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Desde a mais pequena partícula até à energia que provem do Sol, podemos associar a ciência como fonte de informação do desconhecido. Mas, até que ponto é que esta fonte de conhecimento não controla o mundo em que vivemos devido ao seu enorme poder? O nosso trabalho consiste em abordar alguns aspectos (positivos e negativos) da ciência, de modo a responder à pergunta: “A ciência está a desrespeitar a Vida na Terra?”. Teremos em conta alguns temas como a desflorestação, a globalização, a legalização do aborto e da eutanásia, a vacinação… Para este trabalho nós usaremos a informação do nosso manual de Filosofia (Um outro olhar sobre o mundo: 11º ano. Porto: Edições Asa, 2004 de Maria Antónia Abrunhosa e Miguel Leitão) e analisaremos alguns artigos das revistas National Geographic e Visão , Introdução

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Desde a mais pequena partícula até

à energia que provem do Sol,

podemos associar a ciência como

fonte de informação do desconhecido.

Mas, até que ponto é que esta fonte

de conhecimento não controla o

mundo em que vivemos devido ao seu enorme poder?

O nosso trabalho consiste em abordar alguns aspectos (positivos e

negativos) da ciência, de modo a responder à pergunta: “A ciência

está a desrespeitar a Vida na Terra?”.

Teremos em conta alguns temas como a desflorestação, a

globalização, a legalização do aborto e da eutanásia, a vacinação…

Para este trabalho nós usaremos a informação do nosso manual de

Filosofia (Um outro olhar sobre o mundo: 11º ano. Porto: Edições

Asa, 2004 de Maria Antónia Abrunhosa e Miguel Leitão) e

analisaremos alguns artigos das revistas National Geographic e Visão,

Introdução

Filosofia 11º Prof. Agostinho Franklin

Actualmente, a sociedade dos países desenvolvidos está habituada

a ter um certo nível de vida que só é possível devido a,

essencialmente, um factor: a industrialização. É ela que permite o

crescimento e desenvolvimento ao nível da economia e de um sem

número de novas tecnologias que favorecem a sociedade, uma vez

que lhe proporciona uma maior qualidade de vida, através do

progresso que comportam. Estas “regalias” são, por exemplo, a

possibilidade de nos deslocarmos de um sítio para o outro usando os

meios de transportes, a disponibilidade de energia para realizar a

maior parte das nossas actividades diárias, ou o fácil acesso aos bens

alimentares necessários à nossa sobrevivência. São grandes

benefícios, e nenhum de nós se imaginaria a viver privado deles, e

seria completamente absurdo abdicar delas. Contudo, temos de ter

consciência de que o acesso a eles implica explorar as riquezas

naturais, o que muitas vezes é sinónimo de “maltratar” a Terra.

Toda esta problemática levanta um dilema: ou promovemos o

desenvolvimento industrial que tantas vantagens traz ao dia-a-dia do

Homem, mas que causa problemas ecológicos, ou abolimos o

desenvolvimento industrial, protegendo o ambiente, mas tornando as

nossas sociedades subdesenvolvidas? Qual delas devemos seguir? Se

optarmos pela primeira, problemas como a densidade urbana num

determinado local, a extracção desenfreada dos recursos

geológicos e biológicos, e a destruição da natureza para, entre

outras coisas, a construção de novas vias de comunicação e campos

de cultivo, serão tão banais que nada se fará para atenuar os seus

impactos. A segunda hipótese não passa de uma ilusão, porque o

Homem não se consegue dissociar da industrialização.

O perigo associado à industrialização

Filosofia 11º Prof. Agostinho Franklin

Como é preciso “ver para crer”, o nosso grupo achou que era

fundamental para uma tomada de consciência em relação aos

impactos negativos da tecnociência aliada à industrialização, mostrar

algumas situações bem concretas que foram publicadas em números

da revista da National Geographic. Não queremos, no entanto,

influenciar a opinião de ninguém.

Começaremos por referir um artigo sobre a desflorestação da

floresta da Amazónia, na revista de Janeiro de 2007. À uns anos

atrás, a floresta da Amazónia era considerada o “pulmão” do mundo.

Segundo o que nos foi possível constatar do artigo, “A bacia

Amazonas produz aproximadamente 20% do oxigénio do planeta,

gera muita da sua chuva e aloja milhares de espécies”. Infelizmente,

o abate de árvores para criar áreas para a agricultura e para a

construção de vias de comunicação, para a venda das madeiras

exóticas ou para a promoção imobiliária, tem vindo a aumentar o

nível da desflorestação. Tal como dizia o artigo “Nos minutos que

demorar a ler esta reportagem, uma área da Amazónia com

dimensão aproximada de 150 campos de futebol será destruída”.

