trecho - platão & fiorin _ texto literário e não literário - para entender o texto _ leitura...

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Quando :im corta, toría-n tie vet i o disçmo-rio de água que ele fazia. . " M? ttxíe fHírarto, o modo de dticr i /ás fau mis} Importante quautn <> qua ,w dii, rifcrm'e da língttúym mjtíhfão tditiiórk, Não é pasihei rtnimi fo sem perder-se o euwictú/. 348 Texto literário e texto não literário pj esta altura do nosso trabalho, convém colocar uma indaga- tão sobre quais são ai características que nos permitem distinguir um texto literário de outro nào literário. O assunto mereceu mui¬ ta discussão, Ainda que nâo liaja uma resposta definitiva para cie, é possível expor os critérios mats adotados atualmente para caracte¬ rizar O texto literário. Comecemos por descartar, para esse fitn, qualquer critério que sc baseie no conteúdo abordado pelo texto: nâo conteúdos exclu¬ sivos dos textos literários nem avessos ao seu domínio. À única coi¬ sa que se pode afirmar é que, em certas épocas, cb texLOs literários privilegiam certos temas. Por isso o conteúdo abordado não serve como critério para demarcar a fronteira entre o texto literário c o nâo literário. Auiores que preferem estabelecer como critério o caráter fic¬ cional e não ficcional dos textos. Segundo CSSiC ponto de vista, o tex¬ to literário é ficção, 30 passo que os outros tipos de texto relaLam a realidade efetivamente existente. Os autores que assim pensam não negam que o texto literário interprete aspectos da realidade efetiva, mas que o faz de maneira inditeta, recriando o leal num plano ima ginário. Assim, Graciliano Ramos inventou um certo Fabiano c uma certa Sirtha Vitória para revelar uma verdade sobre caritos fabianos e siuhas vitórias, despossuidos de quase todos os bens materiais e cul¬ turais, e por isso degradados ao nível da animalidade. Esse critério, apesar ds pôr em evidencia aspectos importantes da obra literária, esbarra num problema muito sério: a dificuldade em discernir o real do fictício em certas situações concretas. Como classificar, por esse critério, Utu texto religioso. Seria ftcçào nu reali¬ dade? Certos religiosos achariam pecaminosa até mesmo essa hesita¬ ção; um homem não religioso considerá-lo-ía mero objeto da fanta¬ sia humana, 313

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Texto literário e nao literário

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Page 1: Trecho - Platão & Fiorin _ Texto Literário e Não Literário - Para Entender o Texto _ Leitura e Redação

Quando :im ™corta, toría-n tie vet io disçmo-rio de água que ele fazia. . " M? ttxíefHírarto, o modo de dticr i/ás fau mis} Importante quautn <> qua ,w dii, rifcrm'e dalíngttúym mjtíhfão tditiiórk, Não é pasihei rtnimi fo sem perder-se o euwictú/.

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Texto literário etexto

não literário

pjesta alturado nosso trabalho, convém colocar uma indaga-

tão sobre quais são ai características que nos permitem distinguirum texto literário de outro nào literário. O assunto já mereceu mui¬ta discussão, Ainda que nâo liaja uma resposta definitiva para cie,é possível expor os critérios mats adotados atualmente para caracte¬rizar O texto literário.

Comecemos por descartar, para esse fitn, qualquer critério quesc baseie no conteúdo abordado pelo texto: nâo há conteúdos exclu¬sivos dos textos literários nem avessos ao seu domínio. À única coi¬sa que se pode afirmar é que, em certas épocas, cb texLOs literáriosprivilegiam certos temas. Por isso o conteúdo abordado não servecomo critério para demarcar a fronteira entre o texto literário c onâo literário.

Auiores há que preferem estabelecer como critério o caráter fic¬cional e não ficcional dos textos. Segundo CSSiC ponto de vista, o tex¬

to literário é ficção, 30 passo que os outros tipos de texto relaLama realidade efetivamente existente. Os autores que assim pensam nãonegam que o texto literário interprete aspectos da realidade efetiva,mas que o faz de maneira inditeta, recriando o leal num plano imaginário. Assim, Graciliano Ramos inventou um certo Fabiano c umacerta Sirtha Vitória para revelar uma verdade sobre caritos fabianose siuhas vitórias, despossuidos de quase todos os bens materiais e cul¬turais, e por isso degradados ao nível da animalidade.

