trabalho - rolamentos para aplicação marítima_final
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Unip – Universidade Paulista
Pós-Graduação Engenharia de Manutenção
Rubens Ribeiro Cardoso Júnior José Francisco Ferreira Moitinho
Seleção de materiais para Rolamentos de Aplicação Marítima
Ribeirão Preto - SP
2013
2
Sumário 1. Introdução ...................................................................................................................................... 3
1.1 Origem dos Rolamentos ...................................................................................................... 4
1.2 Características exigidas dos materiais para Rolamentos .............................................. 6
3. Projetos de Rolamentos .................................................................................................................. 6
3.1 Teoria de Hertz ........................................................................................................................... 6
4. Identificação das famílias de Materiais que atendem as características requeridas .......... 10
4.1 Resistência a Fadiga ............................................................................................................... 10
4.2 Alta Dureza ............................................................................................................................... 12
4.3 Alta Resistência ao desgaste ................................................................................................. 12
4.4 Alta Estabilidade Dimensional ............................................................................................... 13
4.5 Alta Resistência Mecânica ..................................................................................................... 13
4.6 Alta Resistência a Corrosão Eletroquímica ......................................................................... 14
4.7 Alta Tensão de Cisalhamento ................................................................................................ 15
4.8 Alto Módulo de Elasticidade ................................................................................................... 16
4.9 Melhor Custo ............................................................................................................................ 16
5. Ranking de materiais que combinam as características elencadas ...................................... 17
6. Aços Liga, Cerâmicos e Polímero empregados na fabricação de rolamento ...................... 18
6.1 Aço AISI 52100 ........................................................................................................................ 18
6.2 Aço Inox V316LUF ................................................................................................................... 19
7. Vesconite ......................................................................................................................................... 22
8. Conclusão ....................................................................................................................................... 23
3
1. Introdução
O estudo aplicado dos materiais, englobando os requisitos de utilização, os
limites de aplicação e os critérios de seleção com ênfase especial no seu
comportamento mecânico e na sua resistência à deterioração por corrosão no
ambiente marítimo, justifica-se para qualquer das variantes da profissão de
engenheiro, enquanto tal. Deve também fazer-se o estudo dos materiais do ponto de
vista da tecnologia de fabricação, isto é, relacionando os processos tecnológicos de
alteração de forma e de alteração de propriedade correntes na construção naval e
indústrias conexas, com os materiais disponíveis.¹
Assim, enquanto o projetista e o engenheiro necessitam conhecer os
materiais correntemente usados e os que se encontram em desenvolvimento, para
os especificar e selecionar, o especialista em estruturas necessita de compreender o
comportamento mecânico e características de fiabilidade dos diversos materiais, o
consultor técnico do armador e o perito necessitam de uma preparação específica
no que se refere à inspeção estrutural, à análise de falhas e às soluções de
reparação.1
No projeto, a escolha do material a adotar para cada componente, órgão ou
elemento é essencial. Havendo disponíveis mais de uma centena de milhar de
variedades de materiais, como poderá o projetista fazer uma escolha adequada? O
problema é extremamente complexo e só se resolve completamente dispondo de um
banco de dados e de um computador que através de um programa conveniente
possa dar a resposta adequada as perguntas que o projeto ponha.¹
