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Conselho Editorial: Álvaro Sérgio Weiler Junior, Anna Claudia de Vasconcellos, Carlos Castro, DaviDuarte, Estanislau Luciano de Oliveira, Fernando Abs da Cruz, Isabella Gomes Machado, Jair Men-des, Júlio Greve, Luciano Caixeta Amâncio, Marcelo Dutra Victor e Roberto Maia|Jornalista res-ponsável: Mário Goulart Duarte (Reg. Prof. 4662) - E-mail: [email protected].|Projetográfico: Eduardo Furasté|Editoração eletrônica: José Roberto Vazquez Elmo|Capa e contracapa:Eduardo Furasté|Ilustrações: Ronaldo Selistre|Tiragem: 1.000 exemplares| Impressão: Gráfi-ca Pallotti|Periodicidade: Mensal.A ADVOCEF em Revista é distribuída aos advogados da CAIXA, a entidades associativas e a instituiçõesde ensino e jurídicas.

Agosto | 20112

www.advocef.org.br – Discagem gratuita 0800.601.3020

ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS ADVOGADOSDA CAIXA ECONÔMICA FEDERAL

DIRETORIA EXECUTIVA 2011-2012Presidente: Carlos Alberto Regueira de Castro e Silva (Recife)Vice-Presidente: Anna Claudia de Vasconcellos (Florianópolis)1º Secretário: Luciano Caixeta Amâncio (Brasília)2º Secretário: Jair Oliveira Figueiredo Mendes (Salvador)1º Tesoureiro: Isabella Gomes Machado(Brasília)2º Tesoureiro: Estanislau Luciano de Oliveira (Brasília)Diretor de Articulação e Relacionamento Institucional:Júlio Vitor Greve (Brasília)|[email protected] de Comunicação, Relacionamento Interno e Eventos:Roberto Maia (Porto Alegre)|[email protected] de Honorários Advocatícios:Álvaro Sérgio Weiler Junior (Porto Alegre)|[email protected] de Negociação Coletiva:Marcelo Dutra Victor (Belo Horizonte)|[email protected] de Prerrogativas:Pedro Jorge Santana Pereira (Recife)|[email protected] Jurídico:Fernando da Silva Abs da Cruz (Porto Alegre)|[email protected] Social:Elenise Peruzzo dos Santos (Porto Alegre)|[email protected] REGIONAISBianco Souza Morelli (Aracaju)|Tânia Maria Trevisan (Bauru)|Patrick Ruiz Lima(Belém)|Leandro Clementoni da Cunha (Belo Horizonte)|Júlio Vitor Greve(Brasília)|Ricardo Tavares Baraviera (Brasília)|Lya Rachel Basseto Vieira(Campinas)|Alfredo de Souza Briltes (Campo Grande)| Daniele Cristina das Neves(Cascavel)|Juel Prudêncio Borges (Cuiabá)| Susan Emily Iancoski Soeiro(Curitiba)|Edson Maciel Monteiro (Florianópolis)|Maria Rosa de Carvalho Leite Neta(Fortaleza)|Ivan Sergio Porto Vaz (Goiânia)|Isaac Marques Catão (JoãoPessoa)|Rodrigo Trezza Borges (Juiz de Fora)|Altair Rodrigues de Paula(Londrina)|Dioclécio Cavalcante Neto (Maceió)|Raimundo Anastácio Carvalho DutraFilho (Manaus)|José Irajá de Almeida (Maringá)|Carlos Roberto de Araujo(Natal)|Daniel Burkle Ward (Niterói)|João Batista Gabbardo (Novo Hamburgo)|PabloDrum (Porto Alegre)|Bruno Ricardo Carvalho de Souza (Porto Velho)|Justiniano Diasda Silva Júnior (Recife)|Sandro Endrigo Chiarotti (Ribeirão Preto)|Carlos Eduardo LeiteSaboya (Rio de Janeiro)|Jair Oliveira Figueiredo Mendes (Salvador)|Fabio Radin(Santa Maria)|Antonio Carlos Origa Júnior (São José do Rio Preto)|Flávia ElisabeteKarrer (São José dos Campos)|Virginia Neusa Lima Cardoso (São Luís)|RolandGomes Pinheiro da Silva (São Paulo)|Edvaldo Martins Viana Júnior (Teresina)|TiagoNeder Barroca (Uberaba)|Luciola Pereira Vaconcelos (Uberlândia)|Angelo RicardoAlves da Rocha (Vitória)|Aldir Gomes Selles (Volta Redonda)CONSELHO DELIBERATIVOMembros efetivos:Davi Duarte (Porto Alegre), Renato Luiz Harmi Hino (Curitiba),Alfredo Ambrósio Neto (Goiânia), Juliana Varella Barca de Miranda Porto (Brasília) eElton Nobre de Oliveira (Rio de Janeiro).Membros suplentes: Antônio Xavier de Moraes Primo (Recife), Fábio Romero de SouzaRangel (João Pessoa) e Jayme de Azevedo Lima (Curitiba).CONSELHO FISCALMembros efetivos: Daniele Cristina Alaniz Macedo (São Paulo), Rogério Rubim deMiranda Magalhães (Belo Horizonte) e Adonias Melo de Cordeiro (Fortaleza).Membro suplente: Melissa Santos Pinheiro Vassoler Silva (Porto Velho).Endereço em Brasília/DF:SBS, Quadra 2, Bloco Q, Lote 3, Sala 1410 | Edifício João Carlos SaadCEP 70070-120 | Fone (61) 3224-3020E-mail: [email protected] | Gerente administrativa e financeira: Ana NiedjaMendes Nunes | Assistente financeira: Kelly Carvalho | Secretária administrativa:Ilka Borges

As opiniões publicadas são de responsabilidade de seus autores,não refletindo necessariamente o pensamento da ADVOCEF.

Expe

dien

te

Edito

rial

A edição de agosto, mês em que comemoramos oDia do Advogado, traz um tema atualíssimo e a cada diamais debatido nos meios jurídicos.

O crescimento do denominado teletrabalho, com aconcreta mudança de paradigmas históricos da legisla-ção e do Direito do Trabalho, é analisado por alguns advo-gados da CAIXA.

Novos tempos que reclamam o aprofundamento dosestudos doutrinários pertinentes, bem assim umbalizamento que não dê as costas a essa realidade. Tudoisso com a desejável manutenção da proteção essencialaos trabalhadores e também aos empregadores, via dedefinições claras e consentâneas com uma economiaglobalizada e sem fronteiras físicas.

Alguns bons e sempre desejáveis apontamentos so-bre o dia 11 de agosto, data magna da Advocacia noBrasil. Registros alusivos à data, somados aos sempreatuais preceitos que acompanham o desenvolvimentodessa profissão que tanto orgulha a ADVOCEF e seusintegrantes.

As páginas deste número trazem, ainda, uma sensí-vel entrevista com a profissional responsável pela exten-sa e profunda pesquisa histórica que culminou na produ-ção da obra de referência sobre a Advocacia nos 150anos de existência da CAIXA.

O livro, editado e produzido pela ADVOCEF, pela suatemática e atualidade, merece ser destacado neste mêsde agosto.

Desejamos que sua leitura e divulgação ajude a sus-tentar a memória permanente dos muitos profissionaisque fizeram a história da atividade jurídica nesta institui-ção, fazendo dela uma referência de profissionalismo,dedicação e permanente aprendizado e evolução.

Destaques merecidos, ainda, para um número im-portante de participações pessoais nesta edição.

Seja como autores de contribuições literárias, sejacomo protagonistas de ações que merecem serdivulgadas e amplificadas entre nossos leitores, a edi-ção contempla um mosaico prazeroso de informações,entretenimento e contribuições para um trabalho me-lhor, seja onde venha a ser executado.

Boa leitura a todos!

Trabalhando,sempre e onde

estiver

Diretoria Executiva da ADVOCEFDiretoria Executiva da ADVOCEFDiretoria Executiva da ADVOCEFDiretoria Executiva da ADVOCEFDiretoria Executiva da ADVOCEF

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As causas da advocaciaC

om

emora

ção

No Dia do Advogado, mensagens ressaltam os temas da categoria

"Artigo 1º: Todo brasileiro deve ter vergo-nha na cara. Parágrafo único: revogam-se as disposições em contrário."Capistrano de Abreu, historiador bra-sileiro.

"Se o juiz fosse justo, talvez ocriminoso não fosse culpado."Fiódor Dostoievski, escritor russo.

"No Brasil, lei é como vacina.Umas pegam, outras não." Otto LaraResende, escritor brasileiro.

"Ah, se as pessoas soubessem como se fa-zem as leis e as salsichas." Otto von Bismarck,advogado e estadista prussiano.

"Liberdade completa ninguém desfruta: começamos opri-midos pela sintaxe e acabamos às voltas com a Delegacia de

Os pontos fortes da advocacia e algu-mas das reivindicações da categoria fo-ram salientados em artigos publicados ecumprimentos externados em todo opaís, em 11 de agosto. Nessa data, amesma da lei de criação dos cursos jurí-dicos no Brasil, em 1827, é festejado oDia do Advogado.

O presidente da OAB/RS, Claudio Lamachia, de-fendeu a aprovação de pro-jetos que preservam as prer-rogativas profissionais econclamou a sociedade a sesomar à luta, "fortalecendoaqueles que são os defen-sores da liberdade, da hon-ra, do patrimônio, da digni-dade e, muitas vezes, da pró-pria vida das pessoas: o ad-vogado".

O presidente da OAB/SP,Luiz Flávio Borges D'Urso, es-creveu que, no Brasil, a di-mensão do papel do advo-gado vai além dos tribunais e do exercí-cio de defesa. "Tem uma função social damaior relevância, registrando presençaem todos os momentos graves da histó-ria brasileira e enfrentado - em nome doEstado Democrático de Direito e da cida-

dania - os abusos perpetrados por gover-nos autoritários."

O vice-presidente da OAB/MT, Maurí-cio Aude, destacou o fato de a advocaciaser a única profissão citada na Constitui-ção Federal como imprescindível para aadministração da Justiça. "Não à toa, pois,

defenderá por outro advogado, que for-mará a antítese. Numa e noutra atua-ção, os advogados contribuirão decisi-vamente para o debate jurídico, bemassim para o aperfeiçoamento da juris-prudência."

A defesa do povoEm mensagem assinada

pelo diretor jurídico JailtonZanon, a DIJUR homenageouos advogados da CAIXA que,diariamente, assumem ocompromisso pela realiza-ção da Justiça "e contribuemcom o bom desempenho desuas atribuições, com dina-mismo e competência".Concluiu parabenizando osprofissionais "pelos excelen-tes resultados alcançadosna defesa da Empresa".

Em seu site, a Diretoriada ADVOCEF também cum-primentou o advogado, que,

considerado essencial para a Justiça,"cumpre, nesta empresa pública, papelainda mais destacado". Em seu traba-lho diário, frisou a ADVOCEF, "o advoga-do da CAIXA zela pela defesa dos direi-tos de todo o povo brasileiro".

A Justiça segundo a Arte

"Prometo exercer a advocacia com dignidadee independência, observar a ética, os deveres

e prerrogativas profissionais e defender aConstituição, a ordem jurídica do Estado

Democrático, os direitos humanos, a justiçasocial, a boa aplicação das leis, a rápida

administração da Justiça e o aperfeiçoamentoda cultura e das instituições jurídicas."

(Juramento do Advogado)

Ordem Política e Social." Graciliano Ramos,escritor brasileiro.

"Somos livres porque podemos serpresos." Paulo Becker, escritor brasileiro.

"O preço da liberdade é a eternavigilância." Wendell Phillips, advoga-do norte-americano.

"Você pode dizer o que pensaquando o que pensa pode ser dito." Fra-

ga, humorista brasileiro."A injustiça em qualquer lugar é uma ame-

aça à justiça por toda parte." Martin Luther King Jr.,pastor e ativista político norte-americano.

"Não sei o que é a vida de um patife, não o tenho sidonunca; mas a de um homem honesto é abominável." Josephde Maistre, advogado, escritor e filósofo francês.

o advogado é reconhecido como o primei-ro juiz da causa, porquanto cabe a elesubmeter o conflito que lhe é posto aosistema legal e sugerir a melhor saída."

Mais adiante, continua Maurício:"De outro lado, a parte ex adversa se

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Local de trabalho: em casaTe

cnol

ogia

Nos dias 22 a 24 de setembro de2011 será realizado, em Porto Alegre, o IVCongresso Ibero-Americano de Teletrabalhoe Teleatividades, que reunirá autoridadesinternacionais para trocar experiências so-bre a regulamentação das novas modali-dades de prestação de serviços e os im-pactos no Direito do Trabalho nacional einternacional*. O tema é cada vez mais dis-cutido em todo o mundo, à medida queavançam os meios de comunicação, porum lado, e crescem os problemas de loco-moção nas grandes cidades, por outro.

A nova tendência do teletrabalho já fazparte da estrutura organizacional de diver-sas empresas brasileiras. Ao invés de en-frentar engarrafamentos, vestir ter-no e almoçar fora de casa,há um número cadavez maior de pesso-as que pode traba-lhar no conforto da própria casa. De acordocom a Sociedade Brasileira de Teletrabalhoe Teleatividades (Sobratt), mais de 10,6 mi-lhões de profissionais adotaram esse tipode trabalho, que cresce em torno de 10%ao ano.

Empresas como a Dell, HP, IBM,Natura e Shell já utilizam o mo-delo. Segundo CarlosNepomuceno, do Blogda Sobratt, os acrésci-mos de produtividadepara as empresas sãode 20% a 30%, de acordo compesquisas. "Mas o principal ganho está as-sociado ao trabalhador, que ganha qualida-de de vida e mais tempo para se dedicar àfamília e a atividades de lazer."

A Organização Internacional do Traba-lho (OIT) define o teletrabalho como qual-quer atividade realizada num lugar onde otrabalhador não mantém um contato pes-soal com os seus colegas, mas se comuni-ca com eles por meio de tecnologias dainformação e comunicação. O teletrabalhopode ser desenvolvido na casa do funcio-nário, em escritórios descentralizados daprópria empresa, em áreas gratuitas oupagas com acesso à Internet, comocybercafés, parques, telecentros, hotéis, ae-roportos ou rodoviárias.

