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Trabalho de Conclusão de Curso
Conhecimento dos cirurgiões-dentistas da Grande Florianópolis sobre a Disfunção
Temporomandibular em crianças.
Ana Carolina Teixeira Fonseca Ferreira
Universidade Federal de Santa Catarina Curso de Graduação em Odontologia
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ODONTOLOGIA
Ana Carolina Teixeira Fonseca Ferreira
CONHECIMENTO DOS CIRURGIÕES-DENTISTAS DA
GRANDE FLORIANÓPOLIS SOBRE A DISFUNÇÃO
TEMPOROMANDIBULAR EM CRIANÇAS.
Trabalho apresentado à Universidade
Federal de Santa Catarina, como
requisito para a conclusão do Curso de
Graduação em Odontologia
Orientador: Prof. Dr. Ricardo de Sousa
Vieira
Florianópolis
2013
Dedico esse trabalho aos meus pais,
Luiz Edgard e Luciana, por toda a
confiança depositada em mim e por
tornarem possíveis as realizações dos
meus sonhos.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus, por me acompanhar e orientar em todos os
momentos da minha vida.
Aos meus pais, por todo o amor, carinho, confiança e dedicação
comigo, por serem meus exemplos de vida e meu maior motivo de
orgulho. Meu pai, Luiz Edgard, que sempre se esforçou muito para
proporcionar o melhor estudo, as melhores experiências e os melhores
momentos para mim e meu irmão. Minha mãe, Luciana, que sempre
esteve ao meu lado, com uma palavra de incentivo, compreensão e apoio
não só durante a execução desse trabalho, mas por toda a minha vida.
Amo muito vocês.
Ao meu irmão, Rafael, por seu amor, incentivo e inteligência, que
sempre está disposto a ajudar quando preciso.
Aos meus familiares, que mesmo distantes fisicamente são muito
presentes em minha vida.
Ao meu namorado, Pedro, que com seu amor, companheirismo,
carinho e alegria, torna meus dias mais felizes.
Aos meus amigos, que souberam compreender minha ausência
em determinados momentos, sempre me apoiando quando necessário.
As minhas amigas de faculdade, por se tornarem minhas
confidentes, companheiras de estudos, preocupações, festas, e por serem
grandes responsáveis pelos melhores anos da minha vida.
Ao professor Ricardo, pela orientação durante todo o
desenvolvimento desse trabalho, sempre esclarecendo minhas dúvidas e
ajudando nos momentos de dificuldade.
“A coisa mais indispensável a um homem é
reconhecer o uso que deve fazer do seu próprio
conhecimento."
Platão
RESUMO
INTRODUÇÃO: A disfunção temporomandibular (DTM) constitui um
subgrupo das dores orofaciais.Segundo BERTOLLI et al (2008) (2), os sinais e
sintomas da DTM são mais suaves em crianças do que em adultos e quanto mais
cedo for diagnosticado, melhor. Por isso a importância de realizar exames da
ATM em crianças. OBJETIVO: avaliar o nível de conhecimento dos cirurgiões-
dentistas da grande Florianópolis no diagnóstico e tratamento da DTM.
METODOLOGIA: Aplicação de questionários com perguntas fechadas sobre
DTM em criança em 48 consultórios da Grande Florianópolis. CONCLUSÃO:
Os profissionais da Grande Florianópolis possuem conhecimento para o
diagnóstico da DTM em crianças, porém não para realizar o tratamento. É
necessária a inclusão de perguntas direcionadas ao assunto na anamnese e
exames específicos durante o exame clínico inicial.
Palavras-chave: DTM, Distúrbios na articulação temporomandibular,
Oclusão, Odontopediatria.