A escolha dos materiais tem de ser compatível com o processo de fabricação,
pois nem todos os materiais se adaptam a qualquer processo; por exemplo, há
certos materiais que não se prestam a ser laminados, tais como o bronze e o ferro
fundido; outros não se prestam a ser soldados, colados ou forjados. Por isso a
escolha dos materiais depende das aplicações a que os órgãos se destinam, das
condições de funcionamento a que estão submetidos e das propriedades que se
1 Fonte: https://dspace.ist.utl.pt/bitstream/2295/48336/1/TN-C1f1.pdf extraído em 22/04/2013
4
lhes exige; para que os materiais correspondam a essas exigências devem aqueles
possuir as propriedades convenientes.2
1.1 Origem dos Rolamentos
No Egito antigo, trabalhadores transportavam enormes blocos de pedra para a
construção de monumentos que eram deslizados sobre troncos de árvores como
rolos. Esse método tinha como objetivo aliviar a árdua tarefa, aumentar a velocidade
e resolver o problema da fricção. O nosso capital de giro deve muito ao tronco de
madeira, que também inspirou muitas das rodas. Este é o princípio de rotação que
os une, ambos girando em torno de uma árvore. O desafio era assim: a luta contra o
atrito, aumentando a velocidade de rotação.3
Os restos de uma plataforma giratória de um navio do imperador Calígula,
encontrado no fundo do lago Nemi (Itália) em 1930, mostram que os rolamentos
utilizados eram rudimentares desde a antiguidade. Esta plataforma pode ser
considerada um dos primeiros exemplos de rolamento axial, construído para
suportar os pesos diretos e rolando em torno de seu eixo.³
No século XV, Leonardo da Vinci descobriu o princípio de rotação, e percebeu
que o atrito seria reduzido se as esferas não se tocassem. Ele então começou a
desenvolver separadores permitindo que as esferas se movessem livremente.³
Figura 1 - projeto do Rolamento de Leonardo Da Vinci
2 Fonte: https://dspace.ist.utl.pt/bitstream/2295/48336/1/TN-C1f1.pdf extraído em 22/04/2013
3 Fonte: http://santovitorolamentos.com.br/site/queminventou/ extraído em 24/04/2013
5
Figura 2 - Projeto criado em Computador baseado no desenho de Da Vinci
Da Vinci não viveu para construí-lo, mas posteriormente seu projeto saiu do
papel. Este mecanismo foi reinventado no século XVIII, quando foi patenteado na
Inglaterra, feito com um eixo de carruagem equipada com um anel de esferas
rolando nas ranhuras de seção transversal semicircular realizada no mesmo eixo
(Figura 3).4
Figura 3 - Rolamento reinventado na Inglaterra no século XVIII
No século XIX viu-se o surgimento de uma infinidade de aplicações e
melhorias, tornando possível pelo progresso, ao mesmo tempo no campo da
metalurgia e tecnologia.4
O ponto histórico do rolamento foi a Revolução Industrial. O volume de
negócios foi adaptado ao seu meio ambiente (portanto, diferentes tipos de
rolamentos) e contribuiu para o progresso técnico do desenvolvimento da indústria.4
"As ciências mecânicas são a mais nobre e mais útil de todas, porque através
delas todos os corpos animados executam a operação para a qual foram
projetadas." – Leonardo Da Vinci.4
4 Fonte: http://santovitorolamentos.com.br/site/queminventou/ extraído em 24/04/2013
6
1.2 Características exigidas dos materiais para Rolamentos
Os contatos entre os anéis e os corpos rolantes dos rolamentos são rotativos
acompanhados de deslizamento, sob solicitação repetitiva de alta pressão de
contato. As gaiolas estão sujeitas a tensão e compressão em contato deslizante com
o anel ou com os corpos rolantes, ou ainda, o anel e os corpos rolantes.
Consequentemente, para o material dos anéis, corpos rolantes e gaiolas dos
rolamentos, são requeridas principalmente, as características indicadas a seguir:
Além destas, a boa usinabilidade também é necessária, e dependendo da
aplicação, resistência ao impacto, ao calor e à corrosão é também requerida.5
3. Projetos de Rolamentos
3.1 Teoria de Hertz
Um ponto importante a ser destacado é a distinção entre os tipos de contato
quando dois corpos sólidos estão em contato.6
5 Fonte: Catálogo de rolamento NSK
6 Fonte: Dissertação – VILODRES - 2008
7
Segundo Johnson (1985), os contatos podem ser conformes ou não
conformes. Um contato é dito ser conforme quando as superfícies dos dois corpos
encaixam-se perfeitamente com pouca ou nenhuma deformação. Mancais de
deslizamento e guias lineares são exemplos de contatos conformes. Corpos que
apresentam perfis de superfícies diferentes são ditos como contatos não conformes.
7
Quando tais superfícies são colocadas em contato, num primeiro instante, não
tendo deformação das superfícies, tem-se um contato pontual ou um contato linear.
