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    Tortura, Sujeio e Flagelo nos Relevos Assrios

    Leandro Barbosa dos Santos1

    Resumo

    Este artigo tem como objetivo abordar algumas das prticas assrias de tortura,

    sujeio e flagelo, atravs da anlise dos relevos e fontes textuais assrias datadas do I

    milnio a.C. Estas fontes nos fornecem informaes sobre prticas de tortura, sujeio e

    flagelo, e concepes polticas que baseavam a constituio do imprio Assrio. No

    presente trabalho abordaremos o tratamento dado s naes dominadas, percebendo

    caractersticas que buscam a legitimao, e a normatizao de poder e declarao de

    guerra e violncia, acompanhada de concepes ideolgicas implcitas na composio

    dos relevos que narram s batalhas que foram amplamente representadas e

    documentadas, em diferentes locais nos palcios assrios.

    Palavras-Chave: Assria, tortura, flagelo, representao, iconografia, Mesopotmia.

    Torture, Subjugation and Scourge in Assyrian Reliefs

    Abstract

    This article have to purpose to address some Assyrian practices of subjugation,

    torture and scourge, by the Assyrian reliefs and textual sources dating from the first

    millennium BC. These sources provide us with information about torture, subjugation

    and scourge, and policies concepts who based the constitution of the Assyrian

    empire. In this paper we discuss the treatment of dominated nations, realizing features

    that seek legitimacy, and the normalization of power and declaration of war and

    violence, followed by ideological concepts implicit in the composition of the reliefs that

    narrate the battles that were largely represented and documented at different locations in

    Assyrian palaces.

    Key Words: Assyria, torture, scourge, representation, iconography, Mesopotamia.

    1 Telogo e acadmico do curso de Histria da Universidade Luterana do Brasil ULBRA e-mail:[email protected]

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    A metodologia utilizada para anlise destas imagens est baseada nos estudos de

    Erwin Panofsky2 que prope o estudo iconolgico dividido em trs etapas. Na primeira

    etapa realizou-se a anlise iconogrfica, mtodo que descreve e classifica as imagens,

    conforme o tema representado. Posteriormente, realizamos uma interpretao

    iconolgica, identificando cones e smbolos desta representao visual, onde

    consideramos estes relevos como obra produzida em um contexto histrico-cultural

    determinado por caractersticas tipolgicas dos personagens e dos elementos.

    A guerra tem sido ao longo dos tempos uma temtica muito pertinente dentro da

    historiografia. Ela se caracteriza conforme a conjuntura ideolgica e a herana cultural

    de cada sociedade em determinado tempo. O exrcito neoassrio ficou conhecido no I

    milnio a.C. como um referencial de poder e fora militar. Batalhas, cercos e tticas deguerra, e o tratamento violento dado aos opositores do imprio se fazem presentes em

    vrios documentos histricos deste imprio, fato que os destacou por constituir um

    exrcito de exmios guerreiros no Antigo Oriente Prximo.

    A arte assria de esculpir relevos parietais, que eram dispostos nas salas dos

    palcios, servia muito mais do que a mera atividade artstica de decorao. Eles

    funcionavam como um instrumento propagandstico da ideologia assria de terror. As

    cenas de guerra, de soldados empunhando armas, cercando uma cidade inimiga,mutilando, prendendo, deportando, empalando ou cortando as cabeas dos inimigos,

    serviam como uma recomendao queles que circulavam pelo palcio, fossem nativos

    ou estrangeiros, do poder de guerra e punio que poderia ocorrer a todo aquele que

    desafiasse a ordem estabelecida (BACHELOT, 1991, p. 109-128).

    A histria da Assria se desenvolveu ao norte do atual Iraque, nos textos em

    cuneiforme identificamos a expresso mt Aur, que significa pas do deus Aur3.

    Sua Histria emerge em um estado territorial no sculo XIV a.C. tendo seu territriocobrindo aproximadamente todo o norte do Iraque moderno. A primeira capital da

    Assria era Aur, localizada cerca de 150 quilmetros ao norte da capital do Iraque,

    Bagd, prxima a na margem oeste do rio Tigre. A cidade foi nomeada como Aurpor

    motivos de homenagem ao deus nacional, nome da qual a cognominao Assria

    tambm derivada.

    2 Erwin Panofsky foi um crtico e historiador da arte alemo, um dos principais representantes dochamado mtodo iconolgico, relacionado a estudos acadmicos em iconografia.3 Aur o deus da nao assria, uma divindade guerreira que amplamente registrada nos relevosassrios quase sempre ligada imagem do rei. Ver: (BLACK / GREEN, 2008, p. 37-39).

