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Fanny Schroeder de Freitas Araujo
Projeto de pesquisa para Doutorado em Arquitetura e Urbanismo
TÍTULO PROVISÓRIO:
OS INTERIORES DA CASA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA:
PRODUÇÃO DE ARQUITETAS
RESUMO
O presente plano de pesquisa para tese de doutorado está compreendido dentro da
linha de pesquisa Arquitetura Moderna e Contemporânea: Representação e Intervenção e
tem como objetivo estudar da arquitetura de interiores residencial contemporânea a partir de
análises de obras nacionais projetadas por arquitetas.
O trabalho pretende contribuir para os estudos acadêmicos e reflexões sobre a atuação
e prática projetual de profissionais mulheres, auxiliando a preencher a lacuna de trabalhos
brasileiros sobre arquitetura de interiores e perspectiva de gênero.
Este estudo está inserido no âmbito do Núcleo de Pesquisa “Percursos e Projetos:
Arquitetura e Design” da Universidade Presbiteriana Mackenzie, coordenado pela Prof.ª Dr.ª
Ana Gabriela Godinho Lima, que será a orientadora dessa tese de doutorado. O presente
trabalho foi elaborado com base no referencial teórico, procedimentos de pesquisa e análises
elaborados ao longo da pesquisa “Feminino e plural: percursos e projetos de arquitetas”
(FAPESP Processo nº: 2011/23260-2). Esse Núcleo de Pesquisa abriga projetos financiados
por agências de fomento e faz parte do Grupo de Pesquisa “Arquitetura: Projeto &
Pesquisa & Ensino”, registrado junto ao CNPq e liderado pelos professores Dr. Rafael
Perrone e Dr.ª Ana Gabriela Godinho Lima, onde a autora desta proposta trabalha como
pesquisadora assistente desde 2011, conforme link abaixo:
http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=0514604ZGP1BIR
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INTRODUÇÃO E PROBLEMATIZAÇÃO
A escolha pelo tema Arquitetura de Interiores residenciais vem ao encontro da trajetória
profissional e acadêmica da pesquisadora. Desde o estágio em escritórios de arquitetura até
sua atuação em escritório autônomo, após a graduação, a pesquisadora dedicou-se
primordialmente ao projeto e execução de interiores residenciais. Desde 2010, em sua carreira
como docente, ministra no curso de Arquitetura disciplinas como Projeto e Laboratório de
Arquitetura e no curso de Design de Interiores, Projeto de Interiores – Residencial, todas as
disciplinas sobre o assunto.
Na sua tese de mestrado desenvolveu o tema Projetos de Arquitetura em “Telésforo
Cristófani (1929 – 2002), contribuições à arquitetura paulista.”, trabalho que obteve aprovação
para fomento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e da
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), esta última
escolhida naquela ocasião por apresentar algumas vantagens que viabilizavam o estudo.
A pesquisadora, desde 2011, faz parte do Núcleo de Pesquisa “Percursos e Projetos:
Arquitetura e Design”, participando das pesquisas denominadas “Feminino e plural:
percursos e projetos de arquitetas” (FAPESP Processo nº: 2011/23260-2) e “Práticas de
Projeto de Arquitetas, Arquitetos e Designers - Análise dos instrumentos de prática
projetual e possíveis empregos, de forma direta ou não - na pesquisa acadêmica strictu
sensu”, ambas sob a responsabilidade da Professora Dra. Ana Gabriela Godinho Lima,
perante a Universidade Presbiteriana Mackenzie com fomento do Fundo Mackenzie de
Pesquisa (Mack Pesquisa) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo
(FAPESP). A tese de doutorado, que é objeto do presente trabalho, está intimamente ligada
aos temas estudados nas referidas pesquisas, de forma que se utilizará dos recursos
bibliográficos e procedimentos de pesquisa nelas desenvolvidas.
O trabalho completo desenvolvido pelo Núcleo de Pesquisa e todas as pesquisas que
nele se inserem podem ser acompanhados pelo blog:
http://arquiteturadesignmackenzie.wordpress.com/
Importante ressaltar que a problemática central da pesquisa do “Feminino e plural”
(http://femininoeplural.wordpress.com/) desenvolvida no âmbito do Núcleo, construiu a base do
questionamento que o presente trabalho também pretende abordar, girando em torno do
seguinte ponto central:
Os estudos sobre gênero em arquitetura tendem a enfatizar o comportamento feminino
3
das arquitetas, ou seu papel e dificuldades sociais como mulheres. Não têm se proposto
a fazer análises projetuais aprofundadas, como parte da investigação. > Solução
proposta: Refletir sobre a relação da prática projetual das autoras e os discursos
construídos sobre elas. Descrever e refletir, nos moldes do rigor acadêmico, sobre os
elementos do discurso das arquitetas empregados na explicação de suas próprias
práticas projetuais.
