidade do país porque vão desde os sistemas de
satélite até aos sistemas com aviões tipo P3, sistemas montados noutro tipo de
aeronaves até aos sistemas que são operados pelas transmissões, sistemas de aquisição
de objetivos de diversos tipos de radares que a nossa artilharia usa, até aos radares que
usam as unidades de vigilância de Campo de Batalha, até ao binóculo. Portanto, quando
tu dizes de acordo com todo o tipo de unidades se há grandes lacunas? A que escalão
estamos a falar? Por exemplo, alguns países e faz todo o sentido o reconhecimento já
não está ao nível brigada. O escalão da unidade de reconhecimento é unidade de escalão
batalhão. Já não há unidade de escalão companhia. Porquê? Porque a necessidade de
integração de outros sistemas levou a crescer essa unidade de escalão batalhão. Posso
dizer que lacunas há muitas.
Quando se tem um grupo de reconhecimento, não consegues isolar o esquadrão de
reconhecimento que lá está e tem aqueles meios. Não, o grupo tem todo aquele conjunto
de meios e aquele conjunto de meios trabalha integrado. Daí a mais-valia exatamente a
integração de todos aqueles sistemas. Porque em última análise é preciso um militar
com as botas no terreno para ir lá ver, tocar, dar um pontapé para ir lá ver se aquilo é
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Apêndices
61
exatamente aquilo que se está a pensar que é. Quando ele lá vai dar o pontapé para
confirmar exatamente aquilo que lá está, há toda uma panóplia de equipamentos que já
fez chegar essa Informação aos mais variados níveis. Tenho alguma dificuldade em
responder a essa pergunta porque se nós compararmos os meios que existem no atual
esquadrão de reconhecimento, nos nossos esquadrões de reconhecimento em termos de
vigilância de Campo de Batalha eles são basicamente aqueles que eram há 20 anos
atrás.
O que é que o radar (BOR-A 550) difere em termos de capacidades do radar que
equipava a secção de vigilância do Campo de Batalha? É um bocadinho mais moderno,
monta-se na viatura em vez de ter de se apear e montar no tripé. Isso é evolução é um
degrau não é a guerra das estrelas, é evolução natural. Portanto, compras um
equipamento agora, e vais comprar o mesmo equipamento com as mesmas
características daqui a 10 anos obviamente que o equipamento que vais comprar daqui a
10 anos terá que ter maiores capacidades e de ter obrigação de ser muito mais prático do
que o equipamento que compraste antes. À partida já vai incorporar alguns dos
problemas que tinha que foram detetados no outro equipamento, algumas das
desvantagens ou insuficiências que o outro equipamento apresentava, que já foram
corrigidas. É uma mais-valia mas, por exemplo, neste momento este esquadrão tem o
equipamento que foi comprado há 20, 30 anos.
6. Com base na sua experiência e/ou conhecimento de outros exércitos, que novos
meios é que se poderiam constituir uma mais-valia para as Unidades
Reconhecimento no cumprimento das missões de Reconhecimento e Segurança
UAVs e UASs. Os UAVs, no âmbito da vigilância, julgo que é uma coisa que é
alcançável por nós, julgo que deveria ser o nosso objetivo a curto médio prazo. Porque
os UAV permitem uma visualização do Campo de Batalha em tempo real e isso é uma
mais valia para as unidades de reconhecimento isso é um salto em termos de capacidade
das unidades de reconhecimento que para mim é enorme e em termos de valores, hoje
em dia de um UAV de reconhecimento de vigilância ou de reconhecimento também não
é assim tão caro, e muitos deles são desenvolvidos por empresas civis e obviamente não
com as características militares mas julgo eu que é uma coisa que devia ser um dos
nossos objetivos.
Quanto aos UGV’s, tem que se ver o custo eficácia.
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Apêndices
62
Os sistemas de vigilância e unidades de reconhecimento são duas coisas completamente
distintas. Os meios de vigilância são meios de vigilância que as unidades de
reconhecimento utilizam. Não são específicos orgânicos só dessas unidades. Estar a
querer juntar duas realidades, tens de as tratar como tal, como duas realidades.
Os meios são suficientes para a instrução? São. São suficientes para uma operação
séria? Não. São suficientes de acordo com o dinheiro que o meu país tem? Se calhar
são! O ideal era que tivéssemos todos os meios que existem.
Quanto mais experiência internacional tem, mais reparamos que ao nível de VCB, nós
somos amadores.
Os meios de VCB são meios de captação de indícios. Mesmo num UAV, quando avista
um individuo com uma arma, essa Informação só é válida quando trabalhada por um
canal de Informações decente. É da Unidade “X”, de uma unidade terrorrista, etc. Ou
seja, a imagem em si é um indivíduo com um arma, mas na interpretação da imagem em
si junto com outros elementos dá-me a Informação com outros indícios que pode
significar uma mais-valia para mim em termos operacionais. O nosso problema não são
os sistemas/meios de vigilância, porque isso ainda vamos tendo. O nosso grande
problema é o sistema como um todo. Nós não temos uma escola de processamento de
Informação. O nosso sistema está “coxo”. Nós até podemos ter bons sistemas de
vigilância e continuar a não ter um bom feedback. Falta o círculo de processamento de
Informação a trabalhar a sério.
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Apêndices
63
APÊNDICE D: TCOR JORGE FERREIRA
ENTREVISTA
IDENTIFICAÇÃO DO ENTREVISTADO:
Nome: Jorge Filipe da Silva Ferreira
Posto: TCor Cav
Idade: 44 Unidade de Colocação: RC6
Funções: Cmdt ERec/BrigInt
QUESTÕES:
1. Que níveis/tipos de equipamentos de vigilância é que já utilizou no planeamento e
execução de operações de reconhecimento e segurança?
Tomando os exercícios como referência ao invés das operações reais propriamente
ditas, pela minha experiência, foi utilizado o radar que ainda temos no grupo que é o
AN/PPS 5B. Quando eu estava no reconhecimento era o que existia e ainda existe.
