tributÁrio ponto a ponto
TRANSCRIPT
1
TRIBUTÁRIO PONTO A PONTO
2
SUMÁRIO
1. TRIBUTO CONCEITOS E ESPÉCIES .................................................................................................... 3
2. LIMITAÇÃO AO PODER DE TRIBUTAR ............................................................................................ 20
3. COMPETÊNCIA E NORMA TRIBUTÁRIAS ........................................................................................ 42
4. OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA ............................................................................................................... 48
5. CRÉDITO TRIBUTÁRIO .................................................................................................................... 56
6. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA .................................................................................................. 66
7. SUSPENSÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO ......................................................................................... 74
8. EXTINÇÃO E EXCLUSÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO ....................................................................... 85
9. IMPOSTOS ESTADUAIS ................................................................................................................. 102
10. ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA E GARANTIAS DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO .................................. 111
3
TRIBUTÁRIO PONTO A PONTO
Revisado até 28.08.2021
1. TRIBUTO CONCEITOS E ESPÉCIES
Conceito de Tributo (art. 3º do CTN):
TRIBUTO É...
TODA PRESTAÇÃO
PECUNIÁRIA EM MOEDA OU
CUJO VALOR NELA POSSA SE
EXPRIMIR
É o objeto principal que, no direito tributário é em pecúnia (expressa
em moeda, dinheiro), como regra. O que isso quer dizer? Que não pode
haver quitação com pagamento in natura, por exemplo.
Não pode ser em algo que não seja economicamente apreciável ou que
não possa ser transformado em pecúnia.
Não há tributo in labore.
Isso é absoluto?
NÃO. O CTN permite a quitação de créditos tributários mediante a
entrega de outras utilidades que possam ser expressas em moedas,
desde que tais hipóteses estejam previstas no próprio texto do código
(art. 141 do CTN).
Dação em pagamento de bens imóveis:
O art. 156, XI, do CTN permite o pagamento de tributo mediante
entrega de bens imóveis, hipótese plenamente compatível com o art.
3º do CTN.
COMPULSÓRIA
O tributo é receita derivada, porque é auferida por meio do poder de
império estatal.
O tributo deriva do patrimônio do contribuinte.
Risco de Pegadinha: As bancas costumam dizer que os tributos são
receitas originárias. Todavia, as receitas originárias originam-se do
patrimônio do Estado.
Exemplo: aluguel de imóvel de propriedade municipal para particular.
Tributo é diferente de multa.
4
QUE NÃO CONSTITUA
SANÇÃO DE ATO ILÍCITO
Tributo não pode ser punição.
O fato gerador é previsto sempre em lei.
Se ocorre o fato gerador, o tributo é devido.
Sendo assim, sua cobrança pode derivar de uma causa ilícita (“pecunia
non olet”).
Em que consiste a “pecúnia non olet”?
Como visto acima, embora o fato gerador não possa ser um ilícito
(mesmo porque matar, roubar, sonegar, não constituem hipótese de
incidência), se seus efeitos ou objeto corresponderem a fatos
geradores, serão tributados.
CRIADA POR LEI Criado por lei ou por Medida Provisória.
COBRADA MEDIANTE
ATIVIDADE ADMINISTRATIVA
PLENAMENTE VINCULADA
A atividade de imposição de tributos é vinculada, não havendo espaço
para a discricionariedade administrativa.
Como caiu em prova:
PGE-MS (BANCA PRÓPRIA), 2014: O Código Tributário Nacional dispõe que tributo é toda prestação
pecuniária, compulsória e que não constitua sanção de ato ilícito. Todavia, esse conceito legal não exclui a
aplicação da cláusula pecunia non olet ao direito tributário, que é sustentada pelo princípio da isonomia
tributária. Dessa forma, se o contribuinte praticar atividades ilícitas com consistência econômica, deverá pagar
o tributo sobre o lucro obtido para não ser agraciado com tratamento desigual frente àqueles que sofrem a
incidência tributária sobre os ganhos provenientes do trabalho honesto ou da propriedade legítima.
Certo.
CESPE/CEBRASPE, PGE-PE, 2018: Considerando-se o que dispõe o CTN, é correto afirmar que, como regra
geral, os tributos podem incidir sobre bens e rendimentos decorrentes de atos ilícitos, embora não possam
ser utilizados como sanção.
Certo.
CESPE/CEBRASPE, PGE-PE, 2018: Considerando-se o que dispõe o CTN, é correto afirmar que, como regra
geral, os tributos são compulsórios, podendo a sua obrigatoriedade advir da lei ou do contrato.
Errado.
CESPE/CEBRASPE, PGE-PE, 2018: Considerando-se o que dispõe o CTN, é correto afirmar que, como regra
geral, os tributos podem ser pagos em pecúnia, in natura ou in labore.
Errado.
5
CESPE/CEBRASPE, PGE-PE, 2018: Considerando-se o que dispõe o CTN, é correto afirmar que, como regra
geral, os tributos são cobrados mediante atividade administrativa, a qual pode ser vinculada ou discricionária.
Errado.
É possível novas hipóteses de extinção do crédito tributário por lei ordinária local?
SIM. O STF, no recente julgamento da ADI 2.405-MC, afirmou ser possível a criação de novas hipóteses de
extinção do crédito tributário na via de lei ordinária local. Fundamentos do julgado:
O pacto federativo, que permite ao ente estipular a possibilidade de receber algo de seu interesse
para quitar o crédito de que é titular;
A diretriz interpretativa segundo a qual “quem pode o mais pode o menos”.
Assim, partindo dessa ideia, e considerando também que as modalidades de extinção do crédito tributário
estabelecidas pelo CTN (art. 156) NÃO formam um rol exaustivo, o STF firmou a possibilidade de previsão em
lei estadual de outra espécie de extinção do crédito tributário, não havendo reserva de lei complementar.
(...) a Constituição Federal não reservou à lei complementar o tratamento das modalidades de extinção e
suspensão dos créditos tributários, a exceção da prescrição e decadência, previstos no art. 146, III, b, da CF.
(...) A partir dessa ideia, e considerando também que as modalidades de extinção de crédito tributário,
estabelecidas pelo CTN (art. 156), não formam um rol exaustivo, tem-se a possibilidade de previsão em lei
estadual de extinção do credito por dação em pagamento de bens moveis. (STF, ADI 2.405, voto do rel. min.
Alexandre de Moraes, j. 20.9.2019, P, DJE de 3.10.2019.)
IMPORTANTE! Já houve posicionamento do STF (ADI 1.917 DF) que suspendeu a eficácia de lei ordinária que
autorizava a dação em pagamento de bens móveis. No entanto, no próprio julgamento da ADI 2405 RS o Min.
Rel. Alexandre de Moraes fez um “distinguishing” em relação à ADI 1.917 DF. Nesta ação, o STF entendeu que
a dação em pagamento de bens móveis acabaria por desrespeitar o procedimento licitatório e as regras para
aquisição de bens pela Administração Pública pelas especificidades do caso apresentado. Isso porque a lei
distrital impugnada tratava sobre pagamento de débitos das microempresas, das empresas de médio e
pequeno porte, mediante dação em pagamento em materiais destinados a atender programas do Governo
do Distrito Federal. Quer dizer, não se trata de uma disciplina da dação em pagamento no âmbito de uma
dada unidade federada, mas de uma lei com forte caráter casuístico.
Portanto, não há incongruência entre o entendimento lançado na ADI 2405 RS com o firmado no julgamento
definitivo da ADI 1.917 DF.
6
Resumindo as informações:
a) O rol de causas de extinção do crédito do CTN é NÃO exaustivo;
b) Os entes federados podem sim criar por lei local novas hipóteses extintivas do crédito tributário;
c) Assim, é válida previsão em lei estadual de extinção do credito por dação em pagamento de bens moveis;
d) A Constituição Federal não reservou à lei complementar o tratamento das modalidades de extinção e
suspensão dos créditos tributários
Teoria da Tripartição e da Pentapartição:
• Teoria da Tripartição: Corrente tradicional. É a corrente legalista, pois a tripartição é extraída do CTN, que
previu, em seu artigo 5º, três tributos expressamente: imposto, taxa e contribuição de melhoria.
• Teoria da Pentapartição: Visão mais moderna do Direito Tributário. É a corrente jurisprudencial adotada
pelo STF, que reconhece a existência de cinco tributos. São eles: imposto, taxa, contribuição de melhoria,
empréstimo compulsório e contribuições.
TRIPARTIÇÃO PENTAPARTIÇÃO
IMPOSTOS IMPOSTOS
TAXAS TAXAS
CONTRIBUIÇÕES DE MELHORIA CONTRIBUIÇÕES DE MELHORIA
EMPRÉSTIMOS COMPULSÓRIOS
CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS
O artigo 4º do CTN diz que a denominação e a destinação legal não qualificam o tributo. Todavia, há
contribuição que apenas se diferencia do imposto por causa da denominação legal. Ademais, o empréstimo
compulsório se diferencia das demais espécies tributárias pelo destino da arrecadação. Assim, a doutrina
defende que o art. 4º do CTN não foi recepcionado pela CF no tocante às contribuições especiais e aos
empréstimos compulsórios.
Como caiu em prova:
CESPE/CEBRASPE, PGM FORTALEZA, 2017: A identificação do fato gerador é elemento suficiente para a
classificação do tributo nas espécies tributárias existentes no ordenamento jurídico: impostos, taxas,
contribuições de melhoria, contribuições e empréstimos compulsórios.
Errado.
7
O FGTS não é tributo.
Súmula n. 353 do STJ: As disposições do Código Tributário Nacional não se aplicam às contribuições para o
FGTS.
Se existir simultaneamente vários débitos vencidos do mesmo sujeito para com a mesma pessoa de direito
público, a ordem de quitação é pelo caráter contraprestacional do tributo: contribuição de melhoria, taxas e
impostos (art. 163, II, do CTN).
Classificação doutrinária dos tributos:
Quanto à discriminação das rendas Federais, estaduais ou municipais.
Quanto ao exercício da competência impositiva Privativos: aqueles em que a CF destina competência
exclusiva a um ente político para instituição de tributo.
Comuns: a CF defere competência para instituição de
um tributo de forma indiscriminada a todos os entes
políticos.
Residuais: competência atribuída à União para criar
novos impostos e novas contribuições sociais para a
seguridade social.
Quanto à finalidade Fiscal: visa precipuamente a arrecadar, carrear
recursos para os cofres públicos (ICMS, ISS, por
exemplo).
Extrafiscal: objetiva fundamentalmente intervir numa
situação social ou econômica (II, IE, por exemplo).
Para fiscal: quando a lei nomeia sujeito ativo diverso da
pessoa que a expediu, atribuindo-lhe a disponibilidade
dos recursos para o implemento de seus objetivos.
Quanto à hipótese de incidência
Vinculados (retributivos): os tributos cujo fato gerador
decorrem de uma atividade estatal (exemplo taxa).
Não vinculados (contributivos): os tributos cujo fato
gerador não tenha como necessidade que o estado
desempenhe qualquer atividade específica voltada
8
para o sujeito passivo para legitimar a cobrança (ex.:
impostos).
Quando ao destino da arrecadação:
Tributos de arrecadação vinculada: aqueles em que a
receita obtida deve ser destinada exclusivamente a
determinadas atividades (ex.: CSLL).
Tributos de arrecadação não vinculada: o Estado tem
liberdade para aplicar suas receitas em qualquer
despesa autorizada no orçamento (ex.: impostos).
IMPORTANTE! As taxas e contribuições de melhoria
são tributos de arrecadação NÃO vinculada, salvo as
custas e emolumentos.
Quando à possibilidade de repercussão do
encargo econômico-financeiro:
Diretos: são os tributos que NÃO permitem translação
do seu encargo econômico-financeiro (Ex.: IR).
Indireto: os tributos que, em virtude de sua
configuração jurídica, permite translação do seu
encargo econômico-financeiro para uma pessoa
diferente daquela definida em lei como sujeito passivo
(ex.: ICMS).
Quando aos aspectos objetivos e subjetivos da
hipótese de incidência:
Reais: os tributos que, em sua incidência, não levam
em consideração aspectos pessoais, subjetivos. Eles
incidem objetivamente sobre coisas. Ex.: IPVA.
Pessoais: os tributos que incidem de forma subjetiva,
considerando os aspectos pessoais do contribuinte.
Ex.: IR.
Em relação à vinculação do fato gerador a prestações estatais
VINCULADO NÃO VINCULADO
Taxas;
Contribuições de melhoria;
Contribuições previdenciárias.
Impostos.
Como caiu em prova:
9
CESPE/CEBRASPE, PGE-PE, 2018: Considerando-se o que dispõe o CTN, é correto afirmar que, como regra
geral, os tributos têm por fato gerador uma situação jurídica abstrata, não sendo possível vincular um tributo
a qualquer atividade estatal específica.
Errado.
Impostos: Os impostos são tributos NÃO VINCULADOS e de ARRECADAÇÃO NÃO VINCULADA. Sua receita
presta-se ao financiamento de SERVIÇOS UNIVERSAIS, ou seja, atividades gerais do Estado. Imposto é tributo
cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal específica. O
fato gerador do imposto é relativo à vida do contribuinte, à sua atividade ou ao seu patrimônio.
A CF atribui competência aos entes federativos para instituição dos impostos. Todavia, a CF não cria imposto
algum.
UNIÃO ESTADOS MUNICÍPIOS
II - Imposto de Importação
IE – Imposto de Exportação
IR – Imposto de Renda
IPI – Imposto sobre Produtos
Industrializados
IOF - Imposto sobre operações
financeiras
ITR – Imposto Territorial Rural
IGF – Imposto sobre Grandes Fortunas
ITCMD - Imposto por
Transmissão por Causa Mortis
e Doação
ICMS – Imposto sobre
Circulação de Mercadorias e
Serviços interestadual,
intermunicipal e de
comunicação
IPVA – Imposto sobre
Propriedade de Veículo
Automotor
ISS – Imposto sobre Serviços
de Qualquer Natureza
ITBI – Imposto sobre
Transmissão de Bens
Imóveis
IPTU – Imposto Predial
Territorial Urbano
A União detém a COMPETÊNCIA
TRIBUTÁRIA RESIDUAL. Ela pode criar
novos impostos, desde que:
não-cumulativos;
não tenham fato gerador ou base de
cálculo próprios dos impostos
discriminados na CF.
10
Para isso, é necessário lei
complementar.
A União detém COMPETÊNCIA
EXTRAORDINÁRIA (IEG) para instituir
impostos extraordinários de iminência
ou de guerra externa.
O IEG pode ter fato gerador próprio de
tributos de competência das demais
pessoas políticas.
A cessação do imposto extraordinário é
GRADATIVA.
Nesse, NÃO é necessário lei
complementar.
Risco de Pegadinha: As bancas trocam
qual hipótese -exige lei complementar.
Portanto, decore que a competência
extraordinária demanda lei ordinária (ou
seja, não complementar).
Bitributação é o mesmo que bis in idem?
NÃO. No direito tributário de feição interna, a bitributação consiste na dupla tributação sobre o mesmo fato
gerador, imposta por duas pessoas jurídicas de direito público distintas. Já o bis in idem, se dá quando sobre
o mesmo fato gerador há dupla incidência, imposta pela mesma pessoa de direito público. Não há proibição
genérica no ordenamento pátrio, quanto ao bis in idem, mas devem ser observadas as restrições do art. 154,
I e 195, §4º, da CF (fatos geradores e bases de cálculo diferentes das já existentes no caso da competência
residual).
A União nunca criou o IGF. Logo, em tese, poderia sofrer a sanção do parágrafo único do art. 11 da Lei de
Responsabilidade Fiscal. Veja:
11
Art. 11. Constituem requisitos essenciais da responsabilidade na gestão fiscal a instituição, previsão e efetiva
arrecadação de todos os tributos da competência constitucional do ente da Federação.
Parágrafo único. É vedada a realização de transferências voluntárias para o ente que não observe o disposto
no caput, no que se refere aos impostos.
A CF exige lei complementar nacional para definir: fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes dos
impostos. Todavia, para criação do imposto, NÃO É NECESSÁRIO LEI COMPLEMENTAR.
Quando a União deixa de criar norma geral, os Estados podem exercer sua competência legislativa plena. Tal
entendimento é do STF e referiu-se ao IPVA (RE 191.703).
Imposto e a capacidade contributiva:
O princípio da capacidade contributiva determina que “sempre que for possível, os impostos terão caráter
pessoal, facultado à administração tributária identificar o patrimônio, os rendimentos e as atividades
econômicas do contribuinte”.
Vale ressaltar que a expressão "sempre que possível", acima utilizada, não se aplica para a segunda parte do
parágrafo ("capacidade contributiva"). As conclusões são as seguintes:
Os impostos terão caráter pessoal (sempre que possível);
Os impostos serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte (sempre).
IMPORTANTE! O STF decidiu que todos os impostos, independentemente de sua classificação como de caráter
real ou pessoal, podem e devem guardar relação com a capacidade contributiva do sujeito passivo (RE
562045/RS).
Obs.: O princípio da capacidade contributiva também pode ser aplicado às taxas.
Taxas: Todos os entes federativos podem instituir taxas. Sua instituição está vinculada ao campo de atuação
do ente federativo (competências legislativas e materiais). Taxas são um tributo contraprestacional,
retributivo, com referibilidade, pois sua cobrança depende de um fato do Estado.
Isso não quer dizer, contudo, que sua arrecadação seja vinculada. A taxa trata-se de um tributo de arrecadação
NÃO vinculada, em outros termos, a utilização do produto de sua arrecadação é discricionária para o Poder
Executivo
12
TAXAS
TAXA DE POLÍCIA TAXA DE SERVIÇOS
Exercício regular do poder de polícia. Utilização, efetiva ou potencial, de serviço
público específico e divisível.
Conceito do Poder de Polícia:
Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da
administração pública que, limitando ou disciplinando
direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou
abstenção de fato, em razão de interesse público
concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos
costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao
exercício de atividades econômicas dependentes de
concessão ou autorização do Poder Público, à
tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos
direitos individuais ou coletivos.
ESPECÍFICOS: ocorre quando destacados em
unidades autônomas de intervenção, de
utilidade ou de necessidades públicas. O
contribuinte vê o Estado e sabe por qual serviço
está pagando.
DIVISÍVEIS: ocorre quando suscetíveis de
utilização, separadamente, por cada um dos seus
usuários. O Estado vê o contribuinte e consegue
identificar quem é o usuário.
IMPORTANTE! A possibilidade de cobrança de taxa por
atividade estatal potencial ou efetiva refere-se apenas as
TAXAS DE SERVIÇO, de forma que só se pode cobrar taxa
de polícia pelo efetivo exercício desse poder.
Em resumo, o Poder de Polícia não pode ser potencial.
UTILIZAÇÃO EFETIVA: ocorre quando há fruição
de qualquer natureza.
UTILIZAÇÃO POTENCIAL: ocorre quando a lei
determina que o serviço é de utilização
compulsória. Nesse caso, o serviço tem que ser
posto à disposição do contribuinte mediante
atividade administrativa em efetivo
funcionamento. Para cobrança da taxa,
entretanto, não é necessário que haja fruição.
Admite-se a presunção de exercício do Poder de Polícia.
Segundo o STF presume-se o exercício do poder de
polícia quando existente
- o órgão fiscalizador,
- mesmo que este não comprove haver realizado
fiscalizações individualizadas no estabelecimento de
cada contribuinte (RE 416.601).
13
Súmula Vinculante n. 12: A cobrança de taxa de matrícula nas universidades públicas viola o disposto no art.
206, IV, da Constituição Federal.
Observações sobre a Súmula Vinculante n. 12
1. A garantia constitucional da gratuidade de ensino não obsta a cobrança por universidades públicas de
mensalidade em cursos de especialização. Precedente: RE 597.854
2. É possível a cobrança de taxa de matrícula em curso de língua estrangeira. Precedente: Rcl 8.596
As taxas NÃO:
1. Poderão ter base de cálculo própria de impostos (art. 145, § 2º, da CF).
2. Podem ter fato gerador idêntico aos dos impostos (art.77, parágrafo único, CTN).
Súmula n. 595 do STF: É inconstitucional a taxa municipal de conservação de estradas de rodagem cuja base
de cálculo seja idêntica à do imposto territorial rural.
Súmula Vinculante n. 29: É constitucional a adoção, no cálculo do valor de taxa, de um ou mais elementos da
base de cálculo própria de determinado imposto, desde que não haja integral identidade entre uma base e
outra.
Observações sobre a Súmula Vinculante n. 29
1. Ilegitimidade de taxa cobrada em razão de número de empregados. Precedente: RE 554.951.
É possível a cobrança de taxa de coleta, remoção e tratamento ou destinação de lixo ou resíduos provenientes
de imóveis calculada sobre a metragem do imóvel, não havendo ofensa ao princípio que veda a instituição de
taxa com base de cálculo própria de imposto.
14
Súmula Vinculante n. 19: A taxa cobrada exclusivamente em razão dos serviços públicos de coleta, remoção
e tratamento ou destinação de lixo ou resíduos provenientes de imóveis não viola o artigo 145, II, da
Constituição Federal.
Observações sobre a Súmula Vinculante n. 19
1. A taxa cobrada em razão dos serviços de conservação e limpeza de logradouros e bens públicos ofende o art.
145, II, da Constituição Federal. Precedente: RE 576.321 QO-RG.
2. Súmula Vinculante n. 29 do STF: É constitucional a adoção, no cálculo do valor de taxa, de um ou mais
elementos da base de cálculo própria de determinado imposto, desde que não haja integral identidade entre
uma base e outra.
3. O Supremo Tribunal Federal firmou o entendimento no sentido da constitucionalidade da utilização da área
do imóvel como base de cálculo da taxa de coleta de lixo domiciliar. Precedente: RE 1.165.562.
Risco de pegadinha: O art. 150, VI, da CF (imunidade recíproca) NÃO autoriza imunidade para taxas. A
imunidade recíproca é somente para IMPOSTOS.
Não viola a legalidade tributária a lei que, prescrevendo o teto, possibilita o ato normativo infralegal fixar o
valor de taxa em proporção razoável com as custas da atuação estatal, valor esse que não pode ser atualizado
por ato do próprio conselho de fiscalização em percentual superior aos índices de correção monetária
legalmente previstos.
Ofende a CF a taxa judiciária calculada sem limite sobre o valor da causa.
A taxa não pode ter função extrafiscal (STF RE 114.069).
A taxa não pode ter base de cálculo ou fato gerador idênticos aos que correspondam a imposto nem ser
calculada em função do capital das empresas. (Art. 77, parágrafo único, do CTN).
Taxa x Preço Público:
TAXA PREÇO PÚBLICO (TARIFA)
Regime Jurídico de Direito Público. Regime Jurídico de Direito Privado.
O vínculo obrigacional é de natureza tributária, não
admitindo rescisão.
O vínculo obrigacional é de natureza contratual,
admitindo rescisão.
O sujeito ativo é uma pessoa jurídica de direito
público.
O sujeito ativo pode ser uma pessoa jurídica de
direito público ou de direito privado.
15
O vínculo nasce independentemente de manifestação
de vontade.
Necessidade de manifestação de vontade.
Cobrada em virtude de utilização efetiva ou potencial
do serviço público.
Só cobrada em virtude de utilização efetiva do
serviço público.
A receita arrecadada é derivada. A receita arrecadada é originária.
Sujeita-se aos princípios tributários (legalidade,
anterioridade, noventena).
Não se sujeita a tais princípios.
Súmula n. 545 do STF: Preços de serviços públicos e taxas não se confundem, porque estas, diferentemente
daqueles, são compulsórias e tem sua cobrança condicionada a prévia autorização orçamentária, em relação
a lei que as instituiu.
Observação: A parte riscada é o princípio da anualidade tributária, que não vigora no Brasil.
Obs.: Após a EC 39, passou a ser possível ao Município e ao DF instituir a contribuição de iluminação pública.
A instituição de taxa de iluminação pública continua sendo ilegítima.
Súmula Vinculante n. 41: O serviço de iluminação pública não pode ser remunerado mediante taxa.
É inconstitucional a criação de taxa de combate a incêndios. A atividade desenvolvida pelo Estado no âmbito
da segurança pública é mantida ante impostos, sendo imprópria a substituição, para tal fim, de taxa.
Precedente: ADI 4411, julgado em 18.08.2020 (Info 992).
Contribuição de melhoria: A contribuição de melhoria é tributo vinculado, pois depende da valorização
imobiliária decorrente de obra pública. Essa contribuição é instituída para fazer face aos custos de obras
públicas das quais decorram valorização imobiliária.
Decorre da obra pública?
NÃO. A contribuição de melhoria é exigida em virtude da VALORIZAÇÃO de imóvel decorrente de OBRAS
PÚBLICAS, e não em decorrência de obra pública. Isso é diferente de dizer que a contribuição de melhoria é
instituída para arrecadar recursos para fazer a obra.
Logo, faz-se a obra, valoriza-se o imóvel e, após isso, a contribuição de melhoria é cobrada.
A realização de nova pavimentação de rua pode gerar a cobrança de contribuição de melhoria. Todavia, o
recapeamento de via já asfaltada não pode (STF) gerar a cobrança de contribuição de melhoria, vez que é
mero serviço de manutenção e conservação.
16
Obs.: A valorização presumida do imóvel não é o fato gerador da contribuição de melhoria mas, tão somente,
o critério de quantificação do tributo, que pode ser elidido por prova em sentido contrário (AgRg no REsp
613.244/RS).
A quem cabe o ônus de provar a existência de valorização da obra?
PODER PÚBLICO. Segundo entendimento do STJ é imprescindível para a instituição da contribuição de
melhoria lei prévia e específica; e valorização imobiliária decorrente da obra pública, sendo da administração
pública o ônus da referida prova. (AgRg no AREsp 539.760/PR)
Limitação à base de cálculo da contribuição de melhoria:
1. O limite global da cobrança da contribuição de melhoria é o que o Estado gastou com a obra (custo
da obra).
2. O limite individual da cobrança da contribuição de melhoria é o acréscimo de valor gerado para cada
imóvel beneficiado (montante de valorização).
IMPORTANTE! Esses limites não estão na Constituição. Estão na legislação infraconstitucional, mais
especificamente no art. 81, do CTN e no art. 4.º, do DL 195/67 (que disciplina a cobrança de contribuição de
melhoria).
Empréstimo Compulsório: Os empréstimos compulsórios são instituídos pela União por meio de lei
complementar. É tributo de arrecadação vinculada, pois o que for arrecadado tem que ser utilizado com as
despesas que fundamentaram sua instituição.
1. Leis ordinárias e MP não podem instituir empréstimos compulsórios.
2. A devolução do empréstimo compulsório tem que ser na mesma espécie.
Como caiu em prova:
CESPE/CEBRAPSE, PGM-BH, 2017 (Adaptada): A União pode instituir empréstimos compulsórios para atender
a despesas extraordinárias decorrentes de calamidade pública, desde que o faça mediante lei complementar.
Certo.
Risco de Pegadinha:
O fato gerador do empréstimo compulsório pode ser qualquer um. O fato gerador do empréstimo compulsório
não é a calamidade pública, a guerra, etc. Esses são os pressupostos necessários à instituição.