Foi a partir de sua participação nesse trabalho, no qual aprofundou seus estudos sobre
essa temática, e os esforços do Núcleo de Pesquisa “Percursos e Projetos” em formar jovens
pesquisadores, que a pesquisadora desenvolveu o interesse em investigar a produção e a
contribuição de arquitetas brasileiras contemporâneas à arquitetura de interiores.
A professora Dr.ª Ana Gabriela Godinho Lima, coordenadora do Núcleo de Pesquisa
mencionado anteriormente e que será a orientadora desse doutorado, conta com grande
reconhecimento na academia por sua contribuição para a discussão da questão de perspectiva
de gênero na arquitetura latino-americana.
Vale destacar que parte importante do embasamento da presente pesquisa concentra-
se nos estudos de Ana Gabriela Godinho Lima: Arquitetas e Arquitetura na América Latina
do Século XX – dissertação de mestrado (LIMA, 1999), Revendo a história da arquitetura:
uma perspectiva feminista – tese de doutorado (LIMA, 2004) e Feminismo e Arquitetura do
Brasil – capítulo no livro Mulher, Sociedade e Direitos Humanos (LIMA In: BERTOLIN, 2010).
OBJETIVOS
Os estudos de gênero dentro do campo da arquitetura de interiores ainda são bastante
restritos no Brasil, conforme levantamento mencionado anteriormente. Alguns trabalhos sobre
arquitetas, como Lina Bo Bardi, Carmen Portinho e Janete Ferreira da Costa, expoentes de
maior destaque nacional, podem ser citados. Contudo, não há um contínuo e sistemático
esforços no sentido de implantar, dentro do universo da pesquisa acadêmica, pesquisas sobre
a contribuição das mulheres na arquitetura de interiores.
De um modo geral, as publicações dedicam-se a documentar ou discutir o trabalho e
trajetória de uma profissional isoladamente. Reflexões brasileiras ou discussões sobre a prática
projetual de arquitetas, de caráter mais amplo e com cunho acadêmico não são facilmente
localizáveis.
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Como Lima observou no relatório da pesquisa1 “Feminino e plural: percursos e
projetos de arquitetas” encaminhado à FAPESP, as relações de gênero ainda não se
configuram, no âmbito acadêmico nacional, como uma categoria reconhecida e de credibilidade
nas análises de projetos de arquitetura. Os estudos sobre gênero em arquitetura no Brasil
ainda se dedicam predominantemente a explorar aspectos relacionados ao comportamento
feminino das arquitetas ou seus papéis sociais (como profissionais, mães, esposas, etc..), com
as dificuldades a eles inerentes. Análises projetuais aprofundadas, que levem em conta a
perspectiva de gênero, não vêm sendo empreendidas.
Por essa razão, a questão central à qual este projeto se dedica refere-se ao papel de
arquitetas na prática projetual na arquitetura de interiores no Brasil e seus instrumentos na
construção do conhecimento acadêmico.
A proposta deste trabalho é estudar os interiores residenciais brasileiros
contemporâneos, analisando suas composições espaciais através de visitas in loco, incluindo a
comparação com seus projetos arquitetônicos, a observação da distribuição dos ambientes,
circulações e fluxos, acabamentos empregados e o arranjo dos mobiliários e objetos
decorativos. Desta forma, o projeto de pesquisa procurará identificar a existência de traços
comuns que permitam uma caracterização da “casa brasileira contemporânea”. Pretende-se
também observar, dentro do discurso das arquitetas, a presença de possíveis aspectos que
apontem reflexões sobre gênero em suas trajetórias profissionais.
Desta forma, quatro objetivos centrais se destacam-se na presente pesquisa:
A reflexão sobre a prática projetual das arquitetas, por meio de entrevistas,
depoimentos e visitação às obras, quando possível.
A contribuição para o debate sobre a relevância das pesquisas acadêmicas sobre
arquitetura de interiores.
O objetivo pedagógico, ou seja, a elaborar um estudo acadêmico sobre perspectiva de
gênero em arquitetura de interiores que possa contribuir para produzir insumos para o
ensino de arquitetura.
A divulgação e a disseminação dos estudos sobre o tema para o amplo público e
acadêmico, por meio de um blog: http://interioresdacasabrasileira.wordpress.com/
1 Relatório completo está disponível no blog da pesquisa “Feminino e Plural”: http://femininoeplural.wordpress.com/
5
OBJETO – PLANO DE TRABALHO E CRONOGRAMA
O Doutorado do Programa de Pós-graduação na Universidade Presbiteriana Mackenzie
tem a duração de 42 meses, subdivididos em sete semestres letivos. É requerido aos
doutorandos que cumpram um total de 62 créditos, sendo: uma disciplina obrigatória e três
optativas, além de um conjunto de cinco atividades programadas. As disciplinas optativas
devem ser cursadas nos dois primeiros semestres letivos; já as atividades programadas como
obrigatórias, devem ser cursadas entre o primeiro e o quarto semestres.