Nova tendência nas empresas, o teletrabalho é cada vez mais utilizado

da REJUR/Cascavel. "No meio jurídico, evi-taria uma série de discussões pelas diver-gentes interpretações analógicas das lacu-nas existentes na lei."

Segundo Roberto, o trabalho a distân-cia já ocorre no próprio ambiente das em-presas como a CAIXA, onde predomina acomunicação via telefone, teleconferênciaou caix@mail, "que utilizamos muitas ve-zes até no relacionamento interpessoal

com o colega que está na sala ao lado".O advogado Aquilino Novaes

Rodrigues, da REJUR/Uberlândia, co-menta que, mesmo ain-

da sem regula-mentação, o tra-balho remoto éuma realidade

que não pode maisser ignorada. Antes

de tomar posse no Jurí-dico, Aquilino trabalhava

como analista na área deTecnologia da CAIXA e todosos seus projetos eram reali-zados por equipes tercei-rizadas a distância. A experi-ência aperfeiçoou sua capaci-dade de adaptação e foi provi-dencial ao ser lotado emUberlândia, quando ficou respon-sável pela Vara Federal de Patos

de Minas, distante 230 km. "Todasas minhas atividades são executadas

remotamente, pois a equipe de apoio e aestagiária estão fisicamente separados."

Aquilino carrega um HD portátil comacervo de trabalho, pois sempre faz cópiasdos arquivos digitais. Acaba de adquirir umtablet (IPAD2) para melhor utilização dosdocumentos digitalizados e assim diminuira quantidade de papel para leitura fora doambiente CAIXA. "Afinal, muitas vezes noslembramos de algo novo e precisamos fa-zer anotações a respeito." SegundoAquilino, embora o notebook seja a ferra-menta de trabalho oficial da CAIXA, sua mo-bilidade é restrita se comparada aos tablets.

E o teletrabalho na CAIXA?As atividades jurídicas da CAIXA podem

ser feitas em casa ou em outro local fora

O Projeto de Lei 102/07, do deputadoEduardo Valverde, que tramita na CâmaraFederal, altera o artigo 6º da CLT, dispondoque não há distinção entre os trabalhos re-alizados no estabelecimento do emprega-dor, no domicílio do empregado ou a dis-tância, desde que estejam caracterizadosos pressupostos da relação de emprego.

Segundo o advogado Thiago Paim, doJurídico Rio de Janeiro/RJ, o projeto nãotraz novidades, apenas adequando"o texto legal à inegá-

vel realidade que já vivemos". Observa queo teletrabalho, consequência natural do de-senvolvimento dos celulares e da internet,já é adotado por quase 50 milhões de ame-ricanos.

Trabalho a distância jáexiste

Com a virtualização das rotinas nas or-ganizações, é inegável a necessidade daatualização das normas trabalhistas paraacompanhar a evolução tecnológica, sali-enta o advogado Roberto Antonio Sonego,

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da empresa? Aquilino responde que sim,embora ache necessário ainda "pavimen-tar o caminho". "Não raro, necessitamosrecorrer a meios alternativos (internet 3G,ADSL) para concluirmos envios de peçasdevido a problemas de comunicação naCAIXA."

Roberto Sonego diz que a tarefa do ad-vogado da CAIXA, por sua própria natureza,já contempla boa parcela de atividades queocorre fora da empresa, como audiências,reuniões com as áreas, atualização por meiode cursos ou leitura, até mesmo pela Web."A própria disponibilidade do processo ele-trônico a partir de qualquer equipamento viaInternet já revela essa tendência."

Mas há atividades que não podem serfeitas em casa, reconhece o advogadoThiago Paim. "Audiências, providênciasinstitucionais e a fixação de pontos de con-trole entre as equipes de trabalho exigem,na minha opinião, a presença física dosinterlocutores, de maneira a evitar a conhe-cida dificuldade que há em se conhecer otom de quem se manifesta apenas eletro-nicamente."

Por se tratar de uma situação nova narealidade CAIXA, Aquilino Rodrigues sugereque se inicie o processo flexibilizando a jor-nada, com períodos alternados de traba-lho em casa e na empresa. Acredita quequestões relacionadas com a realização deaudiências, tarefas de estagiários e ativi-dades administrativas ainda necessitarãoa presença do empregado. "Mas, à medidaque novas metodologias de trabalho eautomatização forem disponibilizadas, talnecessidade pode diminuir." Diz que sepode compreender melhor avaliando a te-lefonia celular, por exemplo. "Hoje não pre-cisamos mais de um telefone fixoreferencial para nos comunicar, podemos

ser contatados a qualquer mo-mento."

Roberto Sonego diz quenum primeiro momento have-ria aparente dificuldade em al-gumas rotinas de apoio, sendonecessário manter ainda umaestrutura mínima para essasatividades. "No entanto, em al-gumas áreas o trabalho já podeser totalmente efetuado a dis-tância, pois os atuais recursosjá permitem realizá-lo com ex-celência."

Vantagens edesvantagens

Thiago nota que a ativida-de do advogado, como outras, se benefici-ará cada dia mais das novas tecnologias."Processo virtual, peticionamento eletrôni-co e assinatura digital possibilitam, semsombra de dúvida, o exercício da advoca-cia através de sistemas compatíveis com oteletrabalho." O que ele questiona é se amodalidade é realmente benéfica ao em-pregado, por um lado, e isenta de riscospara a empresa, de outro.

As principais vantagens para oteletrabalhador, conforme Thiago: confor-to, menos tempo perdido com deslocamen-tos, menos estresse, contato mais próximocom os familiares. Já a empresa, segundoo advogado, reduz drasticamente seus gas-tos com instalações e logística, ficando res-ponsável, apenas, pelos equipamentos e

sistemas utilizados para a conexão do pro-fissional.

Na coluna das desvantagens, Thiagodiz que a experiência demonstra que é difí-cil ao teletrabalhador adequar sua rotinadoméstica ao serviço prestado por meioremoto. "Não é raro ver teletrabalhadoresconstatando que passam a trabalhar maishoras no regime a distância do que quandotrabalhavam em local físico da empresa.Além disso, tal confusão pode acabar porgerar mais estresse, pois envolve não só oteletrabalhador, mas toda a sua família."

O advogado Aquilino Novaes destacaestas vantagens para o teletrabalhador:

- Maior produtividade, em virtude damaior capacidade de concentração, commenos interrupções que no ambiente daempresa.

- Melhor qualidade de vida, evitandoperda de tempo no trânsito, aliviando oestresse.

- Redução do número de afastamentos,faltas e licenças, pois, diminuindo o estresse,diminuem os problemas de saúde.

Além da satisfação pessoal para oempregado, Roberto Sonego avalia que,para a empresa, as vantagens já são apa-rentes. Um exemplo é a descentralizaçãodas unidades jurídicas, possibilitando queos profissionais fiquem em suas regiões,próximos da atividade fim desenvolvidapelas agências e das varas do Poder Judici-ário em que atuam. "Avançando mais, ha-verá ainda a redução de custos com a es-trutura física necessária, pois as unidadesfuncionariam apenas como ponto de apoio

Desde julho de 2011, a analistajudiciária no Tribunal Regional Fede-ral da 4ª RegiãoCristiane MeirelesOrtiz desempenhasua atividade emMadrid, Espanha,para onde foi acompa-nhando o marido, queé delegado da PolíciaFederal. De lá, cumpreas tarefas determina-das de Porto Alegre,via Internet, peladesembargadora Ma-ria Lúcia Luz Leiria.

De acordo com oTRF, Cristiane traba-lhará por metas, se responsabili-

Trabalho e vida pessoal

|||||Desemb. Marga Tessler: hábitoscomeçarão a mudar

zando por eventuais despesasoperacionais, como acesso à Internet.

A presidente do Tribunal,Marga Barth Tessler, dis-se que um paradigmaconstruído em décadasestabelece que o traba-lho acontece na empre-sa e a vida pessoal, foradela. "Mas, tudo leva acrer que, em algum mo-mento, estes hábitos co-meçarão a mudar, impe-lidos pelas novas gera-ções, ávidas por quebrarparadi-gmas e mais incli-nadas às novas tecno-logias." (Fonte: site do

TRF da 4ª Região.)

|||||Roberto: advogado da CAIXA já trabalha fora da empresa

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Tecn

olog

ia logístico, já que boa parte da atividade se-ria realizada fora da empresa."

No entanto, Thiago, que é especialistaem Direito e Processo do Trabalho, alertaque para o empregador há riscos trabalhis-tas ainda não afastados completamente,pois os sistemas de informática têm ampli-ado as condições de controle sobre oteletrabalhador, "a ponto de tornar sem jus-tificativa a negativa no pagamento desobretrabalho, mesmo levando em contao entendimento atual, que segue a linha daSúmula 428, do TST" **.

O perfil profissionalPara Aquilino Rodrigues, a questão prin-

cipal a ser abordada é o perfil do profissio-nal. Entende que ele deve ter aptidão e con-dições para executar remotamente as ati-vidades da mesma forma que na CAIXA.Deve ter facilidade em lidar com tecnologia,pois estará fora do ambiente CAIXA e longedas áreas de suporte para solucionar pro-blemas imediatos.

Roberto Sonego diz que há necessida-de de mudanças de paradigmas, que jávêm acontecendo nas grandes organiza-ções, especialmente quanto ao controle dajornada. Com relação aos requisitos profis-sionais, ele destaca a disciplina, conheci-mento dos recursos tecnológicos e ambi-ente adequado para o trabalho, que, se-gundo ele, pode ser gerenciado por meiode sistemas corporativos já existentes nomercado.

Organização e disciplina são essenci-ais, concorda Thiago Paim, para que as van-

tagens do teletrabalho não se transformem"em verdadeira prisão", deteriorando a vidaprofissional e pessoal do teletrabalhador.

"Tenho que trabalhar em casa é dife-rente de levar serviço para casa", alertaAquilino. "Portanto, devemos estar aptos atirar o máximo de proveito que a tecnologianos proporciona e ao mesmo tempo de-sempenhar nosso mister com a mesmaqualidade que o fazemos fisicamente noambiente corporativo."

Sonego acha que, num primeiro mo-mento, a resistência será normal, assimcomo ocorre com o processo eletrônico.Mas acredita que, com o desenvolvimentoda tecnologia, aumento nas velocidades deconexão e expansão geral da Internet, maispessoas poderão trabalhar à distância. "Issose tornará comum e criará novas formasde relacionamento nas organizações."

Por ser novo no Brasil, o assunto mere-ce amplo debate, diz Thiago Paim. Masobserva que grandes empresas comoCisco, IBM e Serpro já apresentam experi-ências concretas. Cita um dado da Sobrattindicando que há 3,5 milhões deteletrabalhadores brasileiros. "Por essa ra-zão, a questão deve estar em constanteanálise e na pauta de avaliações daADVOCEF, de maneira a possibilitar nossoposicionamento a respeito desse relevan-te tema."

Matérias publicadas recentementemencionam que a CAIXA estaria entre asempresas públicas prestes a aderir aoteletrabalho, ao lado do Serpro, Tribunal deContas da União e Receita Federal. Mas a

empresa nega. Um estudo interno, produ-zido há cerca de dez anos, chegou a aven-tar a possibilidade de áreas como T&D, Au-ditoria e Jurídico adotarem o sistema.

(*) O evento será realizado no Auditó-rio da Escola Superior da Advocacia (ESA),em Porto Alegre/RS. Informações no sitehttps://sites.google.com/site/ivciat/. Umdos participantes, o professor de Direito daInformática e Direito do Trabalho em Salva-dor/BA Manuel Martin Pino Estrada, escre-ve sobre o teletrabalho no suplemento JurisTantum desta edição. No Congresso, suapalestra será sobre "A Escravização Digitaldo Teletrabalhador".

(**) "Súmula 428. SOBREAVISO. O usode aparelho de intercomunicação, a exem-plo de BIP, "pager" ou aparelho celular, peloempregado, por si só, não caracteriza o re-gime de sobreaviso, uma vez que o empre-gado não permanece em sua residênciaaguardando, a qualquer momento, convo-cação para o serviço."

Colaborou: Manoela Andrade.

"A chamada 'revolução tecnológica' dosúltimos anos, com o desenvolvimento dos ce-lulares e da internet, acabou por favorecer aprática do teletrabalho, que já é adotada porquase cinquenta milhões de americanos.

Lembrando que o teletrabalho é muitomais amplo do que o trabalho a domicílio, jáque pode ser realizado em qualquer lugar e aqualquer hora, tenho que há aspectos própri-os que devem ser bem avaliados.

Como o teletrabalho possibilita que oempregado permaneça fora do ambiente fí-sico da empresa, tem-se uma falsa ideia deque deixará de receber ordens. Na verdade,já há inúmeros softwares que permitem o total controle dastarefas desempenhadas pelo teletrabalhador, de seus perío-dos de conexão e, até mesmo, onde tal prestação de servi-

A empresa no larThiago Paim, advogado do Jurídico Rio de Janeiro/RJThiago Paim, advogado do Jurídico Rio de Janeiro/RJThiago Paim, advogado do Jurídico Rio de Janeiro/RJThiago Paim, advogado do Jurídico Rio de Janeiro/RJThiago Paim, advogado do Jurídico Rio de Janeiro/RJ

ços é executada (via GPS), o que acaba porlimitar o conforto que, a princípio, se vis-lumbra nesta modalidade de prestação deserviços.

Em verdade, como bem ressaltado porMárcio Túlio Viana , professor da UFMG eestudioso do assunto, a 'volta ao lar' que oteletrabalho representaria não significa me-nos tempo na empresa, mas, ao contrário,a empresa chegando ao lar.

De toda forma, muitas pessoas que jáexperimentaram dizem que as horasdedicadas ao trabalho no ambiente famili-ar, ou no local de preferência do teletra-

balhador, são mais agradáveis, gerando menos stress e maisprodutividade - o problema é saber conciliar trabalho/famí-lia/lazer."

|||||Aquilino: atividades executadas remotamente

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| Audiência pública

| Dissídio

A convite da CONTEC, o presidenteda ADVOCEF, Carlos Castro, participou daformatação da pauta da Campanha Sa-larial 2011 e do ato de entrega das rei-vindicações dos trabalhadores à CAIXA.Em 22 de agosto, o documento foi pas-sado às mãos do vice-presidente de Ges-tão de Pessoas da CAIXA, Sérgio PinheiroRodrigues, pelo presidente da CONTEC,Lourenço Prado, e integrantes da Comis-são Executiva Bancária Nacional de Ne-gociação (CEBNN/CONTEC).

