treinamento de primeiros socorros para alunos de …
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TREINAMENTO DE PRIMEIROS SOCORROS PARA ALUNOS DE UMA ESCOLA
PÚBLICA DE SÃO PAULO.
CORREIA, TS.; COSTA, AL.; CANTO TF; CARNIEL, CF.; RAIMUNDO, RD.
CENTRO UNIVERSITÁRIO FACULDADE DE MEDICINA DO ABC
RESUMO
Introdução: Acidentes são ocorrências que acontecem de forma inesperada em diversos locais e o tempo é crucial à estabilidade da vítima. Objetivo: O objetivo do presente estudo foi avaliar o conhecimento das crianças de uma escola pública intitulada Escola Municipal de Ensino Fundamental Cidade de Osaka (EMEF Cidade de Osaka) em primeiros socorros assim como ensiná-los a agir de maneira correta durante esses acontecimentos. Métodos: Foi aplicado aos participantes de 7° e 8° anos do ensino fundamental um questionário a fim de avaliar seus conhecimentos sobre primeiros socorros e posteriormente ocorreu um treinamento sobre primeiros socorros e foi repassado o mesmo questionário para verificar o aprendizado. Resultados: Foram analisados 65 participantes com a média de idade de 13,56 anos e de maioria do sexo masculino, quando comparado ao número de acertos antes e após o treinamento encontra-se uma diferença significante (p>0,001). Conclusão: Com base no estudo conclui-se que há uma melhora significativa no conhecimento de primeiros socorros dos participantes após o treinamento. Palavras-Chaves: Primeiros socorros. Estudantes. Educação.
ABSTRACT
Introduction: Accidents are occurrences that happen unexpectedly in different places and the time is crucial to the victim's stability. Objective: The objective of the present study was to evaluate the knowledge of children from a public school called Escola Municipal de Ensino Municipal Cidade de Osaka (EMEF Cidade de Osaka) in first aid as well as to teach them how to act correctly during these events. Methods: A questionnaire was applied to the 7 th and 8 th grade participants in order to assess their knowledge of first aid, and then there was a training course on first aid and the same questionnaire was passed on to verify their learning. Results: 65 participants were analyzed, with an average age of 13.56 years and most of them were males, when the number of correct answers before and after training was found, there was a significant difference (p> 0.001). Conclusion: Based on the study, it is concluded that there is a significant improvement in the participants' knowledge of first aid after training. Keywords: Students. First Aid. Education.
1 INTRODUÇÃO
Acidentes ocorrem de forma inesperada em locais inespecíficos, todavia é
necessário e importante ter o conhecimento para prestar os primeiros cuidados à
vítima antes da chegada do profissional especializado ao local do incidente. (MOURA,
2018)
Após uma intercorrência, os cuidados e procedimentos prestados à vítima são
imprescindíveis. Assim o tempo se torna crucial para que os primeiros socorros sejam
efetivos e ofereçam estabilidade para o estado de saúde da vítima antes do
atendimento de um profissional. Portanto se a população leiga for bem instruída sobre
como são os primeiros e abordar a vítima, eles irão realizar a técnica de forma correta
em situações de emergências. (ASSIS, 2018).
A falta de conhecimento, crenças populares e outras experiências vividas por
responsáveis e familiares são que na maioria das vezes rege o conhecimento sobre
primeiros socorros, e esse despreparo faz com que ocorra muitas vezes o socorro
inadequado, podendo prejudicar na vida da vítima enquanto aguarda o SAMU (Serviço
de Atendimento Móvel de Urgência) sem prestar o devido socorro ou prestando o
socorro de forma inadequada. (GALINDO, 2017)
O treinamento de primeiros socorros nas escolas tem mostrado um alcance
maior da população ao longo prazo. Os estudantes podem aprender os primeiros
socorros no início de sua vida escolar. Neste sentido, tem sido recomendada a
inserção deste treinamento no currículo escolar, vislumbrando um aumento de RCP
(reanimação cardiopulmonar) para os leigos. (BAKKE, 2017).
São comuns acidentes envolvendo crianças, adultos ou ambos, também é
observável que políticas de ensino em primeiros socorros não são muito comuns no
currículo escolar, embora seja evidente que estratégias que ensinem primeiros
socorros para a população desde o ensino fundamental são absolutamente
necessárias. (COELHO, 2015).