Pode-se citar como exemplo um rolamento fixo de uma carreira de esferas que
apresenta um contato pontual quando as esferas tocam as pistas de rolagem. Já
com rolamentos de rolos cilíndricos, tem-se um contato linear entre os rolos e as
pistas de rolagem. Contatos lineares são obtidos quando o perfil das superfícies é
conforme em uma direção e não conforme na direção perpendicular à anterior. A
área de contato entre corpos não conformes é normalmente pequena se comparada
com as dimensões dos corpos envolvidos. As tensões envolvidas são fortemente
concentradas na região próxima à zona de contato.8
Figura 4 - a) Contato Conforme; b) Contato não conforme ( HUTCHINGS, 1992 )
7 Fonte: Dissertação – VILODRES - 2008
8 Fonte: Dissertação – VILODRES - 2008
8
Abaixo é mostrado um sumário das equações da tensão de contato elástico
descrito por Hertz (1882 apud STACHOWIAK; BATCHELOR, 2001) para contatos
elípticos sob uma carga W. Para um maior detalhamento, da geometria de contato,
de um rolamento fixo de uma carreira de esferas, tem-se a Figura 5.9
Figura 5 - Geometria de contato conforme de dois corpos (STACHOWIAK; BATCHELOR, 2001)
a = semi-eixo maior [m];
b = semi-eixo menor [m];
Rx e Ry = raios de curvatura reduzidos, maior e menor respectivamente [m];
R’ = raio reduzido de curvatura [m];
Rax e Ray = raios de curvatura do corpo A nas direções x e y respectivamente,
conforme Figura 5 [m];
Rbx e Rby = raios de curvatura do corpo B nas direções x e y respectivamente,
conforme Figura 5 [m];
W = carga de contato, conforme Figura 5 [N];
Pmax = máxima pressão de contato [Pa];
9 Fonte: Dissertação – VILODRES - 2008
9
Pmédia = pressão média de contato [Pa];
δ = deformação elástica (aproximação) dos pontos de contato [m];
τmax = máxima tensão de cisalhamento [Pa];
z = profundidade de máxima tensão de cisalhamento [m];
k1, k2, k3, k4, k5 = coeficientes elípticos de contato;
E’ = módulo de elasticidade reduzido dos materiais [Pa];
Ea e Eb = módulo de elasticidade dos corpos A e B respectivamente [Pa];
a e b = coeficiente de Poisson dos corpos A e B respectivamente.
byaybxaxYX RRRRRRR
111111
'
1 (3.1.1)
Note que os raios de curvatura do corpo B, por convenção, foram colocados
com sinal negativo, pois são para o corpo de contato côncavo. Caso seja para um
corpo convexo os valores tornam-se positivos.10
3
1
1'
'3
E
WRka (3.1.2)
3
1
2'
'3
E
WRkb (3.1.3)
ab
WP
2
3max (3.1.4)
ab
WPmédia
(3.1.5)
3
1
2
2
3''
52,0
ER
Wk (3.1.6)
maxmax4max 3,0 PPk (3.1.7)
bkz 5 (3.1.8)
10 Fonte: Dissertação – VILODRES - 2008
10
b
b
a
a
EEE
22 11
2
1
'
1 (3.1.9)
Entretanto, verifica-se que o modelo descrito por Hertz contém algumas
simplificações, tais como (JOHNSON, 1985):
- Ignora os deslocamentos da superfície fora do contato;
- As superfícies de contato não apresentam atrito entre si;
- Trata todos os perfis de tensão como parabólicos;
- Trata todas as deformações como sendo no regime elástico.
Das considerações realizadas por Hertz, destacamos as variáveis que
definem algumas características importantes dos materiais a serem empregados na
construção de rolamentos, que são:
δ = deformação elástica (aproximação) dos pontos de contato [m];
τmax = máxima tensão de cisalhamento [Pa];
Ea e Eb = módulo de elasticidade dos corpos A e B respectivamente [Pa];
a e b = coeficiente de Poisson dos corpos A e B respectivamente.
