traÇado urbano medieval e a cidade...
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TRAÇADO URBANO MEDIEVAL E A
CIDADE MUÇULMANA
CIDADES EM PORTUGAL
São as características da ocupação espacial e da
organização de cidades desenvolvidas em Portugal
que vão definir o traçado dos primeiros núcleos
urbanos no Brasil.
As influencias da dominação árabe vão deixar
profundos sinais em todos os segmentos da cultura
lusitana, da culinária às técnicas construtivas.
Chegada dos Mouros na Peninsula Ibérica – 711 –
acarreta um avanço cultural e tecnológico.
O URBANISMO ISLÂMICO
A cidade islâmica
O URBANISMO ISLÂMICO
As cidades desenvolvidas pelos árabes ao longo do tempo
apresentam-se de forma bem mais simplificada do que
aquelas edificadas sob influência das culturas helenística
e romana.
Ao incorporarem uma nova região ao seu império, os
muçulmanos utilizavam uma política de tolerância,
respeitando os usos, os costumes, a cultura, as línguas
regionais, os métodos administrativos e até mesmo a
estrutura religiosa, de onde tiravam o conhecimento
necessário à sua própria organização.
Somente em um segundo momento preocupavam-se em
transmitir seus conhecimentos, tanto de idioma como
religiosos, que passaram a ser a grande característica
unificadora do império.
Sendo um povo nômade os árabes desconheciam os
processos de organização urbana.
Os núcleos populacionais da Península Arábica
estavam restritos aos acampamentos implantados junto
aos oásis, com o intuito de oferecer apoio às caravanas
de mercadores.
Meca
Yatrib – ano 600
Samarra: Capital do
Império Abássida
(883 d.C)
O URBANISMO ISLÂMICO
As cidades fundadas(Bagdá 762; Tunísia 670;Cairo 969) outransformadas pelos árabes(Alexandria, Damasco,Jerusalém) são muitosemelhantes entre si econservaram sua estruturaoriginal até a idademoderna.
As casas, palácios eedifícios públicos formamrecintos e as partes internasda construção se debruçamsobre eles.
O modelo de cidade implantado pelos muçulmanos
na Península Ibérica representa o traçado
característico desenvolvido por esse povo ao longo
do tempo, baseado principalmente em sua
orientação religiosa, associada a conhecimentos
adquiridos no contato com civilizações de
organização cultural estabelecida e que foram
dominados e incorporados ao Império Islâmico.
A simplicidade do modo de vida prescrito no
Alcorão produz uma redução nas relações
sociais.
As cidades helenísticas conquistadas perdem
complexidade: não há foros, basílicas, teatros,
anfiteatros, estádios, ginásio; apenas casas e dois
tipos de edifícios públicos: banhos e mesquitas.
A forma como os povos islâmicos encaravam os
núcleos urbanos tinha por base três parâmetros
fundamentais: a defesa, o clima e a religião.
A cidade se apresenta com suas características ruas
estreitas, que não obedecem a um sentido regular
de direção, provocando o surgimento de um
emaranhado de ruas, que no mais das vezes termina
em becos sem saída.
Córdoba,
Espanha
PARÂMETROS FUNDAMENTAIS DA CIDADE ISLÂMICA
DEFESA – necessidade de fortificação do espaço
urbano e para dificultar a entrada de inimigos.
CLIMA – área ocupada próxima ao Equador gera
necessidade de proteção do sol.
RELIGIÃO – Alcorão pregava retidão e proteção da
família, dedicação ao templo leva a redução das
atividades sociais urbanas
Este tipo de planta
urbana, de traçado
irregular, é uma
característica comum
a praticamente todas
as cidades e vilas
desenvolvidas no
período medieval,
com ênfase especial
às mediterrânicas.
A tradição muçul-
mana acentua tal
tendência, dando à
cidade de fundação
islâmica um traçado
peculiar.
Cidade de Gardaia (Argélia), 1035
Tunísia: Kairouan (Grande
Mesquita - 670 d.C)
A cidade islâmica
Possuía núcleo
central
amuralhado
(medina), em cujo
interior se
situavam os
edifícios
religiosos, as ruas
comercias e o
souk (mercado)
souk (mercado)
Ao redor da medina se
distribuíam os bairros em que
a população se concentrava
em função de sua profissão ou
crença religiosa, nos quais se
misturavam as casas, as
mesquitas, os mercados e os
banhos, separados entre si por
ruas muito estreitas e de
traçado irregular.
Na medina se encontravam
os principais edifícios
públicos, tanto políticos como
religiosos, entre os quais a
mesquita principal da cidade.
A cidade, ou o núcleo urbano, não tinha para o
muçulmano o mesmo sentido que aí encontravam os
grupos ocidentais.
Para eles, a cidade significava o local onde era
possível cumprir, em toda a sua plenitude, os
deveres religiosos, morais e sociais, um local onde
se pudesse adorar o Deus Supremo, onde,
cumprindo todas as exigências, se pudesse ler em
paz o seu livro sagrado e, principalmente, onde as
ordens de Alá pudessem ser cumpridas.
Objetivo único a que se restringe o programa da
cidade islâmica, motivo pelo qual elementos urbanos
como teatros, auditórios, estádios, praças (no sentido
da ágora), fundamentais nas cidades europeias, aí
praticamente inexistem.
