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MARCUS VINÍCIUS DA COSTA JANUÁRIO
TURISMO EM ÁREA DE PROTEÇÃO
AMBIENTAL: O CASO DA SERRA DE SÃO
JOSÉ EM TIRADENTES – MINAS GERAIS
Dissertação apresentada ao Programa Regional de Pós-graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente, Sub-programa Universidade Estadual de Santa Cruz, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente.
Orientador: Prof. Dr. Alexandre Schiavetti
ILHÉUS, BAHIA 2008
ii
J33 Januário, Marcus Vinícius da Costa Turismo em área de proteção ambiental: o caso da
Serra de São José em Tiradentes – Minas Gerais / Marcus Vinícius da Costa Januário. – Ilhéus, BA: UESC/ PRODEMA, 2008.
xii, 108f. : il. ; anexos.
Orientador: Alexandre Schiavetti. Dissertação (Mestrado) – Universidade Estadual de Santa Cruz. Programa Regional de Pós-graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente. Inclui bibliografia e apêndices. 1. Meio ambiente. 2. Turismo – Aspectos ambientais. 3. Proteção ambiental. 4. Desenvolvimento sustentável.
I. Título. CDD 363. 7
iii
MARCUS VINÍCIUS DA COSTA JANUÁRIO
TURISMO EM ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL: O CASO DA SERRA DE SÃO
JOSÉ EM TIRADENTES – MINAS GERAIS
Ilhéus - BA, 27 de janeiro de 2008.
_________________________________________ Alexandre Schiavetti – DS
Universidade Estadual de Santa Cruz - UESC (Orientador)
_________________________________________ Marco Aurélio Ávila – DS
Universidade Estadual de Santa Cruz - UESC
_________________________________________ Daniela Custódio Talora - DS
Universidade Estadual de Santa Cruz - UESC
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AGRADECIMENTOS
Agradeço a minha esposa, Silvana Toledo, por apoiar sempre e acreditar que
era possível, bem como pelas contribuições, pelas noites em claro que passamos
pesquisando e discutindo sobre turismo.
A minha irmã Karla e meu tio Elair, ao meu pai Romeu, que mesmo distantes
sempre acreditaram que eu faria o melhor.
As minhas cunhadas Simone e Cláudia pelo apoio nas pesquisas de campo.
A Ana Paula, gerente da APA de do IEF, pelo fornecimento de todos os dados
necessários para que este trabalho pudesse ser realizado.
Aos alunos de Turismo e Geografia do IPTAN que participaram da coleta dos
dados em Tiradentes.
Ao meu orientador Prof. Dr. Alexandre Schiavetti pela colaboração, incentivo
e disponibilidade.
Aos colegas da FTC que contribuíram para o desenvolvimento deste trabalho.
Ao prof. Neylor, pelo incentivo e disponibilidade.
E a todos que de alguma forma contribuíram para a conclusão deste trabalho.
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TURISMO EM ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL: O CASO DA SERRA DE SÃO
JOSÉ EM TIRADENTES – MINAS GERAIS
Autor: Marcus Vinícius da Costa Januário Orientador: Prof. Dr. Alexandre Schiavetti
RESUMO
O turismo que se desenvolve na região dos Campos das Vertentes em Minas Gerais se baseia no patrimônio histórico e cultural, principalmente no município de Tiradentes. Esta pesquisa teve como objetivo principal analisar a percepção da comunidade e visitantes no processo de desenvolvimento ambiental e turístico, além de identificar os principais cuidados relativos ao turismo em área de proteção ambiental. A APA da Serra de São José abrange cinco municípios: São João Del Rei, Tiradentes, Prados e Coronel Xavier Chaves. Existe um potencial ainda a ser explorado na cidade, tanto no turismo convencional quanto no ecoturismo, podendo ser desenvolvidas ações de educação ambiental e de sensibilização para a importância de uma Área de Proteção Ambiental e seus benefícios para o município. Um dos principais resultados obtidos refere-se aos visitantes, que em sua maioria não conhecem a Serra, porém afirmam que preservar o meio ambiente está entre os fatores mais relevantes desta pesquisa. Moradores e turistas entendem que é preciso preservar a Serra de São José e que é necessário disponibilizar mais informações sobre preservação da natureza, principalmente da APA da Serra, para que haja maior envolvimento de todos em ações que contribuam para a sua preservação. Esta dissertação demonstra que a cidade deve investir em informações que divulguem e preservem seus atrativos naturais, culturais e históricos e os benefícios gerados pelo desenvolvimento sustentável na comunidade. Palavras-chave: turismo, meio ambiente, desenvolvimento sustentável.
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TOURISM IN AN ENVIRONMENTAL PROTECTION AREA – SERRA DE SÃO
JOSÉ CASE LOCATED IN TIRADENTES - MINAS GERAIS
Author: Marcus Vinícius da Costa Januário
Advisor: Prof. Dr. Alexandre Schiavetti
ABSTRACT
The tourism that has been developed in the Campo das Vertentes region in Minas Gerais is based on the historical and cultural patrimony, especially in the Tiradentes borough. This research had as the main goal to analyse the perception of the community and tourists about the environmental and touristic process of development, as well as to identify the main problems concerned to tourism in an environmental protection area. The APA from Serra of Sao Jose is made up of 5 boroughs: São João Del Rei, Tiradentes, Prados e Coronel Xavier Chaves. There is a lot to be explored in the city, since the conventional tourism to ecotourism, being possible to develop actions of environmental education and sensibility to the importance of an environmental protection area and its benefits to the borough as a whole. One of the main results obtained is the fact that the majority part of the visitors never been at this area but all of them agree that to preserve the area is the key point of this research. Locals and visitors believe that is necessary to preserve the area and to make available more information about nature preservation, especially from the APA of the Serra of Sao Jose. Thus there would be more involvement of all in actions that could contribute to the preservation of the city. This dissertation shows that the city should invest in information to publicise and to preserve its natural beauties, both historical and cultural and the benefits created by the sustainable developing of the community.
Key words: tourism, environment, sustainable developing
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LISTA DE FIGURAS
01 A atividade turística, o meio ambiente e a comunidade 18
02 Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC 31
03 Procedimento metodológico de delimitação da categoria APA 35
04 APA da Serra de São José 40
05 Imagem da Serra de São José e a cidade de Tiradentes – MG 41
06 Fórmula utilizada para cálculo da amostra. 52
07 Fórmula utilizada para cálculo da amostra universo desconhecido 54
08 Vista parcial da Serra de São José e de Tiradentes 73
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LISTA DE TABELAS
01 Evolução da População de Tiradentes 49
02 População residente – Tiradentes/MG 51
03 Variáveis utilizadas para as entrevistas junto à comunidade local 53
04 Variáveis das entrevistas realizadas junto aos visitantes 55
05 Comunidade – Gênero dos entrevistados 56
06 Comunidade – Faixa etária 56
07 Comunidade – Local de nascimento 57
08 Comunidade – Município de nascimento 57
09 Comunidade – Tempo de residência 58
10 Comunidade – Conhecimento da Serra de São José 58
11 Comunidade – Passeios realizados na Serra de São José 59
12 Comunidade – Recebimento de instruções sobre a Serra e/ou passeios 59
13 Comunidade – Tipo de instruções recebidas 60
14 Comunidade – Frequência de passeios ou visitas na serra 60
15 Comunidade – Quanto gastou com as atividades na serra 61
16 Comunidade – Tipo de trabalho na região 61
17 Comunidade – Título de proteção que a serra possui 62
18 Comunidade – Cuidados relativos ao turismo em uma APA 62
19 Comunidade – Opinião sobre o Turismo em Tiradentes 63
20 Comunidade – Considera que o Turismo em Tiradentes 64
21 Comunidade – Idade x Conhecimento da Serra de São José 65
22 Comunidade – Idade x Passeio na Serra 65
23 Comunidade – Sexo x Passeio na Serra de São José 66
ix
24 Comunidade – Nascer no município x Titulo de proteção que a Serra de São José possui 67
25 Comunidade – Cuidados relativos ao turismo em uma APA x Conhecer a Serra de São José 68
26 Visitante – Origem 69
27 Visitante – Gênero 70
28 Visitante – Faixa etária 70
29 Visitante – Estado civil 70
30 Visitante – Principal Ocupação 71
31 Visitante – Renda familiar 72
32 Visitante – Gasto médio 72
33 Visitante – Conhecimento da Serra de São José 73
34 Visitante – Realização de passeios na Serra 74
35 Visitante – Instruções sobre a serra 74
36 Visitante – Tipo de atividade realizada na Serra de São José 74
37 Visitante – Conhecimento do titulo de proteção da Serra 75
38 Visitante – Cuidados relativos ao turismo em uma APA 76
39 Visitante – Motivação da viagem 77
40 Visitante – Local de hospedagem 77
41 Visitante – Grau de expectativa da visita a Tiradentes 78
42 Visitante – Origem x Onde se hospedou 79
43 Visitante – Origem x Conhecer a Serra de São José 79
44 Visitante – Origem x Motivação da Viagem 80
45 Visitante – Cuidados relativos ao turismo em uma APA x Renda 81
x
LISTA DE QUADROS
01 Impactos positivos e negativos do ecoturismo 25
02 Histórico das UC’s no Brasil 28
03 Definições das Categorias UICN de Manejo de Áreas Protegidas 34
04 APA’s criadas no Estado de Minas Gerais 37
05 Zonas de uso e ocupação da APA São José 46
xi
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
APA Área de Proteção Ambiental
APE Área de Proteção Especial
CETEC Centro Tecnológico
CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente
COPAM Conselho de Política Ambiental
DNPM Departamento Nacional de Produção Mineral
EMBRATUR Empresa Brasileira de Turismo
FEAM Fundação Estadual do Meio Ambiente
FIPE Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas
IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IEF Instituto Estadual de Florestas
IPHAN Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
IUCN União Internacional para Conservação da Natureza
MAB Programa Homem Biosfera
MICT Ministério da Indústria Comércio e Turismo
MMA Ministério do Meio Ambiente
OMT Organização Mundial do Turismo
ONG Organização Não Governamental
ONU Organização das Nações Unidas
PL Projeto de Lei
REVS Refugio Estadual de Vida Silvestre
SAT Sociedade Amigos de Tiradentes
SEMAD Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável
SNUC Sistema Nacional de Unidades de Conservação
xii
SPHAN Secretaria do Patrimônio Histórico Artístico e Nacional
SPSS Statistical Package for Social Science
UC Unidade de Conservação
UICN União Internacional para Conservação da Natureza
UNESCO Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura
ZCUT Zona de Conservação e Uso Turístico
ZEM Zona de Exploração Mineral
ZUA Zona de Uso Agropecuário
ZUART Zona de Uso Agropecuário Restrito e Turístico
ZUE Zona de Uso Especial
ZUR Zona Urbana
ZUTA Zona de Uso Turístico e Agropecuário
ZVS Zona de Vida Silvestre
WWF World Wildlife Fund
xiii
SUMÁRIO
RESUMO .............................................................................................. iv
ABSTRACT .......................................................................................... v
LISTA DE FIGURAS ........................................................................... vi
LISTA DE TABELAS ............................................................................ vii
LISTA DE QUADROS .......................................................................... ix
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS .............................................. x
INTRODUÇÃO ........................................... .......................................... 13
1. ECOTURISMO .................................................................................. 17
1.1 Unidades de Conservação ................................................... 26
1.2 Sistema Nacional de Unidades de Conservação ................ 29
1.3 Área de Proteção Ambiental ................................................ 31
1.4 Área de Proteção Ambiental em Minas Gerais .................... 36
2. ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL DA SERRA DE SÃO JOSÉ . 39
2.1 Refúgio Estadual de Vida Silvestre Libélulas da Serra de
São José ....................................................................................
43
2.2. Zoneamento ecológico-econômico .................................. 44
2.3 O município de Tiradentes ................................................... 47
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ......................................... 50
3.1. Levantamento de dados junto aos moradores da cidade
de Tiradentes .............................................................................
51
3.2. Levantamento de dados juntos aos visitantes no centro
histórico da cidade .....................................................................
53
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES ..................................................... 56
4.1. Entrevistas realizadas junto aos moradores de Tiradentes 56
4.2. Comunidade - Tabelas de contingência ............................. 64
4.3. Entrevistas realizadas junto aos visitantes de Tiradentes .. 68
4.4. Visitantes - Tabelas de contingência .................................. 78
CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................. 82
REFERÊNCIAS .................................................................................... 85
ANEXOS ............................................................................................... 89
APÊNDICES ......................................................................................... 107
13
INTRODUÇÃO
Um dos grandes entraves encontrados na criação de Unidades de
Conservação foi justamente como encontrar o ponto de equilíbrio entre conservar o
meio natural e permitir o convívio das populações existentes, sendo importante
entender que a conservação de áreas protegidas se dá de forma parcial,
principalmente quando existe ação antrópica em um determinado ambiente.