17
Súmula n. 553 do STJ: Nos casos de empréstimo compulsório sobre o consumo de energia elétrica, é
competente a Justiça estadual para o julgamento de demanda proposta exclusivamente contra a Eletrobrás.
Requerida a intervenção da União no feito após a prolação de sentença pelo juízo estadual, os autos devem
ser remetidos ao Tribunal Regional Federal competente para o julgamento da apelação se deferida a
intervenção.
Contribuições: É um grupo bastante heterogêneo, que engloba:
Contribuições sociais (seguridade social, outras contribuições sociais e contribuições sociais gerais).
CIDE.
Contribuições Corporativas ou Profissionais (Ex: contribuição-anuidade cobrada pelas autarquias
fiscalizadoras das profissões regulamentadas).
Contribuição para custeio de serviço de iluminação pública (COSIP).
Súmula Vinculante n. 41: O serviço de iluminação pública não pode ser remunerado mediante taxa.
Observações sobre a Súmula Vinculante n. 41
1. Conversão da seguinte súmula: Súmula 670 do STF: O serviço de iluminação pública não pode ser
remunerado mediante taxa.
2. Para isso, foi criada a COSIP.
3. É constitucional a aplicação dos recursos arrecadados por meio de contribuição para o custeio da
iluminação pública na expansão e aprimoramento da rede. Precedente: RE 666404, julgado em 18/08/2020.
Outros pontos importantes:
Súmula Vinculante n. 40: A contribuição confederativa de que trata o art. 8º, IV, da Constituição Federal, só é
exigível dos filiados ao sindicato respectivo.
Observações sobre a Súmula Vinculante n. 40
1. Lembrar que essa contribuição confederativa deixou de ser compulsória com a Reforma Trabalhista. Agora,
é necessária autorização prévia e expressa dos filiados. O STF entendeu que a Reforma Trabalhista neste
ponto é constitucional. Precedente: ADI 5794.
18
Súmula n. 595 do STF: É inconstitucional a taxa municipal de conservação de estradas de rodagem cuja base
de cálculo seja idêntica a do imposto territorial rural.
Súmula n. 665 do STF: É constitucional a taxa de fiscalização dos mercados de títulos e valores mobiliários
instituída pela Lei 7.940/1989.
Súmula 667 do STF: Viola a garantia constitucional de acesso à jurisdição a taxa judiciária calculada sem limite
sobre o valor da causa.
De olho na jurisprudência:
É inconstitucional lei estadual que cria taxa de fiscalização da exploração de recursos hídricos na qual o valor
cobrado é muito superior em relação ao custo da atividade estatal relacionada. Precedente: ADI 6211/AP -
Info 962.
É inconstitucional a criação de taxa de combate a incêndios. A atividade desenvolvida pelo Estado no âmbito
da segurança pública é mantida ante impostos, sendo imprópria a substituição, para tal fim, de taxa.
Precedente: ADI 4411 - Info 992.
É inconstitucional taxa de combate a sinistros instituída por lei municipal. A prevenção e o combate a
incêndios são atividades desenvolvidas pelo Corpo de Bombeiros, sendo consideradas atividades de segurança
pública, nos termos do art. 144, V e § 5º da CF/88. Precedente: Info 871 do STF.
As taxas municipais de fiscalização e funcionamento não podem ter como base de cálculo o número de
empregados ou ramo de atividade exercida pelo contribuinte. Precedente: Info 870 do STF.
A taxa de fiscalização e funcionamento pode ter como base de cálculo a área de fiscalização, na medida em
que traduz o custo da atividade estatal de fiscalização. Precedente: RE 856185.
Não viola a legalidade tributária a lei que, prescrevendo o teto, possibilita o ato normativo infralegal fixar o
valor de taxa em proporção razoável com os custos da atuação estatal, valor esse que não pode ser
atualizado por ato do próprio conselho de fiscalização em percentual superior aos índices de correção
monetária legalmente previstos. Precedente: Info 842 e 844 do STF.
Na desapropriação indireta, quando há valorização geral e ordinária da área remanescente ao bem esbulhado
em decorrência de obra ou serviço público, não é possível o abatimento no valor da indenização devida ao
antigo proprietário. Cabe ao Poder Público, em tese, a utilização da contribuição de melhoria como
instrumento legal capaz de fazer face ao custo da obra, devida proporcionalmente pelos proprietários de
imóveis beneficiados com a valorização do bem. Precedente: Info 507 do STJ.
19
In casu, a cobrança da contribuição de melhoria estabelecida em virtude da pavimentação asfáltica de via
pública considerou apenas o valor total da obra sem atentar para a valorização imobiliária. É uníssono o
entendimento jurisprudencial neste Superior Tribunal de que a base de cálculo da contribuição de melhoria
é a efetiva valorização imobiliária, a qual é aferida mediante a diferença entre o valor do imóvel antes do
início da obra e após a sua conclusão, sendo inadmissível a sua cobrança com base somente no custo da
obra pública realizada. Precedente: Info 454 do STJ.
É inconstitucional portaria de TJ que institui taxa para desarquivamento de autos de processo. As taxas
devem obedecer ao princípio da legalidade tributária. Precedente: AI no RMS 31.170.
É constitucional a lei que extinguiu a contribuição sindical obrigatória. Do ponto de vista formal, O STF
entendeu que não era necessária a edição de lei complementar para tratar sobre matéria relativa a
contribuições, porque não são normas gerais de direito tributário. Além disso, não há necessidade de lei
específica. Do ponto de vista material, a liberdade sindical impões a facultatividade de contribuições.
Precedente: Info 908 do STF.
20
2. LIMITAÇÃO AO PODER DE TRIBUTAR
PRINCÍPIOS
TRIBUTÁRIOS
COMENTÁRIOS
LEGALIDADE
O tributo só pode ser criado por lei, seja ordinária (casos em que pode haver a
utilização de Medida Provisória) ou complementar (somente no caso de
Empréstimos Compulsórios, do Imposto sobre Grandes Fortunas – IGF e dos
Impostos ou Contribuições Residuais).
A CF diz ser necessário lei para exigir ou aumentar. O paralelismo das formas,
então, exige lei para extinguir ou reduzir os tributos. Veja:
CF, Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é
vedado à União, aos Estados, aos Municípios e ao Distrito Federal:
I – exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça.
CTN:
Art. 97. (...)
I – A instituição de tributos ou a sua extinção.
II - a majoração de tributos, ou sua redução, ressalvado o disposto nos artigos 21,
26, 39, 57 e 65.
E em relação às multas?
A multa tributária (não é elemento do tributo), por gerar uma obrigação a ser
adimplida pelo infrator, somente pode ser estatuída por lei.
EXCEÇÕES PARA MAJORAÇÃO DE ALÍQUOTAS:
II, IE, IOF, IPI, que têm alíquotas fixadas por decreto, dentro dos limites fixados em
lei (são impostos extrafiscais).
CIDE-combustíveis, cujas alíquotas o Poder Executivo pode reduzir e restabelecer.
ICMS monofásico sobre combustíveis, cujas alíquotas são fixadas por convênio
celebrado entre Estados/DF – CONFAZ.
Como caiu em prova:
21
CESPE/CEBRASPE, PGM FORTALEZA, 2017: A alteração de alíquotas do imposto de
exportação não se submete à reserva constitucional de lei tributária, tornando-se
admissível a atribuição dessa prerrogativa a órgão integrante do Poder Executivo.
Certo.
É constitucional a flexibilização da legalidade tributária constante do § 2º do art. 27
da Lei nº 10.865/2004, no que permitiu ao Poder Executivo, prevendo as condições
e fixando os tetos, reduzir e restabelecer as alíquotas da contribuição ao Programa
de Integração Social (PIS) e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade
Social (Cofins) incidentes sobre as receitas financeiras auferidas por pessoas
jurídicas sujeitas ao regime não cumulativo, estando presente o desenvolvimento
de função extrafiscal (STF. Plenário. RE 1043313/RS, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado
em 10.12.2020 - Repercussão Geral – Tema 939).
NÃO SE SUJEITAM AO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE:
O STF entende que o art. 97 do CTN foi recepcionado pela Constituição Federal de
1988 e, interpretando o dispositivo a contrario sensu, conclui que as matérias ali não
constantes não estão abrangidas pelo princípio da legalidade.
Correção monetária da base de cálculo.
Súmula n. 160 do STJ: É defeso, ao Município, atualizar o IPTU, mediante decreto,
em percentual superior ao índice oficial de correção monetária.
CESPE/CEBRASPE, PG-DF, 2013: Decreto distrital X estipulou alíquota de IPTU em
0,3% para imóveis edificados com fins exclusivamente residenciais. Posteriormente,
em razão da valorização do mercado imobiliário, foi editado o decreto distrital Y,
que majorou o valor venal dos imóveis e alterou a alíquota de IPTU para 0,5%.
Com base nessa situação hipotética, julgue os itens seguintes.
Se a alteração da base de cálculo do IPTU em apreço decorresse de simples
atualização monetária do valor venal do imóvel, não haveria infringência ao
princípio da reserva legal.
Certo.
Obrigações acessórias.
22
Prazo para pagamento de tributos: O STF entende que a definição do vencimento
das obrigações tributárias (data do pagamento) não está no campo reservado à lei,
podendo ser alvo de decreto do Poder Executivo
TRIBUTOS QUE EXIGEM LEI COMPLEMENTAR:
Imposto sobre Grandes Fortunas.
Empréstimo Compulsório.
Impostos e Contribuições residuais.
DECORE: Quem tem GRANDE FORTUNA não pede EMPRÉSTIMO e não paga
IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES RESIDUAIS.
ISONOMIA
Base do princípio: a lei tributária não pode instituir tratamento desigual ou
discriminatório entre contribuintes que estejam na mesma situação.
A ocupação profissional ou função exercida pelo contribuinte não pode ser de
parâmetro para diferenciações.
É considerado constitucional pelo STF a possibilidade de cobrança de contribuição
previdenciária dos servidores inativos e dos pensionistas (ADI 3.105)
O princípio da capacidade contributiva é desdobramento da isonomia:
Art. 145, §1º, da CF: “Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e
serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte (...)”.
Como caiu em prova:
CESPE/CEBRASPE, PGE-PE, 2018 (Adaptada): A técnica de tributação que observa o
princípio da capacidade contributiva consiste em fixar alíquotas percentualmente
menores para os contribuintes que tenham menor patrimônio pessoal.
Certo.
CESPE/CEBRASPE, PGM-FORTALEZA, 2017: O princípio da isonomia pressupõe a
comparação entre sujeitos, o que, em matéria tributária, é efetivado pelo princípio
da capacidade contributiva em seu aspecto subjetivo.
Certo.
23
Jurisprudência do STF é pela possibilidade de a lei aplicar a técnica da
progressividade tanto para os impostos pessoais quanto para os reais (caso do
ITCMD).
A interpretação da progressividade tem maior afinidade com tributos cuja
característica é pessoal. Todavia, a CF e o STF têm entendimentos que, em casos
excepcionais, haverá progressividade em impostos REAIS. São eles:
ITR: manutenção de propriedades improdutivas;
IPTU: Função social da propriedade;
ITCMD: STF 562.045/RS
Como caiu em prova:
CESPE/CEBRASPE, PGM FORTALEZA/CE, 2017: O princípio da progressividade exige
a graduação positiva do ônus tributário em relação à capacidade contributiva do
sujeito passivo, não se aplicando, todavia, aos impostos reais, uma vez que, em se
tratando desses tributos, é impossível a aferição dos elementos pessoais do
contribuinte.
Errado.
A isonomia deve ser vista também em seu aspecto material. Daí, temos as
seguintes possibilidades:
1.É possível a concessão, por meio de lei complementar, de tratamento jurídico
diferenciado às microempresas e às empresas de pequeno porte, assim definidas
em lei, visando a incentivá-las pela simplificação de suas obrigações administrativas,
tributárias, previdenciárias e creditícias, ou pela eliminação ou redução destas por
meio de lei (art. 146, III, “d” da CF).
2.As contribuições sociais previstas no inciso I do caput do art. 195 poderão ter
alíquotas ou bases de cálculo diferenciadas, em razão da atividade econômica, da
utilização intensiva de mão-de-obra, do porte da empresa ou da condição estrutural
do mercado de trabalho.
3.É admitida a concessão de incentivos fiscais para promover o equilíbrio do
desenvolvimento socioeconômico entre as diferentes regiões do País (art. 151, I).
Princípio da isonomia e a pecunia non olet:
24
A tributação dos efeitos ou objeto de um fato ilícito decorre do princípio da
isonomia tributária.
Como caiu em prova:
CESPE/CEBRASPE, AGU, 2015: O princípio da isonomia tributária impõe que o
tributo incida sobre as atividades lícitas e, igualmente, sobre as atividades ilícitas,
de modo a se consagrar a regra da interpretação objetiva do fato gerador. Dessa
forma, é legítima a cobrança de IPTU sobre imóvel construído irregularmente, em
área non aedificandi, não significando tal cobrança de tributo concordância do
poder público com a ocupação irregular.
Certo.
LIBERDADE DE
TRÁFEGO
O trânsito de pessoas e mercadorias não pode ser restringido por meio da
imposição de tributos, ressalvada a cobrança de pedágio.
Exceções:
a) ICMS interestadual (exceção feita pela própria CF).
b) Pedágio: A ressalva feita ao pedágio parece indicar que o pedágio se afigura como
tributo.
Todavia, o STF entendeu que o pedágio cobrado pela efetiva utilização de rodovias
NÃO tem natureza tributária, mas de preço público, consequentemente, não está
sujeito ao princípio da legalidade estrita. ADI 800/RS, Rel. Min. Teori Zavascki,
julgado em 11/6/2014 (Info 750).
VEDAÇÃO AO
CONFISCO
Art. 150, IV, da CF: IV – utilizar tributo com efeito de confisco.
Está intimamente ligado ao princípio da capacidade contributiva e ao direito de
propriedade.
O princípio se aplica aos impostos, às taxas e às multas, sejam elas moratórias ou
punitivas.
Com efeito, o STF entende que:
Se o valor da taxa, no entanto, ultrapassar o custo do serviço prestado ou posto à
disposição do contribuinte, dando causa, assim, a uma situação de onerosidade
excessiva, que descaracterize essa relação de equivalência entre os fatores referidos
(o custo real do serviço, de um lado, e o valor exigido do contribuinte, de outro),
configurar-se-á, então, quanto a essa modalidade de tributo, hipótese de ofensa à
25
cláusula vedatória inscrita no art. 150, IV, da Constituição da República. Precedente:
ADI 2551.
É o princípio da proporcionalidade e razoabilidade da carga tributária.
DISCRIMINAÇÃO EM
RAZÃO DA
PROCEDÊNCIA
É vedado aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios estabelecer diferença
tributária entre bens e serviços, de qualquer natureza, em razão de sua procedência
ou destino (Art. 152 da CF).
NÃO SURPRESA
Irretroatividade, anterioridade geral e nonagesimal.
• Irretroatividade: a lei tributária não pode retroagir para alcançar fatos passados,
para que a cobrança do tributo se dê sobre fatos passados. Eu tenho a lei tributária
que define ou altera os elementos do tributo e essa lei só pode ter aplicação futura,
ou seja, como regra, ela só pode ter aplicação prospectiva (art. 105 do CTN).
Leis com possibilidade de efeitos retroativos:
1ª Situação: Art. 106, do CTN
Art. 106 - A lei aplica-se a ato ou fato pretérito (fala verbalmente da
retroatividade):
I - em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a
aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados;
II - tratando-se de ato não definitivamente julgado (em aberto):
a) quando deixe de defini-lo como infração;
b) quando deixe de tratá-lo como contrário a qualquer exigência de ação ou
omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de
pagamento de tributo;
c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao
tempo da sua prática.
2ª Situação: O art. 144, § 1º, do CTN
Art. 144. O lançamento reporta-se à data da ocorrência do fato gerador da
obrigação e rege-se pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada
ou revogada.
§ 1º Aplica-se ao lançamento a legislação que, POSTERIORMENTE à ocorrência do
fato gerador da obrigação, tenha instituído novos critérios de apuração ou
processos de fiscalização, ampliado os poderes de investigação das autoridades
26
administrativas, ou outorgado ao crédito maiores garantias ou privilégios, exceto,
neste último caso, para o efeito de atribuir responsabilidade tributária a terceiros.
Como caiu em prova:
CESPE/CEBRASPE, AGU, 2015: Conforme o princípio da irretroatividade da lei
tributária, não se admite a cobrança de tributos em relação a fatos geradores
ocorridos em período anterior à vigência da lei que os instituiu ou aumentou.
Entretanto, o Código Tributário Nacional admite a aplicação retroativa de lei que
estabeleça penalidade menos severa que a prevista na norma vigente ao tempo da
prática do ato a que se refere, desde que não tenha havido julgamento definitivo.
Certo.
Súmula 584 do STF foi cancelada, tendo em vista a seguinte tese: É inconstitucional
a aplicação retroativa de lei que majora a alíquota incidente sobre o lucro
proveniente de operações incentivadas ocorridas no passado, ainda que no mesmo
ano-base, tendo em vista que o fato gerador se consolida no momento em que
ocorre cada operação de exportação, à luz da extrafiscalidade da tributação na
espécie. Precedente: RE 592.396, de junho de 2020.
Anterioridade: É vedado cobrar tributos no mesmo exercício financeiro em que haja
sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou (cláusula pétrea).
CF, Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é
vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
(...)
III - cobrar tributos:
(...)
b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu
ou aumentou;
c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que
os instituiu ou aumentou, observado o disposto na alínea b; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 42, de 19.12.2003)
Resumindo:
27
Regra: Lei produz efeitos no exercício seguinte (primeiro passo a ser observado)
Somada a essa regra: Entre a publicação e a data da produção de efeitos, deve
haver um intervalo mínimo de 90 dias.
O prazo nonagesimal somente deve ser utilizado nos casos de criação ou
majoração de tributos, não na hipótese de simples prorrogação de alíquota já
aplicada anteriormente. (RE 584100, repercussão geral)
Regra da anterioridade nonagesimal e lei de conversão da MP:
Nos casos em que a majoração de alíquota tenha sido estabelecida somente na lei
de conversão, o termo inicial da contagem é a DATA DA CONVERSÃO DA MEDIDA
PROVISÓRIA EM LEI. STF. Plenário. RE 568503/RS, rel. Min. Carmen Lúcia, julgado
em 12.2.2014 (Info 735).
STJ: “Não se estando diante da criação ou majoração de tributos, mas de um regime
mais benéfico de tributação, não incide a norma do 150, III, b e c, da CF, pertinente
ao princípio da anterioridade.” (RMS 29568, DJe 30.8.2013)
Como caiu em prova:
CESPE/CEBRASPE, AGU, 2015: Pela aplicação do princípio da anterioridade
tributária, quaisquer modificações na base de cálculo ou na alíquota dos tributos
terão sua eficácia suspensa até o primeiro dia do exercício financeiro seguinte à
publicação da lei que promoveu a alteração.
Errado.
Casos de não aplicação do princípio da anterioridade:
Norma que se restringe a mudar o prazo para o pagamento do tributo:
Súmula vinculante n. 50 STF: Norma legal que altera o prazo de recolhimento de
obrigação tributária não se sujeita ao princípio da anterioridade.
Mera atualização monetária do valor do tributo ou de sua base de cálculo, por
não significar majoração do mesmo, não se sujeita a anterioridade.
28
E a revogação ou redução de benefício fiscal? Atrai o respeito às regras de
anterioridade tributária?
SIM. O STF fixou entendimento no sentido de que não só a majoração direta de
tributos atrai a aplicação do princípio da anterioridade, mas, também, a majoração
indireta decorrente de revogação de benefícios fiscais. Entendimento do STF que
prevalece atualmente. Precedente: RE 564225 AgR-EDv-AgR, Rel. Min. Alexandre de
Moraes, julgado em 20.11.2019.
Ressalva a respeito da majoração e extinção de desconto para pagamento de
tributo sob determinadas condições em lei:
No julgamento do AG.REG. nos EMB.DIV. no AG.REG. no RE 564.225 (J. 20.11.2019),
o relator Min. Alexandre de Moraes ressaltou em seu voto na ementa o seu ponto
de vista, na linha do decidido na ADI 4016 MC, que entendeu ser um contexto
ligeiramente diverso, no sentido de “a redução ou a extinção de desconto para
pagamento de tributo sob determinadas condições previstas em lei, como o
pagamento antecipado em parcela única, não pode ser equiparada à majoração do
tributo em questão”.
A LC que prorrogou o prazo para a compensação de crédito do tributo não subsumiu
à normal constitucional.
Não viola o princípio da não cumulatividade (art. 155, §2º, incisos I e XII, alínea c, da
CF/88) lei complementar que prorroga a compensação de créditos de ICMS relativos
a bens adquiridos para uso e consumo no próprio estabelecimento do contribuinte.
Conforme o art. 150, III, "c", da CF/88, o princípio da anterioridade nonagesimal
aplica-se somente para leis que instituem ou majoram tributos, não incidindo
relativamente às normas que prorrogam a data de início da compensação de
crédito tributário. (STF. Plenário. RE 601967, Rel. Marco Aurélio, Relator(a) p/
Acórdão: Alexandre de Moraes, julgado em 18.08.2020 - Repercussão Geral - Tema
346).
Exceções ao princípio da anterioridade (não precisam respeitar à anterioridade do exercício):
II, IE, IPI, e IOF
Imposto Extraordinário de Guerra
29
EXCEÇÃO À ANTERIORIDADE DO
EXERCÍCIO
Empréstimos compulsórios:
a) de guerra
b) de calamidade
Contribuição para financiamento da Seg. Social
ICMS monofásico sobre combustíveis (Exceção parcial, porque só
vale para redução e restabelecimento, se aumentar além do
restabelecimento TEM QUE RESPEITAR A ANTERIORIDADE) - Art.
155, §4º, IV, CF.
CIDE combustível (Exceção parcial, porque só vale para redução e
restabelecimento) Art. 177, § 4º, I, 'b', CF.
Exceções à noventena (não precisam respeitar a noventena):
EXCEÇÃO À NOVENTENA
II, IE e IOF
Imposto Extraordinário de Guerra
Empréstimos compulsórios:
a) de guerra
b) de calamidade
Imposto de Renda
Base de cálculo do IPTU
Base de cálculo do IPVA
Quadro comparativo das exceções à anterioridade anual e à noventena:
ANTERIORIDADE ANUAL NOVENTENA
II II
IE IE
IPI IR
IOF IOF
IEG IEG
Empréstimo compulsório por motivo de guerra
externa ou de calamidade pública
Empréstimo compulsório por motivo de guerra
externa ou de calamidade pública
30
Restabelecimento de alíquotas do ICMS –
Combustíveis e da CIDE-Combustíveis
Base de cálculo do IPTU
Contribuições para a seguridade social Base de cálculo do IPVA
Diferença entre imunidades e isenções: As imunidades são efetivadas por meio de normas constitucionais
que limitam a competência tributária, impedindo a atuação do legislador.
IMUNIDADE ISENÇÃO
Prevista na Constituição Federal. Prevista nas leis de cada ente da Federação.
É vedação ao poder de legislar sobre o tributo em
determinados casos e/ou em relação a
determinadas pessoas.
É a dispensa legal do pagamento do tributo. É causa de
exclusão do crédito tributário.
Limita a competência tributária. Há competência tributária, mas ela não é exercida.
Interpretação ampliativa. Interpretação literal (art. 111 do CTN).
Restringe-se, em regra, aos impostos. Há
imunidades de taxas previstas na CF também.
Todavia, a regra é a imunidade atinja os impostos,
porque o principal dispositivo que trata sobre
imunidades é o art. 150, VI, da CF.
Em tese, pode abranger quaisquer tributos.
Como caiu em prova:
CESPE/CEBRASPE, PGE-SE, 2017 (Adaptada): A principal distinção entre imunidade tributária e isenção
tributária é que as imunidades estão expressamente previstas na CF e nas leis; e as isenções se referem a fatos
não abrangidos pela hipótese de incidência.
Errado.
CESPE/CEBRASPE, PGE-SE, 2017 (Adaptada): A principal distinção entre imunidade tributária e isenção
tributária é que as imunidades estão previstas na CF; e as isenções, no texto infraconstitucional.
Certo.
31
Súmula Vinculante n. 57: A imunidade tributária constante do art. 150, VI, d, da CF/88 aplica-se à importação
e comercialização, no mercado interno, do livro eletrônico (e-book) e dos suportes exclusivamente utilizados
para fixá-los, como leitores de livros eletrônicos (e-readers), ainda que possuam funcionalidades acessórias.
Súmula Vinculante n. 50: Norma legal que altera o prazo de recolhimento de obrigação tributária não se
sujeita ao princípio da anterioridade.
Súmula Vinculante n. 52: Ainda quando alugado a terceiros, permanece imune ao IPTU o imóvel pertencente
a qualquer das entidades referidas pelo art. 150, VI, “c”, da Constituição Federal, desde que o valor dos
aluguéis seja aplicado nas atividades para as quais tais entidades foram constituídas.
Embora a imunidade e a isenção sejam os institutos mais confundidos. Há quatro hipóteses que acarretam o
não pagamento do tributo. Ricardo Alexandre1 explica essa diferença através do seguinte quadro:
Como caiu em prova:
CESPE/CEBRASPE, PGE-BA, 2014: Consideram-se benefícios fiscais as imunidades previstas na CF.
Errado. Não somente.
CLASSIFICAÇÃO DAS IMUNIDADES
OBJETIVAS
SUBJETIVAS
MISTAS
As imunidades podem levar em consideração as pessoas beneficiadas pela
(imunidades subjetivas), os objetos cuja tributação é impedida (objetivas) e as
duas coisas ao mesmo tempo (mistas).
1 Alexandre, Ricardo Direito tributário esquematizado / Ricardo Alexandre. – 10. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2016.
32
GERAIS
ESPECIAIS
As imunidades gerais são aquelas estabelecidas para todos os entes tributantes,
abrangendo diversos tributos.
As imunidades específicas restringem a imunidade a um determinado tributo
de uma determinada pessoa política (Exemplo: imunidade do ICMS nas
operações de exportação).
EXPLÍCITAS
IMPLÍCITAS
As imunidades que estejam expressamente previstas na Constituição Federal
são imunidades explícitas.
Ao contrário, as imunidades que não estejam previstas são consideradas
implícitas.
No Brasil, a regra é que as imunidades sejam explícitas.
CONDICIONADAS
INCONDICIONADAS
A classificação diz respeito à necessidade ou não de regulamentação
infraconstitucional.
As imunidades condicionadas precisam de tal regulamentação
infraconstitucional. Observe: a delimitação da competência advém do texto
constitucional. Todavia, é necessário que lei infraconstitucional regulamente o
benefício fiscal para a imunidade ter aplicabilidade.
As imunidades incondicionadas produzem efeitos independentemente dessa
regulamentação.
ONTOLÓGICAS
POLÍTICAS
As imunidades ontológicas são aquelas que existiriam ainda que não estivessem
previstas no Texto Constitucional, vez que são fundamentais para a observância
dos princípios constitucionais. Exemplo: Isonomia.
As imunidades políticas são aquelas que se destinam a proteger princípios, mas
são decorrentes da vontade política do legislador constitucional. Exemplo:
imunidade religiosa.
