tÍtulo: caracterizaÇÃo da ... -...

16
TÍTULO: CARACTERIZAÇÃO DA COMERCIALIZAÇÃO DE PESCADO NA RUA DO PEIXE, SANTOS/SP TÍTULO: CATEGORIA: CONCLUÍDO CATEGORIA: ÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDE ÁREA: SUBÁREA: ECOLOGIA SUBÁREA: INSTITUIÇÃO: UNIVERSIDADE SANTA CECÍLIA INSTITUIÇÃO: AUTOR(ES): FERNANDA HARTMANN SILVA AUTOR(ES): ORIENTADOR(ES): MARIANA CLAUZET ORIENTADOR(ES):

Upload: phamthien

Post on 01-Dec-2018

216 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: TÍTULO: CARACTERIZAÇÃO DA ... - conic-semesp.org.brconic-semesp.org.br/anais/files/2014/trabalho-1000016494.pdf · (conhecido como “peixe fresco”) refrigerado ou congelado

TÍTULO: CARACTERIZAÇÃO DA COMERCIALIZAÇÃO DE PESCADO NA RUA DO PEIXE, SANTOS/SPTÍTULO:

CATEGORIA: CONCLUÍDOCATEGORIA:

ÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDEÁREA:

SUBÁREA: ECOLOGIASUBÁREA:

INSTITUIÇÃO: UNIVERSIDADE SANTA CECÍLIAINSTITUIÇÃO:

AUTOR(ES): FERNANDA HARTMANN SILVAAUTOR(ES):

ORIENTADOR(ES): MARIANA CLAUZETORIENTADOR(ES):

Page 2: TÍTULO: CARACTERIZAÇÃO DA ... - conic-semesp.org.brconic-semesp.org.br/anais/files/2014/trabalho-1000016494.pdf · (conhecido como “peixe fresco”) refrigerado ou congelado

No contexto mundial a pesca artesanal emprega uma grande parte da população, praticamente todas residentes em países em desenvolvimento e tem aumentado a oferta de alimento, especialmente com a aplicação de novas tecnologias de captura. Contudo, o manejo da pesca é bastante complexo, considerando-se o contexto socioeconômico e cultural que envolve a pesca artesanal. Esta pesquisa tem como objetivo geral a caracterização da comercialização de pescado na rua do Peixe, Santos/SP, através da coleta de dados com entrevistas e observação para identificar as principais espécies de pescado comercializadas, identificar quem são os fornecedores e os consumidores deste pescado, quais os valores de venda e compra, de que forma é feito o pagamento do pescado, como o pescado está disposto para venda, forma de armazenamento e conservação, tempo de disponibilidade do pescado e infraestrutura e custos dos boxes, entre outras informações. A Rua do Peixe está localizada na Rua Áurea Gonzáles Conde s/n no bairro da Ponta da Praia e possui 8 boxes que comercializam pescados diariamente, das sete horas da manhã até as seis e meia da tarde. Foram realizadas entrevistas com os donos de cinco boxes, e feitas amostragens da comercialização em 14 visitas semanais de março a agosto de 2014. Dos cinco boxes amostrados, o da Zelaine é o de maior infraestrutura e o Pernambuco e de menor, sendo que o primeiro tem um gasto mensal maior do que o dobro dos outros boxes. Os resultados mostram que o peixe inteiro é o mais comercializado na rua do Peixe (63,8%), seguido dos pescados em filé (23,1%) e depois em postas (13,1%). Os peixes que mais estiveram disponíveis para a venda nos boxes da rua do peixe são: Cação (8,3%), Linguado (15%), Pescada (28%), Salmão (41,8%) e Sardinha (7%). Palavras-chave: pesca artesanal; comercialização; Santos.

Introdução:

A pesca é uma atividade econômica de bases muito simples, tanto no que se refere aos seus

métodos, quanto nos recursos exigidos. O pescado é um alimento importante na dieta humana. De

acordo com a FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação) o pescado é

altamente nutritivo, rico em micronutrientes, minerais e ácidos graxos essenciais (FAO, 2006).

Em virtude disso, a atividade de pesca é praticada pelo homem desde a antiguidade, com

lanças, flechas, peneiras, redes, anzóis e linhas, evoluindo com o tempo para ferramentas e

processos mais sofisticados, com o objetivo de aumentar a escala de produção.

Na cidade de Santos, litoral sudeste do Estado de São Paulo, existe o mercado municipal e a

rua do peixe, dois locais conhecidos que absorvem a produção da pesca artesanal e industrial da

região. Este locai foi investigado, pois representa importantes pontos de comercialização da

produção local do Litoral sudeste do Estado de São Paulo.