4. Identificação das famílias de Materiais que atendem as características requeridas
4.1 Resistência a Fadiga
Figura 6 - Fonte: Fundamentals of Materials Science and Engineering_Callister_
11
Tabela 1 - Fonte: Fundamentals of Materials Science and Engineering_Callister
Tabela 2 - Fonte: Fundamentals of Materials Science and Engineering_Callister
Tabela 3 - Fonte: Fundamentals of Materials Science and Engineering_Callister
12
4.2 Alta Dureza
Figura 7 – Dureza dos materiais
4.3 Alta Resistência ao desgaste
Figura 8 – Resistência ao desgaste
13
4.4 Alta Estabilidade Dimensional
Figura 9 – Estabilidade dimensional
4.5 Alta Resistência Mecânica
Figura 10 – Resistência mecânica
14
4.6 Alta Resistência a Corrosão Eletroquímica
Figura 11 – Resistência a Corrosão Eletroquímica
15
4.7 Alta Tensão de Cisalhamento
Tabela 4 – Tensão de cisalhamento
16
4.8 Alto Módulo de Elasticidade
Figura 12 – Módulo de elasticidade
4.9 Melhor Custo
Figura 13 – Custo dos materiais
17
5. Ranking de materiais que combinam as características elencadas11
Analisando as características requeridas para os materiais de rolamentos,
observamos que os polímeros, cerâmicos e metais, atendem a algumas dessas
exigências. No entanto, não existe um material que atenda totalmente a todas as
características necessárias. Portanto cabe ao projetista identificar qual a
característica mais importante para a aplicação a que se destina este componente. A
seguir serão avaliadas as características para cada grupo de materiais, para o
projeto de um rolamento.
Grupo de
Materiais
Característica Necessária
Me
tais
Po
lím
ero
s
Cerâ
mic
os
Alta Resistência a Fadiga 3 1 0
Alta Dureza 3 1 1
Alta Resistência ao Desgaste 3 2 3
Alta Estabilidade Dimensional 3 1 3
Alta Resistência Mecânica 3 1 3
Alta Resistência a Corrosão
Eletroquímica
1* 3 3
Alta Tensão de Cisalhamento 3 0 3
Alto Módulo de Elasticidade 3 2 3
Melhor Custo 3 3 2
Total 25 14 21
Tabela 5 - 0-Desprezível; 1-Regular; 2-Boa ; 3 - Ótima
11 Fonte: R.S. Hide, “Contact Fatigue of Hardened Steel”, Fatigue and Fracture, ASM Handbook, ASM
International, Materials Park, Ohio, 1996, pp. 691-703.
18
* Os aços com adição de cromo e níquel possuem maior resistência a corrosão, mas
não são imunes ao processo corrosivo.
A partir dos dados coletados, nota-se que alguns materiais da família dos
Metais e Cerâmicos, reúnem as características necessárias à construção de
rolamentos. No entanto os Metais, com exceção das ligas Níquel Cromo, possuem
baixa resistência à corrosão, o que torna esses materiais impróprios a aplicações
que tenham contato com água do mar. Já os Cerâmicos, possuem baixa resiliência,
o que os tornam impróprios para aplicações nas quais essa característica é
desejada. Os rolamentos em alguns casos estão sujeitos a impactos.
“Os aços inoxidáveis também possuem aplicação limitadas, pois este material
tem limitações quanto a resistência á fadiga e ainda menor dureza se comparado ao
Aço AISI 52100”.12
6. Aços Liga, Cerâmicos e Polímero empregados na fabricação de rolamento
6.1 Aço AISI 52100
Os materiais ferrosos que exibem propriedades mecânicas superiores aos
aços carbono comuns, resultado da adição de elementos de liga são conhecidos
como Aço liga. A principal função dos elementos de liga é de aperfeiçoar as
propriedades mecânicas dos materiais proporcionando uma melhora de
desempenho. Um aço liga muito empregado na fabricação de rolamentos é o AISI
52100.
Composição química do aço 52100
AISI e SAE % Carbono % Manganês % Silício % Cromo
52100 0,98 – 1,10 0,25 – 0,45 0,15 – 0,35 1,3 – 1,6
12 Fonte: R.S. Hide, “Contact Fatigue of Hardened Steel”, Fatigue and Fracture, ASM Handbook, ASM
International, Materials Park, Ohio, 1996, pp. 691-703.
19
O Aço AISI 52100 é um aço liga com alto teor de carbono, aproximadamente
1% e teor de cromo entre 1,30 e 1,60% ( CHIAVERINI, 1986). Os elementos de liga
promovem a formação de carbonetos e consequente aumento da dureza, resistência
ao desgaste e abrasão e menor ductibilidade (MEDEIROS, 2002; VERÁSTEGUI,
2007). No entanto a baixa resistência à corrosão é a característica que torna o AISI
52100 limitado para aplicações nesse tipo de ambiente. A aplicação Naval tem como
uma das principais exigências a resistência à corrosão eletroquímica.