ABSTRACT
INTRODUCTION: The temporomandibular disorder (TMD) is a subgroup of
orofacial pain. According to Bertolli et al (2008) (2), the signs and symptoms of
TMD are smoother in children than in adults and the sooner it is diagnosed, the
better. For this reason is so important conducting examinations of the TMJ in
children. OBJECTIVE: To evaluate the level of knowledge of the dentists of
Florianópolis in the TMD’s diagnosis and treatment. METHODOLOGY:
Application of questionnaires with closed questions about children’s TMD in 48
offices of Florianópolis. CONCLUSION: Professionals of Florianópolis have
knowledge to diagnose TMD in children, but not to perform the treatment. It is
necessary to include questions directed to the subject in anamnesis and specific
tests during the initial clinical examination.
Keywords: TMD, Temporomandibular joint disorders,
Occlusion, Pediatric Dentistry.
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1- Atendimento a crianças........................................................33
Gráfico 2 - Quantidade de atendimentos a crianças por dia.................33
Gráfico 3 - Forma de atendimento........................................................34
Gráfico 4 - Presença do exame rotineiro da ATM................................34
Gráfico 5 - Sinais da DTM....................................................................35
Gráfico 6 - Sintomas da DTM...............................................................36
Gráfico 7 - Depois que diagnostifica você............................................37
Gráfico 8 - Tratamento mais comum em crianças................................38
Gráfico 9 - Qual placa interoclusal é indicada......................................38
Gráfico 10 - Tempo de tratamento indicado.........................................39
Gráfico 11 - Espessura da placa indicada.............................................39
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ATM – Articulação Temporomandibular
DTM – Disfunção Temporomandubular
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ................................................................... 27 2 OBJETIVOS ....................................................................... 29 2.1 Objetivo Geral .................................................................... 29 2.2 Objetivos Específicos .......................................................... 29 3. METODOLOGIA .............................................................. 31 4. RESULTADOS ................................................................... 33 5. DISCUSSÃO ....................................................................... 41 6. CONCLUSÃO .................................................................... 43 REFERÊNCIAS .............................................................................. 45 APÊNDICE A – Questionário ........................................................ 47 APÊNDICE B – Termo de Consentimento ................................... 49
27
1 INTRODUÇÃO
A articulação temporomandibular (ATM) é classificada como uma articulação
ginglemoartroidal, ou seja, realiza movimentos de dobradiça em um plano e de
deslizamento. Ela é considerada uma das articulações mais complexas do corpo.
A ATM é composta pelo côndilo mandibular posicionado dentro da fossa
mandibular do osso temporal, e separando esses dois ossos está o disco
articular. Funcionalmente o disco articular funciona como um terceiro osso não
calcificado que permite os movimentos complexos da articulação. Por esse
motivo ela é classificada como uma articulação composta. Por definição, uma
articulação composta requer a presença de pelo menos três ossos. Em recém-nascidos as ATMs são planas, não
apresentam ainda a forma côncava da cavidade
articular e neles não existe a eminência articular
como acontece no adulto, motivo que possibilita a
realização de movimentos de sucção.
Outra característica é que a ATM está no mesmo
nível do plano oclusal. Com a erupção dos incisivos
se estabelece a primeira intercuspidação e
estabilidade oclusal da dentição decídua e o chamado
primeiro trípode oclusal, formado pela ATM direita,
dentes e ATM esquerda. Nessa época começam a se
desenvolver movimentos mandibulares mais
vigorosos, o que leva ao desenvolvimento dos
rudimentos de uma eminência articular que no futuro
vai representar a trajetória condilar no adulto.
(BERTOLLI et al 2008) (2)
A disfunção temporomandibular (DTM) constitui um subgrupo das dores
orofaciais, sendo a dor ou desconforto na articulação temporomandibular, no
ouvido e/ou músculos da face e pescoço e dor de cabeça, além de limitação de
abertura de boca e estalidos os principais sintomas e sinais associados a esses
distúrbios. (Associação Americana de Dor Orofacial). (1)
Cerca de 40 a 60% da população apresenta DTM. Esses distúrbios estão mais
presentes no gênero feminino, durante a segunda e terceira década de vida.
(OKESON, 2008).(9)
Segundo BERTOLLI et al (2008) (2), os sinais e sintomas da DTM são mais
suaves em crianças do que em adultos e quanto mais cedo for diagnosticado,
melhor. Por isso a importância de realizar exames da ATM em crianças.