A realização imediata de RCP em uma vítima de parada cardiorrespiratória
(PCR), ainda que seja apenas com compressões torácicas no pré-hospitalar, contribui
sensivelmente para o aumento das taxas de sobrevivência das vítimas de parada
cardíaca. (GONZALEZ, 2013).
Um estudo realizado em escolas primárias e secundárias na China revelou que
as crianças têm pouco conhecimento em treinamentos de RCP. E que esse
treinamento é essencial para um ocorrido de emergência, pois faz com que elas
saibam agir em um evento como esse, além do mais favorece taxas de sobrevida da
vítima e melhora a segurança na comunidade. (LI, 2018).
O treinamento de primeiros socorros nas instituições de ensino é muito
importante (NOLAN, 2010), pois, a população leiga é considerada um importante fator
durante o socorro (HOLMBERG, 2000) e pessoas treinadas oferecem melhores
socorros e são mais dispostas a realizá-los (CHO, 2010).
Diante disto, o presente estudo tem como objetivo avaliar os alunos de uma
escola pública “Escola Municipal de Ensino Fundamental Cidade de Osaka” (EMEF
Cidade de Osaka) sobre os conhecimentos dos jovens em relação às práticas em
primeiros socorros, preparando-os para agir com eficácia em uma situação de
emergência, de acordo com os protocolos sugeridos pelo American Heart Association
2018.
2 MATERIAIS E MÉTODOS
A presente pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética e Pesquisa da
Faculdade de Medicina do ABC sob o número de parecer 3.635.833. (Anexo D)
Foram selecionados alunos de 7° e 8° anos do ensino fundamental no período
matutino e vespertino de uma escola Municipal de São Paulo, “EMEF Cidade de
Osaka”.
Os responsáveis pelos participantes assinaram o Termo Consentimento Livre
Esclarecido (TCLE) (Anexo A) e os participantes assinaram o Termo de Assentimento
Livre Esclarecido (TALE) (Anexo B).
Previamente ao treinamento de primeiros socorros os participantes
responderam a um questionário contendo 13 perguntas de múltipla escolha (Anexo C)
para avaliar seus conhecimentos sobre primeiros socorros envolvendo os assuntos de
queimaduras, engasgo, desmaio e parada cardiorrespiratória. Também foram
analisados idade e sexo (feminino e masculino) dos participantes.
Posteriormente foi realizada uma capacitação sobre o tema de primeiros
socorros nos casos citados acima por meio de material expositivo e áudio visual para
facilitar a assimilação do conteúdo. Além disso, foi realizado um treinamento prático
com bonecos confeccionados com garrafas pet, para simular a prática nos casos de
parada cardiorrespiratória, desmaio e engasgo.
Após a capacitação o mesmo questionário foi aplicado novamente para avaliar
os conhecimentos adquiridos após o treinamento.
Tanto os questionários como o treinamento foram realizados em uma sala
disponibilizada pela escola e os participantes foram organizados em círculo, sentados,
para facilitar o aprendizado e para incentivar a discussão entre os mesmos e entre os
capacitadores em primeiros socorros.
2.1 Critérios de inclusão
Alunos de 7ª e 8ª anos do ensino fundamental matriculados na escola onde foi
realizada a pesquisa, que nunca realizaram curso de primeiros socorros, tendo
respondido todas as questões e ter assinado ao TCLE e o responsável ter assinado o
TALE.
2. 2 Critérios de exclusão
Não ser matriculado na escola onde foi realizada a pesquisa, alunos de outras
séries, ter realizado curso de primeiros socorros, não ter respondido todas as questões
e não assinar o TCLE e o responsável não assinado o TALE.
3 ANÁLISE ESTATÍSTICA
Foi realizada análise dos dados, as variáveis qualitativas foram apresentadas
por freqüência relativa, no entanto, as variáveis quantitativas foram apresentadas por
média, desvio padrão, intervalo de confiança de 95% e valores mínimo e máximo. Ao
comparar acertos e erros antes e após a intervenção para cada questão foi utilizado o
teste McNemar. Além disso, foi comparado o número de acertos e porcentagens de
acertos antes e após a intervenção pelo teste t pareado. O nível de confiança adotado
foi de 95%. O programa estatístico foi Stata versão 14.0.