6.2 Aço Inox V316LUF
Aço cromo-níquel inoxidável austenítico de extra-baixo teor de carbono.
Amagnético. Não temperável. Possui eventualmente pequenos teores de ferrita,
apresentando então um leve magnetismo. Quando deformado a frio, torna-se
parcialmente martensítico e ligeiramente magnético. Possui boa resistência à
corrosão. Tem a propriedade de manter boas características de tenacidade até
temperaturas extremamente baixas, o que torna um material adequado para
aplicações criogênicas sujeitas a choques e impactos. O aço V316LUF, como em
geral todos os aços inoxidáveis austeníticos, caracteriza-se por um coeficiente de
dilatação térmica linear cerca de 50% superior aos dos aços para construção
mecânica.
Composição Química
AISI % Carbono % Cromo % Níquel % Molibdênio
316L 0,03 máx. 17,00 12,00 2,20
O aço V316LUF tem um campo de aplicação semelhante ao do V316UF,
sendo porém preferido, por seu baixo teor de carbono, nos casos em que existem
condições propícias para a ocorrência de corrosão intercristalina.
20
6.3 Cerâmica
O nitreto de silício foi produzido pela primeira vez em 1857 por Henri Etienne Sainte-
Claire Deville e Wöhler Friedrich13, mas permaneceu apenas como uma curiosidade
química. Demorou quase uma centena de anos antes de ser usado. Em 1958, o
nitreto de silício já se encontrava na produção comercial de tubos termopar, tubeiras
de foguetes, barcos e cadinhos de metais de fusão. O trabalho britânico com nitreto
de silício, iniciado em 1953, destinava-se para turbinas a gás em altas temperaturas
e resultou no desenvolvimento de outros compostos de nitreto de silício. Em 1971, a
Agência do Projeto de Pesquisa Avançada do Departamento de Defesa dos EUA
firmou um contrato de 17 milhões dólares EUA com a Ford e a Westinghouse por
duas turbinas a gás de cerâmica. 14
O nitreto de silício pode ser obtido por reação direta entre silício e nitrogênio
em temperaturas entre 1300 e 1400 °C:15
3 Si(s) + 2 N2(g) → Si3N4(s)
Pela síntese do Diazeno: 16
SiCl4(l) + 6 NH3(g) → Si(NH)2(s) + 4 NH4Cl(s) em 0 °C 3 Si(NH)2(s) → Si3N4(s) +
N2(g) + 3 H2(g) at 1000 °C
Ou por redução carbotérmica em atmosfera de nitrogênio em 1400-1450 °C:17
3 SiO2(s) + 6 C(s) + 2 N2(g) → Si3N4(s) + 6 CO(g)
13
Fonte: [Deville, H. and Wohler, F.. (1857). "Erstmalige Erwahnung von Si3N4". Liebigs Ann. Chem. 104.] e
[Frank L. Riley. (2004). "Silicon Nitride and Related Materials". Journal of the American Ceramic Society 83 (2). DOI:10.1111/j.1151-2916.2000.tb01182] 14 Fonte: [C. Barry Carter, M. Grant Norton. Ceramic Materials: Science and Engineering. [S.l.]: Springer, 2007.
p. 27. ISBN 0387462708].
15 Fonte: [ Frank L. Riley. (2004). "Silicon Nitride and Related Materials". Journal of the American Ceramic
Society 83 (2). DOI:10.1111/j.1151-2916.2000.tb01182.x]
16 Fonte: [ Frank L. Riley. (2004). "Silicon Nitride and Related Materials". Journal of the American Ceramic
Society 83 (2). DOI:10.1111/j.1151-2916.2000.tb01182.x]
17 Fonte: [ Frank L. Riley. (2004). "Silicon Nitride and Related Materials". Journal of the American Ceramic
Society 83 (2). DOI:10.1111/j.1151-2916.2000.tb01182.x]
21
Estruturas Cristalinas do Si3N4
Figura 14 - Triangular
Figura 15 - Hexagonal
Figura 16 - Cubo
Cerâmicas de nitreto de silício têm boa resistência ao choque em comparação
com outras cerâmicas. Portanto, rolamentos e esferas de cerâmica de nitreto de
silício são usadas nos rolamentos de desempenho. Um exemplo representativo é o
uso de rolamentos de nitreto de silício nos principais motores dos ônibus espaciais
da NASA. 18
Rolamentos de nitreto de silício são mais duros do que o metal que reduz o
contato com a pista de rolamento. Isso resulta em ate 80% a menos de atrito, 3 a 10
vezes maior durabilidade, velocidade 80% maior, peso 60% mais leve, a capacidade
de operar sem lubrificação, maior resistência à corrosão e maior temperatura de
operação, em comparação com rolamentos de metal tradicional.19 As Bolas de
nitreto de silício pesam 79% menos do que bolas de carboneto de tungstênio.