Neste momento, ainda o tenho no grupo no Esquadrão de Apoio de Combate (EAC) em
termos práticos. Em termos de planeamento, ou seja, no campo teórico, trabalhei com
UAV’s e com sensores remotos. Ou seja, em termos de planeamento de exercícios, na
prática a minha experiência é apenas com o AN/PPS 5B. Quando estava no
reconhecimento e, agora com a PANDUR VCB com o ERec, tenho andado a
acompanhar os exercícios quer do EREC, quer da versão RECCE COY para a NRF em
que eles já utilizam a PANDUR VCB com todas as potencialidades que advém de dois
sistemas da parte do radar propriamente dito, assim como das camaras de vigilância.
Quanto a telemetragem, apenas faz a Remote Weapon System (RWS), a Canhão e a
VCB do reconhecimento. A Infantry Carrier Vehicle (ICV) não faz e o PO quando apeia
também não. Não nos podemos esquecer da parte apeada do reconhecimento, o PO só
tem binóculos e não tem capacidade noturna a não ser que leve a camara térmica do
Míssil Milan, porque embora estejam previstos em quadro orgânico aparelhos de
pontaria AN/TVS 4 e 5, nós não temos. Ou seja, o Exército em si tem um conjunto
desses equipamentos e as unidades quando fazem os apontamentos ou as preparações,
utilizam consoante é necessário. Não é possível termos todos os meios em todas as
unidades. São meios demasiado caros para que seja possível.
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Apêndices
64
2. Fruto da sua experiencia, quais as características específicas (técnicas) que os
equipamentos de vigilância necessitam de possuir, para que possam ser empregues
por unidades de Reconhecimento em operações de Reconhecimento,
nomeadamente de área, de zona e de itinerário?
A primeira característica importante que todos eles deviam ter era ser passivos porque
qualquer equipamento neste momento atua pela forma ativa, ou seja, através da emissão
passa a ser detetado e se querermos ser nós em termos de reconhecimento a detetar
temos de começar por ter equipamentos passivos ou o mais passivos possível. Depois,
começando pelo mais básico nós não podemos esquecer que à medida que vamos
evoluindo tecnologicamente que o essencial do reconhecimento continua a ser o homem
e o reconhecimento apeado. Embora se possa complementar o reconhecimento apeado
com outros equipamentos, nomeadamente em reconhecimentos específicos quer seja em
reconhecimento de área, zona ou de itinerário, porque aparecem sempre pontos
específicos que é preciso reconhecer, pode-se aumentar a capacidade humana através de
meios não humanos. Temos de começar por dotar o homem do essencial. Os binóculos
têm que permitir a telemetragem independentemente dos sistemas acoplados aos
sistemas de armas da viatura. O homem tem de ter a possibilidade de ter a visão
noturna, mesmo que seja por algum meio que esteja agarrado ao sistema de armas da
viatura mas que possa ser apeado e a maior parte deles não pode. Não faz sentido levar
uma 12,7mm para um PO de reconhecimento ou para um PE à noite com um AN/PPS
5B, para isso têm que ter os meios individuais e só depois passamos para a parte mais
coletiva. Neste momento as PANDUR versão reconhecimento, a versão RWS e mesmo
a versão Canhão, têm bons sistemas que são próprios da arma que permitem auxiliar as
unidades de reconhecimento, ou seja, mesmo com uma viatura canhão consigo montar
um PO/PE, ter uma camara térmica e ter dispositivos óticos com volume já bastante
bom, mas depois falta uma coisa importante que é eu conseguir ligar todos os sistemas e
transmiti-los. Porque neste momento, pegando no caso concreto da PANDUR, a versão
reconhecimento é um excelente sistema, mas ter aquela camara térmica, aquele radar ou
ter um homem com uns binóculos potentes e falar ao rádio e relatar é exatamente a
mesma coisa. Ou seja, estes sistemas de vigilância que existem têm de permitir
transmitir, através de um canal quer seja ele filar ou não filar, a quem tenha capacidade
de processar os dados. Quem tiver esses sistemas ao nível de esquadrão, é quem faz o
primeiro processamento da notícia e tem de ter a capacidade de interpretação. Para isso
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Apêndices
65
precisa de um sistema automático que permita ajudar a fazer essa interpretação e depois
que permita passar para o escalão superior. Se as notícias que saem da PANDUR VCB
não passarem automaticamente para o Posto de Comando de Tiro (PCT) dos morteiros e
para o posto de comando do esquadrão e estes não tiverem a capacidade de processar ao
seu nível, essas notícias, transformar essa Informação, mais vale ligar isso diretamente a
quem tem capacidade e aí deixa de ser esquadrão de reconhecimento e passa a ser uma
secção de VCB dentro de uma brigada, de uma divisão, de um Corpo de Exército, seja o
que for.
Depois é preciso que todos esses sistemas sejam interoperáveis. Por exemplo o EREC
da BrigInt tem a viatura PANDUR e este sistema tem de ser interoperável, nem que seja
em termos de software, com o PCT dos nossos morteiros, com o GAC da Artilharia. Se
considerarmos que o EREC trabalha em proveito de uma Brigada, todo o sistema de
vigilância que exista o mais á frente possível, tem que permitir a interoperabilidade face
aos escalões de comando até chegar a alguém que vai tomar uma decisão, seja em
termos de ação ao nível das Informações, seja em termos de ações letais ou não letais,
ao nível da Artilharia ou ao nível da Guerra Eletrónica. Por isso os sistemas têm de
existir e têm de ser interoperáveis. Quando passamos do binóculo ou de um dispositivo
individual de visão noturna para o sistema de maior sofisticação ou maior tecnicidade
não podemos esquecer é que ele só é mais do que um binóculo ou do que um dispositivo
de visão noturna individual se permitir a transmissão de dados para quem precisa deles
e se for interoperável com os sistemas que existem aí, a todos os níveis. Ou seja, por
exemplo, num esquadrão tem de ser interoperável com os morteiros ou com o sistema
que existe no PCT para o PCT a partir de ali poder fazer os cálculos de uma forma
automática. O que é que adianta descobrir o alvo para os morteiros com o radar se
depois os morteiros não conseguem detetar aquilo e automaticamente criar as condições
para entrar em emissão de tiro? Quem diz morteiros, diz escalão superior, o GAC,
porque se não voltamos ao velho sistema do binóculo e do rádio.