4 RESULTADOS
No presente estudo o resultado da caracterização da amostra com as variáveis
de sexo, série, a confirmação ou não se o participante já ouviu falar sobre primeiros
socorros, onde já escutou falar sobre o assunto estão dispostos na tabela 1.
De um total de 125 alunos matriculados, foram analisados 65 alunos, sendo 20
alunos do 7° ano e 45 alunos do 8° ano do ensino fundamental.
Os motivos pelos quais 60 alunos não participaram da pesquisa foram: não
aceitou participar da pesquisa (n=1), não respondeu o questionário após o treinamento
(n=3), faltaram no dia do treinamento (n= 56). Entre os participantes foi encontrado
uma prevalência do sexo masculino (n= 33 e 50,77%). A idade média encontrada foi
de 13,56 (dp= 0,84) com idade mínima de 12 anos e idade máxima de 16 anos.
Em relação à pergunta sobre ter já ouvido falar sobre primeiros socorros
encontrou a maioria respondendo sim (n=63 e 96,92%) e quando perguntado sobre
onde ouviu falar sobre o tema abordado teve como prevalência jornal (n=20 e 31,75%).
Tabela 1. Características da amostra. Centro Universitário Saúde ABC 2020
Variáveis n %
Sexo
Masculino 33 50,77
Feminino 32 49,23
Ano
7º ano 20 30,77
8º ano 45 69,23
Você já ouviu falar sobre primeiros
socorros?
Sim 63 96,92
Não 2 3,08
Se sim, onde?
Novela 5 7,94
Série 8 12,70
Jornal 20 31,75
Internet 11 17,46
Outros 16 24,5
Todas as alternativas 3 4,76
Média (dp) Mínimo – Máximo
Idade (anos) 13,56 (0,84) 12 – 16
dp: Desvio-padrão. Mínimo – Máximo: Valores mínimo e máximo da amostra.
Fonte: Própria
Na tabela 2 está descrita a frequência absoluta e relativa do acerto e erro antes
e após a intervenção. As questões estão identificadas no Anexo D, onde Q3 significa
questão 2, Q4 significa questão 3, Q5 significa questão 4, Q6 significa questão 5, Q7
significa questão 6, Q8 significa questão 7, Q9 significa questão 8, Q10 significa
questão 9, Q11 significa questão10, Q12 significa questão 11, Q11 significa questão
12, Q14 significa questão 13.
Quando analisada a questão sobre Q3, não foi encontrada uma diferença
estatisticamente significante (p = 1,000), não sendo encontrado acerto no questionário
antes da intervenção e encontrando baixo acerto após a intervenção (n=1).
Ao analisar Q4 apresentou uma significância (p=0,093), sendo o índice de
acertos antes da intervenção (n=19 e 29,3%) foi menor em comparação ao índice de
acertos pós intervenção (n=28 e 43,08%), demonstrando a melhora neste quesito
quando comparado antes e depois.
Em relação à pergunta Q5 não foi encontrada diferença estatística significante
(p= 0,359) quando comparado o número de acertos antes (n=14 e 21,54%) depois
(n=9 e 13,85%) da intervenção, encontrando uma piora nos resultados.
Analisando a questão sobre Q6 não foi encontrada uma diferença estatística
(p=0,690) tendo um número de acerto antes (n= 28 e 43,08%) próximo ao de depois
(n= 31 e 47,69) da intervenção realizada.
Na análise Q7 não foi encontrada uma diferença estatística quando comparado
antes e depois (p= 0,247) observando-se uma leve melhora nos acertos depois da
intervenção (n=33 e 50,77%) comparada com antes (n=26 e 40%)
Foi evidenciada uma diferença estatística significante (p=0,019) ao comparar
Q8 evidenciando uma melhora em relação aos acertos quando comparado antes
(n=41 e 63,08%) e depois (n=52 e 80%).
O resultado encontrado quando feita a análise da Q9 foi encontrada uma
diferença estatística extremamente significante (p<0,001) aumentando o número de
acertos quando analisado antes (n=13 e 20%) e depois (n=52 e 80%), evidenciando
uma melhora no aprendizado após a intervenção.
Na análise Q10 foi encontrada uma diferença estatística muito significante (p=
0,005) evidenciando uma melhora nos acertos quando comparado antes (n= 17 e
26,15%) a depois (n= 32 e 49,23%).
Em relação à variável Q11 foi evidenciado uma diferença estatística
extremamente significante (p<0,001) provando que os participantes da pesquisa
tiveram um aprendizado após a intervenção.