Segundo estudo realizado por SANTOS et al (2006) (11), os distúrbios mais
comumente encontrados na população pediátrica são o bruxismo e a onicofagia,
e os sintomas são dores de cabeças freqüentes e ruídos na ATM.
CIRANO, et al (2000) (4), observou, através de estudo realizado com 180
crianças, que os sintomas mais comumente encontrados foram a dor de cabeça
seguida da dor de ouvido, e os hábitos parafuncionais mais presentes foram a
28
respiração bucal e o bruxismo.
MARCHIORI et al (2007) (7), observou a incidência dos sinais e sintomas
relativos a DTM em crianças e adolescentes que cursavam o ensino fundamental
em uma escola de Jaboticabal, São Paulo e constatou que em 65% dessa
população existiam tais sinais e sintomas. Também observou que desses 65%, a
maioria relatava algum grau de ansiedade.
TOSATO e CARIA (2006) (12) observaram através de um estudo que a
prevalência de sinais e sintomas da DTM era maior em adolescentes do que em
crianças, sendo os mais comuns bruxismo, cefaléia e dor nos músculos
mastigatórios, e salientaram a importância do diagnóstico precoce para
tratamento desses distúrbios antes que eles se agravem na vida adulta. LODDI et al (2010) (6), através de estudo relatou que a maior prevalência de
DTM em crianças foi o bruxismo, e o principal fator predisponente foi a
deglutição atípica. Recomendou a avaliação de sinais e sintomas de DTM no
exame inicial.
A origem da DTM é multifatorial e, sendo assim, seu tratamento deve ser
realizado de forma multidisciplinar, uma vez que se não for tratado o fator
causador é provável que ocorra recidiva. Existem outras terapias que são aliadas
a Odontologia para proporcionar o correto tratamento e aumento da qualidade
de vida desses pacientes portadores de DTM, são elas: a terapia
fonoaudiológica, psicológica, entre outras. O tratamento fonoaudiológico tem
como objetivos aliviar a dor, promover equilíbrio neuromuscular e oclusal,
reduzir a carga sobre a musculatura e a articulação temporomandibular (ATM) e
com isso favorecer uma maior harmonia entre as estruturas da ATM (QUINTO,
2000) (10).O tratamento psicológico se faz necessário quando os fatores
desencadeantes são comportamentais, como por exemplo, estresse e ansiedade
(CESTARI e CAMPARIS, 2002) (3). É importante salientar que essas terapias
complementares não são necessárias em todos os casos, porém na grande
maioria sim.
FRANCESQUINI JÚNIOR et al (1999) (5) verificaram o grau de conhecimento
dos cirurgiões-dentistas da região de governo de Piracicaba sobre DTM e
observaram que a grande maioria dos entrevistados afirmou sentir a necessidade
de um programa de educação continuada na área de diagnóstico e tratamento, e
que mais de 75% da população estudada considera-se inaptos a diagnosticar e
tratar a DTM.
Apesar de ser uma doença que atinge grande parte da população, esse assunto
não é amplamente discutido durante a graduação em Odontologia, faltando tanto
embasamento teórico quanto atividades práticas. Sendo assim, os cirurgiões-
dentistas saem para o mercado de trabalho com uma lacuna em sua formação, e
pela complexidade do assunto não se sentem preparados para realizar tal
diagnóstico e tratamento. Muitas vezes esse assunto não está presente na
anamnese e no exame clínico dos cirurgiões-dentistas.
Esse trabalho tem como objetivo avaliar, através da aplicação de um
questionário, o nível de conhecimento dos cirurgiões-dentistas da grande
Florianópolis sobre as DTMs, seu diagnóstico e tratamento.
29
2. OBJETIVOS
2.1 Objetivo Geral
Esse trabalho teve como objetivo avaliar o nível de conhecimento dos
cirurgiões-dentistas da grande Florianópolis no diagnóstico e
tratamento da DTM.