As imunidades previstas no texto constitucional são as seguintes:
IMUNIDADES
RECÍPROCA (art. 150, VI, “a”,
da CF)
É vedado instituir impostos sobre patrimônio, renda ou serviços, uns dos
outros.
É cláusula pétrea, pois protege o pacto federativo.
Como caiu em prova:
33
CESPE/CEBRASPE, PGM-MS, 2019: As imunidades recíprocas são limitações
constitucionais ao poder de tributar e têm status de cláusulas pétreas.
Certo.
CESPE/CEBRASPE, PGM FORTALEZA/CE, 2017: A imunidade tributária
recíproca que veda à União, aos estados, ao DF e aos municípios instituir
impostos sobre o patrimônio, renda ou serviços uns dos outros é cláusula
pétrea.
Certo.
CUIDADO! Pegadinha muito comum em prova, essa imunidade refere-se
somente aos IMPOSTOS!
O objetivo dessa imunidade é garantir o princípio federativo, o equilíbrio
na federação porque, dessa forma, os entes não estabelecem disputas
tributárias entre si.
Como caiu em prova:
CESPE/CEBRASPE, PGE-PE, 2018: As hipóteses de limitação ao poder de
tributar decorrente do princípio constitucional da imunidade recíproca
incluem proibir a União de instituir impostos sobre o patrimônio de estados
e municípios.
Certo.
CESPE/CEBRASPE, PGE-PE, 2018: Considerando-se as limitações ao poder
de tributar previstas no texto constitucional, é juridicamente admissível que
um ente público estadual institua a cobrança de taxa referente a um serviço
prestado à União.
Certo.
CESPE/CEBRAPSE, PGM-BH, 2017 (Adaptada): Os entes federativos não
podem cobrar taxas e impostos que incidam sobre a venda ou sobre o
patrimônio dos demais entes da Federação.
Errado.
Os Estados-membros, mesmo gozando de imunidade tributária recíproca,
devem cumprir as obrigações tributárias acessórias?
34
SIM. O dispositivo não afasta a possibilidade de obrigações acessórias
serem impostas por atos normativos infralegais STF. Plenário. ACO 1098,
j. em 11.05.2020).
Essa imunidade se aplica aos entes da Administração Indireta?
SIM.
Art. 150, § 2º - A vedação do inciso VI, (a), é extensiva às autarquias e às
fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, no que se refere ao
patrimônio, à renda e aos serviços, vinculados a suas finalidades essenciais
ou às delas decorrentes.
A OAB tem direito à imunidade tributária específica?
SIM. É pacífico o entendimento de que a imunidade tributária gozada pela
Ordem dos Advogados do Brasil é da espécie recíproca (CF, 150, VI, “a”),
na medida em que a OAB desempenha atividade própria de Estado. (RE
405267, Relator(a): Min. EDSON FACHIN, Tribunal Pleno, julgado em
06.09.2018)
Até aí tudo bem, agora, essa imunidade aplica-se inclusive às Empresas
Públicas e Sociedade de economia mista?
Primeiramente, a análise vem do art. 150, § 3º, da CF:
§ 3º - As vedações do inciso VI, (a), e do parágrafo anterior (autarquias e
fundações) NÃO se aplicam ao patrimônio, à renda e aos serviços,
relacionados com EXPLORAÇÃO DE ATIVIDADES ECONÔMICAS regidas
pelas normas aplicáveis a empreendimentos privados, ou em que haja
contraprestação ou pagamento de preços ou tarifas pelo usuário, nem
exonera o promitente comprador da obrigação de pagar imposto
relativamente ao bem imóvel.
Sendo assim, caso se trata de uma empresa estatal que atue na seara de
exploração de atividades econômicas, não se aplica a imunidade recíproca,
pois elas devem atuar em pé de igualdade com as demais empresas
privadas.
35
Mas e se for uma Empresa Pública, por exemplo, que realize um serviço
público?
Se for uma Empresa Pública que
- NÃO vise ao lucro,
- que esteja fora deste ambiente do mercado privado,
- nesse caso, diz o STF que a empresa pública é imune (RE 407.099/RS -
ECT e AC 1.550-2 - Companhia de Águas e Esgotos de Rondônia).
Requisitos para a concessão de imunidade recíproca às empresas estatais:
O STF diz que a aplicabilidade da imunidade às EP e SEM devem observar
os seguintes requisitos:
a) Restringir-se a propriedade, bens e serviços utilizados na satisfação dos
objetivos institucionais imanentes do ente federado;
b) Não beneficiar atividades de exploração econômica, destinada
primordialmente a aumentar o patrimônio do Estado ou de particulares;
c) Não deve ter como efeito colateral relevante a quebra dos princípios da
livre concorrência e do exercício da atividade profissional ou econômica
lícita.
Como caiu em prova:
CESPE/CEBRASPE, PGE-AM, 2016: A imunidade recíproca beneficia
sociedades de economia mista que prestem serviços públicos estatais
essenciais e exclusivos, como, por exemplo, o serviço de saneamento
básico, ainda que tais serviços sejam remunerados por tarifas.
Certo.
CESPE/CEBRASPE, PGE-BA, 2014: A imunidade tributária recíproca não é
extensiva às empresas públicas.
Errado.
De olho na jurisprudência:
“Visualizada a questão do modo acima – fazendo-se a distinção entre
empresa pública como instrumento da participação do Estado na economia
e empresa pública prestadora de serviço público – não tenho dúvida em
36
afirmar que a ECT está abrangida pela imunidade tributária recíproca (CF,
art. 150, VI, a), ainda mais se considerarmos que presta ela serviço público
de prestação obrigatória e exclusiva do Estado, que é o SERVIÇO POSTAL,
CF, art. 21, X (Celso Antônio Bandeira de Mello, ob. cit., p. 636).
Correios gozam de imunidade tributária mesmo quando atuam em
serviços que concorrem com a iniciativa privada?
SIM. De acordo com o STF “a imunidade deve alcançar todas as atividades
desempenhadas pela ECT, inclusive as atividades afins autorizadas pelo
Ministério das Comunicações, independentemente da sua natureza”. O STF
decidiu que a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos – ECT goza de
imunidade tributária recíproca mesmo quando realiza o transporte de bens
e mercadorias. Assim, não incide o ICMS sobre o serviço de transporte de
bens e mercadorias realizado pelos Correios. (STF. Plenário. RE 627051/PE,
Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 12.11.2014)
(...) 2. A Corte já firmou o entendimento de que é possível a extensão da
imunidade tributária recíproca às sociedades de economia mista
prestadoras de serviço público, observados os seguintes parâmetros:
a) a imunidade tributária recíproca se aplica apenas à propriedade, bens e
serviços utilizados na satisfação dos objetivos institucionais imanentes do
ente federado;
b) atividades de exploração econômica, destinadas primordialmente a
aumentar o patrimônio do Estado ou de particulares, devem ser
submetidas à tributação, por apresentarem-se como manifestações de
riqueza e deixarem a salvo a autonomia política; e
c) a desoneração não deve ter como efeito colateral relevante a quebra
dos princípios da livre-concorrência e do livre exercício de atividade
profissional ou econômica lícita”. Precedentes: RE n.º 253.472/SP, Tribunal
Pleno. Relator para o acórdão: Min. Joaquim Barbosa, DJe de 1.º.2.11 e ACO
2243/DF, decisão monocrática, Rel. Min. Dias Toffoli, DJe de 25.10.13.
Sociedade de economia mista, cuja participação acionária é negociada em
Bolsas de Valores, e que, inequivocamente, está voltada à remuneração do
37
capital de seus controladores ou acionistas, não está abrangida pela regra
de imunidade tributária prevista no art. 150, VI, “a”, da Constituição,
unicamente em razão das atividades desempenhadas (STF. Plenário. RE
600867, Rel. Joaquim Barbosa, Relator p/ Acórdão Luiz Fux, julgado em
29.06.2020 - Repercussão Geral – Tema 508).
O STF entende que a imunidade tributária recíproca NÃO afasta a
responsabilidade tributária por sucessão, na hipótese em que o sujeito
passivo era contribuinte regular do tributo devido. Assim, o sucessor,
ainda que se tratasse de um ente federado, deveria arcar com a dívida.
(STF. 1ª Turma. RE 599.176/PR, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgado em
5.6.2014)
Não se pode aplicar a imunidade tributária recíproca se o bem está
desvinculado de finalidade estatal. STF. Plenário. RE 434251/RJ, rel. orig.
Min. Joaquim Barbosa, red. p/ o ac. Min. Cármen Lúcia, julgado em
19.4.2017 (Info 861).
Incide o IPTU, considerado imóvel de pessoa jurídica de direito público
cedido à pessoa jurídica de direito privado, devedora do tributo.
Ex: a União celebrou contrato de concessão de uso de imóvel com uma
empresa privada por meio da qual esta última poderia explorar
comercialmente determinado imóvel pertencente ao patrimônio público
federal. A empresa privada queria deixar de pagar IPTU alegando que o
imóvel gozaria de imunidade tributária. O STF não aceitou a tese e afirmou
que não incide a imunidade neste caso. STF. Plenário. RE 601720/RJ, rel.
orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Marco Aurélio, julgado em
6.4.2017 (repercussão geral) (Infos 860 e 861).
A imunidade tributária subjetiva é aplicada se a entidade imune for
contribuinte de fato?2
2 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. A imunidade tributária subjetiva é aplicada se a entidade imune for contribuinte de fato?. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/b87517992f7dce71b674976b280257d2>. Acesso em: 02/01/2018
38
A imunidade tributária subjetiva aplica-se a seus beneficiários na posição
de contribuinte de direito, mas não na de simples contribuinte de fato,
sendo irrelevante, para a verificação da existência do beneplácito
constitucional, a repercussão econômica do tributo envolvido.
• Se a entidade imune for contribuinte de direito: incide a imunidade
subjetiva.
• Se a entidade imune for contribuinte de fato: não incide a imunidade
subjetiva.
STF. Plenário. RE 608872/MG, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 22 e
23.2.2017 (repercussão geral) (Info 855).
RELIGIOSA (art. 150, VI, “b”,
da CF)
É vedado instituir impostos sobre templos de qualquer culto, regra que
abrange apenas o patrimônio, a renda e os serviços relacionados com as
atividades essenciais das entidades.
Fundada na liberdade religiosa, é cláusula pétrea.
Obs. Imunidade abrange somente os impostos.
Como caiu em prova:
CESPE/CEBRASPE, PGE-AM, 2018: É proibida a cobrança de tributo sobre o
patrimônio e a renda dos templos de qualquer culto.
Errado.
Jurisprudências sobre o tema:
O STF entende que se um imóvel que pertence ao ente imune é alugado,
não deixa de estar vinculado as finalidades essenciais do ente, não
perdendo a imunidade. A suprema corte exige apenas que os rendimentos
obtidos com o aluguel do imóvel se revertam para as finalidades essenciais
da instituição
Súmula n. 724 do STF: Ainda quando alugado a terceiros, permanece
imune ao IPTU o imóvel pertencente a qualquer das entidades referidas
pelo art. 150, VI, "c", da Constituição, desde que o valor dos aluguéis seja
aplicado nas atividades essenciais de tais entidades.
Obs.: apesar da súmula referir-se à imunidade do art. 150, VI, c, seu
enunciado também se aplica à imun. religiosa prevista no art. 150, VI, b.
39
A entidade religiosa goza de imunidade tributária sobre o cemitério
utilizado em suas celebrações?
Sim, desde que este cemitério seja uma extensão da entidade religiosa (STF.
Plenário. RE 578.562, Rel. Min. Eros Grau, julgado em 21/5/2008).
Maçonaria não goza de impunidade religiosa, por não ser uma religião e sim
uma ideologia de vida (STF. 1ª Turma. RE 562351/RS).
Em suma, para fins de cobrança de ITBI, é do município o ônus da prova de
que imóvel pertencente a entidade religiosa está desvinculado de sua
destinação institucional. STJ. 2ª Turma. AgRg no AREsp 444.193-RS, Rel.
Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 4.2.2014 (Info 534).
PARTIDOS POLÍTICOS E
SINDICATO DOS
TRABALHADORES E
INSTITUIÇÕES DE EDUCAÇÃO
E DE ASSISTÊNCIA SOCIAL
(art. 150, VI, “c”, da CF)
É vedado instituir impostos sobre o patrimônio, a renda e os serviços
relacionados com as
- atividades essenciais dos partidos políticos, inclusive suas fundações;
- das entidades sindicais dos TRABALHADORES;
- das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos
Observe que não abrange sindicatos patronais.
Mesma ressalva, imunidade só para IMPOSTOS.
Como caiu em prova:
CESPE/CEBRASPE, PGE-BA, 2014: As taxas são alcançadas pelas imunidades
constitucionais previstas para as entidades de educação.
Errado.
Imunidade a escolas de ensino mantidas pelos serviços sociais autônomos:
O STF reconhece como protegidas pela imunidade as escolas de ensino
profissionalizantes mantidas pelos serviços sociais autônomos, como são os
casos do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial – SENAC e do Serviço
Nacional de Aprendizagem Industrial – SENAI (RE 235.737).
Manutenção do patrimônio, renda e serviços das instituições imunes
vinculados às suas finalidades essenciais:
Segundo a jurisprudência pacífica da Corte, o fato de a entidade utilizar seu
patrimônio em atividade que gere renda e, a rigor, não se enquadrar nas
40
suas finalidades essenciais, não afasta a imunidade, desde que os recursos
obtidos sejam destinados a tais finalidades essenciais.
Súmula vinculante n. 52: Ainda quando alugado a terceiros, permanece
imune ao IPTU o imóvel pertencente a qualquer das entidades referidas
pelo art. 150, VI, “c”, da Constituição Federal, desde que o valor dos
aluguéis seja aplicado nas atividades para as quais tais entidades foram
constituídas.
Outrossim, devem ser diferenciadas as seguintes situações:
a) Se o CONTRIBUINTE DE DIREITO GOZA DE IMUNIDADE PESSOAL, tem-se
por aplicável o benefício constitucional mesmo nos casos em que o encargo
econômico do tributo iria naturalmente recair sobre outra pessoa
(contribuinte de fato). Ver STF, Tribunal Pleno, RE 186.175-Edv-ED, Rel. Min.
Ellen Gracie, j. 23.08.2006, DJ 17.11.2006, p. 48.
b) Mesmo que o CONTRIBUINTE DE FATO GOZE DE IMUNIDADE PESSOAL,
o benefício não será aplicável no que concerne às hipóteses em que o
tributo tenha como contribuinte de direito uma pessoa não imune. Nestes
casos, não há qualquer vedação a que o ente imune seja nomeado
responsável pelo pagamento do tributo devido, podendo até mesmo vir a
assumir o encargo econômico da exação. Ver STF, 2.ª Turma, RE
202.987/SP, Rel. Min. Joaquim Barbosa, j. 30.06.2009, DJe 25.09.2009, p.
1.021.
Resumindo: Quando o ente imune vende (contribuinte de direito), ele não
está sujeito ao ICMS; quando o ente imune compra (contribuinte de fato),
ele está sujeito ao ICMS.
CULTURAL
É vedado instituir impostos sobre livros, jornais, periódicos e o papel
destinado à sua impressão.
Não é possível condicionar a imunidade à análise do valor cultural das
publicações.
De custas judiciais, na ação popular, salvo comprovada má-fé (art. 5º, LXXIII)
Imunidade de emolumentos referentes ao registro civil de nascimento e
certidão de óbito, para os reconhecidamente pobres (art. 5º LXXVI, CF)
41
OUTRAS IMUNIDADES
Imunidade ao ITR das pequenas glebas rurais definidas em lei, quando as
explore o proprietário que não possua outro imóvel (art. 153, § 4º, II, CF).
Imunidade ao IPI das exportações de produtos industrializados (art. 153, §
3º, III, CF)
Imunidade do ouro, quando definido em lei como ativo financeiro ou
instrumento cambial, que se sujeita apenas ao IOF e à extinta CPMF (art.
153, § 5º, CF).
Imunidade ao ICMS de operações que destinem mercadorias para o exterior
e sobre serviços prestados a destinatários no exterior (art. 155, § 2º, X).
Imunidade ao ICMS nas prestações de serviços de comunicação nas
modalidades de radiodifusão sonora e de sons e imagens de recepção livre
e gratuita (art. 155, § 2º, X).
Imunidade a todos os impostos nas operações de transferência de imóveis
desapropriados para fins de reforma agrária (art. 184, § 5º).
Imunidade das entidades beneficentes de assistência social às
contribuições para financiamento da seguridade social (art. 195, § 7º, CF).
Taxas (XXXIV, art. 5º da CF): “são a todos assegurados, independentemente
do pagamento de taxas: a) o direito de petição aos Poderes Públicos em
defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder; b) a obtenção
de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e
esclarecimento de situações de interesse pessoal”.
Súmula 69 do STF: A Constituição Estadual não pode estabelecer limite para o aumento de tributos municipais.
Súmula 503 do STF: A dúvida, suscitada por particular, sobre o direito de tributar, manifestado por dois
Estados, não configura litígio da competência originária do Supremo Tribunal Federal.
Súmula 657 do STF: A imunidade prevista no art. 150, VI, d, da Constituição Federal abrange os filmes e papéis
fotográficos necessários à publicação de jornais e periódicos.
Súmula 730 do STF: A imunidade tributária conferida a instituições de assistência social sem fins lucrativos
pelo art. 150, VI, c, da Constituição, somente alcança as entidades fechadas de previdência social privada se
não houver contribuição dos beneficiários.
Súmula 160 do STJ: É defeso, ao Município, atualizar o IPTU, mediante decreto, em percentual superior ao
índice oficial de correção monetária.
42
3. COMPETÊNCIA E NORMA TRIBUTÁRIAS
Natureza do CTN: O CTN não nasceu com status de lei complementar. Todavia, o CTN tem força de lei
complementar desde 15 de março de 1967 (CF de 1967) e não a partir da CF de 1988. As normas gerais em
matéria tributária constantes do CTN têm, hoje, status de lei complementar, só podendo ser alteradas por lei
complementar. Hipóteses que exigem regulação por LEI COMPLEMENTAR: Art. 146 da CF.
Tributos que exigem lei complementar:
IMPOSTO SOBRE GRANDES FORTUNAS
EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO
IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES RESIDUAIS
DECORE: Quem tem GRANDE FORTUNA não pede EMPRÉSTIMO e não paga IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES
RESIDUAIS.
CAPACIDADE
TRIBUTÁRIA
ATIVA
Art. 119. Sujeito ativo da obrigação é a pessoa jurídica de direito público, titular da
competência para exigir o seu cumprimento.
- Esse dispositivo trata da capacidade tributária ativa, que é delegável de uma pessoa
jurídica de direito público para outra. A capacidade tributária ativa é diferente de
competência tributária. Veja abaixo.
COMPETÊNCIA
TRIBUTÁRIA
Art. 7º A competência tributária é indelegável, salvo atribuição das funções de arrecadar
ou fiscalizar tributos, ou de executar leis, serviços, atos ou decisões administrativas em
matéria tributária, conferida por uma pessoa jurídica de direito público a outra, nos
termos do § 3º do artigo 18 da Constituição.
- A competência tributária é indelegável, intransferível, inalterável e irrenunciável, pois
é traçada pela CF. Desse modo, admitir a delegação de competência para instituir um
tributo é o mesmo que admitir que a Constituição seja alterada por norma
infraconstitucional.
Características da competência tributária:
FACULTATIVIDADE
INDELEGABILIDADE
43
INALTERABILIDADE
INCADUCABILIDADE
PRIVATIVIDADE
A Constituição Federal não cria tributos, apenas outorga competência para que os entes políticos o façam por
meio de leis próprias. Lembre-se de que o parágrafo único do art. 11 da LRF exige que todos os IMPOSTOS
sejam criados pelos entes políticos, sob pena de vedação ao repasse de transferências voluntária. Isso não
afasta a facultatividade. Apenas implica sanção. É o entendimento majoritário.
Bitributação x Bis in idem:
BITRIBUTAÇÃO ocorre quando entes tributantes diversos exigem do mesmo sujeito passivo tributos
decorrentes do mesmo fato gerador. (BI vem de dois: dois entes cobrando). Em regra, é vedada.
BIS IN IDEM ocorre quanto o mesmo ente edita leis exigindo tributos diversos sobre o mesmo fato gerador.
Não há proibição expressa.
Impossibilidade de o CTN alterar conceitos de direito privado que estejam consagrados na CF/88.
Legislação tributária:
Art. 96. A expressão "LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA" compreende as leis, os tratados e as convenções
internacionais, os decretos e as normas complementares que versem, no todo ou em parte, sobre tributos e
relações jurídicas a eles pertinentes.
Normas complementares:
Atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas:
Os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas visam detalhar a aplicação das normas
(superiores) que complementam.
Decisões dos órgãos coletivos e singulares de jurisdição administrativa a que a Lei atribua eficácia
normativa:
Estes órgãos ditos “julgadores” realizam mero controle de legalidade dos atos praticados pela administração
tributária. No entanto, o CTN qualificou tais repartições administrativas como “órgãos coletivos ou singulares
de jurisdição administrativa”
44
Práticas reiteradamente observadas pelas autoridades administrativas:
Na prática, o entendimento leva a impossibilidade de punição de todos os contribuintes que, seguindo as
práticas administrativas, cometeram atos que, em tese, configurariam descumprimento da legislação
tributária. O fundamento é a isonomia. Se alguns não são punidos, todos os que praticaram os mesmos atos
tem a garantia de não serem punidos.
Como caiu em prova:
CESPE/CEBRASPE, PGM-FORTALEZA, 2017: As práticas reiteradamente observadas pelas autoridades
administrativas são normas complementares consuetudinárias de direito tributário. Assim, na hipótese de a
norma ser considerada ilegal, não é possível caracterizar como infracional a conduta do contribuinte que
observa tal norma, em razão do princípio da proteção da confiança e da boa-fé objetiva.
Certo.
Convênios que entre si venham a celebrar a União, os Estados e o DF e os municípios:
Observação: No que concerne ao ICMS, alguns convênios têm previsão constitucional, sendo, portanto,
normas primárias, de hierarquia legal, não podendo ser classificados como atos meramente
complementares.
Como caiu em prova:
CESPE/CEBRASPE, PGE-AM, 2016: Os convênios firmados pelos estados para dispor a respeito de isenções do
ICMS são qualificados como normas complementares, pois não inovam o ordenamento jurídico.
Errado.
Vigência e aplicação da legislação tributária:
A regra fundamental aqui é a da TERRITORIALIDADE. As normas expedidas por um ente só têm vigência
dentro do seu respectivo território, não sendo aplicáveis aos fatos ocorridos nos territórios dos demais entes.
Art. 102. A legislação tributária dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios vigora, no País, fora dos
respectivos territórios, nos limites em que lhe reconheçam extraterritorialidade os convênios de que
participem, ou do que disponham esta ou outras leis de normas gerais expedidas pela União.
Extraterritorialidade prevista em convênio de cooperação:
Segundo o art. 102 do CTN, a extraterritorialidade é admitida nos limites em que reconhecida nos convênios
de que participem os municípios, os Estados e o DF.
45
Extraterritorialidade prevista em norma geral nacional:
Haverá também extraterritorialidade nos limites que dispunham o próprio CTN ou outras normas gerais
expedidas pela União.
Vigência temporal:
Art. 103. Salvo disposição em contrário, entram em vigor:
I - os ATOS ADMINISTRATIVOS a que se refere o inciso I do artigo 100, NA DATA DA SUA PUBLICAÇÃO;
II - as DECISÕES A QUE SE REFERE O INCISO II DO ARTIGO 100, quanto a seus efeitos normativos, 30 (TRINTA)
DIAS APÓS A DATA DA SUA PUBLICAÇÃO;
III - os CONVÊNIOS a que se refere o inciso IV do artigo 100, NA DATA NELES PREVISTA.
Art. 104 do CTN e a anterioridade:
O princípio da anterioridade se trata de uma regra relativa à produção de efeitos, não disciplinando a vigência
das leis que criam ou majoram tributos.
Art. 104. Entram em vigor no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que ocorra a sua publicação os
dispositivos de lei, referentes a IMPOSTOS sobre o PATRIMÔNIO OU A RENDA:
I - que instituem ou majoram tais impostos;
II - que definem novas hipóteses de incidência;
III - que extinguem ou reduzem isenções, salvo se a lei dispuser de maneira mais favorável ao contribuinte,
e observado o disposto no artigo 178.
Princípio da irretroatividade no CTN:
Art. 105. A legislação tributária aplica-se imediatamente aos fatos geradores futuros e aos pendentes, assim
entendidos aqueles cuja ocorrência tenha tido início mas não esteja completa nos termos do artigo 116.
Exceções legais à irretroatividade:
Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito:
I - em qualquer caso, quando seja EXPRESSAMENTE INTERPRETATIVA, excluída a aplicação de penalidade à
infração dos dispositivos interpretados;
II - tratando-se de ato não definitivamente julgado (em aberto, na esfera judicial):
a) quando deixe de defini-lo como infração;
46
b) quando deixe de tratá-lo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha
sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo;
c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática.
Como caiu em prova:
CESPE/CEBRASPE, PGM-FORTALEZA, 2017: Admite-se a aplicação retroativa de norma tributária
interpretativa e de norma tributária mais benéfica sobre penalidades tributárias, mesmo diante de ato
amparado pela imutabilidade da coisa julgada.
Errado.
Interpretação no CTN:
Art. 110. A lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos, conceitos e
formas de direito privado, utilizados, expressa ou implicitamente, pela Constituição Federal, pelas
Constituições dos Estados, ou pelas Leis Orgânicas do Distrito Federal ou dos Municípios, para definir ou limitar
competências tributárias.
Art. 111. Interpreta-se LITERALMENTE a legislação tributária que disponha sobre:
I - SUSPENSÃO OU EXCLUSÃO do crédito tributário;
II - outorga de ISENÇÃO;
III - dispensa do cumprimento de OBRIGAÇÕES TRIBUTÁRIAS ACESSÓRIAS.
Art. 112. A lei tributária que DEFINE INFRAÇÕES, OU LHE COMINA PENALIDADES, interpreta-se da maneira
mais favorável ao acusado, EM CASO DE DÚVIDA quanto:
I - à capitulação legal do fato;
II - à natureza ou às circunstâncias materiais do fato, ou à natureza ou extensão dos seus efeitos;
III - à autoria, imputabilidade, ou punibilidade;
IV - à natureza da penalidade aplicável, ou à sua graduação.
Como caiu em prova:
CESPE/CEBRASPE, PGM-FORTALEZA, 2017: A interpretação da legislação tributária a partir dos princípios
gerais de direito privado é realizada para identificar o conceito, o conteúdo e o alcance dos institutos de direito
privado, determinando, assim, a definição dos respectivos efeitos tributários.
Errado.
CESPE/CEBRASPE, PGM FORTALEZA, 2017: É vedada a adoção de métodos de interpretação ou qualquer
princípio de hermenêutica que amplie o alcance da norma tributária que outorga isenção.
47
Certo.
Princípio do “pecúnia non olet no CTN:
Art. 118. A definição legal do fato gerador é interpretada abstraindo-se:
I - da validade jurídica dos atos efetivamente praticados pelos contribuintes, responsáveis, ou terceiros, bem
como da natureza do seu objeto ou dos seus efeitos;
II - dos efeitos dos fatos efetivamente ocorridos.