Depois há uma coisa que nós ainda não exploramos em Portugal, embora já existam
projetos, que são aeronaves e viaturas não tripulados, que seriam uma mais-valia para o
reconhecimento como equipamentos de vigilância. Os não tripulados existem em termos
orgânicos vindos da unidade ISTAR, mas ainda se anda a fazer experiências. Para o
reconhecimento seria importante ter viaturas terrestres não tripuladas, por exemplo,
quando vou fazer o reconhecimento de uma ponte em vez de me enfiar de baixo de uma
ponte tiver um robô que faz isso por mim ou que vai á minha frente seria uma mais-
![Page 83: TIA - Sistemas de Vigilãncia em Apoio das Operações de … · 2017. 12. 18. · Na segunda parte do trabalho, com um conteúdo mais prático, é feita uma análise aos equipamentos](https://reader033.vdocuments.pub/reader033/viewer/2022060914/60a7ea6b74d8655fd2743b95/html5/thumbnails/83.jpg)
Apêndices
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valia. Nós não temos apostado nisso, temos andado mais da parte aérea com vários
projetos que há aí de UAV’s mas nunca se apostou muito na parte da vigilância com
sensores terrestres, neste momento julgo que só a Engenharia é que tem um
equipamento desses no Counter-IED. Penso que seria uma mais-valia, não sei em que
escalão, mas se pelo menos um dos pelotões tivesse um sensor terrestre que permitisse a
vigilância sem ser pelos meios humanos, nomeadamente a possibilidade de ter para a
parte urbana e para a parte subterrânea, um sensor de vigilância terrestre autónomo,
seria uma mais-valia, desde que permitisse a ligação à viatura de vigilância e depois aos
diversos níveis.
3. E em Operações de Segurança, designadamente na segurança à frente (avançada),
de flanco e da retaguarda?
Enquanto que as operações de reconhecimento são operações mais fluidas em que o que
interessa é mais movimento, na segurança, embora uma segurança á frente ou uma
segurança de flanco possa ser bastante fluida, há uma possibilidade das operações de
segurança precisarem de estarem mais táticas. Aí falta-nos também investir não num
meio tão sofisticado como a VCB de vigilância mas em sistemas simples de vigilância,
nomeadamente camaras. Se adaptássemos às nossas viaturas, as nossas camaras normais
que nós utilizamos na segurança estática, para complementar o homem, desde que isso
fosse interligado, seria uma mais-valia, porque quando eu estou no PO/PE, eu ou vejo ás
vezes em décimas de segundo ou perco a oportunidade. O ter um sistema eletrónico que
me permita fazer a mesma coisa mas ficar com a imagem guardada e poder voltar atrás
para ver, seria uma mais-valia.
Em termos de características dos equipamentos de vigilância, devem ser igualmente
passivos, devem começar por ser atribuídos ao nível individual, não podemos esquecer
o homem, ao nível de sistemas coletivos devem ser interligados com a rede de dados
que estiver montada e ser interoperáveis em todos os escalões. Ou seja, desde o sensor
para o pelotão, do pelotão para o esquadrão, seja ele qual for, tem de comunicar para
quem precisar, seja a companhia de guerra eletrónica, seja o grupo de artilharia de
campanha, seja batalhão ISTAR que trabalhe nas áreas das Informações. Tudo isto tem
que funcionar em tempo real. Quando estou a ver através da assinatura eletrónica no
radar, ou através da imagem numa das câmaras no posto de comando do esquadrão, o
esquadrão ao transmitir para o escalão superior, este tem de estar a conseguir ver a
mesma imagem, que é para conseguir ser útil.
![Page 84: TIA - Sistemas de Vigilãncia em Apoio das Operações de … · 2017. 12. 18. · Na segunda parte do trabalho, com um conteúdo mais prático, é feita uma análise aos equipamentos](https://reader033.vdocuments.pub/reader033/viewer/2022060914/60a7ea6b74d8655fd2743b95/html5/thumbnails/84.jpg)
Apêndices
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4. Do seu conhecimento e das características que elencou, que tipos de equipamentos
é que não existem no Exército português?
Quase todos existem, não existem nas quantidades que todos nós gostaríamos. Existem
no exército binóculos que permitem telemetragem com boa capacidade, as operações
especiais têm, tínhamos nas missões internacionais no Teatro do Kosovo também.
Temos dos melhores radares que existem neste momento, com a PANDUR versão
reconhecimento, temos as melhores camaras térmicas que existem, o que não temos é o
complemento que falta, que é permitir passar o sinal em tempo real para quem precisa
dele. Falta a interligação e faltam os veículos não tripulados sejam eles aéreos ou
terrestres. Os veículos aéreos já estão em curso alguns projetos, inclusive já fizemos o
ano passado um exercício com estes meios, no Dragão e este ano vão ser outra vez
utilizados neste exercício numa das operações. Não temos, pelo menos que eu tenha
conhecimento, para além da engenharia, nenhum sistema remoto terrestre, o que poderia
ser uma mais-valia nas unidades de reconhecimento. Neste momento no mercado há
vários com características militares, há uns que são suficientemente reduzidos para
andar na mochila, são suficiente robustos para serem atirados do 3º andar, cair e
continuarem a sobreviver e transmitir com uma camara exterior com um alcance
relativamente reduzido.
Agora, o equipamento mais essencial existe no exército, nós temos sistemas de visão
noturna para as armas ligeiras, temos sistemas de visão noturna para as armas pesadas,
temos a camara térmica do sistema lança mísseis Milan que é bastante boa e é portátil,
temos as novas viaturas PANDUR na versão RWS, ICB e reconhecimento que têm
capacidade diurna e noturna. Santa Margarida, nos carros também têm a capacidade
diurna e noturna. O exército para além dos sistemas ativos também tem os sistemas
passivos, os sensores remotos, que caíram em desuso e que eram o sistema que
auxiliava os PO/PE. Eram sensores enterrados em determinados pontos e depois pela
vibração de uma pessoa ou viatura, transmitiam um tipo de sinal para a unidade de
controlo e consoante se aproximava do sensor A para o sensor B dava a direção, fazia a
triangulação dava o movimento e dava a distância. São um tipo de sistema que permite
manter a vigilância em qualquer período, onde não há outro sistema que permita manter
a vigilância de forma passiva. É um bom sistema, pode neste momento já estar
desatualizado, mas era um tipo de equipamento que era uma mais-valia.
