trabalho médico nº 14 - outubro/2012

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Uma publicação da Federação Nacional dos Médicos

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Page 1: Trabalho Médico Nº 14 - Outubro/2012
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EXPEDIENTEA REVISTA TRABALHO MÉDICO é uma publicação da Secretariade Comunicação da Federação Nacional dos MédicosEndereço: SHS, Quadra 6, Bloco A, Sala 211, Brasília, DFCEP: 70316-102Telefone: (61) 3042-3700 e fax (61) 3042-3701www.fenam.org.br – [email protected]

Diretor responsávelRodrigo Almeida de SouzaJornalista responsávelDenise Teixeira – reg. prof. nº 18.514/MTb/[email protected]ção, edição e paginaçãoDenise TeixeiraReportagens, redação e revisãoDenise TeixeiraTaciana Giesel – reg. prof. nº 8134/DFFernanda Lisboa – reg. prof. nº 8904/DFDiagramação e arte-finalNamlio – reg. prof. nº 16.806/MTb/RJCapaRilke Penafort PinheiroImpressãoQualidade Gráfica e EditoraTiragem: 50.000 exemplares

FENAMDIRETORIAGestão 2012/2014

PresidenteGeraldo Ferreira FilhoVice-presidenteOtto Fernando BaptistaSecretário-geralJoão Batista de Medeiros1º SecretárioJosé Tarcísio da Fonseca DiasSecretário de FinançasCid Célio Jayme CarvalhaesSecretário de Assuntos JurídicosVânio Cardoso LisboaSecretário de ComunicaçãoRodrigo Almeida de SouzaSecretário de Formação e Relações SindicaisJosé Erivalder Guimarães de OliveiraSecretário de Formação Profissional e Residência MédicaJorge Luiz Eltz SouzaSecretário de Relações TrabalhistasEduardo SantanaSecretário de Benefícios e PrevidênciaJoão Fonseca GouveiaSecretário de Saúde SuplementarMárcio Costa BicharaSecretário de Direitos Humanos, Discriminação e GêneroJosé Roberto Cardoso MurissetSecretário de Educação PermanenteDeoclides Cardoso Oliveira Junior

DIRETORES ADJUNTOSDiretor de FinançasMario Antonio FerrariDiretor de Assuntos JurídicosMarcelo Miguel Alvarez QuintoDiretor de ComunicaçãoWaldir Araújo CardosoDiretora de Formação e Relações SindicaisLúcia Maria de Souza Aguiar dos SantosDiretor de Formação Profissional e Residência MédicaAntônio José F. P. dos SantosDiretora de Relações TrabalhistasJanice PainkowDiretor de Benefícios e PrevidênciaFernando Antônio Nascimento e NascimentoDiretor de Saúde SuplementarÁlvaro Norberto Valentin da SilvaDiretora de Direitos Humanos, Discriminação e GêneroMaria Rita Sabo de Assis BrasilDiretor de Educação PermanenteAri WajsfeldPresidentes de Federações RegionaisCentro Oeste/Tocantins – Iron Antônio de BastosNordeste – José dos Santos MenezesNorte – José Ribamar CostaSão Paulo – Casemiro dos Reis JuniorSudeste – Clóvis Abrahim CavalcantiSul – Darley Rugeri Wollmann Júnior

CONSELHO FISCALT1 – Elza Luiz de QueirozT2 – Anete Maria Barroso de VasconcelosT3 – Rosilene Alves de OliveiraSuplentesS1 – Adolfo Silva ParaísoS2 – Ellen Machado RodriguesS3 – Cesar Augusto Ferraresi

Representantes junto às entidades sindicais de grau superiorTitular – Jacó LampertSuplente – Tarcisio Campos Saraiva de Andrade

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Editorial

Cerimônia de posse da nova diretoria da FENAMe entrevista especial com o presidente, GeraldoFerreira, são destaques nesta edição

Desafios

Aposse da diretoria da Federação Nacionaldos Médicos, realizada no dia 16 de agosto,em Brasília, é o destaque da edição de nº 14

da Revista Trabalho Médico, que traz, ainda, umaentrevista especial com o novo presidente, GeraldoFerreira. Ele fala sobre os primeiros meses de tra-balho à frente de uma das mais importantes entida-des médicas do país e os desafios que tem a enfren-tar no comando da FENAM. Também destaca aimportância da unidade da categoria médica, afir-mando que administrará a Federação ouvindo etentando corresponder a confiança dos médicos.

Reportagens especiais sobre as vantagens de ummédico ser sindicalizado e o Revalida, e ainda sobrea maior paralisação no atendimento aos usuários deplanos de saúde já realizada no país, são outros des-taques desta edição da revista Trabalho Médico.

Matéria sobre a Síndrome de Burnout, tambémchamada de Síndrome do Esgotamento Profissio-nal, que atinge categorias profissionais como osmédicos, enfermeiros, professores, texto sobre aMP 568, e reportagens com a coordenadora geralda Direção Executiva Nacional dos Estudantes deMedicina (DENEM) falando sobre a abertura in-discriminada de escolas médicas, bem como com apresidente da Associação Nacional dos MédicosResidentes a respeito das lutas que a FENAM e aANMR têm em comum, também estão neste nú-mero da revista.

Além da já tradicional matéria sobre turismo,desta vez com o texto intitulado “O outro lado dacapital do Brasil”, e dicas de livros, o primeiro nú-mero da revista Trabalho Médico na atual gestãoapresenta uma novidade: a coluna do Dr. Jacó, dire-tor da FENAM e do Sindicato dos Médicos de Mi-nas Gerais, gourmet por vocação, que, a partir destaedição, passa a escrever sobre gastronomia. JacóLampert escolheu como tema de abertura da colu-na um texto sobre os restaurantes mais antigos doplaneta, uma verdadeira viagem pelo mundo da cu-linária.

Boa leitura!

Dirigente da DENEM fala sobre as lutas dosestudantes de medicina pela qualidade do ensino

Brasília é destaque na matéria sobre turismo

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Fabrício Rodrigues

“Queremoscaminhar emsintonia com omédico, razão denossa existência”,diz o presidenteda FENAM

Entrevista

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Denise Teixeira

“Onde houver um mé-dico precisando deapoio, onde houver

uma luta da categoria por justa re-muneração, condições de trabalho edignidade no atendimento à popula-ção, lá nós estaremos, nos envol-vendo em tudo que afete o nossoexercício profissional”. Esse foiapenas um dos compromissos que oanestesiologista potiguar GeraldoFerreira assumiu com a categoriamédica de todo o país quando to-mou posse em Brasília, no dia 26 deagosto, como presidente daFENAM, o que ele considera ogrande desafio de sua vida.

Eleito por unanimidade e acla-mação no dia 26 de maio, no Con-gresso da FENAM, em Natal, Ge-raldo Ferreira já vem trabalhandocom intensidade e alta produtivida-de desde 1º de julho, junto àquelaque ele mesmo definiu como “umadiretoria motivada, pronta para de-fender os médicos e avançar emconquistas”.

Nesta entrevista concedida à re-vista Trabalho Médico, GeraldoFerreira reafirmou compromissos,lançou desafios, fez críticas a temascomo exame de ordem, apontou so-luções para problemas como a qua-lidade do ensino médico e o númeroelevado de escolas de medicina, e re-velou que a luta mais difícil que a ca-tegoria enfrenta não é a questão sa-larial como muitos pensam, mas,sim, a falta de condições de trabalhopara o médico, a fim de que ele pos-sa exercer com plenitude sua profis-

são e para que a população possacontar com o atendimento dignoque merece.

Com os sindicatos médicos detodo o país, o novo presidente daFENAM assumiu o compromissode fazer com que essas entidades te-nham uma participação mais efetivajunto à Federação, para que, segun-do Geraldo Ferreira, “as experiênci-as possam ser compartilhadas e osbons exemplos reproduzidos”. “Fa-remos um grande trabalho deorganização dos sindicatos”,prometeu o dirigente.

FENAM e o seu presidente”,assegurou.TRABALHO MÉDICO – O Sr.foi eleito em 26 de maio e desde 1ºde julho já atua no comando daFederação Nacional dos Médicos.O que é ser presidente da FENAM,o que é assumir a responsabilida-de de liderar médicos de todo opaís, através de uma entidade dagrandeza da FENAM?GERALDO FERREIRA – Quan-do eu me propus a dirigir a FENAM,trazia comigo um histórico de 15anos de atuação no movimento mé-

O grande desafio da vida

de Geraldo Ferreira

Ferreira completou, dizendo quesua administração está voltada nãosó para os médicos, mas tambémpara a sociedade. “Quero que osmédicos saibam que estou na presi-dência da FENAM para administrarpara eles e para a sociedade, para de-fender os interesses da nossa cate-goria com energia, dedicação e entu-siasmo, para defender saúde para apopulação desassistida e sofrida naluta por esse direito, para lutar pelosnossos sonhos de realização plenado exercício profissional, com re-muneração justa, carreira, condiçõesde trabalho. Essas aspirações quemovem a classe médica movem a

“Sou fascinado pelademocracia, pelatransparência”

dico, tendo presi-dido a Sociedadede Anestesiolo-gia, a Cooperati-va Médica e aAssociação Mé-dica do meuEstado, o RioGrande do Nor-te, e estava no se-gundo mandato

de presidente do Sindicato Médico.Comandei lutas e greves históricaspara implantação da CBHPM juntoaos planos de saúde e planos de car-gos e carreira para os médicos nogoverno e em várias prefeiturascomo Natal, Parnamirim e Mosso-ró. Mesmo sem ter exercido cargosna direção da FENAM, senti-mepreparado para desafios maiores.Reuniram-se em torno de mim ex-pectativas, esperanças, desejos demudança nos estados do Nordeste edo Brasil. Sinto que há um espaçocrescente para que a Federação seconsolide como voz e representaçãodos médicos brasileiros. Onde hou-

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ver um médico precisando de apoio,onde houver uma luta da categoriapor justa remuneração, condiçõesde trabalho e dignidade no atendi-mento à população, lá nós estare-mos, nos envolvendo em tudo queafete o nosso exercício profissional,desde a formação e entrada no mer-cado de trabalho, passando porqualificação permanente, carreira esalário, até aposentadoria digna, de-cente, que coroe a nossa trajetória aserviço da sociedade.TM – Como o Sr. avalia os primei-ros dois meses de trabalho à frenteda Federação?GF – Há uma pauta grande de ativi-dades que envolve a luta dos médi-cos federais, que vem desde a MP568, que diminuía salários, que con-seguimos reverter. Há a questão dasterceirizações no serviço público, ir-regulares e fontes frequentes de es-cândalo e corrupção; há a luta poruma carreira de estado que conflitacom o governo, que criou aEBSERH, a qual nós nos opomos;há o piso Fenam, que lutamos paraaprovar no Congresso; há a questãodos médicos formados fora do Bra-sil, da necessidade de fortalecer oRevalida; há a questão do Provab,do serviço civil obrigatório; há as lu-tas estaduais e municipais por salá-rio, condições de trabalho, qualida-de no atendimento. Nos planos desaúde, lutamos por remuneração,contra a limitação de nossa autono-mia e por respeito aos contratos eaos usuários. Em todas essas frentesestamos envolvidos incansavelmen-te, participando de audiências noCongresso, Ministério da Saúde, doPlanejamento, ANS, Cade, partici-pando de assembleias nos estados.Tudo isso confirma o crescimentoda FENAM como instituição repre-sentativa dos médicos brasileiros.Tenho uma diretoria motivada e te-nho me reunido frequentemente

com os presidentes de sindicatos,estamos prontos para defender osmédicos e avançar em conquistas.TM – Se o Sr. fosse analisar asconquistas do movimento médiconacional nos últimos dez anos, po-deria afirmar que houve muitosavanços? Em que setores podemser verificadas as maiores con-quistas?GF – Nos últimos anos houve umamudança na abordagem do médicoda problemática que o envolve, umsentimento mais coletivista passou a

prevalecer, o trabalho assalariado,tanto público como privado, trouxeconsigo as negociações coletivas,que, ensaiadas timidamente, ganha-ram força no formato de paralisa-ções e greves que fortaleceram osentimento de categoria profissio-nal. As lutas das entidades médicastêm sido amplas, muitas de caráterdefensivo, mas, inegavelmente, te-mos protegido a sociedade, com adiscussão permanente do ato médi-co, temos avançado nas negociaçõesque tomam por base o pisoFENAM, temos fortalecido a orga-nização dos médicos na luta por re-muneração justa junto aos planos desaúde, temos defendido o povo bra-sileiro na sua luta pelo direito à saú-de. A organização dos médicos temcrescido e apesar de todas as dificul-dades as entidades têm cumpridoseu papel de defesa corporativa e dasociedade.TM – Como pretende desenvolverseu trabalho no comando daFENAM até o fim de sua gestão,em 2014? Qual será o seu maiordesafio nesse período, ou seja, detodas as lutas do movimento médi-

O presidente da FENAM acha que há um espaço crescente para que aFederação se consolide como voz e representação dos médicos

Fabrício Rodrigues

“Faremos umgrande

trabalho deorganização

dossindicatos”

Entrevista

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co, qual delas pode ser considera-da a mais difícil?GF – A FENAM possui sua estru-tura administrativa e seus canais ins-titucionais. São níveis deliberativosas reuniões da Executiva e o Conse-lho Deliberativo. O núcleo, forma-do pelo presidente, o vice, as secre-tarias Geral, de Finanças, Jurídica ede Comunicação, é a instância quecuida do dia a dia. Na minha admi-nistração, tenho tentado uma parti-cipação mais efetiva dos sindicatos,para que as experiências possam sercompartilhadas, os bons exemplosreproduzidos por outros sindicatos.Tenho feito reuniões mensais comos presidentes de sindicatos e issotem sido uma boa experiência. Te-mos um grande desafio pela frente,fortalecer financeiramente aFENAM para se fazer presente emtodo Brasil, atendendo aos pleitos eprestigiando as lutas dos sindicatosde base. Faremos um grande traba-lho de organização dos sindicatos,para que cumpram suas funções noâmbito trabalhista, mas prestem tam-bém assistência a seus associados,que pode ser desde a jurídica, a maiscomum nos sindicatos, até a assistên-cia social ou econômica, através dacriação de cooperativas de crédito ede consumo. Estamos tentando esta-belecer um pacote mínimo de bene-fícios que cada sindicato deverá ofe-recer aos sindicalizados. A luta maisdifícil que enfrentamos hoje, por in-crível que pareça, não é a salarial, essanós temos conseguido avançar, maspor condições de trabalho para quepossamos exercer em plenitude nos-sa profissão e a população receba oatendimento digno que merece.TM – Em uma das entrevistas queconcedeu a uma entidade sindical,o Sr. afirmou que “a FENAM pre-cisa ser cada vez mais ouvida erespeitada como porta voz dos mé-dicos” e que a entidade quer ter

atuação mais forte na formulaçãode políticas públicas e no desen-volvimento de propostas para otrabalho médico. Como isso podeser feito?GF – É uma prerrogativa concedidapela lei para a ação dos sindicatos,

consequentemente também daFENAM, a colaboração com gesto-res e administradores na formulaçãode políticas de saúde. É obrigaçãonossa acompanhar, criticar, apontarerros, mostrar soluções. A maturi-dade do movimento sindical tem

Geraldo Ferreira: “É obrigação nossa acompanhar, criticar, apontar erros,mostrar soluções”