Esse critério, apesar ds pôr em evidencia aspectos importantesda obra literária, esbarra num problema muito sério: a dificuldadeem discernir o real do fictício em certas situações concretas. Comoclassificar, por esse critério, Utu texto religioso. Seria ftcçào nu reali¬dade? Certos religiosos achariam pecaminosa até mesmo essa hesita¬ção; um homem não religioso considerá-lo-ía mero objeto da fanta¬sia humana,

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Page 2: Trecho - Platão & Fiorin _ Texto Literário e Não Literário - Para Entender o Texto _ Leitura e Redação

É preciso buscar a distinção cm outro lugar. Modernamente,diz-sç que a diferença reside nu fato de que o texto literário temuma função estética e de que o texto não literário tem uma/ri/ípâoutilitária (informar, convencer, explicar, documentar, etc.).

Mas em que consiste u função estética, também chamada fuit"çfto poética'? Para responder a essa qucstflo, comecemos por confrort-far entre Fvi dois fragmentos de texto; o primeiro, uma noticia dc jor¬nal; o segundo, uma passagem dç um poema de íjonçdvcs Dias.

0 5ãa Paulo venceu a Ptireugussa e tornou-ae campeão pau¬lista (te futebol da 1965,

Sou bravo, sou forteSou filho do Norte;

Meu Canto de rpprfft,

dijenrolros. ouvi.

(J-JUç* PirxmJ)

No primeiro exemplo, temos uma mensagem utilitária, cuja fiiia.licla.dti é informar, Quero IS ou otive essa mensagem não k importa* por exemplo, com O plano ria expressão (Os SOns); atravessa-n c.vai direlu(lente ao conteúdo, para entendera informarão. No segun¬do caso, è o plano da expressão que nos desperta a menção porquen poeta, construindo versus dc cinco sílabas, com acento na segun¬da C ria quinta, cria um ritmo incisivo, íttítrUiiàda, que recria a ftfor-mação de coragem presente uo plano do conteúdo. Esse ritmo bemmarcado, quase marcial, imponente, prestn-se bem para enfatizar ÿ

exaltação de coragem manifesta no plano do significado.

A. primeira característica do texto literárioé a relevância do piano da expressão, Nele, o plano da expressão não serve apenas paraveicular conteúdos, mun rccria-os em sua organização.

Assim, quando Oswald de Andrade escreve

F tia Gabriela sopra grasnadflra grasnou graves qrasas de Infâmia

a frase nâo sà diz o que dizia fia Qabriela, mas, com a aliteraçãodo grupo gr, reproduz aproximadamente o carito enfadonho* repe¬titivo e desagradável da fala da personagem,

Desse modo, no texLu poético, o plano da expressão artkula--se com o plano do Conteúdo, contribuindo também para a significa¬ção global,

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Fruir um texto literário é perceber essa Fççriação do conteúdona expressão e nâo meramente compreender o conteúdo; é entenderos significai*» dos elementos da expressão. No texto literário, o es¬critor não apenas procura dizer o mundo, mas recriá-lo nas pala¬vras, de modo que, nele, importa não apenas o que se diz. mas oirndç como diz.

A mensagem literária é auíocentraria, ou seja, o autor, pela or¬ganização da mensagem, jjdocuri rççriar certos conteúdos Faz issopor mçio de múltiplos recursos; ritmos, sonoridades, distribuiçãodas sequências por OpQSiç&O OU simetria, repetição de palavras OU

de sons írimas), repetição de situações ou describes (verdadeiras ri¬mas no romance ou no çnnto).