A pauta foi aprovada no XL EncontroNacional dos Dirigentes Sindicais Bancá-rios e Securitários, realizado em Grama-do, nos dias 4 e 5 de agosto. Por solicita-ção da diretora financeira da CONTEC,Rumiko Tanaka, Carlos Castro prestou in-

ADVOCEF na Campanha SalarialTemas específicos dos profissionais da CAIXA compõem a pauta de reivindicações

formações so-bre o anda-mento do Pro-jeto de Lei nº6.259/2005,em tramitaçãona Câmara Fe-deral, que ins-titui a isono-mia de direi-tos entre osantigos e no-vos empregados da CAIXA e outros ban-cos públicos

O presidente da ADVOCEF pediu quea matéria fosse tratada em cláusula es-pecífica na negociação salarial. Castro de-fendeu também a inclusão, na pauta, da

cláusula dos profissionais da CAIXA.As proposições foram aprovadas porunanimidade.

As reivindicações geraisEntre as reivindicações dos tra-

balhadores, incluídas no documen-to, estão a recomposição do poderde compra dos salários, reajuste realde 5% mais inflação no período,contratações, isonomia salarial e fimda discriminação aos empregados

Defesa da CLT

do REG/Replan não saldado. Segundo aCONTEC, por questões técnicas, não foipossível a assinatura do Acordo Coletivode Trabalho para instituição da Comissãode Conciliação Prévia, entre a entidade ea CAIXA.

Na cerimônia de encerramento doencontro dos dirigentes sindicais tam-bém estiveram presentes, pelaADVOCEF, o diretor jurídico FernandoAbs, o diretor de Honorários ÁlvaroWeiler e o representante da entidadeem Porto Alegre, Pablo Drum. Compare-ceram também o ex-vice-presidente daADVOCEF Bruno Vanuzzi, atual procura-dor do Estado do Rio Grande do Sul, esua esposa, Mariana Pires, promotorade Justiça do RS.

O presidente da ADVOCEF, Carlos Castro, participouda audiência pública da Comissão de Direitos Humanos eLegislação Participativa (CDH) que lançou a "CampanhaNacional em Defesa da CLT e dos Direitos Trabalhistas". Asolenidade ocorreu em 22 de agosto, no Auditório PetrônioPortela do Senado Federal, em Brasília.

A campanha, criada pelo Fórum Sindical dos Trabalha-dores (FST), combate o projeto de lei do deputado SilvioCosta (PTB-PE), que instituiu o Código do Trabalho e revo-ga várias leis e partes da CLT. Coordenador interino do FSTe presidente da CONTEC, Lourenço Ferreira Prado afirmaque o projeto não foi discutido com o movimento sindical.

|||||No Senado: trabalhadores criticam mudanças na legislação trabalhista

|||||Entrega da pauta da Campanha 2011 ao VP de Gestão de Pessoas da CAIXA,Sérgio Pinheiro Rodrigues

|||||No XL Encontro dos Dirigentes Sindicais Bancários eSecuritários, em Gramado: Fernando Abs, Mariana Pires,

Bruno Vanuzzi, Carlos Castro e Álvaro Weiler

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Um Brasil diferenteLi

vro

Historiadora conta a história de 150 anos da advocacia na CAIXAA historiadora Elizabeth Rochadel

Torresini sempre teve simpatia pela CAI-XA, admirando principalmente os projetosnas áreas de habitação e educação. Mas,ao manusear os dados colhidos para es-crever a obra "Advocacia na Caixa Econô-mica Federal - Trajetória de 150 Anos",lançada pela ADVOCEF no XVII Congressode Poconé/MT, ela passou a acreditar queo Brasil não seria o mesmo sem a insti-tuição. "Basta avaliar o Crédito Educativo.Antes dele, nosso índice de ingresso noensino superior e de diplomados era umfator impeditivo do nosso desenvolvi-mento."

Elizabeth demons-tra na obra que os ad-vogados atuam na Em-presa desde sua funda-ção em 1861, emborao primeiro departamen-to jurídico só tenha sur-gido após os anos1930. O Decreto2.723, que autorizou acriação da Empresa, foiredigido pelo ministroda Fazenda ÂngeloMuniz da Silva Ferraz,diplomado em Direito.Advogados atuam in-tensamente nos Conse-lhos Superiores Fiscaise Administrativos quevêm depois. A reformadas Caixas Econômi-cas, ocorrida no gover-no de Getúlio Vargas,sob o comando do advogado FranciscoSolano Carneiro da Cunha, é de autoriado jurisconsulto Justo de Morais.

A historiadora considera que o episó-dio recente mais importante da históriada categoria ocorre no início dos anos1990. "A resposta dos advogados à pos-sibilidade de terceirização do setor me-rece uma comemoração especial nesses150 anos", declara.

Autor do prefácio, o diretor jurídicoda CAIXA, Jailton Zanon, escreve que oacerto do livro está em contar a históriada Empresa incluindo a perspectiva e a

participação dos seus empregados - nocaso, destacando os profissionais do Ju-rídico.

O texto de apresentação, assinadopela Diretoria da ADVOCEF, salienta ou-tro aspecto importante mostrado no vo-lume. "De profissão elitizada e formado-ra de opinião do início do século XIX, aadvocacia é retratada até os dias de hoje,com sua faceta proletarizada eamplificada pela superveniência de umnovo conceito de corporação. Concepçãoagora voltada para um exercício por ve-zes massivo, porém igualmente digno e

essencial aos destinos da CAIXA."Nas páginas de abertura, ainda, o pre-

sidente da CAIXA, Jorge Hereda, testemu-nha sobre a obra: "Esta história nos mos-tra que o melhor dos advogados na cons-trução desta trajetória é a ousadia de cri-ar novas soluções jurídicas que nos per-mitam operar sempre na vanguarda paraatender às demandas que a sociedadenos apresenta".

Catarinense de Laguna, ElizabethTorresini tem vários livros publicados, al-guns contando o desenvolvimento de ins-tituições como a Editora Globo e o Hospi-

tal Moinhos de Vento. Desenvolveu tam-bém trabalho de curadoria para exposi-ções como a dos 100 anos de EricoVeríssimo, patrocinada pelo governo doEstado do Rio Grande do Sul, em 2005.Leia a entrevista.

ADADADADADVVVVVOCEF EM REVISOCEF EM REVISOCEF EM REVISOCEF EM REVISOCEF EM REVISTTTTTA - O livrA - O livrA - O livrA - O livrA - O livrooooose concentra na história da advo-se concentra na história da advo-se concentra na história da advo-se concentra na história da advo-se concentra na história da advo-cacia na CAIXA ou retrata a insti-cacia na CAIXA ou retrata a insti-cacia na CAIXA ou retrata a insti-cacia na CAIXA ou retrata a insti-cacia na CAIXA ou retrata a insti-tuição em geral?tuição em geral?tuição em geral?tuição em geral?tuição em geral?

ELIZABETH TORRESINI -ELIZABETH TORRESINI -ELIZABETH TORRESINI -ELIZABETH TORRESINI -ELIZABETH TORRESINI - As duasinstituições caminham juntas. Procureicotejar as duas histórias. Acredito, porém,

que esses estudosdeveriam prosperare desejo sincera-mente que tanto osadvogados quantoa CAIXA promovamoutras pesquisasdesse gênero. Ao es-tudarmos essas his-tórias, estaremosnos conhecendo umpouco melhor. Ocrescimento de umanação depende deseu autoconheci-mento, do que deveser superado, ampli-ado, aperfeiçoadoou abandonado. Énecessário partirdessas avaliações,de dados objetivos,deixando um poucode lado os interes-

ses momentâneos e pessoais, muitasvezes acrescidos da falta de conhecimen-to das nossas histórias institucionais vi-toriosas.

ADVOCEF - O título do livro dá aADVOCEF - O título do livro dá aADVOCEF - O título do livro dá aADVOCEF - O título do livro dá aADVOCEF - O título do livro dá aentender que desde a fundação, ementender que desde a fundação, ementender que desde a fundação, ementender que desde a fundação, ementender que desde a fundação, em11111868686868611111, e, e, e, e, existxistxistxistxistem advem advem advem advem advogados atuandoogados atuandoogados atuandoogados atuandoogados atuandona Empresa. Qual o papel deles,na Empresa. Qual o papel deles,na Empresa. Qual o papel deles,na Empresa. Qual o papel deles,na Empresa. Qual o papel deles,que tipo de atividades desempe-que tipo de atividades desempe-que tipo de atividades desempe-que tipo de atividades desempe-que tipo de atividades desempe-nhavam?nhavam?nhavam?nhavam?nhavam?

ELIZABETH -ELIZABETH -ELIZABETH -ELIZABETH -ELIZABETH - Os advogados estão naCAIXA desde a sua fundação. A primeiralei brasileira que trata dos bancos deemissão, do meio circulante, das socie-

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A defesa daconcorrência

| Livro

Advogada publica livro sobre suatese de mestrado

Convênio com o IDP

| Cursos

A advogadaVeronica Torri,do Jurídico Riode Janeiro/RJ,

lançou em 18 de agosto a obra "GestãoColetiva de Direitos Autorais e a Defesada Concorrência". Publicado pela EditoraLumen Juris, com 140 páginas, o livro éfruto da sua dissertação de mestrado emDireito da Regulação e Concorrência (Uni-versidade Cândido Mendes,2007). Aborda a possibilida-de de aplicar as regras de de-fesa da concorrência à Lei deDireito Autoral, principalmen-te quanto à gestão coletiva dedireitos autorais exercida peloECAD.

Nessa linha, explicaVeronica, o livro apresenta osprecedentes, as teorias e osconceitos dos Direitos Auto-

A ADVOCEF assinou convênio como Instituto Brasiliense de Direito Públi-co (IDP), que concede aos associados,empregados e seus dependentes des-contos de até 20% nos cursos de pós-graduação lato sensu e até 10% noscursos de extensão.

Fundado em 1998,o IDP é consideradouma das mais conceitu-adas instituições de en-sino do Distrito Federal.Tem na Diretoria-Geral aex-diretora jurídica daCAIXA, advogada DalideBarbosa Alves Corrêa.Em seu corpo docentefiguram alguns dos

mais respeitados juristas do Brasil, in-cluindo doutores, mestres, juízes, advo-gados, membros do Ministério Público,ministros dos tribunais superiores eministros de Estado. Para saber maissobre a instituição, acesse o sitewww.idp.edu.br.

Na assinatura doconvênio, em 8 deagosto, o presidenteCarlos Castro presen-teou a diretora Dalidecom o livro "Advoca-cia da Caixa Econômi-ca Federal - Trajetóriade 150 anos", de au-toria da historiadoraElizabeth Torresini.

rais sobre obras musicais, litero musicaise fonogramas. Também analisa os aspec-tos socioeconômicos da gestão coletivarealizada pelo ECAD em caráter de mono-pólio privado.

Com base no Direito Comparado ena legislação que rege o Direito da Con-corrência ou Antitruste, a tese abrange asformas de se evitar o abuso do poder eco-nômico e as restrições à ordem econômi-

ca eventualmente impostaspelo órgão responsável pelagestão coletiva.

Em seu terceiro livro,Veronica já publicou "Noçõesde Direito Civil", pela EditoraFerreira, e "Direito Empresari-al Público III", pela editoraLumen Juris. O livro lançadoagora pode ser adquirido naslivrarias e no site da editora(www.lumenjuris.com.br).

dades e companhias financeiras foiredigida e assinada pelo ministro da Fa-zenda Ângelo Muniz da Silva Ferraz,diplomado em Direito pela Faculdade deOlinda. Também é dele o Decreto 2.723,que autorizou a criação da Caixa Econô-mica e o Monte de Socorro do Rio de Ja-neiro. Nas décadas seguintes, constata-se a presença constante dos advogadosnos Conselhos Superiores Fiscais, depoisConselhos Superiores e Conselhos Admi-nistrativos das diversas Caixas Econômi-cas do Brasil, tanto no Império quanto naRepública. A reforma das Caixas Econô-micas, promovida no governo de GetúlioVargas, em 1934, e comandada peloadvogado Francisco Solano Carneiro daCunha, é de autoria do jurisconsulto Jus-to de Morais. São exemplos da participa-ção histórica dos advogados na CAIXA.

ADVOCEF - Quando se consti-ADVOCEF - Quando se consti-ADVOCEF - Quando se consti-ADVOCEF - Quando se consti-ADVOCEF - Quando se consti-tuiu, oficialmente, um departamen-tuiu, oficialmente, um departamen-tuiu, oficialmente, um departamen-tuiu, oficialmente, um departamen-tuiu, oficialmente, um departamen-to jurídico na CAIXA?to jurídico na CAIXA?to jurídico na CAIXA?to jurídico na CAIXA?to jurídico na CAIXA?

ELIZABETH - ELIZABETH - ELIZABETH - ELIZABETH - ELIZABETH - O departamento jurídi-co das Caixas Econômicas Federais co-meça a atuar intensamente depois do Re-gulamento de 1934, que institui formal-mente a movimentação dos depósitosdas cadernetas de poupança e a conces-são de empréstimos, através do créditohipotecário e de outras modalidades.Com essa mudança, começam os gran-des projetos de aquisição da casa pró-pria, de urbanização e saneamento, situ-ação que exige mais atuação dos advo-gados. No início da década de 1940,além da participação dos advogados nosConselhos Superiores e Administrativos,os setores jurídicos das Caixas Econômi-cas já estão estruturados e muito atuan-tes. Depois da unificação, em 1969, oJurídico da CAIXA ganha um papel desta-cado, participando do próprio processode unificação da administração. As déca-das de 1980 e 1990 trazem grandesdesafios para os advogados, sobretudodepois dos planos econômicos.