A lei brasileira (Lei 11.959, a Lei da Pesca) define como pesca “toda operação, ação ou ato

tendente a extrair, colher, apanhar, apreender ou capturar recursos pesqueiros”, isto é, animais e

vegetais que vivem na água, passíveis de exploração, estudo ou pesquisa. A norma geral classifica a

pesca como amadora, de subsistência, científica, comercial e de aquicultura. Somente no século XX,

Page 3: TÍTULO: CARACTERIZAÇÃO DA ... - conic-semesp.org.brconic-semesp.org.br/anais/files/2014/trabalho-1000016494.pdf · (conhecido como “peixe fresco”) refrigerado ou congelado

as tecnologias de cultivo de espécies aquáticas começaram a ser desenvolvidas e utilizadas em

diversos países, inclusive no Brasil (Ministério da Pesca e Aquicultura 2009). A aquicultura, ou

aquacultura, é a criação de organismos aquáticos, seja no mar, chamada de maricultura, ou em água

doce, conhecida como piscicultura, e praticada em represas, açudes, lagoas, rios e em tanques

construídos para esse fim.

No Brasil, são consideradas três finalidades gerais: a pesca comercial, a desportiva e a

científica. Porém, na prática, a pesca extrativa é classificada também a partir de outros critérios, tais

como a simplicidade dos meios ou os métodos de produção, a menor capacidade produtiva, os tipos

de pescados-alvo, entre outros. Já a pesca considerada industrial, que também atua como

fornecedora de pescado em Santos utiliza embarcações de maior tamanho e autonomia, com

motores a diesel de potência elevada, dotadas de equipamentos eletrônicos de navegação e

detecção de cardumes e podem chegar a áreas mais distantes da costa (DIEGUES, 1983).

De acordo com dados do Ministério da Pesca e Aquicultura, com o apoio do Instituto Brasileiro

de Geografia e Estatística (IBGE), em 2010, a produção de pescados no Brasil em 2009, teria sido

de 1.240.813 toneladas. Outro número importante é que somente nos últimos anos houve um

crescimento de 15,7% da produção, conforme estatísticas de 2008 e 2009, sendo que a aquicultura

apresentou uma elevação na produção 43,8%, passando de 289.050 toneladas/ano. A pesca

extrativa, tanto marítima quanto continental (rios, lagos, etc.), passou no mesmo período de 783.176

toneladas para 825.164 toneladas/ano no mesmo período, um aumento em torno de 5,4% (MPA,

2010).

O peixe é consumido em grande escala pelo homem, que ainda depende do extrativismo. De

acordo com o Ministério da Pesca e Agricultura (2009), o consumo per capita de pescados no Brasil

é de 9,03 Kg/ano, índice considerado baixo em relação ao recomendado pela Organização Mundial

da Saúde (OMS), que é de 12 Kg por pessoa por ano. Por ser altamente perecível, exige muitos

cuidados especiais, desde a manipulação até a comercialização, passando por armazenamento,

conservação e transporte. Em geral, em Santos/SP o pescado é vendido inteiro, in natura,

(conhecido como “peixe fresco”) refrigerado ou congelado (RODRIGUES et al., 2004).

A qualidade dos produtos alimentares é da maior importância para os industriais do sector e

para as autoridades de saúde pública. Foi possível estimar que nos Estados Unidos hajam mais de

80 milhões de casos por ano de doenças originadas pela alimentação (MILLER e KVENBERG,

1986). No contexto mundial a pesca artesanal emprega cerca de 51 milhões de pessoas,

Page 4: TÍTULO: CARACTERIZAÇÃO DA ... - conic-semesp.org.brconic-semesp.org.br/anais/files/2014/trabalho-1000016494.pdf · (conhecido como “peixe fresco”) refrigerado ou congelado

praticamente todas residentes em países em desenvolvimento, que produzem mais da metade de

toda a produção marinha. No Brasil, as populações humanas que vivem ao longo costa de Mata

Atlântica têm na pesca artesanal a principal atividade de subsistência e o pescado capturado

representa de 50 a 68% de toda a proteína animal consumida por elas (Begossi et al. 2000, Davy

2002, Cergole & Wongtschowski 2003, Silvano 2004).

Além da sobre-exploração dos recursos, a pesca artesanal é uma atividade dentro de um

contexto socioeconômico e isto torna a questão do manejo bastante complexa, evidenciando as

inúmeras dificuldades e limites de todas as atuais ferramentas de manejo, como as licenças de

pesca, épocas de defeso, restrições de aparelhagem, os limites de captura por cotas e as taxações

sobre recursos sobre explorados (Ludicello et al. 1999, Begossi et al. 2000, Silvano 2004, Begossi et

al. 2012).

A partir da década de 1970, começam a surgir medidas de manejo baseadas em estratégias

de combate à sobre-exploração, não somente com leis de limitações de acesso e extração de

recursos pesqueiros, mas também incluindo aspectos econômicos relacionados à viabilidade de

mercado desta produção (Ludicello et al. 1999, Hersoug 2004, Castello 2007).