Sendo assim, os requisitos para que se considere válido um negócio jurídico sob a ótica do direito civil (agente
capaz, objeto lícito, possível, determinado ou determinável, forma prescrita ou não defesa em lei) são
irrelevantes para se interpretar a definição legal de fato gerador.
Por isso, o próprio CTN (art. 126) prevê que a capacidade tributária passiva independe da capacidade civil
das pessoas naturais
Art. 126. A capacidade tributária passiva independe:
I - da capacidade civil das pessoas naturais;
II - de achar-se a pessoa natural sujeita a medidas que importem privação ou limitação do exercício de
atividades civis, comerciais ou profissionais, ou da administração direta de seus bens ou negócios;
III - de estar a pessoa jurídica regularmente constituída, bastando que configure uma unidade econômica ou
profissional.
Integração da legislação tributária:
Tratando-se de matéria tributária a solução dos problemas das lacunas tem por base a regra específica –
portanto prevalente – constante do art. 108 do CTN, abaixo transcrito:
Art. 108. Na ausência de disposição expressa, a autoridade competente para aplicar a legislação tributária
utilizará sucessivamente, na ORDEM INDICADA (ordem hierárquica):
I - a ANALOGIA;
II - os princípios gerais de DIREITO TRIBUTÁRIO;
III - os princípios gerais de DIREITO PÚBLICO;
IV - a EQUIDADE.
§ 1º O emprego da analogia não poderá resultar na exigência de tributo não previsto em lei.
§ 2º O emprego da equidade não poderá resultar na dispensa do pagamento de tributo devido.
Analogia não pode resultar em Exigência. Equidade não pode resultar em Dispensa de tributo. (AE-ED).
48
4. OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA
Conceito de obrigação tributária:
A obrigação tributária consiste num
- vínculo jurídico transitório
- entre o sujeito ativo (credor) e o sujeito passivo (devedor) e
- tem por objeto uma prestação em dinheiro.
Tipos de obrigação (art. 113 do CTN)3:
OBRIGAÇÃO ORIGEM OBJETO
PRINCIPAL LEI Pagamento de tributo ou
penalidade pecuniária (obrigação
de dar)
ACESSÓRIA LEGISLAÇÃO Prestações positivas ou negativas
no interesse da arrecadação ou da
fiscalização dos tributos
(obrigação de fazer, não fazer,
tolerar).
Diferença entre Hipótese de Incidência e Fato gerador em sentido estrito:
O fato gerador em sentido amplo corresponde à hipótese de incidência e ao fato gerador em sentido estrito.
Fato gerado em sentido amplo é gênero. Essas duas outras modalidades são espécies. Contudo, o CTN não é
técnico ao usar os termos hipótese de incidência e fato gerador em sentido estrito, chamando ambos,
indistintamente, de fato gerador.
FATO GERADOR
HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA FATO GERADOR EM SENTIDO ESTRITO
FATO IMPONÍVEL
3 Extraído da sinopse de Roberval Rocha.
49
Art. 114. Fato gerador da obrigação principal é:
· a situação definida em lei
· como necessária e
· suficiente à sua ocorrência.
Art. 113. (...)
§1º. A obrigação principal surge com a ocorrência do
fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou
penalidade pecuniária e extingue-se juntamente com o
crédito dela decorrente.
· Nesse dispositivo, o CTN refere-se à hipótese de
incidência, que é uma das espécies do gênero fato
gerador em sentido amplo.
· Nesse dispositivo, o CTN refere-se ao fato gerador em
sentido estrito, que é também chamado de fato
imponível.
· Previsão abstrata: É a situação prevista em lei
apta a deflagrar a relação jurídico-tributária.
· Situação concreta: É a ocorrência no mundo dos fatos
da situação prevista na hipótese de incidência. É a
materialização da hipótese de incidência.
A doutrina de Paulo de Barros Carvalho fala sobre regra-matriz de incidência tributária (RMIT). A RMIT é
composta por uma hipótese (critério material, especial e temporal) e por uma consequência (critério pessoal
e quantitativo).
Diferença entre Obrigação Tributária e Crédito Tributário:
1. Conceito de Obrigação Tributária: A obrigação tributária é a soma da hipótese de incidência e do fato
gerador em sentido estrito. Ocorrendo no mundo dos fatos (fato gerador em sentido estrito) situação que se
enquadre na lei como apta a deflagrar a relação jurídico-tributária (hipótese de incidência), nasce a obrigação
tributária.
2. Conceito de Crédito Tributário: Após o surgimento da obrigação tributária, é preciso quantificar o
tributo e identificar o sujeito passivo, o que é feito através de um procedimento administrativo chamado de
lançamento. Após esse procedimento administrativo, surge o crédito tributário. Em resumo, temos os
seguintes estágios:
ESTÁGIOS PARA FORMAÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO
1º) HIPÓTESE DE
INCIDÊNCIA
O legislador prevê uma situação apta a deflagrar a origem de uma obrigação
tributária. Trata-se de uma situação abstrata, prevista em lei.
50
2º) FATO GERADOR Ocorre no mundo dos fatos uma situação que se enquadra perfeitamente na
hipótese de incidência.
3º) OBRIGAÇÃO
TRIBUTÁRIA
Surge a obrigação tributária após a subsunção do fato gerador à hipótese de
incidência. Isso gera um vínculo jurídico entre Estado e sujeito passivo.
4º) LANÇAMENTO É preciso quantificar e precisar o sujeito passivo do tributo, por meio de um
procedimento administrativo chamando pelo CTN de lançamento.
5º) CRÉDITO
TRIBUTÁRIO
Finalizado o lançamento, surge o crédito tributário.
Obrigação Tributária Principal e Obrigação Tributária Acessória:
OBRIGAÇÃO PRINCIPAL OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA
Conteúdo ·É obrigação de pagar. Logo,
necessariamente, tem conteúdo
pecuniário.
· É obrigação de fazer ou não fazer. Não tem
conteúdo pecuniário. É um dever instrumental.
Curiosidade · Embora a multa não seja tributo, a
obrigação de pagá-la é obrigação
principal tributária.
· Não depende da obrigação principal para existir.
Logo, pode existir obrigação acessória sem que
exista obrigação principal.
Exemplo: art. 14, inciso III, do CTN diz que as
entidades de assistência social devem escriturar
livros para gozar da imunidade que lhes é conferida.
Conclusão: ainda que as entidades de assistência
social imunes não paguem tributos, elas têm que
cumprir as obrigações acessórias. Muitas vezes, o
cumprimento dessas obrigações acessórias é
necessário justamente para comprovar o
preenchimento de requisitos para o gozo de
imunidades/isenções.
Instituição
·Mediante LEI. ·Mediante LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA, que é termo
mais amplo do que a lei.
Em suma, no direito tributário, tanto um crédito quanto os respectivos juros e multas são considerados
obrigação tributária principal, pois o enquadramento de uma obrigação tributária como principal depende
exclusivamente do seu conteúdo pecuniário.
51
Nos termos do art. 113, §§ 2º e 3º, do CTN, a obrigação acessória prevista em "legislação tributária" vincula o
contribuinte, bem como terceiro, no objetivo de obrigá-lo a fazer, não fazer ou tolerar que se faça, de modo
que a não observância do dever legalmente imputado conduz à aplicação de penalidade pecuniária (multa),
que se transmuta em obrigação principal.
A inobservância da obrigação acessória legitima a imposição de multa, o que transforma a obrigação acessória
em principal quanto à penalidade aplicada, cujo "sujeito passivo da obrigação acessória é a pessoa obrigada
às prestações que constituam o seu objeto" (art. 122 do CTN).
A obrigação acessória possui caráter autônomo em relação à principal, pois mesmo não existindo obrigação
principal a ser adimplida, pode haver obrigação acessória a ser cumprida, no interesse da arrecadação ou da
fiscalização de tributos. "O STJ possui o entendimento de que 'a obrigação acessória prevista no artigo 113,
§ 2º c/c 115, do CTN, constitui dever instrumental, independente da obrigação principal, e subsiste, ainda
que o tributo seja declarado inconstitucional, principalmente para os fins de fiscalização da Administração
Tributária'. Precedente: REsp 1583022
Risco de Pegadinha: Obrigação principal e acessória
1. As bancas costumam inverter a forma de instituição da obrigação principal e acessória. Dizem que a
instituição da obrigação tributária principal deve ser feita por meio de legislação e que a da acessória deve ser
feita por meio de lei, o que está errado.
2. As bancas costumam dizer que o pagamento de multa é obrigação tributária acessória, misturando lições
do Direito Civil com lições do Direito Tributário. Ora, no Direito Civil, a multa é obrigação acessória. No Direito
Tributário, é obrigação principal.
3. As bancas costumam dizer que a obrigação acessória depende da principal, fazendo novamente uma
referência ao ensinamento do Direito Civil de que o acessório deve seguir o principal (princípio da gravitação
jurídica). Contudo, no Direito Tributário, a obrigação acessória existe independentemente da obrigação
principal.
4. O CTN preceitua que a inobservância da obrigação acessória a converte em obrigação principal, referente à
penalidade pecuniária. Diante da palavra “conversão”, as bancas costumam dizer que a obrigação acessória
deixa de existir para dar surgimento à obrigação principal (penalidade pecuniária). Todavia, isso não é verdade.
A obrigação acessória continuará existindo ao lado da obrigação na qual foi “convertida” (principal de
pagamento de penalidade pecuniária).
Ocorrência do Fato Gerador:
52
SITUAÇÃO DE FATO SITUAÇÃO JURÍDICA
Desde o momento em que o se
verifiquem as circunstâncias materiais
necessárias a que produza os efeitos que
normalmente lhe são próprios.
Desde o momento em que esteja definitivamente constituída, nos
termos de direito aplicável.
Segundo o artigo 117 do CTN, os atos ou negócios jurídicos
condicionais reputam-se perfeitos e acabados:
CONDIÇÃO
SUSPENSIVA
desde o momento de seu implemento.
Exemplo: doação de casa se namorados se
casarem. Só receberão a casa após celebração
do casamento.
CONDIÇÃO
RESOLUTÓRIA
desde o momento da prática do ato ou da
celebração do negócio.
Exemplo: doação de casa enquanto marido e
mulher continuarem juntos. Se resolverem se
separar, perdem a casa.
Risco de Pegadinha:
1.As bancas costumam confundir o aluno trocando os conceitos de situação fática e situação jurídica.
CESPE/CEBRASPE, AGU, 2004: Se determinado tributo tem como hipótese de incidência uma situação jurídica,
somente haverá o fato gerador quando se verificarem presentes e ocorridas as circunstâncias materiais
necessárias à produção dos efeitos que são normalmente inerentes a esses fatos.
Errado.
Como decorar? Situação de fato é uma circunstância material.
2. As bancas costumam trocar o momento da ocorrência do fato gerador dos negócios condicionais,
confundindo o aluno entre a condição suspensiva e resolutória.
CESPE/CEBRASPE, TCEPR, 2016: Os atos ou negócios jurídicos condicionais reputam-se perfeitos e acabados
se suspensiva a condição desde o momento da prática do ato.
Errado.
Como decorar?
Suspensiva: SUSPENDE o negócio. O negócio fica com eficácia suspensa até o implemento da condição.
Condição dá EFICÁCIA.
53
Resolutória: RESOLVE o negócio. O negócio tem sua eficácia desde o início, de modo que o implemento da
condição resolve o negócio. Condição dá INEFICÁCIA.
Espécies de Fato Gerador:
ESPÉCIES DE FATO GERADOR
INSTANTÂNEO Ocorre em um momento da linha do tempo.
PERIÓDICOS
Fatos geradores que se prolongam no tempo, sendo considerados ocorridos nos instantes
legalmente determinados. Eles podem ser:
PERIÓDICOS SIMPLES: tomam por base um único evento que se prolonga no tempo (Ex: IPTU
e IPVA).
PERIÓDICOS COMPOSTOS OU COMPLEXIVOS: tomam como base eventos que devem ser
considerados de maneira global, dentro de um determinado período de tempo legalmente
definido (Ex.: IR e CSLL).
Evasão, elisão e elusão fiscal:
EVASÃO ELISÃO ELUSÃO (ELISÃO INEFICAZ)
Conduta ilícita em que o contribuinte após
o fato gerador pratica atos que visam a
evitar o nascimento da obrigação
tributária.
Lembrar do crime de evasão de divisas,
conduta ilícita, tipificada criminalmente.
Planejamento tributário.
A elisão é lícita.
Lembrar que eLIsão é
LÍcita.
É formalmente lícita, mas há um
abuso de forma jurídica.
Lembrar que a elusão é uma ilusão.
Em regra, é posterior ao fato gerador,
porque o sujeito passivo esconde o que já
ocorreu.
Exceção: emissão de notas fraudulentas
de ICMS antes da saída da mercadoria do
estabelecimento.
Em regra, é anterior ao
fato gerador, porque é
planejada.
Exceção: a escolha da
modalidade de
declaração do Imposto
de Renda mais favorável
é um exemplo de elisão
que ocorre após o fato
gerador.
Anterior ou posterior.
54
Norma geral antielisão fiscal: A norma deveria ser chamada de norma antielusão fiscal, porque ela trata da
elusão. Todavia, ela é chamada de norma antielisão, porque ela trata da elisão ineficaz.
CLT, Art. 116. [...]
Parágrafo único. A autoridade administrativa poderá DESCONSIDERAR atos ou negócios jurídicos praticados
com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos
constitutivos da obrigação tributária, observados os procedimentos a serem estabelecidos em lei ordinária.
Há a desconsideração dos atos ou negócios jurídicos e não a desconstituição. O negócio entre as partes
continua eficaz. O Fisco apenas desconsidera o negócio jurídico e sai de cena.
O dispositivo diz que devem ser “observados os procedimentos a serem estabelecidos em lei ordinária”. Há
duas correntes:
1ª corrente: a lei ordinária não é autoaplicável. Logo, depende de uma lei ordinária. Daí, há quem diga que é
preciso uma lei ordinária ente tributante (maioria) e há quem diga que é preciso uma lei ordinária geral.
2ª corrente: a norma é autoaplicável, podendo o Fisco usar da lei do processo administrativo tributário.
Aplicação da teoria da consideração econômica do fato gerador, teoria da finalidade negocial, teoria do teste
do propósito negocial.
Elemento subjetivo da obrigação tributária: sujeito ativo e passivo
O elemento subjetivo da obrigação tributária é composto pelo sujeito ativo e pelo sujeito passivo. Em relação
ao sujeito ativo, que é o Fisco, o CTN vaticina:
SUJEITO ATIVO DA OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA
CAPACIDADE TRIBUTÁRIA COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA
·Art. 119. Sujeito ativo da obrigação é a pessoa
jurídica de direito público, titular da
competência para exigir o seu cumprimento.
·Esse dispositivo trata da capacidade tributária
ativa, que é delegável de uma pessoa jurídica de
direito público para outra.
·Art. 7º. A competência tributária é indelegável, salvo
atribuição das funções de arrecadar ou fiscalizar
tributos, ou de executar leis, serviços, atos ou decisões
administrativas em matéria tributária, conferida por
uma pessoa jurídica de direito público a outra, nos
termos do §3º do artigo 18 da Constituição.
55
·A capacidade tributária ativa é diferente de
competência tributária, que é indelegável.
·A competência tributária é indelegável, intransferível,
inalterável e irrenunciável, pois é traçada pela CF. Desse
modo, admitir a delegação de competência para instituir
um tributo é o mesmo que admitir que a Constituição
seja alterada por norma infraconstitucional.
Em relação ao sujeito passivo, que é o contribuinte ou responsável, o CTN vaticina:
SUJEITO PASSIVO DA OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA
CONTRIBUINTE RESPONSÁVEL
Relação pessoal e direta com a situação que
constitui fato gerador.
Não tem relação direta e pessoal, mas a lei imputou a
responsabilidade.
Capacidade Tributária Passiva
É a aptidão para ser sujeito passivo da relação jurídico-tributária, que independe:
· da capacidade civil das pessoas naturais
· de achar-se a pessoa natural sujeita a medidas que importem privação ou limitação do exercício de
atividades civis, comerciais ou profissionais, ou da administração direta de seus bens ou negócios
· de estar a pessoa jurídica regularmente constituída, bastando que configure uma unidade econômica ou
profissional.
Solidariedade:
SOLIDARIEDADE TRIBUTÁRIA
ATIVA Não existe, devido à rígida repartição de competência tributária estabelecida pela Constituição
Federal.
PASSIVA
Hipóteses
Pessoas com interesse comum na situação que constitua fato gerador.
Pessoas expressamente designadas pela lei.
Inexistência de benefício de ordem
A solidariedade não comporta benefício de ordem.
Melhor forma de entender isso é imaginar que, sendo o Direito Tributário uma expressão da
força estatal, suas normas são, em regra, bem favoráveis ao Fisco.
O que é melhor para o Fisco?
56
Poder escolher qualquer um dos devedores solidários. Logo, não há benefício de ordem.
Efeitos
Salvo disposição legal em contrário, os efeitos são os seguintes:
· o pagamento efetuado por um dos obrigados aproveita aos demais.
· a isenção ou remissão de crédito exonera todos os obrigados, salvo se outorgada pessoalmente
a um deles, subsistindo, nesse caso, a solidariedade quanto aos demais pelo saldo.
· a interrupção da prescrição, em favor ou contra um dos obrigados, favorece ou prejudica aos
demais.
Domicílio Tributário
1. Regra: O domicílio tributário é escolha do sujeito passivo. As regras do art. 127 somente se aplicam
na falta de eleição.
2. Embora a escolha seja livre do sujeito passivo, o Fisco pode recusar, de forma motivada, caso constate
que o domicílio escolhido impossibilita ou dificulta a arrecadação ou a fiscalização do tributo (art. 127, § 2º,
do CTN).
5. CRÉDITO TRIBUTÁRIO
57
Crédito Tributário: após ocorrido o fato gerador e antes do lançamento, o que existe é a obrigação tributária.
O crédito tributário só passa a existir após o lançamento. O lançamento é o PROCEDIMENTO que transforma
a obrigação tributária em crédito tributário.
CTN, Art. 139. O crédito tributário decorre da obrigação principal e tem a mesma natureza desta.
Súmula n. 436 do STJ: A entrega de declaração pelo contribuinte reconhecendo débito fiscal constitui
o crédito tributário, dispensada qualquer outra providência por parte do fisco.
Súmula n. 622 do STJ: A notificação do auto de infração faz cessar a contagem da decadência para a
constituição do crédito tributário; exaurida a instância administrativa com o decurso do prazo para a
impugnação ou com a notificação de seu julgamento definitivo e esgotado o prazo concedido pela
Administração para o pagamento voluntário, inicia-se o prazo prescricional para a cobrança judicial.
Súmula n. 446 do STJ: Declarado e não pago o débito tributário pelo contribuinte, é legítima a recusa de
expedição de certidão negativa ou positiva com efeito de negativa.
Súmula n. 555 do STJ: Quando não houver declaração do débito, o prazo decadencial quinquenal para o Fisco
constituir o crédito tributário conta-se exclusivamente na forma do art. 173, I, do CTN, nos casos em que a
legislação atribui ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade
administrativa.
Súmula n. 397 do STJ: O contribuinte do IPTU é notificado do lançamento pelo envio do carnê ao seu endereço.
Qual a natureza jurídica do lançamento?
58
Natureza jurídica mista (Ricardo Alexandre). Constitutiva do crédito tributário e declaratória quanto à
obrigação, a teor do art. 142 do CTN e entendimento do STJ que já afirmou que o crédito tributário não surge
com o fato gerador. Ele é constituído com o lançamento.
Aplicação das normas tributárias ao lançamento:
APLICAÇÃO DAS NORMAS
LEGISLAÇÃO
MATERIAL
LEI VIGENTE NA DATA DA OCORRÊNCIA DO FATO GERADOR, ainda que
posteriormente modificada ou revogada.
Art. 144. O lançamento reporta-se à data da ocorrência do fato gerador da obrigação
e rege-se pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada.
LEGISLAÇÃO
FORMAL
LEI VIGENTE NA DATA DO LANÇAMENTO.
Art. 144. (...)
§1º. Aplica-se ao lançamento a legislação que, posteriormente à ocorrência do fato
gerador da obrigação, tenha instituído novos critérios de apuração ou processos de
fiscalização, ampliado os poderes de investigação das autoridades administrativas,
ou outorgado ao crédito maiores garantias ou privilégios, exceto, neste último caso,
para o efeito de atribuir responsabilidade tributária a terceiros.
Quando o valor do tributo for em moeda estrangeira, far-se-á a conversão para moeda nacional ao câmbio do
dia da ocorrência do fato gerador, SALVO DISPOSIÇÃO DE LEI EM SENTIDO CONTRÁRIO.
Competência para lançar:
Competência exclusiva do auditor fiscal. A exclusividade da competência para a realização do lançamento
vincula até mesmo o juiz, que NÃO PODE LANÇAR, e tampouco corrigir, lançamento realizado pela
autoridade administrativa.
Nesse sentido, imagine que o auditor faça um lançamento fiscal. Após, o contribuinte queira impugnar ato
judicialmente pela via do mandado de segurança. Nesse caso, o Secretário de Estado da Fazenda pode ser
arrolado com autoridade coatora?
NÃO. O Secretário de Estado da Fazenda não está legitimado a figurar, como autoridade coatora, em
mandados de segurança que visa evitar a prática de lançamento fiscal.
A autoridade coatora desempenha duas funções no mandado de segurança:
59
a) uma, internamente, de natureza processual, consistente em defender o ato impugnado pela impetração;
trata-se de hipótese excepcional de legitimidade ad processum, em que o órgão da pessoa jurídica, não o
representante judicial desta, responde ao pedido inicial;
b) outra, externamente, de natureza executiva, vinculada à sua competência administrativa; ela é quem
cumpre a ordem judicial.
(...) VII. A jurisprudência da Segunda Turma do STJ orienta-se no sentido de que o Secretário de Estado da
Fazenda não possui legitimidade para figurar, como autoridade coatora, em mandado de segurança que visa
afastar exigência fiscal supostamente ilegítima (STJ. 2ª Turma. RMS 54823-PB, Rel. Min. Assusete Magalhães,
julgado em 26.05.2020 - Info 673).
Lançamento como atividade vinculada:
Como o tributo é cobrado mediante atividade administrativa plenamente vinculada, e o lançamento é o ato
que formaliza o valor do crédito, dando-lhe certeza, liquidez e exigibilidade, há de se concluir que a atividade
de lançar é VINCULADA.
Como caiu em prova:
CESPE/CEBRASPE, PGM FORTALEZA, 2019: No que concerne à atividade de cobrança de tributo, não se admite
avaliação do mérito administrativo pelo agente público, uma vez que o motivo e o objeto da atividade
administrativa fiscal são plenamente vinculados.
Certo.
CESPE/CEBRASPE, PC-PE, 2016: O ato de lançamento é corretamente classificado como um ato discricionário.
Errado.
Princípio da irreversibilidade do lançamento: Uma vez concluído o lançamento e noticiado o sujeito passivo,
a regra é a de que o lançamento não pode ser alterado. É o que se chama de princípio da irreversibilidade do
lançamento. Contudo, há exceções. Veja:
CTN, Art. 145. O lançamento regularmente notificado ao sujeito passivo só pode ser alterado em virtude de:
I - impugnação do sujeito passivo;
II - recurso de ofício;
III - iniciativa de ofício da autoridade administrativa, nos casos previstos no artigo 149.
(...)
Art. 149. O lançamento é efetuado e revisto de ofício pela autoridade administrativa nos seguintes casos:
I - quando a lei assim o determine;
60
II - quando a declaração não seja prestada, por quem de direito, no prazo e na forma da legislação tributária;
III - quando a pessoa legalmente obrigada, embora tenha prestado declaração nos termos do inciso anterior,
deixe de atender, no prazo e na forma da legislação tributária, a pedido de esclarecimento formulado pela
autoridade administrativa, recuse-se a prestá-lo ou não o preste satisfatoriamente, a juízo daquela
autoridade;
IV - quando se comprove falsidade, erro ou omissão quanto a qualquer elemento definido na legislação
tributária como sendo de declaração obrigatória;
V - quando se comprove omissão ou inexatidão, por parte da pessoa legalmente obrigada, no exercício da
atividade a que se refere o artigo seguinte;
VI - quando se comprove ação ou omissão do sujeito passivo, ou de terceiro legalmente obrigado, que dê lugar
à aplicação de penalidade pecuniária;
VII - quando se comprove que o sujeito passivo, ou terceiro em benefício daquele, agiu com dolo, fraude ou
simulação;
VIII - quando deva ser apreciado fato não conhecido ou não provado por ocasião do lançamento anterior;
IX - quando se comprove que, no lançamento anterior, ocorreu fraude ou falta funcional da autoridade que o
efetuou, ou omissão, pela mesma autoridade, de ato ou formalidade especial.
Como caiu em prova:
CESPE/CEBRASPE, PGM MANAUS, 2018: O lançamento regularmente notificado ao sujeito passivo pode ser
modificado em razão do provimento de recurso de ofício.
Certo.
Espécies de lançamento:
ESPÉCIES DE LANÇAMENTO
DIRETO OU DE OFÍCIO Dispensa auxílio do contribuinte. Além dos tributos que a lei determina como
hipótese de lançamento de ofício, esta modalidade de lançamento dar-se-á
quando feito em substituição ou para a correção de lançamento não feito ou
feito incorretamente em outra modalidade.
Lançamento e revisão ex ofício:
Dolo, fraude ou simulação do sujeito passivo, ou de terceiro em seu
benefício;
Fato não conhecido ou não provado no lançamento anterior;
61
Fraude, omissão ou falta funcional da autoridade que efetuou lançamento
anterior.
MISTO OU POR
DECLARAÇÃO
Realizado com base na declaração do sujeito passivo. O contribuinte dá
informações sobre a matéria de fato.
POR HOMOLOGAÇÃO
OU
AUTOLANÇAMENTO
O contribuinte recolhe as informações sobre matéria de fato e enquadra na
legislação. Após isso, paga o tributo. A atividade administrativa concentra-se na
homologação.
Há quem diga que o arbitramento é uma espécie de lançamento de ofício. A doutrina majoritária defende o
arbitramento não é uma espécie de lançamento, mas sim uma técnica, também chamada de aferição indireta.
O arbitramento apura a base de cálculo mediante elementos indiciários ou presunções legais. Trata-se de
modalidade excepcional e subsidiária.
Prazo para rever o lançamento:
Enquanto não extinto o direito da Fazenda Pública.
Como caiu em prova:
CESPE/CEBRASPE, PGM FORTALEZA, 2017: Considera-se válida e regular a notificação do lançamento de ofício
do imposto predial e territorial urbano por meio de envio de carnê ou da publicação de calendário de
pagamento juntamente com as instruções para o cumprimento da obrigação tributária.
Certo.
Especificidades do lançamento por homologação:
Por meio dessa modalidade de lançamento o sujeito passivo antecipa o pagamento do tributo, sem prévia
anuência da autoridade administrativa, que manifestará sua concordância a posteriori com a atividade do
sujeito passivo, atestando sua correção.
