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  • TURISMO CULTURAL

    O R I E N T A E S B S I C A S

    B R A S I L - 2 0 0 6

    TURISMO CULTURAL

  • 1 2

    3

    45

    6

    1 - Mike Ronchi

    2 - Rui Faquini

    3 - EMBRATUR

    4 - Mike Ronchi

    5 - EMBRATUR

    6 - EMBRATUR

    Ficha Tcnica

    Coordenao Geral Tnia Brizolla

    Coordenao Tcnica Mara Flora Lottici Krahl

    Assessoria Tcnica Carolina Juliani de Campos

    Assessoria Jurdica lvaro Cavaggioni

    Reviso Tcnica Stela Maris Murta

    Colaborao Carmlia AmaralNorma Martini MoeschRosana Frana

    Agradecimentos Coordenao-Geral de RegionalizaoEMBRATUR Gerncia de Segmentao e ProdutosGrupo Tcnico Temtico GTT de Turismo Cultural da Cmara Temtica da Segmentao

    Elaborao OngTour Organizao No-Governamental para o Desenvolvimento do Turismo

    Ministrio do TurismoSecretaria Nacional de Polticas de Turismo

    Departamento de Estruturao, Articulao e Ordenamento TursticoCoordenao-Geral de Segmentao

    www.turismo.gov.brTelefone (61) 3445 3450

    Fax (61) 3445 [email protected]

    [email protected]

    Presidente da Repblica Federativa do BrasilLuiz Incio Lula da Silva

    Ministro do TurismoWalfrido dos Mares Guia

    Secretrio-ExecutivoMrcio Favilla Lucca de Paula

    Secretrio Nacional de Polticas do TurismoAirton Pereira

    Diretora de Estruturao, Articulao e Ordenamento TursticoTnia Brizolla

    Coordenadora-Geral de SegmentaoMara Flora Lottici Krahl

  • O R I E N T A E S B S I C A S

    TURISMO CULTURAL

  • Distribuio Gratuita

    Impresso no Brasil Printed in Brazil

    Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP)

    338.47(81) 756b

    Brasil. Ministrio do Turismo. Secretaria Nacional de Polticas de Turismo

    Turismo cultural: orientaes bsicas / Ministrio do Turismo, Coordenao - Geral de Segmentao. Braslia: Ministrio do Turismo, 2006.

    44 p. : il. ; 30 cm.

    Inclui anexos e bibliografi a.Representa parte de uma srie de publicaes que abordam o tema

    turismo.

    1. Turismo - manual. 2. Cultural - aspecto. 3. Cultura. 4. Legislao. 5. Turismo mercado. 6. Turismo caractersticas I. Ttulo.

  • 3APRESENTAO

    A diversifi cao da oferta turstica mundial em relao s tendncias da demanda, entre

    outros fatores, ocasionam a expanso do mercado e o surgimento e consolidao de

    variados segmentos tursticos. A segmentao, nesse caso, entendida como uma forma

    de organizar o turismo para fi ns de planejamento, gesto e mercado.

    Os segmentos tursticos podem ser estabelecidos a partir dos elementos de identidade

    da oferta e tambm das caractersticas e variveis da demanda. No que se refere

    oferta, o Brasil apresenta recursos mpares que, aliados criatividade do povo brasileiro,

    possibilitam o desenvolvimento de diferentes experincias que defi nem tipos de turismo

    Ecoturismo, Turismo Cultural, Turismo Rural, Turismo de Aventura e tantos outros. A

    transformao de tais recursos em atrativos, de modo a constiturem roteiros e produtos

    tursticos, utiliza a segmentao como estratgia principal. Para tanto, so necessrias

    medidas que visem a estruturao, o desenvolvimento, a promoo e a comercializao

    adequadas singularidade de cada segmento.

    Diante desse desafi o, o MTur apresenta este documento orientativo Turismo Cultural:

    Orientaes Bsicas a partir da noo de territrio que fundamenta o Programa de

    Regionalizao do Turismo Roteiros do Brasil, com o intuito de oferecer subsdios a

    gestores pblicos e privados, na perspectiva da diversifi cao e caracterizao da oferta

    turstica brasileira. Este trabalho enfoca desde aspectos conceituais e legais, abordando

    o perfi l do turista, a identifi cao de agentes e parceiros, at as peculiaridades relativas

    promoo e comercializao.

    Com esta proposta de segmentao, mais que aumentar a oferta turstica brasileira, espera-

    se que o turismo possa contribuir, efetivamente, para melhorar as condies de vida no

    pas a partir das novas oportunidades que a estruturao deste e de outros segmentos

    possibilitam.

  • 5SUMRIO

    INTRODUO

    2 ENTENDENDO O SEGMENTO 09

    2.1 A relao turismo e cultura 09

    2.2 Conceituao e caractersticas do Turismo Cultural 10

    2.3 O turista cultural 13

    3 BASES PARA O DESENVOLVIMENTO DO TURISMO CULTURAL 15

    3.1 A viabilidade para o Turismo Cultural 15

    3.2 Aspectos legais 17

    3.3 Identifi cao de agentes e parceiros 21

    3.4 Envolvimento das comunidades 22

    3.5 Tematizao: conferindo identidade aos produtos tursticos 23

    3.6 Aspectos gerais de estruturao do segmento 24

    3.7 Agregando valor aos atrativos 29

    4 TURISMO CULTURAL E MERCADO 31

    4.1 Aspectos de promoo e comercializao 31

    4.2 Potencializando a promoo do Turismo Cultural 33

    5 REFERENCIAIS BIBLIOGRFICOS 35

    ANEXO 37

  • 7INTRODUO

    A pluralidade da cultura brasileira tem sido aclamada pelos governos e pela sociedade como

    uma das principais caractersticas do patrimnio do pas, ao lado dos recursos naturais,

    o que pode signifi car para o turismo a possibilidade de estruturao de novos produtos

    diferenciados, com o conseqente aumento do fl uxo de turistas. O grande mrito desta

    possibilidade fazer do turismo uma atividade capaz de promover e preservar a nossa

    cultura. Nesse caso, cultura e turismo confi guram, em suas diversas combinaes, um

    segmento denominado Turismo Cultural que se materializa quando o turista motivado a

    se deslocar especialmente com a fi nalidade de vivenciar aspectos e situaes que podem

    ser considerados particularidades da cultura.

    Porm, o inegvel potencial do Brasil para este segmento est longe de ser aproveitado

    em sua magnitude a maioria dos produtos tursticos carece de qualifi cao e h, ainda,

    muito a ser trabalhado para se chegar competitividade e sustentabilidade. Diante disso,

    o MTur, ao orientar o desenvolvimento de produtos tursticos1, utiliza a roteirizao e a

    segmentao como estratgias, por entender serem imprescindveis aes que permitam

    o fortalecimento do capital social e a conseqente e concomitante promoo e preservao

    da cultura brasileira, como atrativo turstico e como patrimnio. Desta forma, a promoo

    de um produto, roteirizado ou no, com base em um segmento principal, no inviabiliza que

    vrios outros segmentos possam ser trabalhados em outros tantos roteiros, a depender

    dos potenciais atrativos e do pblico que se queira buscar. Para tanto, preciso que sejam

    observados alguns aspectos referentes s especifi cidades de cada segmento turstico,

    sendo que este documento apresenta-se norteador para o desenvolvimento do Turismo

    Cultural nas regies tursticas brasileiras.

    Espera-se, dessa maneira, contribuir para o desenvolvimento e a oferta de produtos de

    Turismo Cultural autnticos e, principalmente, para a promoo da diversidade cultural

    brasileira, da participao e do bem-estar das comunidades.

    1 Produto turstico o conjunto de atrativos, equipamentos e servios tursticos, acrescido de facilidades e ofertado de forma organizada por um determinado preo. BRASIL. Inventrio da Oferta Turstica: estratgia de gesto. Braslia: MTur, 2004

  • 9 ENTENDENDO O SEGMENTO2.1 A relao turismo e culturaPode-se situar a origem da relao turismo e cultura no grand tour europeu, quando os

    aristocratas e mais tarde a burguesia viajavam principalmente para contemplar monumentos,

    runas e obras de arte dos antigos gregos e romanos.

    Desses primrdios tempos at a atualidade, a cultura continuou a ser uma das principais

    razes para a viagem; com o tempo, modifi cou-se, porm, a forma como os inmeros

    turistas visitam atrativos tursticos culturais. A prpria noo de cultura anteriormente ligada

    idia de civilizao ampliou-se e passou a incluir todas as formas de ser e fazer humanos.

    Dessa forma, entende-se que todos os povos so detentores de cultura. Esta defi nida

    como a totalidade ou o conjunto da produo, de todo o fazer humano de uma sociedade,

    suas formas de expresso e modos de vida2.

    Quanto aos estudos especfi cos sobre a relao turismo e cultura, pode-se afi rmar que

    foram iniciadas a partir dos anos 60, pelos antroplogos. Nessa dcada e na seguinte, o

    turismo passou a ser apontado como alternativa para o desenvolvimento mundial, inclusive

    no Brasil, embora de forma incipiente. No entanto, o modo como a atividade turstica foi

    implementada em muitos lugares revelou-se danosa ao patrimnio cultural ou inefi caz como

    estratgia de promoo, quer pela falta de recursos humanos especializados, pela visitao

    descontrolada, pelo desrespeito em relao identidade cultural local, pela imposio de

    novos padres culturais, especialmente em pequenas comunidades, quer pelo despreparo

    do prprio turista para a experincia turstica cultural.

    Esse contexto sinalizou para a necessidade de se implementar aes conjuntas, planejadas

    e geridas entre as reas de turismo e de cultura, e de se contemplar o respeito identidade

    cultural e memria das comunidades na atividade turstica. O patrimnio cultural, mais do

    que atrativo turstico, fator de identidade cultural e de memria das comunidades, fonte

    que as remete a uma cultura partilhada, a experincias vividas, a sua identidade cultural e,

    como tal, deve ter seu sentido respeitado.

    A opo pelo desenvolvimento turstico deve conciliar-se aos objetivos de manuteno do

    patrimnio, do uso cotidiano dos bens culturais e da valorizao das identidades culturais

    locais. O uso turstico deve sempre atuar no sentido do fortalecimento das culturas. Assim,

    a atividade turstica incentivada como estratgia de preservao do patrimnio, em funo

    da promoo de seu valor econmico.