Ao analisar a variável Q12 não foi observada uma diferença estatística
significante (p=0,663) quando comparado antes (n=25 e 38,46%) e depois (n=22 e
33,85%) da intervenção realizada.
No quesito Q13 não foi evidenciada uma diferença estatística significante
(p=0,179) demonstrando uma pequena diferença no número de acertos quando
comparado antes (n=30 e 46,15%) e depois (n=36 e 55,38%) da intervenção realizada.
Em relação à variável Q14 foi encontrada uma diferença estatística
extremamente significante (p <0,001) observando um grande aprendizado dos
participantes após a intervenção (n= 54 e 83,08%) quando comparado antes da
intervenção (n=13 e 20%).
Tabela 2. Frequência absoluta e relativa do acerto e erro antes e após a
intervenção. Centro Universitário Saúde ABC 2020.
Variáveis
Antes Depois
p* Acerto Erro Acerto Erro
n (%)
q3 0 (0) 65 (100) 1 (1,54) 64 (98,46) 1,000
q4 19 (29,23) 46 (70,77) 28 (43,08) 37 (56,92) 0,093
q5 14 (21,54) 51 (78,46) 9 (13,85) 56 (86,15) 0,359
q6 28 (43,08) 37 (56,92) 31 (47,69) 34 (52,31) 0,690
q7 26 (40,00) 39 (60,00) 33 (50,77) 32 (49,23) 0,247
q8 41 (63,08) 24 (36,92) 52 (80,00) 13 (20,00) 0,019
q9 13 (20,00) 52 (80,00) 52 (80,00) 13 (20,00) <0,001
q10 17 (26,15) 48 (73,85) 32 (49,23) 33 (50,77) 0,005
q11 22 (33,85) 43 (66,15) 59 (90,77) 6 (9,23) <0,001
q12 25 (38,46) 40 (61,54) 22 (33,85) 43 (66,15) 0,663
q13 30 (46,15) 35 (53,85) 36 (55,38) 29 (44,62) 0,179
q14 13 (20,00) 52 (80,00) 54 (83,08) 11 (16,92) <0,001
*Teste de McNemar.
Fonte: Própria.
A figura 1 evidencia a média de acertos comparando o questionário aplicado
antes da intervenção com o mesmo questionário aplicado depois da intervenção
realizada, evidenciando a melhora no número de acertos e o aprendizado dos
participantes da atual pesquisa.
Figura 1. Comparação do número de acertos antes e após a intervenção.
Centro Universitário Saúde ABC. 2020.
IC95%: Intervalo de confiança de 95%.
Fonte: Própria.
Ao realizar a análise sobre a média de porcentagem de acertos comparando
antes (31,8%) e depois (52,4%) fica evidente também uma melhora no número de
acertos, caracterizando também um aprendizado quando comparado antes e após a
intervenção realizada.
Figura 2. Comparação da porcentagem de acertos antes e após a
intervenção. Centro Universitário Saúde ABC. 2020.
Antes Após
0.0
1.0
2.0
3.0
4.0
5.0
6.0
7.0
8.0
Número de acertos
Méd
ia (
IC95%
)
IC95%: Intervalo de confiança de 95%.
Fonte: Própria
5 DISCUSSÃO
Pode-se definir primeiros socorros como os cuidados imediatos que devem ser
prestados de maneira serena e rápida, durante algum acidente ou mal súbito, onde
ofereça perigo a vida da vítima ou seu estado físico. Tem como objetivo minimizar o
agravamento e manter as funções vitais, realizando técnicas de madeira eficaz até a
chegada do serviço adequado para realizar o atendimento. (CARDOSO, 2003)
Levando em conta a educação é importante ressaltar a prestação de socorro
no local, pois com isso pode salvar a vida ainda no local onde ocorreu o acidente,
aplicando as noções básicas de urgência e emergência não só para profissionais da
saúde, mas também para os leigos, fazendo com que esse aprendizado ligue
promoção a saúde com prevenção, difundindo esses conhecimentos com adultos,
adolescentes e crianças. Visando esses fatores é importante esses aprendizados
sejam feitos na escola. (DANTAS, 2018).