Porém, é especialmente pela perspectiva econômica que as dificuldades de manejo do setor

pesqueiro aparecem, pois os recursos naturais comuns, no caso os pesqueiros, e as comunidades

de pescadores artesanais não são reconhecidos como partes integradas à economia nacional

(McKean & Ostrom 1995, Agrawal 2001, FAO 2001, Hersoug 2004, Ruddle & Hickey 2008).

A liberalização do mercado de produtos pesqueiros entre os países, especialmente após a

década de 1960, gerou o aumento da demanda por proteína de origem marinha, causando o

aumento do consumo de pescado mundial (que dobrou nos últimos 30 anos), a sobre-exploração de

certas espécies, a mudança de espécie-alvo de pescarias industriais e, em menor escala, pode ser

questionada quanto à melhoria do “bem-estar” de muitas populações locais sobreviventes da

atividade de pesca (Jacquet e Pauly 2006, Bell et al. 2009, Nielsen 2009).

Nielsen (2009) propôs uma análise empírica do “bem-estar” gerado pela liberalização do

mercado pesqueiro e concluiu que o impacto social disto, com resultados otimizados em casos

específicos, depende de fatores tais como: a situação do país como importador ou exportador, o

estado dos estoques pesqueiros em cada região e o tamanho e demanda dos países no mercado

mundial, podendo, inclusive, causar perdas de bem-estar, mesmo que não intencionais, em países

onde a gestão da pesca não é efetiva, como no caso do Brasil.

Page 5: TÍTULO: CARACTERIZAÇÃO DA ... - conic-semesp.org.brconic-semesp.org.br/anais/files/2014/trabalho-1000016494.pdf · (conhecido como “peixe fresco”) refrigerado ou congelado

O crescimento do mercado de produtos pesqueiros fez com que os empresários e

comerciantes de pesca, sejam estes atacadistas ou do setor de varejo, procurem adequar seus

produtos aos selos de qualidade e às preferências dos consumidores.

Neste sentido, as recomendações e padrões estabelecidos por instituições internacionais

ditam as diretrizes de qualidade de pescado no mercado mundial para a saúde humana como, por

exemplo, as normas do Marine Stewardship Council (MSC), (http://www.msc.org/) e o “Codex

Alimentarius” da FAO (http://www.codexalimentarius.org/), que exigem dos países que seus produtos

pesqueiros entrem no mercado com a identificação de diversos aspectos relacionados à extração e

ao beneficiamento dos produtos.

O principal objetivo das certificações para recursos naturais renováveis é beneficiar estoques

de peixes em situação de risco, permitindo aos consumidores expressar suas preocupações

ambientais através das suas escolhas por produtos advindos da captura sustentável (UNCED 1992,

Jacquet e Pauly 2006). Esta vertente de comercialização é baseada na premissa de que o

consumidor está disposto a pagar mais caro por um produto como prêmio pelas suas escolhas e

satisfazer, assim, suas crenças na conservação e sustentabilidade.

Em 2011, uma extensa pesquisa na Inglaterra mostrou que 37% dos consumidores não

sabem o que significa a etiqueta do MSC; apesar de 70% acharem importante comprar produtos da

pesca sustentável, 40% não compram, pois ficam confusos sobre os selos de certificação e acham

tais produtos muito caros (DEFRA).

A falta de transparência da legislação de pesca sustentável, da responsabilidade social das

empresas e dos padrões ecológicos dos produtos certificados propicia inúmeras fraudes no sistema

de produtos pesqueiros. Isso inclui dizer que diversos peixes têm nomes alterados no mercado para

se adequar ao gosto e às preferências dos consumidores. Além de afetar negativamente os

regulamentos de importação e exportação de peixes, esta realidade prejudica os consumidores,

tanto em termos de preços, quanto na sua capacidade de escolha em fazer compras ecologicamente

corretas (Jacquet e Pauly 2006, 2007, Ruddle 2007).

A complexidade de planejar o manejo dos sistemas de pesca tem na essência a própria

complexidade do conceito de segurança alimentar, definido como o acesso físico, social e

econômico para satisfazer de forma segura as necessidades nutricionais e preferências alimentares

das populações (FAO 1999,).

A realidade do aumento da produção pesqueira nas últimas décadas é, na verdade, um

Page 6: TÍTULO: CARACTERIZAÇÃO DA ... - conic-semesp.org.brconic-semesp.org.br/anais/files/2014/trabalho-1000016494.pdf · (conhecido como “peixe fresco”) refrigerado ou congelado

paradoxo, na medida em que o setor pesqueiro comandado por um Estado forte e centralizado não

atinge o maior volume de pescadores dos países em desenvolvimento, como no caso dos

pescadores artesanais do Brasil. No caso de países tropicais, os pescadores artesanais exploram,

com inúmeras e diferentes tecnologias, um ambiente de alta diversidade biológica e o Estado não

possui recursos humanos e financeiros suficientes para implementação e fiscalização de políticas de

manejo antes idealizadas para as realidades da Europa e da América do Norte (Pauly et al. 2002,

Hersoug 2004, Castello et al. 2007).