As áreas naturais protegidas surgiram como estratégias de conservação da
natureza ainda no século XIX, embora tenham tomado maior proporção a partir da
conferência de Estocolmo em 1972 e ampliando, posteriormente, sua discussão após
a Rio 92 (NÓBREGA, 2005).
A utilização de áreas naturais protegidas para fins de lazer e recreação
(ecoturismo) reflete-se sobre algumas tendências globais, como o crescimento da
consciência ambiental e o processo de reencontro do homem com sua própria
essência. O turismo gerado pela oportunidade de visitação a essas áreas pode
representar uma importante alternativa de geração de renda para as comunidades
locais próximas e trazer diversos benefícios econômicos para a própria unidade
(OLIVEIRA, 2007).
A biodiversidade e a diversidade cultural são recursos turísticos únicos e
valiosos. É indispensável entender que os recursos naturais, culturais, materiais e
imateriais que representam a memória da comunidade que respaldam ainda mais sua
autoestima são recursos fundamentalmente não-renováveis.
Não se pode, portanto, falar em planejamento ambiental sustentável sem se
preocupar com o futuro do turismo. Não se pode permitir que a exploração da
14
atividade seja realizada sem um mínimo de percepção da necessidade da
compreensão dos vários tipos de sustentabilidade, entre eles a ambiental, a
econômica e a social (SCHIAVETTI, 2002). É dentro desta visão que o trabalho será
desenvolvido.
A necessidade do planejamento, ordenamento e normatização do turismo
fazem-se essenciais para que se busquem minimizar os efeitos negativos e
maximizar os efeitos positivos das atividades turísticas realizadas dentro da APA no
município de Tiradentes.
A preocupação dos órgãos governamentais com o acervo histórico da região
data de meados do século XX, com o tombamento da cidade de Tiradentes em 1938,
pelo Instituto Brasileiro do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN, em todo
o seu conjunto arquitetônico e paisagístico. Embora esta preocupação fosse pioneira
no país, o patrimônio natural não teve o mesmo tratamento (PELLEGRINI FILHO,
2000)
Somente em 1981 a área da Serra de São José foi decretada como Área de
Proteção Especial – APE, baseada especialmente na proteção dos mananciais e do
patrimônio histórico e paisagístico. Em 1990 foi decretada a Área de Proteção
Ambiental – APA – São José, seguindo a os limites da APE, porém agora
fundamentada na proteção da fauna e flora local (RIGUEIRA E BEDÊ, 2004).
Além do aspecto ambiental, a Serra de São José sempre foi utilizada para
atividades de lazer, recreação, trilhas e de pesquisas, podendo apreciar de seu topo
o conjunto arquitetônico de Tiradentes, fazendo uma viagem através dos tempos e
principalmente na história (CARDOSO, 2002).
O objetivo principal desta dissertação foi o de analisar a percepção da
comunidade e visitantes no processo de desenvolvimento ambiental e turístico da
15
Serra de São José em Tiradentes, identificando os principais cuidados relativos ao
turismo em Área de Proteção Ambiental.
O presente estudo foi estruturado em cinco capítulos, buscando uma
sequência lógica para atingir os objetivos propostos.
A primeira parte tem como elemento central o ecoturismo, onde são
apresentados as principais definições e conceitos sobre ecoturismo e histórico de
unidades de conservação e Áreas de proteção ambiental no Brasil e no mundo.
A segunda parte apresenta uma descrição de Unidades de Conservação, suas
principais categorias e um descritivo sobre APA’s em Minas Gerais.
A terceira parte apresenta uma base teórica sobre a Área de proteção
ambiental da Serra de São José, a importância do refúgio estadual da vida silvestre
libélulas da Serra de São José, sobre o zoneamento de usos e ocupação do solo da
APA e os aspectos socioeconômicos, históricos e culturais do município de
Tiradentes.
Os procedimentos metodológicos são mencionados na quarta parte e foram
escolhidos e abordados de acordo com critérios que possibilitassem atingir os
objetivos propostos e buscando levantar as opiniões e sugestões dos principais
envolvidos no processo de desenvolvimento turístico e ambiental do município.
As pesquisas de campo foram divididas em duas etapas e realizadas de
quinta-feira a domingo com visitantes e de segunda-feira a quinta-feira com
moradores, no mês de julho de 2007. Foram entrevistados cento e vinte moradores e
cento e oitenta e quatro visitantes.
A quinta parte apresenta os resultados e discussões da pesquisa de campo e
uma análise geral sobre o turismo na APA da Serra de São José, baseando-se nas
entrevistas realizadas e no referencial teórico. Nessa etapa, os dados foram
16
analisados separadamente e relacionados, com a intenção de melhor entender a
percepção dos envolvidos.
Na última parte, encontram-se as considerações finais onde são propostas
ações pertinentes a esta pesquisa.
17
1. ECOTURISMO
Os benefícios ambientais surgem quando as comunidades são levadas e
orientadas a proteger os ambientes naturais para sustentar o turismo
economicamente viável (DIAS, 2003).
É necessário examinar a interação entre as comunidades locais com
indivíduos, grupos e instituições que possam tomar decisões e contribuir para o
planejamento e envolvimento da comunidade, conforme figura 01. Dessa forma, a
integração dos participantes pode ser tarefa difícil, mas de extrema importância.
O ecoturismo é discutido no Brasil no âmbito governamental desde 1985.
Porém somente em 1987 uma comissão técnica constituída por técnicos do IBAMA e
da EMBRATUR criou o projeto Turismo Ecológico, sendo este entendido de um modo
geral como uma atividade que põe o homem em contato com a natureza e com seus
semelhantes, com objetivo de organizar a atividade e torná-la sustentável.
Entretanto, nem os esforços governamentais, nem os privados foram suficientes para
quebrar barreiras, entre a teoria e a prática do ecoturismo (BRASIL, 1994).
18
Figura 01 – A atividade turística, o meio ambiente e a comunidade.
Fonte: OMT (2003).
O desenvolvimento turístico ou ecoturístico deve ser planejado e gerenciado
para que não haja problemas ambientais ou sócio-culturais sérios para as áreas
turísticas. A busca pela qualidade ambiental é mantida e melhorada bem como os
benefícios do turismo são amplamente estendidos a toda comunidade (OMT, 2003).
A World Commission on Enviroment and Development for the United Nation,
define “uma política de desenvolvimento sustentável como aquela que atenda às
necessidades de hoje, sem comprometer a capacidade das gerações futuras
atenderem às suas próprias necessidades” (OMT, 2003, p.23).
Será dentro desta visão que o turismo deverá ser trabalhado em áreas de
proteção ambiental, identificando a relação do público visitante com a comunidade
receptora, sua relação com o meio ambiente e a viabilidade para a conservação dos
recursos naturais da região (SCHIAVETTI, 2002, p. 45).
19
Na Conferência da Terra realizada no Rio de Janeiro em 1992 – também
conhecida como ECO 92, a Organização Mundial do Turismo adotou definitivamente
a abordagem do desenvolvimento sustentável, sendo exposta na Agenda 21,
“aplicando os princípios de desenvolvimento sustentável a todos os seus estudos de
planejamento e de desenvolvimento turísticos” (OMT, 2003, p. 23).
Segundo o Programa de Regionalização do Turismo (2004) e de acordo com
as Diretrizes de Políticas Públicas que compõem o Plano Nacional de Turismo
...compreender o programa de regionalização do turismo é assimilar a noção de território como espaço e lugar de interação do homem com o ambiente, dando origem a diversas formas de organizar e se relacionar com a natureza, com a cultura e com os recursos de que se dispõe. Essa noção de território supõe formas de coordenação entre organizações sociais, agentes econômicos e representantes políticos, superando a visão estritamente setorial do desenvolvimento. Incorpora, também, o ordenamento dos arranjos produtivos locais e regionais como estratégicos, dado que os vínculos de parceria, integração e cooperação dos setores geram produtos e serviços capazes de inserir as unidades produtivas de base familiar, formais e informais, micro e pequenas empresas, que se reflete no bem-estar das populações.
O desenvolvimento turístico nos municípios deve contemplar as diversidades
regionais, configurando-se pela geração de produtos marcados pela regionalidade,
proporcionando a expansão do mercado interno e a inserção efetiva no cenário
turístico nacional e mundial. A geração de emprego, ocupação e renda, a redução
das desigualdades sociais e regionais, bem como o equilíbrio da balança de
pagamento sinalizam o horizonte a ser alcançado pelas ações estratégicas indicadas.
(MINISTÉRIO DO TURISMO, 2003)
A Organização Mundial do Turismo – OMT – tem direcionado esforços para a
promoção do ecoturismo e com esta intenção realizou em agosto de 2001, na cidade
de Cuiabá/MT, a Conferência de Desenvolvimento Sustentável do Ecoturismo, como
preparação da Cúpula Mundial do Ecoturismo, realizada em maio de 2002, em
20
Quebec, com envolvimento de vários atores-chave da comunidade internacional em
comemoração ao Ano Internacional da Gestão Sustentável do Ecoturismo.
O ecoturismo é definido pela International Ecoturism Societ, de Vermont, como
“viagem responsável para áreas naturais que conserva o meio ambiente e sustenta o
bem-estar das populações locais” (MASTNY apud MERCANTE, 2002, p. 131).
As Diretrizes para uma Política Nacional de Ecoturismo que estabelece os
conceitos pertinentes ao segmento de ecoturismo, no Brasil, bem como a definição
dos critérios de utilização sustentável do potencial das belezas naturais e valores
culturais definem ecoturismo como sendo:
Segmento da atividade turística que utiliza, de forma sustentável, o patrimônio natural e cultural, incentiva a sua conservação e busca a formação de uma consciência ambientalista através da interpretação do ambiente, promovendo o bem estar das populações envolvidas (EMBRATUR, 1994).
Fennel apud Simiqueli at all (2002) conceitua como sendo:
Uma forma sustentável de turismo baseado nos recursos naturais, que focaliza principalmente a experiência e o aprendizado sobre a natureza: é gerido eticamente para manter um baixo impacto, é não predatório e localmente orientado (controle, benefícios e escala). Ocorre tipicamente em áreas naturais e deve contribuir para a conservação ou preservação destas.
Segundo Carvalho (2003), o ecoturismo é uma atividade que busca valorizar
todas as questões ambientais, sociais, culturais e econômicas de uma comunidade e
inclui a interpretação ambiental como um fator essencial para a experiência turística.
Para Swarbrooke (2000), o ecoturismo pode ser visto como:
21
Um turismo em pequena escala; Mais ativo do que outras formas de turismo; Uma modalidade de turismo na qual a existência de uma infra-estrutura de turismo sofisticada é um dado menos relevante; Empreendido por turistas esclarecidos e bem educados, conscientes das questões relacionadas à sustentabilidade, além de ávidos por aprender mais sobre estes temas; Menos espoliativo das culturas e da natureza locais do que as formas "tradicionais" de turismo.
Ceballos (1992) define também ecoturismo como:
... o turismo que consiste em viajar para áreas naturais não degradadas ou não poluídas, com o objetivo específico de estudar, admirar e fruir a paisagem e suas plantas e animais, tanto quanto manifestações culturais (do passado e do presente) encontradas nessas áreas. Nesses termos, o turismo orientado para a natureza implica uma colocação científica, estética ou filosófica para cientistas, artistas ou filósofos profissionais. O ponto principal é que a pessoa que pratica ecoturismo tem a oportunidade de mergulhar na natureza de uma maneira normalmente não possível no meio ambiente urbano (CEBALLOS apud ALHO, 1992).
O clima, as belezas naturais e a diversidade do país não impedem o
movimento dos visitantes nas diversas paisagens brasileiras, que para Alho (1992, p.
141), o turismo bem orientado é uma atividade cujos benefícios econômico-
financeiros tornam possível manter a natureza protegida. Portanto, o turismo deve ser
bem orientado, para não deslocar os habitantes tradicionais de suas áreas, nem
excluí-los do processo. Desse modo, a cultura e o estilo de vida do povo, associados
à natureza e sua exuberância, devem fazer parte do processo para criação de
pacotes ecoturísticos.
O ecoturismo torna-se uma alternativa sustentável de utilização e conservação
dos recursos naturais dos destinos escolhidos, oferecendo experiências diferentes ao
turismo comum, proporcionando uma vivência real como novas culturas e ambientes,
além de oferecer a população local novas oportunidades de desenvolvimento
sustentável.