    Praticando esses pressupostos, algumas iniciativas de implementao de polticas

    pblicas de turismo tm despertado o sentimento de orgulho nas comunidades em relao

    sua identidade cultural. Prticas culturais, antes esquecidas, vm sendo resgatadas e

    2 BRASIL. Sustentabilidade sociocultural: princpio fundamental. MTur: Brasil, 2006

    2

  • 10

    o patrimnio preservado, mesmo face s infl uncias da globalizao e da tendncia

    padronizao de expresses, bens e servios culturais e tursticos.

    Pode-se dizer que a relao cultura e turismo fundamenta-se em dois pilares: o primeiro

    a existncia de pessoas motivadas em conhecer culturas diversas e o segundo a

    possibilidade do turismo servir como instrumento de valorizao da identidade cultural, da

    preservao e conservao do patrimnio, e da promoo econmica de bens culturais.

    Algumas viagens confi guram um tipo especial de turismo, denominado Turismo Cultural,

    cujos marcos conceituais e abrangncia abordam-se a seguir.

    2.2 Conceituao e caractersticas do Turismo CulturalDiante da abrangncia dos termos turismo e cultura, o MTur, em parceria com o Ministrio da

    Cultura e o IPHAN, e com base na representatividade da Cmara Temtica de Segmentao

    do Conselho Nacional de Turismo, estabeleceu um recorte nesse universo e dimensionou

    o segmento na seguinte defi nio

    Turismo Cultural compreende as atividades tursticas relacionadas vivncia do conjunto de elementos signifi cativos do patrimnio histrico e cultural e dos eventos culturais, valorizando e promovendo os bens materiais e imateriais da cultura.

    A compreenso do signifi cado dos termos empregados neste conceito permite visualizar as

    caractersticas bsicas e o dimensionamento atribudo ao Turismo Cultural no pas.

    Atividades tursticas

    Entende-se por atividades tursticas aquelas realizadas em funo da viagem de Turismo

    Cultural, tais como

    transporte

    agenciamento

    hospedagem

    alimentao

    recepo

    eventos

    recreao e entretenimento

    outras atividades complementares

    Vivncia

    A defi nio de Turismo Cultural est relacionada motivao do turista, especifi camente a

    de vivenciar o patrimnio histrico e cultural e determinados eventos culturais, de modo a

    experienci-los e preservar a sua integridade. Vivenciar implica, essencialmente, em duas

    formas de relao do turista com a cultura ou algum aspecto cultural: a primeira refere-se ao

    conhecimento, aqui entendido como a busca em aprender e entender o objeto da visitao; a

    segunda corresponde a experincias participativas, contemplativas e de entretenimento, que

    ocorrem em funo do objeto de visitao.

  • 11

    Patrimnio histrico e cultural e eventos culturais

    Considera-se patrimnio histrico e cultural os bens de natureza material e imaterial que

    expressam ou revelam a memria e a identidade das populaes e comunidades. So bens

    culturais de valor histrico, artstico, cientfi co, simblico, passveis de tornarem-se atraes

    tursticas: arquivos, edifi caes, conjuntos urbansticos, stios arqueolgicos, runas; museus

    e outros espaos destinados apresentao ou contemplao de bens materiais e imateriais;

    manifestaes como msica, gastronomia, artes visuais e cnicas, festas e celebraes. Os

    eventos culturais englobam as manifestaes temporrias, enquadradas ou no na defi nio

    de patrimnio, incluindo-se nesta categoria os eventos gastronmicos, religiosos, musicais,

    de dana, de teatro, de cinema, exposies de arte, de artesanato e outros.

    Valorizao e promoo dos bens materiais e imateriais da cultura

    A utilizao turstica dos bens culturais pressupe sua valorizao, promoo e a manuteno

    de sua dinmica e permanncia no tempo como smbolos de memria3 e de identidade.

    Valorizar e promover signifi ca difundir o conhecimento sobre esses bens e facilitar seu acesso

    e usufruto a moradores e turistas. Signifi ca tambm reconhecer a importncia da cultura na

    relao turista e comunidade local, aportando os meios para que tal relao ocorra de forma

    harmnica e em benefcio de ambos.

    Convm ressaltar que os deslocamentos motivados por interesses religiosos, msticos,

    esotricos, cvicos e tnicos so aqui entendidos como recortes no mbito do Turismo

    Cultural e podem constituir outros segmentos para fi ns especfi cos: Turismo Cvico, Turismo

    Religioso, Turismo Mstico e Esotrico e Turismo tnico. O Turismo Gastronmico, entre

    outros, pode tambm instituir-se no mbito do Turismo Cultural, desde que preservados os

    princpios da tipicidade e identidade.

    2.2.1 Turismo CvicoO Turismo Cvico ocorre em funo de deslocamentos motivados pelo conhecimento de

    monumentos, fatos, observao ou participao em eventos cvicos, que representem a

    situao presente ou a memria poltica e histrica de determinados locais.

    Entendem-se como monumentos as obras ou construes que remetem memria de

    determinado fato relevante ou personagem. Os fatos so aes, acontecimentos e feitos

    realizados, ou que estejam ocorrendo na contemporaneidade. Do ponto de vista turstico,

    eles podem atrair pessoas para conhecerem os locais onde se efetivaram, de forma a

    compreender o seu contexto e suas particularidades. Neste caso, tais monumentos e fatos

    diferenciam-se dos demais por seu carter cvico, ou seja, relativos ptria. Os eventos

    cvicos so as programaes em que o Estado, seus smbolos e datas so celebrados pelos

    cidados. Englobam-se aqui as comemoraes de feriados nacionais relacionados a fatos

    e personagens da ptria, os eventos para troca de bandeiras, as posses de presidentes,

    governadores e prefeitos, as visitas guiadas a lugares de evocao do esprito cvico de

    uma nao, entre outros. Assim, esse tipo de turismo abrange elementos do passado

    3 Memrias so lembradas organizadas segundo uma lgica subjetiva que seleciona e articula elementos que nem sempre correspondem aos fatos concretos, objetivos e materiais. MEIHY, J. C. SEBE BOM. Manual de Histria Oral. So Paulo: Loyola, 2004

  • 12

    e do presente relacionados ptria: fatos, acontecimentos, situaes, personagens e

    monumentos referentes a feitos polticos e histricos.

    Cabe ressaltar que os deslocamentos tursticos caractersticos desse tipo de turismo

    ocorrem tanto no pas do turista quanto em ptrias estrangeiras. As temticas envolvidas

    podem relacionar-se poltica municipal, estadual, nacional ou internacional.

    2.2.2 Turismo Religioso O Turismo Religioso confi gura-se pelas atividades tursticas decorrentes da busca espiritual

    e da prtica religiosa em espaos e eventos relacionados s religies institucionalizadas.

    Est relacionado s religies institucionalizadas tais como as de origem oriental, afro-

    brasileiras, espritas, protestantes, catlica, compostas de doutrinas, hierarquias, estruturas,

    templos, rituais e sacerdcio.

    A busca espiritual e a prtica religiosa, neste caso, caracterizam-se pelo deslocamento a

    locais e para participao em eventos para fi ns de

    peregrinaes e romarias

    retiros espirituais

    festas e comemoraes religiosas

    apresentaes artsticas de carter religioso

    encontros e celebraes relacionados evangelizao de fi is

    visitao a espaos e edifi caes religiosas (igrejas, templos, santurios, terreiros)

    realizao de itinerrios e percursos de cunho religioso e outros

    Muitos locais que representam importante legado artstico e arquitetnico de religies

    e crenas so compartilhados pelos interesses sagrados e profanos dos turistas. As

    viagens motivadas pelo interesse cultural ou pela apreciao esttica do fenmeno ou

    do espao religioso sero, para efeitos deste documento, consideradas simplesmente

    como Turismo Cultural.

    2.2.3 Turismo Mstico e Esotrico4O Turismo Mstico e o Turismo Esotrico caracterizam-se pelas atividades tursticas

    decorrentes da busca da espiritualidade e do autoconhecimento em prticas, crenas e

    rituais considerados alternativos.

    Opta-se, nesta defi nio, pela utilizao conjunta e no exclusiva dos termos Turismo Mstico

    e Turismo Esotrico, uma vez que o misticismo e o esoterismo esto relacionados s novas

    religiosidades, sendo que suas prticas se do, muitas vezes, concomitantemente, tornando

    difcil separ-los em um produto turstico exclusivamente de carter mstico ou de carter

    esotrico. Nesse sentido, para fi ns de caracterizao de produtos tursticos, podero ser

    utilizados os termos Turismo Esotrico ou Turismo Mstico ou Turismo Mstico-Esotrico.

    4 Para a caracterizao desse tipo de turismo destacam-se as contribuies da Prof. Dra. Deis Siqueira, da Universidade de Braslia. Para aprofundamento no assunto indica-se a leitura de sua obra As novas religiosidades no Ocidente. Braslia: cidade mstica, Editora Universidade de Braslia, 2003

  • 13

    H atualmente uma tendncia pela busca de novas religiosidades ou nova espiritualidade,

    desvinculadas das religies tradicionais, o que se d pela manifestao de crenas, rituais

    e prticas alternativas, associadas ao misticismo e ao esoterismo.

    Nesse contexto, o turismo refere-se ao deslocamento de pessoas para estabelecer contato

    e vivenciar tais prticas, conhecimentos e estilos de vida que confi guram um aspecto

    cultural diferenciado do destino turstico. Dentre as atividades tpicas desse tipo de turismo

    pode-se citar as caminhadas de cunho espiritual e mstico, as prticas de meditao e de

    energizao, entre outras.

    2.2.4 Turismo tnicoO Turismo tnico constitui-se de atividades tursticas envolvendo a vivncia de experincias

    autnticas e o contato direto com os modos de vida e a identidade de grupos tnicos. O turista

    busca, no caso, estabelecer um contato prximo com a comunidade anfi tri, participar de

    suas atividades tradicionais, observar e aprender sobre suas expresses culturais, estilos

    de vida e costumes singulares. Muitas vezes, tais atividades podem articular-se como uma

    busca pelas prprias origens do turista, em um retorno s tradies de seus antepassados.

    Esse tipo de turismo envolve as comunidades representativas dos processos imigratrios

    europeus e asiticos, as comunidades indgenas, as comunidades quilombolas e outros

    grupos sociais que preservam seus legados tnicos como valores norteadores de seu

    modo de vida, saberes e fazeres.