Vejamos o que orienta o art. 150 do CTN:
Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito
passivo o dever de ANTECIPAR O PAGAMENTO sem prévio exame da autoridade administrativa, opera-se
pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado,
expressamente a homologa.
62
§ 1º O pagamento antecipado pelo obrigado nos termos deste artigo extingue o crédito, sob condição
resolutória da ulterior homologação ao lançamento.
§ 2º Não influem sobre a obrigação tributária quaisquer atos anteriores à homologação, praticados pelo
sujeito passivo ou por terceiro, visando à extinção total ou parcial do crédito.
§ 3º Os atos a que se refere o parágrafo anterior serão, porém, considerados na apuração do saldo porventura
devido e, sendo o caso, na imposição de penalidade, ou sua graduação.
§ 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de CINCO ANOS, a contar da OCORRÊNCIA DO FATO
GERADOR; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considera-se homologado
o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou
simulação.
Da norma retro, extraem-se duas observações:
A lei ordinária que rege o tributo pode estabelecer outro prazo para que o fisco homologue o pagamento
antecipado. Prevalece na doutrina que essa fixação de outro prazo não pode ser superior a cinco anos,
previstos na regra geral do CTN. Na ausência de prazo específico distinto, fica valendo o limite de 5 anos
trazidos no §4º do art. 150.
Na ocorrência de dolo, fraude ou simulação, afasta-se o marco inicial da contagem do prazo quinquenal
e aplica-se a regra geral do art. 173, I, do CTN, tendo como marco substitutivo “o do primeiro dia do
exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado”.
A homologação poderá ser expressa ou tácita.
Guardem isso:
O pagamento antecipado pelo contribuinte EXTINGUE o crédito, sob condição resolutória da ulterior
homologação ao lançamento.
Qual o prazo para a homologação tácita do pagamento, nos casos de tributos sujeitos a lançamento por
homologação?
Cinco anos, a contar da ocorrência do FATO GERADOR, se a lei não fixar outro prazo.
ATENÇÃO! É cinco anos do FATO GERADOR e não do pagamento.
Como caiu em prova:
CESPE/CEBRASPE, AGU, 2015: Carlos ajuizou, em 2006, ação contra Paulo, na qual pleiteou indenização por
danos materiais e morais. Após sentença transitada em julgado, ele obteve julgamento de procedência total
63
dos pedidos formulados, razão pela qual recebeu, a título de indenização por danos morais, o valor de R$
50.000, sendo R$ 20.000 a título de danos morais próprios e R$ 30.000 a título de danos estéticos. Pelos danos
materiais, Carlos recebeu R$ 30.000, dos quais R$ 10.000 correspondem a danos emergentes e R$ 20.000 a
lucros cessantes. No tempo devido, ele declarou os valores recebidos e efetuou o recolhimento do imposto
de renda correspondente.
Com referência a essa situação hipotética, julgue o item a seguir.
A extinção do crédito tributário ocorrerá cinco anos após o pagamento realizado por Carlos, quando ocorre a
homologação tácita da declaração e do pagamento realizado, visto que o imposto de renda é espécie tributária
sujeita a lançamento por homologação.
Errado. É do fato gerador.
O pagamento parcial tem o condão de fulminar a obrigação em sua totalidade?
Obviamente que NÃO. No caso de pagamento parcial, a homologação é recusada e a diferença devida é
lançada de ofício, deduzindo a parte já carreada aos cofres públicos, incidindo a penalidade a ser porventura
aplicada somente sobre o saldo restante.
De olho na jurisprudência:
Na hipótese de lançamento suplementar de ICMS, em decorrência de dimensionamento incorreto do crédito
tributário pelo sujeito passivo (creditamento a maior e diferencial de alíquotas), deve ser aplicado o prazo
decadencial do art. 150, § 4º, CTN, e não o art. 173, I, para o Fisco constituir o crédito:
Art. 150 (...) § 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato
gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considera-se homologado
o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou
simulação. STJ. 2ª Turma. AREsp 1.471.958-RS, Rel. Min. Assusete Magalhães, julgado em 18.05.2021 (Info
698).
Ausência de declaração do débito:
Partindo do pressuposto de que a homologação não pode incidir sobre o nada, o STJ tem entendimento
firmado no sentido de que “se não houver antecipação de pagamento, não há falar-se em lançamento por
homologação, mas em lançamento de ofício” (STJ, 2.a T., REsp 23.706/RS, Rel. Min. Antônio de Pádua Ribeiro,
j. 08.08.1996, DJ 14.10.1996, p. 38.978); de forma que, também neste caso, a contagem dos prazos seguirá as
regras estipuladas para o lançamento de ofício.
64
Súmula n. 555 do STJ: Quando não houver declaração do débito, o prazo decadencial quinquenal para o
Fisco constituir o crédito tributário conta-se exclusivamente na forma do art. 173, I, do CTN (lançamento de
ofício), nos casos em que a legislação atribui ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio
exame da autoridade administrativa.
Como caiu em prova:
CESPE/CEBRASPE, EMAP, 2018: O lançamento por homologação, também denominado pela doutrina como
autolançamento, exige a antecipação do pagamento do tributo sem prévio exame da autoridade
administrativa.
Certo.
Declaração sem pagamento:
Para fins de constituição do lançamento, o que acontece se houver a declaração, porém, sem a antecipação
do pagamento pelo contribuinte?
Como já vimos, nos casos em que o tributo foi DECLARADO e NÃO PAGO, há a constituição do crédito tributário
sendo possível a imediata inscrição em dívida ativa e posterior ajuizamento da ação de execução fiscal.
Esse é o entendimento do STJ, que entendeu que se o contribuinte elabora as declarações informando
débitos não pagos, a lei prevê tal situação como confissão de débito, com efeito constitutivo do crédito
tributário, NÃO havendo que se falar em decadência. Nas decisões mais recentes o STJ acabou por estender
tal raciocínio para todas as declarações tributárias existentes na sistemática do lançamento por homologação.
Observe a súmula 436 do STJ:
Súmula n. 436 do STJ: A entrega de DECLARAÇÃO pelo contribuinte reconhecendo débito fiscal CONSTITUI O
CRÉDITO TRIBUTÁRIO, dispensada qualquer outra providência por parte do fisco.
O STF está alinhado a essa posição: (AI 838302 AgR).
Como caiu em prova:
CESPE/CEBRASPE, PGM Fortaleza, 2017: A declaração prestada pelo contribuinte nos tributos sujeitos a
lançamento por homologação não constitui o crédito tributário, pois está sujeita a condição suspensiva de
ulterior homologação pela administração tributária.
Errado.
65
CESPE/CEBRASPE, PGE-PI, 2014: A declaração do contribuinte exigida por lei constitui o próprio crédito
tributário, sendo desnecessária qualquer atividade subsequente da administração tributária para a
formalização do lançamento fiscal ou a notificação do contribuinte para pagamento.
Certo.
Resumindo:
Se o tributo NÃO foi declarado e NEM PAGO, o termo inicial do prazo decadencial é o primeiro dia do
exercício seguinte (aplicação do art. 173 I do CTN). A homologação incide sobre o pagamento. Não havendo
pagamento nem declaração de débito, não há o que homologar, devendo, por conseguinte, ser utilizada a
regra geral de contagem do prazo decadencial para efeito de realização de lançamento de ofício.
Se foi declarado e realizado um pagamento a menor, a Fazenda Pública tem o prazo de cinco anos contados
da data do fato gerador, para homologar tal pagamento expressamente ou realizar eventual lançamento
suplementar (de ofício), caso contrário, ocorrerá homologação tácita e o crédito estará definitivamente
extinto (aplicação pura e simples do art. 150 § 4º do CTN4).
Se o tributo foi declarado e NÃO PAGO, não há que se falar em decadência, pois o crédito tributário estará
constituído pela própria declaração de débito do contribuinte, sendo possível a imediata inscrição em dívida
ativa e posterior ajuizamento da ação de execução fiscal (a preocupação passa, portanto, a ser com o prazo
prescricional, contado a partir do vencimento do prazo para pagamento).
Por fim, quando verificado a presença de dolo, fraude ou simulação sedimentou-se em sede doutrinaria o
entendimento no sentido de que, na ausência de regra expressa, a contagem deve ser feita de acordo com a
regra geral.
4 CTN, Art. 150, § 4º. Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato
gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considera-se homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação
66
6. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA
Diferença entre Contribuinte e Responsável:
CONTRIBUINTE RESPONSÁVEL
Tem relação PESSOAL E DIRETA com a situação que
constitui fato gerador.
NÃO TEM RELAÇÃO PESSOAL E DIRETA, mas a lei
imputou a responsabilidade.
Art. 121.
I - contribuinte, quando tenha relação pessoal e
direta com a situação que constitua o respectivo
fato gerador.
Art. 121.
II - responsável, quando, sem revestir a condição de
contribuinte, sua obrigação decorra de disposição
expressa de lei.
Súmula n. 399 do STJ: Cabe à legislação municipal estabelecer o sujeito passivo do IPTU.
Súmula n. 585 do STJ: A responsabilidade solidária do ex-proprietário, prevista no art. 134 do Código de
Trânsito Brasileiro - CTB, não abrange o IPVA incidente sobre o veículo automotor, no que se refere ao período
posterior à sua alienação.
Súmula n. 431 do STJ: É ilegal a cobrança de ICMS com base no valor da mercadoria submetido ao regime de
pauta fiscal.
O dispositivo abaixo despenca em provas:
CTN, Art. 123. Salvo disposições de lei em contrário, as convenções particulares, relativas à responsabilidade
pelo pagamento de tributos, não podem ser opostas à Fazenda Pública, para modificar a DEFINIÇÃO LEGAL
DO SUJEITO PASSIVO DAS OBRIGAÇÕES TRIBUTÁRIAS correspondentes.
O CTN retira a eficácia das convenções particulares no ponto em que alteram o sujeito passivo da obrigação
tributária. Isso porque sujeito passivo de obrigação tributária deve ser indicado por lei e não por meio de
contrato particular.
Exemplo: locação de imóvel. Quase todos os contratos de locação atribuem ao locatário o dever de pagar
IPTU. Contudo, continua a ser do proprietário a obrigação legal de pagar o IPTU e, portanto, é ele quem possui
legitimidade ativa para pedir restituição do tributo em caso de pagamento indevido.
Súmula n. 614 do STJ: O locatário não possui legitimidade ativa para discutir a relação jurídico-tributária de
IPTU e de taxas referentes ao imóvel alugado nem para repetir indébito desses tributos.
67
Responsabilidade pessoal, solidária ou subsidiária: O artigo que distingue a responsabilidade pessoal da
responsabilidade subsidiária é o seguinte:
CTN, Art. 128. Sem prejuízo do disposto neste capítulo, a lei pode atribuir de modo expresso a
responsabilidade pelo crédito tributário a terceira pessoa, vinculada ao fato gerador da respectiva obrigação,
excluindo a responsabilidade do contribuinte ou atribuindo-a a este em caráter supletivo do cumprimento
total ou parcial da referida obrigação.
A expressão “Sem prejuízo do disposto neste capítulo” indica que a responsabilidade tributária pode ser
tratada pela legislação local dos entes tributantes. As normas gerais estão dispostas no CTN, lei complementar
(art. 146, III, b, da CF). Contudo, os entes tributantes podem também legislar sobre responsabilidade
tributária, desde que obedeça aos limites traçados pela norma geral. Veja o seguinte entendimento:
Súmula n. 399 do STJ: Cabe à legislação municipal estabelecer o sujeito passivo do IPTU.
Se violar os termos do CTN, a norma estadual ou municipal será inconstitucional. Veja o precedente do Info
966 do STF (compilado abaixo).
A expressão “a lei pode atribuir de modo expresso a responsabilidade pelo crédito tributário a terceira pessoa,
vinculada ao fato gerador da respectiva obrigação, excluindo a responsabilidade do contribuinte” trata sobre
a responsabilidade por substituição tributária, na qual a obrigação tributária já surge para o responsável e não
para o contribuinte, que é excluído da relação. O caso é de responsabilidade pessoal. Exemplo: artigo 131 do
CTN.
CTN, Art. 131. São pessoalmente responsáveis:
I - o adquirente ou remitente, pelos tributos relativos aos bens adquiridos ou remidos;
II - o sucessor a qualquer título e o cônjuge meeiro, pelos tributos devidos pelo de cujus até a data da partilha
ou adjudicação, limitada esta responsabilidade ao montante do quinhão do legado ou da meação;
III - o espólio, pelos tributos devidos pelo de cujus até a data da abertura da sucessão.
A expressão “excluindo a responsabilidade do contribuinte ou atribuindo-a a este em caráter supletivo do
cumprimento total ou parcial da referida obrigação” trata da responsabilidade subsidiária ou solidária.
Responsabilidade por substituição e responsabilidade por transferência:
68
RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA
SUBSTITUIÇÃO, ORIGINÁRIA, DE 1º GRAU TRANSFERÊNCIA, SECUNDÁRIA, DE 2º GRAU
A sujeição passiva nasce no mesmo momento da
ocorrência do fato gerador. É, por isso, um sujeito
passivo direto.
A sujeição passiva nasce em momento posterior à
ocorrência do fato gerador. É, por isso, um sujeito
passivo indireto.
A obrigação tributária surge para o responsável e não
para o contribuinte, que é excluído da relação.
A lei substituiu o contribuinte pelo responsável desde
o surgimento da obrigação tributária.
A obrigação tributária surge para o contribuinte ou
para o responsável.
A lei, contudo, transfere a obrigação tributária para
algum responsável.
Exemplos:
Substituição tributária regressiva e progressiva do
ICMS.
Retenção do IRPF na fonte.
Exemplos:
Transferência por sucessão.
Transferência de terceiros.
Responsabilidade por substituição, originária ou de 1º grau: As duas formas de substituição tributária que
mais merecem atenção para concursos da Advocacia Pública são as seguintes:
SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA
REGRESSIVA OU PARA TRÁS PROGRESSIVA OU PARA FRENTE
As pessoas das posições anteriores
da cadeia de consumo são
substituídas por pessoas que ocupam
posições posteriores.
As pessoas das posições posteriores da cadeia de consumo são
substituídas por pessoas que ocupam posições anteriores.
Há um diferimento, um adiamento
no pagamento do tributo, porque
quem paga está em posição
posterior, substituindo quem está em
posição anterior.
Por qual razão o Fisco optará por
receber o imposto de forma adiada?
Por uma questão de fiscalização na
arrecadação.
Há uma antecipação no pagamento do tributo, porque quem paga
está em posição anterior, substituindo quem está em posição
posterior.
Como calcular o imposto de um fato gerador que ainda não ocorreu?
De fato, o fato gerador é presumido. O montante do tributo é
calculado na forma do art. 8º, inciso II, da Lei Complementar n. 87/96
– Lei Kandir.
Art. 8º. A base de cálculo, para fins de substituição tributária, será:
(...)
69
II - em relação às operações ou prestações subseqüentes, obtida pelo
somatório das parcelas seguintes:
a) o valor da operação ou prestação própria realizada pelo substituto
tributário ou pelo substituído intermediário;
b) o montante dos valores de seguro, de frete e de outros encargos
cobrados ou transferíveis aos adquirentes ou tomadores de serviço;
c) a margem de valor agregado, inclusive lucro, relativa às operações
ou prestações subseqüentes. (...)
§ 4º A margem a que se refere a alínea c do inciso II do caput será
estabelecida com base em preços usualmente praticados no mercado
considerado, obtidos por levantamento, ainda que por amostragem
ou através de informações e outros elementos fornecidos por
entidades representativas dos respectivos setores, adotando-se a
média ponderada dos preços coletados, devendo os critérios para sua
fixação ser previstos em lei.
A técnica é usada nos casos em que
há muitos fornecedores.
A cadeia de consumo vai se
afunilando, porque sai de muitos
fornecedores e se concentra em
poucos distribuidores.
A técnica é usada para casos em que há poucos fornecedores.
A cadeia de consumo vai se alargando, porque sai de poucos
fornecedores para muitos distribuidores.
Muito se discutiu sobre a constitucionalidade da substituição progressiva ou para frente, na qual se recolhe
um tributo sem que o fato gerador tenha ocorrido no mundo dos fatos. Para diminuir as dúvidas sobre a
constitucionalidade, foi inserido o seguinte dispositivo na CF:
CF, Art. 150. (…)
§ 7.º A lei poderá atribuir a sujeito passivo de obrigação tributária a condição de responsável pelo pagamento
de impostos ou contribuição, cujo fato gerador deva ocorrer posteriormente, assegurada a imediata e
preferencial restituição da quantia paga, caso não se realize o fato gerador presumido.
O dispositivo acima diz que é devida a restituição no caso de não realização do fato gerador presumido.
Todavia, no caso de realização do fato gerador com um valor abaixo do que foi presumido, é devida a
restituição?
70
SIM. Segundo o STF, é devida a restituição da diferença do ICMS pago a mais no regime de substituição
tributária para frente se a base de cálculo efetiva da operação for inferior a presumida. O fato gerador
presumido não goza de presunção absoluta. Logo, a restituição é devida para não haver enriquecimento sem
causa do Fisco e para não se violar o princípio da capacidade contributiva e vedação ao confisco. – Precedente:
Info 844 do STF
A técnica da substituição tributária atende ao princípio da praticidade ou da praticabilidade tributária, que é
um princípio que busca a simplificação da arrecadação, a redução dos custos em prol da fiscalização e a
diminuição de fraudes no recolhimento do tributo.
O pagamento do tributo de forma antecipada pelo fato gerador presumido usa a técnica do valor agregado,
que é diferente da pauta fiscal e da técnica de arbitramento.
Responsabilidade do adquirente de imóvel: há duas hipóteses em que o adquirente de imóvel fica livre da
responsabilidade pelos débitos de impostos, taxas e contribuições de melhorias relativos à propriedade,
domínio útil ou posse anteriores à aquisição:
1. Prova de quitação dos débitos tributários no título de aquisição (escritura pública).
2. Arrematação em hasta pública.
O alienante possui legitimidade passiva para figurar em ação de execução fiscal de débitos constituídos em
momento anterior à alienação voluntária de imóvel. A responsabilidade é solidária entre alienante e
adquirente. Precedente: Info 610 do STJ
Responsabilidade na sucessão empresarial: A sucessão empresarial é vista de forma ampla, englobando
quaisquer operações entre empresas, com exceção da cisão, pois esse instituto somente passou a existir bem
após a edição do CTN. Como o CTN não tratou da cisão entre empresas, a cisão é regulada pelo caput do art.
233 da Lei de Sociedades Anônimas:
Art. 233. Na cisão com extinção da companhia cindida, as sociedades que absorverem parcelas do seu
patrimônio responderão solidariamente pelas obrigações da companhia extinta. A companhia cindida que
subsistir e as que absorverem parcelas do seu patrimônio responderão solidariamente pelas obrigações da
primeira anteriores à cisão.
A sucessão empresarial importa não só a sucessão de tributos como também de multas, sejam elas moratórias
ou punitivas. Veja Súmula do STJ nesse sentido:
71
Súmula n. 554 do STJ: Na hipótese de sucessão empresarial, a responsabilidade da sucessora abrange não
apenas os tributos devidos pela sucedida, mas também as multas moratórias ou punitivas referentes a fatos
geradores ocorridos até a data da sucessão.
É importante decorar a literalidade do art. 133 do CTN.
ARTIGO 133 DO CTN DESTRINCHADO
A pessoa NATURAL OU JURÍDICA DE DIREITO
PRIVADO, que adquirir de outra, por qualquer
título, FUNDO DE COMÉRCIO OU
ESTABELECIMENTO COMERCIAL, INDUSTRIAL
OU PROFISSIONAL
O adquirente pode ser pessoa natural ou jurídica de direito
privado.
Não há previsão de pessoa jurídica de direito público. Afinal,
as pessoas de direito público não exercem atividade
econômica.
E CONTINUAR A RESPECTIVA EXPLORAÇÃO, sob
a mesma ou outra razão social ou sob firma ou
nome individual
O adquirente tem que continuar a exploração da atividade
econômica.
responde pelos tributos, relativos ao fundo ou
estabelecimento adquirido, DEVIDOS ATÉ À
DATA DO ATO:
Os tributos que serão repassados têm relação com a
atividade econômica. Exemplos: ISS e ICMS.
I - INTEGRALMENTE, se o alienante CESSAR a
exploração do comércio, indústria ou atividade;
Se o alienante cessar a exploração da atividade econômica,
o adquirente responde sozinho pelos débitos devidos até a
alienação.
II - SUBSIDIARIAMENTE com o alienante, se este
prosseguir na exploração ou iniciar dentro de
SEIS MESES A CONTAR DA DATA DA
ALIENAÇÃO, nova atividade no mesmo ou em
outro ramo de comércio, indústria ou profissão.
O CTN deu um parâmetro objetivo do que significa o
alienante continuar a exploração da atividade econômica: 6
meses.
Ainda que a exploração da atividade econômica pelo
alienante se dê em outro ramo, ele responde primariamente
pelos débitos tributários.
Denúncia espontânea: é um permissivo legal para que o infrator possa retornar à legalidade, por meio da
confissão da dívida. Segundo a doutrina, o instituto se assemelha com o da desistência voluntária e do
arrependimento eficaz do Direito Penal.
72
CTN, Art. 138. A responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o
caso, do pagamento do tributo devido e dos juros de mora, ou do depósito da importância arbitrada pela
autoridade administrativa, quando o montante do tributo dependa de apuração.
Parágrafo único. NÃO SE CONSIDERA ESPONTÂNEA A DENÚNCIA APRESENTADA APÓS O INÍCIO DE
QUALQUER PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO OU MEDIDA DE FISCALIZAÇÃO, relacionados com a infração.
A vantagem da denúncia espontânea é afastar a multa. Não se afastam os juros nem a correção monetária.
Logo, para a utilização do instituto, é imprescindível a realização do pagamento do tributo devido, acrescido
de juros e correção monetária.
Embora a denúncia espontânea afaste a multa da obrigação principal, o instituto não afasta a multa
decorrente do descumprimento das obrigações acessórias. O sentido disso é incentivar o cumprimento das
obrigações acessórias, pois elas facilitam a fiscalização e controle pelo Fisco.
A denúncia espontânea libera o pagamento das multas punitivas e moratórias. O parcelamento e o depósito
judicial não permitem o contribuinte gozar das benesses da denúncia espontânea.
Súmula n. 360 do STJ: O benefício da denúncia espontânea não se aplica aos tributos sujeitos a lançamento
por homologação regularmente declarados, mas pagos a destempo.
Risco de Pegadinha:
A Súmula 360 do STJ prevê a hipótese do sujeito que declara um tributo, mas não recolhe o tributo.
O que acontece nesse caso?
O contribuinte declara o tributo e, dessa forma, constitui o crédito tributário (Súmula n. 436: A entrega de
declaração pelo contribuinte, reconhecendo o débito fiscal, constitui o crédito tributário, dispensada qualquer
outra providência por parte do Fisco.).
Uma vez constituído o crédito tributário, não tem como o Fisco não saber o que o contribuinte deve. Logo,
não há proveito algum para o Fisco em conceder denúncia espontânea nesses casos, porque ele já sabe o que
é devido. É o caso do contribuinte que deve 100, declara 100 e não paga nada ou paga um valor menor que
100. O Fisco já sabe que ele deve 100. Logo, não há benefício para o Fisco em conceder denúncia espontânea
ao contribuinte. Veja: a denúncia espontânea tem que ser boa para o Fisco e para o contribuinte.
Não confunda tal situação com as seguintes situações:
O contribuinte declara parcialmente o tributo e paga o que fora declarado parcialmente. Exemplo: ele deve
100, declara 50 e paga 50. Observe que o contribuinte pagou o que foi declarado.
73
Ele pode gozar do benefício da denúncia espontânea?
Nesse caso, sim. Observe que ele declarou metade e pagou metade. Logo, ele deixou de constituir a outra
metade do crédito tributário. Para conseguir descobrir essa dívida não declarada, o Fisco vai ter que envidar
esforços. Logo, é vantajoso para o Fisco conceder a denúncia espontânea nesse caso.
E se o contribuinte não declarar nada?
Da mesma forma, o contribuinte pode se beneficiar da denúncia espontânea, pois não incidirá a Súmula 360
do STJ. Veja que a Súmula tem uma redação que prevê necessariamente a declaração regular do tributo.
E se o contribuinte declarar metade do que deve e não pagar essa metade?
Nesse caso, aplica-se a Súmula 360 do STJ para o que foi declarado e não pago, não podendo o contribuinte
gozar da denúncia espontânea. E, para outra metade do tributo não declarada, ele pode gozar da denúncia
espontânea.
Entendimentos relevantes:
A antecipação, sem substituição tributária, do pagamento do ICMS para momento anterior à ocorrência do
fato gerador necessita de lei em sentido estrito. A substituição tributária progressiva do ICMS reclama previsão
em lei complementar federal. STF. Plenário. RE 598677/RS, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 26/3/2021
(Repercussão Geral – Tema 456) (Info 1011).
Em se tratando de adjudicação de bens a jurisprudência do STJ, restou pacificada no sentido de que a
obrigação tributária, quanto ao IPTU, acompanha o imóvel em todas as suas mutações subjetivas, ainda que
se refira a fatos imponíveis anteriores à alteração da titularidade do imóvel, exegese que encontra reforço
na hipótese de responsabilidade tributária por sucessão prevista nos artigos 130 e 131, I, do CTN. (AgInt no
REsp 1898562/SP, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em 24/05/2021, DJe
26/05/2021)
A inadimplência do usuário não afasta a incidência ou a exigibilidade do ICMS sobre serviços de
telecomunicações. Isso porque a inadimplência do consumidor final não obsta a ocorrência do fato gerador.
STF. Plenário. RE 1003758-RO, Rel. Min. Marco Aurélio, redator do acórdão Min. Alexandre de Moraes, julgado
em 17/05/2021 (Repercussão Geral – Tema 705).
A execução fiscal pode ser redirecionada em desfavor da empresa sucessora para cobrança de crédito
tributário relativo a fato gerador ocorrido posteriormente à incorporação empresarial e ainda lançado em
74
nome da sucedida, sem a necessidade de modificação da Certidão de Dívida Ativa, quando verificado que esse
negócio jurídico não foi informado oportunamente ao fisco. STJ. 1ª Seção. REsp 1848993-SP, Rel. Min. Gurgel
de Faria, julgado em 26/08/2020 (Recurso Repetitivo – Tema 1049) (Info 678).
É possível o redirecionamento da execução fiscal contra o sócio-gerente da pessoa jurídica originalmente
executada pela suposta prática de crime falimentar mesmo que não tenha havido ainda o trânsito em julgado
da sentença penal condenatória. STJ. 2ª Turma. REsp 1792310-RS, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em
04/02/2020 (Info 678).
É inconstitucional lei estadual que disciplina a responsabilidade de terceiros por infrações de forma diversa
do Código Tributário Nacional, tendo em vista sua inconstitucionalidade formal. Ao legislar infringindo os
preceitos da norma geral do CTN, a lei estadual viola o art. 146, III, “b”, da CF. Precedente: Info 966 do STF.
A declaração conjunta de IRPF não torna o cônjuge corresponsável pela dívida tributária dos rendimentos
percebidos pelo outro caso não tenha participado do fato gerador. Precedente: Info 662 do STJ.
