trabalho d.joão ii
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COLÉGIO MILITAR
HISTÓRIA E GEOGRAFIA DE PORTUGALANO LECTIVO 2007/2008
D. JOÃO II – O PRÍNCIPE PERFEITO
1ºANO – TURMA C
PROFESSORA – DRª. AMÉLIA FIGUEREDO
ALUNO Nº 591 – FRANCISCO ARAÚJO
IV. O MOSTRENGO
mostrengo que está no fim do mar Na noite de breu ergueu-se a voar; A roda da nau voou três vezes, Voou três vezes a chiar, E disse: «Quem é que ousou entrar Nas minhas cavernas que não desvendo, Meus tetos negros do fim do mundo?» E o homem do leme disse, tremendo: «El-Rei D. João Segundo!»
«De quem são as velas onde me roço? De quem as quilhas que vejo e ouço?» Disse o mostrengo, e rodou três vezes, Três vezes rodou imundo e grosso. «Quem vem poder o que só eu posso, Que moro onde nunca ninguém me visse E escorro os medos do mar sem fundo?» E o homem do leme tremeu, e disse: «El-Rei D. João Segundo!»
Três vezes do leme as mãos ergueu, Três vezes ao leme as reprendeu,
E disse no fim de tremer três vezes: «Aqui ao leme sou mais do que eu:
Sou um povo que quer o mar que é teu; E mais que o mostrengo, que me a alma teme E roda nas trevas do fim do mundo, Manda a vontade, que me ata ao leme, De El-Rei D. João Segundo!»
FERNANDO PESSOA – A MENSAGEM
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ÍNDICE
Introdução………………………………………………………………………………………………. 4
D. João o “ Príncipe Perfeito” ………………………………………………………….…. 5
A subida ao trono….………………………………………………….……………………………. 6
Consolidação do Poder Real …………………………………………………………………. 7
Os Descobrimentos Marítimos ….…………………………………….…………………. 8
O Tratado de Tordesilhas ………….…………………………….……………………..….10
A Sucessão …………………………………….……………………………………..………..……. 12
Conclusão ……………………………………….………………………………………………..……. 13
Anexos ……………………………………...….……………………………………………….………. 14
Mapa do Tratado de Tordesilhas ….
………………………………………. 15
Quadro resumo da cronologia de D. João II
………………………. 16
Quadro resumo da Dinastia de Avis….…………….
…………….………. 17
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Bibliografia ………………………………..….………………………………….…………………. 19
INTRODUÇÃO
Para a Disciplina de História e Geografia de Portugal,
sob a docência da professora Dr.ª Amélia Figueiredo, no
âmbito dos “ Descobrimentos Portugueses”, foram propostos
vários temas para os alunos elaborarem trabalhos.
O presente trabalho, subordinado ao tema “D. João II –
O Príncipe Perfeito”, foi realizado pelo aluno 591 – Francisco
José de Jesus Santana Cordeiro de Araújo do 1ºAno Turma C.
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Filho primogénito do rei D. Afonso V e de D. Isabel, o infante D. João nasceu em Lisboa a 3 de Março (ou Maio, como afirmam alguns) de 1455, tendo sido o décimo quarto rei de Portugal (ou o 13º se não se considerar D. Beatriz como Rainha de 1383 a 1385).
Desde muito jovem que o pai D. Afonso V, sempre que partia em demanda de praças-fortes no Norte de Africa, o encarregava da regência do Reino.
Ainda príncipe, em 1471 participa na conquista de Arzila praça-forte do Norte de Africa, onde revela audácia e coragem sendo armado cavaleiro.
Também em 1471 casa com D. Leonor, filha de D. Fernando, duque de Viseu.
A partir de 1474, como veremos, assume a direcção da política relativa aos Descobrimentos, conseguindo defender habilmente os direitos de Portugal contra a ingerência de Castela.
Com as constantes ausências do pai, o príncipe D. João embora não fosse rei de direito, era-o de facto, pois exercia verdadeiramente o poder.
D. João II em 1477 chega mesmo a ser aclamado rei, pois D. Afonso V, que havia partido para França, lhe entregou o reino. Porém o regresso inesperado do pai interrompe um curto reinado de quatro dias.
Em 1481, a 28 de Agosto, D Afonso V morre no Paço de Sintra e D. João II sobe ao trono.
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A SUBIDA AO TRONO
“Tudo pronto e o que mais restade Portugal no peitopara dar cartas ao mundo,proclama o Povo em festa:viva o Príncipe Perfeitoel-rei Dom João-segundo.”
António Torre da Guia
Em 29 de Agosto de 1481 D. João II foi reconhecido como rei – “alevantado”, como se dizia na época – em Sintra.
Porém, o reino não estava em situação fulgurante. O estado das finanças era tal que D. João terá mesmo dito: “Herdo apenas as estradas de Portugal.”