Rolamentos de nitreto de silício podem ser encontrados em automóveis de ponta,
equipamentos industriais, turbinas eólicas, motores, bicicletas, patins e skates.
Rolamentos de nitreto de silício são especialmente úteis em aplicações onde a
corrosão, campos elétricos ou magnéticos podem proibir o uso de metais. Por
exemplo, em medidores de vazão da maré, onde o ataque da água do mar é um
problema.
O Si3N4 foi demonstrada pela primeira vez como um rolamento superior em
1972, mas não chegou a produção até cerca de 1990 por causa de desafios 18 Fonte: [Ceramic Balls Increase Shuttle Engine Bearing Life. NASA. Página visitada em 2009-06-06] e [Space
Shuttle Main Engine Enhancements. NASA. Página visitada em 2009-06-06.]
19
Fonte: [ Silicon Nitride – An Overview. Página visitada em 2009-06-06.]
22
associados com a redução do custo. Desde 1990, o custo foi reduzido
substancialmente o volume de produção aumentou. Apesar dos rolamentos de
nitreto de silício ainda estarem 2-5 vezes mais caro do que os rolamentos de aço,
seu desempenho superior e vida estão justificando a rápida adoção.20
7. Vesconite
Um polímero, no entanto, possui características que o torna compatível para
aplicações em ambientes agressivos do ponto de vista da corrosão. O material
usado em aplicações navais é o Vesconite. A tabela 6 reúne os dados desse
material.
Tabela 6 – Propriedades do Vesconite
20 Fonte: [Ceramic Industry. Oak Ridge National Laboratory. Arquivado do original em October 2, 2006. Página
visitada em 2009-06-06.]
23
O Vesconite é um material utilizado na confecção de mancais para aplicação
Naval em situações em que o emprego de lubrificantes é impossível e o componente
tem contato direto com água do mar.
8. Conclusão
Dos materiais analisados as famílias de Metais e Cerâmicos, possuem as
melhores características para aplicação em projetos de rolamentos, no entanto,
ambas as famílias tem problemas que trazem algum tipo de limitação.
Dos metais, AISI 52100 e AISI 316L, o primeiro apresenta baixa resistência à
corrosão, e o segundo tem menor dureza.
Os cerâmicos apresentam baixa resistência a impactos. A excessão é o
Nitreto de Silício que possui características que melhoram a dureza e resistência ao
desgaste.
O Vesconite é um polímero que possui características de resistência
mecânica, dureza, coeficiente de elasticidade, inferiores aos metais e cerâmicos, no
entanto alta resistência a abrasão e alta resistência à corrosão mecânica. Podendo
em algumas aplicações de buchas ser utilizado.
A aplicação marítima tem como fator crítico a resistência a corrosão, com isso
o AISI 52100 não dever ser utilizado. Na tabela 7 reunimos as características de
cada um dos materiais que podem ser utilizados para aplicação marítima, e a partir
dela é possível definir o material ideal de acordo com as necessidades específicas
da aplicação.
Aço Inox Nitreto de Silício
Vesconite
Alta Resistência a Fadiga 3 1 2
Alta Dureza 2 2 1
Alta Resistência ao Desgaste 3 3 1
Alta Estabilidade Dimensional 3 3 2
Alta Resistência Mecânica 3 2 1
Alta Resistência a Corrosão Eletroquímica
2 3 3
Alta Tensão de Cisalhamento 3 2 1
Alto Módulo de Elasticidade 3 3 1
Custo 2 1 3 Tabela 7 0-Desprezível; 1-Regular; 2-Bom ; 3-Ótimo