![Page 85: TIA - Sistemas de Vigilãncia em Apoio das Operações de … · 2017. 12. 18. · Na segunda parte do trabalho, com um conteúdo mais prático, é feita uma análise aos equipamentos](https://reader033.vdocuments.pub/reader033/viewer/2022060914/60a7ea6b74d8655fd2743b95/html5/thumbnails/85.jpg)
Apêndices
68
5. Na sua opinião e, decorrente do conhecimento e contacto com outras organizações,
no âmbito dos equipamentos de Vigilância, que lacuna(s) deteta nas Unidades de
Reconhecimento?
A nossa principal lacuna é em termos humanos. Porque nós temos cada vez mais
sensores mas mantemos as organizações em termos dos estados-maiores das nossas
unidades e do Comando das várias unidades na mesma. Ou seja, aquele que antigamente
processava em função daquilo do que o soldado via, e era uma quantidade de
Informação, continua a ser o mesmo número de pessoas que processa vindo de todos
estes sensores. Se eu, num Esquadrão juntar toda a Informação vinda dos UAV’s, a
Informação vinda das quatro viaturas de reconhecimento que chegam a alcances nunca
antes vistos, com todos os pelotões que neste momento têm uma capacidade acrescida
em termos de visão noturna e mesmo diurna e em termos de alcance até ao qual
conseguem vigiar (fruto dos dispositivos, quer da canhão quer da RWS) continua a ser o
mesmo número de pessoas a processar essa Informação. Por isso, a primeira lacuna é
não ter adequado os quadros orgânicos ao número de pessoas que é necessário para
processar essas noticias em primeira mão ou então o link tem que ir direto para quem
tenha esta capacidade mas depois quando chegamos ás unidades de escalão batalhão, ás
unidades de escalão brigada quando uma brigada, nós temos um oficial de Informações
e um sargento de Informações vamos voltar ao mesmo ou seja temos uma grande
lacuna, evoluímos tecnologicamente mas não adaptamos as estruturas organizacionais
em termos de meios humanos para essa evolução, para permitir processar toda esta
Informação em tempo real. Porque nós vemos mais e vemos mais longe quer dizer a
quantidade de noticias é cada vez maior.
Há outra lacuna que é conseguir que aquilo que é visto em tempo real chegue a quem
precisa dessa Informação e essa Informação seja processada. No caso do
Reconhecimento, aquilo que é visto pela VCB tem de conseguir ser processado pelos
morteiros e pelo GAC em simultâneo para depois o Comandante decidir que meio vai
utilizar sobre determinado alvo.
Depois temos, isto não é uma lacuna, a falta de capacidade financeira. Existem muitos
equipamentos no exército mas estão todos dispersos, ou seja, se eu precisar de binóculos
com capacidade de telemetragem tenho de ir ao CTOE, se precisar de sistema de visão
noturna para a arma individual vou ao RI19, se precisar do sistema de visão noturna
para uma 12,7mm vou a Santa Margarida, se precisar de um sistema de visão noturna
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Apêndices
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individual Goggle vou a São Jacinto. Existe este equipamento mas está disperso e não
permite que se treine de forma integrada, ou seja, treino tiro noturno com armas
individuais quando vou para Chaves, treino tiro coletivo 12,7mm quando vou a Santa
Margarida uma vez por ano mas num treino tudo de uma vez em simultâneo. Ter todas
as capacidades é trabalhar em simultâneo porque só aí é que eu consigo detetar as
lacunas nos meios, quer humanos quer nas ligações porque enquanto eu estiver no PO
faço o relato daquilo que a vista alcança, não me serve de nada. Enquanto a VCB me
fizer o relato pela rádio, nada de novo, agora se eles me fizerem chegar horas e horas de
filmes, coordenadas automaticamente lançadas é que eu deteto essas lacunas.
Existe também a lacuna no conseguir transmitir os dados e conseguir processá-los do
lado de cá, porque não é com um computador portátil que eu consigo processar a
Informação vinda da VCB. Se eu não desenvolver sistemas que me permitam processar
Informações, ou seja, conseguir transformar notícias em Informações, que eu conheça
não há base de dados de Informações em Portugal, Informações militares, que eu
conheça não há nenhuma. Cada força tenta desenvolver a sua própria á medida das
necessidades, muitos QG’s internacionais não têm base de dados de Informações.
Por fim, há áreas em que nós não temos apostado, nomeadamente na vigilância com
veículos não tripulados, seja ela aérea que se sabe que há projetos há vários anos e que
estão a andar, seja nos terrestres que, só existe no exército na parte dos IED na
Engenharia.
6. Com base na sua experiência e/ou conhecimento de outros exércitos, que novos
meios é que se poderiam constituir uma mais-valia para as Unidades
Reconhecimento no cumprimento das missões de Reconhecimento e Segurança
Primeiro devíamos ter os velhos meios que são os binóculos, visão noturna individual,
visão noturna para as armas individuais e coletivas, mas isso são contingências. Os
únicos meios que não existem são os não tripulados, quer os terrestres, quer os aéreos.
Acho que seriam uma mais-valia para o reconhecimento. Podíamos ver mais longe,
podíamos ver em condições de menor risco para o militar. O meio aéreo permite ver
sempre á frente e a uma maior distância, o que dá um maior tempo de recção,
principalmente quando são operações muito fluidas em que se exija movimento.
