trabalho de literatura portuguesa análise do livro “...
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TRABALHO DE LITERATURA PORTUGUESA Análise do livro “ Amor de Salvação “
INTRODUÇÃO
A obra “Amor de Salvação”, de Camilo Castelo Branco, pertence ao
romantismo e ilustra os ideais da terceira fase.
Caracteriza o amor através do triângulo amoroso formado pelos
personagens principais, traço decorrente nas obras do autor.
Em “Amor de Salvação” ocorre o adultério, expressando um amor carnal
onde o corpo passa a ser objeto de desejo.
A história retrata, ironicamente, o tema da felicidade diante de um "amor
tranquilo”.
Podemos perceber uma diegése romântica. Encontramos em Afonso,
típicas características do movimento romântico com conflitos que rodeiam o
amor dos personagens principais.
Ele vive entre o amor e o sofrimento, pelas dificuldades enfrentadas para
concretizar o amor que tem um tom trágico, pois, em “Amor de Salvação” o
amor torna-se doentio.
A obra contrasta a mulher-anjo com a mulher fatal e esboça o quadro
irónico de uma vida conjugal feliz e bucólica de proprietário rural.
Enredo
A história trata sobre o amor de dois personagens, Teodora e Afonso, e
é relembrada, em uma noite de natal por Afonso de Teive, para seu amigo,
escritor, depois de aproximadamente doze anos em que não se viam.
Afonso e Teodora foram prometidos um para o outro por suas mães que
eram amigas desde quando estudavam em um convento. Após a morte da
mãe, Teodora, vai para um convento e fica sob a guarda de seu tio, pai de
Eleutério Romão, porém ela e Afonso ainda mantêm contato com a esperança
de um dia ficarem juntos e casar.
Afonso decide ausentar-se por dois anos para dedicar-se aos estudos,
enquanto, no convento, Teodora influenciada pela amiga Libana, que acabou
sendo expulsa do convento, decide casar-se o mais rápido possível como
modo de ficar livre daquela “prisão¨. A mãe de Afonso, Eulália, pede-lhe para
aguardar, mas Teodora acaba casando-se com seu primo Eleutério, filho do tio
que era responsável por ela. Teodora viveu muito bem, não lhe faltando nada,
mas nunca esquecera Afonso.
Afonso enviou algumas cartas para Teodora, porém não obtinha
respostas. Quando soube da notícia do casamento, Afonso sofreu muito, sua
mãe e sua prima, Eulália e Mafalda, o consolavam através de cartas.
Influenciado pelo seu amigo José de Noronha, após anos de amargura,
Afonso decide escrever novamente para Teodora, mas esta carta acaba caindo
nas mãos de Eleutério, que não sabia ler e pediu para que um amigo o fizesse,
acabando por ficar sem saber de que se tratava.
Fernão de Teive, tio de Afonso, em posse da carta reconhece as
intenções do sobrinho e acaba por rasga-la sob a desculpa de serem apenas
crendices.
Inconformado, Afonso resolve ir ao encontro de Teodora, momento este
que os dois são surpreendidos por Eleutério que exige explicações. Teodora
diz a Eleutério que é uma mulher livre e decide fugir com Afonso para viver
este amor.
Os dois passam momentos felizes, Afonso abandona até sua própria
mãe para viver esse amor intensamente e sem limites.
Mafalda escreve para Afonso e informa a morte de sua mãe, Eulália. Ele
fica desesperado e, mesmo com a tentativa de Teodora em consolá-lo, Afonso
se afasta de tudo e de todos, passando a viver isoladamente.
Mais tarde, Afonso é alertado por um de seus criados, Tranqueira, que
José de Noronha estava interessado em Teodora. Afonso passou a observá-
los, encontrou algumas cartas que confirmaram suas suspeitas e expulsou
Noronha de sua casa.
O criado de Afonso, Tranqueira, com o intuito de vingar a honra de seu
patrão, derruba Noronha em uma cisterna e Teodora desmaia com tal situação.
Afonso resolve passar uns dias fora de casa e quando retorna descobre
que Teodora foi embora levando consigo alguns valores.
Mesmo com tudo isso, Afonso ainda tinha saudades de Teodora, e com
a intenção de buscar um novo amor e livrar-se desta dor, ele parte para Paris
onde gasta tudo o que tem. Todos estes acontecimentos deixam Afonso tão
deprimido que o mesmo chega a pensar em suicídio, o que não ocorrera
devido aos conselhos e o apoio de seu criado.
Afonso pede para seu tio Fernão para comprar-lhe a casa onde viveu
sua família, pois a mãe de Afonso tinha o desejo de que a casa não fosse
vendida após sua morte, e Fernão, sob o pedido de Mafalda, atende a proposta
com a condição de que a casa continue sendo de Afonso.
Tranqueira, que não abandonava Afonso e sempre o apoiara, percebe
as intenções fúteis de seu patrão e, com seus conselhos, acaba por livrar
Afonso de tudo isto, passando a abandonar essas atitudes inadequadas.