Considerando-se a importância do pescado como alimento da população mundial e a

necessidade de investigarem-se as condições sanitárias deste alimento, este artigo descreve e

detalha as condições de comercialização dos produtos advindos da pesca na cidade de Santos/SP.

Objetivo:

Geral: Caracterização da comercialização de pescado na rua do Peixe, Santos/SP.

Especifico:

1- Identificar quais são e quais os valores de mercado das principais espécies de peixes

comercializadas;

2- Identificar quem são os fornecedores e os consumidores do pescado comercializado.

Metodologia:

Área de Estudo:

Localizada dentro dos domínios da Mata Atlântica, a região da Baixada Santista foi colonizada

pelos portugueses no início do século XVI e é composta por 09 municípios com praias, mangues,

rios e toda biodiversidade aí contidos. Um destes municípios é o município de Santos, o mais

populoso deles com 281,35 Km2 de área e uma orla atrativa aos turistas (Figuras 1 e 2).

Page 7: TÍTULO: CARACTERIZAÇÃO DA ... - conic-semesp.org.brconic-semesp.org.br/anais/files/2014/trabalho-1000016494.pdf · (conhecido como “peixe fresco”) refrigerado ou congelado

Figura 1. Foto ilustrativa da delimitação geográfica do município de Santos, São Paulo, Brasil na baixada santista (Fonte: Stori, 2010).

Figura 2. Foto ilustrativa do Panorama da orla de Santos. (Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Santos#Litoral acessado em Agosto de 2014). Santos é um município portuário que abriga o maior porto da América Latina, o qual é o

principal responsável pela dinâmica econômica da cidade ao lado do turismo, da pesca e

do comércio. O PIB total do município é segundo os últimos dados do IBGE (2014) de R$

27.616.035,000 e a renda per capta de R$ 65.790,53.

De acordo com o último censo demográfico para a região da baixada Santista, em 2010,

Santos tem cerca de 419.400 habitantes, mas a população estimada em 2013 já é de 433.153. A

População Rural é de 314 (0,1%) sendo 50,3% homens e 49,7% mulheres; Enquanto que a

população Urbana é de 419.086 (99,9%) sendo 45,8% homens e 54,2% mulheres. O município tem

Page 8: TÍTULO: CARACTERIZAÇÃO DA ... - conic-semesp.org.brconic-semesp.org.br/anais/files/2014/trabalho-1000016494.pdf · (conhecido como “peixe fresco”) refrigerado ou congelado

densidade demográfica de 1.419,94 habitantes por quilometro quadrado e apresentou taxa média de

crescimento anual de 0,50% entre as décadas de 90 e 2000 (PNUD, 2014; IBGE, 2014). Apesar da

relativa desigualdade social, segundo a classificação do PNUD, o município está entre as regiões

consideradas de muito alto desenvolvimento humano, apresentando em 2000 índice de

Desenvolvimento Humano (IDH) de 0,840, o maior entre os nove municípios da região da baixada

santista e o quinto lugar no ranking nacional (PNUD, 2014).

A Rua do Peixe está localizada na região da Ponta da Praia e possui 8 boxes que

comercializam pescados diariamente, das sete horas da manhã até as seis e meia da tarde, na Rua

Áurea Gonzáles Conde s/n (Figuras 3 e 4).

Figura 3. Foto ilustrativa destacando o bairro Ponta da Praia, Santos/SP, onde esta localizada a rua do peixe. (Fonte: http://santosturismo.wordpress.com/mapa/ acessado em Agosto de 2014).

Figura 4. Foto ilustrativa da rua do peixe, Santos/SP. (Fonte: http://br.kekanto.com/biz/rua-do-peixe)

Page 9: TÍTULO: CARACTERIZAÇÃO DA ... - conic-semesp.org.brconic-semesp.org.br/anais/files/2014/trabalho-1000016494.pdf · (conhecido como “peixe fresco”) refrigerado ou congelado

Métodos de coleta de dados:

Foram realizadas cinco entrevistas com fichas de campo com os donos dos boxes no intuito

de obter informações sobre infraestrutura, organização, disponibilização do pescado, formas de

venda, informações de gastos mensais com a manutenção dos boxes, entre outras informações. Dos

oito boxes da rua do peixe, esta pesquisa coletou dados sobre cinco deles. Pois, dois deles estavam

fechados durante o trabalho de campo e um deles não quis participar da pesquisa.