O juramento do reino foi realizado em Évora, em Novembro desse ano, antes da reunião das Cortes, convocadas para o efeito.
Nas Cortes de Évora deixa claro que pretende aumentar a autoridade real, governando com rigor e opondo-se aos privilégios da nobreza.
Não tardou a revelar uma maturidade política impressionante.
Começou por promover a centralização e modernização do governo.
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CONSOLIDAÇÃO DO PODER REAL
“ Há tempos de usar de corujae tempos de voar como o
falcão.”D. João II-1483
Ao ser aclamado rei D. João II assumiu uma atitude bastante diferente da de seu pai, que havia distribuído inúmeras honras e terras à grande nobreza.
Assumindo como prioridade fortalecer o seu poder lida de forma implacável com a alta nobreza.
Assim D. João II toma medidas para enfraquecer as grandes casas senhoriais, em especial a de Bragança, visando com esta politica consolidar a autoridade da Coroa.
Perante estes actos do rei os membros da Nobreza preparam duas conspirações contra o rei.
D. João II não se atemoriza, e proferindo a frase acima referida, manda prender D. Fernando, terceiro duque de Bragança, acusa-o de traição e condena-o à morte.
Em 1484, D. Diogo, duque de Viseu, irmão da rainha, é chamado ao paço e aí apunhalado pelo rei, pois é suspeito de dirigir a segunda conspiração.
Muitos membros da nobreza são executados e outros fogem para o estrangeiro. Foi por isto que a nobreza o cognominou de “O Tirano”.
D. João II consegue assim impor a autoridade da Coroa, concentrando todo o poder nas suas mãos.
OS DESCOBRIMENTOS
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MARITIMOS
Embora D. João II só em 1481 tenha subido ao trono, já desde 1474 que se ocupava da política dos Descobrimentos.
Nesse ano de 1474 terminou o contrato com Fernão Gomes, burguês de Lisboa, a quem D. Afonso havia entregue a missão de continuar os Descobrimentos, nove após a morte do infante D. Henrique (falecido em 1460).
D. João apercebendo-se da importância dos Descobrimentos assume pessoalmente a responsabilidade pela orientação prática das navegações.
O infante enveredou por um caminho diferente do que o pai tinha seguido. Em vez de se concentrar no Norte de África, decide continuar a expansão para o Sul.
Tendo em vista o sul da Costa Africana participa, em Setembro de 1479, na negociação do Tratado de Alcáçovas garantindo o reconhecimento, por Castela, do domínio marítimo português a sul do paralelo das Canárias.
Em 1481, logo após a subida ao trono, procura reforçar a defesa da região africana onde se realizavam as trocas comerciais mais vantajosas: a Costa da Mina. Com esse fim em 1482 é construída a fortaleza de São Jorge da Mina.
Com a sua decisão de prosseguir cada vez mais para sul as viagens ao longo da costa africana, tudo indica que D. João II tinha um plano com vista à descoberta do caminho marítimo para a Índia.
Continuam assim as viagens para sul e em 1482, Diogo Cão descobre o rio Zaire e o reino do Congo.
No ano seguinte atinge como ponto mais meridional a serra da Parda.
Finalmente em 1488 o navegador Bartolomeu Dias dobra o Cabo das Tormentas (que D. João II mudou para Cabo da Boa Esperança.
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Assim se abriu o caminho do mar a novos empreendimentos para as bandas do Oriente.
No momento em que isto acontecera, já D. João II tinha mandado por terra, para colherem notícias do caminho marítimo para a Índia, Pêro da Covilhã e Afonso de Paiva.
O TRATADO DE TORDESILHAS
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Em 1492, Cristóvão Colombo, ao serviço do rei de Castela, descobre o Novo Mundo ou América.
Procurando consolidar os seus interesses, os espanhóis pediram a intervenção do papa, que deu seu parecer em favor à Espanha. Porém D. João II estava convencido de que as terras descobertas por Colombo pertenciam a Portugal e mandou preparar uma expedição sob o comando de D. Francisco de Almeida para ocupar aquelas terras e garantir ali os nossos direitos.
O rei de Castela, sabendo isto, entrou logo em negociações com o monarca português, as quais terminaram pelo Tratado de Tordesilhas, firmado em 7 de Julho de 1494.
Nesse tratado ficou estipulado que pertenciam a Portugal todas as terras já descobertas ou a descobrir, situadas a oriente de uma linha imaginária, traçada de pólo a pólo do globo terrestre, 370 léguas a oeste do arquipélago de Cabo Verde, e as situadas a ocidente da mesma linha pertenciam a Castela.
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Saliente-se que durante as negociações do Tratado de Tordesilhas, D. João II lutou para que a linha divisória ficasse a 370 léguas a oeste de Cabo Verde, e não a 100, como estava previsto. Há várias teorias para explicar esta insistência. Especula-se que já se sabia da existência do Brasil.