Será isto um exagero, ou a pura das verdades? Não podemos saber.

Para além disto, “ (…) o Brasil tornou-se um dos maiores emissores

de gases de estufa (…)”.

No outro artigo, exposto na revista de Outubro de 2007, tratava-se

o degelo dos glaciares que se está a fazer sentir devido ao

aquecimento global.”Face às emissões automóveis e industriais que

aquecem o clima, não admira que os glaciares estejam a derreter”.

“Se partes vulneráveis do gelo que cobre a Gronelândia e a Antártida

sucumbirem, a subida do nível dos mares poderá inundar centenas de

milhares da quilómetros quadrados – a grande parte da Florida

(EUA), do Bangladesh e da Holanda – e obrigar à deslocação da

dezenas de milhões de pessoas. O limiar da temperatura para um

aumento drástico do nível do mar aproxima-se, mas muitos cientistas

pensam que ainda temos tempo para o travar, reduzindo

Filosofia 11º Prof. Agostinho Franklin

repentinamente o consumo de carvão, petróleo e gás – que

contribuem para o aquecimento climático”. Estaremos dispostos a

isso?

Quem fala nestes casos fala em muitos outros.

Como conclusão desta pequena pesquisa e reflexão, constatamos

algo que certamente devem partilhar connosco: a Natureza está a ser

agredida pelo Homem, porque este a vê como um mero instrumento

a partir do qual ele pretende satisfazer as necessidades humanas,

melhorando a sua qualidade de vida, e tendo como finalidade máxima

atingir a felicidade. No entanto, o que ele não pensou foi que ao

agredir a Natureza iria acabar por se agredir a ele próprio.

É, por isso, essencial que o progresso técnico seja organizado e

controlado racionalmente. As pessoas devem definir o que desejam e

escolher o melhor dos meios para o atingirem.

Desflorestação na floresta

da Amazónia

Degelo dos glaciares

Filosofia 11º Prof. Agostinho Franklin

Nas últimas três décadas, assistiu-se a uma evolução assombrosa

ao nível das tecnologias de comunicação. Ao contrário do que

acontecia antigamente, em que uma carta para chegar ao seu

destinatário demorava semanas e em que para se fazer um

telefonema tínhamos que esperar para se estabelecer a ligação,

actualmente tudo está diferente. Podemos ver o que se passa num

qualquer ponto do mundo em directo, podemos falar com uma

pessoa que esteja a centenas de quilómetros de nós como se

estivesse logo à nossa frente e podemos aceder a uma quantidade

astronómica de informação através da Internet. Estamos “cada vez

mais ligados, cada vez mais informados.” Para usufruir destas mais

valias, é necessária a existência de instrumentos, como o telemóvel,

o computador, dispositivos móveis de acesso à rede, que nos foram

possibilitados pelo desenvolvimento tecnológico. Na Europa Ocidental,

por exemplo, os telemóveis “ (…) já são mais numerosos do que a

população (…)”.

Para além das comunicações, temos presenciado um crescimento

ao nível das relações comerciais entre países, que tem repercussões

tanto ao nível político como ao nível social. Também as viagens têm

tornado o mundo mais pequeno. Hoje em dia, é perfeitamente normal

apanharmos um avião para nos deslocarmos a outro país, ou por

motivos de negócios, de lazer, de tratamento médico ou para

regressar a casa (no caso dos emigrantes). A este fenómeno de

aproximação damos o nome de Globalização, ao qual vem associado

o conceito de “Aldeia Global”, o que retrata o grau de aproximação

que se faz sentir. Contudo, e apesar da extensão da redes de

comércio internacional por ela proporcionada, existem riscos

associados, a saber a perda de autonomia e do isolamento cultural.

O perigo associado à globalização

Filosofia 11º Prof. Agostinho Franklin

Fundamentalmente, a globalização compromete a diversidade das

culturas. “A globalização da economia trouxe prosperidade a milhões

de pessoas, mas ameaça ofuscar ou obliterar ricas tradições culturais

e linguísticas”. O mais curioso, mas não surpreendente, é que as

pessoas mais afectadas são aquelas cujas populações são mais

pobres. O que podemos retirar deste facto? A globalização não atinge

todos da mesma maneira. Há culturas que se sobrepõem a outras,

que literalmente as “engolem”.