Outra característica é a intangibilidade, iitu é, o carãtcr intocá¬vel do texto literário. O poeta francês Valéry, a propósito do iexto

não literário e do texto literário, diz que, quando n faz um resu¬

mo tíú primeiro, apreendç-se o essencial; quando se resume o segun¬

do, perde-M2 o essencial

Com efeito, se se resume um poema ou um romance, perdemeles todo o encanto. Não se pode, num texto literário, mudar nenhu¬ma palavra de lugar, suprimir ou acrescentar nenhum pedaço. É di¬ference dizer que o amor não pode durar a vida inteira, mas, enquan¬

to durar, deve ser multo intenso t dizer os Seguintes versos dc Viní¬cius de Moihís: "Eu possa me dizer do amor (que tjve) / Que T3ão

seja imortal, posto que èdrama/ Mas queseja iii/iialtoenquanto dure".

O toxto literário é conotativo e, assim* cria significados flOVOS,

A linguagem em funçúo utilitária aspira a ser deitotaiiva, enquantoa linguagem em função estática procura a conotação, Por L&50 valc--sc largamente de niccani&mos como a metáfora e a fltelonimiit, Gre¬gório de Matos, por CXCJtipíO, deppis dc Ijcf definido nurtl soneto a

vaidade como rosa, ptenta e nau, mostra, valendo-sc de metáforase de metonímlas, que a vaidade è inútil porque a vida ípassageira;"Mas ser planta, ser rosa, nau vistosa / De qnu importa, sc aguar¬

da sem defesa / Penha a nau, ferro a planta, tardç a rosa". O ro¬chedo (penha) acaba com a nau; o instrumento cortante (ferro) coma planta; a tardç, com a rosa, que é efêuwra çnjna o dia.

No mo estético da linguagem; procura-.se desautomatizã-laTÿu seja, criar novas relaç&es enirq as palavras, estabelecer associa¬ções inesperadas e estranhas. Jssn Lrjrna singular a combln&idria duspalavras, Assim, Jose t.lãndido de Carvalho descreve o labisoiuetncosno uma figura dc "vinte palmbs de peloe raiva". Nessa combina-ç3o imostra o tamanho do lubisiCnrtetfil associado A intensidade de SCU

furor.

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Lembrar de uma importante função da linguagem, a poética.
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Page 3: Trecho - Platão & Fiorin _ Texto Literário e Não Literário - Para Entender o Texto _ Leitura e Redação

IiiiqLLiniLti a linguagem em Função utiHtinUi pretende ter umfaiico sigflifiuEiiJfl,alinguagem çm ftmç&o estéticaé plurissigmficativa,

Quantia dit. "Apanhe á faca que está em cima da cutset1\ oprodutor àa mensagem quer qpie o ouvinte entenda só o que e|ç dis¬se. Já O poema "Rios sem discurso", d6 Joáo Cabra! de Mdo Ne¬to, apreseiiía peio menos dois planos dc leifura: faia da milsIílliíçííodos rias e da uunsr.ruçáo dy discurso:

Quando um no corta, corta-M an vuza dtsçurso-rio de água que ele -fazia;

cortado, a agua ao quebra cm pedaços,em poços de água. em agua paralítica,Em situação do poço, n úql.í. equivales uma palavra em situação dicjynária:

isolada, eslanque no poço dela mesma,e porque assim estanque, estancada:a mais: porque assim estancada, muda,a muda porque com nenhuma comunica,

porque cortou-se a sintaxe dassa rio,o fio Js água por que ele discorria

0 curso dc um rio. seu discurso-rio.chaga raramente a se reatar de vez:um nú prccsaO de muito fio de águapara refazer o fio antigo que o Tez,

SalVú a Lu íirrill-jqLÈr.Cfj de ucílu cheialhe impondo interina outra linguagem,um rio precisa de muita água em nospara que todos os poços s& enfrasarmsc reatando, de unn para outra poço,em frases curtas, entãn frase t frase.ate a senteinça-rio do discurso únicoem que se CErn voz a seca ele combato.