22
O ecoturismo pode se tornar um modelo de desenvolvimento, beneficiando o
meio ambiente e as comunidades visitadas, promovendo o aprendizado, respeito e
sensibilizando sobre aspectos ambientais e culturais, gerando resultados
econômicos, satisfação da comunidade local e satisfação do visitante. Além disso
aparece como mediador entre a preservação, a conservação ambiental e o uso
sustentável da natureza para fins de turismo (DIAS, 2004).
A atividade ecoturística deve valorizar ao máximo a cultura e o estilo de vida
das comunidades locais e do entorno de alguma região com atributos ecoturísticos,
proporcionando maior nível de envolvimento nas atividades ligadas à área visitada
(DIAS, 2004).
O debate acerca do delineamento do termo adequado não se esgota com o
emprego de uma ou outra etimologia ao tratar do ecoturismo e educação ambiental
em Unidades de Conservação – UC - ressaltando que um dos principais problemas
está na interpretação equivocada dos objetivos do ecoturismo, aliada a uma total falta
de conhecimento sistematizado do local, que segundo Furlan (1996):
De acordo com uma avaliação ainda preliminar das prioridades para implantação de UC, percebe-se uma forte tendência em priorizar a política de visitação agora também chamada de ecoturismo. Por exemplo muitos planos de manejo mal feitos acabam sendo a base conceitual e espacial para a implantação de ecoturismo (FURLAN, 1996 p. 130).
Segundo Barreto (2002) embora o ecoturismo tenha surgido como mais uma
alternativa de desenvolvimento socioeconômico para o país vem-se mostrando que é
uma atividade voltada aos princípios da sustentabilidade, alegando-se que:
23
... o Brasil, maior país tropical do mundo, proprietário e gestor do maior banco de biodiversidade do planeta. Desta relação surge o ecoturismo como um dos mais inteligentes instrumentos de viabilização econômica para o gerenciamento correto dos recursos naturais, oferecendo aos brasileiros uma alternativa digna de conquistar seu sustento e uma vida melhor, ao mesmo tempo que assegura às gerações futuras acesso aos legados da natureza (Barreto, 2002, p.140)
A gestão de forma responsável e sustentável dos recursos naturais, aliadas à
melhoria da qualidade de vida das populações nativas, a preservação do patrimônio
ambiental e a preservação da identidade cultural destas comunidades buscam servir
de instrumentos de contenção dos anseios e necessidades para o desenvolvimento
das regiões e se torna um desafio para os que estão no processo. (MICT/MMA,
1994).
O ecoturismo pode trazer desenvolvimento, oportunidade de diversificação e
consolidação econômica, geração de empregos, conservação ambiental, valorização
da cultura, preservação do patrimônio histórico, recuperação da auto-estima e
melhoria na qualidade de vida (WWF-Brasil, 2003).
De todos os tipos de turismo praticados no mundo nenhum cresceu tanto nos
últimos anos como o "ecoturismo". O número de ecoturistas que habitualmente
visitam áreas naturais – em especial, unidade de conservação, obteve um aumento
significativo nos últimos anos em todo o mundo (MICT/MMA, 1994).
A OMT - Organização Mundial do Turismo (2003) estima que 10% das
pessoas que viajam pelo mundo são ecoturistas. No Brasil, pressupõe-se que o
ecoturismo alcance meio milhão de turistas por ano.
24
De acordo com Costa (2002) para atender a essa demanda, muitos lugares
semi-isolados, desabitados ou habitados apenas por poucas pessoas, foram
rapidamente "civilizados" – ocupados por pousadas, bares, restaurantes e um
comércio amplo e variado, que a partir de então passou a vender os produtos
"típicos" do local.
O ecoturismo, como qualquer outra atividade econômica, pode produzir
impactos sociais, econômicos e ambienteis (positivos ou negativos), conforme quadro
01, sendo decorrentes do modo como se planeja, implanta e monitora.
25
IMPACTOS POSITIVOS DO ECOTURISMO
IMPACTOS NEGATIVOS DO ECOTURISMO
Diversificação da economia regional (micros e pequenos negócios);
Turismo convencional de massa;
Melhorias na infra-estrutura de transporte, comunicação e saneamento;
Maior consumo de recursos naturais;
Geração local de empregos; fixação da população no interior;
Perda de valores tradicionais;
Criação de alternativas de arrecadação para as Unidades de Conservação;
Aumento do custo de vida;
Diminuição de impacto sobre o patrimônio natural e cultural; Adensamento urbano;
Diminuição de impacto no plano estético-paisagístico; Crescimento do lixo.
Melhoria nos equipamentos das áreas protegidas.
Quadro 01 – Impactos positivos e negativos do ecoturismo (OMT, 2003)
A participação da comunidade em parceria com a iniciativa privada e o
governo é fundamental para desenvolver um plano de ecoturismo que atenda as suas
necessidades gerando emprego e renda, melhorando a infraestrutura de serviços
básicos, ao mesmo tempo em que desenvolva a consciência dos envolvidos neste
processo pela preservação ambiental, fator primordial para a manutenção da
atividade.
26
1.1 Unidades de Conservação
Nóbrega (2005) afirma que as áreas naturais protegidas surgiram como
estratégias de conservação da natureza ainda no século XIX, embora tenham tomado
maior proporção a partir da conferência de Estocolmo no ano de 1972 e ampliando
sua discussão na conferência Rio 92. Um dos grandes entraves encontrados na
criação destas foi justamente como encontrar o ponto de equilíbrio entre conservar o
meio natural e permitir o convívio das populações tradicionais que habitam seu
interior. É importante entendermos que a conservação destas áreas se dá de forma
parcial, principalmente porque, quando existe ação antrópica em um determinado
ambiente, este meio está sendo alterado.
O interesse pela preservação de áreas naturais surgiu antes mesmo da
criação do conceito de Unidades de Conservação, quando no final do século XIX
surgiu a primeira área natural protegida nos Estados Unidos (COSTA, 2002).
A origem do termo área protegida ou área silvestre surgiu com a criação do
Parque Nacional de Yellowstone nos Estados Unidos, em 1872, devido à grande
beleza cênica local, tendo como objetivo proibir qualquer exploração que alterasse as
características naturais da área, destinando-a para a preservação, lazer e benefício
das gerações futuras (CÔRTE, 1997).
Na Europa, há evidências de iniciativas na criação de Áreas de Proteção em
dois países, a Alemanha e o Reino Unido. Na Alemanha, o primeiro registro de
Parque Nacional aconteceu em 1969, sendo a Muralha do Diabo uma das primeiras
áreas protegidas. E no Reino Unido no século XIX, os santuários de Pássaros foram
as primeiras áreas a serem protegidas para conservação da natureza (CABRAL E
SOUZA, 2002).
27
No Brasil as primeiras preocupações nacionais com relação à proteção
ambiental, segundo Diegues apud Cabral e Souza (2005, p. 24) surgiram no início do
século XIX, com José Bonifácio e sua tentativa de criação de um setor específico que
trabalhasse com conservação das florestas.
O histórico das Unidades de Conservação no Brasil, (quadro 02), deu-se ainda
durante o Império pelo então engenheiro e político André Rebouças, que defendia a
criação dos primeiros parques nacionais, nos mesmos moldes dos parques norte-
americanos (COSTA, 2002).
A primeira unidade de conservação a ser criada, de acordo com Costa (2002),
tinha como principal objetivo resguardar porções territoriais com significativo valor
científico e estético.
Segundo Kinker (2002), o Brasil copiou o modelo americano, com a criação do
Parque Nacional Itatiaia, que via nas áreas protegidas a principal forma de preservar
a natureza. No país a principal crítica à criação tradicional de UC é que:
...elas são criadas e geridas sem consulta à sociedade, especialmente às comunidades mais diretamente atingidas, ou seja, aquelas que vivem na unidade ou no seu entorno. Dessa maneira, o que se tem observado é um aumento da pressão antrópica sobre essas áreas e a geração de conflitos e problemas sociais graves (KINKER, 2002, p. 41).
Brito apud Cardoso (2003, p. 06) afirma que o problema de ocupação humana
em áreas protegidas é como
um falso dilema centrar a discussão sobre unidades de conservação na decisão pela permanência ou não da população no interior da mesma, em função do maior ou menor grau de harmonia de sua relação com a natureza, pois não há evidências científicas que comprovem a existência ou não dessa harmonia. Por outro lado, essa harmonia só pode ser esperada em algumas populações indígenas e algumas populações especificas que permitam uma reprodução socioeconômica cultural e do ambiente.
28
Quadro 02 – histórico das UCs no Brasil
DATA LEGISLAÇÃO AÇÃO 1876 Proposta de criação pelo político e engenheiro André Rebouças dos
Parques Nacionais nas áreas de Sete Quedas (PR) e da Ilha do Bananal (TO).
1934 Código Florestal Primeiros conceitos para Parques Nacionais, Florestas Nacionais e Florestas Protetoras;
1937 Criação da Primeira Unidade de Conservação – o Parque Nacional de Itatiaia/RJ
1937 Constituição de 1937 – artigo 134
Sob a proteção e cuidados dos especiais da Nação, dos Estados e dos Municípios, os monumentos históricos, artísticos e naturais, assim como as paisagens ou locais particularmente dotados pela natureza...
1939 Criados os parques Nacionais do Iguaçu (PR) e o da serra dos Órgãos (RJ).
1948 Decreto Legislativo nº 3 de 13 de fevereiro de 1948
Convenção para proteção da Fauna, flora e beleza cênica dos paises da América latina que define sem grandes modificações nas categorias de áreas protegidas, as áreas de preservação como Parque Nacional, reserva natural, monumento natural e reserva de região virgem.
1959 Criação dos Parques Nacionais de Aparados da Serra (RS/SC), do Araguaia (TO/GO) e Ubajara (CE).
1961 Criação dos Parques Nacionais: das Emas e Chapada dos Veadeiros (GO), Caparaó (MG/ES), Sete Cidades (PI), São Joaquim (SC), Tijuca (RJ), Monte Pascoal (BA), Brasília (DF) e Sete Quedas (PR).
1965 Novo Código Florestal – Lei nº 4.771
Promover a separação das áreas de preservação em áreas que permitam a exploração dos recursos naturais(Florestas Nacionais, Estaduais e Municipais) e as que proíbem qualquer forma de exploração dos recursos naturais (Parques Nacionais, Estaduais e Municipais, e as Reservas Biológicas).
1967 Criação do Instituto de Brasileiro de Desenvolvimento Florestal – IBDF, que por muito tempo foi o principal mentor das Unidades de Conservação do país;
1979 Decreto nº 84.017 Legislação Ambiental brasileira e acrescida do regulamento dos Parques Nacionais brasileiro;
1981 Lei nº 6.902 Criação das Áreas de Proteção Ambiental e Estações Ecológicas; 1984 Decreto nº 89.336 Estabelece como Áreas de Preservação Permanente as Reservas
Ecológicas e cria as Áreas de Relevante Interesse Ecológico; 1988 Constituição do Brasil –
Artigo 225, capitulo VI Grande avanço, na preservação visando o bem estar de gerações futuras.
1990 Decreto nº 98.897 Criação das Reservas Extrativistas 1990 Decreto nº 98.914 Reconhecimento das Reservas Particulares do Patrimônio Natural. 1992 Acontece no Rio de Janeiro a Segunda Conferencia Mundial para o
Meio Ambiente e Desenvolvimento e o Fórum Global, sendo criado dois dos mais Importantes documentos aprovados pela conferencia: A CARTA DA TERRA E A AGENDA 21;
1992 Projeto de Lei n° 2.892 Regulamenta o artigo 225 §1º , incisos I, II, III E IV da Constituição Federal.
2000 Lei nº 9.985 O Sistema Nacional das Unidades de Conservação da Natureza - SNUC
Fonte: Adaptado de Costa (2002).
29
O Brasil atribuiu às áreas protegidas a melhor forma de conservação da
natureza, mas continua tendo como um dos seus principais problemas a não consulta
à sociedade e pela influência do regime político militar, no qual houve um excessivo
número de leis implementadas por decreto, todas relacionadas à criação de unidades
de conservação, afetando com isso principalmente as comunidades tradicionais,
aumentando sobre elas os conflitos e problemas sociais graves (BRITO apud
CARDOSO, 2003).
Ainda de acordo com Brito apud Cardoso (2003) pode-se ter muito mais áreas
de preservação permanentes no país, mas o desrespeito com a legislação relativa à
conservação ambiental, a ausência de normas oficiais por parte das instituições
responsáveis pela administração da unidade e a centralização das decisões e
discussões de criação das unidades quase que exclusivamente nos níveis técnicos
do governo fazem com que as decisões, muitas vezes, não envolvam as populações
locais. Em geral, as unidades de conservação possuem muitos problemas jurídicos e
de funcionamento. Em vários casos, tais problemas inviabilizam a implementação da
unidade (Costa, 2002).