Fernão de Teive adoeceu e antes de morrer pediu ao Padre Joaquim
para ir a Paris e entregar os documentos da casa que comprara de Afonso.
Mafalda, sentindo-se muito sozinha, decide ir com o Padre.
Ao receber a notícia da morte de seu tio, Afonso chora e vai ao encontro
de sua prima que estava hospedada em Paris com a finalidade de entrar para
um convento.
Padre Joaquim sugere que os dois, Afonso e Mafalda, se casem. Afonso
e Mafalda agradeceram a Deus pelas preces de suas mães, voltaram para sua
cidade, casaram-se, tiveram oito filhos e foram muito felizes.
Personagens Protagonista
Afonso de Teive, poeta e escritor, é o protagonista nessa narrativa. No
decorrer da narrativa, classificaremos Afonso de Teive como um personagem
redondo, pois ele apresenta uma variedade de características.
Afonso de Teive é um homem que vive uma paixão obsessiva, sem
limites, por Teodora Palmira, que por sua vez não correspondia aos seus
desejos de felicidade.
Afonso vive em busca de um amor, de uma satisfação pessoal, ele ama
loucamente e sem medidas.
Em um primeiro momento da história podemos conhecer um Afonso
jovem, infeliz e boêmio, que mesmo quando estava ao lado da mulher que
sempre desejara, não encontrou nela a felicidade almejada por ele.
Afonso apresenta-se como um homem muito mimado e dado aos luxos
da sociedade em que vive. Apesar de sua figura “heroica”, o herói romântico
não tem coragem para enfrentar os problemas, os obstáculos, tanto que em
nenhum momento ele enfrenta Eleutério. Afonso aparece bem mais velho,
gordo e pai de oito filhos.
“É inquestionavelmente este homem gordo de barbas intonsas, óculos e tamancos, o Afonso de Teive da Palmira de Lisboa¨ (Amor de Salvação,2002 / 2003, p.11)
Ele encontra sua felicidade ao lado de uma mulher simples, Mafalda.
Afonso é um bom homem em busca da sua felicidade. O amor de
Afonso por Teodora/Palmira se dá apenas no início da narrativa,
transformando-se depois num sentimento sensual e perturbador, que só tem
salvação nos braços de Mafalda.
Afonso Teive, o personagem-narrador de "Amor de Salvação", vive
dividido entre os prazeres carnais, proporcionados por uma mulher fatal,
Teodora, e o conforto de espírito, que só consegue ao lado de uma virgem
angelical, Mafalda. Nesta novela, Camilo Castelo Branco enaltece o caráter
salvador do amor, já que o apresenta como um sentimento capaz de regenerar
indivíduos, afastar boêmios das tavernas e restaurar a honra familiar.
Antagonista
O grande vilão, o antagonista nessa narrativa, é a sociedade, pois a
maneira como este romance é retratado, fere os princípios da época.
Afonso não é desprezado pela família, mas decepciona e entristece a
todos quando foge com Teodora, onde tenta realizar o amor da adolescência e
se frustra, visto que Teodora o trai e mostra-se diferente do que era.
“Amava ela Eleutério Romão?! Não amava, disse-o ela, e eu juro nas palavras de Teodora. O que ela amava era a liberdade; os anelos de sua alma ansiavam sôfregos um viver, que o temperamento lhe estava pedindo a gritos, gritos que a sociedade não escuta, não acredita e não perdoa” (Amor de Salvação,2002 / 2003, p.21)
Secundários
Teodora Palmira é identificada como personagem secundária, pois sua
vida não é modificada pela ação de Afonso, e sim, a vida e a trajetória de
Afonso que é modificada por Teodora. Ela pode ser considerada um
personagem redondo, pois apresenta várias características durante a narrativa.
Primeiramente ela aparece na história como um anjo.
"Estou livre. Aqui me tens, Afonso. Aqui está a tua Palmira, com o virgem coração que lhe conheceste, mais valioso do que era, mais depurado dos instintos maus, graças aos trabalhos que me angustiaram a vida. Queres me assim, Afonso?..." (Amor de Salvação,2002 / 2003, p.58)
Ela se mostra sempre “chamativa”, pois sabia que era muito atraente e
bonita. Ela coloca seus desejos sempre em primeiro lugar, não se preocupando
com os sentimentos alheios, sendo comparada como um verdadeiro demônio,
fútil e ambiciosa.
(...) todos os rumores da noite diziam comigo um hino ao Senhor que me descativara das ciladas da mulher fatal, que no descaro mesmo da sua audácia me fascinara e com aqueles cabelos tecera o baraço de estrangulação da minha dignidade” (Amor de Salvação,2002 / 2003, p.37)
Teodora lembra o próprio demônio, e tinha o objetivo de levar os que
estão próximos a ela para o “inferno”; Ela trai o marido e o amante, e é
apresentada na narrativa como uma mulher forte e decidida, que sempre
consegue o que quer.
Na narrativa, Teodora é comparada com a cidade, o que, neste período,
representava o luxo e as riquezas.