(MSl'j- IÍE1u, J l. 4t. JuAj Caiir;>i dt ttfcSi !•)ri'-> Notas, ttt, bií>sr,. hlot. ç orlt. f oíícc. porSflnn ."o YouaBef Campeflelllí benjamlir. AtiUai-lu Jr. S(L, d( tentas jwi -Imé Fulsncti de Ma-

=1 ÿ Sfc lÿuto, Abril ÉdutBçSu, p. ÊE(UtsfHtU j Cij--|-ieii Ladaj.l

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A linguagem tm tunçao estética, que caracteriza o texto literá¬rio, JipE-esaua, eip síntese, OS seguintes Lraqns; plurihsignificação, tic-tauLoinntizaçáo, conotação, relevância d(] pianodu expresso n intan¬gibilidade da organização linguistica. No texto literário, o modo dedizer í ráo (OU mnis) importante quanto li que se diz.

textoCOMENTADO

m

zo

Bandeirante cai no Méxicoe meta o$ ÍO ocupantes

3oLs aviões oomerciaiG Mjífcanos caíram causando u mortade 21 pessoas, anunciarem ontem funcionários dé governo do Mé¬xico. ÿ!> acidETire mais grave aírontrceu OoíT. um DandOÉrarUC de fobrkaçáo brasileira, 0 aparelho caiu no oeste do pais. matando to¬dos os 20 ocupardes, Segundo es funcionários, o Mão provavel¬mente S? chorou com uma montanha tiavido âu nluu turtipd 0 ex¬plodiu. 0 outre acidente aconteeeu no leste do pais A fuselagemdo avião se rompau quando ale tentava decolar. Um passageiromorrau.

Ambos os desastres acontecerem anepontem, o que eleve pa¬ra cinco o número du acidentas aGrecs causando Um total r.p

45J mortes — íw última quavta-feira.

0 Bar.dolrentel i Cí da ennpresa aérea estatal mexicana,TraiiEs¬

porre Aéreo federal fTAF), dEcolou du aeroporto dc Uruapdn (224km a ooste da Cidade do México} as $h4S (12int5 em Brasilia) comdestino a Lázaro Cardenas, na COSLa ÚO KC&no Pacifico, nrnbasno Estado de Mkhoacdn. 0 aperelho pendeu eontato cosn u torrede controle de Uruapán ás IQh.QQ (13h30 om Brasilia), Nove horasdepois. OS restos dy aparelho foram encontrados perto do povoa¬do de Arteapa, 50 km ao norte tie Lázaro Cárdenas-

FeLh/i be S Bftuuu. Z !cr. 1nsw, p. A 1 1.

0 gronde desnstfe aéreo de ontem

Vejo sangue no ar, vejo o piloto que ItiVavâ uma Flor paca anoiva, abraçado com 3 hélice. E O violinista, em que a morte acen¬tuou a palioez, despÉCihar-se com sua c&bc-ldicn negra e seu esriÿni-

várkis. i 13 mãos ÿ- pernas da dançar,nas nriEmessailas na explosão.

Isa

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Page 4: Trecho - Platão & Fiorin _ Texto Literário e Não Literário - Para Entender o Texto _ Leitura e Redação

k Corpos Irreconhecíveis identificados pelo Grande FteconhecEciorVejo sangue no ar. vejo chuva do cangue ratado nns nuven?;

OarizadaS pelo sangue dos poetas mãrrires. Vejo a nadatlOia bslífslnnfl. nc seu último salto do banhista, mais rápida porque vein

sem Vida. Vejo três meninas caindo rápidas, enfunadas, corno 50Id dançassem ainda, £ vejo a louçg abraçada BO ramalhete de rosas

que tfla pensou ser o paraq-jedas, a a orlma-dona com a longa çanÁu de lantejoulas riscarido o céu pomo um cometa. E o sino quela para urina capela do oesto, vir dobrando finados pelos pobresmortos. Presusno que a moça adormecida na cabine ainda vujii

is dormindo, tão tranquila e cegai Ú amigos, o paralítico vem comextrema rapidez, vem como uma estrela cadente, vem com as pernas do vento. Chove sangue sobre as nuvens de Deus. E hú pautas míopes qiájí pensam que è d arrebol.

Litoft, JçIÿí: Me. ftiww. Org. pnr l.ulr ÍDÿi

3 ed Km de Janeiro, Agir. 1075.p.&a-5.