1.2. Sistema Nacional de Unidades de Conservação
A criação da lei 9.985, 19 de julho de 2000 que regulamenta o SNUC -
Sistema Nacional de Unidades de Conservação surgiu para regulamentar os incisos,
I, II, III e IV do Art. 225 da Constituição Federal e estabelece critérios e normas para a
criação, implementação e gestão das UC’S ( figura 02).
30
O artigo 2º define unidades de conservação como:
espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo poder público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção (COSTA, 2002, p.27).
O ART. 4º estabelece os objetivos do SNUC, que para o turismo, podemos
destacar o inciso VI – proteger paisagens naturais e pouco alteradas de notável
beleza cênica, e o inciso XII que aborda questões relativas à educação e a
interpretação ambiental, a recreação em contato com a natureza e ao turismo
ecológico.
A imensa extensão territorial favorece a existência de grande número de sítios
que, por sua beleza natural, se destacam do comum das paisagens e, por isso,
transformam-se em lugares de atração turística e que segundo Leuzinger (2002), são
lugares que possuem extraordinária beleza cênica, isto é, paisagens notáveis, muitas
vezes, de grande interesse científico. Se o relevo permite, transformam-se, também,
em locais propícios à prática de esportes, hoje denominados radicais, tais como
montanhismo, as caminhadas em trilhas, a canoagem e a espeleologia.
Enquanto o Art. 5 define as diretrizes, o inciso IV busca apoio em pessoas ou
ONGs, que promovam práticas de educação ambiental, atividades de lazer e turismo
ecológico, assim assegura-se a sustentabilidade econômica das unidades de
conservação (figura 02).
31
Figura 02 – Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC Fonte: Elaborado a partir de dados de Brasil (2000), Candido (2003) e Fonseca (2006)
1.3 Área de Proteção Ambiental
A criação das Áreas de Proteção Ambiental no Brasil iniciou-se com a lei
6.902/81, que dispõe sobre a criação de Estações Ecológicas e Áreas de Proteção
32
Ambiental. Esta categoria segundo Camargo apud Cardoso (1999) “foi a primeira
proposta brasileira de unidades de conservação que considerou compatível manter a
população residente e as atividades econômicas na área”, devendo conter estudos
detalhados das Zonas de Manejo e buscando identificar suas principais fragilidades
ambientais.
Hoje APAS são normalmente áreas extensas, com pouca alteração e não
fazem parte dos processos de desenvolvimento humano. Com essa dissociação
homem natureza, a preferência foi a de proteger áreas extensas, não se discutindo a
maneira com que será feita a proteção e ao mesmo tempo incluir o desenvolvimento
humano (CARDOSO, 2003).
Segundo a Resolução CONAMA no 10/88, artigo 1o, as Áreas de Proteção
Ambiental são unidades de conservação destinadas a proteger e conservar a
qualidade ambiental e os sistemas naturais ali existentes, visando a melhoria da
qualidade de vida da população local e também objetivando a proteção dos
ecossistemas regionais.
Segundo Cabral e Souza (2002, p. 35) em relação a Unidades de Uso
Sustentável, o SNUC em seu art. 15 define categoria de Área de Proteção Ambiental
(APA) como:
Área em geral extensa, com certo grau de ocupação humana, dotada de atributos abióticos, bióticos, estéticos ou culturais especialmente importantes para a qualidade de vida e o bem estar das populações, constituídas por terras publicas ou privadas, podendo ser estabelecidas normas e restrições para a utilização de uma propriedade privada localizada no interior dessa área, dispondo de um conselho gestor presidido pelo órgão responsável por sua administração e constituído por representantes de órgãos públicos, organizações da sociedade civil e população residente.
33
Costa (2002) afirma que cada categoria de Unidade de Conservação tem
características e objetivos próprios, respeitando assim as prioridades e necessidades
de cada região.
A Área de Proteção Ambiental (APA) é uma Unidade de Conservação de Uso
direto dos recursos naturais, segundo categorização da IUCN1 (quadro 03) e Unidade
de Conservação de Uso Sustentável para o Brasil, que tem como características e
objetivos de “compatibilizar a conservação da natureza com o uso sustentável de
parcela dos seus recursos naturais”, conforme expresso no SNUC (CORTE, 1997).
A inserção do ser humano no processo de planejamento para o
estabelecimento de áreas de proteção ambiental, é importante uma vez que há
envolvimento em todas as etapas com o meio ambiente. O conhecimento das
comunidades nativas em relação aos atributos ambientais da área protegida implica
em ganhos significativos tanto na definição da área como no estabelecimento dos
critérios de gestão (SOUZA, 2005).
Embora existam critérios de gestão nas APAs baseadas na legislação, nem
sempre o cuidado com a conservação dos recursos naturais são levados em
consideração, o que compromete a qualidade dos ambientes e da vida para gerações
futuras. Há também falta de envolvimento político. O engajamento por parte da
população, somente se processará quando a questão da conservação dos recursos
naturais se tornarem significantes para as pessoas. Para muitos e parte da
sociedade, a questão da conservação fica relegada a segundo plano (FONSECA,
2006).
1 União Internacional para Conservação da Natureza
34
Quadro 03. Definições das Categorias UICN de Manejo de Áreas Protegidas
CATEGORIA TIPO DESCRIÇÃO Categoria Ia. Reserva Natural Estricta: área
protegida manejada principalmente con fines científicos
Area terrestre y/o marina que posee algún ecosistema, rasgo geológico o fisiológico y/o especies destacadas o representativas, destinada principalmente a actividades de investigación científica y/o monitoreo ambiental.
CATEGORIA Ib.
Area Natural Silvestre: área protegida manejada principalmente con fines de protección de la naturaleza
Vasta superficie de tierra y/o mar no modificada o ligeramente modificada, que conserva su carácter e influencia natural, no está habitada de forma permanente o significativa, y se protege y maneja para preservar su condición natural.
CATEGORIA II.
Parque Nacional: área protegida manejada principalmente para la conservación de ecosistemas y con fines de recreación
Area terrestre y/o marina natural, designada para a) proteger la integridad ecológica de uno o más ecosistemas para las generaciones actuales y futuras, b) excluir los tipos de explotación u ocupación que sean hostiles al propósito con el cual fue designada el área, y c) proporcionar un marco para actividades espirituales, científicas, educativas, recreativas y turísticas, actividades que deben ser compatibles desde el punto de vista ecológico y cultural.
CATEGORIA III.
Monumento Natural: área protegida manejada principalmente para la conservación de características naturales específicas
Area que contiene una o más características naturales o naturales/culturales específicas de valor destacado o excepcional por su rareza implícita, sus calidades representativas o estéticas o por importancia cultural.
CATEGORIA IV.
Area de Manejo de Hábitat/Especies: área protegida manejada principalmente para la conservación, con intervención a nivel de gestión
Area terrestre y/o marina sujeta a intervención activa con fines de manejo, para garantizar el mantenimiento de los hábitat y/o satisfacer las necesidades de determinadas especies.
CATEGORIA V.
Paisaje Terrestre y Marino Protegido: área protegida manejada principalmente para la conservación de paisajes terrestres y marinos y con fines recreativos
Superficie de tierra, con costas y mares, según el caso, en la cual las interacciones del ser humano y la naturaleza a lo largo de los años ha producido una zona de carácter definido con importantes valores estéticos, ecológicos y/o culturales, y que a menudo alberga una rica diversidad biológica. Salvaguardar la integridad de esta interacción tradicional es esencial para la protección, el mantenimiento y la evolución del área.
CATEGORIA VI.
Area Protegida con Recursos Manejados: área protegida manejada principalmente para la utilización sostenible de los ecosistemas naturales
Area que contiene predominantemente sistemas naturales no modificados, que es objeto de actividades de manejo para garantizar la protección y el mantenimiento de la diversidad biológica a largo plazo, y proporcionar al mismo tiempo un flujo sostenible de productos naturales y servicios para satisfacer las necesidades de la comunidad.
Fonte: União Internacional para Conservação da Natureza
35
Segundo Souza (2005) o procedimento metodológico de delimitação de uma
APA, apresentado na figura 03, permite a constante retro alimentação do processo de
delimitação de perímetro, fazendo com que a decisão seja tomada em conjunto e de
forma participativa pelo poder público e sociedade civil.
Os critérios de delimitação do instrumento de gestão político-ambiental
deverão estar de acordo com as especificidades locais e o grau de proteção dos
atributos ambientais, nos aspectos físicos, bióticos e antrópicos.
Sistema em estudo
Critérios: participação da sociedade e do poder publico.
identificação dos fatores ambientais para conservação
Ponderação dos fatores ambientais
Confecção dos mapas temáticos de cada atributo ambiental com respectivas ponderações
Metodologia de analise integrada de recursos/SIG
Analise/sobreposição das informações ambientais, por meio do procedimento de interseção
Cenários ambientais com identificação das áreas de ocorrência de interseção dos atributos ambientais
Atributos físicos: • Recursos hídricos
superficiais e subterrâneos;
• Áreas frágeis; • Formações Geológicas
relevantes para garantir a função ambiental; relevo;
• Suscetibilidade e restrições impostas pelos tipos de solos; clima.
Atributos biológicos: • Diversidade e integridade
biológica de fauna e flora; • Ecossistemas.
Atributos antrópicos: • Social, político,
arqueológico e cultural.
Tomada de decisão Participação da sociedade e do poder publico.
Traçado do perímetro da Área de Proteção Ambiental
Figura 03 - Procedimento metodológico de delimitação da categoria APA. Fonte: Souza, 2005
36
1.4 Área de Proteção Ambiental em Minas Gerais
As APAS criadas no Estado de Minas Gerais, (quadro 03) são áreas que
representam interesses diversos entre o uso e a preservação. O Estado de Minas é
responsável pela gestão e implementação, através do Instituto Estadual de Florestas
- IEF (CARDOSO, 2003).
A Implementação de APAs com a participação da sociedade civil e do poder
público vem se consolidando como a melhor forma de se discutir o desenvolvimento
sustentável (CARDOSO, 2003).
Magalhães (2002, p. 36) acrescenta a necessidade de estudos de zoneamento
em APA’s.
...torna-se evidente a necessidade de execução imediata dos zoneamentos para as APAs e um maior contato dos órgãos administradores com a população para a formação do conselho consultivo. Acreditamos que o envolvimento da população nas decisões e participação no zoneamento ambiental resgatará os objetivos definidos para esta categoria de manejo.
O zoneamento ambiental deve conter estudos detalhados que busquem
identificar as principais fragilidades ambientais das diferentes zonas de manejo da
APA (MAGALHÃES apud CARDOSO, 2003).
Diante do fato e perante a importância que o zoneamento tem para a
implementação de uma APA, levantou-se a situação de tal categoria no estado de
Minas Gerais, sendo que em 1996, o decreto 38.182 prevê a elaboração de um
zoneamento econômico e ecológico após a criação da área.
37
Quadro 04 – APAs criadas no Estado de Minas Gerais
APAs – Municipais Nome da APA Área (há) Ano de criação Araponga 14.992 98 Serra de Minas 55.808 99 Serra do Cabral 30.548 99 Caparão 5.238 99 Alto da Conceição 4.150 99 Morro da Torre 155 98 Alto do Barroso 687 98 Lagoa Silvana 5.793 98 Pedra Itauna 534 97 Água Limpa 13.941 99 Serra do Intendente 13.410 99 Dionísio 22.909 00 Divinolândia 3.764 99 Ervalia 21.779 00 Alto Taboão 2.450 98 Serra da vargem Alegre 1.825 98 Fervedouro 14.329 98 Gonzaga 12.036 99 Brecha 6.391 99 Serra das Pedras 1.680 98 Montanha santa 2.460 97 Serra das Pedras 623 97 Ipanema 7.400 97 jaguaraçu 7.819 98 Serra de Minas 24.184 00 serra do Turvo 14.200 98 Água limpa 395 98 Jacutinga 312 98 Santa Helena 163 98 Serra das Pedras 1.310 98 Rio Picão 7.002 98 Pico do Itajuru 2.772 97 Nova Era 11.500 98 Suaçui 10.958 99 Água Branca 19.598 99 Pedra Dourada 1.712 97 Mingu 2.094 98 Rio Manso 7.331 98 Santana do Paraíso 18.522 99 Valo Fundo 17.803 98 Seritinga 838 98 Boa Vista 8.748 00 Bom Jardim 16.270 00 Rio Preto 3.049 98 Serra da Piedade 1.052 94 Virginópolis 17.300 99
38
APAs - Estaduais Nome da APA Área (há) Ano de criação Seminário Menor de Mariana 350 84 Cachoeira das Andorinhas 18.700 89 São José 4.758 90 Mata do Krambeck 293 92 Sul Região Metropolitana de Belo Horizonte 165.260 94 Rio Pandeiros 210.000 95 Fernão Dias 180.373 97 Lajedão 12.000 98 Águas Vertentes 76.310 98 Serra do Sabonetal 82.000 99 Cachoeira Tombo da Fumaça 17.330 99
APAs – Federais Nome da APA Área (há) Ano de criação Serra da Mantiqueira 422.517 85 Cavernas do Peruaçu 155.910 89 Carste lagoa Santa 38.114 90 Morro da Pedreira 130.342 90
Fonte:Adaptado de Resolução SEMAD/MG – 072 de 30 de março de 2001
39
2. ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL DA SERRA DE SÃO JOSÉ
A área da Serra de São José teve o seu processo de proteção iniciado na
década de 70 através do instituto Histórico e Geográfico de Tiradentes, quando
ocorreu a primeira solicitação no sentido de preservar a área, partindo de denúncias
de degradação causados por minerações, desmatamentos e queimadas. Em agosto
de 1980 o Departamento Nacional de Produção Mineral – DNPM, o Conselho de
Política Ambiental do Estado de Minas Gerais – COPAM e o Centro Tecnológico de
Minas Gerais – CETEC reconheceram as denúncias e reforçaram os interesses de se
preservar a área. Em 1981 a fundação João Pinheiro elaborou um estudo que
resultou na criação da Área de Proteção Especial – APE situada na serra de São
José, reconhecida pelo decreto estadual nº 21.308/81 (anexo A).