2.2 Objetivos Específicos
Através da aplicação de questionários, avaliamos a forma como os
cirurgiões-dentistas lidam com a DTM, seu nível de conhecimento
sobre o assunto, abordagem clínica, tratamento para tais disfunções
e/ou encaminhamento para especialistas.
30
31
3. METODOLOGIA
Essa pesquisa está sendo realizada com uma coleta de dados através de um
questionário com perguntas fechadas aos cirurgiões-dentistas da Grande
Florianópolis. Esse questionário foi aplicado pela aluna Ana Carolina Ferreira,
em 48 consultórios previamente selecionados de forma aleatória. As perguntas
abordam sobre o atendimento à crianças, relacionadas aos problemas de ATM.
32
33
4. RESULTADO
Gráfico 1
Gráfico 2
34
Como podemos observar no Gráfico 1, 73% dos entrevistados relataram atender
crianças na sua rotina clínica e 27% não costumam fazer esse tipo de
atendimento. Dos que realizam, 43% atendem até 3 crianças por dia e 37%
atendem mais de 3 por dia. 20% dos entrevistados não responderam a essa
pergunta, conforme demonstra o Gráfico 2.
Gráfico 3
Gráfico 4
35
Conforme demonstrado no Gráfico 3, 69% dos entrevistados possuem
auxiliar e 27% realizam o atendimento sozinho. 21% dos cirurgiões-
dentistas costumam examinar a ATM rotineiramente durante seu
atendimento clínico, 8% não realizam tal exame e a grande maioria, 65%
só examina quando é relatado algum tipo de problema nessa região pelos
reponsáveis; tais dados podem ser observados no Gráfico 4.
Gráfico 5
Quando perguntado sobre os principais sinais de DTM em pacientes
pediátricos observados em sua prática clínica, 65% dos entrevistados
relataram a presença de dentes com desgaste. Outro sinal muito presente,
citado por 62% dos cirurgiões-dentistas, foi o relato dos pais em ouvir o
ranger de dentes. 27% dos profissionais indicaram as unhas roídas, 6% o
click na ATM e 8% observam a presença de outros sinais, conforme
mostra o Gráfico 5.
36
Gráfico 6
O sintoma de DTM mais presente nesse estudo foi a dor de cabeça, observada
por 33% dos entrevistados, seguida da dor na região da ATM e ouvido, com
31%. Sintomas como cansaço muscular e zumbido no ouvido foram citados por
poucos profissionais, 8% e 2% respectivamente. 23% ainda relataram a
presença de outros sintomas. Podemos observar esses dados no Gráfico 6.
37
Gráfico 7
No Gráfico 7 podemos observar que a grande maioria dos entrevistados
encaminha seus pacientes pediátricos para tratamento com especialista após
diagnosticado algum problema na ATM, já 27% dos profissionais tratam esse
problema.
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Gráfico 8
Gráfico 9
39
Gráfico 10
Gráfico 11
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Quando questionados sobre o tratamento mais comumente utilizado na DTM
em crianças, 54% dos cirurgiões-dentistas afirmam ser o uso de placas
interoclusais, 8% acreditam ser o desgaste dental, 4% apontam o uso do JIG e
25% declararam não saber qual tratamento deve ser realizado, tais dados estão
presentes no Gráfico 8. No Gráfico 9, podemos ver que 35% dos entrevistados
indicam a placa interoclusal semi-rígida como a mais utilizada no tratamento da
DTM em pacientes pediátricos, 29% dizem ser a mole, 6% atestam que a rígida
é a mais indicada enquanto 21% não sabem qual é o melhor material. Sobre a
duração recomendada do tratamento, 46% entendem que a placa deve ser
utilizada até o desaparecimento dos sintomas, já 12% consideram mais
adequado não ultrapassar de 6 meses; 29% dos profissionais não sabem por
quanto tempo deve ser realizado o tratamento, esses dados podem ser
encontrados no Gráfico 10. No Gráfico 11 constatamos que 35% dos
cirurgiões-dentistas concluem que a espessura da placa interoclusal deva ser de
2mm, 16% defendem que seja de 3mm, 4% apóiam a idéia de ser 5mm e 33%
deles declaram não saber qual a espessura recomendada.