Tunísia: KalaaSghriaA
A regularidade hipodâmicada cidade helenística e romana é quebrada e não existe uma administração municipal para impô-la.
Na Idade Média as casas são limitadas a tres andares e a cidade é um agregado de casas que não revelam do exterior sua forma e importância.
As lojas não são agrupadas em uma praça, mas alinhadas em uma ou mais ruas, cobertas ou descobertas, formando o bazar.
As ruas são
estreitas (sete pés,
como diz uma regra
de Maomé –
aproximadamente
2,5m) e formam um
labirinto de
passagens
tortuosas e às
vezes cobertas,
que não permitem
uma orientação e
visão do conjunto.
Suas raízes estão nas ancestrais cidades da
Mesopotâmia e da Pérsia, com suas ruas estreitas
e seus edifícios, construídos em terra (taipa e
adobe), desenvolvidos em torno de pátios internos
que suavizam os exageros do clima dessa região.
A cidade é um organismo compacto, fechado por
uma ou mais voltas de muros, que a diferenciam
em vários recintos.
Cada grupo étnico religioso tem seu bairro e o
príncipe reside na periferia (maghzen), longe do
tumulto.
O islão interrompe o processo de aculturação
greco-romana no Oriente Médio e Mediterrâneo e
retoma valores da antiguidade.
MODELOS DE CIDADE ISLÂMICA
A cidade islâmica subdivide-se em vários modelos,
dependendo da região de influência onde se
estabelece.
Os principais modelos seriam o árabe-aramaico, no
qual prevalecem as influências originárias da Arábia,
do Egito e da Ásia Menor;
o pérsico-índico, desenvolvido a partir das influências
originárias da Pérsia e da Índia muçulmana;
o modelo turco-mongol com influências da Turquia, do
Turquestão e da Ásia Central;
e finalmente o MODELO HAMITA, que é o tipo de
cidade encontrado no norte da África e na Península
Ibérica.
A cidade que segue a topografia.
CIDADE DE MODELO HAMITA
Entre as principais características da cidade HAMITA
(modelo pensínsula ibérica) está o fato de sua
localização ser, sempre que possível, junto a um
monte, próximo do litoral ou às margens de um rio, o
que torna possível sua organização em cidade alta (a
qasbah), amuralhada e situada na
parte mais alta do
terreno, destinada à
população mais
aristocrática;
A cidade que segue a topografia.
e cidade baixa, que é a parte espraiada pela encosta,
destinada basicamente à população de baixa renda,
além de servir de apoio ao comércio marítimo ou fluvial,
quando é o caso.
Outra característica da cidade hamita é a forma que o
núcleo assume,
geralmente
triangular ou
trapezoidal, com
a muralha
incorporando a
parte baixa ao
topo da cidade
alta.
Um dos principais elementos diferenciadores da
cidade islâmica em relação à cidade ocidental é o fato
de que essa é organizada de fora para dentro, ou
seja, da rua, do espaço coletivo, para o doméstico, no
caso a habitação, enquanto que a cidade Islâmica
se organiza de dentro para fora, fazendo com que
a rua perca por completo seu valor estrutural.
Em alguns casos, chegam mesmo, os muçulmanos, a
privatizar grande parte do espaço público, com a
criação de adarves (é um caminho no topo dos muros
de uma fortificação), o que, no geral, contribui para
dar um aspecto intimista à rua, o que se harmoniza
grandemente com o caráter secreto que este povo dá
à cidade como um todo.
Ruas estreitas protegendo contra o sol
A cidade muçulmana se
organiza a partir da
implantação de ruas estreitas,
irregulares, no mais das
vezes criando curvas e
cotovelos que impedem a
visão de perspectiva e de
continuidade encontradas em
cidades de traçado regular.
Essa forma de estruturação
proporciona o surgimento de
um sentido intimista que,
associado a uma série de
questões tanto culturais
quanto religiosas, confere ao
traçado urbano um caráter
secreto.
No geral, essa introspecção representa também uma resposta à situação climática, tendo em vista estar o Império Muçulmano incrustado, em toda a sua extensão, dentro de uma mesma faixa de clima, situada logo acima da Linha do Equador.
Calor e luz solar intensas requerem ruas estreitas e tortuosas, e estas também representam uma orientação de Maomé, e são características das cidades pré-islãmicas da Pérsia e da Mesopotâmia.
Bagdad, reconstrução da cidade
original construída por Al-Mansur
em 762.
Bagdad, fundada segundo um ambicioso plano
urbanístico circular, com mais de dois quilômetros e
meio de diâmetro, destruída pelos mongois em
1258 e reconstruída no mesmo lugar sem
reproduzir a originária regularidade, teve mais de
um milhão de habitantes.
O núcleo da cidade de
Bagdá tem uma forma
circular, com uma
muralha dupla de adobe
que protegia as
edificações distribuídas
concentricamente e
quatro portas abertas
que correspondem aos
pontos cardeais.
No centro da praça estão
o palácio do califa e a
mesquita. Esta estrutura
recorda vagamente o
modelo de cidade
proposto por Vitruvio.
PRÓXIMAS
AULAS:
Avaliação N1A
A formação do Estado Português e as influências
islâmicas na região