A pesquisadora também continuará participando das atividades do Núcleo de Pesquisa
“Percursos e Projetos” em que esse trabalho está inserido. Essas atividades são importantes
para o desenvolvimento do presente estudo, uma vez que as metodologias ali elaboradas
(como o procedimento das entrevistas, por exemplo), os levantamentos bibliográficos e os
estudos teóricos produzidos pelos pesquisadores do Núcleo, orientados pela Prof.ª Dr.ª Ana
Gabriela Godinho Lima, serão empregados nesta tese de doutorado.
Nas reuniões do Núcleo de Pesquisa, que ocorrem a cada quinze dias, são discutidas
as atividades produzidas por cada integrante (referentes aos seus estudos individuais e às
pesquisas maiores comum à todos) e também são estabelecidas novas tarefas. Ocorre, ainda,
com a mesma frequência, o Curso de Escrita Acadêmica oferecido aos membros do Núcleo e
outros pesquisadores interessados. Nessas reuniões são abordados temas sobre o exercício
da escrita acadêmica, tais como: prática de escrita, formas e importância do levantamento,
argumentação, estruturação do texto, etc.
Todas as atividades relacionadas ao Núcleo de Pesquisa, desde as pesquisas
individuais dos integrantes, o desenvolvimento das pesquisas comum a todos e também as
aulas do Curso de Escrita Acadêmica pode ser acompanhada pelo blog:
http://arquiteturadesignmackenzie.wordpress.com/
Além dos créditos obrigatórios aos doutorandos e as atividades do Núcleo, esse estudo
conta com diversos trabalhos específicos que se fazem necessários para a elaboração da tese,
atividades estas que também serão executadas ao longo dos sete semestres, conforme tabela
a seguir:
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CRÉDITOS OBRIGATÓRIOS AOS
DOUTORANDOS:
DISCIPLINAS ATIVIDADES
PROGRAMADAS ATIVIDADES DA TESE
SEMESTRE 1 OBRIGATÓRIA
OPTATIVA A ATIVIDADE 1
LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO. REVER E
AMPLIAR REFERENCIAL TEÓRICO.
SEMESTRE 2 OPTATIVA B
OPTATIVA C ATIVIDADE 2
APROFUNDAR REFERENCIAL TEÓRICO.
ELABORAR A ESTRUTURA DAS ENTREVISTAS.
SEMESTRE 3 ATIVIDADE 3
ATIVIDADE 4
SELECIONAR ARQUITETAS E OBRAS QUE
SERÃO ANALISADAS. INVESTIGAÇÃO TEÓRICA E
PRÁTICA DA PRODUÇÃO DESSAS
PROFISSIONAIS
SEMESTRE 4 ATIVIDADE 5 REALIZAR AS ENTREVISTAS E VISITAS AS
OBRAS.
SEMESTRE 5 ANALISAR AS ENTREVISTAS E OBRAS,
FORMATAR RELATÓRIOS DAS ENTREVISTAS.
SEMESTRE 6 REVISÃO DO MEMORIAL DE QUALIFICAÇÃO.
BANCA DE QUALIFICAÇÃO.
SEMESTRE 7
CORREÇÕES REFERENTES A BANCA DE
QUALIFICAÇÃO. REVISÃO E FORMATAÇÃO FINAL
DA TESE. DEFESA DA TESE.
Tabela 02: cronograma de atividades
As atividades relacionas a tese seguem a seguinte estrutura:
A. Trabalho teórico:
Levantamento bibliográfico. Revisão, ampliação e aprofundamento do referencial
teórico;
Seleção das arquitetas a serem entrevistadas e quais obras serão visitadas;
Construção da estrutura das entrevistas a partir dos resultados da revisão e
aprofundamento do referencial teórico e bibliográfico;
Análise dos resultados obtidos;
B. Trabalho prático:
Entrevistar as arquitetas selecionadas segundo os critérios formulados
anteriormente. A escolha das profissionais será feita após o aprofundamento no
7
estudo referente a arquitetura de interiores, que ocorrerá nos dois primeiros
semestres.
Visita às obras selecionadas de autoria das referidas arquitetas.
Organização do material colhido nas entrevistas e visitas. Formatando relatório
com fotos, imagens, vídeos e textos sobre as arquitetas e suas obras.