Entre 1986 e 1987, ocorreram várias solicitações para aumentar a fiscalização
na área, em virtude das denúncias feitas pela sociedade Amigos de Tiradentes –
SAT, que apontavam as mineradoras como causadoras de danos ambientais na
Serra de São José. Neste sentido, a SAT e a Secretaria do Patrimônio Histórico
Artístico e Nacional – SPHAN solicitaram a criação de uma APA na área.
Diante deste quadro de denúncias, a Fundação Estadual do Meio Ambiente –
FEAM implementou a fiscalização e, em 1989, buscou condições de implementação
de uma exploração econômica e ecológica na serra, fato que resultou na criação da
APA São José, pelo decreto 30.934 de 16 de fevereiro de 1990, com objetivos
voltados para a preservação do patrimônio histórico, paisagístico e da cultura
regional, proteção e preservação dos mananciais, cobertura vegetal e da fauna
40
silvestre (anexo B). Declarada pelo então Governador do Estado (Newton Cardoso),
tendo área de 4.753 ha, conforme demonstrado na figura 04
Figura 04 – APA da Serra de São José Fonte: Instituto Estadual de Florestas/MG
Recentemente (1994), a UNESCO, através do Programa Homem Biosfera –
MAB, decretou a 4ª fase da reserva da biosfera da Mata Atlântica, valorizando ainda
mais a importância do ecossistema da serra. Atualmente encontra-se em tramitação
no Instituto Brasileiro do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN um
41
processo para o tombamento da Serra São José como “Patrimônio Natural”, fato que
reafirma as intenções de se proteger a área da serra.
Trata-se da maior formação natural da região (figura 05), em que se situam os
municípios de Tiradentes, Coronel Xavier Chaves, Prados, Santa Cruz de Minas e
São João Del Rei. Sua formação alongada ocupa perto de 15 quilômetros quadrados,
com 500 metros em sua maior largura e cerca de 1.100 metros de altitude média. A
estrutura é quartzito, com paredões de rocha que podem ultrapassar os 100 metros;
dispõe de cobertura vegetal primária, algumas nascentes e quedas d’água
(PELLEGRINI FILHO, 2000).
Figura 05: Imagem da Serra de São José e a cidade de Tiradentes – MG. Fonte: Google Earth.
42
Acrescentada à reserva da Biosfera em 1993, a serra de São Jose está entre
as áreas prioritárias para projetos pilotos, definidas pelo conselho nacional de reserva
da biosfera (FABRANDT, 2000).
Em 1996 foi firmado um convênio com a Fundação Alexandre Brandt e o
Fundo Nacional de Meio Ambiente/ Ministério do Meio Ambiente (FNMA/MMA), dos
Recursos Hídricos e da Amazônia Legal, com o objetivo de pesquisar os aspectos
sócio-ambientais, visando a implementação da APA da Serra de São José de forma
adequada e coerente com a vocação local da região. Tal estudo resultou numa
proposta técnica de zoneamento ambiental da área. Atualmente, a instituição
responsável pela gestão da APA São José é o Instituto Estadual de Floresta (IEF)
através da gerência da unidade.
O decreto nº. 38.182, de 29 de julho de 1996 instituiu o Sistema de Gestão
Colegiada para as Áreas de Proteção Ambiental – APA, administradas pelo Sistema
de Meio Ambiente do Estado de Minas Gerais (Anexo C). Mas somente em 09 de
outubro de 2006 (Anexo E), ocorreu a reunião de formação do Conselho Consultivo
da Área de Proteção Ambiental – APA São José e do Refúgio Estadual de Vida
Silvestre – REVS Libélulas da Serra de São José, no Estado de Minas Gerais, nos
municípios de Coronel Xavier Chaves, Prados, Santa Cruz de Minas, São João del-
Rei e Tiradentes.
O conselho tem no âmbito de sua competência caráter consultivo. É composto
por vinte membros efetivos e vinte suplentes, indicados pelas entidades da sociedade
civil organizada e representantes de órgãos públicos, sendo presidente do conselho o
gerente da unidade do IEF de São João del-Rei.
43
2.1 Refúgio Estadual de Vida Silvestre Libélulas da Serra De São José
A Serra de São José é uma importante zona de recarga de aquíferos, marcada
pela presença de centenas de nascentes que associadas às áreas de matas, campos
abertos, presentes no entorno da APA, tornam-se áreas de especial interesse para
conservação das Libélulas (RIGUEIRA E BEDÊ, 2004).
Devido à grande diversidade de Odonatos nesta região e com base nos
levantamentos realizados pelo Instituto Terra Brasilis, estima-se que a região abriga
40 a 50% de todas as espécies de libélulas conhecidas no estado de Minas Gerais e
cerca de 18% das espécies encontradas no Brasil, enquadrando entre as regiões
mais ricas do mundo em espécies de Odonatos (PAULSON apud RIGUEIRA E
BEDÊ, 1985).
O Refúgio Estadual de Vida Silvestre Libélulas da Serra de São José nos
Municípios de Tiradentes, Santa Cruz de Minas, São João Del Rei, Coronel Xavier
Chaves e Prados foi criado pelo decreto nº. 43.908, de 05 de novembro de 2004
(anexo D).
Área representativa do maciço da serra de São José, com grandes faixas de
vegetação nativa conservada, com um dos mais importantes mosaicos vegetacionais
de toda a região do campo das vertentes (RIGUEIRA, 1994), com área de 3.717 ha,
no perímetro de 43.935m, localiza-se nos municípios de Tiradentes, Santa Cruz de
Minas, São João Del Rei, Coronel Xavier Chaves e Prados.
O Refúgio Estadual de Vida Silvestre Libélulas da Serra de São José objetiva
assegurar a conservação da biodiversidade regional, com ênfase na fauna de
44
Odonatas2 (RIGUEIRA, 1994). Competindo ao Instituto Estadual de Florestas - IEF3
implantar, proteger e administrar o Refúgio Estadual de Vida Silvestre Libélulas da
Serra de São José, adotando as medidas necessárias, para elaborar o seu plano de
manejo e constituir o seu Conselho Consultivo.
2.2 Zoneamento Ecológico-econômico
De acordo com Pellegrini Filho (2000, p. 47), a proposta de zoneamento
elaborada pela Fundação Alexandre Brandt contou com várias etapas de trabalho.
Em uma iniciando-se pelo diagnóstico biofísico e socioeconômico (1998) da APA de
São José até a proposta técnica de zoneamento ecológico, o qual fornece subsídios
úteis para o ecoturismo na área.
Para definição do zoneamento foi dada ênfase aos aspectos socioeconômicos
de cada zona. Apenas a ZVS – zona de vida silvestre foi definida como base
exclusivamente aos aspectos bióticos. Nas demais zonas, foram observados padrões
vigentes de uso e ocupação do Solo e a dinâmica do desenvolvimento econômico da
região de inserção da APA. Foram também levados em conta os aspectos legais
referentes a cada zona.
No zoneamento foram definidas 14 zonas (quadro 05) separadas em função
da aptidão e vocação de acordo com o diagnóstico levantado.
2 Odonatas - Libélulas 3 IEF – Instituto Estadual de Florestas
45
Segundo a Fundação Alexander Brandt (2005) o zoneamento ecológico
econômico propõe uma série de ações, diretrizes e restrições comuns às diferentes
zonas onde podem-se citar:
• Incentivar atividades como silvicultura, fruticultura, cultivos semiperenes e
atividades agro-ecológicas para as áreas sem coberturas vegetais nativas;
• Incentivo à criação de programas de incentivo à criação de indústrias
alimentícias caseiras e de artesanato;
• Incentivo à recuperação de nascentes e áreas desmatadas e/ou
degradadas;
• Desenvolvimento de programas de turismo rural e ecológico integrados de
educação ambiental formal e informal, amplo e de longo prazo;
• Restrições a aberturas de trilhas para uso turístico e de instalações de
apoios turísticos;
• Restringir o corte de árvores nativas para obtenção de madeira;
• Não permitir a retirada e comercialização de plantas ornamentais e
medicinais;
• Limitar a abertura de estradas condicionadas ao licenciamento ambiental.
46
Quadro 05 – Zonas de uso e ocupação da APA São José ZONEAMENTO % DA ÁREA DA APA
Zona de uso agropecuário Restrito e Turístico – ZUART 14,91
Zona de Conservação e Uso Turístico – ZCUT I 5,43
Zona de Conservação e Uso Turístico – ZCUT II 1,44
Zona de Uso Especial – ZUE 2,18
Zona de Exploração Mineral – ZEM I 0,54
Zona de Exploração Mineral – ZEM II 0,24
Zona Urbana – ZUR I 0,22
Zona Urbana – ZUR II 0,06
Zona Urbana – ZUR III 3,39
Zona de Uso Agropecuário – ZUA 12,68
Zona de Uso Turístico e Agropecuário – ZUTA I 5,40
Zona de Uso Turístico e Agropecuário – ZUTA II 4,96
Zona de Vida Silvestre - ZVS 48,56
Total 100%
Fonte: Fundação Alexander Brandt (2000)
O zoneamento de uma APA deve ser apresentado como instrumento
dinâmico, devendo sofrer complementações ou ajustes a partir do plano de gestão da
APA, que deverá estar em permanente construção.
Em Tiradentes, das 14 zonas definidas pelo estudo da Fundação Brandt,
praticamente todas estão dentro do município, exceto a Zona de Extração mineral I
que explora o quartzito e areia industrial. Os objetivos das Zonas de Manejo definidas
no zoneamento estão no anexo F.
47
2.3 O Município de Tiradentes
O município de Tiradentes possui 83 Km² de área, está localizado na região do
Campo das Vertentes tendo sua altitude média de 887m e o ponto mais alto a Serra
de São José, com 1.430m, fazendo divisa com São João Del Rei, Prados, Coronel
Xavier Chaves e Santa Cruz de Minas, na área do ciclo histórico-econômico do ouro
(séculos XVII – XVIII), onde estão as chamadas cidades históricas do estado de
Minas Gerais, a 21°06,30’ latitude S e 44°11 longitude W. Com temperaturas que
variam de 6 a 30°C. (PELLEGRINI FILHO, 2000, p. 41).
A cidade foi fundada em 1702 por João de Siqueira Afonso. Em 1718, o Conde
de Assumar elevou o arraial de Santo Antônio do Rio das Mortes à condição de Vila,
com o nome de Vila de São José, em homenagem ao futuro rei Dom José, filho de
Dom João V.
A Vila progrediu rapidamente. Em 1723, já contava com 78 lojas e vendas e
mais de 3.800 escravos. Esses números praticamente duplicaram em cinco anos.
Após 1750, porém, as minas auríferas demonstraram seu esgotamento, mas os
impostos metropolitanos não diminuíram e em 06 de dezembro de 1889, é decretada
“Cidade e Município de Tiradentes” (PELLEGRINI FILHO, 2006).
Os primeiros imigrantes que vieram de São Paulo, atraídos pelo ouro
encontrado no sopé da serra, ergueram ali uma capela dedicada a Santo Antônio,
protetor do povoado. Caminho de paulistas em busca das Gerais, a região
48
rapidamente se desenvolveu, impulsionada pela mineração e pela formação de
fazendas.
Em busca de terras auríferas e do domínio do mercado de alimentos, vieram
também, de Portugal e de outras regiões do Brasil, os chamados Emboabas, que
acabaram se confrontando com os paulistas.