Portanto numa guarda, fazer uma operação de segurança a um flanco, ou a uma força
que está em movimento, é uma loucura porque a velocidade tem de ser grande para
conseguir garantir todas as missões de reconhecimento, a sua própria proteção e garantir
![Page 87: TIA - Sistemas de Vigilãncia em Apoio das Operações de … · 2017. 12. 18. · Na segunda parte do trabalho, com um conteúdo mais prático, é feita uma análise aos equipamentos](https://reader033.vdocuments.pub/reader033/viewer/2022060914/60a7ea6b74d8655fd2743b95/html5/thumbnails/87.jpg)
Apêndices
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tempo á força, que o meio aéreo aí seria uma mais-valia. Esses são os únicos que se
constituiriam uma mais-valia. Os outros existem no Exército, precisamos é de os ter.
![Page 88: TIA - Sistemas de Vigilãncia em Apoio das Operações de … · 2017. 12. 18. · Na segunda parte do trabalho, com um conteúdo mais prático, é feita uma análise aos equipamentos](https://reader033.vdocuments.pub/reader033/viewer/2022060914/60a7ea6b74d8655fd2743b95/html5/thumbnails/88.jpg)
Apêndices
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APÊNDICE E: TCOR LUIS MARINO
ENTREVISTA
IDENTIFICAÇÃO DO ENTREVISTADO:
Nome: Luís Manuel Cardoso Relvas Marino
Posto: TCor Cav
Idade: 49 Unidade de Colocação: RC3
Funções: Cmdt ERec/BRR
QUESTÕES:
1. Que níveis/tipos de equipamentos de vigilância é que já utilizou no planeamento e
execução de operações de reconhecimento e segurança?
O orgânico da Secção VCB do Esquadrão de Reconhecimento da Brigada de Reação
Rápida (AN PPS 5B), sensores remotos, binóculos GLORY óculos de visão noturna
AN/PVS 5C.
2. Fruto da sua experiencia, quais as características específicas (técnicas) que os
equipamentos de vigilância necessitam de possuir, para que possam ser empregues
por unidades de Reconhecimento em operações de Reconhecimento,
nomeadamente de área, de zona e de itinerário?
Equipamentos com capacidade para integrar o sistema ISTAR (Intelligence,
Surveillance, Target Aquisition and Reconnaissance), nomeadamente os UAV’s.
3. E em Operações de Segurança, designadamente na segurança à frente (avançada),
de flanco e da retaguarda?
O conjunto de meios colocados à disposição da Força devem garantir a capacidade de:
Confirmar e adquirir alvos.
Detetar alvos a 24 Km e identificar alvos a 18 Km, utilizando sistemas montados
em veículos, em linha de vista e em quaisquer condições de visibilidade.
Integrar o sistema ISTAR.
Obter / partilhar Informação em “tempo real / próximo do real” que contribua
para o BFSA (Blue Force Situation Awareness - Perceção Situacional das Forças
Amigas).
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Apêndices
72
Partilhar a COP (Common Operacional Picture – Imagem Operacional Comum)
com as unidades subordinadas até ao escalão Secção (mesmo que actuando
apeadas).
Adquirir/bater objectivos obtidos pelos diferentes meios de recolha integrados
no sistema JISR (Capable of acquiring / engaging targets by different collection
means as the integration into a wider JISR system will permit).
Obter, de dia ou de noite e em condições de visibilidade limitada, imagens (fotos
ou vídeo) de objetivos ou atividades de interesse e disseminação das mesmas e
de dados complementares, para um centro de processamento/análise/ integração
de uma forma atempada, eficiente e segura.
4. Do seu conhecimento e das características que elencou, que tipos de equipamentos
é que não existem no Exército português?
Não tenho a perceção de todos os meios existentes no Exército, mas nenhum
equipamento com capacidade para integrar o sistema ISTAR.
5. Na sua opinião e, decorrente do conhecimento e contacto com outras organizações,
no âmbito dos equipamentos de Vigilância, que lacuna(s) deteta nas Unidades de
Reconhecimento?
A não existência de uma Dotação de Equipamentos Vigilância do Campo de Batalha a
nível individual/Secção/Pelotão/Esquadrão.
6. Com base na sua experiência e/ou conhecimento de outros exércitos, que novos
meios é que se poderiam constituir uma mais-valia para as Unidades
Reconhecimento no cumprimento das missões de Reconhecimento e Segurança
É uma mais valia para um Esquadrão de Reconhecimento ter meios para que tenha
capacidade de integrar o sistema ISTAR, garantir a sua proteção e permitir a Informação
em tempo real a todos os níveis.
![Page 90: TIA - Sistemas de Vigilãncia em Apoio das Operações de … · 2017. 12. 18. · Na segunda parte do trabalho, com um conteúdo mais prático, é feita uma análise aos equipamentos](https://reader033.vdocuments.pub/reader033/viewer/2022060914/60a7ea6b74d8655fd2743b95/html5/thumbnails/90.jpg)
Apêndices
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APÊNDICE F: CAP PEDRO CABRAL
ENTREVISTA
IDENTIFICAÇÃO DO ENTREVISTADO:
Nome: Pedro Miguel Tavares Cabral
Posto: Cap Cav
Idade: 37 Unidade de Colocação: RC6
Funções: Cmdt ERec/BrigInt
QUESTÕES:
1. Que níveis/tipos de equipamentos de vigilância é que já utilizou no planeamento e
execução de operações de reconhecimento e segurança?