Todo o processo e desenvolvimento desse trabalho pode ser acompanhado através do
blog que foi criado exclusivamente para relatar, em intervalos regulares, as atividades
executadas e os resultados obtidos: http://interioresdacasabrasileira.wordpress.com/
REFERENCIAL TEÓRICO
Em sua dissertação de mestrado, Arquitetas e Arquiteturas na América Latina do Século
XX, Ana Gabriela Godinho Lima ressalta que a participação, visibilidade e reconhecimento das
mulheres na arquitetura vêm aumentando nas últimas décadas, porém observa que “É
necessário, entretanto, que se tenha em vista que o caminho para a conquista de espaço na
profissão tem sido difícil e bastante sinuoso. Na América Latina, em particular, isto ocorre sob a
influência peculiar das condições em que a mulher participa da sociedade e do mercado.”2
Lima também discorre sobre a questão da escassa bibliografia sobre o assunto, o que
nos obriga a recorrer aos estudos estrangeiros, mas nota que essa carência acaba nos
possibilitando lançar um olhar mais abrangente sobre o tema, ou seja, de forma ampla e global
e não apenas regional.
A conclusão de Lima, após análise do panorama sobre o papel de arquitetas na
produção latino-americana durante o século XX, é a de que, ao contrário do que se supõe, é
possível notar a presença ativa de profissionais mulheres na arquitetura, conforme mencionado
abaixo:
Elas têm refletido e propostos novos caminhos, teóricos, críticos,
historiográficos e práticos. [...] têm empreendido o esforço de tornar a profissão
um campo de atuação em que homens e mulheres participem
equilibradamente, adquirindo a visibilidade e o reconhecimento que merecem.
Este último, sem dúvida, tem sido o maior desafio.3
2 LIMA, 1999, p. 19
3 LIMA, 1999, p. 49
8
Nesse mesmo estudo, Lima dedica um capítulo inteiro à questão residencial: Arquitetas
e o tema da habitação. A autora discorre sobre as primeiras arquitetas que, no final do século
XIX nos Estados Unidos, entraram nesse ramo projetando casas “diferentes e inovadoras” para
si e também para seus clientes. Lima sugere que a profissional talvez possa ter encontrado
maior receptividade em atuar nesse nicho da arquitetura “pelo fato de que a casa era vista
como um assunto do qual as mulheres entendiam naturalmente”.
Durante todo o capítulo, a autora traça uma linha do tempo sobre a inserção feminina na
arquitetura residencial na Europa, Estados Unidos e América Latina. Ao comentar sobre o
Brasil, aponta a contribuição de três profissionais: Carmem Portinho no Rio de Janeiro, Lygia
Fernandes em Alagoas e Maria do Carmo Schwab no Espírito Santo.
Sobre a grande quantidade de profissionais mulheres atuando em projetos residenciais
atualmente, a autora entende que pode decorrer do fato de que no início da carreira esta é uma
porta de entrada acessível para o mercado de trabalho, porém destaca:
A ideia de que a mulher entende naturalmente dos assuntos relacionados à
casa é cada vez menos aceita. O que cada vez mais se compreende é que
este conhecimento é transmitido, adquirido, processado, e que pode ocorrer
igualmente com homens e mulheres, num processo cultural, e não biológico
relacionado ao gênero. Historicamente, no entanto, a arquitetura da casa se
tornou uma espécie de porta de entrada das arquitetas na profissão.4
Em sua tese de doutorado, Revendo a história da arquitetura: uma perspectiva
feminista, Ana Gabriela Godinho Lima aponta que as mulheres têm sido excluídas nos
discursos tradicionais da história de arquitetura. Analisando importantes publicações sobre
arquitetura, observa que em diversos momentos os nomes das arquitetas são omitidos ou
aparecem em segundo plano. Sobre essa questão a autora faz as seguintes considerações:
„Balançar o barco‟5 significa reivindicar o justo direito de possuir uma tradição
histórica que apoie e legitime a mulher na sua atuação profissional. O caminho
dessa conquista passa por assumir a herança das conquistas feministas, que,
longe de precisarem ser associadas à imagem de uma fogueira de sutiãs
cercada por bruxas ensandecidas, devem estar ligadas à posição de respeito
que as mulheres, ao longo de décadas, se esforçaram para garantir.6
4 LIMA, 1999, p. 114
5 A autora está se referindo a frase de Londa Schienbinger em O Feminismo Mudou a Ciência? (2001): “Muitas
mulheres que ingressam na ciência não têm desejo algum de balançar o barco.” LIMA, 2004, p. 33 6 LIMA, 2004, p. 159
9
Em outro plano de considerações, o livro Modernizando a desigualdade de Susan
Besse que, através de documentos históricos – tais como artigos de jornais, revistas e livros –
sobre o período entre 1914 e 1940, apresenta um estudo sobre a entrada do Brasil na era
moderna industrial observando o ingresso das mulheres nas escolas e profissões ditas
“masculinas” e com o relato das transformações nas relações entre os sexos no âmbito da
família, trabalho, educação e cultura. Contudo, Besse faz uma importante ressalva sobre o
estudo de gênero no país:
Na literatura brasileira das décadas de 1920 e 1930, as contestações à divisão
sexual do trabalho e à estabilidade da família nuclear eram descritas não só
como sintomas lamentáveis de mudanças destrutivas mais amplas mas como
causas potencialmente perigosas do desmoronamento da ordem política e
social. Contudo, a história das mulheres no Brasil só começou a ser escrita no
início da década de 1970. E só muito mais recente é que os historiadores
começaram a encarar a controvérsia a respeito da (re)definição dos papéis de
gênero como um tópico politicamente significativo do período.7
A autora explica que a modernização do sistema de gênero no Brasil entre o final do
século XIX e início do XX se deu de maneira distinta entre as classes sociais. Nas classes
média e alta as mulheres tinham mais oportunidade de estudo e empregos, o que não ocorreu
nas classes inferiores: “As mulheres instruídas das famílias da elite ingressavam nas
profissões; nas décadas de 1920 e 1930, o Brasil apresentava uma minoria pequena mas
notável de médicas, advogadas, escritoras e artistas mulheres, e até mesmo algumas
engenheiras e cientistas.” A autora ressalta que trabalho feminino era então “aceitável” desde
que “não comprometesse sua feminilidade” e “nem ameaçasse a estabilidade do lar chefiado
pelo homem”.