Fabrício Rodrigues

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Trabalho Médico – 8

nos levado a ser cada vez maiscríticos e atuantes nessa área. Issotem gerado respeito da sociedade,que nos enxerga como defensoresde seus direitos e não apenas cor-porativos. O preparo das lideran-ças sindicais através de cursos deformação sindical, noções de ges-tão e economia em saúde, prepa-ração para negociações e confli-tos, compartilhamento deexperiências, serão permanentesna nossa gestão. Acreditamos quequadros sindicais altamente pre-parados levarão o movimento sin-dical a conquistas e gerarão lide-ranças para o movimento médicoe para a sociedade.TM – Em seu discurso de posse,no dia 16 de agosto, o Sr. relacio-nou uma série de problemas en-frentados pelos médicos e pela po-pulação no setor de saúde públicae privada. É participando das de-cisões, ou seja, sendo ouvida eatuando na formulação de políti-cas de saúde que a FENAM pre-tende agir no sentido de melhoraresse quadro para a categoria mé-

dica e os usuários do sistema pú-blico e privado?GF – Temos criticado duramente asdecisões tomadas por administrado-res ou gestores em vários níveis semouvir a representação dos médicos.Temos conhecimento, estamos nalinha de frente do atendimento, vi-vemos os dramas diários por quepassa a população quando busca as-sistência, portanto, sabemos tam-bém das soluções possíveis. Quan-do reclamamos por uma carreiramédica ou pelo piso salarial comoforma de melhorar a assistência, sa-bemos o que estamos dizendo. Mé-dicos melhor remunerados e semempregos múltiplos permitem mai-or dedicação aos pacientes, unida-des de saúde aparelhadas permitemdiagnósticos e tratamentos efetivos.Claro que também temos consciên-cia de que políticas de saúde devemenvolver cuidados com o trânsito,controle da violência, zelo pelomeio ambiente, cuidados com osrios, os mares, o ar, as florestas, ha-bitação, saneamento. Saúde é bemestar físico, psíquico, social e ambi-

ental. Temos de participar ativa-mente como médicos e cidadãos detodas essas questões.TM – Com relação à formaçãomédica, o Sr. afirmou que uma dasmetas da atual diretoria é lutarpor uma formação de qualidadenas faculdades, pelo controle naabertura indiscriminada de esco-las de medicina e residência emquantidade para os formandos.Como o Sr. classifica o ensino mé-dico no Brasil? O Sr. consideraque o médico deve ser avaliadoatravés de uma prova para exercersua profissão?GF – Temos muitas faculdades evagas. Com o número atual de for-mandos e os das novas faculdades,superaremos facilmente a meta dogoverno de 2,5 médicos por mil ha-bitantes. O desafio é a qualidade. Amaioria das faculdades privadas quetêm sido abertas não tem hospitaispróprios e se valem da rede públicasem remunerar esses que servem deprofessores, o que finda sendo umaprática exploratória por não ensinaradequadamente e por querer usartrabalhadores públicos para lucra-rem mais. As comissões de ensinomédico e de residência médica, for-madas pelas entidades médicas jun-to a órgãos do governo, devemacompanhar, exigir qualidade no en-sino, lutar para fechar as faculdadesque não cumprem sua missão. Aobrigação da faculdade de oferecervagas de residência médica deve fa-zer parte das exigências para seufuncionamento. A avaliação dosalunos através de exames de pro-gressão poderia ser feita em parceriacom o Ministério da Educação acada ano ou de dois em dois anos. Aideia de um Exame de Ordem ao fi-nal do curso, que bloquearia o exer-cício profissional após a conclu-são, aos que não atingissem a médiaexigida, pune o formando, quando,

“Tenho razões para acreditar que teremos pessoas mais comprometidas com asaúde nos próximos quatro anos”, diz Ferreira sobre os prefeitos e vereadoresque assumirão em janeiro do ano que vem

Fabrício Rodrigues

Entrevista

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na verdade, a responsabilidade é dainstituição formadora ou da que au-torizou a abertura da faculdade. Aquestão que se coloca é como seavaliar se o profissional formadotem condições de exercer seu traba-lho sem uma avaliação tipo examede ordem. Ora, se provas mensais,bimensais, progressão por períodos,não conseguem avaliar isso, comoum único exame conseguiria? Dequalquer forma nessa área ainda hámuito a ser discutido.TM – Também durante a posse, naabertura da cerimônia realizadaem Brasília, o Sr. destacou a im-portância da unidade da categoriamédica e disse que um de seus obje-tivos é administrar ouvindo e ten-tando corresponder a confiançados médicos. De que maneira o Sr.pretende ouvir a categoria?GF – Visitando os estados, partici-pando das lutas locais, dos eventos,ouvindo as sociedades de especiali-dades, as associações médicas, nosreunindo com as instituições repre-sentativas, acompanhando as dis-cussões nos fóruns, promovendoencontros, convocando especialis-tas e pensadores médicos a formula-rem respostas aos desafios que en-frentamos para melhorar aassistência. Temos acompanhado,através de nossa comunicação, asdiscussões nas mídias sociais paraaquilatarmos as angústias e expecta-tivas dos médicos sobre os temasque lhes interessam. Queremos ca-minhar em sintonia com o médico,razão de nossa existência. Claro quetudo isso sem demagogia, sabendoque temos também a responsabili-dade de orientar, guiar e dirigir a ca-tegoria nas lutas, mas representandosempre o seu sentimento.TM – A partir de 1º de janeiro doano que vem, nós teremos, em to-dos os municípios do Brasil, novosprefeitos e vereadores. A maioria

dos candidatos afirma que saúdeserá prioridade em seus governos.O que a FENAM espera desses po-líticos que assumirão ou reassumi-rão os executivos e as câmarasmunicipais?GF – Nós estimulamos os sindica-tos a promoverem debates ou se reu-nirem individualmente com oscandidatos para amarrarem compro-missos com a categoria e com a saú-de da população. A saúde passou aser vista sempre como uma das trêsmaiores preocupações da popula-ção. Às vezes ao lado da segurançae educação, às vezes ao lado da edu-cação e da corrupção, às vezes dodesemprego. O certo é que a preo-cupação com a má qualidade dosserviços de saúde está na ordem dodia. Na minha cidade, Natal, no RioGrande do Norte, tivemos a gratasatisfação de contar com candidatoscom uma boa compreensão da pro-blemática da saúde. Conseguimosdeixar clara nossa posição contráriaa terceirizações na rede própria, danecessidade de concursos, carreiraprofissional, unidades aparelhadas,necessidade de leitos, vagas emUTIs. Penso que a categoria médica

direcionou seu voto para políticoscomprometidos com essas ques-tões. Por ter encontrado nos várioslocais que visitei e em debates queassisti uma boa percepção dos can-didatos de que do jeito que está nãodá, e que a saúde precisa melhorar,tenho razões para acreditar que tere-mos pessoas mais comprometidascom a saúde nos próximos quatroanos. Espero não estar enganado.TM – Que mensagem o Sr. gosta-ria de deixar para os médicos detodo o Brasil através da revistaTrabalho Médico?GF – Sei das imensas responsabili-dades que assumi quando me pro-pus a dirigir a FENAM. Sei das ex-pectativas geradas ou despertadaspela minha pregação de indepen-dência quanto a governo ou inte-resses privados, pela minha dispo-sição de caminhar ao lado domédico, ouvindo e interpretandoseu sentimento. Sou fascinado pelademocracia, pela transparência, va-lorizo o conhecimento e as opi-niões dos outros, procuro aprendera cada momento, sei reconhecer er-ros, sei mudar de curso se necessá-rio. Sou intransigente na sincerida-de, na lealdade, na honestidade depropósitos, sou incapaz de trairprincípios e compromissos assumi-dos. Quero que os médicos saibamque estou na presidência daFENAM para administrar paraeles e para a sociedade, para defen-der os interesses da nossa categoriacom energia, dedicação e entusias-mo, para defender saúde para a po-pulação desassistida e sofrida naluta por esse direito, para lutar pe-los nossos sonhos de realizaçãoplena do nosso exercício profissio-nal, com remuneração justa, carrei-ra, condições de trabalho. Essas as-pirações que movem a classemédica movem a FENAM e o seupresidente. �

“As aspirações

que movem a

classe médica

movem a

FENAM

e o seu

presidente”

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Trabalho Médico – 10

O curso de medicina é umdos mais disputados dopaís. Devido à grande

concorrência, muitos jovens optampor se formar no exterior. No entan-to, ao regressarem, precisam passarpor um exame de revalidação de di-ploma para exercerem a profissão noBrasil.

O Revalida – Exame Nacional deRevalidação de Diplomas Médicosexpedidos por Instituições de Edu-cação Superior Estrangeiras -, é de-fendido pelas entidades médicas evisa comprovar a capacidade de atuarnos moldes do nosso país para asse-gurar a qualidade na assistência à saú-de da população.

Para o presidente da FederaçãoNacional dos Médicos, Geraldo Fer-reira, é preciso que o estudante, aoseu retorno, faça uma equiparaçãocurricular para checar se o nível deformação oferecido no exterior écompatível com a formação do mé-dico brasileiro. “Quem tem a ganharcom isso é a sociedade, porque seráprotegida. O médico precisa ser ave-riguado e se estiver adequadamentepreparado, poderá entrar no merca-do”, defendeu.

O Governo e o Congresso, noentanto, dão indícios de que desejamfacilitar a entrada desses profissiona-is no país. Com a justificativa de quehá falta de médicos no Brasil, que-rem flexibilizar o exame. No Senado,dois projetos de lei já propõem mu-danças. Um deles, de autoria do se-nador Roberto Requião(PMDB-PR), permite que universitá-rios de faculdades renomadas te-

nham seus diplomas automatica-mente reconhecidos no Brasil. Osegundo projeto, de autoria da sena-dora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), prevê critérios simplificadospara suprir a falta de atendimentomédico em zonas carentes e isoladas.

“Não pode um estado como de oRoraima ter 90% dos médicos con-centrados na capital, assim como nãopode o estado do Amazonas ter maisde 80% dos médicos na capital”, ar-gumentou a senadora em entrevista àequipe de comunicação da FENAM.

Flexibilização do exame

As entidades médicas são contraa flexibilização do exame, pois te-mem que profissionais mal forma-dos sejam lançados no mercado detrabalho.

“Será que o Senado vai assumir apostura de infringir ao povo brasilei-ro uma má assistência médica? Euacredito que nenhum dos citadostem uma postura política dessa or-dem, ao contrário, tem demonstradoa defesa dos interesses da populaçãoe nós entendemos que eles vão reco-nhecer os seus equívocos e mudar deposição”, destacou o ex-presidenteda FENAM e atual secretário de fi-nanças da entidade, Cid Carvalhaes.

Lei

Enquanto isso, na tentativa deevitar a revalidação dos diplomas deforma automática ou facilitada, o se-nador Paulo Davim (PV/RN) deuentrada em um projeto para transfor-mar o Revalida - hoje uma portariado Ministério da Educação - em lei.

“O Revalida é a porta, só que per-cebemos que há um movimento parafacilitar e até mesmo abolir esse exa-me. Sendo uma portaria, o examenão tem a sustentação, a durabilida-de, nem tem a segurança que temuma lei. Por isso, entramos com oprojeto para garantir a existência doexame, pois não podemos permitirque o profissional chegue aceito pelomercado sem antes passar por umprocesso de avaliação da sua forma-ção. Isso não acontece em país ne-nhum, não deve acontecer no Brasiltambém”, disse o senador.

Para dar agilidade à tramitação damatéria no Congresso, o deputadoEleuses Paiva apresentou na Câmaraum projeto semelhante. Para ele, ogrande problema da flexibilização doexame é o risco no aumento de erros

Agência Senado

Paulo Davim: “Sendo uma portaria,o exame não tem a sustentação, adurabilidade e a segurança de umalei. Por isso, entramos com o projetopara garantir a existência do exame”

O Revalida e os médicos

formados no exterior

Especial

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Trabalho Médico – 11

médicos, por falta de uma formaçãoadequada.

“A grande preocupação e o gran-de risco é um dia ser atendido poresse profissional. Se ele faz um diag-nóstico errado, um tratamento erra-do, colocará em risco a vida de mi-lhares de pessoas. Isso seria umaextrema irresponsabilidade por partetanto do ministro da Educação comodo ministro da Saúde”, acentuouEleuses.

Além de participar da formulaçãodos projetos, as entidades médicasafirmam estar acompanhando tudosobre o tema e tomando as provi-dências necessárias para defender oRevalida.

Como funciona

o Revalida

Realizado anualmente, o Revalidaé constituído por duas etapas: a pri-meira é uma prova teórica, com 110questões objetivas e cinco discursi-vas. A segunda, é uma prova práticade habilidades clínicas. A avaliação éfeita a partir de uma comparação cur-ricular, tendo como referência as di-retrizes nacionais do curso de medi-cina do Brasil.

As provas são consideradas es-senciais pelos professores de facul-dades brasileiras, para garantir que oprofissional esteja preparado paraidentificar doenças típicas do nossopaís e exercer a medicina em diferen-tes situações e/ou regiões. A provaescrita, segundo os professores, éadequada para avaliar o raciocínioclínico, através do qual o profissionaldeve citar os diagnósticos para o casoapresentado e elaborar uma prescri-ção, por exemplo.

Já na prova de habilidades clíni-cas o candidato passa por uma simu-lação. Atores são contratados e rela-tam sintomas diversos. Oatendimento do candidato é filmadoe acompanhado por dois avaliadores.

Para o professor da Comissão deRevalidação de Diploma do Minis-tério da Educação, Henry Campos,o candidato é avaliado desde a for-ma como recepciona o paciente atéa finalização da “consulta”. “Os ca-sos exigidos cobrem as situações clí-nicas de grandes áreas da medicinacomo ginecologia e obstetrícia, me-dicina da família e comunidade, pe-diatria, saúde pública, clínica médicae cirurgia,” explicou Campos.

Para a secretária executiva da Co-missão Nacional de Residência Mé-dica SESU/MEC, Maria do Patrocí-nio Tenório Nunes, o Revalida temcomo objetivo avaliar se o candidatoestá preparado para atender, mini-mamente, as principais demandas dopaís, independente da região que foratender. “Para revalidar não basta sóconhecer medicina, é necessário co-nhecer a cultura e o nosso SistemaÚnico de Saúde (SUS)”, afirmou asecretária.

Desenvolvido pelo Instituto Na-cional de Estudos e Pesquisas Edu-cacionais (Inep), o exame é aplicadoem 37 universidades públicas. Em

2011, dos 677 inscritos, só 65 foramaprovados. Os outros 612 não apre-sentaram as condições mínimas paraexercer a medicina no Brasil. Em2010, o resultado foi ainda pior: dos507 inscritos, apenas dois passaram.

Aline Almeida foi uma das queprestaram exame em 2011. Ela fez aopção de cursar medicina na Argen-tina por não ter condições de pagaruma faculdade no Brasil. “Fica difícilpassar sem cursinho e estudando emescola pública. Eu acabei o 2º grau efui para a Argentina porque lá é maisacessível. O preço era acessível e eujá podia começar”, assinalou.

A estudante chegou a passar naprimeira etapa do Revalida, mas naprova de habilidades clínicas foi re-provada. Ela admite que a parte prá-tica, não tão exigida na Argentina eum pouco diferente da brasileira, aprejudicou na segunda fase do exa-me.

“Lá eles têm muita teoria; vocêsabe a coisa fina. Tem prática tam-bém, mas não é como a teoria. Eupassei na primeira fase do Inep, masrodei na prática, em Brasília. Aqui

Waldemir Barreto/Ag. Senado

Vanessa Grazziotin: “Não pode um estado como o de Roraima ter 90% dosmédicos concentrados na capital, assim como não pode o Amazonas ter maisde 80% dos médicos na capital”

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Trabalho Médico – 12

tem o SUS, tem de estudar a epide-miologia. O SUS não existe lá, en-tão você tem de estudar. Na provaem Minas eu não passei na epidê-mica. O conteúdo não é dificil, sãocoisas que o médico tem de sabermesmo”, ponderou.