Para ter melhores resultados e prestabilidade pós PCR tanto para leigos como
profissionais da área da saúde é importante uma educação eficiente, pois sem ela os
socorristas gozariam de dificuldades para aplicar de forma consciente e eficaz esses
métodos. (LAVONAS, 2020)
Os acidentes são a principal causa de morte entre crianças de 1 a 14 anos no
Brasil. O aluno passa no mínimo 30% do seu tempo diário no ambiente escolar. Assim,
Antes Após
0.0
10.0
20.0
30.0
40.0
50.0
60.0
Porcentagem de acertos
Méd
ia (
IC95%
)
é grande a possibilidade de que venha passar mal ou machucar-se (PEREIRA, 2006),
tendo em vista os dados, mostra-se o quão necessário é aprofundar o conhecimento
das crianças nas escolas sobre primeiros socorros, quanto maior o número de alunos
capacitados em atuar, menor número de ocorrências e redução da gravidade.
Acidentes são episódios que não elegem a vítima acometida. Em grande parte
das vezes são inesperados, todavia alguns casos são previsíveis, mas, por alguma
falha de segurança, acabam ocorrendo. (SILVA; FIGUEIREDO, 2006).
O conhecimento em primeiros socorros é considerado um fator muito
importante no momento de prestar socorro a uma vítima de acidente, e ter o
conhecimento adequado sobre procedimentos de emergência é a maneira mais eficaz
usada por quem irá realizar o socorro. No entanto, o conhecimento sobre primeiros
socorros é pouco disseminado na população em geral, sendo difundidos em sua
maioria para pequenos grupos, principalmente para profissionais da área da saúde
que detém quase que exclusivamente esses conhecimentos (CAVALCANTE, 2015).
No estudo realizado por Banfai et al. (2017) em que realizou um treinamento
por quatro meses com crianças e adolescentes de uma escola na Hungria notou que
na idade entre 12 e 14 anos os alunos realizam compressões torácicas
significativamente mais eficazes que as crianças com menor idade, assim como
crianças maiores apresentaram melhores pontuações para colocar o paciente em
posição de recuperação sozinho e foram capazes de avaliar melhor a respiração. Além
disso, na infância e juventude a estratégia de ensino que se usa durante o treinamento
de primeiros socorros também afeta essa população ampliando seus conhecimentos
e habilidades. (BUCK et al., 2020).
Crianças a partir de 4 anos de idade (jardim de infância ao primário), já
aprendem a reconhecer uma parada cardíaca e realizar chamada para os serviços de
emergência, podendo ter grande auxílio para o socorro da vítima e absorvendo essas
informações e habilidades anos depois. Entretanto, somente alunos mais velhos
aprendem a realizar compressões torácicas de forma efetiva. (BOHN, 2013 e N.
PLANT, 2013).
Através de uma revisão foi encontrado que a idade correta para a criança
aprender a ligar para a emergência e passar as informações corretas é a partir de 9 a
10 anos, enfatizaram que um novo treinamento para reciclagem é de extrema
importância, pois em situação de emergência onde ocorre um estresse ela pode
acabar esquecendo-se de passar detalhes importantes e de realizar a abordagem
correta. E constatou a importância de acrescentar no contexto educacional que
crianças de 7 a 8 anos devem aprender o número de emergência, crianças de 9 a 10
anos devem aprender de maneira correta e eficaz alertar o serviço de emergência e
conhecer sua importância e crianças de 11 a 12 anos devem reconhecer os símbolos
dos serviços de emergência assim como reconhecer suas tarefas. (BUCK et al., 2015).
Embora outros estudos recomendem a idade de 12 a 13 anos para realizar a
reanimação cardiopulmonar para ter uma devida qualidade, comparável a idade
adulta, mas a abordagem lúdica deve ser feita em crianças mais novas.
(SCHROEDER, 2017).
A melhora da efetividade das compressões e ventilações aumentam
diretamente com a idade, peso e IMC (Índice de Massa Corporal), sendo o IMC acima
de 15 e peso acima de 50Kg apresentam maior efetividade para as técnicas. Além
disso a idade que se torna mais apropriada para iniciar o treinamento de RCP tem
maior eficácia em crianças com 10 a 11 anos de idade. (N. PLANT e K. TAYLOR,
2013).