Mafalda é uma mulher simples e modesta. Ela não é apegada a luxos e
riquezas. É o oposto de Teodora.
Na narrativa, Mafalda é comparada com o campo, o que, neste período,
representava a simplicidade e a modéstia.
“Mafalda, anjo solitário, que vês com os olhos puros as estrelas da nossa infância, ora por mim, dá-me a tua piedade, que nenhuma outra me dá este mundo”. (Amor de Salvação,2002 / 2003, p.64)
Ela, de certa forma, espera por seu primo Afonso com muita paciência,
casa-se com ele no final da história com qual tem oito filhos.
O título “Amor de Salvação” está inspirado nesse encontro entre Afonso
e Mafalda, apesar de isso só aparecer no término da narrativa.
Eleutério Romão é apresentado como um homem sem cultura, simples
e do campo. Primo de Teodora e Afonso, ele é quem liberta Teodora do
convento e acaba, de certa forma, sendo manipulado por Teodora. Preso a um
casamento de interesses, ele acaba sofrendo por ter seu amor traído por
Teodora.
“Eleutério tem vinte e dois anos; quis aprender a ler com seu tio padre Hilário; mas a natureza opôs-se-lhe, logo que ele, após um ano de canseira, entrou a soletrar palavras de três sílabas.” (Amor de Salvação ,2002 / 2003, p.21)
Após a separação entre ele e Teodora, Eleutério encontra uma mulher
fiel com quem vive muito feliz.
Eulália é mãe de Afonso e aparece na história como a melhor amiga da
mãe de Teodora, com quem esteve em um convento. Ambas prometeram seus
filhos um ao outro.
Ela pode ser comparada com Mafalda, pois é uma mulher simples e com
um forte desejo de que Afonso encontre sua felicidade em um verdadeiro amor.
Eulália sofre muito com o envolvimento de seu filho com Teodora, uma
mulher adúltera, torcendo para que Afonso e Mafalda fiquem juntos.
“O pavor de que um filho seu, um descendente de santos, e pelo menos honrados varões, pudesse dar ao mundo o escândalo de tamanha perversidade, acendeu-a em louvável indignação”. (Amor de Salvação,2002 / 2003, p.44)
Tranqueira é o fiel criado de Afonso. Ele o informa sobre a possível
traição de Teodora com D. José de Noronha, fato esse que, depois de
confirmado, deixou Tranqueira tão indignado que ele acaba vingando Afonso
jogando D. José dentro de uma cisterna.
“Disse, depôs a lanterna, sobraçou-o pela cintura, fincou-lhe a mão esquerda no gasnete, levou-o de borco sobre a cisterna do depósito de à gua para os cavalos e baldeou-o dentro exclamando: "Há-de ir fresco, há-de ir fresco, seu alfacinha!" (Amor de Salvação,2002 / 2003, p.69)
Em nenhum momento Tranqueira abandona Afonso, sempre se mostrou
um amigo presente.
Em certo momento, Afonso perde tudo e Tranqueira passa ajudá-lo tanto
nas despesas da casa, quanto o aconselhando sobre valores morais, trabalho
e honra.
Quando Afonso vai morar com Mafalda, Tranqueira passa a viver junto
com eles.
Tio Fernão é pai de Mafalda e deseja que ela se case com seu
sobrinho, Afonso. Apesar de seu desejo ter sido atendido, ele não consegue
presenciar o fato, pois ele acaba morrendo antes disso. Ele se mostra muito
generoso na história, pois compra as propriedades de Afonso como forma de
evitar a miséria e falência deste.
“[...] em nome de tua santa mãe, que aceites as três quintas
que vendeste, e de que teu bom tio era possuidor quando
morreu. Na intenção de tas restituir foi que ele as comprou.
Eu cumpro a sua vontade, esperando que tu obedeças à
vontade de meu pai. Aceita o que teu era, meu querido
Afonso, meu bom irmão; aceita, que é meu pai e tua mãe
que to pedem, e eu também, com as mãos erguidas." (Amor
de Salvação,2002 / 2003, p.75)
D. José de Noronha é um homem que passa a frequentar a casa de
Afonso e Teodora em Lisboa. Em sua permanência na casa ele se apresenta
como amigo de Afonso, mas acaba se interessando por Teodora, a qual passa
a ser sua amante.
“A expectativa de D. José fora surpreendida pelo excedente de uma formosura, graças a talento não imaginados. Estes gabos, porém, proferidos a medo na presença dela, eram tão respeitosos e aferidos no padrão do melindre palaciano que Afonso de Teive nem por sonhos aventou a possibilidade de uma intenção desleal do amigo.” (Amor de Salvação,2002 / 2003, p.53)
Padre Joaquim de São Miguel é apresentado na narrativa como um
modelo de padre. Ele aparece no final da história em sua viagem para Paris ao
encontro de Afonso e é responsável pelo casamento de Afonso e Mafalda.