Em termos de planeamento de operações, a única coisa para além do equipamento do
esquadrão de reconhecimento que tive oportunidade de fazer foi planear o emprego do
destacamento de operações especiais a efetuar com uma vigilância a determinado alvo/
objetivo, na missão no Kosovo. Eles tinham equipamentos de vigilância próprios, desde
binóculos de visão noturna, câmaras térmicas, binóculos de longo alcance, etc. Portanto,
isso era material próprio das operações especiais conforme o destacamento tinha. Eu
tive que intervir no planeamento da operação e a partir daí começaram a utilizar os
métodos que tinham ao seu dispor porque isso eram materiais do destacamento de
operações especiais. Aqui no que diz respeito ao esquadrão do reconhecimento desde
que assumi o Comando do Esquadrão de Reconhecimento no planeamento de operações
o que nós temos empregue mais é a nossa secção de vigilância de Campo de Batalha. A
secção de vigilância do Campo de Batalha neste momento está dotada de uma viatura
que tem o radar e uma camara que podemos tirar partido dele e tem uma eficácia muito
grande. Para além disso também as viaturas RWS e Canhão têm camaras térmicas com
um alcance considerável. Mas o melhor meio que as unidades de reconhecimento têm é
o homem. Enquanto que os equipamentos nos ajudam-nos a obter melhores
performances o homem é sempre aquele que consegue fazer uma avaliação
efetivamente daquilo que este equipamento observa, aí somos um sensor. O homem
continua a ser o melhor sensor. Quando era Cmdt de PelRec, os meios que tinha à
minha disposição era apenas os binóculos Glory, que ainda estão em uso e que fazem
![Page 91: TIA - Sistemas de Vigilãncia em Apoio das Operações de … · 2017. 12. 18. · Na segunda parte do trabalho, com um conteúdo mais prático, é feita uma análise aos equipamentos](https://reader033.vdocuments.pub/reader033/viewer/2022060914/60a7ea6b74d8655fd2743b95/html5/thumbnails/91.jpg)
Apêndices
74
parte da orgânica do Esquadrão, fora isso, não lidei com mais nenhum dos meios e não
tive a oportunidade de lidar com meios mais sofisticados do que isso.
2. Fruto da sua experiencia, quais as características específicas (técnicas) que os
equipamentos de vigilância necessitam de possuir, para que possam ser empregues
por unidades de Reconhecimento em operações de Reconhecimento,
nomeadamente de área, de zona e de itinerário?
Os equipamentos de vigilância, na minha opinião, têm que ter dois vetores muito
importantes que é permanência a vigiar e quanto maior o alcance melhor. Quanto maior
o alcance porquê? Porque dá-te mais tempo para reagir ou alguém reagir. Quando
estamos a efetuar uma vigilância no reconhecimento, estamos a efetuar uma vigilância
em proveito de alguém ou de outra unidade. Quanto maior alcance tiverem esses meios
melhor, mais tempo estamos a dar a essa unidade que estamos a apoiar. Permanência da
vigilância é a constante monitorização do que aquilo que estamos a vigiar está a fazer,
qual é a atividade que está a desenvolver, se está a progredir, se estacionou, se voltou
para trás… Sou da opinião que deve fazer parte das características base, ter o maior
alcance possível e a constante monitorização daquilo que estamos a vigiar. Neste caso,
se estamos constantemente a ver, sem paragens, tem que existir especial atenção ao
tempo de duração de baterias, ou seja, quanto maior tiver a duração de baterias maior
durabilidade de operação do equipamento, nesse sentido. Contudo, existem
características que qualquer equipamento militar deveria ter, nomeadamente, ser robusto
e funcionar sobre todas as condições climáticas. Se possível poder alternar entre o dia e
noite, continuar o funcionamento de dia e de noite, pois hoje em dia o combate pode ser
diurno ou noturno. Aliás, o ideal é poder-se combater de noite da mesma maneira que se
combate de dia. Basicamente serão essas as características que deverão ter os
equipamentos de vigilância.
A outra característica que também deverá ter é um sensor que, pode dar o alerta, caso o
operador não estivesse a vigiar. Imaginemos um equipamento, um radar que tem uma
camara que quando o radar deteta o movimento, a camara direciona-se para lá e faz o
zoom automaticamente, emitindo ao mesmo tempo um sinal sonoro para alertar o
operador para ele confirmar efetivamente o que está a acontecer. Isso seria uma boa
característica, a integração dessas capacidades num só sistema. A viatura acaba por ser
um sistema. Não sei, ainda, se é possível ter estes meios de uma forma sem ser em
viatura, um operador que precisa de um posto de observação monta esse sistema todo e
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Apêndices
75
tem já ali um abrigo a observar. Na minha opinião é uma mais-valia para quem está a
fazer operações de reconhecimento.
Outra característica que acho que devia ter é ter uma assinatura em termos de espectro
eletromagnético baixa para não ser facilmente detetado. Ser o mais passivo possível.
3. E em Operações de Segurança, designadamente na segurança à frente (avançada),
de flanco e da retaguarda?
As características basicamente acabam por ser as mesmas. A constante monitorização
do alvo, do objetivo, das zonas mortas, neste caso isso tudo está integrado nos estudos
que fazemos. Quem está a fazer uma operação de segurança primeiro vê os meios que
tem à sua disposição, faz o estudo do terreno e vê onde é que há as possibilidades de
quebra ou de entrada naquela área e depois coloca para tapar aquelas entradas, os meios
que tem á sua disposição. Obviamente se tiver muitos meios vai conseguindo “tapar os
buracos todos”, se tiver poucos meios, que tenha aqueles que consiga cobrir vários
“buracos” ao mesmo tempo. O desejado para uma força de reconhecimento nesse tipo
de operações é ter os homens, depois os radares, as camaras, UAV’s, UGV’s… Ter
esses sistemas era o ideal, pois quem tivesse a planear a operação dispunha dos meios e
via o que melhor se adequava. Numa linha de água, de difícil infiltração, provavelmente
não coloco um UGV porque é um terreno difícil, mas coloco um sensor remoto que
detete os movimentos, para dar um alerta e capacitar a minha força de intervenção para
detenção. Ocupa-se uma posição para esse propósito com o intuito de o deter a tempo.
Numa área densa, em que nem se consegue andar a patrulhar, de difícil acesso às
viaturas ou uma área mais aberta, que esteja longe mas que seja uma possível zona de
lançamento ou uma boa zona de desembarque de tropas especiais ou outro tipo de
operação aeromóvel, ter um UAV a monitorizar constantemente essa zona que esteja
ainda longe, todos esses equipamentos são importantes para esse tipo de operações,
quanto mais melhor, naturalmente.
4. Do seu conhecimento e das características que elencou, que tipos de equipamentos
é que não existem no Exército português?
Eu desconheço todos os equipamentos que existem no exército português. Existem
muitos equipamentos no Exército português que eu nunca vi. Sei que eles existem
porque consulto algumas fichas na intranet e sei que existem, agora há muitos que lá
estão que eu nunca vi nem nunca manuseei.