    Para desenvolver o segmento de Turismo Cultural e suas derivaes necessrio, em

    primeiro lugar, saber quais so as suas principais caractersticas e abrangncias.

    tambm fundamental compreender as motivaes e o perfi l dos turistas que buscam as

    experincias expressas nesse segmento, que desempenha importante papel no processo

    de caracterizao e fortalecimento da identidade de um territrio.

    2.3 O turista cultural As pesquisas denominadas pesquisas de demanda, permitem conhecer as preferncias

    e necessidades do turista e elaborar produtos adequados a cada perfi l consumidor. No

    caso deste segmento, tambm importante saber quais atividades tm a preferncia do

    turista e como elas podem ser organizadas como parte da programao de uma viagem.

    De modo geral, pode-se afi rmar que no existem pesquisas desse tipo no Brasil. certo

    que a amplitude de interesses e de motivaes em relao cultura requer uma srie de

    estudos, mas alguns trabalhos em outros pases podem ser utilizados nessa tarefa, como

    no caso do Mxico5, que aponta a existncia de dois tipos de turistas que visitam atrativos

    culturais em seus deslocamentos

    a) aqueles com interesse especfi co na cultura, isto , que desejam aprofundar-se na

    compreenso das culturas visitadas e se deslocam especialmente para esse fi m

    5 MXICO. El Turismo Cultural en Mxico: resumen ejecutivo del estudio estratgico de viabilidad del turismo cultural en Mxico. Mxico DF: SECTUR, sd

  • 14

    b) aqueles com interesse ocasional na cultura, possuindo outras motivaes que

    o atraem ao destino, relacionando-se com a cultura apenas como uma opo

    de lazer. Esses turistas, muitas vezes, acabam visitando algum atrativo cultural,

    embora no tenham se deslocado com esse fi m, e, apesar de no se confi gurarem

    como pblico principal do que conceituamos de Turismo Cultural, so tambm

    importantes para o destino, devendo ser considerados para fi ns de estruturao e

    promoo do produto turstico

    Diante da escassez de informaes sobre o assunto, sugerem-se alguns procedimentos

    para levantar o perfi l do consumidor desse tipo de turismo

    verifi car a existncia de pesquisas relacionadas ao assunto, principalmente as que

    apontem o perfi l e a motivao do turista em visitar os atrativos culturais da regio,

    nos rgos ofi ciais de turismo e de cultura, nas instituies de ensino, no Sistema

    S, em Organizaes No-Governamentais, em museus e centros culturais, dentre

    outros

    realizar pesquisas direcionadas ao tema na regio lembrando que devem ser

    planejadas e executadas por profi ssionais da rea

    Para que as pesquisas de demanda sejam confi veis, recomenda-se que sejam planejadas

    conforme metodologias especfi cas, tanto na alta quanto na baixa temporada turstica,

    durante a semana e fi ns de semana, em diferentes horrios do dia e da noite, de modo

    a captar o perfi l do turista que freqenta o destino durante todo o ano, identifi cando seus

    hbitos de visitao e consumo.

    rgos e instituies de cultura, tais como museus, centros culturais,igrejas e demais espaos possuem registros de visitas e outras informaes

    que possibilitam, por exemplo, caracterizar a procednciae o nmero de visitantes a esses bens culturais

    Os resultados das pesquisas com os turistas facilitam aos empresrios o desenvolvimento

    de produtos de Turismo Cultural que atendam aos diferentes perfi s, motivaes e interesses

    de viagem, permitindo a segmentao da demanda.

    rgos e instituies de cultura, tais como museus, centros culturais,igrejas e demais espaos possuem registros de visitas e outras informaes

    que possibilitam, por exemplo, caracterizar a procednciae o nmero de visitantes a esses bens culturais

  • 15

    BASES PARA O DESENVOLVIMENTO DO TURISMO CULTURAL

    Uma vez entendidas as caractersticas especiais deste segmento e do respectivo

    turista possvel compreender e agir sobre as principais questes que envolvem o seu

    desenvolvimento na regio e no municpio.

    3.1 A viabilidade para o Turismo Cultural Um dos primeiros passos para a estruturao desse tipo de turismo identifi car e avaliar

    se na regio existem atrativos culturais signifi cativos, efetivos ou potenciais, que possam

    motivar o deslocamento do turista especialmente para conhec-los.

    Segundo classificao atualizada do MTur, os principais atrativos6 desse tipo de

    turismo so

    Stios histricos centros histricos, quilombos

    Edifi caes especiais arquitetura, runas

    Obras de arte

    Espaos e instituies culturais museus, casas de cultura

    Festas, festivais e celebraes locais

    Gastronomia tpica

    Artesanato e produtos tpicos

    Msica, dana, teatro, cinema

    Feiras e Mercados tradicionais

    Saberes e Fazeres causos, trabalhos manuais

    Realizaes artsticas exposies, atelis

    Eventos programados feiras e outras realizaes artsticas, culturais, gastronmicas

    Outros que se enquadrem na temtica cultural

    Como se pode ver, a cultura e seus diversos desdobramentos constituem insumos bsicos

    do Turismo Cultural. Pintura, escultura, teatro, dana, msica, gastronomia, artesanato,

    literatura, arquitetura, histria, festas, folclore, entre outros, formam uma combinao que

    permite a vivncia da diversidade cultural brasileira.

    Quanto maior a diversidade de opes e atividades, maiores sero as possibilidades de se

    criar produtos diferenciados. Alm de estimular a permanncia do turista no destino por um

    perodo de tempo maior, incentivam a visitao nos perodos de baixa temporada.

    6 Verifi car os tipos, subtipos e as caractersticas relevantes dos atrativos tursticos (Atrativos Culturais, Eventos Programados, Realizaes Tcnico-Cientfi cas) no documento Inventrio da Oferta Turstica: instrumento de pesquisa. Braslia: MTur, 2006

    3

  • 16

    O cinema e a televiso podem agregar valor a um destino turstico, transformando cenrios e recursos culturais em grandes atrativos, quando esses forem palco para as gravaes de um fi lme, ou minissries e novelas de cunho histrico, principalmente. Quando tais produes se tornam conhecidas, podem estimular maior fl uxo turstico para esses locais. Tal fato deve ser visto como uma oportunidade de se trabalhar outros contedos presentes no local, aproveitando o fl uxo de turistas para promover a cultura local, valorizando-a em sua totalidade de aspectos

    O fl uxo turstico, no caso deste segmento, no depende tanto de condies climticas,

    como no Turismo de Sol e Praia e outros, possibilitando que as atividades tursticas possam

    ser realizadas ao longo do ano. A sazonalidade da atividade mais evidente, contudo, em

    destinos cujo produto est focado em eventos e determinadas manifestaes culturais

    pontuais. Nesse caso, desenvolver outras atividades e segmentos pode ser uma boa

    estratgia para melhorar a distribuio do fl uxo turstico e a ocupao dos equipamentos.

    Se a motivao do turista concentrar-se nos aspectos culturais, ele visitar tanto os

    atrativos localizados na zona urbana quanto na rea rural. Caso a vivncia da ruralidade

    for predominante na motivao, confi gura-se um outro tipo de turismo o segmento

    denominado Turismo Rural, que guarda fortes elementos culturais. Por essa razo, uma

    propriedade rural com elementos culturais signifi cativos pode desenvolver produtos de

    ambos os segmentos Rural e Cultural.

    Deve-se, pois, identifi car, dentre todos os atrativos, aqueles que podem compor um

    produto turstico diferenciado. Nesse processo, convm analisar a singularidade, o valor

    intrnseco e o carter brasileiro dos atrativos7 que compem o seu valor potencial, segundo

    metodologia adotada no Plano de Marketing Turstico Nacional8.

    Os valores locais histria, identidade e memriaNo processo de organizao do Turismo Cultural a comunidade tem papel fundamental,

    principalmente na revelao de aspectos ainda no registrados ou que no constam

    na histria ofi cial. A vivncia histrica das comunidades, ao ser valorizada pelo turismo,

    enriquece a experincia do turista e refora o sentimento de pertena local.

    Os moradores mais antigos da regio so detentores de um amplo leque de informaes sobre a histria, a memria, os personagens e fatos do cotidiano local,

    nem sempre visveis e conhecidos do senso comum

    7 - Singularidade: valor que tem um recurso pelo fato de ser nico no mundo, na Amrica Latina, no Brasil, na macrorregio ou no Estado

    - Valor Intrnseco: valor de cada um dos recursos, aferido por meio de anlise comparativa que os faa destacar-se dentro de sua prpria categoria (museus, edifi caes, natureza, parques)

    - Carter brasileiro: valor que tem um recurso pelo fato de fazer parte da identidade nacional, ainda que no seja espe-cifi camente um recurso turstico, mas representa, de fato, um grande valor potencial para o turismo

    8 BRASIL. Plano de Marketing Turstico Nacional. Braslia: MTur, 2005

    Os moradores mais antigos da regio so detentores de um amplo leque de informaes sobre a histria, a memria, os personagens e fatos do cotidiano local,

    nem sempre visveis e conhecidos do senso comum

  • 17

    Alm disso, o prprio cotidiano pode constituir-se em atrativo, j que o turista cultural

    busca relacionar-se com a comunidade e identifi car os saberes e fazeres que compem a

    identidade local9.

    Na verdade, no somente a cultura de cunho erudito10, expressa em museus, prdios

    histricos, em manifestaes musicais, cnicas e literrias atraem os turistas culturais.

    Esses so tambm atrados pela cultura dita popular e pelas manifestaes tradicionais

    e folclricas, expressas principalmente na gastronomia tpica, nas festas e celebraes

    populares, nas lendas, histrias e causos locais, nos produtos artesanais de origem e

    nos modos peculiares de receber o visitante. Todos esses elementos constituem atrativos

    essenciais que caracterizam o Turismo Cultural.

    O turista cultural valoriza a cultura em toda a sua complexidade e particularidade,

    movimentando-se em busca de cones que representam a identidade local e a memria

    coletiva11. Ambos os conceitos remetem a um conjunto de experincias, fatos histricos e

    elementos culturais comuns a um grupo ou comunidade, e que podem ser representados

    pelos bens culturais materiais e imateriais que compem o patrimnio.