Além disso, foram feitas 14 visitas semanais nos boxes de março até agosto 2014, nas quais,

através de observação direta e entrevistas foram coletadas informações sobre as espécies

disponíveis para a venda, os preços destas espécies no mercado local e destino final de tais

produtos.

Resultados:

Os resultados de infraestrutura dos boxes mostram despesas mensais com o pagamento de

água, luz, limpeza, funcionários e gelo; além de outras despesas especificas citadas pelos

entrevistados. Estas informações estão descritas na tabela e gráfico 1 abaixo:

Tabela 1. Informações sobre as despesas mensais dos boxes da rua do peixe.

Boxes/despesa

mensal (R$)

Zelaine Vall & Nena Sergipano 11 e 12 Pernambuco

Água 400,00 150,00 100,00 180,00 100,00

Luz 1.200,00 80,00 180,00 90,00 30,00

Limpeza 800,00 200,00 200,00 120,00 40,00

Funcionários 14.000,00 3.800,00 3.600,00 1.400,00 2.400,00

Gelo 5.000,00 4.000,00 2.400,00 2.700,00 3.000,00

Outros 2.000,00 2.570,00 360,00 200,00 40,00

Total 23.400,00 10.800,00 6.840,00 4.690,00 5.610,00

Page 10: TÍTULO: CARACTERIZAÇÃO DA ... - conic-semesp.org.brconic-semesp.org.br/anais/files/2014/trabalho-1000016494.pdf · (conhecido como “peixe fresco”) refrigerado ou congelado

Gráfico 1. Despesas mensais nos boxes da rua do peixe.

No Box Zelaine os gastos são maiores quando comparados aos outros boxes pelo fato de

serem do mesmo dono dois boxes juntos; assim tal box tem, no mínimo, o dobro de despesa dos

outros em todos os itens de infraestrutura. Por outro lado, o Box Pernambuco e o Box 11 e 12 são os

dois boxes que tem menos gastos. O Pernambuco apresentou este resultado provavelmente porque

é o box com menos estrutura e menos recursos; um exemplo disto é o gasto com a luz, que é baixo

quando comparado aos outros boxes, pelo fato dele gastar a energia somente com a balança. Já o

box 11 e 12 tem um gasto mensal menor em função de pagar menos por funcionários, ja que é um

box de dois sócios que trabalham e pagam só um funcionário.

Outro fato que também chama atenção é o gasto com os funcionários, o Box Zelaine aparece

mais uma vez como o que tem o maior gasto, pelo mesmo fato de serem dois boxes juntos e com

isso ter mais funcionários para melhor atendimento.

Depois dos valores gastos com os funcionários, o gelo é o produto que todos os boxes tem

mais gasto, pois todo o pescado comercializado na rua do peixe são conservados no gelo e que

precisam sempre serem repostos ao longo do dia, conforme o gelo derrete, para a boa manutenção

e conservação dos produtos à venda. O tempo de exposição do pescado varia em média de dois a

três dias. No Box Zelaine, os filés são dispostos no gelo e cobertos com plástico para evitar assim o

contato das moscas no mesmo.

Todos os boxes, menos o Box Pernambuco, que tem menos recursos, apresentaram outros

gastos como, por exemplo, as sacolas plásticas, a embalagem de isopor, o papel para embrulhar o

pescado, a bobina para a máquina de cartão, café da manhã e almoço. Além destes gastos

específicos a cada boxe, todos eles dividem o pagamento de um vigia, que toma conta de toda a rua

0  

5000  

10000  

15000  

20000  

25000  

Boxes  Zelaine  (R$  23.400)  

Boxes  Vall  &  Nena  (R$  10.800)  

Boxes  Sergipano  (R$  6.840)  

Boxes  Pernambuco  (R$  5.610)  

Boxes  11  e  12  (R$  4.690)  

Page 11: TÍTULO: CARACTERIZAÇÃO DA ... - conic-semesp.org.brconic-semesp.org.br/anais/files/2014/trabalho-1000016494.pdf · (conhecido como “peixe fresco”) refrigerado ou congelado

durante a noite.

É fato bastante conhecido e ainda comentado e temido pelos donos dos boxes o incêndio que

destruiu seis boxes de venda de pescados no ano de 2013. Na ocasião, Oito boxes foram atingidos

pelo fogo, seis foram destruídos e dois parcialmente danificados, mas ninguém se feriu.Este

acontecimento teve repercussão na mídia da cidade de Santos e esta disponível em sites da internet

como, por exemplo, no G1.com (http://g1.globo.com/sp/santos-regiao/noticia/2013/09/incendio-

destroi-tres-quiosques-na-rua-do-peixe-em-santos.html)

O pescado comercializado na Rua do Peixe está disponível para a venda em filé, inteiro, ou

em postas. A tabela 2 a seguir mostra estas informações: Tabela 2. Porcentagem das formas de venda do pescado na rua do peixe, Santos/SP.