Os dois textos actum abordam o mesmo temdl umdesastreaéreo.O primeiro tem mm função utilitária. Mão ê um texto literário. Osegundo tem uma função estética. É um texto literário.

O primeira> uma noticia de jornulT visa a informerr Por fsso c-dec ioíative, Diz O número de aparelhos acidentados h suas marcas,d número de monos, explica m prováveis causas de cada um dmacidentes, «te. O plano da expressão desse texto não tem nenhumarelevância, pois sua finalidade é apenas veicular conteúdos, O teslon5a õ inrangívcl por<i;ue pode perfeitamente ser resumido, sem quenenhuma Informaçío importante se perca. A liíigua&eni nâo apresenta nenhuma combinação nova ou inesperada de palavras,

O segundo texto é literário porque nele o poeta transfigura oreal. Mostra a queda do& corposT depois da explosão da aeronave.como uma coreografia. Cada um. dos passageiros que cai é am parti¬cipante do balé, Por exemplo: "Vejo três meninas caindo (...) ertfunadas'' (com as roupas Infladas, o que as leva a parecer com velasretesadas); lla prima-dona coin a longa cauda de lantejoulas riscan¬do o (tftr como um cometo": "o paralítico (...) vem como uma esire

la cadente11: pernas do vento. O olhar do poeta vai analisando cada um dos componentes da coreografia t vS ú sangue que jorra doscorpos cm pedaços como uma chuva a Ungir de vermelho as brancus nuvensL Essa chuva de sangue poderia levar poetas incapazesde ver além das aparências, e, portanto, de tornar poética a realida¬de mais crua, a imaginar que sc trata do arrebol, ou sejar da coravermelhada que fornam as nuvens ao nascer do dia ou ao morrerda tarde. A poesín c o quE permite a vis&o em profundidade que cap¬ta o; tnúhiplos ângulos da realidade.

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Aí imagens que compftçm o texto e o eiscajdemíteiilO dou ílife-rentes elementos que montam n coreografia tornam o texto Intocá¬vel. C7lim efeito, se se resume o que o poeta conta, dizendo que sctrata da descrição da queda dos corpos dos passageiros de uma aviltoque explodira, peide-sc o essencial, ou sejar a fastio de dois pianosde: significação, a queda dos corpos e u coreografia. Por causa des53 superposição de planns de sentido, o texto é plurissifliiificativo-Ao construir a imagem dos corpos a cair como twin bali, o poetamostra a igualdade dos homens na tragédia, onde de nada valemas diferenças que opflcm at pessoas neste mundo* Todos são iguaisna mortet

Como se vê, o mesmo tema pode receber um tratamento utilitá¬rio ou um tratarnento estético- No primeiro caso, produz-se um Lex-

Tjo nio literário; no segundo, um texto literário. Cada um dos textosproduz utn efeito de sentido disiiiuo.

EXERCÍCIOS

Amor ê fdgo que arde sem se vet-

£ ferida que (SÓI e nio sb sente;

£ um ror.rFrttamenío descontente;

É dor qu& desatirw 5&m doer;

e E um nâo querer mais que bem querer;£ solitário andar por entre a gente;

É nuTicB contentar-sí da contente:

£ cuidar que se ganha em perder-;

É querer estar preso por vontade;

to É servir a qusm veace, o vencedor;

É ter com quem nos mata lealdade,

Mas corno causer poda sau favor

Nos corações humanos amiÿriE,

5e tso contrário a si é o mesmo Amor?

CaMOo, Lufâ Vaz de. CamOes: smetas. Pnafe notrÿ? d? híÿri.n rin l.uníitij Sii'Siva. PÿrLuUÿIPubl. Europe-America. 1975. p. i£5.

guestão 1

Nos dois quartetos e »0 primeira terceto, o ouiar tonta definir 0

Minor. Ousl é a citrutuia sijuides uillbadji peto poeta para. iniciar a tatticl-vji ile dcfiiiir o amor?