“Padre Joaquim era um modelo de padres, capelão da casa, havia trinta e cinco anos;[...] (Amor de Salvação,2002 / 2003, p.70)
CARACTERÍSTICAS ROMÂNTICAS
Individualismo
Camilo Castelo Branco liberta-se da necessidade de seguir formas reais
de intuito humano, abrindo espaço para a manifestação da individualidade,
muitas vezes definida por emoções e sentimentos.
Camilo faz a análise dos ideais românticos de uma forma muito
individual, muito particular. Através de sua visão crítica, ele desconstrói
satiricamente os ideais sociais e literários predominantes.
“Esta dualidade em Afonso de Teive era uma distinção, que o tomava menos agradável aos literatos circunspectos, e menos estimáveis também aos camaradas das assuadas e motins nocturnos. Afonso era poeta num género galhofeiro, quando queria; e dedilhava o alaúde das elegias, se lhe dava para lastimar-se, ou carpir saudades imaginárias de mulheres, suas amadas, fugidas deste lamacento globo para os piamos balsâmicos do Céu.” (Amor de Salvação,2002 / 2003, p.03)
Subjetivismo
Camilo trata dos assuntos de forma pessoal, de acordo com sua opinião
sobre o mundo. O subjetivismo pode ser notado através do uso de verbos na
primeira pessoa. Trata-se sempre de uma opinião parcelada, dada por um
individuo que baseia sua perspectiva naquilo que as suas sensações captam.
Com plena liberdade de criar, Camilo não se acanha em expor suas
emoções pessoais, em fazer delas a temática sempre retomada em sua obra.
“[...] padre que se me ia fugindo deste romance por um cabelinho: o que seria novidade nos meus livros. Quando eu puder arquitectar uma novela sem padre, hei-de chamar-me romancista puxado de imaginação. O mestre dos escritores floridos, Almeida Garrett, segundo disse e provou, tinha o vezo dos frades. Ele e eu, cá muito no coice processional dos seus discípulos, havemos de fazer amar os frades e os padres, pelo menos os padres-capelães bem procedidos e venerandos como padre Joaquim, capelão da casa de Fonte Boa.” (Amor de Salvação,2002 / 2003, p.70)
Idealização
Empolgado pela imaginação, Camilo idealiza temas, exagerando em
algumas de suas características. Dessa forma, a mulher é vista como uma
virgem frágil e a noção de pátria também são idealizadas.
“Acudia-me à lembrança a minha triste Mafalda, a irmã terna, a meiguice da virgem compadecida; porém, o meu coração, a porejar o esqualor da sua hedionda chaga, rejeitava os bálsamos de um afecto purificador.” (Amor de Salvação,2002 / 2003, p.61)
Mas sempre te devo dizer, Afonso, que eu ouvi muitas vezes contar a tuas avós que era costume em nossa geração nunca saírem da Pátria para as guerras contra a Espanha os militares ainda mancebos e os generais já encanecidos, sem irem de Lisboa ao Minho despedir-se dos seus, e ora em comum diante da cruz a que suas mães tinham orado com eles tenrinhos nos braços.” (Amor de Salvação,2002 / 2003, p.26)
Sentimentalismo exacerbado
O texto expressa as emoções e os sentimentos de Camilo e são como o
relato sobre uma vida.
Camilo analisa e expressa a realidade por meio dos sentimentos. E
acredita que só sentimentalmente se consegue traduzir aquilo que ocorre no
interior do indivíduo relatado.
“- Amor, sim, amor indomável, amor faminto de vê-la e de ouvi-
la, de chorar com ela, de arrebatá-la ao marido, e insultar a
sociedade e Deus na posse dela.” (Amor de Salvação,2002 /
2003, p.42)
Egocentrismo
Como o nome já diz, é a colocação do ego no centro de tudo. Vários
artistas românticos colocam, em seus poemas e textos, os seus sentimentos
acima de tudo, destacando-os na obra. Pode-se dizer, talvez, que o
egocentrismo é um subjetivismo exagerado.
¨Eu amava a mulher abismada, a mulher prostituída! Eu,Santo
Deus, com instintos tão nobres, educação tão religiosa e
respeitos tão profundos à dignidade! Pensava-o eu assim;
dava-me eu então os epítetos usurpados à honra!¨ (Amor de
Salvação,2002 / 2003, p.70)
Natureza interagindo com o eu lírico
A natureza, no Romantismo, expressa aquilo que o eu-lírico está
sentindo no momento narrado. A natureza pode estar presente desde as
estações do ano, como formas de passagens, às tempestades, ou dias de
muito sol.
No Romantismo, a natureza interage com o eu-lírico. A natureza
funciona quase como a expressão mais pura do estado de espírito do poeta.
“Não sei de que futuro Abril do meu porvir me veio esta manhã
um bafejo aromático de flores, umas ondulações de luz, que
me pareciam as da minha juventude”. (Amor de Salvação,2002
/ 2003, p.12)
“Transmontando o Sol, desceu das cumeadas um toldo
pardacento a desdobrar-se pelos plainos, a confundir-se no
fumo das aldeias, a identificar-se com o escuro dos arvoredos.