A busca da independência política gerou, na América Portuguesa, um grande
movimento conspiratório, a Inconfidência Mineira. A repressão ao movimento pela
independência levou à deportação da maioria dos conspiradores, vários deles
nascidos na região de São José, para prisões portuguesas na África. Entretanto, o
suposto líder Joaquim José da Silva Xavier, chamado o Tiradentes, foi condenado à
morte, sendo enforcado e esquartejado no Rio de Janeiro. Logo após a proclamação
da República, em 1889, a figura de Tiradentes foi elevada à condição de principal
mártir da independência e a Vila de São José, seu lugar de nascimento, foi
rebatizada com o nome de Tiradentes. Em 1938 o conjunto arquitetônico é tombado
pelo IPHAN e nos anos 60 Tiradentes descobre a sua vocação turística. Hoje a
cidade faz parte do circuito turístico Trilha dos Inconfidentes (PELLEGRINI FILHO,
2000).
De acordo com o censo do IBGE,4 em 2006, a população de Tiradentes vem
diminuindo desde a exaustão das lavras de ouro (século XVIII)
Tiradentes tem hoje acordos firmados entre a Fundação Roberto Marinho e
IPHAN; e pretende recomeçar sua retomada populacional – tabela 01 - fazendo com
4 IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
49
que empresas ligadas ao turismo invistam na cidade, nos mais diversos segmentos
do turismo (Secretaria Turismo e Meio Ambiente.)
Tabela 01 - Evolução da População de Tiradentes
QUADRO DA EVOLUÇÃO DA POPULAÇÃO DE TIRADENTES
Ano 1991 1996 2000 2006
População 10.236 5.234 5.759 6.630
Fonte: baseado em PELLEGRINI FILHO, 2000.
50
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Na coleta de dados primários, foram realizadas entrevistas que buscaram
identificar a percepção dos envolvidos – comunidade e turistas, em relação à Área
de Proteção Ambiental da Serra de São José e sua contribuição ao desenvolvimento
turístico do município de Tiradentes.
Middleton e Clarke (2002) entendem por percepção a maneira como os
indivíduos selecionam e organizam as informações a que estes estão expostos e diz
respeito a atitudes, motivações, experiências e aprendizado.
A pesquisa de campo foi dividida em duas etapas, cada uma abrangendo um
dos elementos considerados relevantes para este trabalho. Foram realizadas as
seguintes entrevistas:
- com moradores em Tiradentes;
- com visitantes no centro histórico e nas trilhas de acesso à Serra de São
José dentro da APA;
Valls (2006, p. 24) define o setor turístico como sendo “composto por
empresários, trabalhadores e fornecedores das empresas turísticas e de apoio que
desenvolvem suas atividades no lugar, além de associações e instituições que atuam
em seu nome”. E mais, continua o mesmo autor, abrange também negócios
relacionados a todas as atividades que motivam as viagens, além dos envolvidos
com alojamento, alimentação, comércio em geral, transporte, agências de viagens e
operadores, imobiliárias, investidores do setor, instituições financeiras, empresas
prestadoras de serviços de assistência (médicos, seguradoras, oficinas mecânicas,
entre outras), além de qualquer outro serviço ligado ao lazer. Todos esses envolvidos
51
não prestam serviços apenas relacionados ao turismo, mas sim, ao destino como um
todo.
As pesquisas de campo, segundo Gil (1999, p. 70), caracterizam-se “pela
interrogação direta das pessoas cujo comportamento se deseja conhecer.” Outro
aspecto importante, destacado pelo mesmo autor é que na maioria desses
levantamentos não são pesquisados todos os integrantes da população, mas
selecionados estatisticamente uma amostra significativa do universo, que torna-se o
objeto de investigação. Assim, posteriormente, as conclusões obtidas são “projetadas
para a totalidade do universo, levando em consideração a margem de erro, que é
obtida mediante cálculos estatísticos” (GIL, 1999, p. 70).
3.1 Levantamento de dados junto aos moradores de Tiradentes
As entrevistas (Apêndice A) foram realizadas de segunda a quinta-feira, com o
apoio de estagiários do curso de Turismo e Geografia do IPTAN5, durante o mês de
julho de 2007. O universo (Tabela 02) foi estabelecido através dos dados de
estimativa de população do IBGE – 2006 para a cidade de Tiradentes.
Tabela 02 - População residente – Tiradentes/MG
População residente
Variável = População residente (Habitante)
Ano 2006
Cidade População
Tiradentes 6.630
Fonte: Baseado nos dados de estimativa de população do IBGE - 2006.
5 IPTAN – Instituto Presidente Tancredo de Almeida Neves
52
O tamanho da amostra foi determinado, com base na fórmula estatística para
uma população finita (Figura 06), segundo Martins (2001, p. 187):
Figura 06 – Fórmula utilizada para cálculo da amostra. Fonte: Martins (2001).
Onde N = é o tamanho da população; z = abscissa da normal padrão; p̂ =
estimativa da proporção; q = 1- p̂ ; d = erro amostral; n = tamanho da amostra
aleatória simples a ser selecionada da população.
O universo selecionado corresponde a 120 (cento e vinte) entrevistas
estruturadas conforme as variáveis apresentadas na tabela 03, referente aos
moradores da cidade de Tiradentes. A amostra foi calculada com base em um nível
de confiança de 90%, com a margem de erro de 0,10% no total e valores de p e q
iguais a 50% = 0,5 para probabilidade de máximo tamanho da amostra e valor de Z =
1,64 (MARTINS, 2001).
A técnica de coleta de dados selecionada para essa fase da pesquisa foi a
entrevista estruturada. Selltiz et al. apud Gil (1999, p. 117) afirmam que a entrevista é
muito adequada para a “... obtenção de informações acerca do que as pessoas
sabem, fazem, crêem, esperam, sentem ou desejam, pretendem fazer, fazem ou
fizeram, bem como acerca de suas expectativas ou razões a respeito das coisas
precedentes.”
Z 2
. p̂ . q̂ . n
n = _______________
d2 (N - 1) + Z
2. p̂ . q̂
53
Tabela 03 - Variáveis utilizadas para as entrevistas junto à comunidade local.
VARIÁVEIS
1. Sexo
2. Idade
3. Nasceu em Tiradentes?
4. Tempo residência em Tiradentes
5. Conhece a Serra de são José?
6. Já fez algum passeio na Serra?
6.1. Recebeu instrução específica?
6.2. Quantas vezes esteve na Serra?
6.3Tem gastos com atividades realizadas na Serra?
6.4. Trabalha com turismo na região?
7. Titulo de proteção que a Serra tem?
8. Quais os cuidados relativos ao turismo em uma APA?
9. Opinião sobre o turismo para o município de Tiradentes?
10. Como considera o turismo em Tiradentes?
3.2 Levantamento de dados junto aos visitantes de Tiradentes
O universo selecionado para essa pesquisa refere-se aos visitantes que
procuram Tiradentes por motivação turística, que viajam individualmente, em famílias
ou em grupos, do sexo feminino e masculino, maiores de 18 anos de idade, conforme
variáveis apresentadas na tabela 04.
Esta etapa da pesquisa caracteriza-se como sendo por amostra não
probabilística por tráfego. Dencker (2003) destaca que a amostragem não-
probabilística é aquela em que a possibilidade de se escolher determinado elemento
do universo estabelecido é desconhecida. Esses elementos são escolhidos de acordo
com a conveniência do pesquisador.
54
As amostras por tráfego segundo Mattar (2001) caracterizam-se pela
observação ou entrevista de pessoas que trafegam por determinado local. Assim, os
entrevistadores escolhem entre as pessoas que transitam aqueles a quem
entrevistar. A amostra foi calculada com base num nível de confiança de 90%, com
margem de erro de 10%, totalizando 184 (cento e oitenta e quatro) entrevistas com
visitantes, estabelecida com base na fórmula estatística (figura 07) apontada por
Samara e Barros apud Mattar (2002).
Figura 07– Fórmula utilizada para cálculo da amostra universo desconhecido Fonte: Sâmara e Barros apud Mattar (2002)
Onde, Z = abscissa da normal padrão; p e q = estimativa da proporção; σσσσρρρρ =
erro amostral e n = tamanho da amostra aleatória simples a ser selecionada dos
visitantes.
Os locais onde as entrevistas foram realizadas foram previamente
selecionados, de modo a permitir maior segurança na coleta das informações. Assim,
foram escolhidos o Largo das Forras, o Largo do Chafariz, o Balneário das Águas
Santas e a trilha da estrada Real, por constituírem-se locais de maior concentração
de visitantes.
As entrevistas (Apêndice B) para a coleta dos dados ocorreram entre quinta-
feira e domingo, durante o mês de julho de 2007. Os dias da semana definidos para
esta coleta justificam-se por serem dias em que a presença de visitantes na cidade é
mais percebida.
____
σσσσρ = √√√√ p . q . Z
n
55
Tabela 04 - Variáveis das entrevistas junto aos visitantes.
Variáveis
1. Origem (procedência)
2. Sexo
3. Idade
4. Estado civil
5. Profissão
6. Renda familiar
7. Gasto médio (hospedagem, alimentação e passeios)
8. Conhece a Serra de são José?
9. Realização de passeios na serra
10. Atividades realizadas
11. Cuidados relativos ao turismo em uma APA
12. Atração para visitar a cidade (motivação)
13. Local da hospedagem
14. Sentimento em relação à expectativa a visita em Tiradentes
Após as entrevistas, os dados receberam tratamento estatístico com o
software SPSS for Windows - Statistical Package for Social Science. Este software
estatístico permite o gerenciamento e a análise estatística de dados em ambiente
gráfico.
Os dados foram tabulados separadamente por temas: comunidade e
visitantes. Cada tema abordado teve seus dados analisados em separado, de forma
geral e através de cruzamentos de suas variáveis.
56
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
4.1 Entrevistas realizadas junto aos moradores de Tiradentes/MG
Foram entrevistados no total, cento e vinte entrevistas e a técnica de coleta de
dados selecionada para essa fase da pesquisa foi a entrevista estruturada, segundo
Martins (2001).
Do total dos entrevistados, pouco mais da metade do sexo masculino e o
restante do sexo feminino (tabela 05).
Tabela 05 – Comunidade – Gênero dos entrevistados
SEXO Frequência % Masculino 66 55,0 Feminino 54 45,0 Total 120 100,0
Em relação à idade, a maioria dos entrevistados tem idade superior a 31 anos,
85%, destacando a faixa de 31 a 43 anos (tabela 06).
Tabela 06 – Comunidade – Faixa etária
IDADE Frequência % De 18 a 30 anos 18 15,0 De 31 a 43 anos 56 46,7 De 44 a 56 anos 22 18,3 De 57 a 69 anos 24 20,0 Total 120 100,0
57
A comunidade de Tiradentes na sua maioria nasceu no município ou no
Estado de Minas Gerais.
Tabela 07 – Comunidade – Local de nascimento
NASCEU NO MUNICÍPIO? Frequência % Sim 70 58,3 Não 50 41,7 Total 120 100,0
Podendo constatar que a maioria dos moradores que não nasceram no
município são de cidades próximas a Tiradentes (tabela 08), São João Del Rei/MG –
14 km, Juiz de Fora/MG – 157 km, Resende Costa/MG – 44km, Barbacena/MG – 57
km, Ritápolis/MG – 30km e Belo Horizonte – 215 km.(Guia Quatro Rodas)
Tabela 08 – Comunidade – Município de nascimento
LOCAL DE NASCIMENTO Frequência % Barbacena 4 3,3 Belo Horizonte 2 1,7 Juiz de Fora 12 10,0 Resende Costa 6 5,0 Rio de Janeiro 2 1,7 Ritápolis 2 1,7 São João Del Rei 22 18,3 Tiradentes 70 58,3 Total 120 100,0
Grande parte dos entrevistados (70%) reside em Tiradentes a mais de 10
anos, mostrando que as pessoas acreditam na cidade e pretendem ficar, já que a
grande maioria também nasceu na cidade. (tabela 09)
58
Tabela 09 – Comunidade – Tempo de residência
TEMPO DE RESIDÊNCIA NO MUNICÍPIO Frequência % Até 05 anos 20 16,7 de 06 a 10 anos 16 13,3 De 11 a 15 anos 8 6,7 Acima de 15 anos 76 63,3 Total 120 100,0
A Serra de São José é a principal referência visual da cidade e esse fato é
confirmado pelas respostas da maioria dos moradores que residem em Tiradentes a
mais de 10 anos e têm algum tipo de informação sobre a Serra de São José (tabela
10).