Neste período, a educação feminina passou a ser uma questão importante para o
desenvolvimento da nação, especialmente pela influência do movimento eugenista, que
considerava essencial prepará-las para a maternidade e administração do lar. Isto porque
apenas mulheres “ensinadas” poderiam proteger e educar os futuros cidadãos. Todavia, a
autora destaca a frase de um distinto eugenista, Renato Kehl, que resume de forma primorosa
o pensamento em voga: “instruir-se e educar-se não quer dizer, porém, emancipar-se”.
Em 1930, o censo escolar feito no Estado de São Paulo mostrou o efetivo aumento de
meninas cursando o ensino primário, o que representava 46,5%. Porém, em escolas
secundárias e profissionais, elas eram apenas 38,5%. A crescente escolarização feminina não
era sentida no ensino superior, as meninas concentravam-se nos cursos preparatórios para o
7 BESSE, 1999, p. 229
10
magistério, escolas comerciais (formando-se estenógrafas e datilógrafas). Conforme Estatística
escolar de 1930 (BESSE, pág. 128), a quantidade de mulheres matriculadas nas universidades
era pequena. Na Politécnica8 havia sete alunas mulheres dos 454 inscritos. Já nos cursos de
Farmácia e Odontologia, “profissões médicas de menor prestígio” as mulheres representavam
pouco mais que 25%.
Esse avanço da educação feminina demonstrava o progresso e a modernidade do
nosso país, todavia, o conteúdo programático das escolas era formulado de maneira a manter
as aspirações das mulheres “sob controle”. O interesse era promover a saúde, prosperidade
econômica nacional e estabilidade social e política, mas sem fomentar a emancipação
intelectual, social ou econômica das mulheres, como observado anteriormente. Para os críticos
sociais da época, o emprego das mulheres era “um mal necessário” que a vida moderna
impunha, contudo, não deveria modificar a consciência feminina e tampouco interferir em suas
tarefas domésticas.
Já Marta Silveira Peixoto em sua tese de doutorado, “A sala bem temperada – interior
moderno e sensibilidade eclética”, estuda a ambientação de interiores de casas consagradas,
produzidas entre 1930 e 1950, destacando que se trata de um período da arquitetura em que
houve o desaparecimento da fronteira entre interior e exterior, conduzindo a uma continuidade
espacial e transparência, o que se tornou um elemento importante.
Peixoto ressalta, logo no início do trabalho, que suas análises sobre as ambientações
estavam restritas aos seguintes elementos:
[...] conjunto formado pela distribuição e desenho do mobiliário, tanto dos
elementos fixos, quanto dos móveis, o projeto de iluminação, a escolha de
tecidos de cortinas e estofamentos, a determinação das cores, texturas e
materiais de revestimento das superfícies, da estrutura e das vedações e a
escolha de todos os objetos que habitam a casa.9
Essa definição e delimitação do objeto de estudo serão consideradas no presente
estudo, porém, concentrando-se em obras brasileiras desenvolvidas por profissionais mulheres
e graduadas em Arquitetura e Urbanismo.