Começava a noite sem bafejo de vento. Nem já a rama dos
pinhais rumorejava aquele seu saudoso sonido, que se me
afigura sempre a inarticulada toada de mui remontadas e
remotíssimas vozes de mundos que giram nas profundezas do
espaço”. (Amor de Salvação,2002 / 2003, p.01)
Byronismo
Inspirado na vida e na obra de Lord Byron, poeta inglês. Estilo de vida
boêmio, voltado para vícios, bebida, fumo , podendo estar representado no
personagem ou na própria vida do autor romântico. O byronismo é
caracterizado pelo narcisismo, pelo egocentrismo, pelo pessimismo, pela
angústia.
"O meu segundo ano de Coimbra foi um continuado suicídio. Desbaratei a saúde em toda a espécie de desregramento e libertinagem. Não dei nos olhos da academia, porque, naquele ano de 1846, a fermentação da guerra civil absorvia os espíritos alvorotados dos académicos. Fechou-se a Universidade em Maio, quando eu, extenuado de insónias e empeçonhado de bebidas estimulantes, caí de cama, com o sincero desejo e alegre esperança de que me não levantaria mais.” (Amor de Salvação,2002 / 2003, p.01)
Simbologia
Na obra, temos o triângulo amoroso formado por Afonso, Teodora
(Palmira) e Mafalda que formam um trio de amor. Esse triângulo amoroso
representa a dimensão amorosa, o sentimento da paixão ao qual se opõe o
mundo exterior, isto é, na visão do autor, a sociedade hipócrita da época.
Afonso Mariana Teodora
Narrador
Na obra Amor de Salvação temos dois tipos de narrador:
Narrador- autor
Narrador personagem
Narrador - autor
Na obra apresenta-se como um contador de casos, escrevendo uma
narrativa alheia. Mas no decorrer da história aparenta uma sutil identificação
entre narrador e autor, em alguns trechos apresenta referencias de
acontecimentos de sua vida, como do tempo em que esteve preso, por causa
da acusação de adultério.
“A minha tenda são uns vinte volumes, um tinteiro de ferro e um cabo de pena de osso, que me deram noutro ponto do mundo, onde há quatro anos assentara também a minha tenda – ponto do mundo que por um singular acaso explicava ao meu sestro vagabundo: era o ano do Senhor de 1860, nos cárceres da Relação do Porto.” (Amor de Salvação,1998,p.33)
Narrador personagem Participa diretamente do enredo como qualquer personagem, mas tem
um campo de visão limitada, isto é, não é onipresente, nem onisciente. Dentro do narrador personagem, temos o narrador testemunha, que não é o personagem principal, mas narra acontecimentos dos quais participou, ainda que sem grande destaque.
O narrador conta-nos mais de uma história, ou seja, há histórias dentro de histórias, como: a história do reencontro do narrador com o amigo Afonso de Teive, personagem principal, depois de alguns anos.
“A pessoa, que respondeu assim à minha pergunta falou-me duma janela envidraçada, e acrescentou:” (Amor de Salvação,1998,p.17)
Todas essas histórias acontecem no período que vive o narrador, o
mesmo faz reflexões sobre os costumes e valores da sociedade da época, além de comentários sobre romance e amor.
“(...) é bom que a palavra virtude sirva de piedoso visco à liberdade de pessoas, que desejam alguma vez, ao lerem-se virtuosas, experimentar a satisfação de se verem ir à posteridade na seção do noticiário.” (Amor de Salvação,1998, p. 22)
Porém, em “Amor de Salvação” há diferentes vozes narrativas, pois além
dos diálogos e a presença de cartas para ceder vozes aos personagens, como em “Amor de Perdição”, o narrador ora escreve em 3ª pessoa e ora concede a voz para que o próprio Afonso de Teive conte sua história. Estes momentos são marcados com “aspas” (“) no início dos períodos:
“Caminhamos para a casa, e não trocamos palavra. Entrei no meu quarto, lancei-me sobre a cama, abafei o rosto nas almofadas e vinguei-me do meu infortúnio a chorar.” ( Amor de Salvação,1998, p.63)
O diálogo com o leitor também é perceptível no início e ocorrerá por toda a obra:
“O leitor folheia duzentas páginas deste livro, e o amor de felicidade e bom exemplo não se lhe depara ou vagamente lhe preluz.” (Amor de Salvação,1998, p.13)
“Se o leitor considera que seria curioso esquadrinhar o caso, eu de mim entendo que a humanidade não ganha com isso nada, e, portanto neste, e em muitos outros artigos advenientes de moral duvidosa, ponho, e porei ponto, quando não seja preciso à contextura deste romance desvelar factos censuráveis.” (Amor de Salvação,1998, p.20)
Espaço
Compreende o espaço físico, onde se tem a apresentação de diversos
ambientes.
No primeiro momento ficamos conhecendo o Minho, onde o narrador se perdeu e encontrou seu amigo e personagem do romance, Afonso de Teive:
“E naquele dia 24 de dezembro de 1863 andava eu no Minho, por aquela corda de chãs e outeiros, que abrangem quatro léguas entre Santo Tirso, Famalicão e Guimarães.” (Amor de Salvação,1998, p.15)
Afonso apresenta a sua casa ao amigo.