41
5. DISCUSSÃO
A disfunção temporomandibular (DTM) é responsável por uma série de dores e
desconforto na região da ATM, resultando na redução da qualidade de vida do
paciente. Tal doença, com seus sinais e sintomas, está surgindo cada vez mais
precocemente na vida dos indivíduos, tornando-se muito incidente na população
pediátrica. Fato esse que justifica a inserção de uma anamnese detalhada e
exame clínico voltado para essa articulação na rotina dos cirurgiões-dentistas.
(11, 2, 6) Durante o exame clínico deverá ser observada a presença de
maloclusões, qual período da dentição o paciente se encontra e a realização dos
movimentos mandibulares.(2). Apesar disso, podemos perceber através desse
trabalho que essa não é a realidade da Grande Florianópolis, pois 65% dos
profissionais entrevistados só realizam tais exames quando o responsável pela
criança relata algum tipo de problema na ATM.
O sinal de DTM mais encontrado pelos entrevistados nos seus pacientes foi a
presença de dentes com desgaste, seguido do relato dos pais de ranger noturno,
unhas roídas e estalido na ATM. Podemos encontrar na literatura resultados
semelhantes, relatados por CIRANO (4), LODDI (6) e SANTOS (11), onde o
bruxismo e as unhas roídas aparecem com muita freqüência nesses pacientes, o
estalido na ATM aparece em uma porcentagem menor, também compatível com
o resultado dessa pesquisa.
Os principais sintomas apontados nessa pesquisa foram a cefaléia e a dor na
região de ATM e ouvido, seguidos do cansaço ao mastigar e o zumbido no
ouvido, esses últimos com uma freqüência bem reduzida. Esses sintomas
também foram relatados por LODDI (6), CIRANO (4), BERTOLLI (2),
TOSATO (12) e SANTOS (11).
Por ter uma origem multifatorial, muitas vezes ligada ao fator emocional do
paciente, o tratamento não pode ser apenas visando cessar os sintomas, e sim
trabalhar também nos fatores desencadeantes da doença. Não existe um grande
número de referências na literatura sobre o tratamento mais adequado para
realizar em pacientes pediátricos, porém, em estudo realizado por BERTOLLI
(2), é recomendado que seja adotada uma conduta conservadora e reversível,
visto que tais pacientes ainda estão em fase de crescimento. São sugeridos ainda
o uso de placas interoclusais, terapias físicas com o calor úmido, massagens e
exercícios, terapias comportamentais, técnicas de redução do estresse, entre
outras. O ajuste oclusal não deve ser realizado em crianças, pois se trata de uma
técnica irreversível. Quanto ao tratamento dos sintomas, a grande maioria dos
entrevistados respondeu de acordo com a literatura, 54% indicaram a placa
interoclusal como o tratamento mais comum em crianças, um número
considerável de dentistas, 25%, relatou não saber qual conduta deveria assumir
e 8% indicaram uma conduta não recomendada, o ajuste oclusal.
Apesar de ser uma doença muito presente nos dias de hoje, muitos cirurgiões-
dentistas ainda não conseguem tratá-la de forma adequada. Isso pode ser
confirmado na literatura em um estudo realizado por FRANCESQUINI
JUNIOR (5) onde os entrevistados, todos cirurgiões-dentistas, afirmam sentir
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necessidade de um programa de educação continuada sobre DTM, focando no
diagnóstico e tratamento de tais doenças. No presente trabalho, foi constatado
que 65% dos cirurgiões-dentistas encaminham o paciente para tratamento com
especialista e apenas 27% realizam o tratamento.
Nenhum profissional deve realizar um tratamento que não se sinta confortável e
com conhecimento adequado para tal, sendo a conduta mais correta, nesses
casos, encaminhar para um profissional especializado, porém todos os
cirurgiões-dentistas têm o dever de diagnosticar corretamente o problema do
paciente e orientar a busca pelo tratamento, para isso é necessário se manter
atualizado e buscar cada vez mais conhecimento sobre essa doença muito
presente na vida dos indivíduos.