ADVOCEF - Pode citar exemplosADVOCEF - Pode citar exemplosADVOCEF - Pode citar exemplosADVOCEF - Pode citar exemplosADVOCEF - Pode citar exemplosda história do Brasil em que se des-da história do Brasil em que se des-da história do Brasil em que se des-da história do Brasil em que se des-da história do Brasil em que se des-taca o Jurídico da CAIXA?taca o Jurídico da CAIXA?taca o Jurídico da CAIXA?taca o Jurídico da CAIXA?taca o Jurídico da CAIXA?

ELIZABETH -ELIZABETH -ELIZABETH -ELIZABETH -ELIZABETH - A atuação dos advoga-dos da CAIXA nos acontecimentos do iní-cio da década de 1990, mais propriamen-te em 1992, ainda é, para mim, o fatorecente mais importante da história des-sa categoria na CAIXA. A resposta dosadvogados à possibilidade deterceirização do setor merece uma come-moração especial nesses 150 anos dabrasileira Caixa Econômica Federal.

|||||Carlos Castro, com a diretora do IDP (ex-diretora jurídica da CAIXA), Dalide Corrêa

|||||Veronica Torri...

...lança seu terceiro livro

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Blogueira procura leitoresC

ompo

rtam

ento

Advogada utiliza a Internet para repassar suas experiênciasA advogada Maria dos Prazeres de

Oliveira, coordenadora do Jurídico Reci-fe/PE, que sempre gostou de escrevermas não conseguia por falta de discipli-na, encontrou afinal um jeito de se ex-pressar. Desde junho de 2011, Prazeresmantém três blogs, nos quais trata detemas tão diversos quanto essenciais -para ela, que tinha o sonho de serescritora, e para os leitores, que po-derão compartilhar de experiênciasricas e variadas.

Sonhava em criar romances,chegou a "ensaiar lindos contos" eescreveu poesias, mas se conside-ra tímida para expressar seu roman-tismo. "Pareço uma adolescenteapaixonada que não consegue des-crever o que sente", diz. Por isso,muitas vezes se sentiu angustiadae frustrada. Um dia, descobriu naseção Blogosfera, da revista Veja,que o blog seria o instrumento idealpara expressar pelo menos parte doque pensa. "Quando me dei conta, esta-va criando um, dois e três!"

A advogada diz que a recepção dosleitores foi boa, apesar da surpresa dealguns, que decerto não esperavam queela realizasse seu conhecido gosto porescrever. "Por outro lado, me parece quemuita gente não sabe bem o que é umblog e alguns não sabem nem comoacessar, o que é lamentável", diz, confes-

sando que ela própria não conhecia bemo sistema.

Nos blogs, procura estimular a leitu-ra e o feedback, através dos comentári-os, "que são muito importantes paraquem escreve". O principal incentivadoré o marido, que curte principalmente oblog Pra Viajante, onde relata suas via-

gens e dá dicas para quem se interessarem conhecer os lugares visitados.

A porta da criatividadeO desenvolvimento dos blogs influen-

cia de algum modo o trabalho daadvogada? Prazeres observa que acriatividade é um dos instrumentos doadvogado, principalmente no exercício daprofissão em uma Empresa como a CAI-

XA. "E, curiosamente, quando comecei adesenvolver os meus blogs, me sentimuito mais estimulada para desempe-nhar minhas atividades na CAIXA. Pareceque a porta da criatividade é uma só e,uma vez desobstruída, pode ser explora-da para a vida pessoal ou profissional."

Como também é gestora, Prazeresacabou encontrando uma forma deexpressar suas experiências na ati-vidade profissional, em matériaspostadas no blog Pra Pensante.

A advogada não desistiu de serescritora. Seu desejo é prender aatenção do leitor, cativando-o comomuitas vezes foi cativada por seusescritores preferidos. Entre eles estáSidney Sheldon ("devorava seus li-vros porque me encantavam suashistórias e me identificava com aforça e feminilidade de suas heroí-nas"), Jorge Amado ("pela forma im-pressionante como ele descreve aspessoas, os lugares, as comidas, a

música, a cultura, e pela peculiaridadede seus personagens") e Richard Bach("no seu livro Ilusões, há um personagemque faz tudo o que eu queria fazer: viajar,escrever e ainda ser remunerado porisso...").

Por enquanto, Maria dos Prazeresbusca aprender, adquirir experiências nosseus blogs. "O livro será consequência detudo isso", conclui.

Os três blogsPra Viajante (http://pra-viajante.blogspot.com). Aqui, Prazeres des-

creve as expectativas, experiências e emoções das viagens, publicandofotos e vídeos dos lugares por onde andou. "Já postei sobre Nova Iorque,Cancun, São Luís e Lençóis Maranhenses e ainda tenho muito maispara postar."

Pra Pensante (http://prapensante.blogspot.com). Neste, ex-pressa suas opiniões sobre relacionamentos, natureza, coisas docotidiano. Já escreveu sobre a importância da família, do preparopara a vida, do trabalho em equipe.

Pra Mascotes (http://pramascotes.blospot.com). Registra comtextos e fotos "a fantástica experiência de conviver com os meuslindos cachorrinhos poodles, com quem, por incrível que pareça,aprendi a compreender o ser humano".

|||||No Blog Pra Viajante: a paisagem paradisíaca dosLençóis Maranhenses

|||||Prazeres: afinal, um jeito para contar suas histórias

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Outros blogs mantidos por advogados da CAIXA:Blog do André Falcão (http://www.blogdoandrefalcao.com/). "Crônicas, contos...

palavras.", anuncia o autor.Blog Erga Omnes, de Guilherme Dieckmann (http://erga-omnes.blogspot.com/).

"Espaço para música, entretenimento em geral (Grêmio, Formula 1, cinema) e ques-tões jurídicas (só para atender aos meus anseios de 'jurista'). Aqui as (minhas) opiniõescontam, e valem ERGA OMNES!"

Portal de Henrique Chagas (http://blog.verdestrigos.org/). Criado em 1998, o obje-tivo é o fomento da cidadania através do exercício da leitura, de acesso gratuito e livre,divulgando conteúdos culturais, especialmente literários.

Blog de Luiz Arthur Marques Soares (http://materiasjuridicas.wordpress.com/).Tem o objetivo de partilhar informações relacionadas ao Direito, com participaçãoaberta para comentários e artigos, causos, fotos e sugestões, que devem ser enviadospara: [email protected].

Blog de Mauro Antônio Rocha (http://www.mauroantoniorocha.blogspot.com/).Informações, artigos, opiniões e estudos relacionados ao Direito Imobiliário, Registral eUrbanístico, Crédito Imobiliário, Habitação, Urbanismo e Sustentabilidade.

A equipe de futebol soçaite formadapor advogados da CAIXA no Rio de Janeirobusca reforços para participar da VI CopaJurídica, que será realizada nos finais desemana de 26 e 27 de novembro e 3e 4 de dezembro de 2011. Partici-pante da competição desde o seuinício, em 2006, o advogado Eduar-do Bruzzi espera contar este anocom atletas de outros Estados, paracompletar o grupo e resolver os pro-blemas com o rendimento.

"Por conta disso, decidimos es-tender a todos os advogados-peladeiros do Brasil o convite para,caso se interessem, participarconosco do evento, que, mais do queum campeonato de futebol, é ummomento de integração e divertimen-to entre os profissionais", conclamouo advogado, no Fórum do site daADVOCEF. Os interessados devem en-trar em contato por e-mail.

A Copa Jurídica é organizada pela As-sociação dos Procuradores do Estado doRio de Janeiro (APERJ) e disputada por ins-

| Esporte

Jurídico/RJ busca atletasAdvogados da CAIXA buscam reforços para a Copa Jurídica

tituições públicas ligada ao Direito. Partici-pam instituições como o Ministério PúblicoEstadual, Magistratura Estadual, Procura-doria do Município, Procuradoria do Esta-

dos da CAIXA lotados no Rio de Janeiro par-ticipam desde a primeira edição.

Falta de integrantesO processo de seleção para a equi-

pe da CAIXA é aberto e democrático,segundo Eduardo, que jogou todos oscampeonatos. Mesmo assim, sãopoucos os que mantêm a frequência,fazendo com que o time dispute ocampeonato com poucos integrantes.

Se forem mantidas as regras doano passado, o limite para inscriçãoem 2011 será de 18 atletas. Depoisde confirmado o número de partici-pantes do Rio de Janeiro, as vagas res-tantes serão disponibilizadas para opessoal de outros Estados. Se preferi-rem, os atletas poderão viajar em ape-nas um dos dois finais de semana pre-vistos para a Copa.

Integram a equipe atual, além deEduardo: Daniel Chieza, Bruno Vaz,

Sandro Lopes, Daniel Amorim, Leonardo Gon-çalves, Daniel Ward, Rodrigo Ayala, André LuizViviani e Mario Augusto de Menezes.

|||||Na foto, o time da CAIXA no RJ na primeira Copa Jurídica, em 2006.Em pé (da esq. para a dir.): Armando Borges, Daniel Ward, Caio Couto,Daniel Chieza, Bruno Vaz, Daniel Amorim e Sandro Lopes. Agachados(da esq. para a dir.): Silvio Gonçalves, Elton Nobre, Eduardo Bruzzi,

Leonardo Gonçalves e Rodrigo Ayala.

do, Ministério Público Federal, Magistratu-ra Federal, delegados da Polícia Civil, advo-gados da União e da Petrobrás. Os advoga-

Outros advogados na rede

|||||Luiz Arthur Marques Soares

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Séri

e V

IAG

ENS Crônicas de Portugal e Itália

Os cenários e as histórias de passeios inesquecíveisAndré Falcão (*)

"Melhor entrada na Europa é por Por-tugal. Péssima entrada nos EUA: Miami.Portugal é lindo. Ainda irei muito pra lá, seDeus quiser. Tinha muita curiosidade deconhecer Portugal, nossa origem. Compre-endi que viemos, mesmo, deles (além,também principalmente, dos irmãos afri-canos e índios). São mais cordiais e simpá-ticos do que os italianos (franceses, nemse fala), e também sentem, como nós, opreconceito da Espanha e França quantoao nosso idioma. E os coroas carrancudosnão diferem dos nossos coroas de igualhumor."

Os comentários são do advogado-cro-nista André Falcão, do Jurídico Maceió/AL,sobre sua viagem recente à Europa. Proje-

Sobre o roteiroto do tipo em que privilegia cultura e entrete-nimento. "Sou de fazer os passeios e visitastradicionais, passear bastante na cidade ou

país, inclusive fora do circuito normalmen-te realizado, observar sua geografia e ar-quitetura, ir a museus, concertos, óperas,teatros e restaurantes."

Como prepara uma viagem: "Se esti-ver frio, claro, levar algumas peças de rou-pa apropriadas. Do mesmo modo, econo-mizar o máximo possível, isto é, levar pou-ca roupa (no frio, sujam menos). Fazer todoo roteiro, desde os voos, passagem de trem,ônibus, aluguel de carro, e reservas dos ho-téis, tudo previamente. Utilizo-me, basica-mente, da internet, cuja estrela, quanto aestes últimos, é o site Booking.com. No as-pecto segurança, não economizo nos se-guros (pessoais, do carro alugado, baga-gem, tudo)".

|||||André, na Galeria Emanuelle: passear bastante,inclusive fora do circuito

Uma pausa portuguesaFoi quase ao norte, na Beira Litoral,

região das Beiras. Doces, caracóis, bar-cos coloridos, salinas... Aveiro. A Venezaportuguesa. Não nos arrependemos nemum tico de tê-la incluído no roteiro. O ho-tel, Moliceiro, era de frente pro canal cen-tral, ou Ria. Sei lá por que chamam as-sim. Quarto maravilhoso, sugestivamen-te batizado por eles de Veneza. Aí a gen-

te testemunhou aquela pausa. Hiláriaa parada. Inusitada. Mas aconteceu.

Antes, a gente já havia caminha-do pela cidade, e navegado a bordodos moliceiros (os tais barcos colori-dos), pelas rias. Também já havíamosexperimentado os ovos moles e ospastéis de Tentúgal - tradicionalís-

simos doces da cidade - e comido muitoscaracóis, além de bacalhau com broa(nada a ver com as nossas) grelhado nabrasa.

É, Aveiro é uma graça. Prédios antigos,com suas fachadas de azulejos(construídos até por volta de nosso desco-brimento), além de construções no estiloart noveau e neoclássico. O cheiro de águado mar a impregnar nosso olfato, emboravocê não o veja (não o olfato: o mar). Tudode inebriar os sentidos. Vale a pena pas-sear a pé, desde o centro comercial (co-nhecemos até uma provinciana, mas mui-to sortida loja de quinquilharias) e o belo

Fórum (Shopping aberto), passando aolargo do canal central, até o ponto de ondepartem os moliceiros para os diversos pas-seios pelas rias, e fazer os tours, ao somdo fado de Amália Rodrigues, a bordo dosônibus de andar superior para esse fimespalhados pelo país.

Entre uma foto e outra, uma paradana Barrica ou na Pastelaria Rossio: praquem gosta dos ovos moles, é obrigató-ria. Eu, como não gosto de ovo com agema mole, não gostei do ovo, tampoucodo pastel. Mas sou exceção. Fazem su-

cesso. Almoçávamos lá pelas sete danoite. Dia claro, ainda. De entrada,caracóis fritos na manteiga, na Casado Caracol, bem em frente à Ria.Pense num petisco gostoso! E farto!O prato principal, agora já especiali-dade do O Rodel, muito bem servidopara duas pessoas: churrasco delici-oso (a carne derretia na boca, demacia), e o bacalhau com broa. Sali-vei. Memória gustativa. Detalhe: ume outro (a Casa do Caracol e O Rodel)ficam no mesmo lugar (só mudam onome) e são do simpático JoãoPatarra.

Na última noite, de duas, resol-vemos ir ao cinema. O idioma ajuda-

|||||Piazza di Duomo, mundialmente conhecidaporque lá se encontra...

...a Duomo di Milano, talvez a mais impressionante edificaçãoem estilo gótico da Europa

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| Série VIAGENS

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|||||Aveiro é uma graça, com suas fachadas de azulejos...