É deste modo necessário estabelecer uma política mundial que

aposte na justiça e solidariedade, que permita a chegada dos meios

de comunicação de uma forma equitativa ao mundo inteiro.

Filosofia 11º Prof. Agostinho Franklin

Distribuição geográfica das línguas ameaçadas

Exemplos das línguas ameaçadas

Filosofia 11º Prof. Agostinho Franklin

A vida é mais que um bem. É um valor, um direito que deve ser

preservado e honrado.

Mas, com a evolução do ser humano e, paralelamente, com a

evolução da tecnociência, nomeadamente as áreas de medicina de

reprodução, engenharia genética, manipulação tecnológica de

comportamento e biotecnologia, a definição de vida tomou novos

significados, ou seja, os fenómenos da vida, como o nascimento e a

morte, passaram a ser vistos de maneira diferente.

A explosão científica ocorreu de tal forma extraordinária, que

abalou o ritmo da vida humana. As pesquisas, as experiências, as

intervenções sobre os genes, o aborto, a decisão sobre a hora da

morte (eutanásia), a programação e a reorientação da personalidade,

põem questões e pedem por reflexões éticas.

É desta maneira que surge a bioética, ”uma nova modalidade de

valorização e protecção do Humano” em que, não tem como objectivo

acabar com o conhecimento cientifico, pois a curiosidade intelectual

faz parte da essência do ser humano mas, tem como meta a

protecção da vida humana e da sua respectiva identidade.

O nosso grupo achou que era fundamental, para uma tomada de

consciência em relação aos impactos negativos da tecnociência,

mostrar algumas situações concretas que forma publicadas em

números da revista Visão.

No artigo “Como começa a vida humana?”, na edição publicada na

semana de 1 a 7 de Janeiro de 2007, a Visão apresentava várias

ideias de diferentes especialistas sobre o momento em que, do ponto

de vista biológico, no desenvolvimento do feto, este se passa a definir

O perigo associado à bioética

Filosofia 11º Prof. Agostinho Franklin

como pessoa. Este artigo surgiu devido á polémica do referendo do

aborto que se iria realizar em 22 de Fevereiro desse mesmo mês.

Segundo o texto informativo, muitas pessoas procuraram

“descobrir o momento em que o feto receberia alma, tornando-se

humano”, mas a verdade é que é muito difícil perceber quando é que

este “recebe” uma personalidade. Na verdade, “que há vida desde a

concepção, no sentido em que todas as células são formas de vida, é

um facto que não merece contestação a nenhum médico ou biólogo”.

Surge sempre um ser humano em potência. Sendo assim, não lhe

deverá ser dado “o mesmo estatuto de protecção ética e jurídica que

a um ser humano de facto”? Até que ponto é que não é um crime

interromper uma gravidez até às dez semanas? Será que se está a

desrespeitar o direito à vida ao aceitar o aborto?

Também é verdade, como veio no artigo “Mortes Clandestinas”, na

edição publicada na semana 8 a 14 de Fevereiro de 2007, que, até aí,

“o aborto inseguro (ilegal) era responsável por cerca de 19% da

mortalidade materna, que vitima 5 mulheres por cada 100 mil nados-

vivos”.

Noutro artigo “O «euro milhões» dos transplantes”, na edição

publicada a 7 de Fevereiro de 2008, é tratado o tema do lado obscuro

dos transplantes, em que se faz uma forte critica ao presidente da

Autoridade de Transplantação, Eduardo Barroso. Parece que, o agora

ex-presidente, conseguiu arrecadar 30 mil euros líquidos dos

transplantes ocorridos no Curry Cabral “mesmo que, durante as

intervenções, estivesse em casa”. Parece que aquilo que este ganha

provém de “incentivos” aprovados pelo governo. O surpreendente é o

que se passa nos Hospitais da Universidade de Coimbra, que “nunca

receberam um «cêntimo» de incentivos”. A questão do problema é:

porque é que Eduardo Barroso, que já nem assiste a intervenções de

transplante, ganha mais que um cirurgião do Hospital de Coimbra,

que pode ser chamado para operar a qualquer momento? Será

Filosofia 11º Prof. Agostinho Franklin

correcto aproveitarmo-nos de uma situação tão delicada como o

transplante de órgãos, que é sempre um transtorno para os que têm

de ser submetidos a esta, para receber umas “moedas” a mais? Será

a evolução da medicina uma óptima oportunidade para ficar rico, em

vez de ajudar aqueles que realmente precisam desta para preservar a

sua própria vida?