43
6. CONCLUSÃO
Os cirurgiões-dentistas da Grande Florianópolis apresentam o conhecimento
necessário para o diagnóstico da DTM em crianças, porém é preciso a inclusão
de uma anamnese e um exame clínico que permitam a realização de tal
diagnóstico nas suas rotinas clínicas.
Uma parte considerável dos profissionais não possui o conhecimento necessário
para a realização do tratamento da DTM, fazendo o encaminhamento dos
pacientes com essas necessidades.
44
45
REFERÊNCIAS
1. AMERICAN ACADEMY OF OROFACIAL PAIN. Disponível em:
<http://www.aaop.org/> Acesso em: 20/09/2012.
2. BERTOLLI, F. M. de P.; LOSSO, E. M. e MORESCA, R. C. Disfunção da
articulação temporomandibular em crianças. RSBO Revista Sul-Brasileira
de Odontologia [online] 2009, vol. 6 [citado 2011-11-15]. Disponível na
internet:
http://redalyc.uaemex.mx/src/inicio/ArtPdfRed.jsp?iCve=153013636011. ISSN
1806-7727.
3. CESTARI, Karina e CAMPARIS, Cinara Maria. Fatores Psicológicos: sua
Importância no Diagnóstico das Desordens Temporomandibulares. Jornal
Brasileiro de Oclusão, ATM e Dor Orofacial [online], Ano 2, v.2 - n.5 -
jan./mar. 2002. Disponível em
<http://oa.1000grad.com/index.php/orthodontics_JBA/article/viewFile/193/176
>. Acesso em: 20 set. 2012.
4. CIRANO, G. R. et al. Disfunção de ATM em crianças de 4 a 7 anos:
prevalência de sintomas e correlação destes com fatores predisponentes.
RPG Revista de Pós-Graduação, v. 7, n. 1, p. 14-21, jan./mar. 2000.
5. FRANCESQUINI JÚNIOR, Luis. Disfunção de ATM: verificação do
conhecimento do cirurgião-dentista sobre etiologia, incidência e
diagnóstico.Jornal brasileiro de ortodontia e ortopedia facial; 4(19): 67-79,
jan.-fev. 1999.
6. LODDI, P. P. et al. Fatores predisponentes de desordem
temporomandibular em crianças com 6 a 11 anos de idade ao início do
tratamento ortodôntico. Dental Press J. Orthod. [online]. 2010, vol.15, n.3, p.
87-93. ISSN 2176-9451. http://dx.doi.org/10.1590/S2176-
94512010000300011.
7. MARCHIORI, A. V. et al. Prevalência de sinais e sintomas da disfunção
temporomandibular e ansiedade: estudantes brasileiros do ensino
fundamental. RGO, Porto Alegre, v. 55, n. 3, p. 257-262, jul./set. 2007.
8. OKESON, J.P. Fundamentos de oclusão e desordens temporo-
mandibulares. 2. ed. São Paulo, Artes Médicas, 449p, 1992.
46
9. OKESON, J.P. Tratamento das Desordens Temporomandibulares e
Oclusão. 6. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008.
10. QUINTO, Carla Azevedo. Classificação e tratamento das disfunções
temporomandibulares: qual o papel do fonoaudiólogo no tratamento dessas
disfunções?.Revista CEFAC: atualização científica em fonoaudiologia,
2000; 2(2):15-22.
11. SANTOS, E. C. A. et al. Avaliação clínica de sinais e sintomas da
disfunção temporomandibular em crianças. R Dental Press Ortodon Ortop
Facial, Maringá, v. 11, n. 2, p. 29-34, mar./abril 2006. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/dpress/v11n2/a05v11n2.pdf. Acesso em: 2 de
novembro de 2011.
12. TOSATO, J. P. e CARIA, P. H. F. Prevalência de DTM em diferentes
faixas etárias. RGO, Porto Alegre, v. 54, n. 3, p. 211-224, jul./set. 2006.