O nível de aprovação no exame,cerca de 17%, é considerado abaixodo esperado pela Comissão que or-ganiza o Revalida. Mas para ovice-presidente do Conselho Fede-ral de Medicina, Carlos Vital, o exa-me garante a confiança de profissio-nais bem preparados para atender apopulação. “É uma avaliação de se-gurança com o mínimo de capacida-de do exercício de medicina. OCFM acompanhou essas fases deaplicação do Revalida e tem hojecom as demais entidades confiançanele.”

Apesar do grande número de re-provação no exame, Monique Limafoi aprovada. Formada em Cuba, elarelatou que a prova é longa, mas quecobra conhecimentos básicos e ne-cessários para o exercício da profis-são. “Uma coisa ou outra que elescobraram que eu achei que não sãoda nossa rotina diária, mas o restoestava dentro do padrão. Eu achoque é interessante e o Revalida foiuma prova adequada. Qualquer lu-gar do mundo tem faculdades e fa-culdades e até no Brasil tem faculda-des excelentes e outras prestes aserem fechadas. Eu acho que tem deter, sim, um exame, tem de avaliar.É como em qualquer emprego quevocê vai, ou seja, você passa poruma entrevista, para ver se está ca-pacitado ou não. Ninguém vai te darum emprego sem te avaliar. Só queeu acho que tem de ser uma provajusta e o Revalida é uma prova justa,eles colocaram um conteúdo que éaceitável, só que numa prova muitolonga e tem gente que não está pre-parada para isso”, disse a médica.

Poucos médicos no país tentes em 2010 já seriam suficientespara a projeção aumentar para 2.8,2.9 , 3.0 em um década e meia, duasdécadas, de forma que não podemosadmitir que a política seja de aberturade novas vagas para médicos, issocom as perspectivas de 2010. Se con-siderarmos que agora em 2012 essasvagas já foram acrescidas, então na-turalmente nós já vamos ter excessosde médicos nesse país numa perspec-tiva de duas décadas. A proporçãoadequada apresentada pelo governoseria 2.8, 3.0, e eu repito que essaproporção já vai ser atendida desde2012, e mesmo com as vagas de 2010já se tem muito mais vagas autoriza-das”, explica o vice-presidente doCFM, Carlos Vital.

Segundo as entidades, se o gover-no quiser resolver o problema nãobasta colocar médicos mal formadospara tratar populações no interior dopaís. O inadequado financiamentodo SUS, a ausência de uma carreiramédica de Estado, a prática de baixossalários e péssimas condições de tra-balho são questões fundamentaisque devem ser superadas. �

Alexandra Martins/Ag.Câmara

Para dar agilidade à tramitação da proposta no Congresso, o deputado EleusesPaiva apresentou na Câmara um projeto semelhante ao do senador Paulo Davim

Com relação ao argumento deque há poucos médicos no país, asentidades dizem que o que existe, naverdade, é a má distribuição dos pro-fissionais, que se concentram nas re-giões de maior renda. O Brasil temhoje 1,95 médicos por mil habitan-tes.

“O risco de você colocar no mer-cado profissionais despreparadospara cuidar da população brasileira,sob o argumento de que há poucosmédicos , na verdade é um crime quese comete contra a sociedade”, des-taca o presidente da FENAM, Geral-do Ferreira.

“Quanto a resposta à pergunta sefalta médicos no país, nós entende-mos que pode realmente faltar algu-mas especialidades, mesmo que faltedentro de uma suposição de que umarelação adequada seja 2.8, 3.0 de mé-dicos por mil habitantes, esses médi-cos já estarão nessa proporção, por-que as vagas existentes em 2010 jáseriam suficientes em uma década,duas décadas, ou seja, as vagas exis-

Especial

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Trabalho Médico – 13

Evento

Geraldo

Ferreira firma

compromissos

com os

médicos na

posse da

diretoria da

FENAM

O novopresidenteassina o termode posse

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Trabalho Médico – 14

Evento

“Administrareiouvindo etentando

correspondera confiançados que de

nós esperam”

Cerca de 200 convidadosparticiparam da concorri-da cerimônia de posse da

nova diretoria da Federação Nacio-nal de Médicos (FENAM), eleitapara comandar a entidade duranteo biênio 2012-2014. O evento foirealizado no dia 16 de agosto, noEspaço da Corte, em Brasília. Emseu discurso, o novo presidente,Geraldo Ferreira, chamou a aten-ção para os problemas nos siste-mas público e privado de saúde eressaltou que lutará pela melhoriada qualidade dos serviços presta-dos à população.

“Administrarei ouvindo e ten-tando corresponder a confiança dosque de nós esperam. Não fugiremosdas responsabilidades do cargo;aplaudiremos, ofereceremos suges-tões, criticaremos, tudo dentro dasprerrogativas dadas por lei aomovimento sindical”, assegurou odirigente.

A nova gestão, em atividade des-de o dia 1º de julho, é formada por36 diretores, que firmaram compro-missos claros e objetivos com osmédicos brasileiros.

“Vamos lutar por uma formaçãode qualidade nas faculdades, pelocontrole na abertura indiscriminadade escolas, residência médica emquantidade para os formandos, mer-cado de trabalho com um piso ade-quado, uma carreira com evolução eascensão profissional, serviços de saú-de que permitam o uso de nossos co-nhecimentos de forma ética e científi-ca para o melhor da população.Defenderemos a regulamentação damedicina como uma defesa da socie-dade e o Sistema Único de Saúdecomo uma conquista da sociedadebrasileira,” destacou Geraldo Ferreira.

Após a leitura do termo de pos-se, feita pelo ex-secretário geral daentidade, Mario Antonio Ferrari, oex-presidente, Cid Carvalhaes, quecomandou a FENAM de 2010 a2012, fez a transferência do cargo.“Quero saudar a nova diretoria quechega representada pelo Dr.Geraldo”, disse Cid.

A nova diretoria, que vai comandar a FENAM até 2014

Fabrício Rodrigues

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Trabalho Médico – 15

Mensagens de otimismo marcam

solenidade de posse

“Desejamos muito sucesso à nova diretoria e que possamos colaborar e participar

conjuntamente na construção pela paz no Brasil e no mundo”Ibrahim Alzeben, embaixador da Palestina no Brasil

“Desejo muita sorte e que esta diretoria continue a batalha junto com as entidades mé-

dicas pela saúde de qualidade no Brasil, com condições de trabalho para o médico e aANMR apoia totalmente a nova direção”Beatriz Costa, presidente da ANMR

“Esperamos que esse trabalho efetivamente se multiplique. As entidades têm de traba-

lhar juntas. A FENAM é que faz pulsar o movimento médico e junto com a AMB e o CFMfazem uma representação completa dos médicos brasileiros”2º vice-presidente do CFM, Aloísio Tibiriçá

“Desejamos a continuidade da luta e que possamos juntos buscar conquistas e o enten-

dimento da melhoria da saúde nacional”Presidente da CNTU, Murilo Celso de Campos Pinheiro

“Temos a confiança de que a FENAM continuará nesta gestão a agregar conquistas

necessárias para a satisfação dos médicos e da sociedade brasileira”Vice-presidente do CFM, Carlos Vital

“Desejamos muito otimismo, perseverança e muito sucesso”

Presidente da AMB, Florentino Cardoso

Mensagens de alguns convidados que não puderam

comparecer ao evento

“Apresento os meus cumprimentos à FENAM pelo convite para participar da solenida-

de de posse da nova diretoria, a realizar-se no próximo dia 16, em nossa capital, infor-mando-lhes que não poderei me fazer presente ao evento. Desejo, no entanto, à nova dire-ção pleno êxito à frente dessa importante Federação”Senador Aécio Neves.

“Tenho a honra de agradecer o envio do convite a participar da solenidade de posse da

diretoria para o biênio de 2012/2014. Despeço-me, apresentando as minhas sinceras ex-pressões de apreço e deixo meu gabinete à disposição”Senador Vital do Rêgo.

“Impossibilitado de participar da solenidade de posse da diretoria da FENAM, agra-

deço o convite e envio os meus cumprimentos”Deputado Marco Maia.

“Meus agradecimentos pelo honroso convite. Formulo votos de sucesso na nova ges-

tão”Deputado Chico Leite.

“Venho expressar a satisfação com a composição da nova equipe e aproveitar a opor-

tunidade para desejar-lhe os votos de profícua e feliz gestão”Presidente da Associação Médica Mundial (WMA- World Medical Association), José LuizGomes do Amaral

“Agradecemos o convite e parabenizamos a todos, desejando sucesso e êxito na ges-

tão que ora iniciam e aproveitamos o ensejo para reiterar protestos de elevada estima edistinta consideração”Presidente da Sociedade Brasileira de Patologia, Carlos Renato Almeida.

Agradecimentos

Em seu discurso, Geraldo Ferrei-ra agradeceu à família, a Deus e aossindicatos do Nordeste, em particu-lar, como os do Rio Grande do Nor-te, Bahia, Ceará, Piauí, Maranhão eSergipe. “Apoios incondicionais àminha postulação ao cargo de presi-dente, lastreada em um programa decompromissos e metas com as aspi-rações dos médicos brasileiros, mastambém a todos os estados que, porunanimidade, elegeram a nossa cha-pa para dirigir a FENAM no biênio2012-2014", assinalou o novo presi-dente.

Representantes de entidades mé-dicas nacionais e internacionaiscompareceram ao evento, bemcomo autoridades públicas. Entreeles, o vice-governador do RioGrande do Norte, Robinson Faria,o secretário executivo de Gestão doTrabalho e da Educação em Saúdedo Ministério da Saúde, FernandoMenezes, o presidente da Confede-ração Médica Latino-Americana edo Caribe (Confemel), DouglasLeón Natera, o presidente da Asso-ciação Médica Brasileira, FlorentinoCardoso, o vice-presidente do Con-selho Federal de Medicina (CFM),Carlos Vital, a presidente da Associa-ção Nacional dos Médicos Residen-tes (ANMR), Beatriz Costa, e o pre-sidente da Confederação Nacionaldos Trabalhadores Liberais Univer-sitários Regulamentados (CNTU),Murilo Celso de Campos Pinheiro.O embaixador Palestino, IbrahimAlzeben, também participou da ce-rimônia. “A situação da Palestinaprecisa se espelhar nos médicos, queatendem a todos os que deles preci-sam, independente de etnia, comopromotores da paz”, destacouAlzeben.

“Acostumado a servir, enten-dendo o cargo como uma missão, e

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Trabalho Médico – 16

Integrantes da mesa composta para a cerimônia de posse ouvem o novopresidente discursar

Evento

Geraldo Ferreira: “Não fugiremos das responsabilidades do cargo;aplaudiremos, ofereceremos sugestões, criticaremos, tudo dentro dasprerrogativas dadas por lei ao movimento sindical”

Fabrício Rodrigues

“Acostumadoa servir,

tomo posseno maiordesafio de

minha vida”

tomo posse no maior desafio de mi-nha vida, sem medo, sem receios,sem temores, com o coração cheiode vigor e esperança, desejoso depoder contribuir para o fortaleci-mento do sindicalismo e com ascondições de remuneração e de tra-balho da nossa categoria”, comple-tou Geraldo Ferreira.

Fabrício Rodrigues

Page 17: Trabalho Médico Nº 14 - Outubro/2012

Trabalho Médico – 17

Ferreira recebe os cumprimentos do presidente da Confemel, Douglas LeónNatera

Cid Carvalhaes transmitiu o cargo a Geraldo Ferreira

Foto Fabrício Rodrigues

Vice-presidência

A vice-presidência da FederaçãoNacional dos Médicos é exercidapelo presidente do Sindicato dosMédicos do Espírito Santo, OttoFernando Baptista. Formado pelaEscola de Medicina da Santa Casade Misericórdia de Vitória (ES),Otto se especializou em Ginecolo-gia e Obstetrícia.

Antes de chegar à vice-presidên-cia da FENAM, Baptista percorreuum longo caminho no movimentosindical, na defesa dos profissionaise das condições de trabalho. NoSindicato dos Médicos do estado,atua desde 2000 como diretor. Em2006, foi eleito presidente e reeleitoem 2009. É vice-presidente da Co-operativa de Ginecologia e Obste-trícia (COOPGOES), e foi conse-lheiro do Conselho Regional deMedicina no período de 2005 a2008. Exerceu atividade como con-selheiro fiscal da Unimed Vitória edelegado fiscal da AMES. Até o anopassado, foi vice-presidente da Fe-deração Sudeste dos Médicos. Em2010, foi eleito presidente da Fede-ração Sudeste dos Médicos, comsede em Vitória.

Durante a cerimônia de posse,Otto Baptista assumiu compromis-sos com os profissionais. “Primeiro,o respeito ao médico, pois esse é umcompromisso que vale mais do quequalquer outro. Depois, não pode-mos deixar de lutar pelo piso salari-al, regulamentação da medicina epelo Revalida. Esses são os pontosde pauta que temos de ter com prio-ridade”, afirmou.

Otto Baptista também defendeu acontinuidade dos trabalhos da antigagestão para alcançar as metas pretendi-das. “Sabemos dos desafios e dificul-dades que temos pela frente, mas te-mos um grupo forte e unido, focadonos nossos objetivos”, concluiu.� Vice-presidente da FENAM, Otto Baptista, e o presidente, Geraldo Ferreira

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Trabalho Médico – 18

Naquele que está sendoconsiderado o maiorprotesto nacional de to-

dos os tempos no Brasil na área desaúde suplementar, médicos queatendem usuários de planos de saú-de suspenderam a prestação de ser-viços por até 15 dias em outubro. Oinício da mobilização aconteceu nodia 10, quando ocorreram, de Nor-te a Sul do país, uma série de atospúblicos incluindo assembleias, ca-minhadas e concentrações nos es-tados. Em alguns estados, os pro-testos se estenderam até o dia 25. Omovimento atingiu somente a as-sistência eletiva, ou seja, os setoresde urgências e emergências funcio-naram normalmente.

Médicos de planos de saúde

promovem o maior protesto

de todos os tempos no setor

O protesto ganhou forte adesãonacional, com manifestações em to-dos os estados. Em sete deles, a sus-pensão do atendimento atingiu to-das as empresas de saúdesuplementar. Em outros oito, a mo-bilização afetou consultas e procedi-mentos a planos selecionados local-mente. Sete estados realizaramassembleias para definir períodos eplanos atingidos. Outras cinco uni-dades da Federação decidiramapoiar a manifestação com atospúblicos, mas sem paralisação.

Reivindicações

Além de reajuste nos honorári-os, os médicos pedem o fim da in-terferência antiética das operadoras

na relação médico-paciente. Tam-bém reivindicam a inserção, noscontratos, de índices e periodicidadede reajustes – por meio da negocia-ção coletiva pelas entidades médicas– e a fixação de outros critérios decontratualização.

De acordo com as lideranças domovimento, os pacientes não foramprejudicados com a mobilização dosmédicos. As consultas serão remar-cadas posteriormente e não houveparalisação nos atendimentos decasos de emergência.

“As reivindicações da catego-ria são essenciais. Entendemosque sem uma pressão mais efetivasobre os planos de saúde, eles di-ficilmente sentarão para negociar.

Divulgação/CFM

Em entrevista coletiva, representantes da FENAM, AMB e do CFM explicaram à imprensa como seria o protesto emtodo o país

Mobilização

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Trabalho Médico – 19

Div ulgação/Simepe

Em Pernambuco, os médicos protestaram nas ruas e paralisaram oatendimento do dia 15 até o dia 19

Divulgação/Sindmed/RN

No Rio Grande do Norte, o atendimento foi suspenso e os médicos fizerammanifestação na Praça 7 de Setembro, em frente à Assembleia Legislativa

Dessa forma, uma mobilizaçãopor mais dias demonstra que, da-qui para frente, os médicos toma-rão medidas cada vez mais duraspara uma melhor relação com opaciente”, avalia Geraldo Ferrei-ra, presidente da FENAM.