    Alguns bens so considerados patrimnio por uma coletividade, desde que essas o

    reconheam como tal, no entanto, o reconhecimento ofi cial de determinado bem como

    patrimnio depende de medidas legais que podem ser tomadas nas trs esferas de governo

    e que so abordadas a seguir.

    3.2 Aspectos legais O adequado desenvolvimento do Turismo Cultural depende da observncia de questes

    legais relacionadas aos atrativos tursticos e ao patrimnio, ao territrio, e prestao

    de servios, dentre outras. Tratam-se de dispositivos que orientam as aes, estruturam

    procedimentos e ordenam o territrio, considerando os anseios e as necessidades da

    populao brasileira. No Anexo deste documento encontram-se elencados os principais

    marcos legais que incidem sobre o segmento culturais, ambientais, tursticos e outros.

    No que se refere aos aspectos legais diretamente relacionados cultura, dado que

    o patrimnio cultural o principal atrativo do Turismo Cultural, fundamental a gesto

    integrada das reas envolvidas. A Constituio Brasileira de 1988, em seu artigo 216,

    estabelece que o patrimnio cultural brasileiro composto por bens de natureza material e

    imaterial e dispe sobre sua proteo e promoo, e respectivos instrumentos, tais como

    inventrios, registros, vigilncia, tombamento e desapropriao, remetendo lei defi nir a

    9 Segundo Barreto (2004): Manter algum tipo de identidade tnica, local ou regional parece ser essencial para que as pessoas se sintam seguras, unidas por laos extemporneos a seus antepassados, a um local, a uma terra, a costumes e hbitos que lhes do segurana, que lhes informe de onde so e de onde vm [..]

    10 Canclini (2003) assinala que a diviso entre cultura erudita e popular cada vez mais tnue 11 Em relao aos processos de recuperao da memria coletiva impulsionados pela presena dos turistas, Barreto afi rma

    que esse processo leva, em uma etapa posterior, recuperao da cor local e do passado, ultrapassando os fi ns tursticos que a justifi caram

  • 18

    punio por danos e ameaas a sua integridade.12 O Instituto do Patrimnio Histrico e

    Artstico Nacional IPHAN o organismo federal responsvel pela proteo do patrimnio

    material e imaterial. O patrimnio material protegido por instrumento legal chamado

    tombamento, e o imaterial por registro. Esses dois instrumentos explicados a seguir, tm

    seus respectivos decretos anexados a este documento.

    Cabe s esferas de governo formular polticas para incentivar,

    apoiar e promover a manuteno do patrimnio cultural e

    facilitar as iniciativas do setor privado

    3.2.1 Patrimnio Cultural MaterialO patrimnio material13 constitudo de bens culturais mveis e imveis. No primeiro caso,

    encontram-se aqueles bens que podem ser transportados, tais como os livros e as obras

    de artes e no segundo, os bens estticos, tais como prdios, cidades, ruas, etc., e possuem

    instrumento especfi co de proteo

    Bens mveis: colees arqueolgicas, acervos museolgicos, documentais,

    bibliogrfi cos, arquivsticos, videogrfi cos, fotogrfi cos e cinematogrfi cos

    Bens imveis: ncleos urbanos, stios arqueolgicos e paisagsticos e bens

    individuais

    3.2.1.1 TombamentoO tombamento confi gura-se um ato administrativo realizado pelo Poder Pblico com o

    objetivo de preservar, por intermdio da aplicao de legislao especfi ca, bens de valor

    histrico, cultural, arquitetnico, ambiental e tambm de valor afetivo para a populao,

    impedindo que venham a ser destrudos ou descaracterizados. Podem ser tombados bens

    pertencentes Unio, aos estados, Distrito Federal e municpios, bem como a pessoas

    fsicas ou jurdicas de direito privado. Nesse ltimo, o tombamento pode se dar de forma

    voluntria ou compulsria caso o proprietrio se recuse a anuir inscrio do bem.

    O tombamento pode ser solicitado por qualquer cidado ou instituio pblica. O pedido

    submetido a uma avaliao tcnica preliminar e deliberao do rgo responsvel pela

    preservao. Em caso de aprovao emitida uma notifi cao ao proprietrio. Com esse

    documento procura-se evitar a destruio do bem at que o bem seja inscrito em um dos

    seguintes Livros do Tombo

    Livro do Tombo Arqueolgico, Etnogrfi co e Paisagstico: bens pertencentes

    s categorias de arte arqueolgica, etnogrfi ca, amerndia e popular, monumentos

    naturais, stios e paisagens

    Livro do Tombo Histrico: bens de interesse histrico e as obras de arte

    histrica

    Livro do Tombo das Belas-Artes: obras de arte erudita nacional ou estrangeira

    12 Informaes baseadas em documentos do IPHAN disponveis em http://www.iphan.gov.br 13 Disponvel em http://portal.iphan.gov.br/portal/montarPaginaSecao.do?id=12297&retorno=paginaIphan

    Cabe s esferas de governo formular polticas para incentivar,apoiar e promover a manuteno do patrimnio cultural e

    facilitar as iniciativas do setor privado

  • 19

    Livro do Tombo das Artes Aplicadas: obras includas na categoria das artes

    aplicadas, nacionais ou estrangeiras

    Destaca-se que o tombamento pode ser feito pela Unio, por intermdio do IPHAN; pelo

    governo estadual, por meio do Instituto do Patrimnio Histrico e Artstico do Estado ou

    rgo similar; e pelas administraes municipais, utilizando-se de leis prprias.

    A UNESCO, rgo das Naes Unidas para a Cultura, tambm contribui para a proteo de

    lugares especiais no mundo todo, dando-lhes o ttulo de Patrimnio Cultural da Humanidade

    No Brasil existem 17 tesouros do patrimnio mundial

    Braslia Distrito Federal

    Congonhas do Campo Minas Gerais

    Olinda Pernambuco

    Ouro Preto Minas Gerais

    Parque Nacional do Iguau Paran

    Salvador Bahia

    So Miguel das Misses Rio Grande do Sul

    Centro Histrico de Gois Gois

    Parque Nacional Serra da Capivara Piau

    Centro Histrico de So Lus Maranho

    Reserva Mata Atlntica So Paulo e Paran

    Pantanal Mato-grossense Mato Grosso

    Diamantina Minas Gerais

    Parque Nacional do Ja Amazonas

    Costa do Descobrimento Bahia e Esprito Santo

    Reservas do Cerrado Parque Nacional das Emas e Parque Nacional da Chapada

    dos Veadeiros Gois

    Ilhas Atlnticas Fernando de Noronha e Atol das Rocas Pernambuco

    Assim, os bens que compem o nosso patrimnio material podem ser reconhecidos,

    respectivamente, como patrimnio mundial, nacional, estadual ou municipal. Podem

    enquadrar-se em mais uma categoria, desde que reconhecido como tal por duas ou mais

    instncias.

    As medidas ora referidas visam garantir a preservao dos bens, ou seja, a manuteno

    de suas caractersticas essenciais. Simultaneamente, porm, imprescindvel a sua

    conservao, isto , a adoo contnua de medidas para evitar que se deteriorem. Podem

    ser realizadas, tambm, aes de qualifi cao e revitalizao que esto relacionadas a

    um conjunto de medidas que visam dotar um centro histrico, um bairro, um conjunto

    urbanstico ou uma regio de melhor infra-estrutura, para revigor-los ou otimizar seu uso

    isto , ressignifi car o patrimnio. Assim, para dar vitalidade a um centro histrico em

    decadncia, por exemplo, podem ser realizados eventos culturais peridicos dando novos

    usos ou funes e estimulando a visitao.

  • 20

    3.2.2 Patrimnio Cultural ImaterialSo considerados Patrimnio Cultural Imaterial os usos, representaes, expresses,

    conhecimentos e as tcnicas bem como os instrumentos, objetos, artefatos e lugares que

    lhes so associados e que as comunidades, os grupos e, em alguns casos, os indivduos

    reconheam como parte integrante de seu patrimnio cultural14. So exemplos os ofcios,

    rituais, danas e pinturas corporais.

    Essa dimenso do patrimnio caracteriza-se por seu carter intangvel e dinmico

    ou seja, est sujeita a mudanas impostas pelo cotidiano do homem, j que se trata

    de seus modos de vida, saberes e fazeres, que evoluem constantemente. Por esta

    razo busca-se o reconhecimento dessa dinamicidade e a respectiva valorizao e

    promoo de tais expresses.

    3.2.2.1 RegistroPara salvaguardar15 os bens culturais imateriais existe um instrumento legal denominado

    Registro dos Bens Culturais de Natureza Imaterial, institudo no ano 2000 atravs do

    Decreto n 3.551/00, que dispe tambm sobre um programa especialmente voltado para

    a questo. Podem ser registrados em um dos seguintes livros

    Livro de Registro dos Saberes - conhecimentos e modos de fazer enraizados no

    cotidiano das comunidades

    Ofcio das Paneleiras de Goiabeiras - Esprito Santo

    Modo de Fazer Viola-de-Cocho - Regio Centro-Oeste

    Ofcio das Baianas de Acaraj - Bahia

    Livro de Registro das Celebraes - rituais e festas que marcam a vivncia

    coletiva do trabalho, da religiosidade, do entretenimento e de outras prticas da

    vida social

    Crio de Nossa Senhora de Nazar - Belm - PA

    Livro de Registro das Formas de Expresso - manifestaes literrias, musicais,

    plsticas, cnicas e ldicas

    Arte Kuwisa, tcnica de pintura e arte grfi ca da populao indgena

    Wajpi - Amap

    Samba de Roda do Recncavo Baiano - Bahia

    Jongo - Regio Sudeste

    Livro de Registro dos Lugares - mercados, feiras, santurios, praas e demais

    espaos onde se concentram e se reproduzem prticas culturais coletivas. Ainda

    no existem bens registrados nesta categoria

    Os registros dos bens imateriais so reavaliados e reexaminados a cada dez anos para

    que o IPHAN decida sobre a revalidao do ttulo Patrimnio Cultural do Brasil. Caso seja

    negada, o bem fi car apenas registrado como referncia cultural de seu tempo.