“Entrei num vasto pátio, contornado de arcadas semelhantes
ás das claustras monásticas.” (Amor de Salvação,1998, p.17)
No terceiro momento somos conduzidos a uma estalagem onde Afonso põe-se a contar sua história para o narrador.
“Falarei, e tu ouvirás, ou dormirás. Falarei do homem que conheceste em 1851, para explicar o homem de 1863,” (Amor de Salvação,1998, p.32)
No início da narrativa de Afonso ao amigo, é nos apresentado o ambiente de Braga, onde Afonso foi apresentado a Teodora e o convento onde fora mandada pelo seu tutor.
“Na última fase de sua vida, foi ela a Braga com sua filha de propósito a encontrarem-se com o moço predestinado a esposo, já esquecido, talvez, dos primeiros anos em que se haviam conhecido crianças” (Amor de Salvação,1998, p.36)
“Apenas falecida sua mãe, Teodora foi recolhida ao convento das Ursulinas, por deliberação dum tio paterno, constituído espontaneamente tutor da órfã.” (Amor de Salvação,1998, p.36)
Desiludido por saber do casamento de Teodora segue para Coimbra disposto a esquecê-la.
“Então pensei em ir para Coimbra, onde esperava eu que mil
rapazes de todas condições e feitios me arrancariam de mim próprio, e levariam em suas folias, ou me habituariam o espírito às consoladoras ocupações do estudo” (Amor de Salvação, 1998, p.59)
De férias da Universidade vai visitar a mãe em Leça da Palmeira, onde revê Teodora.
“Os meus dias corriam magoados, mas serenos em Leça da Palmeira, onde se haviam reunidos alguns parentes nossos de
casas muito distantes uma das outras.” (Amor de Salvação,
1998, p.61)
Afonso vai para Lisboa, onde mobília uma casa em um lugar sossegado.
“Mobiliou casa no bairro de Buenos Aires, na menos frequentada das ruas.” (Amor de Salvação, 1998, p.80)
Afonso volta para a cidade no intuito de encontrar Teodora, os dois se encontram e fogem para Lisboa, onde vivem em um palácio.
“[...] viviam num palacete ao Campo Grande, por ser entrada estiva.” (Amor de Salvação, 1998, p.103)
Após descobrir a traição de Palmira e de sua fortuna ter acabado, Afonso junto do seu criado fiel Tranqueira se mudam para uma casa simples.
“Vendeu Afonso as suas jóias e alugou uma mansarda, que mobiliou consoante a escolha de Tranqueira, pobre e limpamente.” (Amor de Salvação, 1998, p.134)
Afonso e Malfada se casam e vão morar em Ruivães.
“Há dez anos que vivo em Ruivães. Neste longo espaço, apenas tenho acompanhado minha mulher a observar a cultura de suas quintas, que ela teima em chamar minhas.” (Amor de Salvação, 1998, p.141)
Tempo cronológico
A narrativa abrange o tempo cronológico fictício, com apresentação de tempo presente.
“Estava claro o céu, tépido o ar, e as bouças e montes floridos. O mês era dezembro de 1863, em véspera de Natal.” (Amor de Salvação, 1998, p.15) “Retive a palavra. Ia perguntar-lhe grosseiramente se ele era feliz com oito filhos; pergunta desculpável ao Afonso, que eu conhecera desde 1845 até 1851.” (Amor de Salvação, 1998, p.18)
Tempo psicológico
O tempo passado, referente as lembranças de Afonso de Teive, (flash back), durante a narração de Afonso ao narrador o tempo é cronológico e linear.
“Afonso de Teive estudava, há vinte anos em Braga, os elementos preparatórios para o curso universitário, quando viu Teodora, conhecida pela morgadinha de Fervença. Era ela então uma menina de catorze anos. Afonso tinha dezessete.” (Amor de Salvação, 1998, p.35)
Contexto histórico Romantismo em Portugal
O Romantismo foi um movimento que buscava uma renovação nas artes
em geral. O Romantismo em Portugal durou cerca de 40 anos (1825 a 1865).
Portugal é o reflexo dos dois acontecimentos que marcaram e mudaram
a face da Europa na segunda metade do século XVIII: a Revolução Francesa e
a Revolução Industrial, responsáveis pela abolição da monarquias aristocratas
e pela introdução da burguesia que então, dominara a vida política, econômica
e social da época.
Portugal tendo perdido grande parte de suas colônias, voltara as suas
esperanças ao Brasil, mas não tiveram muito tempo pois logo houve a invasão
das tropas de Napoleão e a família real refugiou-se para o Brasil, a metrópole
se viu na condição de “colônia da própria colônia” e sob o comando do militar
inglês, Beresford.
A luta pelo trono em Portugal, se dá com veemência, gerando
conturbação e desordem interna na nação. De um lado estava D. Pedro IV,
representando a tentativa de implantação do liberalismo no país, do outro
estava D. Miguel que defendia ideias absolutistas, D. Pedro reuniu um exército
para enfrentar seu irmão, mas teve que ceder ao trono português por ter sido
derrotado, apenas reavio o trono português em 1834, quando o liberalismo foi
implantado.