.......além de construções no estilo art noveau e neoclássico

ria e estávamos a fim de um filminho."London Boulevard - Crime e Redenção",numa das salas do Zon Lusomundo. En-quanto assistíamos e nos divertíamoscom as traduções do inglês para o portu-guês de lá, eis que, no meio, a projeçãosimplesmente parou. Pausa de dez mi-nutos enquanto, supomos (!), trocavam orolo do filme. Refeitos da surpresa, rimosaté umas horas. Estávamos em Portugal.Simpático até nisso.

Guarda-chuva à milanesaLindo. Bicolor. Chumbo, suavemente

dourado, com uma parte menor quaseroxa, fosca e acinzentada. Finos detalhesdourados no cabo e na engrenagem. Esti-lo italiano. Compramos na belíssimaGalleria Vittorio Emanuelle II, em Milão.De repente: Cadê? Cadê o guarda-chu-va? A nossa história na cosmopolita cida-de italiana, porém, começara no dia an-terior.

Assim que chegamos ao hotel fomosdar uma volta nos arredores, próximos àPorta Romana, uma das antigas portasde entrada em Milão. Ficou tarde, restau-

rantes fecharam, e acabamos jantandomesmo um Mc Donalds na calçada emfrente, com o muro da escadaria da vizi-nha estação de metrô servindo de mesa.Romântico, por isto mesmo.

Por essa época (abril) acontecia aInternational Fair of Milan, mais importan-te salão de decoração, móveis, design ouqualquer coisa relacionada a essa parte daarquitetura de todo o mundo, além daEuroluce, especializada em iluminação -esta objeto principal da curiosidade profis-

sional de minha namorada, que é arquite-ta e empresária do ramo, diferentementede mim, um neoadmirador. Quanta poesia...Foi lá que prestei singela homenagem aoutra grande paixão, em quattrifolio postoà disposição do público. Meu querido CRB.Único time de meu coração.

Depois, obrigatória a visita à regiãoda Tortona, onde ocorre uma série deeventos similares (Tortona Design Week).Aliás, se há um bairro que é a cara deMilão na época da feira é a Zona Tortona.Ruas, lojas, bares, fábricas, jardins quesão pura arte, moda e design, além degente dos mais diversos países, a maio-ria pra lá de estranha. Vale a pena ir ecurtir cada ruela com seus barezinhoscabeça, cervejinha gelada, cachorro-quen-te alemão e seu público louco. Vez poroutra, Tom ou Chico na vitrola. Acredite.Verdade. Diversão garantida. Mas essefoi um passeio somente realizado no se-gundo dia em Milão. Voltemos ao lanchena estação e ao ombrello.

Pois bem, dia seguinte aos sanduí-ches, rumamos imediatamente àPiazza di Duomo, como é mundialmen-

te conhecida porque láse encontra a Duomo diMilano, talvez a mais im-pressionante edificaçãoem estilo gótico de toda aEuropa. Complexa, grandi-osa e de uma beleza eston-teante. Aliás, lá não se podedeixar de visitar também oPalazzo Reale di Milano,de estilo neoclássico, alémdo Castello Sforzesco, doséc. XV.

Depois, ingressamos naEmanuelle. Como chovia um

pouco, compramos um guarda-chuva.Aquele, do início. Como era bonito!... Davagosto chovesse, só para que a gente pu-desse passear por ele protegidos. Inicia-da a noite resolvemos nos aquietar numde seus restaurantes. Alojamos no chão,quase debaixo da mesa, o guarda-chuvae a sacola de compra contendo apenas aembalagem (o relógio que ganhara depresente de aniversário já estava no meupulso). As duas também chamavam aatenção por sua beleza. Já as massas,tão custosas quanto deliciosas. Ao me-nos.

Comidas, fomos passear mais. O friojá se instalara, mas a noite ainda tardaria- não escurece antes das 8h30. Muitasbicicletas de aluguel. Andavam livre edespreocupadamente entre os carros,que atentamente delas desviavam oueram por elas obrigados a frear. Atraves-sar a rua, moleza. Bastava a menção depisar a faixa de pedestre para o carro bre-car de imediato.

Foi quando Ana Paula deu pela faltado guarda-chuva. Claro! No restauranteda Emmanuele. Fomos correndo, não.Mas com o passo apressado. Droga,perdê-lo. Tão bonito. E nem serventia ha-via tido ainda. A galeria ficando mais per-to, mais rápido caminhávamos. Pouca,porém, a esperança.

Enfim, chegamos. Havia um casal namesma mesa. Já pretendíamos falar como gerente quando, abaixando os olhos maisdetidamente, a surpresa: lá estavam nos-so ombrello e a sacola com a caixa vaziade meu relógio, intactos e na mesma posi-ção. O casal nos sorriu e ali caiu a ficha deque já estávamos, mesmo, na Itália.

(*) Advogado da CAIXA(*) Advogado da CAIXA(*) Advogado da CAIXA(*) Advogado da CAIXA(*) Advogado da CAIXAem Maceió/AL.em Maceió/AL.em Maceió/AL.em Maceió/AL.em Maceió/AL.

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Vale

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ena

sabe

r

Rápidas

Carga feita por estagiário. Prazo somente com aintimação do advogado. TRT 15

"Ante a disposição do artigo 242 do Código de Processo Civil, combina-da com a previsão do artigo 3º, §2º, do Estatuto da Advocacia (Lei8.906/94), considera-se ineficaz a ciência de decisão tomada por es-tagiário de direito que retirou os autos em carga rápida, iniciando-se oprazo recursal somente a partir da intimação oficial dos advogadosconstituídos via DEJT." (TRT 15, AI em RO 0001075-77.2010.5.15.0003SP, Quarta Câmara, Rel. Des. José Pedro de Camargo Rodrigues deSouza, DJe 16/jun/2011.)

"CEF. SAQUE DO FGTS. INFORMAÇÃO INCORRETA DO BANCO. CONTA RECOMPOSTA. DANOS MATERIAIS INEXISTENTES. DANOSMORAIS CONFIGURADOS. 1. A situação pela qual passou o autor se deveu apenas e tão somente à informação incorreta doatendente do banco réu. Diante da informatização do sistema do FGTS, é a própria empresa que autoriza o levantamento dasquantias, emitindo uma Chave de Identificação, que deve ser apresentada à Caixa Econômica Federal, a qual efetua o pagamen-to do saldo do FGTS. 2. A recomposição da conta ocorreu após alguns meses, porque não foi levantado o saldo. Portanto,inexistentes os danos materiais, uma vez que o dinheiro esteve sempre à disposição do apelante e não caberia a sua devoluçãoem dobro por falta de disposição legal. 3. Já quanto aos danos morais, é patente sua ocorrência e quem deve responder por elesé a Caixa Econômica Federal, já que não treina os funcionários de forma adequada, ensinando-lhes a ler um extrato de FGTS e ainterpretá-lo. Todavia, o valor pleiteado, de dez vezes o valor dos saques, afigura-se excessivo para atender à reparação e puniçãodo ofensor, de forma pedagógica. 4. Recurso de apelação parcialmente provido para condenar a CEF ao pagamento do valor deR$ 5.000,00 (cinco mil reais), acrescido de correção monetária a partir da data desta decisão e juros de mora a partir da citação.Honorários advocatícios arbitrados em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação, a cargo das respectivas partes, emrazão da sucumbência recíproca." (TRF 3, AC , Segunda Turma, Rel. Juiz Conv. Ana Lúcia Iucker, Dje 21/jul/2011)

Decisão desfavorável

FGTS. Critério de Sucumbência. TRF 1"1. Nas causas de FGTS, para apuração dos honorários advocatícios,deve-se levar em consideração o número de índices pedidos e o núme-ro de índices rejeitados, sendo irrelevantes os percentuais concedidos.2. Adoção da posição firmada pelo Superior Tribunal de Justiça, emrecurso representativo de controvérsia, ao decidir o REsp 1.112.747/DF, 1ª Seção, DJ 3-8-2009, de que foi relatora a Srª Ministra DeniseArruda. 3. Tendo os autores sucumbido em maior parte - deferidos doisíndices (janeiro/89 e abril/90) e indeferidos três (junho/87, maio/90e fevereiro/91) -, não são devidos honorários advocatícios." (TRF 1, AC2007.38.00.030798-9 MG, Quinta Turma, Rel. Juiz Conv. Gláucio MacielGonçalves DJe 26/jul/2011.)

SFH. Contrato de gaveta firmado após 25/out/1996.TRF 3

"1. Firmado o 'contrato de gaveta' após 25 de outubro de 1996 e nãotendo havido interveniência da instituição financeira, falece legitimidadead causam ao adquirente para demandar, em nome próprio, a revisão docontrato de mútuo. Inteligência do art. 20 da Lei nº 10.150/2000. 2. ALei de nº 8.004/90 prevê, expressamente, no parágrafo único do artigo1º (com redação dada pela Lei de nº 10.150, de 21.12.2000), que atransferência de financiamento contraído no âmbito do Sistema Finan-ceiro de Habitação - SFH deverá ocorrer com a interveniência obrigatóriada instituição financeira." (TRF 3, AI 2005.61.00.026137-2 , SegundaTurma, Rel. Juiz Conv. Ana Lúcia Iucker, Dje 30/jun/2011.)

CPC. Execução. Impossibilidade deredirecionamento quando do ajuizamento

a parte já estava morta. TRF 5"1. Ação de execução de título extrajudicial ajuiza-da contra pessoa já falecida no ato da propositura.2. Adoção do entedimento desta Corte, segundo oqual a morte retira a capacidade de ser parte, demodo que restou ausente um dos pressupostospré-processuais, qual seja a capacidade de direitoda parte executada, mostrando-se incabível o de-senvolvimento válido e regular do processoexecutório, impondo-se sua extinção sem aprecia-ção do mérito da causa. Precedente: (TRF-5ª R. -AC 2003.85.00.006042-7 - 4ª T. - Relª Desª Fed.Margarida Cantarelli - DJU 13.10.2006). 3. Aplica-ção, por analogia, do entendimento da Súmula n.392/STJ, a qual dispõe que 'a Fazenda Pública podesubstituir a certidão de dívida ativa (CDA) até aprolação da sentença de embargos, quando se tra-tar de correção de erro material ou formal, vedadaa modificação do sujeito passivo da execução'. 4.Ao contrário do defendido pela Caixa, não se ad-mite a alteração do polo passivo da execução. Incasu, o falecimento ocorreu antes do ajuizamentoda execução, sendo diferente da hipótese em queocorrendo o falecimento daquele que seria parte,depois do ajuizamento da ação, seria o caso denão extinguir o processo, mas de espera, pelo pra-zo legal, das providências do autor relativas à cita-ção dos representantes do espólio. 5. Não há apossibilidade de redirecionar a execução para ossucessores do executado, nos termos do art. 131,II e III, do CTN, mostrado-se cabível a extinçãodo processo sem julgamento do mérito, sob oargumento 'da ausência de capacidade de serparte do executado'." (TRF 5, AC 0009633-91.2009.4.05.8100 CE, Segunda Turma, Rel. Des.Francisco Barros Dias, DJe 07/jul/2011.)

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Agosto | 2011

| Vale a pena saber

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LeituraComentários à Lei dos Juizados Especiais da

Fazenda PúblicaAutores: Fernando da Fonseca Gajardoni, Luana Pedrosa de

Figueiredo Cruz e Luís Otavio Sequeira de Cerqueira. Ano: 2008.Editora: RT. Páginas: 256, 2ª ed.

Os autores esmiúçam a Lei 12.159/09 que regulamenta osJuizados Especiais da Fazenda Pública, analisando todos os seusaspectos práticos, além de responder questões polêmicas acerca desua aplicação.

"SAQUE INDEVIDO. CARTÃO MAGNÉTICO. USO SENHA. SAQUESNÃO SUCESSIVOS. LONGO PERÍODO. DANO MORAL E MATERIAL NÃOCONFIGURADOS. APELO IMPROVIDO. 1. A Caixa Econômica Federal,como instituição financeira prestadora de serviços bancários, estásujeita ao Código de Defesa do Consumidor e, portanto, sua respon-sabilidade por danos causados aos usuários dos serviços é objetiva,ou seja, independe da comprovação de culpa. Sendo assim, para aconfiguração do dever de indenizar no caso vertente deve-se com-provar a ocorrência do dano diretamente relacionado com a condu-ta dos funcionários da Agência bancária, ou diretamente relaciona-do com a Instituição propriamente dita. 2. Todavia, não há provasnos autos de negligência por parte da Instituição que tenha causadodanos ao autor, sejam materiais ou morais. Ao optar por utilizar osistema de auto-atendimento, a pessoa deve estar ciente dos riscosexistentes, cabendo a ela zelar pelo sigilo de sua senha e pela guar-da do cartão magnético fornecido. Assim, advindo qualquer infortú-nio, o ônus de comprovar a utilização indevida do cartão caberá aocliente e não à instituição financeira. 3. Flagrante a contradição entreo afirmado nas razões de apelação e no depoimento pessoal doautor, não podendo entender por verossímil suas alegações de sa-ques indevidos a ensejar culpa da CEF. 4. Não há nos autos elemen-tos que permitam concluir a ocorrência de danos materiais ou mo-rais e que esses tenham sido causados por clonagem ou fraude decartão magnético. Antes, esse foi utilizado com uso de senha pesso-al e intransferível. 5. O autor não agiu de forma diligente pois naocasião em que efetuou saque diretamente na Agência teve oportu-nidade de verificar o saldo existente, não formalizando nenhum tipode reclamação, ocasião em que seria possível bloquear o cartão. 6.A inércia do autor demonstra que os saques não eram indevidos. 7.Apelação improvida." (TRF 3, AC 2009.61.14.007299-1, SegundaTurma, Rel. Des. Cotrim Guimarães, DJe 16/jun/2011)

Jurisprudência

Elaboração

Jefferson Douglas Soares e Giuliano D'Andrea.

Sugestões e comentários dos colegas podem ser encaminhadospara os endereços:

[email protected] e [email protected].