    14 UNESCO. Conveno para a Salvaguarda do Patrimnio Cultural Imaterial. Paris, 2003. Disponvel em http://unesdoc.unesco.org/images/0013/001325/132540s.pdf

    15 Salvaguardar um Bem Cultural de Natureza Imaterial apoiar sua continuidade de modo sustentvel. atuar no sentido da melhoria das condies sociais e materiais de transmisso e reproduo que possibilitam sua existncia. Programa Nacional do Patrimnio Imaterial, disponvel em http://www.iphan.gov.br

  • 21

    Para tratar dessas questes, existe o Programa Nacional do Patrimnio Imaterial

    PNPI que viabiliza projetos de identifi cao, reconhecimento, salvaguarda e promoo

    da dimenso imaterial do patrimnio cultural. um instrumento de fomento que busca

    estabelecer parcerias, complementando e apoiando o instrumento do Registro. Dentre as

    estratgias do PNPI, consta a proposio da incluso do tema patrimnio imaterial nas

    aes de divulgao e promoo da cultura brasileira aos rgos de turismo.

    3.3 Identifi cao de agentes e parceiros indispensvel para a viabilidade do segmento de Turismo Cultural a identifi cao

    e o envolvimento das reas de turismo e de cultura e o estabelecimento de redes de

    parcerias. Profi ssionais como historiadores, antroplogos, socilogos, arquelogos,

    muselogos, educadores, juntamente com os profi ssionais de turismo, podem realizar

    aes complementares em parcerias, tais como

    inventariao da oferta turstica

    diagnstico da situao da oferta

    qualifi cao, conservao e manuteno de bens culturais

    capacitao de recursos humanos para atuar na prestao de servios tursticos

    elaborao e implementao de projetos de interpretao e educao

    patrimonial

    produo e seleo de textos e imagens para fi ns de promoo do destino

    turstico

    O IPHAN, por exemplo, possui metodologias para o desenvolvimento de alguns desses

    trabalhos, relacionadas educao patrimonial, inventariao de referncias culturais e

    aos planos de preservao para stios histrico urbanos, que podem ser consultados.

    O estabelecimento de parcerias com os diversos agentes culturais do setor pblico e

    privado deve envolver, entre outros

    rgos ofi ciais de cultura (secretarias, fundaes, diretorias)

    rgos ofi ciais de preservao do patrimnio (IPHAN e rgos estaduais e

    municipais)

    Associaes de artesos, produtores culturais, artistas, grupos folclricos e

    outros

    Gestores de museus e centros culturais

    Mestres do saber, representantes de comunidades

    Empresrios do setor cultural

    rgos de planejamento e obras urbanas

    Instituies de Ensino

    Um dos desafi os para essa tarefa justamente a compatibilizao de linguagens,

    objetivos, modos de operao e de concepo sobre o Turismo Cultural. Alm disso,

    preciso saber lidar com algumas crticas quanto ao incentivo a esse segmento, sobretudo

    s que se referem possvel transformao do patrimnio cultural em bem de consumo,

  • 22

    o que poderia acarretar a perda de seu signifi cado16. Diante disso, o dilogo a nica

    forma de demonstrar os benefcios do Turismo Cultural responsvel: as possibilidades

    de fortalecimento da cultura e da identidade cultural, despertando o orgulho nas

    comunidades, o resgate de manifestaes culturais, a redescoberta da histria dos

    lugares e a dinamizao cultural da regio.

    A Organizao Mundial do Turismo OMT e a Comisso Europia de Turismo ETC17 sugerem

    algumas medidas para facilitar a cooperao entre as reas do turismo e da cultura

    considerar que o Turismo Cultural baseia-se na cooperao mtua sem a cultura

    ou o turismo, o segmento no existe

    considerar que cada setor possui uma linguagem prpria o vocabulrio empregado

    no setor cultural no habitual no turstico e vice-versa

    disponibilizar tempo sufi ciente para que as duas reas se conheam bem, antes

    de realizarem atividades de cooperao

    formular objetivos precisos, permitindo a visibilidade dos objetivos comuns e dos

    diferentes

    cada uma das partes deve respeitar os objetivos, as necessidades e as condies

    da outra parte em relao a determinado assunto

    preparar atividades coletivas, de promoo ou outras produes em equipe,

    criando um sentimento comum de pertencimento

    considerar as diferentes funes e reas de especializao dos dois setores em

    um evento cultural, a produo da cultura e a divulgao turstica ao setor de

    turismo

    considerar a necessidade de um planejamento efetivo entre as duas reas,

    considerando os prazos de execuo de atividades

    envolver profi ssionais que conheam e dialoguem com as duas reas

    3.4 Envolvimento das comunidades O envolvimento da comunidade uma das aes bsicas para o desenvolvimento do

    Turismo Cultural, uma vez que necessrio que ela conhea e valorize o seu patrimnio.

    Para tanto, recomenda-se a realizao de um trabalho contnuo de educao patrimonial.

    Tal ferramenta consiste em um processo permanente e sistemtico focado no patrimnio

    cultural, com vistas ao conhecimento, apropriao e valorizao de sua herana

    cultural, que so fatores-chave para a preservao e conservao do patrimnio e para

    o fortalecimento dos sentimentos de identidade e cidadania18, fundamentais para a

    sustentabilidade do Turismo Cultural.

    CONHECER VALORIZAR RESPEITAR

    Do ponto de vista do turismo, esse trabalho pode levar a alguns resultados, tais como:

    disponibilidade de informaes sobre a histria e a cultura local, possibilitando

    repass-las aos turistas

    16 BARRETO, Margarita. Turismo e Legado Cultural: as possibilidades do planejamento. Campinas SP: Papirus, 200017 OMT; ETC. El Turismo Urbano y la Cultura: la experiencia europea. Madrid: OMT, 200518 HORTA, M. L. P. et. al. Guia Bsico de Educao Patrimonial. Braslia: IPHAN, Museu Imperial, 1999

    CONHECER VALORIZAR RESPEITAR

  • 23

    entendimento e a valorizao do patrimnio pela comunidade que pode desenvolver

    trabalhos educativos com os turistas e cobrar deles uma postura de respeito

    compreenso do Turismo Cultural como um meio de promoo do patrimnio

    3.5 Tematizao: conferindo identidade aos produtos tursticosA tematizao entendida como o processo de ressaltar a identidade cultural de

    determinados produtos a partir de um tema, gire ele em torno de um personagem, um

    momento histrico ou um evento econmico especfi co. Embora o tema estabelecido seja

    preponderante na promoo do produto, isso no inviabiliza que em um mesmo produto

    co-existam vrios outros subtemas agregados.

    TemasMomento histrico - perodo pr-colombiano, poca colonial, poca do imprio, perodos e fatos do perodo republicano, e seus diversos recortes etc.

    Temtica cultural - temas e recortes em artes especfi cas, conjunto de obras de um artista, poeta, escritor, etc., personagem histrico ou de relevncia para a cultura local/regional, especialidades gastronmicas, conjunto de igrejas ou atrativos msticos e esotricos, conjunto de legados de uma comunidade tnica, nfase em atividades econmicas e seu legado cultural, conjunto de eventos relacionados entre si etc.

    Tematizar importante para fi ns de planejamento e organizao de um produto de acordo

    com a identidade que se quer dar ao atrativo, ao lugar ou regio. Em Nova Iorque, nos

    Estados Unidos, um restaurante perto do Lincoln Center, palco de famosas peras, por

    exemplo, contrata cantores lricos como garons que, logo aps servir o jantar ao cliente,

    canta-lhe um trecho de ria19, surpreendendo e encantando os clientes. Por meio da msica,

    tambm pode-se conhecer o modo de vida do paulistano, na cidade de So Paulo, em um

    roteiro especialmente desenvolvido com esta temtica, que inclui visitas a locais onde se

    pode ouvir jazz e blues20.

    Os bares da Lapa no Rio de Janeiro tornaram-se tambm um smbolo do samba de raiz,

    honrando a tradio do lugar, que sempre foi freqentado por artistas, msicos e bomios

    apreciadores do samba tradicional. Hoje, mais segura e confortvel para os clientes (porm

    sem perder o ar de ponto de botequins), essa Lapa cultural foi homenageada em selo

    comercial dos Correios Brasileiros.

    Uma regio turstica cuja produo cultural plural e diversifi cada pode criar mltiplos roteiros com temas gerais ou especfi cos: roteiro gastronmico (podendo dar nfase a produtos especfi cos da regio), roteiro das artes plsticas (com nfase em determinado estilo ou artista), roteiro musical (com nfase em aspectos relacionados histria e produo de um gnero musical ou artista da regio)

    Os roteiros com mltiplos aspectos da cultura como artesanato, gastronomia, artes, msica, dana e teatro tambm so bastante interessantes e podero ser agregados sob a denominao de um momento histrico ou outro tema da regio que possam identifi car o produto

    19 ria: pea de msica para uma s voz20 Informaes disponveis em http://www.cidadedesaopaulo.com/dicas_sppaulistanos.asp

  • 24

    Especial ateno deve ser dada tambm ao artesanato como produto cultural que agrega

    valor experincia turstica. Um produto artesanal de origem o legtimo representante e a

    memria material de uma comunidade, revelada atravs de traos, formas, funes e cores.

    Para um produto artesanal de origem, devem ser mantidas algumas caractersticas,

    como autenticidade, originalidade, alm de possuir um certifi cado de autenticidade em

    dois idiomas, com o nome do arteso, da cooperativa ou ofi cina a que pertence. Por sua

    vez, deve ser considerada a facilidade de ser transportado pelos turistas, em relao

    dimenso e peso, bem como o seu preo.

    A montagem de atividades do tipo ver fazendo para os produtos tradicionais como atrao

    turstica tambm deve ser encorajada sob a forma de ofi cinas21 e atelis de arte e artesanato.

    Alm disso, importante implantar pontos de venda, no apenas nos corredores tursticos,

    mas tambm em shoppings e outros lugares freqentados pelo consumidor local. Enfi m

    e para promover a incluso social de milhes de artesos brasileiros, deve-se buscar

    mercados para a produo artesanal de origem, tanto na prpria cidade, como fora dela,

    no mercado nacional e internacional. Os resorts e hotis tambm so boas opes para

    exposio e comercializao da produo artesanal local.

    Embora o artesanato seja considerado um suvenir quando comprado como lembrana de

    um destino turstico, preciso atentar para as diferenas entre artesanato e outros objetos

    confeccionados como suvenires; o artesanato representa a produo local e seus aspectos

    culturais singulares, enquanto que o suvenir no possui necessariamente relao com

    esses aspectos e, muitas vezes, produzido em outros lugares.