A prioridade neste momento é preservar o ser humano de modo a

que este não se torne demasiado artificial. Há um conjunto de valores

que devem continuar a ser respeitados e honrados de modo a que a

sociedade não se autodestrua. É necessário o estabelecimento de

limites á ciência.

Clonagem

Transplantes

Filosofia 11º Prof. Agostinho Franklin

Basta-nos, por fim, retirar as nossas conclusões.

Sabemos que a ciência permite ao ser humano a ampliação do seu

conhecimento e algum controlo sobre a realidade em que vive. O seu

desenvolvimento tem possibilitado inúmeros benefícios ao ser

humano em várias áreas, a saber, na medicina, na economia e nas

tecnologias de comunicação.

Ao nível da medicina, o avanço da ciência proporcionou a

descoberta de novas formas de tratamento para doenças que, até

então, eram incuráveis e facultou meios que facilitam as intervenções

cirúrgicas e que diminuem a dor dos pacientes, sendo, por isso,

responsável pelo aumento da qualidade e esperança de vida.

Também a industrialização, um dos principais aliados ao

desenvolvimento científico, levou ao progresso da economia, porque

originou meios que nos disponibilizam a energia que é utilizada nas

nossas actividades do dia-a-dia e a possibilidade de nos deslocarmos

usando os transportes. Estes factores promovem o enriquecimento do

país em questão. A facilidade com que comunicamos com pessoas

que estão longe de nós ou a facilidade em que temos de obter

informação de uma maneira rápida e acessível, são outros dos

benefícios da ciência.

Basicamente, o conhecimento científico contribui para a satisfação

das necessidades do Homem, tendo o objectivo de melhorar a sua

qualidade de vida e de lhe dar a oportunidade de ser feliz.

Qualquer pessoa ao avaliar estes aspectos conclui que a ciência só

traz vantagens. Contudo, se analisarmos estes mesmos aspectos

segundo uma perspectiva filosófica, a nossa visão sobre o avanço

científico ganha outra perspectiva.

Filosoficamente, o conhecimento científico é encarado como

“curiosidade intelectual”, um conhecimento que é inspirado pela

Conclusão

Filosofia 11º Prof. Agostinho Franklin

curiosidade natural do Homem e que tem como, supostamente,

primeiro objectivo diminuir as necessidades sociais. No entanto, a

ciência passou a ser resultado dos interesses económicos, ou seja, é

um conhecimento pago que tem como objectivo servir a fonte

económica. Para além disto, a ciência mostra, agora, inconvenientes

que, de uma forma ou doutra, acabam por interferir com a vida

humana e com a relação do Homem com o ambiente que o rodeia.

Actualmente, podemos verificar que houve uma ruptura entre o ser

humano e a Natureza (o que leva aos problemas ecológicos), uma

vez que o desenvolvimento da ciência impôs modos de vida que

acarretam inúmeras necessidades que, para serem suprimidas, têm

de ser pagas pela “inocente” Natureza. A existência de desigualdades

quanto aos meios de comunicação e ao acesso à saúde, são também

alguns desses inconvenientes. Enquanto que nos países mais

desenvolvidos este acesso não é problemático, o mesmo não se pode

dizer quanto aos países em desenvolvimento, nos quais estas mais

valias não fazem parte do seu quotidiano.

Por tudo aquilo que acabamos de referir, achamos que é de

extrema importância apostar num desenvolvimento científico

organizado e controlado de modo a recuperarmos de volta, os valores

que nos permitem viver em equilíbrio, não só como sociedade

humana, como a nível ambiental. Por isso, cabe a cada ser humano

usar o conhecimento cientifico de forma responsável e consciente,

procurando nunca ultrapassar os limites que levem à perturbação do

meio que nos rodeia, porque temos de nos consciencializar que, mais

tarde ou mais cedo, acabaremos por sair prejudicados.

Filosofia 11º Prof. Agostinho Franklin

Bibliografia

“O perigo associado à industrialização”

National Geographic Janeiro 2007

Outubro 2007

Edição especial “Alterações climáticas”

“O perigo associado à globalização”

National Geographic Edição especial “O estado do nosso planeta”

http://www.nationalgeographic.com/mission/endu

ringvoices/

“O perigo associado à bioética”

Visão Edição da semana de 1 a 7 de Janeiro de 2007

Edição da semana 8 a 14 de Fevereiro de 2007

Edição de 7 de Fevereiro de 2008

http://www.ipv.pt/millenium/Millenium30/2.pdf

Informação de base “Um outro olhar sobre o mundo”

Maria Antónia Abrunhosa e Miguel Leitão

Edições ASA