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    FIGURA 2RELEVO 1FONTE: (LAYARD, 1853, p. 30.)

    A figura acima de Aurnazirpal II (883 859 a.C). Na laje trs carros de

    guerra assrios, cada um puxado por trs cavalos, avanam para a direita da cena. Os

    ocupantes dos carros portam arcos, flechas e sobre a cabea carregam o estandarte da

    divindade Adad4. Cada carro de batalha ocupado por dois guerreiros, um que conduz e

    outro que ataca os adversrios com flechas.

    O guerreiro do carro da frente est ferido por uma flecha, e tem o torso e a

    cabea virada para trs na direo dos carros que o seguem, seu brao direito est

    estendido para cima e os cavalos de seu carro esto caindo. frente, trs arqueiros do

    exrcito assrio avanam. No plano superior, v-se um abutre e trs corpos dos

    guerreiros adversrios esto decapitados e estendidos no cho. V-se tambm partes de

    rvores que foram cortadas.

    Na Mesopotmia a mutilao dos corpos dos inimigos uma prtica bem

    conhecida. Podemos perceber a preocupao dos escribas e artesos em, incisivamente,

    registrar grande nmero de inimigos mortos e mutilados, como tambm suas

    identidades e grupos tnicos ao qual pertencem. Entre os diferentes tipos de mutilaopraticados, a decapitao de cabeas bastante comum, j que a cabea a expresso da

    personalidade nica e individual e, uma vez exposta, no se teria dvida da morte dos

    mutilados.

    4 Adad divindade mitolgica sumrio-babilnica assimilada pelos assrios. Uma divindade guerreira conede virilidade e fertilidade (JOANNS, 2001, p. 4-6).

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    FIGURA 3RELEVO 2FONTE: (COLLINS, 2008, p. 136 - 137.)

    O Relevo acima de Aurbanipal (668 631 a.C). O rei Aurbanipal esta

    sentado em uma esteira longa, ele veste uma tnica adornada de smbolos e est coberto

    por uma capa um pouco abaixo de sua cintura, na cabea usa uma tiara com fitas e tem

    seu brao direito levantado e na mo segura um clice que leva na altura da boca, seu

    outro brao est encostado sobre o mvel e em sua mo esquerda segura uma flor de

    ltus, descansando no jardim. Ele est acompanhado da rainha Aurarrati, sentada em

    seu trono, na cabea ela usa uma coroa adornada e veste uma longa tnica adornada

    com rosetas, em uma das mos tem um clice. Ali bebem e escutam msica. E , a poucos

    passos do rei, que estava sentado embaixo de uma parreira, podia ser observada, na

    esquerda da cena, a cabea de Teumman5 rei do Elam6 pendurada em uma rvore.

    O destaque desta imagem a cabea de Teumman exposta no canto esquerdo

    superior, e a celebrao de Aurbanipal demonstrando escrnio e prazer sobre a

    representao da evidncia de morte de seu inimigo. Segundo Bahrani (2008. p.23-55) a

    cabea a parte do corpo que funciona como smbolo da evidncia da vitria em todo

    tempo da narrativa, a guerra um retrato real histrico, mas a cabea o ponto fixo na

    batalha expressa no relevo.

    5 Khumma-Khaldash III o ltimo rei Elamita, foi capturado em 640 BC por Aurbanipal.6 Elam ou Elo (em persa: ) foi uma civilizao da Antiguidade localizada no territrio quecorresponde ao atual sudoeste do Ir.

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    FIGURA 4RELEVO 3FONTE: (COLLINS, 2008, p.47)

    No relevo acima se v soldados assrios celebrando a vitria com as cabeas

    decapitadas de seus inimigos, juntamente com msicos celebrando a vitria. Na

    primeira linha vemos dois soldados assrios vestidos com tnicas, os ps esto

    descalos, tendo sobre a cabea esta um elmo cnico arredondado pontiagudo. Em cada

    uma das mos esta cabea de um inimigo decapitada. Adiante deles esto trs msicos

    vestindo vestes compridas. Os dois primeiros possuem barba comprida, esto descalos

    e carregam sobre as mos um instrumento musical. O terceiro a direita imberbe,

    carrega um pandeiro e tambm esta descalo.

    A mutilao de partes do corpo um smbolo de fora muito utilizado como

    instrumento de propaganda e terror poltico, demonstrando aos inimigos o que poderia

    suceder aos opositores do poder real. Alm da decapitao encontramos a amputao de

    mos e ps, empalamento7 e esfolamento8, prticasconhecidas no Oriente Prximo, que

    tambm facilitavam questes administrativas, como a contagem de partes paracontabilizar o numero de inimigos mortos (VILLARD, 1991, p.247-251).