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Apêndices
76
Equipamentos que não existem são os UGV’s, os UAV existem, mas ainda andamos
muito embrionários, em testes, portátil e lançado por um homem. Ainda não tive
nenhum contacto com os UAV, nunca trabalhei com eles, desconheço as capacidades e
que mais-valias nos possam trazer. Mas julgo que se tivéssemos uma aposta mais forte
nesse tipo de equipamentos que eram uma mais-valia para nós.
Radares mais sofisticados do que os AN/PPs 5B, que já são obsoletos. Existem os mais
avançados que são aqueles que equipam a nossa secção de vigilância do Campo de
Batalha, mas que só existem na Secção VCB do ERec da BrigInt, ou seja quatro no
exército português, o que é muito pouco. Os outros esquadrões de reconhecimento
deviam de ter esse tipo de equipamento. Mais equipamentos que podíamos elencar aqui
– os sensores, se calhar devíamos fazer uma evolução nos sensores remotos que
possuímos. Só temos o sensor remoto classic, que cobre muito pouco, não é nada de
extraordinário. Se calhar devíamos ter alguns que tenham determinado tempo de vida,
que são descartáveis, que se pudesse lançar através de um meio de lançamento de
determinado sitio e depois quando deixasse de ser útil aquilo rapidamente perdia a sua
função.
Podíamos ainda apostar novamente em binóculos de melhor qualidade, aparelhos de
visão noturna mais modernos, pois os poucos que temos são muito antiquados. Estamos
muito atrasados nesta matéria.
5. Na sua opinião e, decorrente do conhecimento e contacto com outras organizações,
no âmbito dos equipamentos de Vigilância, que lacuna(s) deteta nas Unidades de
Reconhecimento?
Nas nossas unidades de reconhecimento as lacunas que deteto é a antiguidade dos
nossos equipamentos, porque acho que em termos humanos somos tão ou mais capazes
que outros países. Ora claro que não temos os meios mais modernos ou mais adequados
e que poupam os nossos militares. Outros Exércitos conseguem ter meios muito mais
modernos, que lhes dão mais-valias e mais Informação. E é isso que se pretende
também no reconhecimento, é a obtenção da Informação e respostas a alguns
pressupostos. Se compararmos uma força que tem equipamentos muito mais modernos
e outra com têm equipamentos mais antigos no desempenho uma mesma missão,
retiramos que a força que tem os equipamentos mais antigos tem mais dificuldade no
cumprimento da missão. Não quer dizer que não a cumpra, mas vai ter muito mais
![Page 94: TIA - Sistemas de Vigilãncia em Apoio das Operações de … · 2017. 12. 18. · Na segunda parte do trabalho, com um conteúdo mais prático, é feita uma análise aos equipamentos](https://reader033.vdocuments.pub/reader033/viewer/2022060914/60a7ea6b74d8655fd2743b95/html5/thumbnails/94.jpg)
Apêndices
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dificuldades. Há uma grande diferença entre elas e na área dos equipamentos de
Vigilância estamos muito atrasados em relação a outros países.
6. Com base na sua experiência e/ou conhecimento de outros exércitos, que novos
meios é que se poderiam constituir uma mais-valia para as Unidades
Reconhecimento no cumprimento das missões de Reconhecimento e Segurança
Já que andamos aí a apostar na questão dos UAV’s, devia haver uma clara aposta, mas
não nos moldes que estão a fazer, que é estar na bateria de aquisição de objetivos e
depois serem cedidos. Acho que não faz sentido. Deveria estar com a força que são
destinadas seja no esquadrão de reconhecimento seja no batalhão de infantaria. Se
pertencem a essa força, deviam lá estar integrada com eles, integrar sempre no treino.
Outros meios, para além aqueles que já existem, se calhar meios de vigilância
adequados ao operador, que o liberta da viatura. Uma vigilância que se pretenda estar
mais estática e mais dissimulada, se calhar temos de deixar a viatura um bocadinho mais
para trás e lançar os homens para a frente e não temos mais nada a não ser o olho, e é
bom que ele esteja a funcionar bem e binóculos. Convínhamos ter equipamento mais
sofisticado, telémetro, aparelhos de visão noturna, quer para as armas individuais quer
para as armas coletivas, radares mais portáteis para além daqueles que estão na viatura,
os UGV’s para ir monitorizando o tipo de terreno, para reconhecimentos mais
específicos como áreas edificadas e as pontes.
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Apêndices
78
APÊNDICE G: CAP ELISABETE SILVA
ENTREVISTA
IDENTIFICAÇÃO DO ENTREVISTADO:
Nome: Elisabete Maria Rodrigues da Silva
Posto: Cap Cav
Idade: 33 Unidade de Colocação Atual: Adj G2 BrigMec
Funções: Cmdt ERec
QUESTÕES:
1. Que níveis/tipos de equipamentos de vigilância é que já utilizou no planeamento e
execução de operações de reconhecimento e segurança?
Trabalhei com o equipamento orgânico do ERec, nomeadamente os Binóculos, os
equipamentos de intensificadores de imagem das armas coletivas e individuais AN/TVS
– 5 e AN/TVS – 4, os Goggles, os Radares AN/PPS 5B, o periscópio das viaturas
M113, as câmaras térmicas do sistema míssil TOW e dos Carros de Combate M60 e,
recentemente, com a câmara térmica do carro de combate Leopard 2A6.
2. Fruto da sua experiencia, quais as características específicas (técnicas) que os
equipamentos de vigilância necessitam de possuir, para que possam ser empregues
por unidades de Reconhecimento em operações de Reconhecimento,
nomeadamente de área, de zona e de itinerário?
Devem ter a rusticidade requerida para qualquer equipamento militar, podendo operar
sob quaisquer condições meteorológicas, capacidade de detetar ameaças a grandes
distâncias, operar sob condições de pouca ou nenhuma luz e a transmissão de imagens,
Informação em tempo real.
3. E em Operações de Segurança, designadamente na segurança à frente, de flanco e
da retaguarda?
As mesmas características, o que varia é a forma como são utilizados.
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Apêndices
79
4. Do seu conhecimento e das características que elencou, que tipos de equipamentos
é que não existem no Exército português?