Os resultados mostram que o peixe inteiro é o mais comercializado na rua do Peixe (63,8%),

seguido dos pescados em filé (23,1%) e depois em postas (13,1%). O gráfico 2 abaixo representa

estas informações. O peixe inteiro é bastante procurado por pessoas que querem fazer o pescado

assado, mas principalmente, é a forma de comercialização que melhor pode ser avaliada a qualidade

do pescado, pois um filé pode estar feito há mais dias, enquanto com o peixe inteiro é possível

observar as guelras, os olhos, e a textura da carne do corpo como um todo, que são excelentes

indícios do prazo de validade do produto.

Formas de venda Inteiro Filé Postas

Quantidade total de registros de cada forma 555 201 114

Valor de forma de venda em porcentagem 63,8% 23,1% 13,1%

Page 12: TÍTULO: CARACTERIZAÇÃO DA ... - conic-semesp.org.brconic-semesp.org.br/anais/files/2014/trabalho-1000016494.pdf · (conhecido como “peixe fresco”) refrigerado ou congelado

Gráfico 2. Porcentagens das formas de venda de pescado na rua do peixe.

Das espécies comercializadas, cinco são as mais frequentes, que estiveram presentes na

maioria das amostragens feitas. Estas espécies foram avaliadas em relação aos valores médios de

comercialização e estas informações estão descritas na tabela 3 abaixo:

Tabela 3. Espécies mais frequentes amostradas na rua do peixe e valores médios de comercialização.

Espécie

(nome popular)

Cação Linguado Pescada Salmão Sardinha

% de disponibilidade

de venda 8,3% 15% 28% 41,8% 7%

Valor total (R$) 745,00 1.349,00 2.508,00 3.743,00 619,00

Preço médio (R$) 15,20 kg 20,40 kg 23,70 kg 53,50 kg 9,80 kg

Os peixes que mais estiveram disponíveis para a venda nos boxes da rua do peixe são:

0  

10  

20  

30  

40  

50  

60  

70  

Inteiro   Filé   Postas  

Formas  de  Venda  (%)  

Page 13: TÍTULO: CARACTERIZAÇÃO DA ... - conic-semesp.org.brconic-semesp.org.br/anais/files/2014/trabalho-1000016494.pdf · (conhecido como “peixe fresco”) refrigerado ou congelado

Cação (8,3%), Linguado (15%), Pescada (28%), Salmão (41,8%) e Sardinha (7%). Destaca-se que o

salmão é um peixe capturado fora das águas brasileiras, pela pesca comercial, ou então um pescado

comprado congelado pelos boxes para ser revendido na rua do peixe; Já a Sardinha é uma espécie

controlada, que já esteve na lista de risco de extinção, a qual a pesca tem regras estabelecidas em

prol da conservação da espécie.

O peixes mais freqüentes para a venda nos boxes estão descritos no gráfico 3 abaixo: Gráfico 3. Frequência de peixes para venda

Em relação aos principais consumidores do pescado vendido na rua do peixe, o Box Zelaine

tem como consumidores alguns restaurantes, moradores da cidade e turistas. Os restaurantes

Kiodai, Gotissô e Clube estrela de ouro foram citados pelo dono e lembrados por comprarem caixas

fechadas, ou seja, boas quantidades de salmão; Tratam-se dois destes de restaurantes japoneses, o

que justifica a escolha por grande quantidade de salmão. No Box Vall &Nena também são citados

como compradores os moradores, turistas e quiosques da praia, neste caso, o peixe preferencial é o

cação provavelmente para ser servido em porções de isca nos quiosques da orla. O box Sergipano

destacou os moradores como principal comprador, seguido dos quiosques do canal 1 e 5 e poucos

restaurantes. Por fim, o Box Pernambuco tem como consumidores principalmente os moradores,

mas também alguns turistas e restaurante não costumam comprar neste box, exceto pelo

restaurante Gotissô que compra neste box normalmente quando o preço está mais baixo que em

outros locais.

0  5  10  15  20  25  30  35  40  45  

Frequencia  de  Disponibilidade  (%)  

Page 14: TÍTULO: CARACTERIZAÇÃO DA ... - conic-semesp.org.brconic-semesp.org.br/anais/files/2014/trabalho-1000016494.pdf · (conhecido como “peixe fresco”) refrigerado ou congelado

Considerações finais:

O comércio de pescado na Rua do Peixe é realizado por poucos boxes que aparentemente

trabalham sem conflitos. Não houve durante o trabalho nenhuma menção a problemas entre os

comerciantes. A infraestrutura do local de comércio não é muito desenvolvida, mas os comerciantes

mantém uma boa qualidade do pescado através do gelo e isopor. Além de restaurantes, os

moradores são o principal consumidor dos produtos da rua do Peixe, seguido pelos turistas.

