trabalho de fitopatologia
TRANSCRIPT
Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESBDepartamento de Fitotecnia e Zootecnia - DFZ
Campus de Vitória da ConquistaDisciplina: Fitopatologia I
Phytophthora sp.
Ancelmo Mendes
Gabriela Pitangueira
Josemberg Mendes
Mariana Pires
Ricardo Almeida
Wiliam Viana
UESB/Vitória da ConquistaJunho/2012
Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESBDepartamento de Fitotecnia e Zootecnia - DFZ
Campus de Vitória da ConquistaDisciplina: Fitopatologia I
Revisão sobre as doenças causadas pelo fungo do gênero Phytophthora sp. nas culturas, batata, cacau, citros, eucalipto e tomate. Apresentado a professora Sandra Elizabeth de Souza como parte da avaliação da I unidade.
UESB/Vitória da ConquistaJunho/2012
Introdução
O termo Phytophthora é a junção do termo grego phyton (planta) com o termo
latim phthora (destruição). É um género de fungo que engloba algumas espécies
particularmente nocivas para a agricultura e silvicultura.
Através de suas várias espécies, causam uma variedade de doenças, atacando grande
número de plantas em todas as regiões do mundo. É agente causal de “damping-off”,
podridão de raiz em plantas jovens e adultas, inclusive árvores, podridões de tubérculos,
necrose em órgãos da parte aérea das plantas, incluindo-se podridões de colo, cancros e
podridão de frutos em plantas anuais e arbóreas, e queima de folhagens e ramos jovens
em culturas anuais.
Em condições favoráveis de ambiente, e na presença do hospedeiro, o oósporo germina,
produzindo um tubo germinativo no qual os zoósporos são diferenciados. O tubo
germinativo pode infectar a planta ao estabelecer contato com ela, após a penetração
direta através da superfície do órgão suscetível. Pode também ao invés de causar
infecção diretamente, da origem a um esporângio. Neste caso, a infecção dar-se através
dos zoósporos produzidos a partir destes. Os zoósporos ao serem liberados pelo
esporângio nadam em direção ao hospedeiro, atraídos por seus exsudatos, germinam,
penetrando diretamente na planta. As hifas colonizam a planta secretando enzimas que
destroem seus tecidos, provocando os diferentes sintomas da doença. Na ausência do
hospedeiro, sobrevive saprofiticamente em restos culturais ou permanecem dormentes
no solo, através dos seus oósporos. Seu ciclo sexual ocorre com a produção de oósporos
cujo papel principal é assegurar a sobrevivência do fungo no solo. (FILHO, A. B;
KIMATI, H; AMORIM, L. 1995).
Este trabalho tem como objetivo identificar as características das doenças causadas
pelas espécies de fungos do gênero Phytophthora nas culturas de batata, cacau, citrus,
eucalipto e tomate.
1º capítulo: Batata- Solanum tuberosum L.
O patógeno tem como origem o México, tendo sido disseminado para outras
regiões, que cultivam batata, sendo Phytophthora infestans um dos principais fungos
que atacam a cultura da batata, apresentam micélio cenocítico, esporangóforo bem
desenvolvido com ramificação, a reprodução é sexuada, sua disseminação do patógeno
é por tubérculos doentes e por restos de culturas.
A temperatura e a umidade relativa do ar são as variáveis meteorológicas que
mais afetam a infecção por Phytophthora infestans, mas pode igualmente influir o
período de molhamento foliar, originado por chuva, orvalho, nevoeiro e irrigação. A
principal condição que favorece o desenvolvimento da requeima é a temperatura entre
em período prolongado de umidade alta. O ciclo de vida de Phytophthora infestans é
altamente dependente das condições ambientais, o que faz a requeima ser,
sensivelmente, variável no espaço e no tempo.
O ataque pode ocorrer em todas as partes das plantas como também em plantas
de qualquer idade, em condições ambientais favoráveis. Nos folíolos a doença se
manifesta através de manchas necróticas relativamente grandes, de cor parda escura, nas
bordas do folíolo ou no limbo foliar; e em tempo úmido as manchas se desenvolvem
rapidamente delimitando-se com o tecido sadio por uma faixa de tecido encharcado,
descolorido. No pecíolo e no caule as lesões são semelhantes tendendo a anelar todo o
órgão, atingindo 3 a 10 cm de altura e causando a morte do órgão acima da lesão. Já as
lesões nos tubérculos provocam uma podridão dura de cor parda, de bordos irregulares,
atingindo cerca de 1,5 cm de profundidade. Dá-se principalmente naqueles tubérculos
que estão próximos à superfície do solo
Em condições muito favoráveis, a doença pode causar a destruição da cultura
afetada em poucos dias, nessas condições se apresenta com todas as plantas queimadas,
exalando cheiro de putrefação.
2º Capítulo: Cacau – Theobrama cacao L.