    Junto com as representaes iconogrficas nos relevos, tambm encontramos

    inscries, que nos fornecem informaes detalhadas sobre o tratamento da Assria aos

    povos conquistados, os seus exrcitos e aos seus governantes.

    Nos registros de Aurnazirpal II encontramos relatos que nos trazem uma

    percepo do tratamento dos conflitos e rebelies contra o imprio:

    7Empalao: Uma lana pontiaguda penetra pelo orifcio anal do condenado, at a boca, peito ou costas.

    8Esfolamento: Mata-se a vtima tirando-lhe a pele.

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    Eu esfolei muitos dos nobres que haviam se rebelado contra mim [e]dependurei suas peles, e fiz uma pilha [de corpos], e alguns corposespalhados da pilha, eu ergui em estacas sobre a pilha ... Eu esfolei muitosda minha terra [e] dependurei suas peles sobre as paredes (GRAYSON, 2002,p. 199).

    Neste relato percebemos a punio severa aos rebeldes com o esfolamento,

    acompanhado de uma propaganda do terror, expressa no ato de expor as peles dos

    esfolados nas paredes da cidade. Esta propaganda tinha o intuito de servir de exemplo

    para os possveis rebeldes, uma demonstrao da severidade da punio para com os

    rebelados contra o imprio.

    Em outro relato de Aurnazirpal II h outra descrio onde encontramos a

    amputao de mos e ps dos soldados inimigos. Este tipo de flagelo demonstra uma

    punio severa que transcendia o simples assassinato, mas sim, uma nfase no flagelo e

    humilhao do inimigo:

    Em lutas e conflitos cerquei [e] conquistei a cidade. Eu abati 3.000 de seushomens a lutando com a espada... Eu capturei suas tropas ainda vivas: Desteseu cortei de alguns seus braos [e] as mos, eu cortei de outros os seusnarizes e orelhas, [e] nas extremidades. Eu arranquei os olhos de muitastropas. Eu fiz uma pilha da vida [e] uma de cabeas. Eu pendurei as suascabeas nas rvores ao redor da cidade (GRAYSON, 2002, p. 201).

    No relato acima encontramos, tambm, a amputao de narizes e orelhas, um ato

    com intuito de deformar o inimigo na inteno de impossibilitar o retorno ao convvio

    social. Tambm a ideia de tornar incapacitado o oponente arrancando-lhe os olhos e

    partes do corpo (BOUZON, 2003, p.181).

    A violncia no tratamento dos inimigos algo que, frequentemente,

    acompanhava alguns registros assrios. Em uma srie de relevos de Senaqueribe (704-

    681 a.C) encontrados em Nnive, alguns registram as faanhas de sua invaso em Jud

    em 701 aC. Laki9, uma das quarenta e seis cidades que ele conquistou. No relevo

    abaixo podemos observar a representao de um esfolamento.

    9Laki considerada como a segunda mais importante a cidade ao sul do antigo reino de Jud.

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    FIGURA 5RELEVO 4FONTE: (COLLINS, 2008, p.94)

    No relevo acima na parte superior esquerda se v dois soldados assrios

    estendendo um soldado inimigo nu ao cho, pelas pernas. Os dois soldados assrios

    vestidos com tnicas, os ps esto descalos, tendo sobre a cabea esta um elmo cnico

    arredondado pontiagudo, o da direita carrega uma aljava com um arco nas costas. Logo

    abaixo na parte inferior esquerda se v tambm dois soldados assrios estendendo um

    soldado inimigo nu ao cho, pelas pernas. Os dois soldados assrios vestidos com

    tnicas, os ps esto descalos, um tem sobre a cabea um elmo cnico arredondado

    pontiagudo, e carrega uma aljava com um arco nas costas. O da esquerda no se podeidentificar os detalhes do rosto devido ao relevo estar danificado. Na parte direita do

    relevo encontramos um soldado assrio vestido com uma tnica, os ps esto descalos,

    tem sobre a cabea um elmo cnico arredondado pontiagudo, nas costas uma aljava com

    um arco. Na mo direita carrega uma lana, e na esquerda uma maa. Adiante dele

    segue di soldados inimigos vestidos com tnicas longas, ambos esto descalos.

    Na mesma srie de relevos de Senaqueribe encontramos outra representao de

    empalamento, onde esto dois soldados assrios erguendo uma estaca com um homemempalado nu ao lado de outros dois.