Bennett et. al. (2018) explica que a falta de conhecimento na área de primeiros
socorros faz explica muitas vezes a abordagem errada em queimaduras, através do
uso de remédios que podem prejudicar a lesão e muitas vezes são transmitidos por
sabedoria popular, passado de geração em geração, fazendo com que a população
creia que este seja o único modo de diminuir o dano causado pela lesão por causa da
ignorância. E o conhecimento na área de primeiros socorros pode ser uma medida
eficaz para diminuir as abordagens errôneas. No presente estudo encontrado na Q11,
também se comprovou que a abordagem em queimaduras é errada, pois antes do
treinamento teve uma porcentagem de acertos (n= 22 e 33,85%) menor quando
comparado a após o treinamento (n=59 e 90,77%), evidenciando uma melhora
significativa (p<0,001) no aprendizado sobre queimaduras.
A fonte mais comum encontrada sobre primeiros socorros foi à internet, seguida
de amigos e família. E no caso do procedimento de queimaduras a maioria relata usar
água fria para tratar queimaduras, podendo considerar um conhecimento adequado
(BURGESS et al., 2018), já no presente estudo foi verificado que a fonte mais comum
de primeiros socorros foi o jornal (31,75%) seguido por outros meios de comunicação
(24,50%).
Halawani et al. (2020) Cita que alunas de graduação de uma universidade na
Arábia Saudita não tiveram conhecimento necessário para agir em casos de primeiros
socorros, precisando de uma conscientização melhor para a população em geral sobre
o assunto. Quanto maior é o treinamento e a reciclagem sobre a abordagem em um
caso de urgência melhor é o desempenho do socorrista, aumentando assim a
sobrevida da vítima.
Na revisão sistemática realizada por Reveruzzi (2014), nota-se que após o
treinamento de primeiros socorros, o conhecimento dos alunos melhorou comparado
a estudantes que não realizaram o treinamento. Também informa que existe uma
variedade de formas para explicar sobre primeiros socorros e são eficazes, pois
desenvolvem o conhecimento e habilidades do aluno mesmo em curto prazo,
melhorando seu aprendizado sobre as medidas comparado com antes do treinamento.
Após realizar o treinamento de primeiros socorros os alunos apresentaram uma
melhoria satisfatória (p<0,001) comparado a antes da intervenção, evidenciando sua
melhora em relação ao conhecimento de engasgo, chegando a acertar em 100% a
definição de engasgo (WAFIK E TORK, 2013). No presente estudo também se
encontrou uma melhora (p<0,001) quando comparado a porcentagem de acertos
antes (31,8%) e após (52,4%) o treinamento de primeiros socorros, assim como
encontrou-se melhora na Q4 (p=0,093), Q8 (p=0,019), Q9 (p<0,001), Q10 (p=0,005),
Q11 (p<0,001) e Q12 (p<0,001) quando comparado antes e após treinamento de
primeiros socorros realizados.
Posteriormente ao treinamento de primeiros socorros os alunos sentem-se mais
confiantes para realizar os procedimentos de socorro e agir em situações de urgência
e emergência, socorrendo em especial familiares, amigos e desconhecidos de todas
as idades. Comparando antes e após o treinamento mostra melhoria importante, mas
precisa ter uma atenção especial para o treinamento usando inclusive materiais áudio-
visuais e outras ferramentas para garantir que as crianças possam reconhecer de
diferentes formas e saber responder as situações de emergência caso tenha essa
situação. (WILKS, 2016). Também melhora o impacto nos primeiros socorros
reduzindo 5,8% da mortalidade quando fornecidas essas técnicas. (TANNVIK et al.,
2012)
6 CONCLUSÃO
A principal razão pelos primeiros socorros não serem, muitas vezes, eficazes é
devido a inexperiência do socorrista e essa falta de conhecimento leva o individuo a
cometer erros piorando ainda mais a situação, seja em uma parada cardiorrespiratória,
convulsão ou desmaio. Por esse motivo o treinamento de primeiros socorros é de
extrema importância ainda mais no ambiente escolar, pois é um local propenso a
muitos acidentes. Através do conhecimento básico de primeiros socorros os alunos
agiriam com maior segurança diante a situação até a chegada do profissional da
saúde, evitando-se complicações futuras ou até mesmo salvando vidas.
Com base nos dados encontrados no presente estudo evidencia-se a melhora
nos conhecimentos de primeiros socorros quando comparado os questionários
previamente e posteriormente ao treinamento de primeiros socorros, evidenciando a
melhora nos conhecimentos de primeiros socorros dos participantes, todavia são
necessários mais estudos sobre o assunto.
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