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Page 5: Trecho - Platão & Fiorin _ Texto Literário e Não Literário - Para Entender o Texto _ Leitura e Redação

Questão 2

No poema, hiUnz? termos diEíintos que procuram umíi definição pa¬ri o amor: "fogo qut arde", "ferida que dói", de, C&dfl um íHses ter¬mo:;, invariavelmente, vem seguido do uma qualificarão que entra etutrAdíçió com o significado Jo tcriíto íinlcricu. Assim, irsem kc ver" enrjji

em contradição com "fogo qpe urde"; ,J-n&o se sente" entra em çgntradiçílo cODi '"ferida que dói". Seguindo 0 modelo proposto, encontre ucn termo abstraio puni dcFLnir o significado de cada um dos termos enumerado*& seguir:

Fogo que arde manifestaçãoFerida qut dói sofrimentoconsenta inetiLO -?dor que desatinaum nió querer mais ™'Jandar sotiytrio = -nunca comenta i -se -?Cilidtir que ganha = -um querer { } pof vonratle -fO vencedor servir -tier ( i Italdade ÿ=ÿ ;

Questão 3

Ol Onze atributos estão relacionados abaixo, Seguindo o modelo, en¬contre nm aJjvlivo para definir o significado de Cnda um deles. Tenha sempie cjn menti qije eles Lám ujhs rignificaçao contrária ao do termo que elesacompanham c cujo sisnificado voçí já definiu tui qLusLâio anterior,

sem se ver = invísívide jiSO se seníe insensíveldescontente -?sem doerque bem querer =?entre a gente = Tde cunLente tt?cm se perder — ?estar ptóW>

a quím vígjce --com quem no# mitt - í

Qusstia 4

A presença simultânea de dois termos cflíuradjíórios ríCebe 0 nomeÍ£ (MfirtWrO. Em si. o oximoro n3ó se pirata para definir nada, ]>ois UihadófinivUo não deve conter eoitrrjtiJíçSes. Por que, eptfio, o poeta u.ta o o>tÉ-moro como elemento estruturador dos; onze primeiros vcrsoa?

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Quustiio 5

Mo último Lerceío, o poeta abandona a tentativa de dufinrr o árnor.

Qual é o recurso sinláTÍCO que indica essa mudEinça tte enfoque?

Quer-itiu €

Ná oraçao subordinate condicional do último verso, o poeta airtdíiíai UflM afirmação a respeito do amor, Qual à a diferença entre «SA afír-maç30 e as procedentes?

Questão 7

Arrote algumas ClflCMflstiCíf que con)provairi ,|ne o ipero que estásendo estudado 4 literário,

Questão d

Obsírvi que a jiaiavra "amor" abre C fecha o soneto. Ê como Se,

ao final dss tentativas de definir o uroOr, tivéssemos a rednndãncm "amort amor", O poema permite concluir nuí;

<q) o sentimento amoroso só pode: vlvenciado e não explicado por tJite-

gorlas lógicas.(b) O amor nlo traz realização pór s=: contraditório e .inexplicável.ti) O poeta n5o eati interessado em explicar o que io ,amOf(d) o amar sótiazsalisfaoitu áO homemquando este consegue emendS-lo bem.(c) o amor só triz sofrimento ao homem,

PROPOSTA DE REDAÇÃOLiLamine % seguinte situação:A comunidade em que vuíè vivo teve a ideia de ocuiSLL'tiir um

monumento para comemorar a passagem do um cometa pela Terra,que se repete de 76 cm 76 anos.

Dentro desse monumento resolveram colocar unia cabia de vi-dro com várias mensagens tloi atuais habitantes da comunidade pa¬

ra os habitautes futuros que dererao abrir a rrferida caixa c ler a&

nsensasens somentç por oenaiao da próximn pflflsagem do cometa.

Tendo sidn ifólidiaclo a escrever um texto para essa finalidade,você prcícriu elaborar um texto tie carúícr literário que, sem se ape¬

gar a fatos c acontecimentos roais, pudesse esclarecer aos liabitantesdo futuro o modo como vivem os atuais,

O seu Texto, através de figuras wpcrctas, pode faiar do jogo

polííico, dos prohlemas sociais e econdmicnn, dos costumes, dos pre¬conceitos, do amor, dos temores Ê esperanças 4 O que mais você

Mch.aT iniportuiLle.

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