    3.6 Aspectos gerais de estruturao do segmento O desenvolvimento do segmento e, conseqentemente, dos respectivos produtos deve

    estar associado a atrativos e equipamentos com adequadas condies de visitao. Para

    tanto, recomenda-se a observao dos seguintes aspectos.

    3.6.1 Estrutura fsica Verifi car se os bens culturais so tombados e quais as implicaes para a gesto

    do fl uxo de visitantes Avaliar o estado de conservao e a necessidade de restaurao, recuperao e

    conservao do bem Viabilizar a restaurao e a manuteno Observar as condies de acesso ao bem cultural que se pretende atrativo

    turstico Providenciar a sinalizao turstica e interpretativa do patrimnio cultural Planejar e implementar rotas de visitao no atrativo e estrutura de recepo,

    sadas de emergncia, toaletes e, em alguns casos, lanchonetes e restaurantes Estabelecer a capacidade de suporte de cada atrativo, observando os preceitos

    de preservao e conservao do patrimnio

    21 Ofi cina: curso informal e de breve durao ministrado para o aprendizado de uma tcnica ou disciplinas artsticas, sem objetivos ofi cialmente profi ssionalizantes. (CUNHA, 2003)

  • 25

    Conceder incentivos que permitam aos proprietrios de bens considerados

    patrimnio, promoverem a preservao e conservao

    Prever espaos para a realizao de apresentaes, ofi cinas e outras atividades

    culturais

    A manuteno das condies fsicas dos atrativos deve ser adequada a cada tipo de

    visitao de modo a garantir a integridade do atrativo e a qualidade da experincia.

    a) Os Planos de Preservao de Stios Histricos Urbanos22

    Os planos de preservao so instrumentos partilhados pelos diversos agentes pblicos

    e privados relacionados ao patrimnio e renem um conjunto de proposies referentes

    aos itens abordados anteriormente. Segundo o IPHAN, o Plano de Preservao de Stio

    Histrico Urbano PPSH um instrumento de natureza urbanstica e de carter normativo,

    estratgico e operacional destinado ao desenvolvimento de aes de preservao em

    stios urbanos tombados em nvel federal. A elaborao desse Plano precedida pela

    defi nio e delimitao da rea Urbana de Interesse Patrimonial23 onde devem ser

    realizados os trabalhos e que pode corresponder a uma cidade histrica, um centro

    histrico ou conjunto histrico.

    Cidade histrica stio urbano que compreende a rea-sede do municpio

    Centro histrico stio urbano localizado em rea central da rea-sede do

    municpio, que se confi gura um centro tradicional em termos geogrfi cos, histricos

    ou funcionais

    Conjunto histrico stio urbano que se caracteriza como um fragmento do

    tecido urbano da rea-sede do municpio ou de seus distritos ou ainda, stio urbano

    que contenha monumentos tombados isoladamente que confi gurem um conjunto

    arquitetnico-urbanstico de interesse de preservao, situado na rea-sede ou

    distritos

    O PPSH pode ser desenvolvido e implementado por etapas, de acordo com

    suas fi nalidades, de medidas mais urgentes e das condies para sua execuo,

    podendo conter algumas ou todas as dimenses a seguir:

    Dimenso normativa corresponde ao regulamento de ordenamento urbanstico

    e de preservao do stio histrico urbano. Produz regulamentos, normas e

    critrios. uma etapa bsica e necessria implementao das demais

    Dimenso estratgico-operacional corresponde ao programa de atuao

    para o stio histrico urbano, contendo propostas de interveno e defi nio de

    atribuies e responsabilidades de cada um dos agentes implicados. Decorre da

    etapa normativa

    Dimenso avaliadora corresponde ao sistema de avaliao do PPSH e estrutura

    um sistema de monitoria e avaliao

    Tais dimenses evidenciam a importncia desse instrumento de gesto e sinalizam

    a necessidade do envolvimento da rea do turismo nessas aes: por um lado, para

    22 BRASIL. Plano de Preservao Stio Histrico Urbano: termo geral de referncia. IPHAN, Braslia, 200523 Para essa delimitao parte-se da referncia bsica da rea tombada pela esfera federal e seu entorno imediato, podendo

    ser considerado tambm o conjunto de reas protegidas ou tombadas pelas trs esferas governamentais

  • 26

    identifi car e respeitar os regulamentos j existentes; por outro, para participar ativamente do

    processo e das etapas de planejamento e execuo das aes de preservao, guardadas

    as responsabilidades de cada um dos agentes implicados.

    3.6.2 Servios e atividades Providenciar informaes sobre a histria e a cultura local, no s nos atrativos

    tursticos, como tambm nos meios de hospedagem e de alimentao

    Capacitar guias e monitores de museus e espaos culturais para a interpretao

    patrimonial e atualiz-los constantemente em relao s informaes sobre o local

    Capacitar os demais recursos humanos envolvidos no atendimento ao turista

    sobre a arte do bem receber

    Capacitar gestores de museus e outros espaos culturais para atuar no mbito do

    Turismo Cultural

    Planejar e desenvolver atividades que permitam a interao do turista com o lugar

    visitado

    Garantir a abertura de museus e igrejas em horrios adequados e condizentes

    com a visitao turstica

    Revitalizar bairros, regies e determinados espaos que se julgue conveniente

    Proporcionar experincias signifi cativas nos atrativos culturais um desafi o para os

    gestores - preciso criatividade no oferecimento de informaes e atividades que levem

    em considerao as possibilidades do turista aprender, contemplar e entreter-se.

    A Interpretao PatrimonialOs atrativos tursticos devem estar acessveis quanto aos seguintes aspectos24

    espacial (localizao, acesso, sinalizao, informao)

    temporal (datas e horrios possveis de desfrute)

    econmico (preos e tarifas para o desfrute)

    psicolgico, afetivo e intelectual (relacionado forma como o atrativo pode ser

    contextualizado e apreciado completamente no seu contexto)

    A observao desses aspectos que do contedo para a estruturao de produtos

    tursticos em geral. No caso do Turismo Cultural, a abordagem psicolgica, afetiva e

    intelectual torna-se referncia e diferencial, sob a qual se fundamentam os principais

    mecanismos facilitadores da inter-relao turista e comunidade.

    A interpretao do patrimnio hoje uma tradio tcnica e acadmica muito usada

    nos pases com tradio em turismo cultural e turismo em reas naturais. Nasceu

    como interpretao ambiental nos parques americanos no fi nal da dcada de 50, para

    sensibilizar os visitantes e convenc-los a ajudar a proteger a natureza. O terico pioneiro

    da interpretao foi, portanto, o americano Freeman Tilden, que assim sintetizava a

    importncia desse instrumento

    24 CEDDET Fundacin Centro de Educacin a Distancia para el Desarollo Economico y Tecnologico; Ministrio de Industria, Turismo y Comercio, Secretaria de Estado de Turismo y Comercio (Espanha). Mdulo 1: De Recursos a Pro-ductos en los Destinos Tursticos Culturales. Curso: Creacin y Gestin de Productos y Destinos Tursticos Culturales Competitivos. Curso online, 2005

  • 27

    atravs da interpretao, a compreenso;atravs da compreenso, a apreciao, e

    atravs da apreciao, a proteo.

    Em meados dos anos 70, a interpretao ganhou as cidades americanas e europias.

    Foi o tempo das caminhadas pelos centros urbanos e suas reas verdes que, com a

    ampla participao de professores, estudantes, comerciantes e moradores, recuperaram

    e valorizaram reas histricas, comerciais e de lazer para desfrute da populao e dos

    crescentes nmeros de visitantes. Na Inglaterra, depois que a preservao e a interpretao

    do patrimnio ambiental urbano passaram a sensibilizar e a engajar grandes segmentos

    da populao, o patrimnio cultural desenvolveu-se como principal recurso da indstria

    turstica daquele pas.

    Afi nal, o que interpretar? Interpretar um ato de comunicao: o que faz um artista

    quando interpreta uma pea de teatro, uma msica, uma dana; o que faz um guia de

    turismo ao explicar fatos e histrias sobre determinado lugar ou monumento; o que faz

    a sinalizao turstica, orientando e informando sobre os vrios atrativos especiais de um

    lugar; o que faz um contador de histrias para entreter amigos e visitantes; o que

    fazem as publicaes ao divulgar um destino em mapas, livros, guias, cartilhas, folhetos;

    o que faz um artista ou arteso ao dar forma a sua expresso. Todas essas formas de

    comunicao so atos de interpretar o ambiente que nos cerca.

    E o que interpretar para o turista seno comunicar-se com ele, transmitir os sentidos do

    nosso lugar e das nossas expresses culturais? Assim, interpretar o patrimnio acrescentar

    valor experincia do visitante, captar seu olhar e envolv-lo na experincia, tocando seus

    sentidos e entretendo para tornar a visita inesquecvel. Na verdade, o maior mrito da

    interpretao a popularizao da histria, da cultura e do conhecimento ambiental. Ao

    compreender o sentido do que vem, ao apreciar sua experincia com o lugar e com as

    pessoas, os visitantes sentem-se enriquecidos com a convivncia e com o que aprenderam

    informalmente enquanto se divertem em seu tempo de lazer. Acabam valorizando ainda

    mais a cultura local e o patrimnio, e tambm valorizando o produto turstico.

    Sendo a arte de apresentar lugares, objetos e manifestaes culturais s pessoas, a

    interpretao do patrimnio um elemento essencial para sua conservao e gerenciamento.

    Uma trilha sinalizada para caminhadas ou um roteiro guiado, por exemplo, ao orientar

    o fl uxo de visitantes, acaba por proteger o objeto da visita, valorizando-o como recurso

    econmico.