Tabela 10 – Comunidade – Conhecimento da Serra de São José
VOCÊ CONHECE A SERRA DE SÃO JOSÉ? Frequência % Sim 100 83,3 Não 20 16,7 Total 120 100,0
O entendimento para esta resposta pode se justificar quando perguntamos se
o entrevistado já realizou algum tipo de passeio na serra e 46,7% não havia
realizado, pois este não é o principal atrativo da cidade que é conhecida pela sua
história e cultura, levando seus moradores se interessarem mais por estes atrativos e
não os naturais (tabela 11).
59
Tabela 11 – Comunidade – Passeios realizados na Serra de São José
JÁ FEZ ALGUM PASSEIO NA SERRA Frequência % Sim 64 53,3 Não 56 46,7 Total 120 100,0
A partir da pergunta referente à realização de passeios na serra passamos a
considerar somente as resposta que já haviam feito passeios 53,3% dos
entrevistados ou seja 64 moradores. Uma pequena parte, 3,1% dos entrevistados
recebeu algum tipo de instrução nos passeios à serra de São José, mas a maioria,
96,9%, não recebeu nenhum tipo de instrução, mostrando a deficiência na
informação sobre atrativos naturais (tabela 12).
Tabela 12 – Comunidade – Recebimento de Instruções sobre a Serra e/ou
passeios na serra
RECEBEU INSTRUÇÕES Frequência % Sim 2 3,1 Não 62 96,9 Total 64 100,0
As únicas instruções recebidas foram as de técnicas de sobrevivência, 3,1%, o
que segundo o IEF esta situação já está sendo trabalhada com a construção de um
centro de informações sobre a APA (tabela 13).
60
Tabela 13 – Comunidade – Tipo de instruções recebidas
QUAIS INSTRUÇÕES Frequência % Não recebeu / não respondeu 62 96,9 Técnicas de sobrevivência 2 3,1
Total 64 100,0
Em relação à quantidade de vezes que frequentaram a serra, 26,7% dos
entrevistados não souberam precisar, dizendo que “já havia perdido as contas”,
respondendo “várias vezes”, mas o que chama mais atenção é que 46,7% não tinha
feito nenhum tipo de passeio ou esteve na serra. O que demonstra que a APA da
Serra de São José não é considerado um atrativo para os moradores (tabela 14).
Tabela 14 – Comunidade – Frequência de passeios e/ou visitas a Serra
QUANTAS VEZES ESTEVE NA SERRA Frequência % Nenhuma 56 46,7 Uma 4 3,3 Duas 2 1,7 Três 16 13,3 Quatro 4 3,3 Cinco 4 3,3 Seis 2 1,7 Várias 32 26,7 Total 120 100,0
Quanto aos gastos em atividades realizadas, 96,9% não teve nenhum tipo e os
que tiveram 3,1% não quiseram ou não souberam precisar valores. Como não existe
infraestrutura no local ou em suas proximidades, fica realmente difícil ter gastos, pois
61
todo o percurso de trilhas ou caminhos dentro da APA não há nenhum ponto com
estrutura mínima para o visitante (tabela 15).
Tabela 15 – Comunidade – Gasto com atividades na Serra
TEVE ALGUM GASTO COM AS ATIVIDADES NA SERRA Frequência % Sim 2 3,1 Não 62 96,9 Total 64 100,0
A cidade de Tiradentes tem sua principal fonte de renda relacionada ao
turismo, sendo assim o resultado referente ao trabalho com turismo na região mostra
que 33,3% dos moradores de Tiradentes têm atividades relacionadas diretamente
com o turismo e 66.7% não trabalham diretamente com turismo (tabela 16).
Considerando o turismo como a principal fonte econômica do município este dado
vem reforçar a atividade turística como principal fonte de renda. Este numero é alto
se comparado a outras cidades .
Tabela 16 – Comunidade – Tipo de trabalho na região
TRABALHA COM TURISMO NA REGIÃO? Frequência % Sim 40 33,3 Não 80 66,7 Total 120 100,0
Mesmo não sendo o principal atrativo da cidade, a maioria dos moradores de
Tiradentes tem conhecimento do título de Proteção Ambiental que a Serra de São
62
José possui. Uma pequena parte (33,3%) não sabia que a Serra fazia parte de uma
APA, e apenas 1,7% respondeu que sabia de outro título, mas não souberam
identificar qual seria (tabela 17).
Tabela 17 – Comunidade – Título de proteção que a serra possui
QUAL TÍTULO DE PROTEÇÃO QUE A SERRA DE SÃO JOSÉ TEM Frequência % APA 78 65,0 Outro 2 1,7 Não sabe / NR 40 33,3 Total 120 100,0
Segundo Cândido (2003, p. 155), os cuidados referentes ao turismo em uma
Área de proteção Ambiental deve ser de forma participativa e voltada para a
comunidade. A educação ambiental já nasceu comprometida com o envolvimento da
população, com a conquista, a elevação e a manutenção da qualidade de vida. Neste
aspecto os principais cuidados apontados pelos moradores foram: não deixar lixo,
preservar e colocar placas de orientação (tabela 18). Mostrando que existe
preocupação com a preservação e conservação da Serra.
Tabela 18 – Comunidade – Cuidados relativos ao turismo em uma APA
CUIDADOS RELATIVOS AO TURISMO EM UMA APA Frequência % Não deixar lixo 64 53,3 Preservar 24 20,0 Colocar placas de orientação 10 8,3 Não levar plantas 6 5,0 Não respondeu 6 5,0 Preservar e conscientizar a população 4 3,3 Não poluir as nascentes 4 3,3 Orientar moradores 2 1,7 Total 120 100,0
63
Quando se investe em turismo e há planejamento e envolvimento da
comunidade, o resultado não pode ser diferente: as pessoas passam a se envolver e
se sentirem parte do processo de desenvolvimento local.
Segundo Krippendorf apud Pelegrini Filho (2000) o turismo só deve ser
encorajado na medida em que proporcionar à população hospedeira uma vantagem
de ordem econômica, onde esta vantagem não traga prejuízos à natureza e à
qualidade de vida de sua população. Os moradores de Tiradentes refletem isso nas
respostas, onde classificaram o turismo para a cidade como ótimo e bom.
A tabela 19 mostra a satisfação da comunidade em relação ao turismo,
indicando que os investimentos realizados beneficiam de alguma forma a população,
trazendo mais recursos para o município investir mais em infraestrutura, tanto de
apoio quanto de informação além de trabalhos que estimulam a população a
preservar o meio ambiente da cidade de Tiradentes e seu entorno.
Tabela 19 – Comunidade – Opinião sobre o turismo em Tiradentes
OPINIÃO SOBRE O TURISMO EM TIRADENTES Frequência % É ótimo 52 43,3 É bom 68 56,7 Total 120 100,0
Considerando que para a cidade o turismo é a principal fonte de renda e
trabalho, os moradores acreditam que o turismo trouxe mais benefícios que
problemas para a cidade (tabela 20). Isso pode ser observado nos 33% dos
moradores que têm no turismo sua principal fonte de renda e que a cidade faz parte
de grandes projetos turísticos (Estrada Real – FIEMG/Governo de Minas Gerais e
Circuito Trilhas dos Inconfidentes - Programa de Regionalização do
64
Turismo/Ministério do Turismo), há investimentos no turismo do município, o que
favorece as resposta obtidas neste item da pesquisa, mas que pode ser mais
diversificada, incluindo mais atrativos no município e com isso gerando mais emprego
e renda para os moradores.
Tabela 20 – Comunidade – Considera que o turismo em Tiradentes
CONSIDERA QUE O TURISMO EM TIRADENTES Frequência % Trouxe mais benefícios que problemas 120 100,0 Total 120 100,0
4.2 Comunidade – tabelas de contingência
A comparação entre as variáveis relacionadas à faixa etária com o
conhecimento da Serra de São José, mostra que os mais jovens na faixa de 18 a 30
anos, estão entre os que têm menor conhecimento ou não conhecem a serra e os
que têm maior conhecimento são justamente os da faixa posterior que é a de 31 a 43
anos. Conhecer a Serra pode ser somente uma questão de tempo ou de se tornar
uma oportunidade para novos empregos, levando conhecimento para este público
mais jovem mostrando todo potencial que a APA da Serra de São José tem a
oferecer (tabela 21).
65
Tabela 21 – Comunidade – Idade x Conhecimento da Serra de São José
VOCÊ CONHECE A SERRA DE SÃO JOSÉ? IDADE
Sim Não Total
De 18 a 30 anos 6 12 18 De 31 a 43 anos 50 6 56 De 44 a 56 anos 22 0 22 De 57 a 69 anos 22 2 24 Total 100 20 120
De acordo com os dados obtidos na tabela 38, onde à medida que a idade
aumenta, cresce também o conhecimento da Serra, a comparação entre as variáveis
relacionadas à faixa etária e ter feito algum passeio na serra de São José, mostra
que os mais jovens, na faixa de 18 a 30 anos, como têm pouco conhecimento ou
nunca fizeram algum tipo de passeio na Serra, precisam ter mais orientação ou até
mesmo começar um trabalho de educação ambiental para esta faixa etária. A faixa
de 31 a 43 foi novamente a que se destacou por fazer algum tipo de atividade e de
conhecer a serra, isso também é um fator importante, pois esta faixa pode ser a que
poderá iniciar o trabalho de educação ambiental e passar para os mais jovens a
importância de conhecer e fazer atividades em ambientes naturais e de preservação
(tabela 22).
Tabela 22 – Comunidade – Idade x Passeio na Serra
JÁ FEZ ALGUM PASSEIO NA SERRA IDADE
Sim Não Total
De 18 a 30 anos 6 12 18 De 31 a 43 anos 34 22 56 De 44 a 56 anos 10 12 22 De 57 a 69 anos 14 10 24 Total 64 56 120
66
Os dados mostram que tanto homens quanto mulheres praticam algum tipo de
atividade na APA e que a utilização da Serra como atrativo e local de lazer para os
moradores ainda é pouco ou quase nada utilizada, precisando ter mais ações que
estimulem a pratica de atividades de lazer na Serra de São José melhorando a infra-
estrutura de acesso e fazendo da APA mais uma opção de visitação para turistas
que visitam a cidade (tabela 23).
Tabela 23 – Comunidade – Sexo x Passeio na Serra de São José.
JÁ FEZ ALGUM PASSEIO NA SERRA SEXO
Sim Não Total
MASCULINO 42 24 66 FEMININO 22 32 54 Total 64 56 120
Em relação a ter nascido ou não no município de Tiradentes não muda no
conhecimento do título de proteção atribuído à Serra de São José, pois mais de 60%
dos entrevistados, independente de nascer ou não no município, têm conhecimento
de que a Serra é uma Área de Proteção Ambiental (tabela 24).
67
Tabela 24 – Comunidade – Nascer no município x Título de proteção que a
Serra de São José possui
QUAL TÍTULO DE PROTEÇÃO QUE A SERRA DE SÃO JOSÉ POSSUI ?
NASCEU NO MUNICÍPIO? APA Outro Não sabe / NR
Total
Sim 42 2 26 70 Não 36 0 14 50 Total 78 2 40 120
Como a maioria dos moradores sabe que a Serra de São José é uma APA, a
tabela 25 mostra que a comunidade se preocupa em preservar e de que é necessário
que haja trabalhos de orientação sobre a APA para a comunidade e que um dos
principais pontos levantados foi o de não deixar lixo na Serra, mas que é necessário
que haja um trabalho de sinalização e orientação aos visitantes da Serra. O que hoje
não acontece, pois os investimentos são focados nos atrativos culturais e históricos
do município.
68
Tabela 25 – Comunidade – Cuidados relativos ao turismo em uma APA x
Conhecer a Serra de São José.
VOCÊ CONHECE A SERRA DE SÃO JOSÉ? CUIDADOS RELATIVOS AO TURISMO EM
UMA APA
Sim Não
Total
Colocar placas de orientação 10 0 10 Não deixar lixo 52 12 64 Não levar plantas 4 2 6 Não poluir as nascentes 4 0 4 Não respondeu 4 2 6 Orientar moradores 2 0 2 Preservar 20 4 24 Preservar e conscientizar a população 4 0 4 Total 100 20 120
4.3 Entrevistas realizadas junto aos visitantes de Tiradentes
As entrevistas realizadas entre os visitantes da cidade de Tiradentes, refere-se
às pessoas que procuram a cidade por qualquer motivação turística, que viajam
individualmente ou em grupos, maiores de 18 anos.
Segundo a ONU - Organização das Nações Unidas (Ignarra, 2003) podemos
considerar como turista e/ou visitante:
toda pessoa, sem distinção de raça, sexo, língua e religião, que ingresse no território de uma localidade diversa daquela em que tem residência habitual e nele permaneça pelo prazo mínimo de 24 horas e máximo de 6 meses, no transcorrer de um período de 12 meses, com finalidade de turismo, recreio, esporte, saúde, motivos familiares, estudos, peregrinação religiosa ou negócios, mas sem propósito de imigração.