Todos esses acontecimentos tornaram incipiente o início do Romantismo
em Portugal, marcado pela publicação do poema Camões, de Almeida Garrett,
em 1825. Mesmo assim, sua pujança viria a ocorrer mais tardiamente, com o
reconhecimento de nomes como Almeida Garrett, Alexandre Herculano e
Camilo Castelo Branco, entre outros.
Biografia Camilo Castelo Branco (1825-1890)
Camilo Ferreira Botelho Castelo Branco ficou órfão na sua infância.
Passou os seus primeiros anos numa aldeia em Trás-os-montes onde foi
educado em casa por três tias solteiras. Aos 13 anos de idade ingressa no
seminário católico de Vila Real onde foi educado por padres católicos.
Durante a sua adolescência apaixonou-se pela poesia de Camões e de
Bocage, enquanto que Fernão Mendes Pinto deu-lhe o sentido de aventura.
Apesar do seu interesse pela literatura e da sua especial habilidade para o
grego e o latim, Camilo era um estudante distraído, muitas vezes indisciplinado
e orgulhoso.
Com apenas dezesseis anos (1841), Camilo casa com Joaquina Pereira
de França e instala-se em Friúme (Ribeira de Pena). O casamento precoce
parece ter sido resultado de uma mera paixão juvenil, não tendo resistido muito
tempo. No ano seguinte prepara-se para ingressar na Universidade, indo
estudar com o Padre Manuel da Lixa, em Granja Velha. Seu caráter instável e
irrequieto leva-o a amores tumultuosos, vivendo a seguir com Patrícia Emília de
Barros.
Enquanto morava com Patrícia Emília de Barros, Camilo publicou n’O
Nacional, correspondências contra José Cabral Teixeira de Morais, governador
civil. Devido a esta desavença é espancado pelo capanga do governador. As
suas irreverentes correspondências jornalísticas valeram-lhe, em 1848, nova
agressão. Camilo abandona Patrícia nesse mesmo ano. Camilo tenta então o
curso de Medicina no Porto que não conclui, optando depois por Direito. A
partir de 1848 faz uma vida de boémia repleta de paixões, repartindo o seu
tempo entre os cafés e os salões burgueses, dedicando-se entretanto ao
jornalismo.
Apaixona-se por Ana Plácido, e quando esta se casa, Camilo a seduz e
rapta, depois de algum tempo, são capturados pelas autoridades e depois
julgados. Naquela época o caso emocionou a opinião pública pelo seu
conteúdo tipicamente romântico do amor contrariado, que se ergue à revelia
das convenções e imposições sociais.
Presos na cadeia da relação do Porto, escreveu Memórias do Cárcere,
tendo conhecido o famoso delinquente Zé do Telhado. Depois de absolvidos do
crime de adultério, Camilo e Ana Plácido passam a viver juntos, contando ele
trinta e oito anos de idade.
Em 1885 é-lhe concedido o título de visconde de Correia Botelho e
posteriormente, a 9 de Março de 1888 casa-se finalmente com Ana Plácido.
Camilo passa os últimos anos da sua vida ao lado de Ana Plácido, não
encontrando a estabilidade emocional por que ansiava. As dificuldades
financeiras, e os filhos dão-lhe enormes preocupações: considera Nuno
irresponsável e Jorge sofre de uma doença mental. A progressiva e crescente
cegueira (causada pela sífilis), impede Camilo de ler e de trabalhar
capazmente, o que o mergulha num enorme desespero.
Camilo Castelo Branco, depois da consulta a um oftalmologista que lhe
confirmara a gravidade do seu estado, em desespero desfere um tiro de
revólver na têmpora direita, às 15h15 de 1 de Junho de 1890, acabando por
morrer às 17h00 desse mesmo dia.
ALGUMAS OBRAS DO ESCRITOR
“Anátema” (1851), “Mistérios de Lisboa” (1854), “A Filha do Arcediago”
(1854), “Livro Negro de Padre Dinis” (1855), “A Neta do Arcediago” (1856),
“Onde Está a Felicidade?” (1856), “Um Homem de Brios” (1856), “Lágrimas
Abençoadas”, “Cenas da Foz”, “Carlota Ângela”, “Vingança”, “O Que Fazem
Mulheres” (1858), “Doze Casamentos Felizes” (1861), “O Romance de um
Homem Rico” (1861), “As Três Irmãs” (1862), “Amor de Perdição” (1862),
“Coisas Espantosas”, “O Irónico” (1862), “Coração, Cabeça e Estômago”
(1862), “Estrelas Funestas”, “Anos de Prosa” (1862), “Aventuras de Basílio
Fernandes Enxertado” (1863), “O Bem e o Mal” (1863), “Estrelas Propícias”
(1863), “Memórias de Guilherme do Amaral” (1863), “Agulha em Palheiro”
(1863), “Amor de Salvação” (1864), “A Filha do Doutor Negro” (1864), “Vinte
Horas de Liteira” (1864), “O Esqueleto” (1865), “A Sereia” (1865), “A Enjeitada”
(1866), “O Judeu” (1866), “O Olho de Vidro” (1866), “A Queda de um Anjo”
(1866), “O Santo da Montanha” (1866), “A Bruxa do Monte Córdova” (1867), “A
Doida do Candal” “1867), “Os Mistérios de Fafe” (1868), “O Retrato de
Ricardina” (1868), “Os Brilhantes do Brasileiro” (1869), “A Mulher Fatal” (1870),
“O Regicida” (1874), “A Filha do Regicida” (1875), “A Caveira do Mártir” (1876),
“Novelas do Minho” (1875-1877), “Eusébio Macário” (1879), “A Corja” (1880),
“A Brasileira de Prazins” (1882).