O presidente da Associação Mé-dica Brasileira (AMB), FlorentinoCardoso, afirma que a saúde suple-mentar brasileira vive hoje um mo-mento de falta de credibilidade. Citarecente pesquisa Datafolha/APM,em que 15% dos entrevistados (1,5milhão de pessoas) afirmam ter re-corrido ao Sistema Único de Saúde(SUS) em média 2,6 vezes e 9% (950mil usuários) ao atendimento parti-cular em média duas vezes, nos últi-mos 24 meses. Há grande insatisfa-ção de pacientes usuários dosistema, assim como de médicosprestadores dos serviços, conformerevelam inúmeras pesquisas de opi-nião e as reclamações de usuáriosnos órgãos de defesa do consumi-dor. Não é possível manter qualida-de nos serviços com o atual avilta-mento dos honorários médicospagos”.

“O movimento médico brasilei-ro tem buscado incessantemente odiálogo com as empresas da área desaúde suplementar, mas os avançosainda são insatisfatórios. O que estáem jogo é o exercício profissional de170 mil médicos e a assistência aquase 48 milhões de pacientes”,completa Aloísio Tibiriça, 2ºvice-presidente do ConselhoFederal de Medicina (CFM) e

coordenador da Comissão Nacionalde Saúde Suplementar (COMSU).

Histórico

Algumas conquistas dos médi-cos surgiram após as três recentesmobilizações da categoria comfoco na queda de braço entre pro-fissionais e operadoras. A primeiraem 7 de abril de 2011 e a segundaem 21 de setembro do mesmo ano.A última mobilização nacionalaconteceu em 25 de abril, quando,além de protestarem, representan-tes das entidades médicas nacionaisentregaram formalmente à AgênciaNacional de Saúde Suplementar(ANS) um documento com 15 pro-postas para estabelecer critériosadequados para a contratação demédicos pelas operadoras de pla-nos de saúde e para a hierarquiza-ção dos procedimentos estabeleci-dos pela CBHPM.

Após cinco meses, a ANS afirmaainda analisar a proposta da catego-ria. Durante esse período, a Agênciapublicou a Instrução Normativa nº49, que foi considerada inócua pelasentidades, pois não tem o pressu-posto da negociação coletiva.�

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Trabalho Médico – 20

Mobilização

Por meio da Comissão deAssuntos Políticos (CAP),formada pelas três entidades

médicas nacionais (FENAM, CFMe AMB), vários projetos de lei de in-teresse da categoria são analisa-dos. As proposições relacionadas àassistência à saúde e à medicina sãoacompanhadas e, quando necessá-rio, os membros da Comissão traba-lham diretamente com os parlamen-tares no Congresso Nacional.

“O trabalho da CAP é penoso,porque lidamos, diuturnamente,com interesses políticos mais diver-sos. É um trabalho de “formigui-nha”. Seguimos todos os projetosde interesse do médico e apresenta-mos aos deputados e senadores aposição das entidades médicas so-bre cada um deles”, explica o coor-denador da FENAM na CAP, Wal-dir Cardoso.

Cinco matérias

merecem destaque

A primeira dispõe da remunera-ção e reajuste de Planos de Cargos,Carreiras e Planos Especiais de Car-gos do Poder Executivo federal.Trata-se do PL 4369/2012, que seencontra na Comissão de Trabalho,Administração e Serviço Público(CTASP), sob relatoria do deputa-do Sebastião Bala Rocha (PDT-AP).A CAP vai apresentar uma emendaque busca recuperar o valor da grati-ficação dos médicos (GDM), já queos demais servidores públicosreceberam aumento.

O segundo projeto é o PL2750/2011, de autoria do deputadoAndré Moura (PSC/SE), que fixa opiso salarial nacional dos médi-cos. A proposição aguarda parecer

De Olho no Congresso

da deputada Flávia Morais(PDT-GO) na Comissão de Traba-lho, Administração e Serviço Públi-co (CTASP). Os representantes domovimento médico conseguiram areformulação do substitutivo elabo-rado, retirando um artigo que supri-mia a lei 3999/61, que altera o salá-rio mínimo dos médicos e cirurgiõesdentistas, disciplina as relações detrabalho e garante que os cargos oufunções de chefias de serviçosmédicos somente poderão serexercidos por médicos devidamentehabilitados na forma da lei.

Outras proposições que tambémdispõem sobre o salário dos médi-cos são o PL 3734/2008 e o PLS140/2009. Ambos, por manobra dogoverno, estão com a tramitação pa-rada há aproximadamente três anos.O primeiro aguarda relatório na Co-missão de Finanças e Tributação(CFT) e o segundo está pronto paraser incluído na pauta de votação do

Plenário do Senado. Por conta damorosidade na tramitação no Legis-lativo, a FENAM entrará com umaação judicial no Supremo TribunalFederal (STF), pedindo que aspropostas tramitem com maisrapidez.

A próxima matéria dispõe sobreos planos e seguros privados de as-sistência à saúde, tornando obriga-tória a existência de contratos escri-tos entre as operadoras e seusprestadores de serviço. É o PL6964/2010, da senadora Lúcia Vâ-nia (PSDB/GO). O texto já foiaprovado no Senado Federal e en-contra-se na Comissão de Constitui-ção, Justiça e Cidadania da Câmara(CCJ), sob relatoria do deputado Fá-bio Trad (PMDB/MS). Segue parasanção presencial se não houver re-curso para apreciação do Plenário.As emendas aprovadas no Senadosão fruto do trabalho da CAP juntoaos senadores.

Waldemir Barreto/Ag.Senado

A senadora Lúcia Vânia é autora do projeto que tornam obrigatórios oscontratos escritos entre operadoras de planos de saúde e médicos prestadoresde serviço

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Trabalho Médico – 21

“Esse projeto é de extrema im-portância para preencher uma lacu-na existente na lei vigente, que deixaprecarizada a relação entre médicose operadoras de plano de saúde, afe-tando a boa assistência aos pacien-tes”, ressaltou o secretário de SaúdeSuplementar da FENAM, MárcioBichara, que também é membro daCAP.

A quarta proposta importantepara a categoria médica é o PLS168/12, que institui o exercício soci-al da profissão para garantir empre-go e exigir prestação de serviço dosgraduados em medicina que obtive-ram seus diplomas em cursos custe-ados com recursos públicos, em ins-tituições públicas ou privadas. Osenador Paulo Paim (PT/RS) é o re-lator na Comissão de Educação,Cultura e Esporte (CA). A CAP so-licitou uma audiência pública paraexpor a posição da categoria. Amaior preocupação é com a

Denise Teixeira

Márcio Bichara: “O projeto(6964/2010) é de extrema importânciapara preencher uma lacuna existentena lei, que precariza a relação entremédicos e planos de saúde”

qualidade dos serviços que serãoprestados.

A última proposição em desta-que é a que trata dos conselhos deMedicina e dá outras providências,estabelecendo diretrizes e bases da

educação nacional para instituir oExame Nacional de Proficiência emMedicina como requisito para oexercício legal da medicina no país.De autoria do senador Tião Viana, oPLS 217/04 está na Comissão deEducação, Cultura e Esporte aguar-dando parecer do senador Cyro Mi-randa (PSDB/GO). A pedido daCAP, que é contrária à aplicação daprova, será realizada uma audiênciapública com a participação das enti-dades médicas para um debate maisamplo sobre a questão.

Na Câmara dos Deputados, tra-mita o PL 650/2007, que tambémdispõe sobre a realização de examede admissão para exercer a medicinano Brasil. Os PLS 99/07, 6867/10 eo 4265/12 foram apensados ao pro-jeto, que se encontra na Comissãode Trabalho, Administração e Servi-ço Público da Câmara (CTASP) soba relatoria do deputado RobertoSantiago (PSD/SP). �

CADE: negociações continuam

Após oito reuniões, as negociações en-tre o Conselho Administrativo de DefesaEconômica, do Ministério da Justiça, e a Fe-deração Nacional dos Médicos continuam.O tema foi discutido, mais uma vez, no en-contro dos presidentes de sindicatos médi-cos, realizado no dia 11 de outubro, em Bra-sília, e a constatação foi de que a FENAMprosseguirá negociando com o CADE, massó assinará um acordo que represente umconsenso sobre o direito dos médicos. AFENAM pedirá, ainda, que o Conselho Fe-deral de Medicina retorne à mesa de discus-sões.

“Na reunião dos presidentes de sindi-catos, decidimos que vamos continuarnegociando com o CADE, inclusive soli-citando que o CFM volte à mesa, mas sóassinaremos um acordo em condiçõesmuito favoráveis, no mínimo, as contidasna última proposta apresentada pelo ór-gão”, disse o diretor de Formação Profis-sional e Residência Médica da FENAM,

Antônio José Francisco Pereira dos San-tos.

As desavenças do Conselho com as en-tidades médicas partiram da tentativa doCADE de vetar várias formas de mobiliza-ção da categoria e limitar a adoção da Classi-ficação Brasileira Hierarquizada de Procedi-mentos Médicos (CBHPM) comoreferência de remuneração.

Antônio José dos Santos explicou que,inicialmente, a proposta feita pelo CADEpareceu viável. “De início, a proposta ver-sava sobre ações que a categoria já haviaacatado como utilizar a CBHPM com ban-da, não decretar greves por tempo indeter-minado, não punir os ‘fura-greve’, não co-brar ‘por fora’ dos planos de saúde, entreoutras. No entanto, quando as três entida-des médicas – FENAM, CFM e AMB - es-tavam dispostas a assinar o termo de acor-do, o CADE endureceu, passando achamar a CBHPM de tabela cartelizada e aexigir que as greves tivessem prazos, além

de intervir nas decisões do CFM e interfe-rir na relação médico paciente, tornandosuas exigências inaceitáveis, ou seja, umretrocesso”, esclareceu o diretor. AntônioJosé acrescentou que foi nessa fase que asentidades médicas resolveram abandonara discussão e deixar as ações irem a julga-mento, principalmente porque em diver-sas oportunidades as decisões foram fa-voráveis. “Mas, para nossa surpresa, oCADE voltou a nos procurar, insistindonas negociações para a assinatura de umacordo. Foi a partir desse momento que oCFM resolveu abandonar as negociações.Já tivemos oito reuniões com o CADE ena mais recente o órgão fez uma novaproposta, praticamente idêntica à inicial,ou seja, a proposta que as entidades acha-vam possível aceitar. A FENAM e a AMBainda irão se manifestar a respeito dessaproposta e vamos solicitar ao CFM que re-torne à mesa de negociações”, concluiu odirigente da FENAM. �

Page 22: Trabalho Médico Nº 14 - Outubro/2012

Trabalho Médico – 22

Avalorização da qualidade do en-sino e trabalho médico, revali-dação de diplomas somente

através do Revalida, implantação doPlano de Cargos, Carreira e Vencimen-tos, piso salarial da FENAM, MP 568 eseus desdobramentos, e a contrariedadeà adoção de medidas paliativas para asaúde, como o Provab, fazem daFENAM e da Associação Nacional deMédicos Residentes parceiras em lutasque visam à melhoria das condições detrabalho da categoria médica e de aten-dimento à população.

Em entrevista à equipe da revistaTrabalho Médico, a presidente daANMR, a ginecologista e obstetra cario-ca Beatriz Rodriguez Abreu da Costa,ressaltou que a ANMR e a FENAMtêm de visar a luta pela valorização domédico, tanto o residente quanto o pre-ceptor, e lutar juntas por uma medicinade qualidade e uma assistência dignaque o povo brasileiro merece. “As duasentidades veem, desde 2010, estreitan-do laços, e com a nova diretoria daFENAM isso aumentou, possibilitandoainda mais o fortalecimento dessa luta”,acentuou a médica.

Beatriz Rodriguez revela, ainda, queos maiores problemas enfrentados pelosresidentes hoje são as péssimas condi-ções dos serviços públicos, bem como afalta de preceptoria e de valorização dospreceptores. Além disso, na opinião dapresidente da AMR, a abertura indis-criminada de escolas de medicina faz a si-tuação se agravar ainda mais. “Se já fal-tam vagas de residência médica, mesmocom o programa Pró-Residência, com oaumento de médicos formandos piora

SITUAÇÃO

O Brasil possui atualmente 26 mil médicos residentes, a maioriaatuando pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O valor da bolsa-auxílioé de R$ 2.384,82, que foi elevado em 22% em janeiro de 2011, depoisde uma greve da categoria, que durou 33 dias, realizada entre os me-ses de agosto e setembro de 2010. A carga horária semanal de traba-lho é de 60 horas.

Algumas das principais reivindicações

• Valorização da qualidade do ensino médico• Melhores condições de trabalho para que o médico possa atuar no SUS• Revalidação de diplomas somente através do Revalida• Reajuste do valor da bolsa-auxílio• Valorização da preceptoria, pois só alguns professores titulados

ganham bônus

Objetivos comuns unem

FENAM e ANMR pela melhoria

das condições de trabalho e

atendimento à população

ainda mais. E para ter residência médica,o serviço tem de atender a pré-requisitosque o Ministério da Educação exige.Com a atual situação da saúde no país,fica cada vez mais difícil atender a essasexigências, prejudicando ainda mais aabertura de novas vagas de residência”,criticou a dirigente, para quem a residên-cia médica é que dá qualidade à forma-ção do profissional.

Sobre o Programa de Valorizaçãodo Profissional da Atenção Básica,Beatriz Rodriguez declarou à impren-sa que “o Provab é um tapa-buracocom mão de obra de recém-forma-dos” e que a ANMR é contra a bonifi-cação. Para ela, o Provab, que visa aoencaminhamento de médicos re-cém-formados a regiões de difícilacesso e em troca oferece bônus naprova para residência, não considera aqualidade na formação do médico. Apresidente da ANMR acha que o go-verno deveria oferecer condições aosprofissionais que atuam no Programade Saúde da Família para que pudes-sem exercer suas atividades fora dosgrandes centros urbanos, ao invés dedizer que há falta de médicos para oPSF e por isso os residentes precisamser deslocados para atuarem na áreade atenção básica. �

Beatriz Costa, presidente da ANMR

Fabrício Rodrigues

Lutas

Page 23: Trabalho Médico Nº 14 - Outubro/2012

Trabalho Médico – 23

Um repto em defesa da sociedade

ARTIGO

Waldir Cardoso *

O Conselho Regional de Medici-na do Estado de São Paulo(CREMESP) vem aplicando, desde2005, uma prova para os egressos doscursos de medicina que funcionam noEstado de São Paulo. Até este ano aavaliação era voluntária. Com a quedado número de participantes em cercade 50% em 2011, o CREMESP resol-veu determinar, através de resolução,que todos os egressos se submetamao processo, sob pena de não teremseus diplomas registrados e não rece-berem autorização para exercer a pro-fissão em São Paulo.

O egrégio Conselho entende quetem competência para exigir o certifi-cado de participação na prova comomais um documento a ser apresenta-do por ocasião da solicitação do regis-tro do diploma (ideia engenhosa, em-bora juridicamente insustentável).Alegam que a medida é obrigatória,mas nenhum egresso deixará de terseu registro efetuado em virtude danota obtida. O CREMESP garanteque a nota será guardada a sete chavese não será divulgada, mas será registra-da no prontuário do jovem médico,ficando, portanto, à disposição doConselho (que poderá utilizá-la emeventual gradação de penalidade ética)ou da justiça (um juiz pode querer sa-ber como se saiu o médico para ins-truir processo civil ou penal contra oprofissional).

As faculdades de medicina do es-tado receberão – de forma reservada –um dossiê com a avaliação dos seusegressos. O CREMESP espera queelas utilizem essa informação paramelhorar a qualidade de sua gradua-ção. A sociedade será informada doresultado – como sempre – e os jorna-is poderão estampar o alto percentual

de médicos que não obtiveram notamínima na prova, comprovando,assim, a péssima qualidade do ensi-no médico paulista. O objetivo échamar a atenção da sociedade paraa situação e pressionar o Parlamen-to a aprovar o exame de proficiênciaterminativo para os egressos, sobresponsabilidade dos conselhos demedicina. Um exame de ordem, àsemelhança daquele aplicado pelaOrdem dos Advogados do Brasil.