O cacaueiro está sujeito a várias doenças causando prejuízos que variam de
país para país e mesmo de uma região para região. A podridão-parda ou podridão-de-
Phytophthora é a principal doença do cacaueiro (Theobroma cacao L.), considerando a
sua ocorrência em todos os países produtores. No Brasil, em condições favoráveis ao
desenvolvimento da doença, esta pode causar perdas na produção de até 80%.
Segundo levantamentos realizados entre 1977 e 1981, Phytophthora
capsici Leonian é a espécie predominante na Bahia e no Espírito Santo. Entretanto,
levantamentos posteriores mostraram tendência de crescimento das populações
de Phytophthora palmivora (Butl.) Butler e P. citrophthora (Smith and Smith) Leonian,
especialmente nas áreas foco da doença no Estado da Bahia. A espécie Phytophthora
hevea Thompson também foi relatada na Bahia, mas é considerada como de
patogenicidade moderada ao cacaueiro. Considerando-se diferentes aspectos
relacionados ao controle da doença, o monitoramento das populações
de Phytophthora spp. nas regiões cacaueiras do Brasil é de extrema importância e
precisa ser feita constantemente.
A podridão parda é considerada a principal doença em 80% dos países
produtores de cacau, cerca de 15% da produção mundial sofre com a doença. Quando o
patógeno afeta os frutos, os prejuízos causados pela doença são maiores, sendo que já
foram registradas perdas de 25 a 30% na produção anual do cacaueiro no estado da
Bahia. O fruto pode ser infectado pelo fungo em qualquer fase de desenvolvimento,
porém, quando mais velho, maior é a susceptibilidade. Os primeiros sintomas são lesões
pequenas, com 1 a 2 mm de diâmetro, arredondadas e de coloração castanho-escuro.
Com a evolução da doença, as lesões aumentam de tamanho, tornam-se elípticas,
adquirem coloração castanha e consistência firme. Após a infecção dos frutos, o fungo
penetra nas sementes, as quais ficam inutilizadas para uso industrial. No processo de
fermentação, a semente doente pode contaminar as sementes sadias por contato.
Apresentam reprodução sexual e assexual, possuindo vários hospedeiros. As
condições favoráveis para a doença consistem em alta umidade relativa do ar, com boas
condições de chuva, e excesso de sombreamento da cultura.
3º Capítulo: Citros – Citrus spp.
Gomose (Podridão do colo, Podridão do Pé)- Phytophthora spp. É uma doença
que ocorre nessas plantas há muito tempo, no passado teve muita importância, por que a
laranja azeda, utilizada como porta-enxerto, se mostrava muito resistente a essa doença,
a Gomose assumiu uma importância no Brasil, uma vez que as variedades de citros
disponíveis para porta-enxerto são em grau variáveis relativamente suscetíveis a esta
doença.
Os primeiros sintomas, lesionais e necróticos, ocorrem na região do colo da
planta, quando há o aparecimento de manchas de coloração parda e aspecto úmido,
evoluindo para o apodrecimento da casca, formando cancros com exsudação de goma.
A casca afetada desprende-se expondo o lenho já infectado que também apresenta
coloração parda. O cancro fica delimitado temporariamente por um calo, formado pelo
cambio como estrutura de defesa. Com a evolução da doença, as lesões expandem-se,
anelando o tronco, atingindo os feixes vasculares, causando, com isso, reflexos diretos
na copa. Como consequência da lesão nos feixes vasculares ocorre clorose, murcha,
amarelecimento e seca das folhas, abortamento das flores e queda das frutificações fora
da época. Causa seca e morte da planta, sendo responsável também por grande
percentagem de morte em pomares formados com mudas oriundas de viveiros
contaminados.
A doença é causada por várias espécies do gênero Phytophthora: P.
citrophthora (Sm.et Sm.) Leonian, P. parasítica Dastur, P. cactorum (Leh. Et. Cohn)
Schroet., P. palmivora Buttler e P. cinnamomi Rands, todas já assinaladas no Brasil,
sendo as duas primeiras espécies consideradas as mais importantes, ocorrendo com
maios frequência.
Os fungos agentes casuais da doença vivem saprofiticamente no solo, sendo
encontrados comumente em solos argilosos, pois há melhores condições de umidade
que nos arenosos, também é possível que vivam sobre outras plantas hospedeiras. As
condições que favorecem o desenvolvimento dessa doença são, alta umidade ao redor
do tronco e ferimentos no tronco causados por ferramentas de manejo.
4º Capítulo: Eucalipto- Eucalytus spp
Apesar do eucalipto ter sido introduzido a pouco tempo no Brasil, já no início
do presente desse século, somente a partir dos últimos anos o estudo de suas doenças
tem recebido maior atenção dos fitopatologistas e silvicultores. Dentre os problemas
patológicos que podem ocorrer em viveiros de eucalipto. As doenças fúngicas de
viveiro podem ser divididas em três categorias de acordo com a idade da planta e as
partes atacadas: “damping-off”, podridões de raiz e doença da copa.