Os Mini-UAV e radares com mais capacidades.
5. Na sua opinião e, decorrente do conhecimento e contacto com outras organizações,
no âmbito dos equipamentos de Vigilância, que lacuna(s) deteta nas Unidades de
Reconhecimento?
Neste momento seriam os mini-UAV com o objetivo de complementar as capacidades
já existentes no ERec. Contudo a aquisição desses equipamentos não deverá ser
equacionada numa perspetiva de substituir os meios existentes.
6. Com base na sua experiência e/ou conhecimento de outros exércitos, que novos
meios é que se poderiam constituir uma mais-valia para as Unidades
Reconhecimento no cumprimento das missões de Reconhecimento e Segurança
Novos radares, UAV’s todos eles integrados num sistema que possibilite a partilha de
Informação em tempo real.
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Apêndices
80
APÊNDICE H: CAP TIAGO PIRES
ENTREVISTA
IDENTIFICAÇÃO DO ENTREVISTADO:
Nome: TIAGO PIRES
Posto: CAPITÃO
Idade: 35 Unidade de Colocação Atual: RC6 (S1/2BI/KFOR)
Funções: Cmdt ERec BrigInt
QUESTÕES:
1. Que níveis/tipos de equipamentos de vigilância é que já utilizou no planeamento e
execução de operações de reconhecimento e segurança?
Como CMDT do ERec/BrigInt no EXERCICIO DRAGAO 12 executei um
reconhecimento de itinerário seguido de uma vigilância ao longo da linha de fronteira
onde utilizei os sistemas de vigilância das novas viaturas PANDUR REC, tendo-se
revelado uma mais valia neste tipo de tarefa permitindo detetar atividade hostil a cerca
de 4km da nossa posição, mesmo no período noturno.
2. Fruto da sua experiencia, quais as características específicas (técnicas) que os
equipamentos de vigilância necessitam de possuir, para que possam ser empregues
por unidades de Reconhecimento em operações de Reconhecimento,
nomeadamente de área, de zona e de itinerário?
Tem que conseguir acompanhar em mobilidade o restante da força empregue para o
efeito e deve acima de tudo ter a capacidade de enviar os dados recolhidos para a
retaguarda, no momento ou num curto espaço de tempo.
3. E em Operações de Segurança, designadamente na segurança à frente, de flanco e
da retaguarda?
As caraterísticas devem ser as mesmas e ainda permitir maiores alcances.
4. Do seu conhecimento e das características que elencou, que tipos de equipamentos
é que não existem no Exército português?
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Apêndices
81
Creio que o exército português tem a necessidade de acrescentar aos radares uma série
de sensores para melhorar a capacidade de deteção. Depois precisamos urgentemente de
um software que permita ao escalão superior ter acesso aos dados que eu capto no
terreno e eu tenho que ter a capacidade de gravar imagem para editar mais tarde.
5. Na sua opinião e, decorrente do conhecimento e contacto com outras organizações,
no âmbito dos equipamentos de Vigilância, que lacuna(s) deteta nas Unidades de
Reconhecimento?
Os acima referidos: a falta de sensores e acima de tudo a incapacidade de gravar
imagem e envio ao escalão superior
6. Com base na sua experiência e/ou conhecimento de outros exércitos, que novos
meios é que se poderiam constituir uma mais-valia para as Unidades
Reconhecimento no cumprimento das missões de Reconhecimento e Segurança
Creio que os equipamentos que temos com alguns upgrades se poderiam revelar ao
nível dos melhores meios possíveis no terreno, existe uma enorme variedade de
equipamentos e softwares que permitiriam facilmente esta melhoria.
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Anexos
82
ANEXOS
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Anexos
83
ANEXO A: FIGURAS
Figura nº 2 - Radar AN/PPS 5B montado no tripé
Fonte: Ficha de Material Nº 55200.5840.01, Exército Português – Repartição de Estudos Técnicos – Direção de
Serviço de Material
Figura nº 3 – BOR – A550
Fonte: (Operating Manual BOR-A 550, Annex Positioning and Northing Unit, 2008)
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Anexos
84
Figura nº 4 - Sensor Terrestre Spinout-1 (Tactical Unattended Ground Sensor)
Fonte: http://www.army.mil/article/18266/
Figura nº 5 – Conventional aircraft VS Stealth
Fonte: Science.howstuffworks.com/question69.html
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Anexos
85
Figura nº 6 – Assinatura electromagnetica aeronave “normal” VS Stealth
Fonte: “Radar versus Stealth Passive Radar and the Future of U.S. Military Power”, WESTRA, Arend G., Lieutenant
Colonel, National Defense University’s, Joint Force Quarterly, October 2009,U.S. Government Printing Office, pág
138
Figura nº 7 - Radar Passivo
Fonte: “Radar versus Stealth Passive Radar and the Future of U.S. Military Power”, WESTRA, Arend G.,
Lieutenant Colonel, National Defense University’s, Joint Force Quarterly, October 2009,U.S. Government
Printing Office, pág 137
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Anexos
86
Tabela 3 - Alcance do Radar BOR-A 550
Fonte: Operating Manual BOR-A 550, Thales, Annex Technical Data and Performance Data, pág 11, 30-06-
2005
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Anexos
87
Figura nº 8 - Operação em Multi-sector
Fonte: Operating Manual BOR-A 550, Thales, Chapiter VI, pág 53, 30-06-2005
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Anexos
88
ANEXO B: FICHAS DE MATERIAL
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Anexos
89
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Anexos
90
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Anexos
91
![Page 109: TIA - Sistemas de Vigilãncia em Apoio das Operações de … · 2017. 12. 18. · Na segunda parte do trabalho, com um conteúdo mais prático, é feita uma análise aos equipamentos](https://reader033.vdocuments.pub/reader033/viewer/2022060914/60a7ea6b74d8655fd2743b95/html5/thumbnails/109.jpg)
Anexos
92
ANEXO C: QUADROS DE MATERIAL DOS ESQUADRÕES DE
RECONHECIMENTO
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Anexos
93
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Anexos
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Anexos
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Anexos
96
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Anexos
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