Todo o esforço dispendido peloCREMESP ao longo destes anos paraaperfeiçoar seu instrumento de avalia-ção é justificado pela necessidade dedefender a sociedade, evitando que di-plomados mal formados registrem seudiploma e exerçam a profissão no esta-do de São Paulo, colocando em risco asaúde da população. O esforço temsido frutífero. A prova do CREMESPtem sido elogiada, publicamente, porespecialistas na aplicação de testes deprogresso e psicometria.

Reconheço a necessidade de queos estudantes de medicina, docentes ecursos de medicina sejam avaliados.Os estudantes durante o curso, atra-vés de metodologia que ofereça ele-mentos para que as instituições pos-sam corrigir falhas e melhorar o

processo de aprendizagem de seusalunos. Um teste de progresso reali-zado no 2º, 4º e 6º ano, antes, por-tanto, de o aluno receber seu diplo-ma de graduação em medicina.

Questiono a estratégia utilizadapelo CREMESP para chamar a aten-ção da população e pressionar o Par-lamento. A divulgação dos baixos re-sultados obtidos pelos alunos dasescolas paulistas serve, inadvertida-mente, para denegrir a imagem domédico e macular o bom nome damedicina. Um objetivo exatamentecontrário ao que determina a lei3268/57, que afirma, expressamente,em seu art. 2º, que os conselhos demedicina devem “zelar e trabalharpor todos os meios ao seu alcance,pelo perfeito desempenho ético damedicina e pelo prestígio e bom con-ceito da profissão e dos que a exer-çam legalmente” (grifo meu).

Reconhecendo legítima e louvávela preocupação do CREMESP emproteger a sociedade, lanço um reptoao respeitável e prestimoso corpo deconselheiros paulistas. Se o objetivoprimordial da entidade é trabalharpara proteger a sociedade – mesmoque para isso venha a prejudicar obom nome da medicina paulista – queo CREMESP divulgue a nota médiados alunos de todos os cursos de me-dicina avaliados. Como o exame éobrigatório, todos os estudantes vãose esforçar para dar o melhor de si eproteger sua faculdade da vergonha deestar entre os mal avaliados. A socieda-de brasileira vai conhecer a qualidadedos cursos de medicina paulistas e po-derá ter a oportunidade de evitar ospiores.

* Waldir Cardoso é diretor de Comunica-ção da FENAM, diretor do Sindicato dosMédicos do Pará e membro do ConselhoFederal de Medicina.

Opinião

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Trabalho Médico – 24

Estudantes e médicos

unidos contra a abertura

indiscriminada de

faculdades de medicina

“A proliferação de cursos demedicina sem parâme-tros mínimos de funcio-

namento, projeto político pedagógico emdesacordo com as diretrizes curricularesnacionais, baixa qualidade de corpo do-cente e dificuldade em garantir campo deprática, são atentados à formação dos fu-turos profissionais”. A afirmação foi feitapela coordenadora geral da Direção Exe-cutiva Nacional de Estudantes de Medici-na, Marcela Vieira, acrescentando que aDENEM, assim como a Federação Nacio-nal dos Médicos, se posiciona de formacontrária à abertura de escolas médicas daforma como vem ocorrendo no Brasil.

Marcela exemplifica, dizendo que hácidades como Cajazeiras, no sertão parai-bano, de pouco mais de 60 mil habitantes,onde há um curso médico que recente-mente reduziu as vagas anuais de 80 para30. “Nessa universidade, os estudantes sedeslocam mais de 300 Km para utilizarhospitais de três cidades como campo deprática no internato. Ainda assim, diantedas dificuldades de implementação do cur-so em uma cidade de pequeno porte, foipermitida a abertura de uma escola parti-cular com 60 vagas anuais. Exemploscomo esse são inúmeros”, critica a coorde-nadora da DENEM. Ela cita mais umcaso de uma escola aberta sem campo de

prática e utilizando o hospital universitáriode outra escola, com a consequente difi-culdade dos preceptores diante da deman-da do maior aporte de estudantes: Casca-vel, no Paraná. “Há, ainda, os exemplosemblemáticos das unidades da Universida-de Federal do Rio de Janeiro, em Macaé, eUniversidade de Pernambuco, em Gara-nhuns. Ambas abriram cursos de medicinasem o planejamento adequado, o que acar-retou greve estudantil por uma educaçãomédica de qualidade”, disse a estudante.

De acordo com a coordenadora, “épreciso um estudo de cada região, das ne-cessidades sociais e importância de abertu-ra de um curso médico, desde questões

Integrantes da DENEM participando de ato público em frente à Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro

Divulgação/DENEM

Ensino Médico

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Trabalho Médico – 25

técnicas, como também pa-râmetros baseados na infra-estrutura, na contratação decorpo docente qualificado eprojeto político-pedagógicona perspectiva das diretrizescurriculares nacionais”.

Currículo

Sobre o currículo doscursos médicos, Marcela Vi-eira disse que os dirigentes daDENEM entendem que areforma curricular iniciada apartir da CINAEM (Comis-são interinstitucional de Ava-liação das Escolas Médicas) ea oficialização das DiretrizesCurriculares Nacionais em2011, foram momentos im-

dou as principais questões que perpassama nossa formação, contextualizando-a naluta contra a privatização da saúde, em de-fesa do SUS e do sistema educacional bra-sileiro”, esclareceu a dirigente.

Marcela Vieira assinalou, ainda, que aDENEM luta para que o projeto políti-co-pedagógico das escolas médicas possarelacionar, ao invés de compartimentalizaros conhecimentos acerca do SUS, da saú-de e da sociedade. Ela diz que temas im-portantes que repercutem cotidianamenteno futuro profissional do médico, a exem-plo da privatização da saúde, muitas vezessão secundarizados nas salas de aula. “Oprocesso de adoecimento, que necesaria-mente reflete as condições sociais às quaisos sujeitos estão inseridos e submetidos, étambém muitas vezes compreendido etransmitido nas aulas como algo dissocia-do da nossa realidade. São questões comoessas que nos colocam diante da impor-tância de pautarmos, além da infraestrutu-ra, implementação de laboratórios multi-funcionais, docentes e preceptores sempreem formação, metodologias ativas e cam-po de prática, e a reforma curricular nasgraduações de medicina”, acentuou.

Privatização da saúde

De acordo com Marcela Vieira, aolongo deste ano a DENEM tem cons-truído diversas lutas relacionadas à edu-cação e saúde. “Vivenciamos no Brasilum grande avanço da privatização da

saúde, através das Organizações Sociaise Fundações Estatais de Direito Priva-do, ambas formas de transferir a res-ponsabilidade da gestão dos hospitais,UPAS, USFs à iniciativa privada. AEBSERH -Empresa Brasileira de Servi-ços Hospitalares -, também representaa privatização da gestão dos hospitaisuniversitários e aponta consequênciasdanosas à promoção de saúde, bemcomo à formação dos estudantes nessesambientes de lógica privatista. Ao passoque os princípios do SUS vão sendodrasticamente violados, nós, estudan-tes, em luta junto aos trabalhadores dasaúde, somamos esforços na constru-ção da Frente Nacional contra a Privati-zação da Saúde, espaço importante pararesistir aos desmandos perpetradospelo capital privado dentro do nossosistema. Construímos a Campanha emDefesa dos HUs (emdefesados-hus.blogspot.com), articulada às demaisexecutivas da saúde, e temos pautado aimportância de unificar nossas bandei-ras em defesa do direito à saúde”, asse-gurou a dirigente.

Ao complementar seu posiciona-mento sobre educação médica, MarcelaVieira lembrou da maior greve realizadanos últimos tempos pelas instituiçõesfederais de ensino, período em que, deacordo com a coordenadora, aDENEM construiu, junto aos estudan-tes, a solidariedade aos docentes e aostecnico-administrativos na luta pelaeducação pública de qualidade. “De-monstramos nosso apoio cotidiana-mente através de atos, aulas públicas e odiálogo com a população. Ainda que asconquistas da greve tenham sido esma-gadas pela intransigência do governo,permanecerá na memória do povo e nahistória do Brasil o exemplo de luta pelaeducação médica, que foi o tema centraldo nosso maior encontro nacional, oECEM, assim como será tema do Semi-nário do CENEPES - Rio Preto, queabordará “O Papel Social da EscolaMédica”, entre os dias 1 a 4 de novem-bro deste ano. Esse tema é importantís-simo e necessário para propormostransformações dentro e fora da escolamédica”, finalizou a coordenadora geralda DENEM.�

Divulgação/DENEM

Marcela Vieira fala aos jornalistas sobre as lutasda DENEM por um ensino médico de qualidade

portantes para repensar a concepção desaúde e a formação profissional dos médi-cos para além dos hospitais e dos murosda universidade. Mas, segundo ela, aindahá muito o que fazer nesse setor.

“Desde esse período, muito se avan-çou na inserção de métodos ativos deaprendizagem e áreas de conhecimentoque contemplassem os eixos humanísticoe social, na perspectiva de formar profissio-nais mais humanos e comprometidos como sistema público de saúde brasileiro.Entretanto, após 11 anos do início da re-forma curricular, avaliamos que muito háde ser feito se buscamos atingir egressossocialmente referenciados, humanos ebem formados tecnicamente. As transfor-mações curriculares devem estar em con-sonância com o maior financiamento dasfaculdades públicas, contratação de do-centes efetivos e equipamentos adequa-dos, mas também com o compromisso deefetivar o SUS verdadeiramente público eestatal e de qualidade. A luta da DENEMpassa não somente pela melhoria dos cur-rículos, mas também de todo o sistemaeducacional, dos parâmetros para aberturade novas escolas e da luta pelo SistemaÚnico de Saúde. Os estudantes cumpri-ram e cumprem o papel crucial nas refor-mas curriculares pelo Brasil, e por acreditarna importância dessa pauta, a DENEM aelegeu para o 42º ECEM, realizado noRio de Janeiro, cujo tema “Nosso papel natransformação da educação médica” abor-

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Trabalho Médico – 26

A Confemel, ConfederaçãoMédica Latinoamericana edo Caribe, realiza em no-

vembro, em Bogotá, na Colômbia,sua assembleia geral ordinária, coma participação de dirigentes da classemédica de 17 países, representando27 entidades da categoria, que tam-bém elegerão a nova diretoria daConfemel. A FENAM estará na as-sembleia e participará das discus-sões sobre todos os temas que serãoabordados durante o evento, bemcomo da escolha dos novos dirigen-tes da entidade. Na oportunidade, aFENAM apresentará a propostapara a realização do Seminário Mé-

Confemel realiza assembleia geral

em Bogotá e elege nova diretoria

Durante o evento, a FENAM irá concretizar a proposta para que oSeminário Médico/Mídia seja transformado em evento internacional,

com a participação da Confemel

dico/Mídia internacional, em con-junto com as demais entidades mé-dicas nacionais, CFM e AMB, e aConfemel.

Segundo Eduardo Santana, se-cretário de Relações Trabalhistas daFENAM e um dos representantesda Federação na assembleia, o even-to de Bogotá será também um con-gresso eleitoral porque o mandatoda Confederação é de dois anos.Indagado se algum membro da dire-toria da FENAM poderia integrar anova diretoria executiva da Confe-mel, Santana explicou que a repre-sentação brasileira tem sido feita pe-las três entidades médicas nacionais

- Conselho Federal de Medicina,Associação Médica Brasileira eFENAM.

“No último pleito, a FENAM fi-cou com o cargo de vogal, com oCFM ocupando uma vaga na direto-ria executiva e a AMB no conselhofiscal. O processo eleitoral tem sedado nos últimos tempos de formaa construir um consenso entre as re-presentações nacionais, para quetodo o continente seja prestigiado ese construa uma chapa única paradirigir a entidade. Estamos, comosempre fizemos, buscando uma par-ticipação mais proativa nesse deba-

Divulgação/Confemel

Dirigentes médicos reunidos no evento em Lima, que debateu a relação entre as entidades médicas e a mídia

Internacional

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Trabalho Médico – 27

te, a fim de que a FENAM possacontinuar sendo representada juntoà diretoria da Confemel, preferenci-almente na executiva”, esclareceu osecretário de Relações Trabalhistas.

dos Médicos do Pará, de Alagoas,Minas Gerais, São Paulo, Paraná eGoiás como organizações regionaisda Confederação. Além disso, ospaíses participantes elaboraram aDeclaração de Lima, umdocumento sobre a relação entre asentidades médicas e a mídia.

“O debate sobre a relação entreos médicos, a medicina e a imprensafoi marcado por um aparente desen-contro entre as partes, a grande maio-ria pelo desconhecimento mútuo dospapeis e pela falta de interação entreas profissões. Mostramos a todos quedebate semelhante tem sido travadoem nosso país e que nos levou a pro-curar encontros regulares com profis-sionais de comunicação através doSeminário Médico/Mídia, já na suasétima edição. Por fim, apresentamos,

de maneira solidária pelas entidadesnacionais, a proposta de que o próxi-mo Médico/Mídia, edição de 2013,seja realizado com promoção conjun-ta das entidades nacionais com a Con-femel, o que foi aceito”, informouEduardo Santana, acrescentando quea FENAM apresentará a proposta derealização do Médico/Mídia interna-cional de forma mais concreta, paradefinição de datas e outras providên-cias, durante a Assembleia GeralOrdinária de Bogotá, em novembro.

O movimento médico sindicalbrasileiro foi representado pelaFENAM no evento de Lima, atra-vés das participações do vice-presi-dente da FENAM, Otto Baptista, eEduardo Santana, além dos Sindi-catos dos Médicos de São Paulo,Goiás e Alagoas. �

Edição 2012 do Seminário Médico/Mídia, que pode se transformar em evento internacional no ano que vem

Arquivo/FENAM

A Federação Nacional dos Mé-dicos participou, nos dias 2 e 3 deagosto, na cidade de Lima, no Peru,da Assembleia Geral Extraordináriada Confemel, que debateu a organi-zação dos médicos, formação, co-municação e compromisso socialda categoria, com a presença de re-presentantes de 13 países. Duranteo evento, foi aprovado, por unani-midade, o ingresso dos Sindicatos

Ingresso de sindicatos

e Declaração de Lima

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Trabalho Médico – 28

Serviços

“O sindicato é uma representação legí-tima das demandas do médico e da cate-goria, garantida por lei. Nele se encontra aorganização para lutar por melhor remu-neração e condição de trabalho”. Assim opresidente da FENAM, Geraldo Ferreira,define as entidades sindicais representati-vas dos médicos e chama a atenção dacategoria sobre as vantagens de um profis-sional de medicina se sindicalizar nos esta-dos onde exercem suas atividades.

A intenção da diretoria da FENAM émostrar a qualidade dos serviços prestadospelos sindicatos e também buscar a adesãode novos médicos. A meta das entidadessindicais representativas dos médicos é adefesa dos interesses econômicos, profis-sionais, sociais e políticos dos associados,bem como o aperfeiçoamento do profissio-nal, por meio de palestras, reuniões e cur-sos, entre outras atividades.

Geraldo Ferreira informou que a açãosindicalista se divide em duas vertentes:uma corporativa, para atingir os objetivosde trabalho; e outra assistencial, que inclui,por exemplo, assessoria jurídica, de conta-bilidade e comunicação.