“DAMPING-OFF” em eucalipto pertencem ao gêneros – Rhizoctonia solani
kuhn, Cylindrocladium spp, Pythium spp, Fusarium spp, Phytophthora spp. Os
prejuízos que a doença causa depende da intensidade do ataque, é em função das
condições ambientais (temperatura, umidade, etc.) e da técnica usada pra formação das
mudas. Como a doença resulta na morte das mudas (“damping-off” de pós emergência)
ou mesmo de semente em germinação mudas (“damping-off” de pré emergência), os
prejuízos se traduzem na redução do “ stand” de mudas plantáveis, causando atraso no
programa de plantio. O sintoma típico dessa doença se caracteriza pela ocorrência de
uma lesão na região do colo da muda, a qual pode se estender a alturas variáveis no
hipocótilo tendo aspecto encharcado de início e depois adquirindo coloração escura
resultante da degeneração dos tecidos e com isso acaba provocando tombamento da
muda e a sua morte.
Os principais fungos causadores de “DAMPING-OFF” em eucalipto pertencem
ao gêneros Pythium, Phytophthora, Rhizoctonia, Cylindrocladium, Fusarium. Os
agentes causadores de “DAMPING-OFF”, habitam normais no solo onde podem
sobreviver saprofiticamente ou através da água de chuva ou irrigação, sendo que esses
fungos variam bastante quanto a temperaturas. De modo geral, as temperaturas, a
umidade, a composição do solo, a densidade das mudas e a época de semeadura são
fatores que influenciam o desenvolvimento da doença.
5º Capítulo: Tomate – Lycopersicum esculentum Mill.
Requeima - Phytophthora infestans (Mont) De Bary, essa doença passou a
constituir problemas na cultura a partir de 1950, sua importância aumenta ano após ano.
Nos meses mais frios e úmidos é a principal doença de fungo do tomateiro.
A doença se apresenta em condições de temperatura entre 15 a 25°C, umidade
elevada e é causada por Phytophthora infestans (Mont) De Bary. Os sintomas atacam
todos os órgãos aéreos da planta, em qualquer estágio de desenvolvimento, nos folíolos,
os primeiros sintomas se manifestam como manchas irregulares, de tecido encharado de
cor verde escura de tamanho variável. Com necrose nos tecidos afetados tornando de
cor parda escura, já em ambientes úmido desenvolve-se sobre a superfície afetada, na
face interior do folíolo, um crescimento branco cinza, constituído de estruturas de
reprodução assexuada com esporangióforos que emergem através dos estômatos. Os
frutos próximos da maturação podem ser infectados e só exibir os sintomas após a sua
maturação. As lesões são alongadas, semelhantes as das folhas, tendendo a anelar todo o
órgão, promovendo a morte de toda porção do órgão disposta acima da lesão.
Apresentando podridão dura, de cor pardo escura, profunda, atingindo
aproximadamente 1,5 cm de profundidade, que os inutiliza para o consumo. As plantas
exalam um odor putrefato característico.
CONCLUSÃO
Os fungos são importantes causadores de doenças em plantas comerciais, causando
sérios prejuízos para os agricultores brasileiros. O gênero Phytophthora contém
aproximadamente 60 espécies e inclui espécies patogênicas a diversas espécies de
plantas. A identificação de espécies Phytophthora de acordo com a taxonomia está
baseada em características culturais e morfológicas do patógeno. Neste trabalho foi
relatado as diversas doenças e suas características causadas pelas espécies deste gênero
nas culturas de batata, cacau, citros, eucalipto e tomate.
Referências Bibliográficas
DUARTE, H. da S. S; ZAMBOLIM, L; JUNIOR, W. C. de J. Manejo da requeima do tomateiro industrial empregando sistema de previsão. Summa Phytopathologica. Vol. 33 nº 4. Botucatu Out/Dez. 2004.
FALEIRO, F. G. et al. Uso de marcadores RAPD na classificação de isolados de Phytophthora spp. causadores da podridão parda do cacaueiro no Brasil. Fitopatologia Brasileira. Vol. 28, nº 3 Brasília, Mai/Jun. 2003.
FILHO, A. B; KIMATI, H; AMORIM, L. Manual de Fitopatologia. Volume 1: Princípios e Conceitos: 3ª Edição. São Paulo, Ceres. 1995.
GALLI, F; CARVALHO, P. de C. T; TOKESHI, H; et al. Manual de Fitopatologia. Volume 2: Doenças de Plantas Cultivadas: 4ª Edição. São Paulo, Ceres. 1980.
Gomose. Disponível em:< www.agrolink.com.br/gomose>. Acessado em: 31 de Maio de 2012.
Requeima. Disponível em:< www.agrolink.com.br/requeima>. Acessado em: 31 de Maio de 2012.
ROSA, D. D. et al. Diversidade de Phytophthora parasitica isolados de Citros usando seqüências de nucleotídeos da região ITS-5.8S rDNA. Summa Phytopathologica. Vol. 32, nº 2. Botucatu, Abr/Jun. 2006.
TRENTIN, G. et al. Controle da requeima em batata cv. 'Asterix' como base para modelos de previsão da doença. Ciência Rural. Vol. 39 nº 2. Santa Maria Mar/Abr. 2009.