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APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO
Dados do entrevistado:
Local do consultório:__________________________________
Data de nascimento: ____/___/_____ Sexo: M F
Local e data da formatura:________________________________ em
_____/______/_______
Possui Pós-Graduação? Sim Não
Especialização:_____________Local:______________
Mestrado:_________________Local:______________
Doutorado:________________Local:______________
Atende crianças? Sim Até 03 por dia Mais de 03 por dia
Não
Forma de atendimento: A quatro mãos Sem auxiliar
PROBLEMAS DE ARTICULAÇÃO TÊMPORO-MANDIBULAR:
1-No seu exame clínico em crianças, você rotineiramente examina a articulação
têmporo-mandibular?
Sim
Não
Somente quando os pais/responsáveis relatam algum problema
2-Que sinais de desordem na região têmporo-mandibular( DTM), você mais
comumente encontra em crianças?
Dentes com desgaste
“Estalo” na região da ATM
Unhas roídas
Pais relatam escutar o ranger de dentes
Outros:___________________
48
3-Que sintomas de desordem na região têmporo-mandibular, você mais
comumente encontra em crianças?
Dor de cabeça Cansaço muscular Dor na região
da ATM e ouvido
Zumbido no ouvido Outros:___________________
4-Quando você diagnostica ou é informado de um problema de ATM em
crianças, você:
Trata o problema Encaminha para um Especialista
5-Qual o tipo de tratamento mais comumente utilizado no tratamento da DTM
em crianças:
Desgaste oclusal Uso de Placa interoclusal
Uso do Jig Não sei
6-Qual o tipo de placa inter oclusal é recomendada para uso em crianças:
Rígida Semi –rígida
Mole Não sei
7- Qual o tempo de tratamento recomendado:
6 meses Até desaparecer os sintomas
Não sei
8-Qual a espessura indicada para as placas:
5mm 3mm
2mm Não sei
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APÊNDICE B – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E
ESCLARECIDO
Termo de consentimento livre e esclarecido
Eu, ____________________________________________________,
estou sendo convidado a participar de um estudo denominado Conhecimento
dos cirurgiões dentistas da Grande Florianópolis sobre a DTM em crianças,
Florianópolis, 2013, cujos objetivos e justificativas são: avaliar o nível de
conhecimento dos cirurgiões dentistas da Grande Florianópolis sobre a DTM e
como elas são tratadas.
A minha participação no referido estudo será no sentido de responder a
um questionário aplicado pela aluna de graduação Ana Carolina Ferreira.
Recebi, por outro lado, os esclarecimentos necessários sobre os
possíveis desconfortos decorrentes do estudo, levando-se em conta que é uma
pesquisa, e os resultados positivos ou negativos somente serão obtidos após a
sua realização.
Estou ciente de que minha privacidade será respeitada, ou seja, meu
nome ou qualquer outro dado ou elemento que possa, de qualquer forma, me
identificar, será mantido em sigilo.
Também fui informado de que posso me recusar a participar do estudo,
ou retirar meu consentimento a qualquer momento, sem precisar justificar, e de,
por desejar sair da pesquisa, não sofrerei qualquer prejuízo à assistência que
venho recebendo.
Os pesquisadores envolvidos com o referido projeto são o cirurgião
dentista Dr. Ricardo Vieria, professor da Universidade Federal de Santa
Catarina e a aluna da décima fase do curso de Odontologia da Universidade
Federal de Santa Catarina: Ana Carolina Ferreira.
É garantido o livre acesso a todas as informações e esclarecimentos
adicionais sobre o estudo, enfim, tudo o que eu queira saber antes, durante e
depois da minha participação.
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Enfim, tendo sido orientado quanto ao teor de todo o aqui mencionado e
compreendido a natureza e o objetivo do já referido estudo, manifesto meu livre
consentimento em participar.
Florianópolis, março de 2013.
_________________________________________
(nome e assinatura do pesquisado)
____________________________________________
(nome e assinatura do pesquisador responsável)