Com relação à carência de estudos acadêmicos sobre o tema Arquitetura de Interiores,
Peixoto observa que existe “um certo preconceito” sobre esse tema, especialmente em razão
da “disputa” entre decoradores e arquitetos por espaço no mercado de trabalho. A autora
destaca:
8 Vale notar o motivo pelo qual destacamos nesse estudo o curso da Politécnica: a primeira escola de Arquitetura e
Urbanismo do Estado de São Paulo foi fundada em 1947 e teve como origem a Escola de Engenharia. 9 PEIXOTO, 2006, p. 1
11
[...] mesmo sendo uma dimensão fundamental, tanto na elaboração do projeto,
quanto para a experimentação do espaço arquitetônico, existe pouquíssimo
material organizado sobre o assunto, além de faltar a discussão crítica e
sistematizada sobre a ambientação de interiores na arquitetura moderna. Os
livros e periódicos de arquitetura pouco trazem a respeito; as publicações
específicas são voltadas para clientes, e não para o arquiteto; as escolas, há
muito tempo, aboliram de seus currículos obrigatórios qualquer referência ao
assunto; consequentemente tampouco existe material nas bibliotecas.10
Ao aprofundar-se sobre o tema de ambientação dos interiores, Peixoto menciona que os
decoradores surgiram no século XIX eram a princípio “amadores” e/ou “mulheres de boa
família” que dividiam seu bom gosto com amigos. Tais mulheres burguesas tinham a casa
como um campo de domínio feminino e suas tarefas consistiam, em síntese, em organizar e
tornar as casas mais agradáveis para seus maridos. De acordo com a autora, “apesar da
existência de uma estrutura de empregados para a execução desses serviços [domésticos], o
projeto é da dona da casa.”
A autora expõe em sua tese ao menos dois pontos polêmicos no que diz respeito aos
interiores: a questão de gênero e o fato de ser visto como algo inferior à arquitetura (o edifício).
Sobre isso, ressalta:
Mas, mesmo que esta não fosse, no século XIX, uma atividade associada ao
gosto pessoal ou à caracterização de uma personalidade, e que houvesse
critérios a seguir, os arquitetos sempre gozaram de maior prestígio e
reconhecimento, como se a arquitetura fosse um assunto sério, e a decoração
de interiores, pura futilidade.11
O estudo de Peixoto concentra-se no período entre 1930 e 1950, que foi e continua
sendo bastante estudado, analisado e publicado, mas a própria autora destaca a carência de
bibliografia específica sobre interiores dentro deste período. Todavia, muito mais carente é o
estudo sobre interiores residenciais no que diz respeito a obras Contemporâneas brasileiras
(conforme tabela 01 apresentada a seguir). Esta é justamente a lacuna que o presente trabalho
pretende auxiliar a preencher, com o propósito de contribuir com a discussão acadêmica sobre
o assunto.
Merece ainda menção a obra Gênero e Artefato de Vânia Carneiro de Carvalho (Edusp,
2008), que analisa as transformações nas casas brasileiras e seus usos entre 1870 e 1920 sob
a perspectiva do gênero, o que se mostrou muito importante para o estudo do presente
10
PEIXOTO, 2006, p. 2 11
PEIXOTO, 2006, p. 38
12
trabalho. Carvalho não aborda diretamente o tema sob a ótica da arquitetura, mas da utilização
dos espaços residenciais, o que contribuirá bastante paras as futuras análises dos ambientes
que a pesquisadora se propõe a fazer.
Após levantamento bibliográfico, realizado em abril de 2013, acerca de arquitetura de
interiores e gênero, pode-se observar que grande parte dos autores afirma não haver muito
material publicado sobre os dois temas, especialmente no Brasil.
Para investigar essa afirmação, foi realizado um levantamento no Banco de Teses da
CAPES (http://www.capes.gov.br/servicos/banco-de-teses) resumido na tabela a seguir:
Palavra-chave usada na busca: Número de
teses/dissertações:
01. arquitetura gênero 426
02. arquitetura interiores 294
03 arquiteta interiores 74
04. arquitetura perspectiva gênero 33
05. decoração gênero 33
06. interiores residenciais brasil 16
07. arquitetura interiores gênero 15
08. decoração mulher 15
09. “arquitetura de interiores”* 14
10. “interiores residenciais”* 7
11. interiores residenciais contemporâneo 5
12. arquitetura de interiores mulher 4
13. arquitetura de interiores perspectiva de gênero 4
14. interiores residenciais gênero 1
15. “interiores da casa brasileira”* 1
16. interiores residenciais contemporâneo gênero 0
Tabela 01: Resumo do levantamento no Banco de Teses no site da CAPES feito em abril de 2013.
(*) Buscado como: expressão exata.
A partir desta investigação, observa-se que, ao menos com base nos recursos de
levantamento empregados, não há registro de teses e/ou dissertações acadêmicas a respeito
do tema proposta para o presente trabalho, qual seja, arquitetura de interiores e perspectiva de
gênero.