    A interpretao serve-se de vrias artes e tecnologia, como o desenho, a fotografi a, a arte

    grfi ca, a informtica e a robtica para exibir, valorizar e enriquecer lugares e objetos

    sinalizao turstica interpretativa voltada para os pedestres, que decifra lugares

    da cidade, sua histria e monumentos, seus personagens, mitos e lendas, a

    arquitetura de vrias pocas

    atraes temticas que revelam histrias e prticas culturais singulares do lugar,

    por meio de painis coloridos e atraentes

  • 28

    museus e centros de cultura, que tm promovido uma verdadeira revoluo na

    apresentao de acervos de forma dinmica e interativa, interpretando-os com meios

    que do movimento, imagem, som e at cheiro, levando os visitantes a experienciar

    paisagens, tecnologias, usos e costumes de pocas passadas e presentes

    o texto base da interpretao impresso ou virtual que compe mapas e folders

    ilustrados, especialmente bons para orientar a descoberta individual dos tesouros

    da cidade, importantes para promover a educao ambiental e patrimonial ldica e

    informal, tanto do turista quanto do morador

    A implementao da interpretao precisa ser planejada para ser bem sucedida. Um Plano

    de Interpretao deve contemplar as seguintes etapas

    - anlise do recurso e de suas potencialidades

    - identifi cao dos destinatrios ou pblico-alvo da interpretao

    - formulao dos objetivos da interpretao

    - determinao das mensagens a transmitir

    - seleo dos meios de interpretao

    - recomendaes para a execuo das tarefas e levantamento das necessidades

    de pessoal

    - eleio dos critrios para efetuar a execuo e avaliao25

    Os objetivos especfi cos da interpretao e de seu planejamento, bem como a escolha

    da mdia e das tcnicas de apresentao variam de acordo com o objeto da interveno.

    Todos, no entanto, devem compartilhar dos seguintes princpios

    - focalizar os sentidos do visitante, de modo a estabelecer a conscientizao

    pessoal sobre determinadas caractersticas do ambiente

    - utilizar muitas artes visuais e de animao, seja o material apresentado cientfi co,

    histrico ou arquitetnico

    - no apenas instruir, mas provocar, estimular a curiosidade do visitante, encorajando

    a explorao mais aprofundada do que est sendo interpretado

    - apresentar a histria completa, em vez de parte desta

    - ser acessvel a um pblico o mais amplo possvel, especialmente s pessoas com

    necessidades especiais

    - realizar a interpretao em parceria com a comunidade, estimulando a troca de

    conhecimento e recursos

    - adotar uma abordagem abrangente, ligando os temas do passado, do presente e

    do futuro, realando os aspectos histricos, ecolgicos e arquitetnicos

    - no tentar vender uma verdade universal, mas destacar a diversidade e a

    pluralidade cultural. A interpretao deve fomentar a aceitao e a tolerncia como

    valores democrticos

    - levar em considerao o atendimento ao cliente, indicando ou provendo instalaes

    bsicas, como sanitrios, segurana, pontos de descanso e estacionamento,

    elementos essenciais a uma experincia prazerosa do lugar

    25 Ibidem

  • 29

    Os variados meios e tcnicas de interpretao do patrimnio visam sensibilizar o turista

    e enriquecer sua descoberta de forma criativa. por isso que se diz que interpretar

    construir uma teia integrada de descobertas dos segredos e singularidades do atrativo26.

    Ao serem realizadas ao vivo, a interpretao torna-se mais interativa resultando em uma

    experincia marcante para o turista e para o morador, por exemplo

    passeios com guia criativos

    rodas de samba, de capoeira

    saraus de pocas em fazendas histricas

    rodas de contadores de histrias com sabor e clima local

    circuito em atelis de artistas e artesos para ver fazendo

    feiras e mercados populares cheios de vida, com bares e a compra e venda da

    produo local e regional

    festas populares com os prprios festeiros interpretando o sentido da celebrao

    com msicas, ritos, danas e vestimentas variadas

    A promoo do patrimnio cultural de uma sociedade, sua restaurao e conservao,

    devem ser geradoras de trabalho e renda para o conjunto de seus membros. H um vasto

    campo de trabalho para o governo e as organizaes praticarem a interpretao com a

    comunidade: aes como ofi cinas de artesanato, artes e ofcios, ofi cinas de restauro,

    ofi cinas de letreiros; concursos de melhor fachada ou quarteiro, pesquisa para conhecer

    melhor o perfi l do visitante e turista, formao de guias criativos, resgate da histria oral

    com os mais velhos para formar contadores de histrias, cursos especiais para taxistas, um

    processo permanente de qualifi cao e atualizao de quadros locais para bem receber os

    visitantes e bem proteger o seu lugar.

    3.7 Agregando valor aos atrativos Para dinamizar o patrimnio material (casarios, palcios) ou valorizar determinadas

    manifestaes (gastronomia, artesanato, bonecos), podero ser agregadas algumas

    atividades capazes de se tornarem atrativos por si s, a depender da criatividade. So

    atividades culturais que podem gerar novas possibilidades de leitura e de vivncia

    das culturas locais e regionais. Para isso, como os rgos de cultura so os principais

    responsveis pela gesto dos espaos culturais, desejvel que os rgos de turismo

    passem a participar do planejamento das atividades culturais para fi ns tursticos, envolvendo

    gestores e empresrios do turismo para a promoo desses espaos. A seguir, algumas

    das principais possibilidades

    Realizao de feiras e exposies de artesanato e artes

    Realizao de feiras de alimentos e bebidas tpicos

    Declamao de poesia, sarau, seresta, contadores de histria, luau, espetculos

    ao ar livre encenando momentos histricos e personagens locais, coral, teatro de

    bonecos, apresentaes de dana, msica e teatro ao ar livre

    Brincadeiras e outras atividades ldicas com temas da cultura local, ofi cinas

    vivenciais (desenho, pintura, elaborao de pratos, produo de vdeo, circo, etc.),

    26 MURTA, Stela; GOODEY, Brian. A interpretao do patrimnio para o turismo sustentvel: um guia. Belo Horizonte: Editora Sebrae MG, 1995

  • 30

    participao em trabalhos manuais, ofi cinas de fotografi a, de mosaicos, mscaras

    e outros

    Criao de cafs, jantares, bailes e festas temticas, reproduzindo determinadas

    pocas

    Produo de livros sobre a histria e cultura local e regional

    Organizao de calendrio de eventos culturais com distribuio impressa

    Incorporao de elementos da identidade e produo local na decorao e nos

    objetos de uso dos turistas, nos meios de hospedagem e alimentao (sabonetes,

    toalhas, colchas, tapetes, alimentos, quadros) e nos equipamentos de infra-

    estrutura (telefones pblicos, paradas de nibus)

    Produo de material grfi co cultural como histrias em quadrinhos, lbuns de

    fi gurinhas, postais e outros, com temas da cultura local

    A OMT e a ETC27 destacam a necessidade dos destinos tursticos promoverem inovaes

    em seus produtos, como forma de diferenci-los, levando-se em considerao o aumento

    da oferta de Turismo Cultural em todo o mundo. Por esta razo, a incorporao de atividades

    criativas a roteiros e produtos medida fundamental na gesto do segmento.

    27 OMT; ETC. El Turismo Urbano y la Cultura: la experiencia europea. Madrid: OMT, 2005

  • 31

    TURISMO CULTURAL E MERCADO

    A estratgia de posicionamento mercadolgico dos produtos de Turismo Cultural, bem como

    as aes de promoo e comercializao so objetos do planejamento de marketing. Neste

    contexto, algumas peculiaridades do segmento devem ser especialmente observadas,

    j que a estrutura de comunicao dessa oferta pauta-se principalmente na identidade

    cultural do destino em questo28.

    4.1 Aspectos de promoo e comercializaoA marca um instrumento para posicionar um destino no mercado turstico, diferenciando-

    o da concorrncia. Ela deve transmitir qual o conceito do produto, seus atributos e

    benefcios. A identidade cultural da regio um fator relevante na composio desta

    marca j que se trata de uma caracterstica peculiar da regio, capaz de identifi c-la

    imediatamente, muitas vezes.

    Ao posicionar um destino recomenda-se uma cuidadosa anlise da mensagem a ser

    transmitida evitando-se a utilizao de esteretipos e outras linguagens que reduzam a real

    amplitude e valor das culturas que esto sendo promovidas. Para tanto, faz-se necessria

    a contratao de especialistas no assunto. Por sua vez, as imagens e frases utilizadas

    devem estimular o imaginrio do turista, motivando-o a viajar para a materializao dos

    sentimentos despertados pela propaganda. No entanto, a promoo de um destino precisa

    refl etir a realidade da regio, em consonncia com comunidades locais, evitando que a

    cultura torne-se apenas um espetculo comercial desprovido de sentido e signifi cado. Para

    esta tarefa, assinala-se novamente, as contribuies fundamentais de profi ssionais como

    historiadores e antroplogos.

    Nesse processo, o planejamento de marketing defi ne, entre outros, as estratgias de

    comunicao e divulgao do local ou regio, constando os tipos de materiais a serem

    desenvolvidos, contedos, mensagens, ilustraes, entre outros aspectos. No caso do

    Turismo Cultural, deve-se observar os grupos de turistas que viajam simplesmente por

    lazer, a princpio, sem interesses especiais na cultura. Esses turistas podem exigir um tipo

    de material diferenciado, onde o aspecto lazer deve ser enfatizado. A mesma observao

    vlida em relao ao turista com interesse especial na cultura, que exige um tipo de

    material que ressalte as possibilidades de vivncias culturais.

    pertinente destacar que a divulgao dos produtos tursticos aos estrangeiros no pode

    apresentar-se simplesmente como uma traduo do material em portugus, visto tratar-se

    de pblicos diferentes que exigem abordagens tambm diferenciadas. Alm disso, defi nem-

    se formas de apresentao (banners, folders, catlogos), de acordo com os objetivos da

    comunicao e do pblico-alvo. Em relao a esses objetivos, de forma simplifi cada,

    podem ter duas fi nalidades: uma para captao de turistas, destinada a sensibiliz-los e

    28 O MTur possui um documento especfi co que trata da promoo e comercializao de produtos tursticos, no mbito do Programa de Regionalizao Roteiros do Brasil - BRASIL. PROMOO E APOIO A COMERCIALIZAO - MDULO OPERACIONAL 8. Braslia: MTur, 2006

    4

  • 32

    infl uenci-los em seu processo de deciso de compra, fazendo uso, em maior grau, de

    apelos emocionais; e a outra, para oferecer informaes sobre o destino. Neste ltimo

    caso, o material composto de mapas, que situem o destino em relao s principais

    cidades e rodovias, os atrativos e servios e suas respectivas distncias. Alguns pontos

    essenciais devem ser observados, possibilitando que o turista tenha uma viso geral dos

    atrativos que ir visitar alm da infra-estrutura que ter a sua disposio

    Destacar junto ao nome da cidade um slogan que refl ita a sua imagem principal,

    por exemplo, Rio de Janeiro Cidade Maravilhosa; Santiago de Compostela

    Cidade dos Peregrinos

    Oferecer um descritivo geral do local a ser visitado (histrico, infl uncias, tradies,

    economia e tendncias), ou seja, oferecer informaes que justifi quem o slogan

    Destacar os lugares imperdveis, relacionados cultura e histria, contendo, entre

    outros, resumo do atrativo, endereo, telefone, horrio de funcionamento e web

    site para mais informaes

    Pontuar os demais atrativos, que permitem ao visitante aprofundar seus

    conhecimentos na cultura do local, oferecendo, da mesma forma, informaes

    consistentes

    Destacar os eventos e atividades culturais que ocorrem na cidade (festivais, peas

    teatrais, at mesmo locais especiais onde os moradores da cidade freqentam no

    seu cotidiano)

    Apontar informaes sobre onde comer e beber, enfatizando peculiaridades da

    culinria e dos costumes locais

    Oferecer informaes complementares como a histria, as curiosidades, causos e

    os mitos e lendas locais

    Oferecer a possibilidade de buscar mais informaes via web sites, centros de

    informaes tursticas, guias tursticos, etc.