FIES. Ausência de termos de aditamento.Possibilidade de manuseio de monitória. TRF 1

"1. Segundo dicção do art. 1.102-A do CPC, a ação monitóriatem por escopo a cobrança de dívida, 'com base em provaescrita sem eficácia de título executivo'. 2. A jurisprudênciado Superior Tribunal de Justiça orienta-se no sentido de consi-derar 'prova escrita' todo e qualquer documento que sinalizeo direito à cobrança de determinada dívida, ainda que unila-teral, sendo desnecessário que o autor disponha de provaliteral do valor. 3. O termo de aditamento relativo a um dosperíodos do financiamento, isoladamente considerado, nãoconstitui documento essencial à propositura da açãomonitória, quando a autora instruiu os autos com contrato deabertura de crédito para financiamento estudantil, demaistermos de aditamento e planilhas de evolução da dívida, indi-cando os períodos em que houve liberação financeira paraarcar com os custos do respectivo semestre. 4. Em relação àliquidez do débito, a lei assegura ao devedor a via dos embar-gos, na qual é facultada ampla defesa da parte ré. Preceden-tes do STJ. 5. Descabida, assim, a extinção do processo, semresolução do mérito, por descumprimento da ordem de emen-da à inicial para juntada de aludidos termos de aditamentoao contrato." (TRF 1, AC 0018123-94.2008.4.01.3300 BA,Quinta Turma, Rel. Des. Fagundes de Deus, DJe 15/jul/2011.)

Reivindicatória. Ordem de Desocupação.Possibilidade. TRF 5

"1. Desnecessária a realização de prova pericial, se para ojulgamento da ação reivindicatória basta a prova de ser oautor o verdadeiro proprietário do imóvel e de não dispor oréu de justo título oponível. 2. Estando os mutuáriosinadimplentes, a CAIXA promoveu a execução extrajudicialda dívida nos termos do Decreto-Lei 70/66, tendo o agenteexecutor enviado Carta de Notificação, diligência efetivadapor oficial de Cartório de Títulos e Documentos, através daqual dava ciência aos mutuários da promoção da execuçãoextrajudicial e sua convocação para purgar a mora. 3. Emsendo notificado pessoalmente um dos mutuários, no caso aesposa, presume-se a ciência de seu cônjuge. Precedente:(AC 200981000047878, Desembargador Federal Francis-co Cavalcanti, TRF5 - Primeira Turma, 13/01/2011) 4. Ade-mais, o agente executor fez publicar em jornal de grandecirculação os editais para os leilões públicos, além de tertentado cientificar, pessoalmente, os devedores da realiza-ção dos eventos de venda pública do imóvel. 5. Evidenciadoo atendimento às prescrições do Decreto-Lei 70/66, por par-te do credor, não se cogita na anulação da execuçãoextrajudicial. 6. Cabível a determinação de desocupação doimóvel vez que a instituição financeira demonstrou ser a sualegítima proprietária, com a adjudicação, decorrente de regu-lar execução extrajudicial do contrato de mútuo habitacional,devidamente registrada em Cartório e não tendo o ocupanteapresentado justo título para a posse do bem." (TRF 5, AC0020020-49.2001.4.05.8100 CE, Primeira Turma, Rel. JuizConv. Cesar Carvalho, DJe 16/jun/2011)

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Projeto de empregada do Jurídico Curitiba estimula a leitura entre colegas

Para ler mais

De acordo com uma pesquisa do Ins-tituto Pró-Livro, o brasileiro lê pouco, con-sidera a leitura um "trabalho" e, segundo29% dos entrevistados, sente falta detempo até para ir à livraria ou à bibliote-ca. Os dados chamaram a atenção daempregada do Apoio do Jurídico Curitiba/PR, Lilian Deise de Andrade Guinski, quese inspirou para criar o projeto "Lendo emServiço", visando a estimular a leitura apartir do seu ambiente de trabalho.

"Eu percebi que na CAIXA lemos do-cumentos, normas e leis, mas aquela lei-tura cultural e de entretenimento não émuito comum em virtude de diversos fa-tores", explica Lilian, que é mestre emEstudos Literários pela Universidade Fe-deral do Paraná e professora de LínguaPortuguesa. Então, para facilitar o conta-to dos empregados com os livros, ela pro-pôs à Gerência do Jurídico manter umacervo na própria unidade, constituídosomente por livros doados.

Entre os poucos dispositivos do pro-jeto, um é que o doador deve oferecerum livro (ou vários) que já tenha lido egostado. Se quiser, pode anexar um co-mentário sobre a obra ou obras, para in-centivar a leitura do colega. A CAIXAdisponibiliza livros pelo SIINB, mas, se-gundo Lilian, até chegar ao interessadodemora até 30 dias ou mais, o quedesestimula o leitor.

O gerente jurídico Alaim Stefanelloachou a ideia excelente, "pois ajuda a dis-seminar a cultura no ambiente de traba-lho ao compartilhar livros já lidos e queficam esquecidos em alguma prateleirade casa".

A advogada Patricia Bertoldo conside-ra o projeto inovador e valioso, pois esti-mula a ler e compartilhar, dois hábitos desuma importância ao desenvolvimentopessoal e social. Para o advogado Mauri-cio Gomes da Silva, a iniciativa é exemploa ser seguido. "Demonstra a visão de umaprofissional comprometida com a literatu-ra e em disseminar conhecimento."

Destaques do acervoImplantado em junho, o projeto vem

tendo boa recepção. Há empregados quedoam diversos livros, outros dizem que

pretendem participar mas não possuemobras em casa e até se prontificam a com-prar. O que não é o caso, salienta Lilian,porque o plano não envolve dinheiro, ape-nas livros usados (e lidos).

Já há muitos livros no acervo e vários adestacar, informa Lilian. Um está na listados mais vendidos e já foi levado ao cine-ma com êxito: "Água para Elefantes", deSara Gruen. O doador, Mauricio Gomes, co-menta que "se trata de um romanceenvolvente que conta a história de um soli-tário senhor que guarda um segredo dostempos de jovem em que viveu o cotidianoda vida circense na especial companhia deRosie (a elefanta aparentemente estúpidaque deveria ser a salvação do circo)".

A advogada Patricia doou o "Caçadorde Pipas", de Khaled Hosseini, por doismotivos essenciais. Primeiro, porque"traz uma história interessante e umanarrativa envolvente, mas que, como qua-se todo best seller, dividiu muito a opi-nião de seus leitores, em especial, doscríticos literários especializados". Patriciaafirma que, compartilhando o livro, ou-tras pessoas formarão a sua opinião,além de desfrutarem de um entreteni-mento salutar. Em segundo lugar, doou aobra porque ganhou de presente da so-gra que, por sua vez, havia recebido deuma amiga. "Achei interessante continu-ar esse processo."

Outro destaque é "O Clube do Filme: umPai. Um filho. Três Filmes por Semana", deDavid Gilmour. "Este eu doei por achar im-portante a forma como o autor trata de ques-tões cotidianas analisadas por meio de obrascinematográficas", conta Lilian. O advogadoEdgar Luis Dias cedeu "A Metamorfose", deKafka, e "O Profeta", de Kalil Gibran.

Mais cor no cotidianoLilian doou também best sellers

como "Cilada", de Harlan Coben, "A Far-sa", de Christopher Reich, e "A Casa dasLembranças Perdidas", de Kate Monton."São livros de leitura facilitada pelalinearidade do enredo e ao mesmo tem-po são interessantes por causa da aven-tura, suspense e intriga que apresentam."

"Comer, Rezar, Amar", de ElizabethGilbert. "Até o momento não encontreiuma pessoa (homem ou mulher) que nãotivesse o sonho de largar tudo para seaventurar pelo planeta, pelo desconhe-cido. É um livro interessante, também,por causa das descrições, tão minucio-sas que o leitor chega a sentir o gosto dacomida, a textura do objeto."

"1822" e "1808", de Laurentino Go-mes. "Os textos de L.G. são leves e ao mes-mo tempo divertidos. Nunca a história doBrasil foi tão interessante de ser lida."

Para doar e lerVeja algumas recomendações de Lilian Guinski para leitura (eVeja algumas recomendações de Lilian Guinski para leitura (eVeja algumas recomendações de Lilian Guinski para leitura (eVeja algumas recomendações de Lilian Guinski para leitura (eVeja algumas recomendações de Lilian Guinski para leitura (e

doação) de obras.doação) de obras.doação) de obras.doação) de obras.doação) de obras.

"Vida", de Keith Richards, e "50 Anosa Mil", de Lobão. "Os autores são perso-nalidades que chocam por causa das suasafirmações e ações transgressoras. Seriainteressante o paralelo transgressão x di-reito/justiça.

Para as crianças: as obras deMonteiro Lobato, de Gloria Kirinus, e "AMaior Flor do Mundo", de JoséSaramago. "Aliás, de Saramago seria in-teressante receber o livro "Ensaio so-bre a Cegueira" - além de todos os ou-tros títulos."

|||||Lilian: projeto para dar mais cor e luz ao cotidiano

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Agosto | 2011 17

Ainda sobre 2001...Natanael

Lobão Cruz (*)11 de setembro de 2001. Uma data

que ficou marcada na história pelo ataqueao World Trade Center, em Nova York. Po-rém, para mim, essa data também tem im-portância por outro motivo.

Estava eu, estupefato, vendo pela TVas colunas de fumaça subindo das torresgêmeas, quando minha mãe me disse quetinha chegado um telegrama. O conteúdoera aquele mesmo que todos nós já lemosum dia e dizia que, em virtude de minhaaprovação no concurso público para Advo-gado Júnior da Caixa Econômica Federal,eu estava sendo convocado para me apre-sentar na GIPES/Recife.

Pois bem. Em 8 de novembro, 58 diasdepois da chegada do telegrama, eu esta-va iniciando minha jornada na CAIXA, noJurídico Regional Brasília/DF (como sabem,o concurso foi nacional). Não estive entreos primeiros 135 que ingressaram em ju-nho daquele ano. Mas como fui o 203º co-locado, fui convocado antes da virada de2002.

Mas, muito mais que minha históriapessoal, o concurso de 2001 representouum verdadeiro marco na categoria dos ad-vogados da CAIXA. E não apenas por tersido o primeiro concurso externo, mas tam-bém porque pôs fim a um jejum de noveanos sem haver ingresso de nenhum advo-gado no quadro (a última seleção tinha ocor-rido em 1992).

"Muito mais que minhahistória pessoal, oconcurso de 2001

representou um verdadeiromarco na categoria dosadvogados da CAIXA."

Na matéria da ADVOCEF EM REVISTAde julho, alguns colegas falaram em resis-tência por parte dos que já estavam, nomomento do nosso ingresso. Mas, comoocorre com tudo o que é novidade, no iníciohouve mesmo alguma desconfiança quan-do chegamos. O receio de que o novo subs-titua o... "anterior", inevitavelmente ocorre.

Porém, felizmente, o passar do tempofoi mostrando que as desconfianças não sejustificavam e, gradual e inexoravelmente, acategoria foi-se tornando cada vez mais una.

É certo que ainda pode haver algum resquí-cio daquele sentimento inicial, mas isso écada vez mais uma exceção e atinge cadavez menos colegas.

Neste momento de olharmos para osúltimos dez anos, vemos o quanto os cole-gas ingressados a partir de então foram, eainda são, importantes para a CAIXA, aADVOCEF e, enfim, para a categoria como

| Depoimento

um todo. Vemos advogados admitidos nãosó no concurso de 2001, mas também nostrês seguintes que já ocorreram (2004,2006 e 2010), que têm dado uma impor-tante contribuição à Empresa e à Associa-ção, galgando em ambas as instituições po-sições de relevante prestígio.

Elejo como um fato emblemático danossa unidade cada vez mais forte o julga-mento que ocorreu no processo onde o Mi-nistério Público do Trabalho questionou avalidade das seleções internas anteriores.Naquela feita, onde o resultado foi positivopara a CAIXA e a categoria, atuou brilhante-mente o Dr. Wesley Cardoso dos Santos (umdos 135 de junho de 2001), inclusive fa-zendo sustentação oral no TST, lutandopelos direitos dos colegas mais antigos.

Enfim, são dez anos da chegada dosadvogados juniores. Dez anos que ficarãopra sempre na história dos advogados daCAIXA.

Que venham muitos outros!

(*) Advogado da CAIXA em Brasília.(*) Advogado da CAIXA em Brasília.(*) Advogado da CAIXA em Brasília.(*) Advogado da CAIXA em Brasília.(*) Advogado da CAIXA em Brasília.Exerce a função de Gerente Execu-Exerce a função de Gerente Execu-Exerce a função de Gerente Execu-Exerce a função de Gerente Execu-Exerce a função de Gerente Execu-

tivtivtivtivtivo na GEAo na GEAo na GEAo na GEAo na GEATTTTTS.S.S.S.S.

A autora do projeto cedeu também "APolaquinha", de seu conterrâneo DaltonTrevisan, considerado, segundo ela, o me-lhor contista do momento. "Seus textossão curtos (em alguns casos sãomicrocontos) que apresentam uma cargade informações do cotidiano do homemcomum, carregados de críticas sociais."

Também repassou ao projeto "PauloLeminski - o Bandido que Sabia Latim", abiografia do poeta paranaense escrita porToninho Vaz. Lilian observa que Leminskié considerado um poeta maldito por suaacidez no uso das palavras e das conven-ções sociais. Alguns de seus poemas fo-ram musicados por grandes nomes damúsica brasileira como Gilberto Gil.

De acordo com Lilian, o Lendo emServiço, afinal, está sendo construído

com obras de gêneros diversos, de best-sellers (Diane Palmer e Barbara TaylorBradford) à poesia de alto nível (Leminskie Thiago de Mello), de clássicos como "ATeia da Aranha" (de Agatha Christie) atédietas/orações como "O Segredo da Saú-de Total - Corpo, Mente e Alma", deStormie Omartian.

Ela tem noção de que se trata de umtrabalho de formiguinha, mas espera in-centivar seus amigos e colegas a criaremprojetos que venham trazer mais luz ecor à vida cotidiana. "Se cada pessoa re-solver criar um pequeno projeto voluntá-rio, a vida de todos se tornará mais fácil,mais alegre e mais viva."

O Lendo em Serviço está indo tãobem que já há lista de espera para al-guns livros. "Logo, logo vou ter que aban-

donar o armário de duas portas em queestou guardando as obras para pedir umasalinha para o Dr. Alaim", avisa Lilian.

|||||Mauricio: doou um romance envolvente,"Água para Elefantes"

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Agosto | 201118

Nas comemorações dos 25 anos defundação, a ANAJUR (Associação Nacio-nal dos Membros das Carreiras da Advo-cacia-Geral da União) lançou, em 19/08/2011, o livro "Anajur 25 anos - Um olharsobre a Advocacia Pública Federal" e seloem homenagem ao jurista Saulo Ramos,idealizador da AGU (Advocacia-Geral daUnião).