O Tratado de Tordesilhas foi um prodígio da política externa de D. João II e atribuiu a Portugal um poder que nunca fora atingido antes por qualquer potência.
A SUCESSÃO
Fruto do casamento de D. João II com D. Leonor nasceu, em 18 de Maio de 14775, o infante D. Afonso.
D. João II, como o seu pai, acalentava a ideia de união dos reinos peninsulares sob uma mesma coroa.
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Procurando concretizar essa ideia D. João II desenvolve uma estratégia com vista ao casamento do infante D. Afonso de Portugal com a infanta Isabel, herdeira aos reis de Castela e de Aragão. O casamento realiza-se em Novembro de 1490.
Pouco tempo irá, no entanto, durar o sonho. Em Julho de 1491 o príncipe D. Afonso morre numa queda de cavalo, à beira-rio, perto do paço de Almeirim.
Dominado por uma profunda dor, D. João II ainda tenta legitimar em Roma D. Jorge, o seu filho bastardo, mas D. Leonor opõe-se.Ao pôr-do-sol de 25 de Outubro de 1495, com quarenta anos de idade, morre no Alvor D. João II, o Príncipe Perfeito.
D. Manuel, duque de Beja, que D. João II após lhe ter morto o irmão, sempre protegera, sobe ao trono.
CONCLUSÃO
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“ Pela Lei e pela Grei.” Lema de D. João II
Para qualificarmos o reinado de D. João II poderemos utilizar duas palavras: clarividência e determinação.
Com apenas 19 anos planeou a expansão marítima portuguesa e teve visão estratégica.
Assinou o Tratado de Tordesilhas, assegurando para Portugal a posse do Brasil, Africa e a manutenção do comércio com a Índia.
Foi um monarca implacável, que não hesitou na consolidação do poder real. Mesmo que isso significasse aniquilar os inimigos.
Tinha uma jovem austeridade, mas o seu sentido de justiça, bem patente no seu lema, tornou-o querido do povo.
“Portugal caminhava para ser o centro do mundo”
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ANEXOS
TRATADO DE TORDESILHAS
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QUADRO RESUMO
D. JOÃO II – O PRINCIPE PERFEITO
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Ordem: 13.º Monarca de Portugal (ou 14º) se se contar D.Beatriz
Cognome: O Príncipe Perfeito.
Início do Reinado: 29 de Agosto de 1481
Término do Reinado: 25 de Outubro de 1495
Aclamação: Sintra, 31 de Agosto de 1481
Antecessor: D. Afonso V
Sucessor: D. Manuel I
Pai: D. Afonso V,
Mãe: D. Isabel
Data de Nascimento: 3 de Maio de 1455
Local de Nascimento: Lisboa
Data de Falecimento: 25 de Outubro de 1495
Local de Falecimento: Alvor
Local de Enterro: Mosteiro de Santa Maria da Vitória, Batalha
Consorte(s): D. Leonor, Infanta de Portugal
Príncipe Herdeiro:Príncipe D. Afonso (filho)
D. Manuel, Duque de Beja (primo)
Dinastia: Avis
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QUADRO RESUMO DA 2ª DINASTIA JOANINA OU DE AVIS
# NomeInício do governo
Fim do governo
Cognome(s)
11 (10)
D. João I6 de Abril de 1385
14 de Agosto de 1433
O da Boa Memória
12 (11)
D. Duarte I14 de Agosto de 1433
9 de Setembro de 1438
O EloquenteO Rei-Filósofo
13 (12)
D. Afonso V9 de Setembro de 1438
11 de Novembro de 1477
O Africano
14 (13)
D. João II11 de Novembro de 1477
15 de Novembro de 1477
O Príncipe Perfeito
13 (12)
D. Afonso V15 de Novembro de 1477
28 de Agosto de 1481
O Africano
14 (13)
D. João II29 de Agosto de 1481
25 de Outubro de 1495
O Príncipe PerfeitoO Tirano
15 (14)
D. Manuel I25 de Outubro de 1495
13 de Dezembro de 1521
O VenturosoO Bem-AventuradoO Afortunado
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16 (15)
D. João III13 de Dezembro de 1521
11 de Junho de 1557
O PiedosoO Pio
17 (16)
D. Sebastião I11 de Junho de 1557
27 de Agosto de 1578
O DesejadoO EncobertoO Adormecido
18 (17)
D. Henrique I27 de Agosto de 1578
31 de Janeiro de 1580
O CastoO Cardeal-ReiO Eborense/O de Évora
19 (18)
D. António I24 de Julho de 1580
25 de Agosto de 1580(em Portugal Continental)1583 (na ilha Terceira)
O Prior do CratoO DeterminadoO LutadorO Independentista
BIBLIOGRAFIA
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