13
Nos tópicos abaixo seguem alguns pontos desse levantamento que conduziram a esta
constatação, o que pode ser acompanhado de forma mais detalhada no blog da pesquisadora
que registra o andamento do presente estudo:
http://interioresdacasabrasileira.wordpress.com/category/levantamento/
A. Analisando os títulos dos trabalhos resultantes na busca da linha 01 (arquitetura
gênero), observou-se que, em sua maioria, tratam de outras áreas de estudos como as
Engenharias (tanto Civil, quanto Elétrica e Produção), Ciência da Computação, Biologia, Letras
(Literatura), Sociologia, entre outros. Somente dezoito trabalhos, dos 426 títulos encontrados
nessa busca, abordam o tema Arquitetura, porém, de acordo com os resumos destes estudos
disponíveis no site da CAPES, apenas cinco deste total efetivamente abordam questões de
gênero em arquitetura, sendo estes:
ANA GABRIELA GODINHO LIMA. Revendo a história da arquitetura: uma perspectiva feminista.
ANETE RÉGIS CASTRO DE ARAÚJO. Espaço Privado Moderno e Relações Sociais de Gênero em
Salvador: 1930-1949.
JOEL PEREIRA FELIPE. O arquiteto em processos participativos de produção do habitat. Origem,
formação e atuação profissional.
ROSA CRISTINA FERREIRA DE SOUZA. Representações sociais das ocupações: um estudo comparativo
entre Engenharia Civil e Arquitetura em função do gênero, em Florianópolis.
TEREZINHA DE OLIVEIRA GONZAGA. A cidade e a arquitetura também mulher: conceituando a
metodologia de planejamento urbano e dos projetos arquitetônicos do ponto de vista de gênero.
B. Como o resultado da linha 02 apontou uma grande quantidade de trabalhos (294
teses), mostrou-se necessário uma nova pesquisa restringindo por “arquitetura de interiores”
buscando apenas a expressão exata. O resultado desta nova busca identificou estudos
relacionados ao tema deste presente trabalho, chegando a catorze resultados como está
ilustrado na linha 09. Esses trabalhos são:
ANNA MARIA AFFONSO DOS SANTOS PIERONI. John Graz: o arquiteto de interiores.
AUGUSTIN DE TUGNY. Habitar é preciso: prolegômenos epistemológicos para uma arquitetura de
interiores.
BETINA TSCHIEDEL MARTAU. Iluminação Artificial em Espaços Comerciais de Lojas.
CARLOS MARCELO CAMPOS TEIXEIRA. Arquiteturas Móveis: um estudo sobre interior de aeronaves
executivas.
CAROLINE BOLLMANN. Materiais e conforto: um estudo sobre a preferência por alguns materiais de
acabamento e sua relação com o conforto percebido em interiores residenciais.
14
CRISTINA GARCIA ORTEGA BERTELLA. Lina Bo Bardi: móveis e interiores (1947-1968) - interlocuções
entre moderno e local.
FERNANDA PAES DE SOUZA NOGUEIRA. Processo de projeto: contribuições para a pequena empresa de
projeto de Arquitetura de Interiores.
JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA CESAR. O uso e a influência das cores na Arquitetura de Interiores.
LUCIANA PAIVA DE MAGALHÃES. Hotel Design: Novos Rumos na Arquitetura Hoteleira ou Estratégica de
Marketing? O Caso de São Paulo.
MARTA SILVEIRA PEIXOTO. A sala bem temperada: Interior Moderno e Sensibilidade Eclética.
MICHELLE TAVARES DA SILVA. Projeto de Arquitetura de Interiores de lojas voltadas para o segmento
luxo: um estudo de caso da rua Oscar Freire.
REBECA RODRIGUES MURAD. Arquitetura e Design: Estudos de Caso de integração.
ROSANA MARTINEZ. Identidade visual e cultura club em São Paulo: a linguagem visual dos clubs de
música eletrônica da cidade.
VALERIA RUCHTI. Jacob Ruchti, a modernidade e a arquitetura paulista (1940-1970)"
C. Refinando a busca para o tema do presente trabalho, buscando pelas quatro
palavras-chave centrais: arquitetura de interiores perspectiva de gênero, chegou-se a apenas
quatro estudos, como mostra a linha 13 da tabela acima. Porém, nenhum dos estudos
apontados pelo Banco de Teses da CAPES abordam a questão da perspectiva de gênero
dentro da Arquitetura, como pode ser observado pelos resultados obtidos, reproduzidos abaixo:
ANGELITA ALICE JAEGER. Mulheres atletas da potencialização muscular e a construção de arquiteturas
corporais no fisiculturismo.
GUSTAVO MARTINS PICCOLO. Educação infantil: análise da manifestação social do preconceito na
atividade principal de jogo".
LÍLIAN APARECIDA VALVERDE SIQUEIRA. A Imagem de José Dias no Discurso de Dom Casmurro.
SAMUEL COSTA DA SILVA. A arquitetura da violência: o Centro de Atendimento Juvenil Especializado
(CAJE) enquanto forma singular de campo de concentração de adolescentes.
D. Ao especificar ainda mais essa busca, procurando por interiores residenciais
(conforme linha 10 da tabela) é possível notar que pouco foi publicado sobre o assunto no
Brasil:
CAROLINE BOLLMANN. Materiais e conforto: um estudo sobre a preferência por alguns materiais de
acabamento e sua relação com o conforto percebido em interiores residenciais.