O presidente da ADVOCEF, CarlosCastro, a vice-presidente Anna Claudia deVasconcelos, a tesoureira Isabella Macha-do e o secretário Luciano Caixeta compa-receram ao evento, realizado em Brasília.Estavam presentes também o advogado-geral da União, Luís Inácio Lucena Adams,o presidente da OAB/DF, Francisco

Anajur comemora 25 anos

| Comemoração

Queiroz Caputo Neto, e o vice-presidenteda OAB/DF, Emens Pereira de Souza, en-tre outras autoridades de embaixadas, doPoder Judiciário, Ministério Público e ad-vogados da União.

"Sucesso é a palavra que pode defi-nir este evento", comentouCarlos Castro. "A coirmãADVOCEF não poderia fal-tar, para parabenizar essaentidade de classe e todoo seu valoroso quadro deassociados."

O homenageado danoite, Saulo Ramos, falousobre a constituição daAGU: "A gente nunca ima-

gina, mas eu sonhava que o Brasil, paísdos bacharéis, não tinha advogado parao defender. E era incrível isso. A primeiravez que eu falei advogado da União, aspessoas diziam: o que é isso?"

(Com informações do site da ANAJUR.)

|||||No aniversário da ANAJUR: Anna Claudia, Luís Adams, IsabellaMachado, Carlos Castro e Emens Souza

Em defesa da advocaciaAdvogados da CAIXA recebem apoio da OAB no Rio Grande do Sul

|||||OAB/RS: ao lado de quem exerce o Direitocom zelo e correção

O Conselho Seccional daOAB/RS realizou ato de desagravopúblico em solidariedade aos ad-vogados da CAIXA Marcelo Donatodos Santos, Marcelo Machado deAssis Berni e Marcos de BorbaKafruni. Os profissionais, que atu-am no Jurídico Porto Alegre/RS, fo-ram pressionados pelo juiz fede-ral Belmiro Krieger, por não aten-derem requisição para juntar do-cumentos do FGTS, na época empoder dos bancos depositários.

O juiz intimou o chefe da unidadejurídica, Kafruni, e comunicou ao pro-curador da República, Cícero PujolCorrêa, que instaurou inquérito policialcontra os profissionais.

"A OAB/RS não aceitará nunca essetipo de ofensa", declarou o presidenteClaudio Lamachia, na abertura do ato,

realizado na sede da instituição, emPorto Alegre, em 19 de agosto.

Lendo a nota de desagravo, o relatordo processo e conselheiro seccionalDarci Norte Rebello Junior destacouque, mesmo que tivesse havido deso-bediência à ordem judicial, esta só po-deria ser atribuída aos administradores

da CAIXA, e não aos advogados. "Oadvogado presta serviço público,exerce função social e é indispen-sável à administração da Justiça",lembrou.

Na leitura da nota conclui ga-rantindo que a Seccional da OAB/RS "está e sempre estará ao ladodo Direito e solidária com os advo-gados que o exercem com zelo ecorreção, apoiando-os sempre quesuas prerrogativas profissionais fo-rem vilipendiadas, como ocorreu

no caso aqui narrado".O diretor de Articulação e Relacio-

namento Institucional da ADVOCEF, Jú-lio Greve, representou o presidenteCarlos Castro no evento. Pela entidadeestavam presentes também os direto-res Fernando Abs e Elenise Peruzzo dosSantos.

| Prerrogativas

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Agosto | 2011 19

O segredo da pizzaC

rôni

ca

Num dia desses, um amigo meume perguntou se eu sabia qual erao segredo da pizza. Depois de eudizer que não, ele olhou para os la-dos, como se fosse me revelar umverdadeiro segredo de Estado, e co-chichou: o molho. No entanto,antes mesmo de ouvir a respos-ta, eu já desconfiava com-pletamente do que viria:apesar de bom de garfo,meu amigo era daquelescaras que nunca tinha fri-tado um ovo sequer navida. O preconceito quantoao interlocutor, por si só, mefez desconsiderar a informa-ção que recebera, o quefoi uma tremenda es-tupidez. E não foi aúnica.

Uma vez pegueium ônibus em Por-to Alegre e recebide troco uma moe-da de um real, que depois,olhando de perto, vi que era deum euro! Excitado com a grandevantagem cambial - embora ne-nhum boteco do centro aceitassemoeda estrangeira -, contei a his-tória ao atendente da lojinha ondeestava tirando fotocópias. Interessa-do, ele me perguntou de que paísera a moeda. Ai, ai, ai - pensei - quan-ta ignorância! Dei um suspiro e co-mecei a explicar que o euro não eramoeda de um só país, mas de todaa União Europeia, etc. O atendente,muito gentilmente, interrompeu a mi-nha enfadonha explanação e me dis-se que sabia aquilo tudo, e quecada país tinha sua estampa na mo-eda. Pegou o euro da minha mão eme mostrou que aquele era da Itá-lia, porque tinha uma estampa do

Éder Maurício Pezzi López (*)Leonardo da Vinci. Quanta ignorân-cia - a minha.

Mas tenho que dizer que tambémjá fui vítima desse mal. Uma vez es-tava indo para o trabalho, já de ter-no e tudo, e chegou o instalador da

TV a cabo. A primeira medida, dis-se ele, era localizar a caixa de

entrada da fiação, para dali pu-xar o cabo para meu aparta-mento. Chegamos ao corredore ele começou a abrir todas ascaixas que havia. Abriu a cai-xa do gás, e nada. Abriu a cai-

xa da água, enada. Então mos-trei a ele umacaixinha pequena,que estava num can-tinho junto ao eleva-dor. Ele olhou para ela, olhou paramim, e disse terminantemente queali não era. Como é que umalmofadinha desses saberia qual éa caixa certa, deve ter pensado ele.E continuou a sua busca. Abriu acaixa de comando do elevador, enada. Abriu até a campainha do vizi-

nho, e nada. Será que não é aquelacaixinha ali mesmo, perguntei nova-mente, sem sucesso. Fomos ao tér-reo, abriram-se todas as caixas pos-síveis e nada ainda. No fim, tive quequase sair na porrada com o sujeitopara ele abrir a caixinha que eu ha-via falado. E não é que era ali mes-mo?

Na realidade, o preconceito é ummal que bloqueia nossa capacidade

de aprender e deensinar, tornan-do-nos não sóignorantes, massobretudo arro-gantes. Aliás,como dizia umaantiga professo-

ra, a arrogância é di-retamente proporcional àignorância. Não que de-

vamos acreditar emtudo que dizem por

aí; a questão éfocar criticamen-

te mais nas in-formações doque na pes-soa do infor-mante.

A propó-sito, esses

dias estava olhando um programade culinária na TV a cabo - incrível,mas a instalação funcionou - e vi quea maior parte do tempo foi dedicadaà preparação do molho da pizza. Nãoé que o meu amigo tinha razão?

(*) Ex-Advogado da CAIXA.(*) Ex-Advogado da CAIXA.(*) Ex-Advogado da CAIXA.(*) Ex-Advogado da CAIXA.(*) Ex-Advogado da CAIXA.Advogado da União emAdvogado da União emAdvogado da União emAdvogado da União emAdvogado da União em

Rio Grande/RS.Rio Grande/RS.Rio Grande/RS.Rio Grande/RS.Rio Grande/RS.

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Agosto | 2011 I

Suplemento integrante da ADVOCEF em Revista | Ano X | Nº 102 | Agosto | 2011

A realidade doteletrabalho no Brasil enos tribunais brasileiros

1. Introdução

O processo de reestruturação glo-bal da economia dado pelo desen-volvimento científico-tecnológico estános levando para as relações nomundo virtual, mudando as formasde vida e de trabalho, impondo umnovo ritmo nas atividades humanas.Surge a necessidade de umaredefinição do tempo!! e do espaço,tendo como resultado novos proces-sos na organização e no desenvolvi-mento do trabalho em si.

Com os meios de comunicaçãoexistentes, o empregado não preci-sa mais trabalhar na sede principalda empresa, e sim em seu própriodomicílio ou até mesmo no carro,trem etc., fazendo com que as ativi-dades econômicas cada vez mais sedistanciem do modelo de concentra-ção de trabalhadores no mesmo lu-gar.

No caso da internet, este não ésimplesmente um meio, como o tele-fone ou sistema de correios eletrô-nicos, é também um lugar, uma co-munidade virtual onde as pessoasse conhecem, se encontram, tor-nam-se amigas, iniciam um relacio-namento amoroso. No âmbitomercadológico, os profissionais fa-zem contato com clientes onde es-tes estiverem, formando equipes detrabalho com outros que se encon-tram em regiões distantes ou em

Manuel Martin Pino EstradaMestre em Direito pela UniversidadeFederal do Rio Grande do Sul (UFRGS).Formado em Direito na Universidade de SãoPaulo (USP). Autor do livro “AnáliseJuslaboral do Teletrabalho”. Professor deDireito da Informática e Direito do Trabalhoem Salvador/BA.

países diferentes, fazendo e realizan-do projetos, trocando informaçõesem tempo real sem a necessidadede que se conheçam pessoalmente,tendo como resultado um produtoútil para a comunidade científica,feito por pessoas “ausentes”.

Como vemos aqui, é desenvolvi-do todo tipo de relações realizadasnuma comunidade física. Claro estáque existem características únicas,como é o caso da distância física eo anonimato potencial. Neste contex-to, o teletrabalho, por mostrar em suanatureza intrínseca a flexibilidade dotempo e do espaço, mediante o usode tecnologias da informação, pos-sibilita um alcance extraterritorial.Neste caso podemos afirmar queesta forma de trabalho seria a maisconveniente para as exigências daglobalização.

Para o teletrabalho, não importaraça, sexo, deficiência física ou lu-gar onde o trabalhador estiver, bar-reiras muito comuns para o merca-do tradicional de trabalho, podendoser desenvolvido no campo ou nacidade, atuando como um fator deinserção de trabalhadores fora dosgrandes centros urbanos.

O teletrabalho é capaz de produ-zir tantos empregos altamenteespecializados quanto aqueles quedemandam menos especialização,atingindo, portanto, uma grandequantidade de trabalhadores, inclu-

sive os que hoje se encontram ex-cluídos do mercado de trabalho.

2. Definição de teletrabalhoe teletrabalhador

Segundo a Organização Interna-cional do Trabalho (OIT), o teletraba-lho é qualquer trabalho realizado numlugar onde, longe dos escritórios ouoficinas centrais, o trabalhador nãomantém um contato pessoal comseus colegas, mas pode comunicar-se com eles por meio das novastecnologias.

Conforme a Carta Europeia para oTeletrabalho, “é um novo modo de or-ganização e gestão do trabalho, quetem o potencial de contribuir signifi-cativamente à melhora da qualidadede vida, a práticas de trabalho sus-tentáveis e à igualdade de participa-ção por parte dos cidadãos de todosos níveis, sendo tal atividade um com-ponente chave da Sociedade da In-formação, que pode afetar e benefi-ciar a um amplo conjunto de ativida-

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des econômicas, grandes organiza-ções, pequenas e médias empresas,microempresas e autônomos, comotambém à operação e prestação deserviços públicos e a efetividade doprocesso político”1.

2.1Projeto de lei da Argentina,Nº 829/06No Art. 1º (definição de teletrabalho

e de teletrabalhador): “Realização deatos, execução de obras ou prestaçãode serviços, tanto total como parcial-mente no domicílio do trabalhador ouem lugares diferentes do estabeleci-mento ou estabelecimentos do empre-gador, mediante o uso de todo tipo detecnologia da informação ou das comu-nicações (TICs)”.

O art. 2º determina que oteletrabalhador terá os mesmos direi-tos e garantias do trabalhador comum.

2.2A lei sobre teletrabalho daColômbia, Nº 1221/08Art. 1º menciona a importância do

projeto como impulsor na geração deemprego e autoemprego mediante ouso das TICs.

Art. 2º define o teletrabalho como“uma forma de organização laboral,que consiste no desenvolvimento deatividades ou prestação de serviçosmediante as TICs numa relação detrabalho e que permita a sua realiza-ção à distância, quer dizer, sem pre-cisar da presença física do trabalha-dor num lugar específico de trabalho”.

2.3O teletrabalho no código detrabalho de Portugal de 2003

Art. 233: Para efeitos deste Có-digo, considera-se teletrabalho aprestação laboral realizada com su-bordinação jurídica, habitualmentefora da empresa do empregador, eatravés do recurso a tecnologias deinformação e de comunicação2.

3. A realidade doteletrabalho no BrasilVestir o terno, enfrentar trânsito,

chegar pontualmente, registrar pon-to, almoçar fora de casa e se encon-

trar em meio a ruídos e conversasdos colegas.

Estas ações rotineiras de quemtrabalha em empresa já mudarampara mais de 10,6 milhões de brasi-leiros, que hoje usufruem da liber-dade de trabalhar no conforto da pró-pria casa. Esta tendência norte-ame-ricana começa a ganhar a simpatiados brasileiros com a promessa deredução de custos da corporação eaumento da produtividade dos fun-cionários.

As empresas que l idam comtecnologia e produção criativa são asmais abertas para esta modalidade.As multinacionais Cisco, IBM eErnest & Young, por exemplo, adotamo sistema e economizam em espaço,equipamentos e transporte. Seuscolaboradores permanecem comofuncionários contratados, mas, comonão precisam se deslocar diariamen-te ao escritório, economizam tempo,flexibilizam os horários, reduzem onível de estresse e equilibram me-lhor o trabalho com a vida familiar esocial. Em casa, o trabalhador pro-duz até 30% mais que no ambientecorporativo. Além dos benefícios queisso traz para a empresa e para o fun-cionário, ainda diminui congestiona-mentos e ajuda o meio ambiente.