Bahia

– Assessoria Contábil: soluciona a vida fi-nanceira, auxiliando os médicos sindicali-zados com demandas contábeis. O cam-peão de solicitações é o Imposto de Rendade Pessoa Física (IRPF).– Assessoria Jurídica: presta serviço nas áreasde direto do consumidor, de trânsito, contra-tual, de administração, criminal, ético-profis-sional, trabalhista, civil e previdenciária.– Leque de empresas e parcerias que ofe-recem desconto em seus produtos para omédico e familiares. Na lista de serviços,podem ser encontradas escolas, faculda-des, academias, livrarias, lojas de moda,restaurantes e mais 27 itens. O serviço éefetuado mediante um cartão confeccio-nado gratuitamente pelo sindicato.Mais informações:www.sindimed-ba.org.br/2011

FENAM mostra vantagens que o

médico tem ao ser sindicalizadoFoto: Sinmed/RN

Além de assessoria jurídica, contábil e psicossocial, entre outras, o Sinmed RNconta com atividades como o Sinmed Cultural, que incluiu palestra sobre arelação médico-paciente

Ceará

– Acesso à estrutura física do SIMEC,como sala de reuniões e auditório equipa-do com televisão, DVD, notebook edata-show.– O sindicato dispõe de um Departa-mento Jurídico com dois advogados edois estagiários para atendimento aosassociados.– Possui, ainda, o Departamento de Co-municação, que está à disposição de qual-quer demanda do médico sindicalizado.Além disso, atualiza os médicos com notí-cias no site, jornal bimensal e redes sociais.– Parceria com Mongeral Aegon, empresade seguros que propicia aos sócios des-contos no seguro saúde.– Parceria com Unimed Ceará oferecedescontos nos planos de saúde.– Parceria com Ipog (Instituto dePós-Graduação e Graduação Ltda) conce-de aos associados adimplentes o descontode pontualidade no valor de R$ 130,00 emcada parcela dos cursos.Mais informações:www.simec.med.br

Distrito Federal

– Assessoria jurídica individual destina-da a patrocinar assistência jurídica aomédico sindicalizado, ao cônjuge e de-pendentes legais, nas áreas trabalhista,administrativa, cível, de família, penal,do consumidor, sindical, previdenciáriae tributária.– Assessoria jurídica empresarial relati-va à cobrança de glosas realizadas pelosconvênios, sobre as receitas dos servi-ços prestados pelas clínicas de pequenoe médio porte.– Consultoria salarial (ReviSalário) -Consultoria de recursos humanos, fo-lha de pagamento e cálculos relativos abenefícios e gratificações constantesnos contracheques de médicos servido-res do governo do Distrito Federal.– Assessoria e consultoria contábil –processamento gratuito da declaraçãodo Imposto de Renda de Pessoa Físicado médico sindicalizado e prestação deserviços em contabilidade à pessoa jurí-dica do médico em condições financei-ras diferenciadas.

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Trabalho Médico – 29

Divulgação/Sindmed-BA

Funcionários trabalham no setor de Contabilidade do Sindicato dos Médicosda Bahia

– Assessoria de Marketing e ComunicaçãoSocial, para elevar e defender a reputação eos interesses do médico no estado.– Escola de informática – Treinamentoem aplicativos – monitorias e cursos de in-trodução e aperfeiçoamento nos aplicati-vos de Windows Office da Microsoft paramédicos sindicalizados e seus dependen-tes, em sala de informática com estruturapara aulas, localizada no próprio sindicato.– UTI móvel e auxílio funeral oferecidosgratuitamente pelo sindicato. (Clube debenefícios).– Inclui mais de 40 parcerias e convêniosem condições especiais, nas áreas de edu-cação, consórcio, saúde (convênios, far-mácia e laboratório), academias, seguros,turismo e lazer.Mais informações:www.sindmedico.com.br/site

Maranhão

O SINDMED-MA oferece aos seus asso-ciados Assessoria Jurídica.Mais informações:www.sindmed-ma.org.br/index.php

Minas Gerais

saúde da população e por isso é parceiroem campanhas como “Saúde em Movi-mento pela Paz”, “BH pelo Parto Nor-mal”, “SOS Pediatria”, “Enfrentamento ecombate à dengue” e “Campanha estadualcontra a H1N1".Mais informações:www.sinmedmg.org.br

Pará

trabalhista e previdenciária. Tudo isso deforma gratuita, com um ótimo espaço fí-sico para melhor atender ao associado.Hoje, o Simepe já estende essa assistên-cia às regionais de Caruaru e Petrolina.Mais informações:www.simepe.org.br/defensoria– Planos de Saúde Unimed Recife: umaparceria que oferece uma modalidade dife-renciada de plano de saúde exclusivo,como o plano Prata Especial, que foi feitoespecialmente para o sócio, chegando adescontos de até 50%, beneficiando sóciose seus familiares.– Unicred Recife: a Unicred tem ótimastaxas de juros e vantagens perfeitas para osócio organizar seu orçamento ou atémesmo aproveitar uma boa oportunidadecomo viajar, comprar imóvel, carro, entreoutros bens. Cuidando da saúde financei-ra de quem só pensa na saúde, a UnicredRecife oferece crédito rápido e fácil.– Rede UCI: pensando na diversão e la-zer, o Probem, em parceria com a RedeUCI de cinemas, garante até oito ingres-sos quinzenais com 50% de desconto,que podem ser utilizados pelo associado eseus convidados.– Plano de Previdência Privada: o Plano dePrevidência SIMEPREV foi criado peloSIMEPE em parceria com a Petros – Fun-dação Petrobras de Seguridade Social,com segurança e maior rentabilidade paraum futuro mais tranquilo. A Petros e oSIMEPE cuidam do futuro do sócio com

– Negociações com as diferentes esferasdo poder público, privado e cooperativasmédicas, melhores condições de trabalho,remuneração digna e respeito profissional.– O Departamento Jurídico da entidadeoferece atendimento em defesa dos direi-tos do médico, colocando à disposição umgrupo de advogados de primeira linha paradefendê-los em várias áreas do Direito.– A ouvidoria sindical é outro serviço ofe-recido pelo Sinmed-MG para o médico fa-zer reclamações, críticas, sugestões e pro-postas sobre a administração, as açõesinstitucionais e as diretrizes gerais da enti-dade.– Promoção de eventos e representativi-dade na Comissão Estadual de Honorári-os Médicos, Comissão Estadual de Resi-dência, Comissão Estadual de Defesa doMédico, Mesas Municipal e Estadual Per-manentes de Negociação do SUS e na im-plantação do Cartão de Vantagens, queoferece descontos aos médicos em cente-nas de estabelecimentos conveniados.– O sindicato também está ligado às ques-tões sociais, voltadas para o bem-estar e

– Assessoria Jurídica em todas as esferas (tra-balhista, civil, criminal, penal, entre outras)– Plano de Saúde (Unimed) com 50%de desconto em relação ao preço demercado.– Plano Odontológico com preço especial.– Plano de previdência privada Sime-prev/Petros, seguro de vida e seguro derenda para casos de incapacidade tempo-rária.– Mais de 80 empresas parceiras (segurode carro, farmácias, etc)– Assessoria contábil.– Seguro de Vida (Aplub).– IPOG – Cursos de Pós Graduação.Mais informações:www.sindmepa.org.br

Pernambuco

– Defensoria Médica: com uma equipecomposta por seis advogados, a Defen-soria Médica atende as áreas civil, crimi-nal, ético-profissional, administrativa,

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Trabalho Médico – 30

Serviços

mesma dedicação que o sócio cuida daspessoas.– Além dessas vantagens, os médicos sóci-os também podem contar com benefícioscomo agência de turismo, companhias aé-reas, diversão, moda, culinária, serviços emuito mais.Mais informações:www.simepe.org.br/probem

Rio Grande do Norte

– O sindicato oferece um DepartamentoJurídico estruturado e informatizado, quefará a defesa do médico associado emqualquer processo relacionado ao exercí-cio da profissão ou em causas do consu-midor e da família.– Programa de Benefícios para os médi-cos, com assessoria contábil, de comunica-ção, tecnológica, psicossocial e outros.– Entradas para o Manoa-Park (parqueaquático), com mais cinco acompanhan-tes.– Curso de línguas e informática.– Descontos em lojas parceiras.Mais informações:www.sinmedrn.org.br

Santa Catarina

– Assessoria Jurídica: advogados especiali-zados na área médica prestam assessoriajurídica total em toda e qualquer situaçãoque envolva o ato médico, especialmentenas áreas administrativa, criminal, traba-lhista e civil.– Defensoria médica 24 horas: um advo-gado disponível ao telefone 24 horas pordia para orientar em situações críticas ouincomuns do exercício da medicina. Bastaligar a qualquer hora para os telefones (48)9621-8625 ou 0800 644 1060.– Plantão de diretoria: possibilita o contatodiário com um diretor médico para quais-quer esclarecimentos pelo telefone (48)9621-8626, das 11h às 21h.– Assessoria previdenciária: orienta os filia-dos sobre pensões e aposentadorias, docu-mentações e requerimentos junto ao INSS,obtenção de benefícios, cálculos revisionais,contributivos e de tempo de serviço, alémde ações judiciais previdenciárias.– Assessoria Contábil: serviço disponível aomédico filiado para questões profissionais ro-tineiras como contabilidade profissional, obri-

gações trabalhistas, alvarás, registros e licença.Também é competência da assessoria contá-bil a escrituração de livro-caixa e a declaraçãode Imposto de Renda.– Assessoria de Comunicação e Imprensa:orienta o relacionamento com a imprensa,além de representar os interesses da dire-toria executiva e dos médicos diante da ex-posição e divulgação de fatos ou imagensque possam influir na atividade profissio-nal individual ou coletiva.Mais informações:www.simesc.org.br/home/Default.aspx

São Paulo

– Salário mínimo profissional da FENAM.– Fortalecimento de lutas por políticas pú-blicas de saúde.– Saúde pública de qualidade, defesa contí-nua do SUS.

– Combate à intermediação do trabalhomédico.– O médico deve ser protagonista nasequipes multidisciplinares e multiprofissio-nais de saúde.– Implantação de Carreira de Estado ePlano de Cargos, Carreiras e Salários.– Controle da abertura e da qualidade doensino das faculdades de Medicina.– Convênios: descontos em hotéis e restau-rantes.Mais informações: www.simesp.com.br

Sergipe

– O Sindicato dos Médicos de Sergipeoferece convênio com plano de saúde, auma tabela específica, além de AssessoriaJurídica e Assessoria de Comunicação.Mais informações:www.sindimed-se.org.br/v2�

Simepe

Semana Probem organizada pelo Simepe em Petrolina contou com palestrassobre os temas previdência privada e aposentadoria especial

No Pará, diretores falam sobre a campanha de sindicalização 2012

Sindmepa

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Trabalho Médico – 31

Mobilização

A pós manifestações de protes-to em todo o Brasil, a MedidaProvisória 568/2012 foi apro-

vada sem reduzir em 50% a remunera-ção dos médicos federais e criou tabelasespecíficas para 20 e 40 horas semanaisde trabalho.

Sancionada pela presidente DilmaRousseff no dia 7 de agosto, a MP foitransformada na Lei 12.702/2012. Opróximo passo foi garantir que a cate-goria também tivesse o aumento de15,8% oferecido pelo Governo aos ser-vidores, a partir de 2013. Dirigentes daFENAM estiveram com o secretário deRelações do Trabalho do Ministério doPlanejamento, Orçamento e Gestão(MPOG), Sérgio Mendonça, para tratardos desdobramentos da medida. O rea-juste foi garantido e a defasagem na gra-tificação da categoria passava a ser a ba-talha seguinte. Na ocasião, o secretáriose comprometeu a agendar novas nego-ciações e incluir a entidade, o que atéentão não havia sido feito.

Para o presidente da FENAM, Ge-raldo Ferreira, a luta foi importante emostrou a força da categoria. “Evitamoso pior, mas ainda há muito o que fazer.Embutida na MP 568 houve a reduçãode mais de 40% nas gratificações. Preci-samos devolver o que foi retirado. A lutapelo aperfeiçoamento dos prejuízos vin-dos dessa medida aponta que somente amobilização consegue sensibilizar pode-res constituídos”, assinalou o dirigente.

As novas tabelas de vencimentosvalem para as categorias de médico, mé-dico de saúde pública, médico do traba-lho, médico veterinário, médico-profis-sional técnico superior, médico-área,médico marítimo e médico cirurgião dequalquer órgão da administração públi-ca federal direta, assim como de autar-

Médicos que atuam no

serviço federal não aceitam

redução nas gratificaçõesFernanda Lisboa

quias e de fundações públicas federais.De acordo com a matéria, a Gratifica-ção de Desempenho de Atividade Mé-dica (GDM) foi desvinculada das dema-is carreiras de Previdência, Saúde eTrabalho, não sofrendo reajuste. Comoa GDM permaneceu em R$ 2.227, osmédicos deixam de ganhar R$ 1.390, jáque a gratificação dos demais servido-res passou a ser R$ 3.617.

No momento, a aposta das entida-des médicas é na apresentação deemendas ao Projeto de Lei 4369 paraigualar o valor perdido da GDM. A pro-posição dispõe sobre a remuneração ereajuste de Planos de Cargos, Carreirase Planos Especiais de Perito MédicoPrevidenciário e Supervisor Médi-co-Pericial. Representantes do movi-mento médico já se reuniram com o re-lator da proposta, deputado SebastiãoBala Rocha (PDT-AP) para demonstrara preocupação da categoria. Uma minu-

ta foi elaborada para ser apresentada aoprojeto. Estratégias para sensibilizar ogoverno a aprovar a mudança tambémfazem parte das próximas ações.

O secretário do MPOG recomen-dou o envolvimento dos ministros dasaúde, da educação e da previdênciapara novas articulações e caso nãoavancem, outra sugestão seria concen-trar esforços através de uma MedidaProvisória. Geraldo Ferreira explicouque a FENAM está aguardando mesade negociação com o MPOG para repa-rar as injustiças que ainda permanecem.Enquanto isso, ele alerta a categoria, di-zendo que a FENAM, sob sua presi-dência, se devotará com toda intensida-de a construir a carreira e recuperar asperdas. “Solicito aos sindicatos de baseque, através de assembleias com os mé-dicos federais, façam uma agenda demobilização que pressione o Governo",concluiu o presidente.�

Dirigentes da FENAM e de outras entidades médicas são recebidos pelo secretáriode Relações do Trabalho do Ministério do Planejamento, Sérgio Mendonça

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Trabalho Médico – 32

Ronda Sindical

�Alagoas – Em Alagoas, o presidentedo Sinmed, Wellington Galvão, conside-rou lamentável a determinação de prisão,pela justiça do estado, dos médicos legistasque não retornassem ao seus postos. Emgreve, os profissionais reivindicam melho-res condições de trabalho e a média salari-al do Nordeste, em torno de R$ 9 mil.Wellington Galvão chegou a ser detido epor isso os médicos das unidades de saúdelocais realizaram paralisação de uma horanos atendimentos. A negociação salarialnão avançou e nós estamos lutando pordignidade no nosso trabalho . É lamentá-vel que o Judiciário tenha entendido que omédico é bandido e por conta disso esta-mos em estado de caos. Mas a categoriaestá mostrando que tem força”, disse Gal-vão.�Amazonas – As realizações do I Fó-rum de Cooperativismo Médico do Ama-zonas e do II Fórum de Cooperati-vas/Empresas de Especialidades Médicasdo Amazonas, em agosto último, marca-ram a gestão da atual diretoria do Simeam,reunindo médicos, outros profissionais desaúde, acadêmicos de medicina, represen-tantes de entidades médicas do país e auto-ridades. Na ocasião, foram entregues pla-cas comemorativas e foi inaugurada agaleria de fotos. Também foram descerra-das uma placa com nome do sindicato euma outra comemorativa aos dois anos dagestão do Simeam, além da entrega de cer-tificados aos médicos em reconhecimentoaos serviços prestados pela valorização dotrabalho médico e na assistência de quali-dade na saúde pública e privada.�Bahia – Na Bahia, a campanha “Che-ga! A Saúde na Bahia precisa de tratamen-to”, deflagrada pelo Sindimed, em parceriacom o Sindsaúde, ganhou ampla repercus-são e deu visibilidade às queixas já antigasda categoria, relacionadas tanto à remune-ração quanto às condições de trabalho.Ocorreram paralisações e algumas assem-bleias e as negociações avançaram ao pon-