O Superior Tribunal de Justiça possui o entendimento de que, havendo previsão expressa no edital de hasta
pública, o arrematante fica responsável pelos débitos tributários pretéritos do bem arrematado. (AgInt nos
EDcl no REsp 1827090/SP, Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 29/03/2021, DJe
08/04/2021)
7. SUSPENSÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO
75
Suspendem a exigibilidade do crédito tributário (ROL EXAUSTIVO NO CTN):
Moratória;
O depósito do seu montante integral;
As reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras do processo tributário administrativo
(somente após o lançamento);
A concessão de medida liminar em mandado de segurança;
A concessão de medida liminar ou de tutela antecipada, em outras espécies de ação judicial;
Parcelamento (somente após o lançamento).
A suspensão não se opera apenas nos casos em que o lançamento já fora efetuado, podendo ocorrer quando
o crédito ainda NÃO FORA CONSTITUÍDO, como no caso de concessão de liminar em MS.
No caso de suspensão de crédito ainda não constituído, a Fazenda não está impossibilitada de constituir o
crédito, APENAS NÃO PODERÁ EXIGI-LO, por conseguinte também não poderá estipular prazo para
pagamento, tampouco impor penalidade.
LEMBRE: A suspensão do crédito tributário NÃO DISPENSA O CUMPRIMENTO DAS OBRIGAÇÕES
ASSESSÓRIOS dependentes da obrigação principal cujo crédito seja suspenso, ou dela consequentes.
A suspensão da exigibilidade do crédito tributário veda a cobrança do respectivo montante do contribuinte,
bem como a oposição do crédito ao mesmo, com vista à compensação de ofício pela Administração com
débitos seus perante o contribuinte ou como fundamento para o indeferimento de certidão de regularidade
fiscal.
O rol das hipóteses de suspensão do crédito tributário é taxativo (artigos 141 e 111, I, do CTN). Você tem que
decorar as hipóteses, porque elas incidem bastante em concursos.
A suspensão do crédito tributário PODE OCORRER ANTES OU DEPOIS DO LANÇAMENTO. Isso soa estranho,
porque o crédito tributário pressupõe o lançamento. Logo, trata-se de suspender um “crédito tributário” que
sequer nasceu.
As causas de suspensão do crédito tributário suspendem o prazo prescricional. Todavia, as causas de suspensão
do crédito tributário não suspendem o prazo decadencial, de modo que o Fisco deve fazer o lançamento ainda
que o crédito tributário esteja suspenso. Veja:
SUSPENSÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO
ANTES DO LANÇAMENTO APÓS O LANÇAMENTO
76
Se a suspensão ocorrer antes do lançamento, o Fisco
deve fazer o lançamento, sob pena de decadência.
O Fisco só não pode cobrar o crédito tributário,
porque está suspenso.
Se a suspensão ocorrer depois do lançamento, o
Fisco não pode cobrar o crédito tributário, porque
ele está suspenso.
Impede a exigibilidade do crédito tributário. Suspende a exigibilidade do crédito tributário.
As hipóteses de suspensão do crédito tributário são:
CTN, Art. 151. Suspendem a exigibilidade do crédito tributário:
I – moratória;
II - o depósito do seu montante integral;
III - as reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras do processo tributário administrativo;
IV - a concessão de medida liminar em mandado de segurança.
V – a concessão de medida liminar ou de tutela antecipada, em outras espécies de ação judicial;
VI – o parcelamento.
Moratória: A moratória pode ser:
AUTÔNOMA HETERÔNOMA
Ocorre quando concedida pelo próprio ente
competente para instituir e cobrar o tributo.
Ocorre quando concedida pela União em relação a
tributos estaduais e municipais.
Há discussões sobre a constitucionalidade dessa
modalidade. Todavia, para fins de concursos, o
aluno deve ir pela literalidade do CTN.
A moratória também pode ser:
GERAL INDIVIDUAL
Abrange todos os contribuintes. Abrange somente os contribuintes que comprovarem o
preenchimento dos requisitos legais.
Gera direito adquirido.
Decore: Geral gera direito adquirido.
Não gera direito adquirido.
Dispensa garantias. Pode depender de garantias.
A moratória parcelada é distinta de parcelamento.
77
A moratória é medida EXCEPCIONAL, que somente deve ter lugar em casos de situações naturais, econômicas
ou sociais que dificultem o normal adimplemento das obrigações tributárias. Já o parcelamento é medida
comum de política fiscal, que visa recuperar créditos e permitir que contribuintes inadimplentes voltem à
situação de regularidade.
Depósito do montante integral: É um direito subjetivo do contribuinte, de modo que não pode ter seu
exercício impedido pela Fazenda Pública. O depósito deve ser integral e em dinheiro. Nesse sentido, a Súmula
112 do STJ:
Súmula n. 112 do STJ: O depósito somente suspende a exigibilidade do crédito se for integral e em dinheiro.
O que quer dizer integral e em dinheiro?
78
Integral quer dizer que o contribuinte deve depositar tudo que o Fisco está exigindo, incluindo juros e multas
que estão sendo cobrados. O contribuinte exime-se do pagamento de juros de mora do depósito a partir e em
relação ao valor depositado. Logo, é necessário depositar tudo que o Fisco está cobrando.
Em dinheiro quer dizer que fiança bancária, seguro garantia ou quaisquer outras formas de depósito não
suspendem o crédito tributário.
O contribuinte pode suspender o crédito tributário, obtendo uma liminar. O depósito do montante integral
não é condição para a concessão de liminar. São hipóteses distintas de suspensão do crédito tributário.
A única hipótese em que o contribuinte levantará o dinheiro depositado ocorre quando o mérito é julgado de
forma favorável ao contribuinte. Se for julgado de forma desfavorável ou não houver resolução de mérito, o
valor é convertido em renda e o crédito tributário é extinto.
DEPÓSITO MONTANTE INTEGAL X RESULTADO DO PROCESSO
MÉRITO JULGADO DE
FORMA FAVORÁVEL AO
CONTRIBUINTE
MÉRITO JULGADO DE FORMA
DESFAVORÁVEL AO CONTRIBUINTE
SEM MÉRITO JULGADO
Contribuinte pode levantar o
valor depositado.
O levantamento é possível
ainda que o contribuinte
tenha outros débitos com o
mesmo sujeito ativo (REsp
297.115)
Contribuinte não pode levantar o
valor depositado, porque haverá
conversão do depósito em renda.
A conversão do depósito em renda
extinguirá o crédito tributário.
Contribuinte não pode levantar o
valor depositado (EREsp 215.589).
O valor depositado será convertido
em renda.
A conversão do depósito em renda
extinguirá o crédito tributário.
Há duas formas de fazer o depósito do montante integral: administrativa ou judicialmente. O depósito
administrativo seguirá o procedimento administrativo tributário do Fisco. O depósito judicial será feito no bojo
de qualquer ação, na qual se discute o crédito tributário, ou à disposição do juízo. Não é necessário
ajuizamento de ação para esse fim, basta simples petição. Ademais, não é caso de consignatória.
A garantia antecipada da execução fiscal, por meio de fiança bancária ou qualquer um dos bens do rol do
artigo 11 da Lei de Execução Fiscal, não tem o condão de suspender o crédito tributário se não for em dinheiro
e integral. Desse modo, essa garantia antecipada servirá apenas para obtenção de certidão positiva com
efeitos de negativa. Contudo, não suspenderá o crédito tributário.
Súmula Vinculante n. 21: É inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento prévios de dinheiro ou
bens para admissibilidade de recurso administrativo.
79
Súmula 436 do STJ: A entrega de declaração pelo contribuinte reconhecendo débito fiscal constitui o crédito
tributário, dispensada qualquer outra providência por parte do fisco.
Súmula n. 446 do STJ: Declarado e não pago o débito tributário pelo contribuinte, é legítima a recusa de
expedição de certidão negativa ou positiva com efeito de negativa.
Recursos e Reclamações: A reclamação e o recurso administrativo, ainda que intempestivos, têm o condão de
suspender a exigibilidade do crédito tributário e, por consequência, o curso do prazo prescricional enquanto
perdurar o contencioso administrativo.
1. O Superior Tribunal de Justiça, atualmente, tem entendimento firme no sentido de que o recurso
administrativo, mesmo quando interposto intempestivamente, suspende a exigibilidade do crédito
tributário, bem como o curso do prazo prescricional, que somente volta a fluir da notificação do contribuinte
acerca do trânsito em julgado da decisão administrativa. Precedentes.
(AgInt nos EDcl no REsp 1394912/SC, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em
02.04.2019)
Se o contribuinte não discute o lançamento, mas sim o ato que o excluiu do programa de parcelamento, o
recurso ou a reclamação não têm o condão de suspender a exigibilidade do crédito tributário. Isso porque a
suspensão do crédito se dá quando há recurso ou reclamação que conteste o lançamento.
SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE5
Tipo de processo
Administrativo
(Recursos e reclamações)
Judicial
Suspende a exigibilidade do crédito. Só suspende a exigibilidade do crédito tributário
se acompanhado de medida liminar requerendo
tal fim, acatada pelo juízo.
Para recorrer administrativamente é possível a exigência, por parte do Ente Público, de depósito recursal?
NÃO. Não se pode exigir depósito para admissibilidade de recurso administrativo. Veja:
5 Quadro Extraído da obra de Roberval Rocha. Coleção sinopses para concursos: Direito Tributário 2015. Editora Juspodivm: p. 315.
80
Súmula Vinculante n. 21: É inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento prévios de dinheiro ou
bens para admissibilidade de recurso administrativo.
O pedido de compensação tributária suspende a exigibilidade do crédito tributário.
A jurisprudência da Primeira Seção do STJ no julgamento do REsp 774.179/SC, da relatoria da Ministra Eliana
Calmon, firmou-se no sentido de que, enquanto pendente de análise pedido administrativo de compensação,
suspende-se a exigibilidade do tributo, nos termos do art. 151, III, do CTN.
(AgInt no REsp 1646480/RJ, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 03.09.2019, DJe
11.10.2019)
OBS.: Aqui é o PEDIDO, pois a compensação em si é forma de extinção do crédito tributário.
Agora, caso não exista lei que autorize a compensação tributária, a compensação será indevida e, assim, o
pedido que pede tal compensação também não suspende o crédito tributário. Veja:
O Superior Tribunal de Justiça firmou entendimento de que o pedido administrativo de compensação não
autorizada pela legislação de regência (art. 170 do CTN) não suspende a exigibilidade do crédito tributário que
se busca liquidar. Isso porque, se a própria compensação não é possível, tampouco a suspensão da
exigibilidade amparada em pedido administrativo que busque implementá-la.
(AgRg no REsp 1404898/RS, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA TURMA, julgado em
15/05/2018, DJe 18/05/2018)
Esta Corte de justiça possui o entendimento firmado de que, inexistindo específica lei autorizativa, o pedido
de compensação de tributo com precatório não suspende a exigibilidade do crédito tributário.
(REsp 1564011/RS, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEGUNDA TURMA, julgado em 03/04/2018, DJe 09/04/2018)
Súmula n. 625 do STJ: O pedido administrativo de compensação ou de restituição não interrompe o prazo
prescricional para a ação de repetição de indébito tributário de que trata o art. 168 do CTN nem o da execução
de título judicial contra a Fazenda Pública.
Parcelamento:
O parcelamento é medida de política fiscal com a qual o Estado procura recuperar créditos e criar condições
práticas para que os contribuintes inadimplentes possam regular a sua situação com o Fisco.
81
O parcelamento não gera o benefício da denúncia espontânea. Isso porque, para denúncia espontânea, é
necessário o depósito do montante integral e em dinheiro. Não há garantia alguma que o devedor tributário
honrará com todas as parcelas do parcelamento e, logo, ele não pode usufruir o benefício da denúncia
espontânea.
O parcelamento requerido pelo contribuinte depois de transcorrido o prazo prescricional não reaviva a
exigibilidade do crédito tributário. Isso quer dizer que, caso o devedor tributário peça o parcelamento de
débito já prescrito, o Fisco terá que devolver o dinheiro na hipótese de requerimento do contribuinte. O
parcelamento não gera novação da dívida. É apenas uma forma de adimplemento da dívida.
Reserva de lei:
Conforme orienta o art. 155-A do CTN, o parcelamento será concedido mediante lei específica que
determinará as formas e condições do mesmo.
É relevante saber:
1. O parcelamento de ofício não suspende o crédito tributário.
2. O parcelamento não exclui a incidência de juros e multas.
3. A prática de fraude impede a concessão de parcelamento.
4. Ao parcelamento, aplicam-se subsidiariamente as disposições da moratória.
Entendimento do STJ:
Conforme o disposto no art. 151, VI, do CTN, o parcelamento fiscal, concedido na forma e condições
estabelecidas em lei específica, é causa suspensiva de exigibilidade do crédito tributário, condicionando os
efeitos dessa suspensão à homologação expressa ou tácita do pedido formulado. (REsp. 957509, Recurso
repetitivo)
Se o contribuinte aderir a um parcelamento após ter havido penhora de bens em execução fiscal, deve ser
baixada a constrição?
NÃO. A jurisprudência do STJ é firme no sentido de que o parcelamento tributário suspende a exigibilidade
do crédito, porém não tem o condão de desconstituir a garantia dada em juízo. Precedentes: AgRg no REsp
1263641/PR, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 21/11/2013
Súmula n. 555 do STJ: Quando não houver declaração do débito, o prazo decadencial quinquenal para o Fisco
constituir o crédito tributário conta-se exclusivamente na forma do art. 173, I, do CTN, nos casos em que a
82
legislação atribui ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade
administrativa.
Julgados relevantes:
• Enquanto pendente de análise pedido administrativo de compensação, suspende-se a exigibilidade do
tributo, nos termos do art. 151, III, do CTN. O próprio pedido de compensação tem o condão de suspender a
exigibilidade do crédito tributário, porquanto afastada a certeza e a liquidez da dívida. Precedente: AgInt no
REsp 1646480
• O contribuinte pode, após o vencimento de sua obrigação e antes da execução fiscal, garantir o juízo de
forma antecipada mediante o oferecimento de fiança bancária, a fim de obter certidão positiva com efeitos
de negativa. De fato, a prestação de caução mediante o oferecimento de fiança bancária, ainda que no
montante integral do valor devido, não se encontra encartada nas hipóteses elencadas no art. 151 do CTN,
não suspendendo a exigibilidade do crédito tributário. Entretanto, tem o efeito de garantir o débito
exequendo em equiparação ou antecipação à penhora, permitindo-se, neste caso, a expedição de certidão
positiva com efeitos de negativa. Precedente: AgRg no Ag 1.185.481-DF
• Incidem juros moratórios no período entre o requerimento de adesão e a consolidação do débito a ser objeto
do parcelamento tributário instituído pela Lei n. 11.941/2009. Precedente: REsp 1.523.555-PE.
• É cabível a suspensão da exigibilidade do crédito não tributário a partir da apresentação da fiança bancária
ou do seguro garantia judicial, desde que em valor não inferior ao do débito constante da inicial, acrescido de
trinta por cento. Precedente: Info 652 e REsp 1.381.254-PR.
• O parcelamento de ofício da dívida tributária não configura causa interruptiva da contagem da prescrição,
uma vez que o contribuinte não anuiu. Precedente: REsp 1.658.517-PA.
• O contribuinte pode optar pelo parcelamento de débitos considerados isoladamente, nos termos do art. 1º,
§ 2º, da Lei n. 11.941/2009, ainda que relativos a uma mesma Certidão da Dívida Ativa, não sendo possível o
parcelamento de uma fração de competência ou período de apuração. Precedente: REsp 1.382.317-PR.
• A revogação de liminar que suspendeu a exigibilidade do crédito tributário ocasiona a retomada do lapso
prescricional para o Fisco, desde que inexistente qualquer outra medida constante do art. 151 do CTN ou
recurso especial/extraordinário dotado de efeito suspensivo. Precedente: EAREsp 407.940-RS.
83
• Não interrompe o prazo prescricional o fato de o contribuinte, após ser formalmente excluído do Programa
de Recuperação Fiscal (Refis), continuar efetuando, por mera liberalidade, o pagamento mensal das parcelas
do débito tributário. De fato, a Primeira e a Segunda Turmas do STJ têm entendimento no sentido de que o
pedido de parcelamento no Refis - que não se confunde com a sua concessão -, por constituir reconhecimento
inequívoco do débito, nos termos do art. 174, parágrafo único, IV, do CTN, interrompe o prazo prescricional,
que recomeça a fluir a partir da data em que o devedor deixa de cumprir o acordo. Além do mais, o fato de o
devedor ter continuado a realizar de forma voluntária e extemporânea o pagamento mensal das parcelas não
tem o condão de configurar ato de reconhecimento do débito (confissão de dívida) - já que o crédito, na data
da exclusão formal, já era exigível -, de modo que não há como falar na extensão da interrupção do prazo
prescricional. Precedente: REsp 1.493.115-SP.
• Não suspende a exigibilidade do crédito tributário a reclamação administrativa que questione a legalidade
do ato de exclusão do contribuinte de programa de parcelamento. As reclamações e recursos previstos no
artigo 151 do CTN são aqueles que discutem o próprio lançamento tributário, ou seja, a exigibilidade do crédito
tributário. No caso, a reclamação administrativa que apenas questiona a legalidade do ato de exclusão do
parcelamento não suspende a exigibilidade do crédito. Precedente: Info 561 do STJ.
• Não é possível a expedição de certidão positiva com efeito de negativa em favor de sócio que tenha figurado
como fiador em Termo de Confissão de Dívida Tributária na hipótese em que o parcelamento dele decorrente
não tenha sido adimplido. De fato, o art. 4º, II, da Lei 6.830/1980 dispõe que a execução fiscal poderá ser
promovida contra o fiador. Assim sendo, a responsabilidade do sócio fiador, na hipótese, decorre da sua
presença como fiador do parcelamento não adimplido. Precedente: Info 543 do STJ.
• A pessoa jurídica pode ser excluída do REFIS quando se demonstre a ineficácia do parcelamento, em razão
de o valor das parcelas ser irrisório para a quitação do débito. Em razão da "tese da parcela ínfima", é
justificável a exclusão de contribuinte do REFIS, uma vez que o programa de parcelamento foi criado para
regularizar as pendências fiscais, prevendo penalidades pelo descumprimento das obrigações assumidas, bem
como a suspensão do crédito tributário enquanto o contribuinte fizer parte do programa. Assim, não se pode
admitir a existência de débito tributário perene, ou até, absurdamente, que o valor da dívida fiscal aumente
tendo em vista o transcurso de tempo e a irrisoriedade das parcelas pagas. Precedente: Info. 542 do STJ.
• Não cabe a efetivação da penhora pelo sistema BacenJud após a adesão ao parcelamento tributário disposto
pela Lei 11.419/2009, ainda que o pedido de bloqueio de valores tenha sido deferido antes da referida adesão.
84
O art. 11, I, da Lei 11.941/2009 prevê a manutenção de penhora realizada previamente ao parcelamento do
débito. Como o parcelamento representa hipótese de suspensão da exigibilidade do crédito tributário, a causa
incide a partir dele, sem efeito retroativo. Em contrapartida, se ainda não havia penhora na execução fiscal, a
suspensão decorrente do parcelamento obsta o andamento do feito no que diz respeito às medidas de
cobrança. Precedente: Info 537 do STJ.
• Ocorre a prescrição da pretensão executória do crédito tributário objeto de pedido de parcelamento após
cinco anos de inércia da Fazenda Pública em examinar esse requerimento, ainda que a norma autorizadora do
parcelamento tenha tido sua eficácia suspensa por medida cautelar em ação direta de inconstitucionalidade.
De fato, em caso análogo, a Primeira Turma do STJ já decidiu que a concessão de medida cautelar em ADI que
suspende a lei ensejadora do pedido de parcelamento não suspende a exigibilidade do crédito tributário, na
medida em que esse provimento judicial não impede o fisco de indeferir, desde logo, o pedido de
administrativo e, ato contínuo, promover a respectiva execução. Isso porque o deferimento de cautelar com
eficácia ex nunc em ação direta de inconstitucionalidade constitui determinação dirigida aos aplicadores da
norma contestada para que, nas suas futuras decisões, (a) deixem de aplicar o preceito normativo objeto da
ação direta de inconstitucionalidade e (b) apliquem a legislação anterior sobre a matéria, mantidas, no
entanto, as decisões anteriores em outro sentido (salvo se houver expressa previsão de eficácia ex tunc).
Precedente: Info 534 do STJ.
• O simples requerimento de inclusão no parcelamento instituído pela Lei 11.941/2009, sem demonstração
da correspondência dos débitos tributários sonegados com os débitos objeto do requerimento, não acarreta
a suspensão da execução de pena aplicada por crime contra a ordem tributária. O fato de já ter havido trânsito
em julgado da condenação não impede que haja a suspensão do feito em caso de concessão do parcelamento.
Precedente: Info 533 do STJ.
85
8. EXTINÇÃO E EXCLUSÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO
Art. 156. EXTINGUEM o crédito tributário:
I - o pagamento;
II - a compensação;
III - a transação;
IV - remissão;
V - a prescrição e a decadência;
VI - a conversão de depósito em renda;
VII - o pagamento antecipado e a homologação do lançamento nos termos do disposto no artigo 150 e seus
§§ 1º e 4º;
VIII - a consignação em pagamento, nos termos do disposto no § 2º do artigo 164;
IX - a decisão administrativa irreformável, assim entendida a definitiva na órbita administrativa, que não mais
possa ser objeto de ação anulatória;
X - a decisão judicial passada em julgado.
XI - a dação em pagamento em bens imóveis, na forma e condições estabelecidas em lei.
A lista de causas extintivas do crédito tributário do CTN é exaustiva ou exemplificativa?
Embora parte da doutrina faça uma interpretação literal do art. 141 do CTN (o crédito tributário regularmente
constituído somente se modifica ou extingue, ou tem sua exigibilidade suspensa ou excluída, nos casos
previstos nesta LEI), o que pode apontar uma possível taxatividade, prevalece na jurisprudência que as causas
de extinção do CTN são NÃO são exaustivas.
Nesse sentido, o STF entende ser possível à lei local estipular novas formas de extinção do crédito tributário.
É o que restou decidido no julgamento da medida cautelar da ADI 2405-MC/RS, posteriormente confirmado
no mérito.
Resumindo as informações:
a) O rol de causas de extinção do crédito do CTN é NÃO exaustivo;
b) Os entes federados podem sim criar por lei local novas hipóteses extintivas do crédito tributário;
c) Assim, é válida previsão em lei estadual de extinção do crédito por dação em pagamento de bens móveis;
d) A Constituição Federal não reservou à lei complementar o tratamento das modalidades de extinção e
suspensão dos créditos tributários
86
Pagamento:
O art. 157 do Código Tributário Nacional estabelece que a imposição de penalidade não ilide o pagamento
integral do crédito tributário. Por conta disso, a multa é sempre cumulativa ao tributo, jamais substituindo
o pagamento do respectivo tributo.
Dispõe o art. 158 do CTN:
O pagamento de um crédito NÃO importa em presunção de pagamento:
I - quando parcial, das prestações em que se decomponha;
II - quando total, de outros créditos referentes ao mesmo ou a outros tributos.
Para o STJ, a expedição de certificado de registro e licenciamento de veículo, embora condicionada à quitação
de tributos incidentes sobre a propriedade de veículo automotor, não é dotada de qualquer eficácia liberatória
de obrigação fiscal (STJ, 1.ª T., REsp 511.480/RS, Rel. Min. Luiz Fux, j. 24.06.2003, DJ 04.08.2003, p. 244).
É possível desconto pela antecipação do pagamento?
SIM. O CTN possibilitou que a LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA conceda DESCONTO pela antecipação do pagamento
(art. 160, §único).
Efeitos da mora:
Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo
determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer
medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei tributária.
Juros de mora, multa de mora e correção monetária – DIFERENÇAS
Correção monetária: atualização de um montante em dinheiro tendo em vista o fenômeno inflacionário.
Em outras palavras, compensa a perda do poder aquisitivo.
Juro: preço pelo uso do dinheiro alheio.
Multa de mora: sanção pelo atraso no adimplemento da obrigação.
A regra do art. 161, §1º do CTN é supletiva, de modo que somente se aplica a taxa de juros de 1% ao mês caso
inexista regra específica.
No âmbito federal utiliza-se, para correção monetária e os jutos, a taxa SELIC, inclusive para ação de repetição
de indébito. Em suma, em ações de indébito tributário, a Fazenda Pública deverá pagar suas dívidas segundo
87
o mesmo índice de juros que utiliza para receber os créditos tributários (atualmente, a SELIC). Isso se justifica
em razão do princípio da equidade (isonomia).
Imputação em pagamento:
Art. 163. Existindo simultaneamente dois ou mais débitos vencidos do mesmo sujeito passivo para com a
mesma pessoa jurídica de direito público, relativos ao mesmo ou a diferentes tributos ou provenientes de
penalidade pecuniária ou juros de mora, a AUTORIDADE ADMINISTRATIVA competente para receber o
pagamento determinará a respectiva imputação, obedecidas as seguintes regras, na ordem em que
enumeradas:
I - em primeiro lugar, aos débitos por obrigação própria (contribuinte), e em segundo lugar aos decorrentes
de responsabilidade tributária (responsável);
II - primeiramente, às contribuições de melhoria, depois às taxas e por fim aos impostos (grau de
retributividade);
III - na ordem crescente dos prazos de prescrição;
IV - na ordem decrescente dos montantes.
Repetição de indébito:
Art. 165. O sujeito passivo tem direito, independentemente de prévio protesto, à restituição total ou parcial
do tributo, seja qual for a modalidade do seu pagamento, ressalvado o disposto no § 4º do artigo 162, nos
seguintes casos:
I - cobrança ou pagamento espontâneo de tributo indevido ou maior que o devido em face da legislação
tributária aplicável, ou da natureza ou circunstâncias materiais do fato gerador efetivamente ocorrido;
II - erro na edificação (identificação) do sujeito passivo, na determinação da alíquota aplicável, no cálculo do
montante do débito ou na elaboração ou conferência de qualquer documento relativo ao pagamento;
III - reforma, anulação, revogação ou rescisão de decisão condenatória.
IMPORTANTE! Além esses casos do CTN, a doutrina aponta mais uma hipótese prática: a do tributo declarado
inconstitucional pelo STF.
Entendimentos do STJ:
O regime de repetição de indébito previsto no art. 167, parágrafo único, do CTN e na súmula 188 do STJ é
aplicável às contribuições previdenciárias, que também têm natureza tributária (REsp 1086935, recurso
repetitivo).
88
Em resumo, temos que:
Em se tratando de tributo DIRETO, o legitimado a requerer a repetição do indébito será a pessoa que se
encaixaria no polo passivo da relação obrigacional correspondente, caso a tributação tivesse ocorrido de
forma regular;
Em se tratando de tributo INDIRETO, o legitimado a requerer a repetição do indébito será a pessoa que
se encaixaria no polo passivo da relação obrigacional correspondente caso a tributação tivesse ocorrido
de forma regular (CONTRIBUINTE DE DIREITO), desde que prove
Não haver transferido o encargo a terceiro (CONTRIBUINTE DE FATO) ou, do contrário,
Estando por este expressamente autorizada;
O contribuinte de FATO ou qualquer outro que não integre, em tese, a relação JURÍDICA-TRIBUTÁRIA
discutida, EM REGRA, NÃO têm legitimidade para propor ação de repetição do indébito tributário, mesmo
tendo tido prejuízo financeiro com a exação.