TEATRO
“Agostinho de Ceuta”, “O Marquês de Torres Novas”, “Poesia ou
Dinheiro?”, “Justiça”, “Espinhos e Flores”, “Purgatório e Paraíso”, “O Morgado
de Fafe em Lisboa”, “O Morgado de Fafe Amoroso”, “O Último Acto”,
“Abençoadas Lágrimas!”, “O Condenado”, “Como os Anjos se Vingam”, “Entre
a Flauta e a Viola”, “O Lobisomem”, “A Morgadinha do Vale-de-Amores”
O escritor
Camilo foi seguramente o primeiro escritor profissional português.
Durante quase toda a sua vida ativa assegurou a sua subsistência e a da
família, com os seus trabalhos jornalísticos e as novelas que publicava em
ritmo frenético.
As suas novelas constituem um painel descritivo, em tom
frequentemente sarcástico, da sociedade portuguesa do século dezenove. A
sua atenção debruça-se, sobretudo sobre uma aristocracia em clara
decadência — material e moral — e uma burguesia em ascensão.
Suas novelas podem ser agrupadas em três fases, de acordo com as
características que apresentam e os temas que abordam.
Na primeira fase cedendo ao gosto do leitor da época, apreciador de
narrativas longas, Camilo escreveu novelas melodramáticas, em que
predomina o fatalismo, o ódio, a vingança, o crime.
A segunda fase, expressa pelas novelas passionais, corresponde ao
melhor de sua obra e representa a sua maturidade literária. Os textos são
vazados em linguagem direta, comunicativa, coloquial e, às vezes, irônica. A
imaginação privilegiada de Camilo, aliada à sua sensibilidade para com os
problemas sentimentais, cria, aqui, novelas que estimulam a leitura,
despertando no leitor o desejo de acompanhar, por inteiro, as peripécias nas
quais as personagens se envolvem.
O suspense, bem dosado, o enredo conciso, equilibrado, além de
projeções autobiográficas, aproximam o leitor, o autor e a obra, na qual o amor,
sentimento dominante, reina absoluto. A esta fase pertencem Amor de
salvação, A queda de um anjo, Coração, cabeça e estômago e Amor de
Perdição, considerada sua obra máxima.
A terceira fase corresponde ao final da vida de Camilo que, ao estudar
as novidades realistas e naturalistas com o intento de criticá-las, acabou
enveredando para a nova moda e escreveu quatro romances — não mais
novelas — em que se destacam a crítica social, a observação da realidade, a
descrição minuciosa, a sátira da sociedade e a abordagem de temas realistas
como o adultério, vazadas em linguagem mais popular: Eusébio Macário, A
corja, A brasileira de Prazins e Vulcões de lama.
A arte imita a vida
A obra de Camilo é, em grande parte, um reflexo do seu próprio
percurso biográfico. Na vida e na obra, Camilo parece não ter conhecido meio-
termo, a agitação, a instabilidade, o rapto, um amor impossível e o adultério
que encontramos na obra, encontramos igualmente na vida de Camilo.
Em ”Amor de Salvação”, vemos muito de Camilo, temos Afonso Teive
um homem apaixonado que foge com uma mulher casada, Teodora, na vida
real Camilo também passara pelo mesmo episódio com Ana Plácido.
Bibliografia
CANDIDA, Vilares Gancho. Como Analisar Narrativas. Série Princípios. São Paulo: Atica, 1991 7ª edição, 8ª impressão BRANCO, Camilo Castelo – Amor de Salvação.Série Bom Livro Editora Àtica
1998 4ª edição
BRANCO, Camilo Castelo, Amor de Salvação, ed. Virtual Books On Line M&M,
2000/2003.
BRANCO, Camilo Castelo, Amor de Salvação, ed. Scipione, São Paulo, 2ª
edição, 1999.
www.teatro-dmaria.pt/Temporada/detalhe.aspx?idc=933
www.livros-digitais.com/autor.asp?autor=7
www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/camilo-castelo-branco/camilo-castelo-
branco.php#ixzz1vqHwgctv
www.unimep.br/phpg/mostraacademica/anais/4mostra/pdfs/207.pdf www.trabalhosenotasdocursodeletras.blogspot.com/