Busca de melhores condições de trabalho e remuneração, implantação do PCCS e

contratação através de concurso público continuam sendo as bandeiras do movimento

médico, de Norte a Sul do país. Em época de eleição, debates com candidatos e

propostas para a saúde também ganharam destaque

to de, no fim de junho, o Sindimed, o Cre-meb e a ABM, assinarem um Termo deAcordo com o governo, que garantiu aconstrução de um novo Plano de Cargos,Carreira e Vencimentos (PCCV) específi-co para os médicos. Apesar dos avançosnas negociações entre as entidades médi-cas e o governo do Estado, ainda não épossível falar em resultados finais. Até omomento, entre os pontos definidos, es-tão a evolução do médico dentro da carrei-ra - que passará a ser através de promoçãoe progressão-, e um projeto de lei garantin-do o abono de emergência aos médicos.�Ceará – No Ceará, o Sindicato dosMédicos, com o objetivo de conhecer quetipo de contribuição cada candidato podedar para uma cultura de paz em Fortaleza,recebeu os postulantes ao cargo de prefei-to para debates realizados nos meses de ju-nho, julho e agosto. A iniciativa foi do gru-po Agente da Paz, do qual membros dadiretoria do SIMEC fazem parte. Váriostemas foram discutidos, entre eles, saúde,educação, mobilidade urbana, segurançapública, tráfico de drogas e a situação dosestudantes africanos em Fortaleza. O pre-sidente do SIMEC, José Maria Pontes, jus-tificou o apoio do sindicato na luta pela

das grandes na medicina privada. A entida-de protocolou, no Conselho Administra-tivo de Defesa Econômica (Cade), um pe-dido de impugnação da operação decompra do Hospital Santa Lúcia (um dosmaiores da capital) e das parcelas da Med-grupo Participações em outras cinco uni-dades de saúde do DF pelo Grupo D’OrSão Luiz, empresa que tem entre seus par-ticipantes a Amil e o banco Pactual deInvestimentos e, em abril, já adquiriuo Hospital Santa Luzia e o Hospital doCoração.�Espírito Santo – No Espírito Santo,o Sindicato dos Médicos (SIMES) em-possou sua nova diretoria, reeleita pelaterceira vez. Otto Baptista, vice-presiden-te da FENAM, reassumiu a presidênciado SIMES. A solenidade foi em Vitória econtou com a presença de representantesdo movimento médico de todo o país.“Ser reeleito mostra a força e a confiançanesta diretoria, que já vem exercendo umtrabalho de luta e vitória. O compromissoé ainda maior com o que já inicia-mos, para contemplar os anseios da cate-goria nos próximos anos”, declarou Bap-tista. O respaldo à atual diretoria éresultado do esforço nas negociações e

SindMédico-DF/arquivo

O presidente do SindMédico-DF, Gutemberg Fialho,e o advogado Marco Antônio Bilibio, protocolaram,no CADE, pedido de impugnação da compra doHospital Santa Lúcia

paz. “Tratar de paz é tra-tar da saúde. A experiên-cia de algumas cidades noBrasil tem mostrado quepolíticas públicas direcio-nadas para o bem da cole-tividade podem reduzir,sim, a violência", disse.�Distrito Federal – Nacapital, além de lidar comuma gestão pública desaúde que pouco faz pelapopulação e em muitodesfavorece a classe mé-dica brasiliense, o Sindica-to dos Médicos do Distri-to Federal (SindMédico-DF) comprou uma briga

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Trabalho Médico – 33

Divulgação/SIMES

O Sindicato dos Médicos do Espírito Santo empossou nova diretoria, reeleitapela terceira vez. Otto Baptista reassumiu a presidência.

em todas as questões que interessam dire-tamente à categoria.�Goiás – Em Goiás, o sindicato con-quistou uma grande vitória para os médi-cos que atuam no Ipasgo (Instituto deAssistência dos Servidores Públicos doEstado de Goiás). Após intensa negocia-ção com o instituto, o contrato de recadas-tramento, que continha várias cláusulasprejudiciais aos médicos, foi modificado.Foram incluídos no novo contrato prazopara quitação das faturas, multa por atrasono pagamento e reajuste anual. Para o pre-sidente do Simego, Leonardo Reis, o resul-tado das negociações demonstra a força dacategoria. “O contrato original era unilate-ral e lesivo aos interesses dos médicos.Após a intervenção das entidades médicas,os itens que prejudicavam a categoria fo-ram revistos e nossas reivindicações foramacatadas”, afirmou Reis.�Mato Grosso do Sul – No Mato Gros-so do Sul, as constantes reuniões entre osindicato e órgãos públicos proporciona-ram resultados positivos para a categoria,destacando-se, entre eles, o adicional deresponsabilidade técnica, que já está sendoaplicado como mais um benefício para osprofissionais. Outra ação focada pelo Sin-med-MS é o reconhecimento da entidadecomo representante exclusiva da categoria.Até o momento, já houve avanços na esfe-ra jurídica, mas ainda é preciso aguardar adecisão final favorecendo a entidade e neu-tralizando definitivamente a atuação malintencionada de sindicatos que não repre-sentam os médicos.

�Minas Gerais – Em Minas Gerais, osindicato comemora mais uma vitória embenefício dos médicos vinculados à Secre-taria de Estado de Saúde. O Projeto de Lei2745/2011, que cria as carreiras de médicoda área de Gestão e Atenção à Saúde, daSecretaria de Saúde, e de médico perito, noâmbito da Secretaria de Planejamento eGestão (Seplag), foi sancionado em agostoe transformado na Lei 20364/12. Essa eraum batalha antiga do Sinmed-MG junta-mente com a categoria. Com a criação dacarreira, os médicos serão beneficiadoscom a progressão e melhoria dos salários.Mais de 1,5 mil médicos, entre efetivos einativos, vão se beneficiar com a sanção doprojeto, sendo que 80% deles são do inte-rior. “Essa iniciativa foi ao encontro dasreivindicações da classe médica em umaluta que durou anos. Além de valorizar oprofissional, ela propicia tranquilidade paraexercer a função, sobretudo em municípi-os carentes”, explicou a presidente emexercício do Sinmed-MG, Amélia Pessôa.�Pará – No Pará, sob a coordenação doSindicato dos Médicos (Sindmepa), osonze sindicatos que representam os traba-lhadores da saúde no município de Belémestão concluindo a análise e elaboração desugestões ao Plano de Cargos, Carreiras eVencimentos (PCCV) que será enviadopela prefeitura à Câmara de Vereadoresainda este ano. A proposta não resolve emdefinitivo a defasagem salarial dos profissio-nais, mas abre as portas para que o próxi-mo gestor corrija as distorções atuais e im-plante uma política de benefícios e

garantias trabalhistas que deem mais segu-rança aos trabalhadores.�Pernambuco – Em Pernambuco, oSindicato dos Médicos (Simepe) ingressoucom representação junto ao MinistérioPúblico do Trabalho (MPT), MinistérioPúblico Estadual (MPPE) e Promotoriada Saúde e do Patrimônio Público em30/08/12, cobrando da Prefeitura de Re-cife a recomposição do quadro de médi-cos plantonistas, através da contrataçãoimediata dos profissionais de diversas es-pecialidades, aprovados em concurso pú-blico homologado e em vigência. A gestãomunicipal, em flagrante desrespeito, conti-nua ocupando as vagas com servidorescontratados por prazo determinado, bur-lando o concurso público, em afronta aoartigo 37, inciso II, da Constituição Fede-ral. O presidente do Simepe, Mário JorgeLôbo, ressaltou que há dez anos a gestãomunicipal de Recife estacionou num pata-mar inferior a 50% na cobertura da rede deunidades de Estratégia de Saúde da Famí-lia e apresenta uma carência crônica de es-pecialistas na sua rede, o que dificulta, so-bremaneira, a população que procura poratendimento especializado.�Rio de Janeiro – No Rio de Janeiro, aSegunda Turma do Supremo Tribunal Fe-deral negou, por unanimidade, no últimodia 19/9, provimento ao recurso da prefei-tura, fundamentando sua decisão em juris-prudência já sedimentada no STF. O rela-tor, Ministro César Peluso, destacou queos cargos inerentes aos serviços de saúdeprestados nos órgãos públicos, por teremcaracterística de atuação permanente e se-rem de natureza previsível, devem ser atri-buídos a servidores admitidos por concur-so público, sob pena de violação dospreceitos constitucionais. Assim, o mode-lo utilizado no município do Rio de Janei-ro, através das Organizações Sociais, queterceirizam a gestão dos serviços de saúde,está com os seus dias contados, já que nãopossui respaldo legal e legitimidade soci-al. O Sindicato dos Médicos (SinMed/RJ),com base nessa vitória, está denunciandotodas as contratações que violam os precei-tos constitucionais, em defesa do concursopúblico e da saúde pública.�Rio Grande do Norte – No RioGrande do Norte, médicos, outros traba-lhadores da saúde, estudantes de medicina

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Trabalho Médico – 34

Ronda Sindical

Camila Spolti/divulgação Simesc

Em Santa Catarina, os médicos foram às ruas conscientizar a população sobreas reivindicações da categoria.

e membros da Ordem dos Advogados doBrasil (OAB-RN) saíram às ruas para pro-testar contra a violação dos direitos da po-pulação e a crise instalada nas unidades desaúde. Nomeado de marcha “Todos pelaSaúde”, o ato público foi realizado no diasete de setembro, quando se comemora aIndependência do Brasil. Apesar de ordei-ro e pacífico, ao tentar participar do desfilecívico, o movimento protagonizou mo-mentos de confronto com a Polícia Militare o Exército. Dando continuidade às de-núncias sobre a situação da saúde públicano estado, a diretoria do Sinmed-RN con-vidou a Comissão de Direitos Humanosda Federação Nacional dos Médicos(FENAM) para conhecer o HospitalMonsenhor Walfredo Gurgel e ver de per-to a situação de calamidade. Pacientes emmacas e sem previsão de atendimento,corredores servindo de quarto de interna-ção, falta de medicamentos e lixo espalha-do fazem parte do quadro. A visita resulta-rá em um relatório a ser entregue aoMinistério da Saúde e à Organização dosEstados Americanos (OEA).�Rondônia – Após uma greve que du-rou mais de 30 dias, o Sindicato dos Médi-cos de Rondônia e demais entidades sindi-cais da área de saúde negociam aimplantação do Plano de Cargos, Carreirase Remunerações no âmbito estadual.“Apesar da esperança de melhorias salaria-is, ainda sofremos com o caos instaladonas unidades de saúde, incluindo superlo-tação, déficit de recursos humanos, falta dematerial de consumo”, disse o presidentedo Simero e secretário de Comunicação daFENAM, Rodrigo Almeida, acrescentan-do que a Prefeitura de Porto Velho acabade solidificar o PCCR do médico, que che-ga a receber R$ 7 mil por 20 horas semana-is de trabalho. “Ainda não atingimos opiso da FENAM, mas há três anos a cate-goria recebia pouco mais de R$ 2,5 mil.Estamos evoluindo, pois, além da melho-ria salarial, a prefeitura contratou mais de100 médicos em menos de dois anos, me-lhorando o atendimento da Estratégia deSaúde da Família, dos pronto-atendimen-tos e das UPAs”, concluiu.�Santa Catarina – Em Santa Catarina,após quase dois anos de negociações, osmédicos da Prefeitura de Florianópolis vi-ram frustradas as possibilidades de a admi-

nistração municipal suspender o descontoilegal realizado na gratificação do Progra-ma de Saúde da Família (PSF). Como oprojeto de lei que resolveria a situação nãofoi aprovado na Câmara de Vereadores,não restou outra alternativa ao Sindicatodos Médicos que não fosse buscar na justi-ça os direitos dos profissionais. A ação co-letiva proposta pelo Simesc também re-quer que o município devolva os valoressubtraídos mensalmente dos médicos nosúltimos cinco anos. “Vamos nos valer dalei para defender não só os profissionais,mas também a população que nos últimosmeses tem sofrido com a carência de pro-fissionais para o atendimento”, afirma opresidente do Simesc, Cyro Soncini.�São Paulo – O movimento dos médi-cos do Estado de São Paulo foi retoma-do em agosto e está ganhando cada vez

mais força. Os médicos se mobilizamcontra as precárias condições de traba-lho, baixa remuneração, irregularidadesna reposição de recursos humanos, e onão cumprimento do compromisso dogoverno de encaminhar o projeto de leida Carreira Médica para votação naAssembleia Legislativa de São Paulo.Esses assuntos foram discutidos em as-sembleia geral do Estado, em 24/09,com representantes dos hospitais DarcyVargas, Regional de Taipas, Regional deOsasco, Complexo Hospitalar do Man-daqui e do Instituto de Assistência Médi-ca ao Servidor Público Estadual (Iamspe).Os médicos votaram pela criação deuma comissão de representantes doshospitais, que deverá realizar assemblei-as internas nos locais de trabalho. Podehaver indicativo de greve. �

Osmar Bustos/Simesp

Em São Paulo, médicos do IAMSPE promoveram paralisação escalonada

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Trabalho Médico – 35

Burnout, a síndrome do

esgotamento profissional

Nada em exagero faz bem aocorpo e a mente. O trabalhoem excesso, principalmente,

pode causar danos irreparáveis à saúde.A situação se torna ainda mais séria se,além de trabalhar sem parar, você quiserser sempre o melhor em tudo, ter neces-sidade de demonstrar alto grau de de-sempenho, cobrar-se demasiadamente ededicar praticamente todo o tempo doseu dia à atividade profissional.

Se você se encaixa no quadro des-crito no parágrafo anterior, cuide-se en-quanto é tempo, pois pode ter sido aco-metido pela síndrome de Burnout,também conhecida como Síndrome doEsgotamento Profissional.

Médicos, enfermeiros, professores,jornalistas, policiais, bombeiros e contro-ladores de tráfego aéreo são alguns dosprofissionais mais propensos a adquirir asíndrome de Burnout, que foi descobertaem 1970 pelo psicanalista norte america-no Herbert Freudenberger, primeira pes-soa a ser atingida por esse mal, “que aco-mete mais frequentemente profissionaisque mantêm uma relação constante e di-reta com outras pessoas, em especialquando a atividade é considerada de aju-da, como a dos médicos”.

Segundo estudo publicado no jornalacadêmico Psychological Reports,“os médicos têm a proporção mais ele-vada de casos de Burnout. A pesquisaconstatou que 40% dos entrevistadosapresentavam altos níveis da doença.

De acordo com cientistas que anali-sam a síndrome, um dos problemasmais frequentes nos pacientes é que“eles medem a auto-estima pela capaci-dade de realização e sucesso profissio-nal. O que tem início com satisfação eprazer, termina quando o desempenhonão é reconhecido. Nesse estágio, neces-sidade de se afirmar e o desejo de realiza-ção profissional se transformam emobstinação e compulsão”.

nout com estresse, pois “Burnout en-volve atitudes e condutas negativascom relação aos usuários, clientes, orga-nização e trabalho, enquanto o estresseaparece mais como um esgotamentopessoal com interferência na vida dopaciente e não necessariamente na suarelação com o trabalho”.

Hospitais públicos

Um estudo realizado em hospitaispúblicos da cidade de Corrientes, naArgentina, comandado pelos pesqui-sadores Adriana María Alvarez, MaríaLourdes Arce, Alejandra ElizabetBarrios e Antonio Rafael Sánchez deColl, no qual foram entrevistados 80médicos, sendo 42 do sexo feminino e38 do sexo masculino, entre 25 e 50anos, constatou que a síndrome deBurnout predominou no sexo femini-no, com um total de 22 profissionaisclassificadas na categoria cansaçoemocional.