EXCEÇÃO: O STJ reconhece a legitimidade do contribuinte de fato quando consumidor de serviços
prestados por concessionárias.
EXCEÇÃO: Pagamento indevido e restituição de tributos indiretos entendimento do STJ no caso de energia
elétrica:
Diante do que dispõe a legislação que discute a matéria de CONCESSÕES DE SERVIÇO PÚBLICO e da peculiar
relação envolvendo o Estado (Poder Concedente), a CONCESSIONÁRIA e o CONSUMIDOR, esse último
(CONTRIBUINTE DE FATO) tem legitimidade para propor ação declaratória de repetição de indébito tributário
na qual se busca afastar, no tocante AO FORNECIMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA, a incidência do ICMS sobre a
demanda contratada e não utilizada (RESP 1.299.303 – 14/08/2012 – STJ).
1) O consumidor final de energia elétrica tem legitimidade ativa para propor ação declaratória cumulada com
repetição de indébito que tenha por escopo afastar a incidência de ICMS sobre a demanda contratada e não
utilizada de energia elétrica.
2) O usuário do serviço de energia elétrica (consumidor em operação interna), na condição de contribuinte
de fato, é parte legítima para discutir pedido de compensação do ICMS supostamente pago a maior no regime
de substituição tributária. STJ. 1ª Turma. AgRg nos EDcl no REsp 1.269.424-SC, Rel. Min. Benedito Gonçalves,
julgado em 23/10/2012. STJ. 2ª Turma. AgRg no RMS 28.044-ES, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado
em 13/11/2012.
O professor Mauro Luís Rocha explica essa exceção à regra pelo fato de o contribuinte de direito ser
concessionária de serviço público, a qual tem relação contratual com o ente tributante (Poder concedente),
89
assim, dificilmente se insurgirá contra exações indevidas. Dessa forma, para proteger o consumidor, tão
somente nesses casos o STJ conferiu legitimidade para que este ajuíze repetição de indébito.
Juros sobre o indébito:
ATENÇÃO! Não se deve confundir a restituição do valor recolhido a título de juros (restituição de juros), com
o direito de receber juros sobre o valor da restituição (juros sobre a restituição). Isso porque, na repetição do
indébito, o contribuinte tem o direito de receber de volta o valor principal que foi pago, acrescido de juros
moratórios e correção monetária pelo tempo que ficou sem o dinheiro.
Art. 167 do CTN
Parágrafo único. A restituição vence juros não capitalizáveis, a partir do trânsito em julgado da decisão
definitiva que a determinar.
A taxa de juros:
A taxa de juros a ser aplicada é definida por cada ente tributante na legislação ordinária. No âmbito federal,
por exemplo, utiliza-se a SELIC (Lei 9.250/995), que não pode ser cumulada com quaisquer outros índices.
Nas esferas estaduais e municipais o STJ tem o seguinte entendimento sobre a taxa de juros adota:
Relativamente a tributos estaduais ou municipais, a matéria continua submetida ao princípio geral, segundo
o qual, em face da lacuna do art. 167, parágrafo único, do CTN, a taxa dos juros de mora na repetição de
indébito deve, por analogia e isonomia, ser igual à que incide sobre os correspondentes débitos tributários
estaduais ou municipais pagos com atraso; e a taxa de juros incidente sobre esses débitos deve ser de 1% ao
mês, a não ser que o legislador, utilizando a reserva de competência prevista no §1º do art. 61 do CTN,
disponha de modo diverso. (REsp 1111189, recurso repetitivo)
Pode, por exemplo, o Estado adotar a SELIC?
SIM. Desde que a hipótese esteja prevista em legislação local, nesse caso, veda-se a cumulação com quaisquer
outros índices, pelos motivos já comentados. Esse é o entendimento sumulado do STJ:
Súmula n. 523 do STJ: A taxa de juros de mora incidente na repetição de indébito de tributos estaduais deve
corresponder à utilizada para cobrança do tributo pago em atraso, sendo legítima a incidência da taxa Selic,
em ambas as hipóteses, quando prevista na legislação local, vedada sua cumulação com quaisquer outros
índices.
Termo inicial dos juros:
90
Como visto, o CTN, em seu art. 167, prevê que os juros serão devidos a partir da data em que houve o trânsito
em julgado da decisão que determinou a devolução dos valores pagos indevidamente.
Nessa linha caminhou o STJ:
Súmula n. 188 STJ: Os juros moratórios, na repetição do indébito tributário, são devidos a partir do trânsito
em julgado da sentença.
Com o advento da SV 17, começou-se um debate sobre sua interferência em relação à Súmula 188 do STJ.
Súmula vinculante n. 17: Durante o período previsto no parágrafo 1º do artigo 100 da Constituição, não
incidem juros de mora sobre os precatórios que nele sejam pagos.
Pois bem, sobre o tema o professor Ricardo Alexandre resumiu bem: “Desde o trânsito em julgado da decisão,
já fluem os juros de mora, tendo em vista o parágrafo único do art. 167 do CTN e a súmula 188 do STJ. Só
que, inscrito o precatório até 1º de julho e encaminhada a lista para o Poder Executivo para efeito de inclusão
da dotação no orçamento, entra em cena a súmula vinculante 17, cessando a fluência dos juros. Assim, pago
o precatório até o último dia do exercício seguinte ao da inclusão no orçamento, não são acrescidos novos
juros. Lado outro, vencido tal prazo e não pago o precatório, voltam a ser computados os juros de mora.”
Repetição e a correção monetária:
A correção monetária compensa a desvalorização da moeda, por isso entende-se incidir desde o pagamento
indevido.
A respeito da correção monetária, o STJ aplica a seguinte regra:
Súmula n. 162 STJ: Na repetição de indébito tributário, a correção monetária incide a partir do pagamento
indevido.
Pois bem, vimos que a respeito da incidência dos juros, a Súmula Vinculante 17 prevê que “durante o período
previsto no parágrafo 1º do artigo 100 da Constituição, não incidem juros de mora sobre os precatórios que
nele sejam pagos”.
Mas, e a correção monetária, incide nesse período constitucional de pagamento do precatório?
SIM, perfeitamente. Incide a atualização monetária. Analisando o entendimento, o STF dispõe que, se a
entidade devedora realiza o pagamento no prazo constitucional, não há que se falar em mora, não sendo
possível a cobrança dos juros de mora, mas tão somente da atualização monetária, conforme previsto no
91
próprio texto constitucional.
Ora, o STF entende que, no que concerne a correção monetária, o raciocínio é diferente, pois os efeitos da
desvalorização da moeda são perenes, devendo ser compensados desde o momento do pagamento
indevido.
Prazo para a repetição:
Art. 168. O direito de pleitear a restituição extingue-se com o decurso do prazo de 5 (cinco) anos, contados:
I - nas hipóteses dos incisos I e II do artigo 165, da data da extinção do crédito tributário;
II - na hipótese do inciso III do artigo 165, da data em que se tornar definitiva a decisão administrativa ou
passar em julgado a decisão judicial que tenha reformado, anulado, revogado ou rescindido a decisão
condenatória.
III - data em que se tornar definitiva a decisão administrativa ou passar em julgado a decisão judicial que tenha
reformado, anulado, revogado ou rescindido a decisão condenatória
O legislador optou por atribuir natureza decadencial aos direitos potestativos de lançar e de pleitear
restituição.
Há de se atentar para o termo inicial legalmente estabelecido para a contagem do prazo de cinco anos
disponibilizado para que o contribuinte pleiteie a restituição: a data da extinção do crédito tributário.
Nos lançamentos de ofício e por declaração, quem calcula o valor do tributo a ser recolhido pelo sujeito
passivo é a autoridade fiscal competente, de forma a se presumir que tal valor esteja correto e que o
pagamento extingue imediatamente o crédito tributário, não havendo que se falar em qualquer providência
posterior da administração tributária.
E no caso de lançamento por homologação?
No caso do lançamento por homologação, é o sujeito passivo quem calcula o montante do tributo devido e
antecipa o respectivo pagamento, extinguindo o crédito tributário sob condição resolutória. A extinção
somente é definitiva com a homologação, que poderá ser expressa ou tácita.
Prazo para a restituição do valor pago indevidamente e tributo lançado por homologação.
Qual é o prazo prescricional para obter a restituição do valor pago indevidamente no caso de tributos
sujeitos a lançamento por homologação?
• Para ações de repetição de indébito ajuizadas até 8/6/2005: 10 anos.
• Para ações de repetição de indébito ajuizadas a partir de 9/6/2005: 5 anos.
No dia 09/06/2005 entrou em vigor a LC 118/2005, que estabeleceu que, para efeito de repetição de indébito,
92
a extinção do crédito tributário ocorre, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, no
momento do pagamento antecipado. Obs: não importa se o pagamento indevido foi feito antes da LC
118/2005 (09/06/2005). O que interessa saber é se a ação foi ajuizada antes da LC 118/2005 entrar em vigor.
STJ. 1ª Seção. REsp 1.269.570-MG, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 23/5/2012.
O STJ pacificou o entendimento no sentido de que a extinção do crédito tributário ocorre:
Nos casos de lançamento de oficio ou por declaração, na data do pagamento;
Nos casos de lançamento por homologação, o crédito é considerado extinto desde o momento do
pagamento antecipado pelo contribuinte, sendo este o termo inicial para a contagem do prazo para
pleitear a restituição.
Dispõe o art. 168, III, do CTN, que o prazo para pleitear a restituição será de cinco anos da “data em que se
tornar definitiva a decisão administrativa ou passar em julgado a decisão judicial que tenha reformado,
anulado, revogado ou rescindido a decisão condenatória”.
Para submeter a matéria diretamente ao judiciário, o contribuinte possui o prazo de 5 anos, o mesmo
disponível para formular o pleito administrativamente. Todavia, se optar por formular o pleito incialmente na
via administrativa e o mesmo vier a ser indeferido, haverá a incidência do art. 169 do CTN, de forma que o
prazo para buscar, no judiciário, a anulação da decisão administrativa será de APENAS DOIS ANOS.
Art. 169. Prescreve em dois anos a ação anulatória da decisão administrativa que denegar a restituição.
Parágrafo único. O prazo de prescrição é interrompido pelo início da ação judicial, recomeçando o seu curso,
por metade, a partir da data da intimação validamente feita ao representante judicial da Fazenda Pública
interessada.
Compensação:
Art. 170. A LEI pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir
à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos,
vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda Pública.
Parágrafo único. Sendo vincendo o crédito do sujeito passivo, a lei determinará, para os efeitos deste artigo,
a apuração do seu montante, não podendo, porém, cominar redução maior que a correspondente ao juro de
1% (um por cento) ao mês pelo tempo a decorrer entre a data da compensação e a do vencimento.
Requisitos para a compensação:
Fungibilidade: significando que as obrigações não podem possuir natureza personalíssima, sendo fungível
93
o bem que pode ser trocado ou substituído por outro da mesma espécie e vlor, como o dinheiro;
Créditos líquidos e certos, vendidos ou vincendos;
Reciprocidade das obrigações;
Lei autorizativa.
Súmula n. 464 do STJ: A regra de imputação de pagamentos estabelecida no art. 354 do Código Civil não se
aplica às hipóteses de compensação tributária.
Súmula n. 461 do STJ: O contribuinte pode optar por receber, por meio de precatório ou por compensação,
o indébito tributário certificado por sentença declaratória transitada em julgado.
Pressupostos para a compensação:
Existência de lei e trânsito em julgado.
IMPORTANTE! É vedada a compensação mediante o aproveitamento de tributo, objeto de contestação
judicial pelo sujeito passivo, antes do trânsito em julgado da respectiva decisão judicial (art. 170-A, do CTN).
CTN, Art. 170-A. É vedada a compensação mediante o aproveitamento de tributo, objeto de contestação
judicial pelo sujeito passivo, antes do trânsito em julgado da respectiva decisão judicial.
Ao contrário da compensação, a suspensão da exigibilidade do crédito mediante ato jurisdicional não depende
do trânsito em julgado, podendo ser concedida mediante medida liminar ou antecipação de tutela.
O mandado de segurança pode ser manejado para veicular a pretensão de declaração do direito à
compensação tributária?
SIM. Suponha que um contribuinte tenha formulado um requerimento administrativo pedindo a compensação
do crédito tributário com o um débito que possua com o fisco, e esse pedido venha a ser indeferido. Nessa
hipótese, o contribuinte pode manejar MS buscando a declaração do direito à compensação tributária. É o
que o diz o seguinte enunciado de súmula do STJ:
Súmula n. 213 do STJ: O mandado de segurança constitui ação adequada para a declaração do direito à
compensação tributária.
94
Agora surge outro questionamento. É possível que essa compensação possa ser deferida por meio de liminar
em mandado de segurança?
Aqui o aluno deve ter atenção ao julgamento recente da ADI 4296 (09.06.2021).
Antes do decidido pela referida ação, não era possível que a compensação de créditos tributários fosse feita
por medida liminar. A base era o §2º art. 7º da Lei n. 12.016/2009 (LMS), vide:
Art. 7º (...)
§ 2º Não será concedida medida liminar que tenha por objeto a compensação de créditos tributários, a
entrega de mercadorias e bens provenientes do exterior, a reclassificação ou equiparação de servidores
públicos e a concessão de aumento ou a extensão de vantagens ou pagamento de qualquer natureza.
Inclusive, vigorava o teor da seguinte súmula:
Súmula n. 212 do STJ: A compensação de créditos tributários não pode ser deferida em ação cautelar ou por
medida liminar cautelar ou antecipatória.
Contudo, como se verá no tópico específico sobre o julgamento da ADI 4296, o STF, por maioria dos votos do
Plenário, julgou inconstitucional o referido dispositivo legal que restringia as hipóteses de concessão de
medida liminar (§2º art. 7º da LMS).
É inconstitucional ato normativo que vede ou condicione a concessão de medida liminar na via
mandamental.
Impedir ou condicionar a concessão de medida liminar caracteriza verdadeiro obstáculo à efetiva prestação
jurisdicional e à defesa do direito líquido e certo do impetrante.
STF. Plenário. ADI 4296/DF, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 09.06.2021.
Dessa forma, a súmula n. 212 do STJ, embora ainda não cancelada, fica superada pelo entendimento lançado
na ADI 4296.
Curiosamente, apesar de admitir a utilização do MS com o objetivo de declarar o direito de compensação
tributária, o STJ não aceita a utilização da mesma ação para convalidar (entende o STJ que demanda dilação
probatória) a compensação já realizada pelo contribuinte (súmula n. 460 do STJ).
Súmula n. 460 do STJ: É incabível o mandado de segurança para convalidar a compensação tributária
realizada pelo contribuinte.
95
Existem dois fundamentos jurídicos para respaldar o entendimento desta súmula:
a) para convalidar a compensação, seria necessária dilação probatória, o que é inviável em mandado de
segurança;
b) a tarefa de realizar a compensação tributária é da Administração Tributária, não podendo o contribuinte
assumir o papel do Fisco. Isso porque compete à Administração fiscalizar a existência ou não de créditos a
serem compensados, a exatidão dos números e documentos, do quantum a compensar e da conformidade do
procedimento adotado com os termos da legislação pertinente.
Transação:
Art. 171. A LEI pode facultar, nas condições que estabeleça, aos sujeitos ativo e passivo da obrigação tributária
celebrar transação que, mediante concessões mútuas, importe em determinação (terminação) de litígio e
consequente extinção de crédito tributário.
Parágrafo único. A lei indicará a autoridade competente para autorizar a transação em cada caso.
Remissão:
Art. 172. A lei pode autorizar a autoridade administrativa a conceder, por despacho fundamentado, remissão
total ou parcial do crédito tributário (tributos e multas), atendendo:
I - à situação econômica do sujeito passivo;
II - ao erro ou ignorância escusáveis do sujeito passivo, quanto a matéria de fato;
III - à diminuta importância do crédito tributário;
IV - a considerações de equidade (deve estar prevista em lei), em relação com as características pessoais ou
materiais do caso;
V - a condições peculiares a determinada região do território da entidade tributante.
Parágrafo único: O despacho referido neste artigo não gera direito adquirido, aplicando-se, quando cabível,
o disposto no artigo 155.
Decadência:
Com a ocorrência do fato gerador, nasce a obrigação tributária. Com o lançamento, a obrigação é tornada
liquida e certa, surgindo o crédito tributário. O prazo para que a administração tributária, por meio da
autoridade competente, promova o lançamento é decadencial. O prazo para que se ajuíze a ação de execução
fiscal é prescricional. Operada a decadência, tem-se por extinto o direito de lançar.
Prazo:
96
Cinco anos. Entretanto, a definição precisa do termo inicial da decadência é o ponto mais controverso da
matéria, existindo quatro regras diferentes no CTN:
Regra geral – primeiro dia do exercício seguinte.
CTN, Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extingue-se após 5 (cinco) anos,
contados:
I - do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado;
o Antecipação de contagem – data do ato tendente a lançar o tributo.
Art. 173 Parágrafo único. O direito a que se refere este artigo extingue-se definitivamente com o decurso do
prazo nele previsto, contado da data em que tenha sido iniciada a constituição do crédito tributário pela
notificação, ao sujeito passivo, de qualquer medida preparatória indispensável ao lançamento.
o Interrupção da decadência – cinco anos da data da anulação do lançamento por vício
formal.
Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extingue-se após 5 (cinco) anos,
contados:
II - da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício FORMAL, o lançamento
anteriormente efetuado.
Lançamento por homologação (três hipóteses):
o 1ª) Regra geral: dia do fato gerador.
o 2ª) Dolo, fraude ou simulação: primeiro dia do exercício seguinte.
o 3ª) Quando não houver pagamento: primeiro dia do exercício seguinte.
CTN, Art. 150 [...]
§ 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do FATO GERADOR;
expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considera-se homologado o
lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou
simulação.
Da norma retro, extraem-se duas observações:
97
A lei ordinária que rege o tributo pode estabelecer outro prazo para que o fisco homologue o pagamento
antecipado. Na ausência de prazo específico distinto, fica valendo o limite de 5 anos trazidos no §4º do
art. 150.
Na ocorrência de dolo, fraude ou simulação, afasta-se o marco inicial da contagem do prazo quinquenal
e aplica-se a regra geral do art. 173, I, do CTN, tendo como marco substitutivo “o do primeiro dia do
exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado”.
Qual o prazo para a homologação tácita do pagamento, nos casos de tributos sujeitos a lançamento por
homologação?
Cinco anos, a contar da ocorrência do FATO GERADOR, se a lei não fixar outro prazo.
O pagamento parcial tem o condão de fulminar a obrigação em sua totalidade?
Obviamente que NÃO. No caso de pagamento parcial, a homologação é recusada e a diferença devida é
lançada de ofício, deduzindo a parte já carreada aos cofres públicos, incidindo a penalidade a ser porventura
aplicada somente sobre o saldo restante.
Lembrem-se, aqui, há a declaração e o pagamento, porém, a menor do que o devido.
Ausência de declaração do débito:
Partindo do pressuposto de que a homologação não pode incidir sobre o nada, o STJ tem entendimento
firmado no sentido de que “se não houver antecipação de pagamento, não há falar-se em lançamento por
homologação, mas em lançamento de ofício” (STJ, 2.a T., REsp 23.706/RS, Rel. Min. Antônio de Pádua Ribeiro,
j. 08.08.1996, DJ 14.10.1996, p. 38.978); de forma que, também neste caso, a contagem dos prazos seguirá as
regras estipuladas para o lançamento de ofício.
Súmula n. 555 do STJ: Quando não houver declaração do débito, o prazo decadencial quinquenal para o
Fisco constituir o crédito tributário conta-se exclusivamente na forma do art. 173, I, do CTN (lançamento de
ofício), nos casos em que a legislação atribui ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio
exame da autoridade administrativa.
Para fins de constituição do lançamento, o que acontece se houver a declaração, porém, sem a antecipação
do pagamento pelo contribuinte?
Súmula n. 436 do STJ: A entrega de DECLARAÇÃO pelo contribuinte reconhecendo débito fiscal CONSTITUI O
CRÉDITO TRIBUTÁRIO, dispensada qualquer outra providência por parte do fisco.
98
Resumindo:
Se o tributo NÃO foi declarado e NEM PAGO, o termo inicial do prazo decadencial é o primeiro dia do
exercício seguinte (aplicação do art. 173 I do CTN). A homologação incide sobre o pagamento. Não havendo
pagamento nem declaração de débito, não há o que homologar, devendo, por conseguinte, ser utilizada a
regra geral de contagem do prazo decadencial para efeito de realização de lançamento de ofício.
Se foi declarado e realizado um pagamento a menor, a Fazenda Pública tem o prazo de cinco anos contados
da data do fato gerador, para homologar tal pagamento expressamente ou realizar eventual lançamento
suplementar (de ofício), caso contrário, ocorrerá homologação tácita e o crédito estará definitivamente
extinto (aplicação pura e simples do art. 150 § 4º do CTN6).
Se o tributo foi declarado e NÃO PAGO, não há que se falar em decadência, pois o crédito tributário estará
constituído pela própria declaração de débito do contribuinte, sendo possível a imediata inscrição em dívida
ativa e posterior ajuizamento da ação de execução fiscal (a preocupação passa, portanto, a ser com o prazo
prescricional, contado a partir do vencimento do prazo para pagamento).
Prescrição:
Opera-se a prescrição quando a Fazenda Pública não propõe, no prazo legalmente estipulado, a ação de
execução fiscal para obter a satisfação coativa do crédito tributário.
Art. 174. A ação para a cobrança do crédito tributário prescreve em cinco anos, contados da data da sua
constituição definitiva.
Interrupção do prazo prescricional:
Art. 174 Parágrafo único. A prescrição se interrompe:
I – pelo despacho do juiz que ordenar a citação em execução fiscal;
II - pelo protesto judicial;
III - por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor;
IV - por qualquer ato inequívoco ainda que extrajudicial, que importe em reconhecimento do débito pelo
devedor.
6 CTN, Art. 150, § 4º. Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato
gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considera-se homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação
99
A quarta hipótese do prazo prescricional dá-se “por qualquer ato inequívoco ainda que extrajudicial, que
importe em reconhecimento do débito pelo devedor”. Essa hipótese possui duas peculiaridades importantes:
é a única que pode ocorrer extrajudicialmente e é a única que se pode verificar por iniciativa do devedor.
Ex. pedido de parcelamento e de compensação do débito.
IMPORTANTE! Curiosamente, com a formulação do pedido de parcelamento do débito, ocorre a interrupção
do prazo prescricional; com o deferimento do pedido, a exigibilidade do crédito estará suspensa (o que
também suspenderá o prazo prescricional).
E se o parcelamento for concedido de ofício, interrompe o prazo prescricional?
O parcelamento de ofício da dívida tributária não configura causa interruptiva da contagem da prescrição,
uma vez que o contribuinte não anuiu. STJ. 1ª Seção. REsp 1.658.517-PA, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia
Filho, julgado em 14/11/2018 (recurso repetitivo) (Info 638).
Exclusão do crédito Tributário:
Revogação de lei que concede isenção: O STF entende que se aplica o princípio da anterioridade tributária,
geral e nonagesimal, nas hipóteses de redução ou de supressão de benefícios ou de incentivos fiscais. Isso
porque tais situações configuram majoração indireta de tributos. Precedente: Plenário. RE 564225, julgado em
20/11/2019.
Não faça confusão entre as seguintes hipóteses:
Aplica-se o princípio da anterioridade?
Revogação de lei que concedia isenção ou benefício fiscal Aplica anterioridade
Redução ou extinção de desconto Não aplica anterioridade
Alteração do prazo de recolhimento do tributo Não aplica anterioridade
Súmula vinculante n. 50 do STF: Norma legal que
altera o prazo de recolhimento da obrigação
tributária não se sujeita ao princípio da
anterioridade.
Julgados relevantes:
100
É possível que lei local preveja novas formas de extinção do crédito tributário, com base no raciocínio de que
o ente federativo pode até não criar tributo. Logo, pode criar outra forma de extinção, porque quem pode o
mais pode o menos. Outrossim, não há reserva de lei complementar federal para criar hipóteses de suspensão
e extinção de créditos tributários. Precedente: ADI 2405/RS
Tratando-se de Mandado de Segurança impetrado com vistas a declarar o direito à compensação tributária,
em virtude do reconhecimento da ilegalidade ou inconstitucionalidade da exigência da exação,
independentemente da apuração dos respectivos valores, é suficiente, para esse efeito, a comprovação de que
o impetrante ocupa a posição de credor tributário, visto que os comprovantes de recolhimento indevido serão
exigidos posteriormente, na esfera administrativa, quando o procedimento de compensação for submetido à
verificação pelo Fisco; de outro lado, tratando-se de Mandado de Segurança com vistas a obter juízo específico
sobre as parcelas a serem compensadas, com efetiva investigação da liquidez e certeza dos créditos, ou, ainda,
na hipótese em que os efeitos da sentença supõem a efetiva homologação da compensação a ser realizada, o
crédito do contribuinte depende de quantificação, de modo que a inexistência de comprovação cabal dos
valores indevidamente recolhidos representa a ausência de prova pré-constituída indispensável à propositura
da ação. Precedente: REsp 1.715.256-SP.
O prazo prescricional quinquenal para o Fisco exercer a pretensão de cobrança judicial do crédito tributário
conta-se da data estipulada como vencimento para o pagamento da obrigação tributária declarada (mediante
DCTF, GIA, entre outros), nos casos de tributos sujeitos a lançamento por homologação, em que, não obstante
cumprido o dever instrumental de declaração da exação devida, ficou inadimplida a obrigação principal
(pagamento antecipado), nem sobreveio quaisquer das causas suspensivas da exigibilidade do crédito ou
interruptivas do prazo prescricional. Precedente: AgInt no REsp 1577826/RJ.
As entidades dos serviços sociais autônomos não possuem legitimidade passiva nas ações judiciais em que
se discute a relação jurídico-tributária entre o contribuinte e a União e a repetição de indébito das
contribuições sociais recolhidas. Precedente: EREsp 1.619.954-SC.
Não é possível a constituição de crédito tributário com base em documento de confissão de dívida tributária
apresentado, para fins de parcelamento, após o prazo decadencial previsto no art. 173, I, do CTN. A
decadência, consoante disposto no art. 156, V, do referido diploma legal, é forma de extinção do crédito
tributário. Sendo assim, uma vez extinto o direito, não pode ser reavivado por qualquer sistemática de
lançamento ou autolançamento, seja ela via documento de confissão de dívida, declaração de débitos,
parcelamento seja de outra espécie qualquer (DCTF, GIA, DCOMP, GFIP etc.). Precedente: REsp 1.355.947-SP.