Tantas vantagens para ambos oslados da relação de trabalho vêmacompanhadas de alguns poréns. Tra-balhar de casa também tem seus pon-tos negativos, que começam na dimi-nuição das relações interpessoais epodem terminar até mesmo em de-pressão. Existem casos de pessoasque ficaram deprimidas porque nãotinham com quem conversar durantea jornada de trabalho. Há quem re-clame de estar sozinho e muito de-pendente da tecnologia.

Por isso o teletrabalho não é re-comendado para quem tem tendên-cia à depressão.

A crença de que o “work fromhome” é algo negativo e contrário aoprofissionalismo ainda persiste noBrasil. Algumas empresas entrevista-das preferem, inclusive, não revelarque os funcionários trabalham decasa, pois acreditam que isso possamanchar a imagem de credibilidadeperante os clientes.

O empresário brasileiro ainda nãoestá acostumado a fiscalizar o funci-onário à distância, mas hoje contro-lar a produtividade está fácil, pois hátecnologia para isso. Existemsoftwares que registram até quantasteclas o funcionário apertou no tecla-do. Apesar da existência de formasde controle, o especialista alerta queé a relação de confiança entre em-pregado e empregador que vai garan-tir o sucesso da modalidade.

A falta de uma legislação específi-ca que regulamente o teletrabalho noBrasil também é um ponto a menospara a modalidade. Apesar do artigo6º da CLT não impedir o trabalho re-moto em domicílio, o projeto de lei3129/04, que equipara o trabalho emdomicílio realizado no estabelecimen-to, ainda está em tramitação e o pro-jeto 4505/08 não trata completamen-te do tema, esquecendo-se doteletrabalhador autônomo.

Infelizmente, não é só isso, exis-tem interesses econômicos por trás,porque as fábricas de carros nãogostariam de que essa ideia saia dopapel, o mesmo caso das construto-ras de pontes, viadutos, metrôs eafins, que obviamente estarão con-tra o teletrabalho, porque permitecada vez menos o uso de carros,consequentemente o menor uso deestradas, mas haverá menos aciden-tes de trânsito, diminuindo o núme-ro de vítimas fatais3.

4. O teletrabalho nostribunais do Brasil

4.1 O teletrabalho no Tribunal deContas do Estado do RioGrande do Sul

No Tribunal de Contas do Estadodo RS (TCE-RS) existe a InstruçãoNormativa nº 11/2003, que dispõe arealização de trabalhos fora das de-pendências deste Tribunal e dá ou-tras providências.

Na justificativa, menciona-se obenefício do Tribunal com o aumen-to da produtividade, redução de cus-tos com energia elétrica, telefone eágua, usando microcomputador1 GBEZO, Bernard E. Otro modo de trabajar: la

revolución del teletrabajo. Trabajo, R, R, R, R, Reeeeevistavistavistavistavistada OITda OITda OITda OITda OIT, n. 14, dez de 1995.

2 PINO ESTRADA, Manuel Martín. AnáliseJuslaboral do Teletrabalho. Camões, Curitiba,2008.

3 GARCIA, Beatriz. Trabalho em casa aumentaprodutividade. In: Jornal A TJornal A TJornal A TJornal A TJornal A Tararararardedededede, 21/03/2010, Salvador.

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conectado à internet, já comprovadohá alguns anos e com excelentes re-sultados com o desenvolvimento doProjeto Mutirão, utilizando-se de re-cursos humanos e os equipamentosde informática disponíveis.

Quem teletrabalha é o auditor pú-blico externo.

4.2 O teletrabalho no Tribunal deContas da União

A Portaria 139 do Tribunal deContas da União de 9 de março de2009 define o que é teletrabalho con-forme segue:

Capítulo II – Dos trabalhos reali-zados fora das dependências do Tri-bunal

Art. 2º: Os trabalhos do Tribunalde que trata esta portaria são aque-les expressamente definidos pelo ti-tular da unidade ou, por delegaçãode competência, pelos diretores, nointeresse da Administração, observa-do no disposto no § 1º do artigo an-terior.

§ 1º a realização dos trabalhosfora das dependências do Tribunal éuma faculdade à disposição de cadaunidade, a ser adotada, a critério dorespectivo titular, em função da con-vivência do serviço, não se constitu-indo direito do servidor

§ 2º Enquadram-se como traba-lhos a serem realizados fora das de-pendências do Tribunal, preferenci-almente, aqueles cujo desenvolvimen-to, em determinado período, deman-de maior esforço individual e menorinteração com outros servidores, taiscomo, instruções, pareceres, relató-rios, roteiros, propostas de normas ede manuais, dentre outros4.

4.3 O teletrabalho nos TribunaisRegionais do Trabalho: ocaso do acórdão do TRT deMinas Gerais

O Tribunal Regional do Trabalhodo Estado de Minas Gerais é o pri-meiro em criar jurisprudência sobreteletrabalho em 17/12/2009:

EMENTA: RELAÇÃO DE EMPRE-GO. A prestação de serviços na resi-dência do empregado não constituiempecilho ao reconhecimento da re-

lação de emprego, quando presentesos pressupostos exigidos pelo artigo3º da CLT, visto que a hipótese ape-nas evidencia trabalho em domicílio.Aliás, considerando que a empresaforneceu equipamentos para o desen-volvimento da atividade, como linhatelefônica, computador, impressora emóveis, considero caracterizada hi-pótese de teletrabalhoteletrabalhoteletrabalhoteletrabalhoteletrabalho, visto que oajuste envolvia execução de ativida-de especializada com o auxílio dainformática e da telecomunicação.

Neste, caso, o artigo 3º da CLTdefine o que é o empregado, comoum trabalhador sujeito à subordina-ção, consequentemente haverá rela-ção de emprego, independentemen-te se é à distância ou não, usandointernet ou rádio. É importante sali-entar que o juiz do trabalho não quersaber se há teletrabalho ou não, oque ele ressalta é se existe relaçãode emprego para dar os direitos tra-balhistas respectivos. No acórdãosupracitado o teletrabalhador ganhouem primeira instância e na segundao reclamado não apresentou recursoe em 22 de março do ano em cursohouve trânsito em julgado5.

5. O trabalho em redeÉ o trabalho à distância usando

a tecnologia da informática, diferen-te do teletrabalho que usa atecnologia da comunicação, sendoeste um termo cada vez mais em de-suso porque “tele” vem do vocábulogrego “telou” que quer dizer “longe”,mas é um conceito físico e não virtu-al, pois na época da Grécia antiga sóexistia esse tipo de acepção, enquan-to que a palavra de origem inglesa“web”, que significa “teia de aranha”,está relacionada com a internet, como mundo virtual, com o mundo quenão é físico. Portanto, o webtrabalhoou trabalho em rede é o trabalho queusa a internet como ferramenta paraa realização da prestação de servi-ços.

No trabalho em rede, o trabalha-dor trabalha num espaço imaterial enão físico como é comum, é um lu-gar único construído por um progra-

mador com regras impostas por elemediante códigos digitais e não porum legislador usando o direito positi-vo, portanto não existem barreirasgeográficas, mesmo assim, é possí-vel delimitar este espaço, criandosalas virtuais temporárias ou perma-nentes para reuniões, execução detrabalhos e receber ordens ou co-mandos para a realização de presta-ções de serviços. Exemplos: envio deemails, torpedos e de ordens viachats.

No teletrabalho o trabalhador tra-balha num espaço físico que não éinternet, onde as regras não são im-postas por um programador e sim pelolegislador e pela sociedade, as pes-soas comunicam-se limitadamente,delimitando-se a receber ordens paraa realização de trabalhos, mas nãopara atividades com a liberdade queo espaço virtual oferece. Exemplos:uso do fax, do rádio, do telefone, dotelégrafo etc.

CHARLES GRANTHAM afirma queo teletrabalho está morto. Para ele,trata-se de um conceito ultrapassadoque se transformou naquilo que cha-mo de trabalho distribuído.Teletrabalho significava um emprega-do de uma empresa que trabalhavaem casa uma ou duas vezes por se-mana. Com o advento da Internet, istofoi estendido para trabalhar em qual-quer lugar, em qualquer hora do dia.

Agora temos uma nova forma detrabalho-distância/tempo/colabora-ção/ – e as pessoas estão se tornan-do trabalhadores em part-t ime,contratadoras e similares.

Então, a tecnologia moveu-se dosimples “tele” para a “web” ou “rede”e o trabalho moveu-se dos assalaria-dos para os trabalhadores independen-tes. O trabalho tornou-se mais comple-xo, mais criativo e mais colaborativonuma arena internacional6.

5.1 Subordinação em rede

É a subordinação à distânciausando os meios informáticos e nãoos de comunicação como é no casodo teletrabalho. Isso é possível, me-diante envio de emails, torpedos e

4 Tribunal de Contas da União. Disponível em:http://<www.tcu.gov.br>. Acesso em: 21 mar.2010.

5 Tribunal Regional do Trabalho de Minas Ge-rais. Disponível em: http://<www.trt5.gov.br>.Acesso em: 15 mar. 2010.

6 GRANTHAM, Charles. Charles Grantham apre-senta the future of work. Disponível em: <http://www.gurusonline.tv/pt/proc_art.asp>. Acessoem: 20 mar. 2010.

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Ano X | Nº 102 | Agosto | 2011

nas salas virtuais, não usando fax,telefone, telégrafo ou outro meio quenão seja a internet.

Como está percebendo-se, o con-ceito de subordinação clássica estácada vez mais em desuso, dando lu-gar à telessubordinação usada noteletrabalho, mas com o advento dowebtrabalho ou trabalho em rede,usando o espaço virtual para dar or-dens ou comandos está dando-seespaço para a websubordinação ousubordinação em rede, que é umasubordinação puramente virtual,dada no mundo da internet, sendodada e captada por agentes físicosque é o empregador ou alguém de ní-vel hierárquico superior ao trabalha-dor ou webtrabalhador ou trabalhadorem rede.

5.2 Fiscalização em redeE a fiscalização realizada usando

meios informáticos para conferir se otrabalhador está exercendo a presta-ção de serviços de maneira que éticae correta dentro do horário de traba-lho combinado entre ambas as par-tes. Esta situação dá-se, por exemplo,quando o empregador “navega” narede e entra no computador no em-pregado para saber se está usandosites pertinentes ao trabalho enco-mendado ou quando é usado um pro-grama de computador para saberquantas vezes foram colocados osdedos no teclado e por quanto tem-po.

5.3 Trabalhador em rede ouvirtual

É o trabalhador que usa os meiosinformáticos para a execução de ser-viços encomendados tanto no âmbitodo trabalho subordinado como no au-tônomo.

5.4 Centro virtual

É o espaço virtual delimitado ondeo trabalho é desenvolvido por deter-minadas pessoas distantes geografi-camente, porém, juntas mediante o

uso da internet, que se reúnem comum horário prévio estabelecido e com-binado. Esta sala normalmente temferramentas necessárias para o de-senvolvimento de um determinado tra-balho e só podem entrar aquelas pes-soas que tiverem uma senha de aces-so. Exemplo: Sala Virtual “x” do site“y”. Neste caso, não interessa se ostrabalhadores encontram-se no Pará,Brasília ou Rio Grande do Sul, eles en-contrar-se-ão numa sala “x” do site“y” num determinado horário previa-mente combinado para realizar seustrabalhos, enviando-se arquivos me-diante emails, trocando ideias na pró-pria sala virtual ou falando mesmousando o programa de voz da internet.O mesmo caso seria se um trabalha-dor estiver na Rússia, outro em An-gola e um terceiro na Austrália.

6. Rede interplanetária etrabalho espacial ouinterplanetárioAté 2010, a internet interplanetária

estaria de pé e funcionando. Foi a pre-visão de Vinton Cerf. Ele foi um doscriadores do padrão de comunicaçãoem que se baseia a rede (por enquan-to) mundial de computadores – é co-nhecido como um dos pais dainternet. Hoje, entre outras atividades,é vice-presidente do Google e prega-dor-chefe da empresa para assuntosde internet.

Ele esteve no Brasil em visita aosescritórios do Google. Também parti-cipou de conferências e teve encon-tros com representantes do governo.Conversou com um pequeno grupo dejornalistas em São Paulo. Falou sobreos problemas da internet, como a en-xurrada de e-mails indesejados(spam), e seu futuro, aqui e no siste-ma solar. Leia a seguir os principaistrechos da entrevista.

Sobre uma rede interplanetária,desde 1998, está trabalhando nesseprojeto no Laboratório de Propulsão aJato da Nasa (agência espacial dos

Estados Unidos) e já estão no cami-nho de se tornarem capazes de jun-tar os planetas do sistema solar coma internet terrestre para formar umsistema interplanetário.

Muita gente pergunta por que fa-zer isso em vez de focalizar em pro-blemas terrestres. A resposta é: a ci-ência quer saber de onde viemos, sehá vida em outros planetas, o que vaiacontecer no sistema solar. E paraisso nós precisamos de dados.

A internet interplanetária é sim-plesmente um projeto para padronizaros protocolos utilizados na comunica-ção espacial. Nós já vimos o valor depadronizar protocolos aqui na Terra:a internet não funcionaria se não ti-véssemos os padrões TCP-IP (siste-ma que baseia a comunicação nainternet). O resultado da padroniza-ção é que, quando você entra nainternet, imediatamente está compa-tível com 400 milhões de outras má-quinas.

Nós gostaríamos que isso tambémacontecesse no espaço. Nós quere-mos que todo e qualquer veículo es-pacial seja capaz de usar outro veícu-lo como uma estação deretransmissão, assim formando umaestrutura de telecomunicação.7

O teletrabalho não seria mais dojeito convencional, nem o trabalho emrede, o trabalho tornar-se-ia um tra-balho espacialespacialespacialespacialespacial ou teletrabalho espa-cial ou interplanetário, pois alguémque estiver na Terra poderá realizartrabalho junto com alguém que estána Lua e em Marte em tempo real,num espaço virtual, trocando informa-ções e realizando projetos diversos.Ou seja, o nosso planeta já está fican-do pequeno e o nosso céu não é maiso limite.7 CERF, Vinton. O pai do ciberespaço, o homem

que inventou a grande rede em 1974 querestendê-la a outros planetas do sistema solar.Disponível em: http://<www.istoe.com.br/repor-tagens/30217_O+PAI+DO+CIBERESPACO?pathImagens=&path=&actualArea=internalPage>.Acesso em: 16 mar. 2010.