Com relação à idade, o grupo que seencontrava na faixa dos 25 aos 34 anosfoi o mais afetado, com um total de 36profissionais (45%) .

Quanto à situação conjugal, os maisatingidos foram os que se encontravamem união estável, na variável cansaçoemocional, totalizando 16 dos médicosentrevistados (20%).

Em se tratando de tempo de exercí-cio profissional, os que tinham menosde 10 anos de atividade foram os queapresentaram maior índice da síndro-me, com um total de 37 (46,25%).

Tratamento

Há diversas formas de tratamentopara a síndrome de Burnout. Entre elas,a psicoterapia, terapia de grupo, o usode antidepressivos, a prática de ativida-des físicas regularmente, e os exercíciosde relaxamento, como a yoga, porexemplo.�

Sintomas

Denise Teixeira

A categoria médica é uma das maisatingidas pela síndrome de Burnout

Saúde do Médico

Dor de cabeça, insônia, depressão,tontura, falta de ar, oscilação de humor,comportamento agressivo, esgotamen-to físico e emocional, falta de concen-tração, tremores e problemas no apare-lho digestivo são alguns sintomas dasíndrome de Burnout.

Cientistas suíços constataram que hádificuldade em estabelecer uma diferen-ça entre a síndrome de Burnout e outrasdoenças, pois se manifesta de forma mu-ito variada. Já foram descritos cerca de130 sintomas.

“Uma pessoa apresenta dores esto-macais crônicas, outra reage com sinaisdepressivos; a terceira desenvolve umtranstorno de ansiedade de forma explí-cita”, disse o professor de psicologia docomportamento Manfred Schedlowski,do Instituto Superior de Tecnologia deZurique.

Burnout e estresse

Os pesquisadores da doença defen-dem que não se deve confundir Bur-

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Trabalho Médico – 36

Turismo

Denise Teixeira

Nem só de política e eco-nomia vive a capital doBrasil. Como dizia o

compositor do samba “AquarelaBrasileira”, Silas de Oliveira, “Brasí-lia (também) tem o seu destaque naarte, na beleza e arquitetura.” E foino trabalho do arquiteto mais famo-so do país que Brasília, PatrimônioCultural da Humanidade, ganhoumuita fama. Oscar Niemeyer fez dacidade, que levou quatro anos paraser construída e que custou 1 bilhãode dólares, a capital das formas geo-métricas, destacando-se, entre elas,o Congresso Nacional, a Praça dosTrês Poderes e os Palácios do Pla-nalto, da Alvorada e Itamaraty, alémda Catedral Metropolitana. Qua-dras, super quadras, asas, eixo, esfe-ras cortadas ao meio, quadrados, re-tângulos, pirâmides e outrostraçados fazem da cidade, que tem oformato de um avião, ser única nopaís.

A natureza também não deixoude dar sua contribuição quando fezdo por do sol de Brasília um dosmais belos do país. A luminosidadee o tom especial de azul do céu,imortalizados por Djavan na música“Linha do Equador”, dão aindamais beleza à obra feita pelohomem.

A mistura de sotaques é outracaracterística que faz de Brasíliaum lugar diferente. Gente de todaparte do Brasil e de pelo menos 84outros países, número de embaixa-das existentes na capital federal,dão um tom especial a tudo o quese ouve nos diversos shoppings,bares, restaurantes, nas ruas e ave-nidas largas e arborizadas, nos mi-lhares de metros quadrados de jar-dins, nos corredores dos prédios

do governo, no Congresso, enfim,em toda parte.

Na culinária, também há detudo. Desde o melhor churrascodos pampas, passando pela alta gas-tronomia internacional para atenderaos mais refinados paladares e bol-sos, até a mais tradicional buchadade bode, prato marcante da culináriado Nordeste.

Foram os candangos, operárioscontratados para construir a cidade

O outro

lado da

capital

do Brasil

A Catedral de Brasília é o local mais visitado da cidade

Gary Yim/Shutterstock

As palmeiras imperiais do jardim da Câmara

Luis Alves/Ag.Câmara

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Trabalho Médico – 37

Não deixe de visitar

• A Catedral Metropolitana• O Palácio do Itamaraty• O Congresso Nacional• A Praça dos Três Poderes• O Palácio do Planalto• O Panteão da Pátria• O Palácio da Alvorada• A pirâmide azteca do Tea-

tro Nacional• O Memorial JK• A Ponte JK• O Memorial dos Povos

Indígenas• O Museu da Caixa• O Teatro Nacional• O Parque da Cidade• O Pontão do Lago

idealizada pelo presidente médicoJuscelino Kubitschek, que deraminício à trajetória gastronômica deBrasília, quando começaram a che-gar, em 1956, levando na bagagemreceitas e temperos típicos dos maisdistantes recantos do país, principal-mente do Nordeste. No entanto, oprimeiro restaurante de Brasília foiaberto por um italiano, Vitor Pele-chia, no mesmo ano em que a cidadecomeçou a ser construída. O restau-rante feito de madeira estava locali-zado no Núcleo Bandeirantes, quena época era chamado de “CidadeLivre”, onde vivia a maioria doscandangos. “Maracangalha”, cançãode Dorival Caymmi, deu nome aoprimeiro bar da capital federal, e oOlga´s Bar foi classificado como aprimeira boate de Brasília, que hojetem vida noturna fervilhante, commuita badalação e gente bonita nasmais variadas casas de shows eclubes da cidade.

Patrimônio da

Humanidade

Considerada um dos maioresacervos a céu aberto da arquiteturamoderna, Brasília, onde a FENAMtem sua sede, é Patrimônio Culturalda Humanidade. O título foi conce-dido pela Unesco e a capital do Bra-sil detém a maior área tombada domundo: 112,25 quilômetrosquadrados.

Artes

Na parte artística, os destaquesficam por conta do cinema, teatro,da dança, música e das artes plásti-cas, incluindo o “Ateliê Aberto”,onde o visitante pode encontrarobras de 68 artistas, sempre no pri-meiro sábado de cada mês. Outrosdestaques ficam por conta das festaspopulares, entre elas a encenação daPaixão de Cristo, além de eventoscomo o Brasília Music Festival e o já

tradicional Festival de Brasília doCinema Brasileiro, que atraidiversos turistas à cidade.

Hotelaria

No setor de hotelaria, Brasíliaestá bem estruturada. São 48 hotéis,cerca de 8 mil quartos e mais de 20mil leitos, a maioria localizada naárea central da cidade. Como Brasí-lia é uma das sedes dos jogos daCopa do Mundo de 2014, a redehoteleira será ampliada.

Catedral é o local mais

visitado

De acordo com pesquisa da se-cretaria de Turismo do Distrito Fe-deral, o local mais visitado por turis-tas na cidade é a CatedralMetropolitana de Nossa SenhoraAparecida, primeiro monumento aser criado em Brasília, projetado porOscar Niemeyer e onde podem serencontradas obras de artistas comoDi Cavalcanti e Athos Bulcão. Ain-da conforme o levantamento, osshoppings centers e a Praça dosTrês Poderes são os outros lugaresmais frequentados pelos turistas de

lazer, sendo que 51% dos visitantessão homens e 49% mulheres. Já noturismo de negócios, no qual a Ca-tedral também aparece em primeirolugar com 15,5% de preferênciados turistas, 74% são visitantes dosexo masculino e 26% do sexo fe-minino.�

Rodolfo Stuckert/Ag.Câmara

O Congresso Nacional e a Esplanada dos Ministérios

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Trabalho Médico – 38

Médico Gourmet

Desde a época de república estu-dantil em Santa Maria/RS,quando cursava medicina na

UFSM, tive uma inclinação pela cozinha,talvez sentindo falta da deliciosa comidada minha mãe, Luci, pois fiquei nessa ma-ravilhosa e saudosa cidade enquantomeus pais e irmãos foram de mala e cuiapara a capital, Porto Alegre, e eu fazendoarroz de carreteiro com banana para oscolegas.

Desde então, li muitas revistas e livrosespecializados na boa cozinha, todos elesguardados até hoje. Acho que terei de alu-gar um local para abrigar a biblioteca.

Somente há pouco tempo pude ima-ginar como eram os restaurantes, que sócomeçaram a existir mais ou menoscomo conhecemos hoje depois de 1740.Antes, só as cozinhas dos castelos dosnobres. E, vejam só, lendo AlexandreDumas. Conhecem Os Três Mosquetei-ros, o Conde de Monte Cristo e, pas-mem, Memórias de um Médico? Esteainda não li.

Dumas levou 15 anos pesquisando eescreveu o Grande Dicionário de Culiná-ria. Faleceu em 1870, sem ter visto a obrapublicada. Pelo que consta, ocorreu noano seguinte de sua morte.

Quando ele tratava dos assuntos decozinha, convidava vocês a imaginaremcomo funcionava uma cozinha naquelaépoca.....sem energia elétrica, geladeira,fogão a gás....

Deixando essas considerações comocuriosidade, quero falar sobre os dois res-taurantes mais antigos do mundo e doBrasil. Vou comentar sobre um francês eum português.

“Queridos leitores, rogo a Deus que lhes resguarde o apetite, o estômago e

os poupe de fazer literatura...”. Dumas

by Lampertby Lampert

Eu estive lá...

Em Madri, em1725, na rua dos Cu-chilleros, o francêsJean Botín montouuma pensão comforno a lenha, a So-brino de Botín. Inte-ressante que as pen-sões não podiamoferecer alimentação por posição contrá-ria dos comerciantes de carnes e alimen-tos. Os hóspedes tinham de adquirir suascarnes - cordeiro, javali -, no mercado lo-cal e faziam no forno que ainda está lá atéhoje.

Desde então, muitos políticos e artis-tas famosos passaram por lá, inclusive eue nossos companheiros do Brasil, que, in-dependente de reserva prévia necessária,conseguíamos os melhores lugares, noitea noite, para saborear o famoso, delicioso,tenro e suculento “El cochinillo asado”.Para entrada, um jamón fatiado bem fini-nho.

Falei com meus amigos sobre essa ex-periência madrilenha e qual foi a surpresaquando meu amigo, então presidente doSindicato dos Médicos de Pernambuco,Dr. Mário Lins, presenteou-me com umlivro sobre a culinária pernambucana. Láestava o restaurante mais antigo em fun-cionamento do Brasil, em pleno centrodo Recife, próximo ao rio Capiberibe, napraça Joaquim Nabuco.

Agora vemo portuguêsManuel Leite,que, em 1882,criou o Leitecom seu famo-so bacalhau e aimperdível so-bremesa “carto-la”, queijo demanteiga aquecido com cobertura deuma farofa de açúcar mascavo com cane-la, além da rabanada com um fio de vinhodo porto. Tudo comandado por ArmênioDias, desde 1956, quando chegou ao Bra-sil com seus irmãos.

Lá também é frequentado por muitosfamosos. Políticos e artistas desfrutam dobom gosto da decoração, belíssima músi-ca que vem de um piano de cauda e o de-licioso menu. Aproveitem ainda o palitode dentes feito à mão num convento emPortugal e o sistema de refrigeração comtecnologia da NASA.

Bem, faltou espaço. Eu estive lá...Espero que vocês também estejam lá mui-to brevemente...

AbraçosJacó Lampert

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Trabalho Médico – 39

Cultura & Serviço

Livros

Dizer é Morrer – A VergonhaO neurologista, psiquiatra e co-funda-dor do Grupo de Etologia Humana, Bo-ris Cyrulnik, aborda nesse livro de 202páginas, uma nova face da vergonha, iné-dita e profunda, fundamentada nas maisrecentes descobertas das neurociências eda psicologia. “O não compartilhamento das emoçõesinstala na alma do ferido uma zona silenciosa que falasem parar, que murmura no fundo de si um relato in-confessável. É difícil calar, mas é possível não dizer.Quando a pessoa não se exprime, a emoção se mani-festa de forma ainda mais intensa sem as palavras.Enquanto está sofrendo, um ferido não fala, ele cerraos dentes e só. Quando o não dito hiperconscientenão é compartilhado, ele estrutura uma presença es-tranha”. Ano de edição: 2012. Editora MartinsFontes.

Medicina Centrada na Pessoa - Transformandoo Método ClínicoEm 376 páginas, o autores apresentamo modelo de medicina centrada na pes-soa, que tem por base a consideração daperspectiva daquele que procura atendi-mento – suas expectativas, medos, ideiase perdas funcionais – e a importância desua participação para o sucesso do manejoclínico. Editora Artmed.

Sociologia da MedicinaA sociologia médica, cujas obras pro-priamente sociológicas e antropológicassurgem na Inglaterra e nos Estados Uni-dos no final dos anos 20, inspiraram Gil-berto Freyre e sua discussão sobre a me-dicina no Brasil. Freyre toma medicina eos médicos como objeto de análise socio-lógica, ao mesmo tempo em que pensa opapel do sociólogo e da sociologia na interpretaçãodas doenças que afetam o homem nos trópicos e des-taca as contribuições da sociologia e da antropologiapara os médicos em sua prática. Na obra, ele aproximaas ciências sociais da medicina, referindo-se à necessi-dade dessa aproximação e da formação sociológica eantropológica do médico como condição para um en-tendimento do homem; não só do homem doente,mas das circunstâncias que envolvem o adoecimento.Portanto, vai além da doença e do corpo, propondoassim, de forma inovadora, que se pense – o homem,o corpo e a doença. Ano de edição: 2009, 288 páginas,editora E Realizações.

Fãs da FENAM no Facebook

ganham kits de viagem

A Federação Nacional dos Médicos sorteou, de junho a se-tembro, kits de viagens para médicos e estudantes de medicina queacompanham as notícias publicadas na página da FENAM no Fa-cebook (facebook.com/fenamnoface). Mais cinco kits serão sor-teados entre os meses de novembro e dezembro deste ano.

Os sorteios aconteceram a cada 15 dias, entre 29/06 até 13/09.Os kits continham uma mala de viagem, uma camiseta, uma carti-lha para redes sociais e uma caneta.

Confira os nomes dos premiados: Tiago O. Costa, de Brasília(DF), Renata Nayara da Silva Figueiredo, de Montes Claros (MG),Heitor de Freitas, do Rio de Janeiro (RJ), Aderson Lopes, de Coli-nas do Tocantins (TO), e Anelise Lacerda , de Duque de Caxias(RJ).

Esta foi a primeira promoção da FENAM para difundir a pá-gina no Facebook, que, lançada recentemente, vai muito além dadivulgação de notícias. Aplicativos exclusivos foram desenvolvi-dos especialmente para o novo canal. Além dos sorteios, que pre-mia médicos e estudantes de medicina que curtem a página, há,ainda, aplicativos como “Minhas Condições de Trabalho”, quepermite postar vídeos, fotos ou textos com denúncias das condi-ções de trabalho médico; “Movimento Médico”, para acompanhara timeline do Twitter das principais entidades médicas, diretores emilitantes do movimento médico; e “Artigo”, visando ao acompa-nhamento e à publicação de artigos médicos, voltados para a lutada qualificação profissional.

Regras

A página da FENAM tem como objetivo ouvir as demandasdos profissionais e divulgar as notícias referentes ao movimentomédico. Em um ambiente aberto e democrático, a FENAM querdebater as políticas e ações na luta pela defesa do médico, da boamedicina e da qualidade de assistência à população. A FENAMreserva o direito de remover qualquer tipo de material/conteúdoda página, sem notificação prévia, pessoal e direta, que não sejaapropriado ou legítimo ou não esteja em consonância com ostermos de uso. Por isso, não deixe de ler as políticas de uso danossa página! �

Page 40: Trabalho Médico Nº 14 - Outubro/2012

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