DENISE ADELL DE FREITAS GUIMARÃES. A decoração nas residências de elite: a produção material e
simbólica dos espaços da casa.
GISELE MELO DE CARVALHO. Interiores Residenciais Recifenses - A Cultura Francesa na residência
burguesa do Recife no século XIX.
GLAUCO HONÓRIO TEIXEIRA. Interiores residenciais contemporâneos: transformações na atuação dos
15
designers em Belo Horizonte.
KATIA MEDEIROS DE ARAUJO. Consumo e Reconhecimento Social: A valorização do morar bem entre
novas elites do Recife.
LUIZ FERNANDO MAIA DE FIGUEIREDO. Análise crítica das recomendações do Código de Obras do
Município do Rio de Janeiro segundo a questão da iluminação natural dos interiores residenciais.
YUMARA SOUZA PESSÔA. Decoração soteropolitana na década de 70: cores, formas e representações.
E. A linha 14 da tabela 01 indica que há apenas um estudo sobre interiores
residenciais que também cita a perspectiva de gênero. Todavia, esse trabalho dedicou-se ao
período de 1952 a 1971.
MAISA FONSECA DE ALMEIDA. Revista Acrópole publica residências modernas: análise da revista
Acrópole e sua publicação de residências unifamiliares modernas entre os anos de 1952 a 1971.
F. Na pesquisa por interiores da casa brasileira, de acordo com linha 15, verificou-
se que consta apenas uma dissertação de mestrado defendida no ano de 2000, no
Departamento de Música da Universidade Federal de Goiás sobre o assunto. Mas esse estudo
aborda a ambientação da casa brasileira na década 70 do século passado:
DENISE PACHECO DE OLIVEIRA. Arquitetura e Design de Interiores no Brasil dos Anos 70: Uma
Perspectiva.
G. Desta forma, ao adicionar o recorte temporal que o presente estudo pretende
aprofundar-se, e as palavras-chave deste trabalho: interiores residenciais contemporâneos
gênero (conforme linha 16), verifica-se que há uma lacuna no debate acadêmico brasileiro
sobre tema proposto para esse doutorado, uma vez que não há registros, até abril de 2013, de
teses e/ou dissertações no Banco de Teses da CAPES.
METODOLOGIA
Foram estabelecidas as seguintes abordagens que comporão a metodologia a ser
adotada nesta pesquisa, que são tributárias da obra de Borden e Ray (Elsevier/Architectural
Press, 2009):
A. Abordagem empírica: em que os projetos e artefatos produzidos e
selecionados pelas arquitetas serão descritos de acordo com os fatos diretamente relacionados
com a sua produção, tais como: data, local, condições técnicas de construção, eventuais
colaboradores, orçamento e demais elementos que forem considerados relevantes para a
descrição fatual dos artefatos;
16
B. Abordagem iconográfica ou iconológica: em que, a partir do estudo da forma
dos projetos serão pesquisadas suas possíveis referências históricas, sua pertinência a
tendências e correntes de pensamento artístico, projetual, etc.
C. História Social: essencial quando se trata de uma pesquisa feminista, esse
aspecto do método crítico/histórico atenta aos aspectos sociais como, por exemplo, o modo
como a obra ou artefato foram encomendada, quem os encomendou, e outras circunstâncias
que se julgarem relevantes na composição desse quadro.
D. Estudos interdisciplinares: em que será utilizado referências a teorias externas
ao campo específico da arquitetura, como é o caso da perspectiva de gênero. Autoras como
Sandra Harding e Guacira Lopes Louro e autores como Pierre Bourdieu e Jacques Derrida
auxiliarão na fundamentação desse trabalho. Esta etapa do estudo, em especial, será pautada
na experiência da professora orientadora Drª Ana Gabriela Godinho Lima em pesquisas
acadêmicas em estudos de gênero em arquitetura.
FORMA DE ANÁLISE DOS RESULTADOS
Os resultados poderão ser avaliados levando em consideração a possibilidade de
atendimento ao objetivo do presente estudo, especialmente no que se refere às seguintes
indagações:
O trabalho contribuiu para os estudos acadêmicos e reflexões sobre a atuação e prática
projetual de arquitetas no Brasil?
O trabalho contribuiu para auxiliar no preenchimento da lacuna de pesquisas
acadêmicas sobre arquitetura de interiores?
O trabalho contribuiu para o ensino de arquitetura, em especial sobre arquitetura de
interiores?
O trabalho contribuiu nos estudos acadêmicos sobre perspectiva de gênero?
O trabalho contribuiu para a disseminação dos estudos sobre o tema para um público
mais amplo?
O trabalho contribuiu para os estudos e pesquisas do Núcleo de Pesquisa ao qual está
inserido?
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