    As novas tecnologias, principalmente a Internet, oferecem resultados efetivos na promoo

    e comercializao de produtos de Turismo Cultural, j que permitem que as informaes

    sejam constantemente atualizadas, exemplifi cando: eventos temporrios, ofertas especiais,

    promoes, horrios e dias de abertura dos atrativos

    Outra forma de promoo de particular importncia para o segmento o desenvolvimento de

    eventos culturais, capazes de atrair um grande nmero de turistas interessados em temticas

    especfi cas. A permanncia no destino motivada pelo evento incrementa a movimentao

    turstica no local, em funo da visita a outros atrativos. Pode, ainda, estimular o retorno do

    turista em outras oportunidades para conhecerem melhor o destino.

    Para a divulgao de tais eventos recomenda-se a elaborao de um calendrio de eventos

    do municpio, da regio e do estado, distribuindo-os ao longo do ano e nos perodos de

    maior convenincia, em funo dos fl uxos tursticos. Uma vez criado e partilhado entre os

    diversos agentes de turismo e de cultura, deve ser divulgado em materiais impressos e,

    principalmente, via endereo eletrnico o que permite a sua atualizao peridica.

  • 33

    Alm desses aspectos de promoo, importante ter bem defi nidas e divulgadas as

    formas de comercializao dos produtos tursticos: se diretamente ofertados pelos prprios

    empresrios ou gestores dos atrativos tursticos culturais ou por intermdio de agncias

    e operadores de turismo. Mesmo assim, indispensvel que o pessoal que presta

    atendimento diretamente aos turistas, tais como recepcionistas, frentistas, taxistas, estejam

    preparados para informar sobre os atrativos da regio, formas de acesso, localizao e

    demais informaes.

    O quadro abaixo ilustra a cadeia de distribuio e comercializao do Turismo Cultural. A

    prestao de servios, conforme dito anteriormente, pode ser realizada diretamente pelo

    gestor do atrativo turstico (por exemplo, quando um artista recebe os turistas em seu ateli,

    vendendo as entradas diretamente a ele) ou por intermdio das operadoras e agncias de

    viagem, que por sua especializao e conhecimento da oferta e demanda desse segmento,

    podem ampliar a sua penetrao no mercado.

    Os operadores locais desempenham um papel fundamental na ampliao da oferta de

    produtos culturais do destino turstico, uma vez que podem elaborar e comercializar

    inmeros roteiros temticos com base em um mesmo territrio, ora destacando

    determinados episdios histricos, ora determinados aspectos da cultura, entre outros.

    Identifi car e articular os diversos componentes dessa cadeia salutar para a profi ssionalizao

    do setor, a gerao de empregos e a oferta de produtos de qualidade.

  • 4.2 Potencializando a promoo do Turismo CulturalA razo de ser do Turismo Cultural a cultura e seus diversos bens e atividades que so

    produzidos independentemente da atividade turstica. Em funo disso, a prpria cultura e

    sua repercusso podem ser o veculo de divulgao do Turismo Cultural.

    Os bens e atividades culturais so, via de regra, alvo dos meios de comunicao de massa,

    que propagam a sua produo em grandes propores, estimulando o seu conhecimento,

    atingindo assim, turistas potenciais que podem se deslocar para usufruir da cultura. Nesse

    sentido, o mercado cultural infl uencia o mercado turstico. Tal fato deve ser analisado

    pelo turismo para o estabelecimento de parcerias e aes comunicativas que viabilizem a

    atuao das duas reas.

    Por outro lado, o incentivo a apresentaes culturais representativas da regio ou do

    municpio em mercados-alvo, pode ser uma estratgia para despertar o interesse de

    potenciais turistas, por meio de amostras do que pode ser a totalidade dos aspectos

    culturais do destino. Exemplifi cando: grupos folclricos de dana, corais, bandas, artistas

    plsticos, poetas, atores, bonequeiros, produes amadorsticas de vdeo, artesanato em

    suas mltiplas tipologias e gastronomia, entre outros, que representem o modo de vida,

    hbitos e costumes da populao do destino.

    Para contato com o pblico desejado essas manifestaes podem ocupar espaos de

    grande circulao como shoppings centers, praas, ruas de lazer, centros culturais, reas

    de convivncia de hotis, clubes e eventos.

    Essas so, em resumo, algumas alternativas para fi ns de promoo e marketing que podem

    fortalecer o segmento de Turismo Cultural nos mercados visados.

    34

  • 35

    REFERENCIAIS BIBLIOGRFICOS

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  • 37

    Constituio: Captulo III Da Educao, da Cultura e do Desporto, Seo II Da Cultura,

    dispe sobre o papel do Estado em relao cultura e o que constitui o patrimnio

    cultural brasileiro.

    Art. 216. Constituem patrimnio cultural brasileiro29 os bens de natureza material e

    imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referncia identidade,

    ao, memria dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, dos quais

    se incluem:

    I as formas de expresso

    II os modos de criar, fazer e viver

    III as criaes cientfi cas, artsticas e tecnolgicas

    IV as obras, objetos, documentos, edifi caes e demais espaos destinados s

    manifestaes artstico-culturais

    V os conjuntos urbanos e stios de valor histrico, paisagstico, artstico, arqueolgico,

    paleontolgico, ecolgico e cientfi co

    1 O Poder Pblico, com a colaborao da comunidade, promover e proteger o

    patrimnio cultural brasileiro, por meio de inventrios, registros, vigilncia, tombamento

    e desapropriao, e de outras formas de acautelao e preservao.

    Lei n 6.513/77 e Decreto n 86.176/81 - dispe sobre a criao de reas Especiais e

    de Locais de Interesse Turstico; em funo da existncia de bens de valor cultural e

    natural; acrescenta inciso ao art. 2. da Lei n 4.132/62; altera a redao e acrescenta

    dispositivo Lei n 4.717/65; e d outras providncias;

    Decreto n 80.978/77 - promulga a Conveno Relativa a Proteo do Patrimnio

    Mundial, Cultural e Natural, de 1972.

    O Instituto do Patrimnio Histrico e Artstico Nacional, desde o ano de sua criao,

    baseia-se em legislao especfi ca para a gesto dos bens culturais nacionais

    tombados, representativos de diversos segmentos da cultura brasileira. A legislao

    est descrita no Decreto n 25, que cria o instituto do tombamento, na Lei de Arqueologia

    n 3.924/61; nas atribuies contidas na Constituio Federal - Art. 215 e 216; no

    Decreto n 3551/00, sobre o registro de bens culturais de natureza imaterial; nas

    normas sobre a entrada e sada de obras de arte do pas; e o Decreto n 5.040/04, que

    aprova a estrutura regimental do Instituto; dentre outros. Alm da legislao nacional

    especfi ca, a preservao de bens culturais orientada por Cartas, declaraes e

    Tratados Nacionais e Internacionais, alm de outros instrumentos legais, tais como

    as legislaes: ambiental e de arqueologia, entre outras (www.iphan.gov.br). Dentre

    essas, destacam-se:

    29 Ressalta-se que o patrimnio cultural, afeto motivao do turista de realizar o Turismo Cultural, no se situa somente no campo dos bens considerados patrimnio nacional, conforme se explica no conceito desse tipo de turismo

    ANEXOMarcos Legais

  • 38

    Decreto-lei n 25/37 - conceitua e organiza a proteo do patrimnio histrico e

    artstico nacional e dispe sobre o tombamento.

    Decreto n 3.551/00 - institui o Registro de Bens Culturais de Natureza Imaterial que constituem patrimnio cultural brasileiro e cria o Programa Nacional de Patrimnio

    Imaterial.

    Lei n 8.392/91 - declara os acervos documentais dos Presidentes da Repblica

    pertencentes ao Patrimnio Cultural brasileiro, dispondo sobre a preservao,

    organizao e proteo dos acervos documentais privados dos Presidentes da

    Repblica, e d outras providncias.

    Estatuto das Cidades30 (Lei n 10.257/01) - regulamenta os instrumentos disponveis

    para a implementao da poltica de desenvolvimento urbano pelo poder pblico

    municipal. Entre as diretrizes do Estatuto est a proteo, preservao e recuperao

    do meio ambiente natural e construdo, do patrimnio cultural, histrico, artstico,

    paisagstico e arqueolgico. Dentre os instrumentos, destaque para o Tombamento

    e para o Plano Diretor, que engloba o territrio do municpio como um todo, sendo o

    instrumento bsico da poltica de desenvolvimento e expanso urbana.

    Lei n 3.924/61 - dispe sobre os monumentos arqueolgicos e pr-histricos, sua

    proteo, posse e salvaguarda.

    Os quilombolas e os indgenas tm direito a terra em que vivem (Art. 231 da Constituio

    Federal e Art. 68 do ADCT da CF/88 Ato das Disposies Constitucionais Transitrias

    da Constituio Federal). Isto particularmente relevante para o Turismo tnico, que

    poder ocorrer nessas reas.

    Na prtica, a Fundao Cultural dos Palmares, rgo ligado ao Ministrio da Cultura,

    que faz o levantamento e reconhecimento das reas dos quilombolas (Portaria

    40/00, que estabelece as normas que regero os trabalhos para a identifi cao,

    rec