Destaca-se que o salmão, que não é uma espécie típica da pesca artesanal, é uma das espécies

mais comercializada no local, provavelmente isto se deva à demanda de restaurantes japoneses da

cidade de Santos. Espécies de alto valor comercial como, por exemplo, os robalos e garoupas e

outras espécies na lista vermelha de risco de extinção como, por exemplo, os vermelhos, não são

espécies frequentes no comércio da rua do Peixe, o que poderia estar relacionado a sazonalidade, já

que no caso dos vermelhos, por exemplo, sabe-se que a época de maior captura é o verão, meses

os quais não foi realizado amostragem neste estudo; ou, ser um indicio da escassez deste pescado

na região de abrangência da pesca artesanal de Santos; o que seria um motivo de preocupação para

a conservação das espécies e do próprio mercado, já que são peixes de bom valor de mercado.

Fontes Consultadas:

AGRAWAL, A. 2001. Common resources and institutional sustainability. In: OSTROM, E., DIEZ, T., DOLSACK, N., STERN, P. C., STONICH, S., WEBER, U. E. (Eds.). The Drama of the Commons. National Academy Press. Washington, DC. pp. 41-86.

BEGOSSI, A, HANAZAKI, N. & PERONI, M. 2000. Knowledge and use of biodiversity in Brazilian hot spots.

Environment, Development ans Sustainability 2: 177-193.

BEGOSSI, A; SALIVONCHYK, VS; T; NORA, V; MACCORD, P; SILVANO, RAM. 2012 (a). The paraty artisanal fishery (southeastern Brazilian coast): ethnoecology and management of a social-ecological system (SES). Journal of Ethnobiology and Ethnomedicine. 8:22 3-18. http://www.ethnobiomed.com/content/8/1/22.

BEGOSSI, A; SALIVONCHYK, VS; BARRETO, T; NORA, V; SILVANO, RAM. 2012 (b). Small-scale Fisheries

and Conservation of Dusky Grouper (Garoupa), Epinephelus marginatus (Lowe, 1834) in the Southeastern Brazilian Coast. Science Journal of Agricultural Research & Management, Volume 2012, Article ID sjarm-174, 4 Pages, 2012. doi: 10.7237/sjarm/174.

BELL, J. D; KRONEN, M; VANISEA, A; NASH, W.J; KEEBLE, G; DEMMKE, A; PONTIFEX, S E

ANDRÉFOUET, S. 2009. Planning the use of fish for food security in the Pacific. Marine Policy 33 (2009)

Page 15: TÍTULO: CARACTERIZAÇÃO DA ... - conic-semesp.org.brconic-semesp.org.br/anais/files/2014/trabalho-1000016494.pdf · (conhecido como “peixe fresco”) refrigerado ou congelado

64-76.

CASTELLO, J. P. 2007. Gestão sustentável dos recursos pesqueiros, isto é realmente possível? Pan-American Journal of Aquatic Science. 2 (1): 47-52.

CASTELLO, L., CASTELLO, J. P. E HALL, C. A. S. 2007. Problemas en el estudo y manejo de pesquerias

tropicales. Gaceta Ecológica. 85: 65-73. Acessível em: http://redalyc.uaemex.mx/src/inicio/HomRevRed.jsp?iCveEntRev=539

CERGOLE, M. C. & ROSSI-WONGTSCHOWSKI, C. R. 2003. Dinâmica das frotas pesqueiras: Análise das

principais pescarias comerciais do sudeste – sul do Brasil. São Paulo, Evoluir. 376 p. DAVY, B. 2002. Foreword. In: BERKES, F; MAHON, R;, MCCONNEY, P; POLLNAC, R. & POMEROY, R.

Managing Small-scale Fisheries: Alternative Directions and Methods. IDRC-CRDI, Canadá. 320pp. Disponível em: http://www.idrc.ca/openebooks/310-3/

DEPARTMENT FOR ENVIRONMENT FOOD AND RURAL AFFAIRS (DEFRA). 2011. Attitudes and behaviors

around sustainable food purchasing. London: Report (SERP 1011/10).

DIEGUES, Antonio Carlos Santana. 1983. Pescadores, Camponeses e Trabalhadores do Mar São Paulo: Ática 1983. Ensaios 94.

DIEGUES, A. S. 1995. Repensando e recriando as formas de apropriação comum dos espaços e recursos

naturais. In: DIEGUES (org). Povos e Mares: leituras em socio-antropologia marítima. São Paulo: NUPAUB-USP.

FAO, 1999. Fish and fishery products: world apparent consumption statistics based on food balance sheets.

FAO Fisheries Circular N° 821. Rome: FAO; 1999.