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    FIGURA 6RELEVO 5FONTE:www.britishmuseum.org

    No relevo acima na parte superior esquerda se v dois soldados assrios

    levantando um soldado inimigo nu, sobre uma lana. Os dois soldados assrios vestidos

    com tnicas, os ps esto descalos, tendo sobre a cabea esta um elmo arredondadocom penacho, ambos carregam sobre as costas um escudo e uma lana. Na esquerda se

    observa outros dois soldados inimigos, ambos esto nus e cada um est levantado sobre

    uma lana.

    Nos relatos das campanhas militares de Senaqueribe encontramos descries que

    do detalhes mais precisos dos flagelos e torturas a que eram submetidos os inimigos do

    imprio.

    Eu cortei as suas gargantas, como a de cordeiros. Cortei suas vidas preciosas

    como se corta uma corda. Assim como as muitas guas de uma tempestade,eu fiz (o contedo) das suas gargantas e entranhas correrem por sobre toda aterra. Empinei meus corcis aproveitando para atrel-los, e mergulh-los nascorrentes de seu sangue como (em) um rio. As rodas do meu carro de guerraque derruba os perversos foram salpicadas de sangue e imundcie. Com oscorpos dos guerreiros Eu enchi a plancie, como a erva. Cortei seus falos, eespalhei as suas partes ntimas, como as sementes do pepino(LUCKENBILL, 1926, p. 117-123)

    Outra questo importante de destacar era a pratica da deportao dos inimigos. A

    deportao era de suma importncia para o imprio devido mo-de-obra especializada

    para as suas construes monumentais, e tambm para lidar com a agricultura e pecuria

    que eram exercidas nessa regio. Na srie de relevos que retratam a batalha de Laki

    http://www.britishmuseum.org/http://www.britishmuseum.org/http://www.britishmuseum.org/http://www.britishmuseum.org/
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    encontramos um grande nmero de judeus sendo deportados, junto com mulheres e

    crianas.

    FIGURA 7RELEVO 6FONTE: (LAYARD, 1853, p.50)

    No relevo acima encontramos nove soldados, quatro portando saques, trs

    soldados conduzindo trs deportados dentre eles trs homens, um deles carrega umacriana, os outros carregam seus pertences, uma mulher leva seus pertences, trs esto

    conduzindo o carro de boi com butins de guerra, atrs da carroa conduzida por dois

    bois ao lado uma mulher carregando seus bens. Na quinta linha, trs homens

    possivelmente deportados, carregam seus pertences e conduzindo um camelo com seus

    pertences com tocas e saiotes, aps, uma carroa. Acima provavelmente duas crianas

    sendo conduzidas por dois bois, ao lado um deportado, seguido de duas crianas, e duas

    mulheres uma ao lado da outra, a sua frente encontra-se um soldado visto apenas dacintura para baixo.

    A deportao servia como forma de dissolver a identidade das naes

    conquistadas, tambm como forma de prevenir futuras possveis revoltas. Os deportados

    passavam a pertencer de corpo e alma a nao vencedora. A vontade do rei decisiva

    quanto ao destino dos deportados, eles podem ser mortos, oferecidos no templo,

    vendidos, atribudos em trabalhos agrcolas ou de construo, utilizados como arteses,

    e at integrados no exrcito (BACHELOT, 1991, p.109-128).

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    Concluses preliminares

    Assim sendo, a mutilao dos corpos inimigos constitui-se em uma prtica

    comum no I milnio a.C. Em particular no Antigo Oriente Prximo, encontramos

    evidncias de valor ideolgico que unem recursos de propaganda destruio do corpo

    do inimigo. A questo do flagelo e tortura no foi, portanto, um fenmeno acidental e

    nem uma prtica exclusiva dos assrios, mas um aspecto da integrao dos sistemas

    culturais. Quanto questo dos registros assrios de tortura e flagelo, legtimo

    considerar que os termos da produo que representam o conjunto de relevos Assrios

    possuem determinados fatores que lhes classificam como instrumentos de propaganda.

    Ao utilizarmos o termo propaganda em sua concepo geral, percebe-se atentativa de exercer influncia e opinio nos indivduos para fazer-se aderir poltica de

    um dirigente ou de um regime, neste caso os relevos assrios exprimem uma relevante

    propaganda. Nos relevos o poder se constitui na atividade simblica como fonte de

    outros tipos de relao inter individuais que definem a estruturao do espao social,

    sobre a mediao do simblico nas organizaes da sociedade.

    Nesta anlise encontramos evidncias que superam questes hegemnicas,

    percebendo uma forte tendncia da utilizao destas prticas como forma de propagandado terror com finalidade poltica. O poder absoluto, a violncia e a produo simblica

    aparecem como produto nos relevos assrios e como consequncia da ordem poltica,

    bem como reflexo das violncias geradas pelo exerccio do poder.

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