101
O Fisco não pode proceder à inscrição do débito em dívida ativa e negar a CND ao contribuinte,
desconsiderando a declaração e a compensação tributárias, efetuadas por ele via Declaração de Contribuições
de Tributos Federais (DCTF), sem notificá-lo do indeferimento da compensação. Ao promover a compensação
(CTN, art. 156, II), o contribuinte deve informá-la ao Fisco para que averigue a regularidade do procedimento
e, então, homologue, ainda que tacitamente, a compensação efetuada, a partir da qual não se poderá recusar
a expedição de Certidão Negativa de Débito (CND). Caso a autoridade administrativa discorde da extinção -
por considerar inexistente ou insuficiente o crédito devido ao contribuinte, ou ainda por considerar inexistente
o direito à compensação - deverá praticar ato manifestando essa discordância por meio de processo
administrativo tributário (que suspenderá o crédito tributário), antes de propor ação fiscal contra o
contribuinte. Precedente: AgRg no REsp 1.126.548-RS.
O disposto no art. 170-A do CTN, que exige o trânsito em julgado para fins de compensação de crédito
tributário, somente se aplica às demandas ajuizadas após a vigência da LC 104/2001. Precedente: Info 541 do
STJ.
A suspensão da lei que autoriza o pagamento em prestações do débito tributário, por força de medida
liminar deferida em ação direta de inconstitucionalidade, implica o imediato indeferimento do pedido de
parcelamento. Isso porque a inércia da Fazenda Pública em examinar esse requerimento, por mais de cinco
anos, acarreta a prescrição do crédito tributário. Precedente: Info 534 do STJ.
102
9. IMPOSTOS ESTADUAIS
ICMS: O ICMS é imposto indireto e isso tem repercussão na repetição do indébito. Para a incidência do ICMS
deve haver circulação jurídica (aquela que envolve a transferência de propriedade do bem). Não é a mera
circulação física que induz a ocorrência do fato gerador do ICMS.
Imunidades previstas na Constituição Federal.
No ICMS, a seletividade é facultativa. O que é a seletividade? É o princípio que impõe que as alíquotas sejam
fixadas de acordo com a essencialidade do produto.
Risco de Pegadinha:
Dizer que a seletividade é impositiva para o ICMS. Em verdade, a seletividade é impositiva para o IPI.
Não cumulatividade: É técnica que tem por objetivo limitar a incidência tributária nas cadeias de produção e
circulação mais extensas, fazendo com que, a cada etapa da cadeia, o imposto somente incida sobre o valor
adicionado nessa etapa. Assim, ao final da cadeia, o tributo cobrado jamais será maior que o valor da maior
alíquota, multiplicado pelo valor final da mercadoria.
Não fere o princípio da não cumulatividade a legislação estadual que veda a apropriação e a utilização de
crédito de ICMS ao contribuinte que estiver com saldo devedor perante o Fisco.
ISS x ICMS:
MERCADORIAS FORNECIDAS CONJUNTAMENTE COM SERVIÇOS
SITUAÇÃO LEGAL INCIDÊNCIA TRIBUTÁRIA
Serviço não está previsto na LC 116/03. ICMS incide sobre o valor total da operação.
Serviço está previsto na LC 116/03 SEM
ressalva de cobrança do ICMS.
ISS incide sobre o valor total da operação.
Serviço está previsto na LC 116/03 COM
ressalva de cobrança do ICMS.
ISS incide sobre o valor do serviço.
ICMS incide sobre o valor das mercadorias fornecidas.
103
Incide ICMS na prestação de serviços de transporte intermunicipal e interestadual. Não incide ICMS em
prestação de serviço de transporte intramunicipal.
Incide ICMS na prestação de serviços de comunicação. ICMS não incide sobre os serviços acessórios aos
serviços de comunicação.
A tarifa de assinatura básica mensal constitui contraprestação contínua e não é serviço preparatório:
Serviços preparatórios à comunicação: NÃO incide
ICMS (RE 572020/DF - Súmula 350 STJ)
Tarifa de assinatura básica mensal: incide ICMS (RE
912888/SP)
Configuram atividades-meio ou serviços
suplementares (acessórios). Ex: habilitação,
instalação, disponibilidade, cadastro de usuário e
equipamento.
Trata-se de contraprestação mensal devida pelo usuário
de forma contínua e durante todo o contrato como
forma de pagamento do próprio serviço de telefonia.
O valor pago por esses serviços é eventual,
remunerando um serviço episódico. Esta tarifa não retribui um serviço episódico e eventual.
Serviço de assinatura inicial se enquadra aqui. Esta tarifa de assinatura básica mensal é diferente do
pagamento pela assinatura inicial.
Lançamento, em regra, por homologação.
Pauta Fiscal x Substituição Tributária x Arbitramento de valores (AgRg no AgRg no AREsp 350678).
É devida a restituição do ICMS pago a mais no regime de substituição tributária para frente se a base de cálculo
efetiva da operação for inferior a presumida (RE 593849, em outubro de 2016 e Informativo 623 do STJ).
Na ADI n. 4565/PI, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 24/2/2021, restou consignado:
É inconstitucional lei estadual anterior à EC nº 87/2015 que estabeleça a cobrança de ICMS pelo Estado de
destino nas operações interestaduais de circulação de mercadorias realizadas de forma não presencial e
destinadas a consumidor final não contribuinte desse imposto. (ADI 4565/PI)
104
ITCMD:
1. Sujeito ativo: quanto a bens imóveis e respectivos direitos é o estado da situação do bem ou DF; quanto
a bens móveis, títulos e créditos é o estado onde se processar o inventário ou arrolamento (ITCMD causa
mortis), o estado onde tiver domicílio o doador ou DF (ITCMD doação).
2. Sujeito passivo: em regra é quem vai receber a doação ou a herança.
3. Lançamento é feito por declaração nos casos de ITCMD causa mortis apurado em inventário e por
homologação nas demais hipóteses.
4. Base de cálculo é o valor venal do bem ou direito transmitido, considerando-se o valor de mercado na data
da abertura da sucessão ou realização do ato ou contrato de doação.
5. Alíquotas máximas são fixadas pelo Senado Federal. Atualmente, a alíquota máxima é de 8%.
Progressividade do ITCMD:
A lei pode prever a técnica da progressividade tanto para os impostos pessoais como também para os reais.
O § 1º do art. 145 da CF/88 não proíbe que os impostos reais sejam progressivos. O ITCMD (que é um imposto
real) pode ser progressivo mesmo sem que esta progressividade esteja expressamente prevista na CF/88. Ao
contrário do que ocorria com o IPTU (Súmula 668-STF), não é necessária a edição de uma EC para que o ITCMD
seja progressivo. Precedente: Info 694 do STJ.
Renúncia da herança e ITCMD causa mortis: no caso de renúncia translativa há hipótese de incidência de
incidência do ITCMD no caso de renúncia gratuita a pessoa específica ou de ITBI no caso de renúncia onerosa
a pessoa específica; no caso de renúncia abdicativa (renúncia pura e simples em favor do montante) não há
incidência de ITCMD nem ITBI pois não haverá transmissão.
Excesso de meação e ITCMD: só incidirá o ITCMD no caso de divórcio com partilha desproporcional gratuita e
somente em relação ao excesso.
A transmissão de bem ou direito por fideicomisso é fato gerador do ITCMD, já as transmissões decorrentes da
extinção do fideicomisso não são tributadas pelo ITCMD.
Incide ITCMD sobre a constituição do chamado usufruto simples.
IPVA:
105
1. O fato gerador é a propriedade de veículos automotores, não sendo fato gerador a mera detenção, o uso
ou a posse do veículo.
2. Base de cálculo é o valor venal do veículo, não estando sujeita ao princípio da anterioridade
nonagesimal/noventena/carência mitigada a fixação da base de cálculo do IPVA.
3. O sujeito passivo é o proprietário do veículo.
4. Em regra, o lançamento é de ofício. No entanto, a legislação pode estabelecer a modalidade de lançamento
por declaração ou homologação.
5. A notificação do lançamento pode ser realizada por qualquer meio idôneo. Ex.: envio do carnê, publicação
de calendário de pagamento com instruções para o pagamento.
6. As alíquotas mínimas são fixadas pelo Senado Federal.
7. Não incide sobre embarcações nem aeronaves.
Enquanto não há lei federal com normas gerais, os Estados possuem competência plena para legislar sobre
IPVA.
A responsabilidade solidária do ex-proprietário, prevista no art. 134 do Código de Trânsito Brasileiro – CTB, não
abrange o IPVA incidente sobre o veículo automotor, no que se refere ao período posterior à sua alienação.
A CF autoriza que as leis ordinárias estaduais prevejam alíquotas do IPVA diferenciadas segundo o tipo e a
utilização do veículo (obs.: mas o STF decidiu que é inconstitucional tributar diferentemente veículos nacionais
e importados).
Súmula Vinculante n. 57: A imunidade tributária constante do art. 150, VI, d, da CF/88 aplica-se à importação
e comercialização, no mercado interno, do livro eletrônico (e-book) e dos suportes exclusivamente utilizados
para fixá-los, como leitores de livros eletrônicos (e-readers), ainda que possuam funcionalidades acessórias.
Súmula Vinculante n. 28: É inconstitucional a exigência de depósito prévio como requisito de admissibilidade
de ação judicial na qual se pretenda discutir a exigibilidade de crédito tributário.
Súmula Vinculante n. 32: O ICMS não incide sobre alienação de salvados de sinistro pelas seguradoras.
Súmula n. 20 do STJ: A mercadoria importada de país signatário do GATT é isenta do ICM, quando contemplado
com esse favor o similar nacional.
Súmula n. 68 do STJ: A parcela relativa ao ICM inclui-se na base de cálculo do PIS. (Atenção: Repercussão Geral
no RE 574.706 cujo enunciado aprovado: "O ICMS não compõe a base de cálculo para incidência do PIS e da
Cofins.").
106
Súmula n. 94 do STJ: A parcela relativa ao ICMS inclui-se na base de cálculo do Finsocial. (Atenção: Repercussão
Geral no RE 574.706 cujo enunciado aprovado: "O ICMS não compõe a base de cálculo para incidência do PIS
e da Cofins.").
Súmula n. 431 do STJ: É ilegal a cobrança de ICMS com base no valor da mercadoria submetido ao regime de
pauta fiscal.
Súmula n. 95 do STJ: A redução da alíquota do imposto sobre produtos industrializados ou do imposto de
importação não implica redução do ICMS.
Súmula n. 129 do STJ: O exportador adquire o direito de transferência de crédito do ICMS quando realiza a
exportação do produto e não ao estocar a matéria-prima.
Súmula n. 135 do STJ: O ICMS não incide na gravação e distribuição de filmes e videoteipes.
Súmula n. 155 do STJ: O ICMS incide na importação de aeronave, por pessoa física, para uso próprio.
Súmula n. 163 do STJ: O fornecimento de mercadorias com a simultânea prestação de serviços em bares,
restaurantes e estabelecimentos similares constitui fato gerador do ICMS a incidir sobre o valor total da
operação.
Súmula n. 166 do STJ: Não constitui fato gerador do ICMS o simples deslocamento de mercadoria de um para
outro estabelecimento do mesmo contribuinte.
Súmula n. 198 do STJ: Na importação de veículo por pessoa física, destinado a uso próprio, incide o ICMS.
Súmula n. 237 do STJ: Nas operações com cartão de crédito, os encargos relativos ao financiamento não são
considerados no cálculo do ICMS.
Súmula n. 334 do STJ: O ICMS não incide no serviço dos provedores de acesso à Internet.
Súmula n. 395 do STJ: O ICMS incide sobre o valor da venda a prazo constante da nota fiscal.
Súmula n. 509 do STJ: É lícito ao comerciante de boa-fé aproveitar os créditos de ICMS decorrentes de nota
fiscal posteriormente declarada inidônea, quando demonstrada a veracidade da compra e venda.
Súmula n. 350 do STJ: O ICMS não incide sobre o serviço de habilitação de telefone celular.
Súmula n. 114 do STF: O imposto de transmissão causa mortis não é exigível antes da homologação do
cálculo.
Súmula n. 112 do STF: O imposto de transmissão "causa mortis" é devido pela alíquota vigente ao tempo da
abertura da sucessão.
Súmula n. 115 do STF: Sobre os honorários do advogado contratado pelo inventariante, com a homologação
do juiz, não incide o imposto de transmissão causa mortis.
107
Súmula n. 331 do STF: É legítima a incidência do imposto de transmissão causa mortis no inventário por morte
presumida.
Súmula n. 590 do STF: Calcula-se o imposto de transmissão causa mortis sobre o saldo credor da promessa de
compra e venda de imóvel, no momento da abertura da sucessão do promitente vendedor.
Súmula n. 447 do STJ: Os Estados e o Distrito Federal são partes legítimas na ação de restituição de imposto
de renda retido na fonte proposta por seus servidores.
Súmula n. 457 do STJ: Os descontos incondicionais nas operações mercantis não se incluem na base de cálculo
do ICMS.
Súmula n. 662 do STJ: É legítima a incidência do ICMS na comercialização de exemplares de obras
cinematográficas, gravados em fitas de videocassete.
Súmula n. 135 do STJ: O ICMS não incide na gravação e distribuição de filmes e videoteipes.
Súmula n. 585 do STJ: A responsabilidade solidária do ex-proprietário, prevista no art. 134 do Código de
Trânsito Brasileiro – CTB, não abrange o IPVA incidente sobre o veículo automotor, no que se refere ao período
posterior à sua alienação.
Julgados relevantes:
• O sujeito ativo da obrigação tributária de ICMS incidente sobre mercadoria importada é o Estado-membro
no qual está domiciliado ou estabelecido o destinatário legal da operação que deu causa à circulação da
mercadoria, com a transferência de domínio. Precedente: ARE 665134, de maio de 2020.
• Não pode ser aplicado para fins de incidência do princípio da insignificância nos crimes tributários estaduais
o parâmetro de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), estabelecido no art. 20 da Lei 10.522/2002, devendo ser
observada a lei estadual vigente em razão da autonomia do ente federativo. Precedente: AgRg-HC 549.428-
PA, julgado em 19/05/2020.
• A demanda de potência elétrica não é passível, por si só, de tributação via ICMS, porquanto somente
integram a base de cálculo desse imposto os valores referentes àquelas operações em que haja efetivo
consumo de energia elétrica pelo consumidor. Precedente: RE 593824, julgado em 27/04/2020 - Info 978.
• O termo inicial da correção monetária de ressarcimento de crédito escritural excedente de tributo sujeito ao
regime não cumulativo ocorre somente após escoado o prazo de 360 dias para a análise do pedido
administrativo pelo Fisco (art. 24 da Lei nº 11.457/2007). Precedente: REsp 1767945-PR, julgado em
12/02/2020 - Info 670.
108
• A postergação do direito do contribuinte do ICMS de usufruir de novas hipóteses de creditamento, por não
representar aumento do tributo, não se sujeita à anterioridade nonagesimal prevista no art. 150, III, "c", da
Constituição. Precedente: RE 603917, julgado em 25/10/2019.
• Os valores de ICMS não integram a base de cálculo da Contribuição Previdenciária sobre a Receita Bruta -
CPRB, instituída pela Medida Provisória nº 540/2011, convertida na Lei nº 12.546/2011. Precedente: REsp
1624297/RS, julgado em 10/04/2019 – Info 647.
• O STF, ao julgar embargos de declaração opostos contra acórdão prolatado no dia 29/09/2016, alterou a
redação da tese fixada para excluir a menção que era feita ao seguro-saúde. Assim, a tesedo RE 651703/PR
passa a ser a seguinte: As operadoras de planos de saúde realizam prestação de serviço sujeita ao Imposto
Sobre Serviços de Qualquer Natureza - ISSQN, previsto no art. 156, III, da CF/88. Precedente: RE 651703/PR,
julgado em 29/09/2016 - Info 841.
• Os insumos que geram direito ao creditamento são aqueles que, extrapolando a condição de mera facilidade,
se incorporam ao produto final, de forma a modificar a maneira como esse se apresenta e configurar parte
essencial do processo produtivo. Sacos e filmes plásticos utilizados exclusivamente para o fornecimento de
produtos de natureza perecível são insumos indispensáveis à atividade desenvolvida pelos supermercados, de
modo que a sua aquisição gera direito ao creditamento do ICMS. Sacolas plásticas fornecidas aos clientes para
o transporte ou acondicionamento de produtos, bem como bandejas, não são insumos essenciais à atividade
dos supermercados, de modo que não geram creditamento de ICMS. Precedente: Info 666 do STJ.
• Em 30/11/2016, o STF julgou procedente a ADO 25 e declarou haver mora, por parte do Congresso Nacional,
em editar a aludida lei complementar de que trata o art. 91 do ADCT. Diante disso, o STF fixou um prazo de 12
meses para que o Legislativo fizesse a lei. Depois de a decisão transitar em julgado, a União requereu o
desarquivamento da ADO e a prorrogação do prazo por mais 24 meses. O Ministro Relator, monocraticamente,
deferiu, em parte, o pleito da União e prorrogou o prazo. Posteriormente, alguns Estados-membros
manifestaram interesse em buscarem a composição amigável do litígio. A União concordou com o pleito e
iniciaram-se audiências, até que foi conseguido um acordo. Em 20/05/2020, o Plenário do STF se reuniu e
referendou as decisões monocráticas do Ministro que prorrogaram o prazo fixado no julgamento do mérito da
ADO. Os Ministros entenderam que fatos supervenientes justificaram o abrandamento do termo fixado no
julgamento de mérito. Além disso, o STF homologou o acordo firmado entre a União e os Estados/DF, com o
seu encaminhamento ao Congresso Nacional para as providências cabíveis. Precedente: Info 978 do STF.
109
• A postergação do direito do contribuinte do ICMS de usufruir de novas hipóteses de creditamento, por não
representar aumento do tributo, não se sujeita à anterioridade nonagesimal prevista no art. 150, III, "c", da
Constituição. STF. Plenário. RE 603917, Rel. Rosa Weber, julgado em 25/10/2019 (Repercussão Geral - Tema
382)
• O creditamento pelo adquirente em relação ao ICMS destacado nas notas fiscais de compra de mercadorias
de contribuinte devedor contumaz, incluído no regime especial de fiscalização, pode ser condicionado à
comprovação da arrecadação do imposto. Precedente: Info 645 do STJ.
•No arrolamento sumário não se condiciona a entrega dos formais de partilha ou da carta de adjudicação à
prévia quitação dos tributos concernentes à transmissão patrimonial aos sucessores. Precedente: Info 634 do
STJ.
• A lei pode prever a técnica da progressividade tanto para os impostos pessoais como também para os reais.
Precedente: Info 694 do STF.
• Se uma decisão judicial anula a promessa de doação de bem imóvel e o ITCMD desta futura doação já havia
sido pago, surge o direito à repetição do imposto recolhido a partir da data do trânsito em julgado da decisão
anulatória. Precedente: REsp 1236816-DF, julgado em 15/3/2012.
• É inconstitucional lei estadual que concede, sem autorização de convênio interestadual, vantagens no
parcelamento de débitos do ICMS para empresas que aderirem a programa de geração de empregos. O Estado-
membro só pode conceder benefícios de ICMS se isso tiver sido previamente autorizado por meio de convênio
celebrado com os demais Estados-membros e DF, nos termos do art. 155, § 2º, XII, “g”, da CF/88 e o art. 1º da
LC 24/75. A concessão unilateral de benefícios de ICMS sem previsão em convênio representa um incentivo à
guerra fiscal. Precedente: ADI 3796/PR.
• No Rio Grande do Sul foi editada uma lei prevendo que as empresas transportadoras teriam duas opções de
tributação do ICMS:
1ª) poderiam continuar com o sistema normal de créditos e débitos inerente ao ICMS;
2ª) poderiam aderir a um regime tributário opcional no qual teriam a redução da base de cálculo para o
percentual de 80%, condicionada ao abandono do regime de apuração normal de créditos e débitos.
110
O STF entendeu que não é inconstitucional lei estadual que permita que o contribuinte opte por um regime
especial de tributação de ICMS com base de cálculo reduzida, mediante expressa renúncia ao aproveitamento
de créditos relativos ao imposto pago em operações anteriores, ainda que proporcional. Esta norma não viola
o princípio da não cumulatividade. Assim, se a empresa contribuinte optar pelo sistema da base de cálculo
reduzida, não terá direito ao creditamento de ICMS. Precedente: AI 765420 AgR-segundo/RS.
• É legítima a incidência do ICMS sobre a operação de venda, realizada por locadora de veículos, de automóvel
com menos de 12 (doze) meses de aquisição da montadora, uma vez que, nessa hipótese, os bens perdem a
característica de ativo imobilizado, passando a assumir o caráter de mercadoria, nos termos do Decreto
Estadual 29.831/2006, que tratou apenas de regulamentar internamente as disposições aprovadas pelo
Convênio CONFAZ 64/2006. 3. Recurso Extraordinário a que se NEGA PROVIMENTO, com a fixação da seguinte
tese de julgamento: “É constitucional a incidência do ICMS sobre a operação de venda, realizada por locadora
de veículos, de automóvel com menos de 12 (doze) meses de aquisição da montadora.” Precedente: RE
1025986.
111
10. ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA E GARANTIAS DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO
Súmula n. 439 do STF: Estão sujeitos à fiscalização tributária ou previdenciária quaisquer livros comerciais,
limitando o exame aos pontos objetos da investigação.
Certidão positiva com efeitos de negativa:
Créditos não vencidos.
Créditos com exigibilidade suspensa.
Créditos em curso de cobrança executiva em que tenha sido efetuada a penhor.
Nos termos do CTN e da LEF o concurso de penhoras somente ocorre entre Pessoas Jurídicas de Direito Público:
Art. 187. A cobrança judicial do crédito tributário não é sujeita a concurso de credores ou habilitação em
falência, recuperação judicial, concordata, inventário ou arrolamento.
Parágrafo único. O concurso de preferência somente se verifica entre pessoas jurídicas de direito público, na
seguinte ordem:
I - União;
II - Estados, Distrito Federal e Territórios, conjuntamente e pró rata;
III - Municípios, conjuntamente e pró rata.
(...)
Art. 29, Parágrafo Único - O concurso de preferência somente se verifica entre pessoas jurídicas de direito
público, na seguinte ordem:
I - União e suas autarquias;
II - Estados, Distrito Federal e Territórios e suas autarquias, conjuntamente e pro rata;
III - Municípios e suas autarquias, conjuntamente e pro rata.
É possível que concorram no patrimônio do devedor diferentes pessoas jurídicas de direito público, cada
uma com seu crédito tributário. Nessa hipótese, é constitucional a ordem de preferência trazida pelas
normas acima citadas?
NÃO. O STF, no dia 24.06.2021, julgou inconstitucional o parágrafo art. 187 do CTN (APDF 357 DF).
Agora, não é mais compatível com a Constituição Federal de 1988 a preferência da União em relação a
Estados, municípios e ao DF na cobrança judicial de créditos da dívida ativa.
A ação foi proposta em 2015 pelo governo do DF contra o art. 187 do CTN e contra o art. 29 da lei 6.830/80,
que estabelecem uma "hierarquia" na ordem de recebimento de créditos, tendo a União a precedência no
112
recebimento de valores em relação aos Estados e ao DF, e estes precedência em relação aos municípios.
Qual motivo?
Violação do princípio da paridade federativa, pois a norma põe a União em nível superior aos Estados e DF, e,
estes, superiores aos Municípios.
O STF entendeu que, só é válido um critério distintivo para a execução fiscal quando previsto e justificado
constitucionalmente. Nesse sentido, ao analisar as leis impugnadas, a ministra observou que a diferenciação
prevista nas leis impugnadas não é feita pela norma constitucional, mas por regras infraconstitucionais.
Ademais, a relatora frisou que não se comprova a finalidade constitucional e legítima buscada para distinção
nas execuções.
Portanto, o Plenário do STF decidiu que essa preferência não foi recepcionada pela CF/88.
E como fica a Súmula n. 563 do STF?
A referida súmula previa que: “o concurso de preferência a que se refere o parágrafo único do art. 187 do
Código Tributário Nacional é compatível com o disposto no art. 9º, I, da Constituição Federal”.
No julgamento, a relatora Min. Cármen Lúcia traçou um histórico do federalismo por meio dos votos de
ministros, nas décadas de 1960 e 1970, que moldaram a formulação, em 1976, da Súmula 563. A interpretação
indicava a preferência da União na execução fiscal como compatível com o texto constitucional vigente na
época. Nesse sentido, foi ressaltado que as Constituições brasileiras não comportavam, até a Emenda
Constitucional 1/1969, norma expressa impeditiva da discriminação entre os entese federados, o que
viabilizou, durante longo período, o concurso de preferência e prevalência de uns entes federados sobre
outros.
Contudo, esse entendimento não pode ser mais levado adiante, pois é incompatível com o pacto federativo
trazido pela CF/88.
A repartição de competências é o "coração da Federação" que, diante da complexidade política e geográfica
do território brasileiro, deve se pautar pela autonomia dos entes. Se no plano internacional a União é
soberana, no plano interno ela é autônoma e iguala-se aos demais entes federados, sem hierarquia, com
competências próprias.
Desta forma, no julgamento da ADPF 357, foi promovido o cancelamento da súmula 563 do STF.
Há, ainda, a seguinte súmula do STJ que, embora ainda não cancelada, não prevalece mais, diante do julgado
do STF, cite-se:
Súmula n. 497 do STJ: Os créditos das autarquias federais preferem aos créditos da fazenda estadual desde
que coexistam penhoras sobre o mesmo bem.
113
Súmula n. 569 do STJ: Na importação, é indevida a exigência de nova certidão negativa de débito no
desembaraço aduaneiro, se já apresentada a comprovação da quitação de tributos federais quando da
concessão do benefício relativo ao regime de drawback.
Julgados relevantes:
Não foram recepcionados pela CF/88 o parágrafo único do art. 187 do CTN e o parágrafo único do art.
29 da Lei de Execuções Fiscais, que dispõem sobre o concurso de preferência entre os entes federados na
cobrança judicial dos créditos tributários e não tributários; a Súmula 563 do STF foi cancelada. Precedente:
ADPF 357.
Não é possível a expedição de certidão positiva com efeito de negativa em favor de sócio que tenha
figurado como fiador em Termo de Confissão de Dívida Tributária na hipótese em que o parcelamento dele
decorrente não tenha sido adimplido. O art. 4º, II, da Lei nº 6.830/80 dispõe que a execução fiscal poderá ser
promovida contra o fiador. Assim sendo, a responsabilidade do sócio fiador, na hipótese, decorre da sua
presença como fiador do parcelamento não adimplido. Precedente: REsp 1.444.692-CE, (Info 543).
A penhora de bem de valor inferior ao débito não autoriza a expedição de certidão positiva com efeitos
de negativa. Isso porque a expedição da referida certidão está condicionada à existência de penhora suficiente
ou à suspensão da exigibilidade do crédito tributário, nos termos dos arts. 151 e 206 do CTN.STJ. 2ª Turma.
REsp 1.479.276-MG, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 16/10/2014 (Info 550).
O STF julgou procedente o pedido formulado para declarar a não recepção pela Constituição da
República de 1988 das normas previstas no parágrafo único do art. 187 da Lei nº 5.172/1966 (Código Tributário
Nacional) e do parágrafo único do art. 29 da Lei nº 6.830/1980 (Lei de Execuções Fiscais), e cancelou a Súmula
n. 563 do Supremo Tribunal Federal. APDF 357. Plenário, 24.06.2021.