FAO. 2001. New approaches to participation in fisheries research. FAO Fisheries Circular 965. Rome: FAO; 2001.

FAO, Food and Agriculture of The United Nations. The State of World Fisheries and Aquaculture. SOFIA.

2006. Disponível em http://www.fao.org (acessado em 10/Set/2011). HERSOUG, B. 2004. Exporting fish, importing institutions: fisheries development in the third world. In:

HERSOUG, B; JENTOFT, S & DEGNBOL, P. Fisheries development: the institutional challenge. Eburon Publishers. pp. 20-85.

IBGE. 2014. Censo demográfico do ano 2010. Disponível em:

http://www.ibge.gov.br/estadosat/perfil.php?sigla=rj acessado em Agosto de 2014.

JACQUET, J.L; PAULY, D. 2006. The rise of seafood awareness campaigns in an era of collapsing fisheries. Marine Policy (2006), doi:10.1016/j.marpol.2006.09.003

JACQUET, J.L; PAULY, D. 2007. Trade secrets: Renaming and mislabeling of seafood. Marine Policy (2007),

doi:10.1016/j.marpol.2007.06.007 LUDICELLO; WEBER, M & WIELAND, R. 1999. Fish, markets, and fishermen: the economic of overfishing.

Island Press. Washington, D.C. Covelo, California. 114p.

Page 16: TÍTULO: CARACTERIZAÇÃO DA ... - conic-semesp.org.brconic-semesp.org.br/anais/files/2014/trabalho-1000016494.pdf · (conhecido como “peixe fresco”) refrigerado ou congelado

MILLER, S. A., AND KVENBERG, J. E. (1986). REFLECTIONS OF FOOD SAFETY, PRESENTED AT THE NATIONAL FOOD PROCESSORS ASSOCIATION CONFERENCE, ATLANTA, GA, FEBRUARY 3, 1986.Ministério da Pesca e Aquicultura. MPA. 2010. Informações e estatística. Disponível em http://www.mpa.gov.br/#imprensa/2010/AGOSTO/nt_AGO_19-08-Producao-de-pescado-aumenta (acessado em 12/Set/2011).

MCKEAN, M. A & OSTRON, E. 1995. Regimes de propriedade comum em florestas: Somente uma relíquia

do passado? In: DIEGUES, A. C. S. & CASTRO, A.M. (Org.). 2001. Espaços e recursos naturais de uso comum. pp. 79-96.

NIELSEN, M. 2009. Modeling fish trade liberalization: Does fish trade liberalizationresult in welfare gains or

losses? Marine Policy 33 (2009) 1-7.

PAULY, D; CHRISTENSEN, V; GUÉNETTE, S; PITCHER, T.J; SUMAILA, U.R; WALTERS, C.J; WATSON, R E ZELLER, D. 2002. Towards sustainability in Word fisheries. Nature. Vol 418: 8 (AUG 2002) www.nature.com/nature

PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. (2014). Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil. Disponível em http://www.atlasbrasil.org.br/2013/pt/perfil/santos_sp Acesso em 01 Mar. 2014. RODRIGUES, M. S. M.; RODRIGUES, L. B.; CARMO, J. L.; JÚNIOR, W. B. A.; PATEZ, C. Aproveitamento

integral do pescado com ênfase na higiene, manuseio, cortes, salga e defumação. Anais do 2º Congresso Brasileiro de Extensão Universitária. Belo Horizonte. 2004.

Disponível emhttp://www.ufmg.br/congrext/Tecno/Tecno7.pdf (acessado em 18/Set/2011). RUDDLE, K. 2007. Western Consumer and Business Behavior Thwarting Eco-Labeling of Tropical Fisheries.

Journal of Policy Studies. N°40 (March 2012) 105-107. RUDDLE, K. & HICKEY, F. 2008. Accounting for the mismanagement of tropical nearshore. Environment,

Development and Sustainability. Acessível em: http://www.springerlink.com/content/b2488277730l0r0g/ SILVANO, R. A. M. 2004. Pesca artesanal e etnoictiologia. In: BEGOSSI, A. (Org.). Ecologia de Pescadores

da Mata Atlântica e da Amazônia. São Paulo: HUCITEC/FAPESP/NEPAM, pp. 187-222.

STORI, F.T. Adaptatividade e Resiliência no Sistema Sociológico da Comunidade Caiçara da Ilha Diana. São Carlos: UFSC, 2010. 214p. Tese (Doutorado). Programa de Pós Graduação em Ecologia e Recursos Naturais, Universidade Federal de São Carlos. São Carlos, São Paulo. 2010.

UNITED NATIONS CONFERENCE ON ENVIRONMENT AND DEVELOPMENT (UNCED).1992. Report of the United Nations Conference on Environment and Development. Rio Declaration on Environment and Development, Rio dc Janeiro, 3-14 June/1992.