69
A opção pelo termo de visitante e não de turista, se deu pelo fato de que
alguns autores utilizarem também para abranger os excursionistas para designar
aqueles que se hospedam em residências secundárias ou casas de parentes
(IGNARRA, 2003).
Dos entrevistados, Minas Gerais tem o maior percentual de visitantes, com
43%, seguido por São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo e outros estados da
federação, isso mostra que a política de Turismo adotada pelo Estado de Minas está
no caminho certo, na criação de circuitos turísticos, promovendo a aproximação dos
municípios e a divulgação de seus atrativos entre os municípios e os circuitos
turísticos existentes no estado (tabela 26).
Tabela 26 – Visitante – Origem
Dos entrevistados, podemos ver que não há uma frequência maior de um
determinado gênero (tabela 27), praticamente não há diferença entre os sexos
masculino e feminino, já que a maioria dos visitantes é casado(a) (tabela 29).
ESTADO DE ORIGEM Frequência %
MG 80 43,5
RJ 36 19,6
SP 36 19,6
ES 8 4,3
Outros 24 13,0
Total 184 100,0
70
Tabela 27 – Visitante – Gênero
SEXO Frequência %
MASCULINO 94 51,1
FEMININO 90 48,9
Total 184 100,0
Relativo à idade, 83,7% tem idade superior a 31 anos (tabela 28) e a faixa que
mais se destaca é a dos 31 a 43 anos, com isso podemos observar que ainda existe
opções de atrativos, como o turismo de aventura e o pedagógico que pode atrair
outras faixas etárias.
Tabela 28– Visitante – Faixa etária
IDADE Frequência % De 18 a 30 anos 30 16,3
De 31 a 43 anos 84 45,7
De 44 a 56 anos 60 32,6
De 57 a 69 anos 10 5,4
Total 184 100,0
Tabela 29 – Visitante – Estado civil
ESTADO CIVIL Frequência %
SOLTEIRO 46 25,0
CASADO 102 55,4
VIÚVO 6 3,3
OUTRO 30 16,3
Total 184 100,0
Relativo à ocupação profissional, não se destacou nenhum tipo de profissão. O
maior percentual foram de estudantes, professores, engenheiros, advogados,
71
empresários e aposentados, o que reforça a criação de novos nichos de mercado a
ser estudado pelo poder público local (tabela 30).
Tabela 30 – Visitante – Principal Ocupação
PROFISSAO Frequência %
Administrador 2 1,1
Advogado 12 6,5
Agente de saúde 2 1,1
Alfaiate 2 1,1
Analista de sistemas 2 1,1
Aposentado 12 6,5
Arquiteto 2 1,1
Ator 4 2,2
Autônomo 16 8,7
Bioquímico 2 1,1
Comerciante 10 5,4
Comerciário 8 4,3
Dentista 4 2,2
Empresário 12 6,5
Enfermeiro 4 2,2
Engenheiro 14 7,6
Estudante 18 9,8
Farmacêutico 2 1,1
Ferroviário 2 1,1
Jornalista 4 2,2
Médico 4 2,2
Motorista 2 1,1
Músico 4 2,2
Não informou 2 1,1
Pedagogo 6 3,3
Policial militar 2 1,1
Professor 16 8,7
Psicólogo 8 4,3
Secretária 2 1,1
Técnico em eletrônica 2 1,1
Telefonista 2 1,1
Total 184 100,0
72
A renda familiar dos visitantes na sua maioria está acima de R$ 2.400,00 (dois
mil e quatrocentos reais) (tabela 31).
Tabela 31 – Visitante – Renda familiar
RENDA FAMILIAR Frequência %
ATÉ R$ 600,00 4 2,2
DE R$ 601,00 A R$ 1200,00 8 4,3
DE R$ 1201,00 A R$ 1800,00 14 7,6
DE R$ 1801,00 A 2400,00 34 18,5
ACIMA DE 2400,00 112 60,9
NÃO SABE / NR 12 6,5
Total 184 100,0
O gasto médio (diário), está entre R$ 101,00 e R$ 200,00 (duzentos reais), que inclui:
hospedagem alimentação e passeios, um pouco acima do que o gasto médio
Nacional que é de R$ 82,95 para quem tem renda até R$ 5.250 (FIPE6, 2006)
portanto acima do gasto médio nacional (tabela 32).
Tabela 32 – Visitante – Gasto médio
GASTO MÉDIO Frequência %
ATÉ R$ 100,00 36 19,6
DE R$ 101,00 A R$ 200,00 72 39,1
DE R$ 201,00 A R$ 300,00 44 23,9
DE R$ 301,00 A R$ 400,00 18 9,8
ACIMA DE R$ 400,00 14 7,6
Total 184 100,0
6 FIPE – Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas
73
Mesmo sendo a principal referência visual da cidade, a Serra de São José
(figura 08), não é conhecida por grande parte dos que visitam a cidade, pois os
pacotes turísticos direcionados para a cidade não incluem em seus roteiros a APA da
Serra de São José (tabela 33).
Figura 08 – Vista parcial da Serra de São José e de Tiradentes.
Tabela 33 – Visitante – Conhecimento da Serra de São José
VOCÊ CONHECE A SERRA DE SÃO JOSÉ? Frequência %
Sim 34 18,5
Não 150 81,5
Total 184 100,0
E como a maioria não tem conhecimento, nem informação, fica mais difícil fazer
qualquer tipo de passeio à Serra de São José (tabela 34), onde as informações ou
instruções sobre as trilhas, cachoeiras, não são divulgadas ou deixadas como
segunda opção, devido à falta de instrutores ou guias especializados neste tipo de
74
passeio ou até mesmo a falta de estrutura para se chegar aos atrativos da Serra
(tabela 35).
Tabela 34 – Visitante – Realização de passeios na Serra
JÁ FEZ ALGUM PASSEIO NA SERRA? Frequência %
Sim 4 2,2
Não 180 97,8
Total 184 100,0
Tabela 35 – Visitante – Instruções sobre a serra
RECEBEU INSTRUÇÕES? Frequência %
Sim 02 01,1
Não 02 01,1
Não realizou atividades 180 97,8
Total 184 100,0
Somente quatro atividades foram realizadas por visitantes na Serra de São
José, como já dito anteriormente, não há interesse do poder público em diversificar
os atrativos, ficando concentrado as visitas na parte histórica da cidade (tabela 36).
Tabela 36 – Visitante – Tipo de atividade realizada na Serra de São José
QUE ATIVIDADES REALIZOU? Frequência %
Caminhada 02 01,1
Técnicas de sobrevivência 02 01,1
Não realizou atividades 180 97,8
Total 184 100,0
75
94,6% dos visitantes desconhecem qualquer tipo de proteção que a Serra de
São José possui, pois a grande maioria está ali para visitas de interesse cultural ou
histórico e não tem informações sobre a APA (tabela 37).
Tabela 37 – Visitante – Conhecimento do titulo de proteção da Serra
QUAL O TITULO DE PROTEÇÃO QUE A SERRA DE SÃO JOSÉ POSSUI? Frequência %
APA 04 02,2
Outro 06 03,3
Não sabe / NR 174 94,6
Total 184 100,0
O ponto positivo é que a preservação da natureza foi o ponto mais lembrado, e
que ter informação sobre como fazer turismo em Área de Proteção Ambiental além
de dicas preservação, como não jogar lixo nas trilhas forma citados. Outro ponto
importante seria ter informação dos recursos naturais para os visitantes da Serra de
São José, o que pode fazer aumentar o interesse por outras opções de lazer (tabela
38).
76
Tabela 38 – Visitante – Cuidados relativos ao turismo em uma APA
CUIDADOS RELATIVOS AO TURISMO EM UMA APA Frequência %
Queimadas 6 03,3
Cuidar da água 2 01,1
Dar orientações para os turistas 2 01,1
Divulgar os recursos naturais aos visitantes 16 08,7
Educação ambiental 2 01,1
Evitar o trânsito de veículos 2 01,1
Implantar coleta seletiva do lixo 4 02,2
Limitar visitação 8 04,3
Manter a cidade limpa 2 01,1
Não jogar lixo 20 10,9
Não respondeu 20 10,9
Não retirar nada 4 02,2
Observar sem agredir a natureza 2 01,1
Orientar visitantes 22 12,0
Preservar a natureza 70 38,0
Reduzir a poluição 2 01,1
Total 184 100,0
A principal motivação de viagem dos visitantes de Tiradentes é história e
cultura, mesmo a cidade tendo eventos já consolidados internacionalmente como o
Fest Gourmet e diversos estabelecimentos gastronômicos, mais de Cento e
Sessenta7 estabelecimentos registrados. E mesmo com todo o apelo cultural e
histórico e o fato de que a maioria dos entrevistados não conhecer a Serra de São
José, ainda assim, 7,6% tiveram como motivação a Natureza como principal fator de
atratividade para conhecer Tiradentes (tabela 39). É importante lembrar que há cada
dia cresce o número de turistas que viaja por motivações preservacionistas e de
conscientização ecológica.
7 Dados fornecidos pela Secretaria Municipal de Turismo e Meio Ambiente
77
Tabela 39 – Visitante – Motivação da viagem
MOTIVAÇÃO DA VIAGEM Frequência %
Natureza 14 07,6
História e cultura 144 78,3
Gastronomia 6 03,3
Outro 20 10,9
Total 184 100,0
Mesmo com a maioria dos visitantes não conhecendo os limites da APA,
verifica-se que 96,7% estavam hospedados fora deste limite ou não estavam
hospedados na cidade (tabela 40).
Tabela 40 – Visitante – Local de hospedagem
ONDE SE HOSPEDOU Frequência %
Dentro da APA 6 03,3
Fora da APA 124 67,4
Não se hospedou na cidade 54 29,3
Total 184 100,0
A expectativa em relação à visita à cidade de Tiradentes foi atendida para a
maioria dos visitantes, ( 96,7%) se consideraram muito satisfeitos ou satisfeitos em
relação à visita à cidade, o que favorece a criação de novos atrativos (tabela 41).
78
Tabela 41 – Visitante – Grau de expectativa da visita a Tiradentes
EXPECTATIVA EM RELAÇÃO À VISITA À TIRADENTES Frequência %
Muito satisfeito 90 48,9
Satisfeito 88 47,8
Decepcionado 2 01,1
Não sabe / NR 4 02,2
Total 184 100,0
4.4 Visitantes – tabelas de contingência
É importante destacar nesta análise que a maioria dos visitantes ficou
hospedado fora dos limites da APA (tabela 42), o que favorece a preservação da
natureza, mas ao mesmo tempo preocupa, pois a maioria não tem conhecimento de
que a Serra de São José é uma Área de Proteção Ambiental, gerando com isso mais
uma oportunidade da APA se tornar um novo atrativo e ser utilizada para aumentar o
tempo de permanência na cidade.
A maioria de visitantes é proveniente da região sudeste, e Minas Gerais é a
principal emissora, o que nos mostra que o programa de regionalização do turismo do
Governo Federal pode ser um projeto de sucesso, mas a maioria não tem
conhecimento da Serra de São José, visitam a cidade por seu valor histórico e
cultural (tabela 43).
79
Tabela 42 – Visitante – Origem x Onde se hospedou
ONDE SE HOSPEDOU
ESTADO DE ORIGEM Dentro da APA Fora da APA Não hospedou na cidade
Total
MG 4 48 28 80 RJ 0 22 14 36 SP 0 30 6 36 ES 2 2 4 8 Outro 0 22 2 24 Total 6 124 54 184
Tabela 43 – Visitante – Origem x Conhecer a Serra de São José
VOCÊ CONHECE A SERRA DE SÃO JOSÉ?
ESTADO DE ORIGEM Sim Não
Total
MG 20 60 80 RJ 6 30 36 SP 4 32 36 ES 0 8 8 Outro 4 20 24 Total 34 150 184
O sudeste ainda é o principal responsável pela emissão de turistas (tabela 44),
e o que leva a este deslocamento é sem duvida a história e cultura de Tiradentes,
sendo estes os principais atrativos turísticos da cidade. Mas é importante que haja
investimentos em outros atrativos na região.
A Serra de São José, como atrativo natural, pode e deve ser mais utilizada,
principalmente para a prática do ecoturismo, turismo de aventura e de observação,
gerando condições para que o turismo se torne sustentável e que possa trazer
benefícios para Tiradentes e para a APA. É necessário que o conselho gestor da
80
APA proponha políticas públicas para a prática do turismo sustentável na Serra de
São José.
Tabela 44 – Visitante – Origem x Motivação da Viagem
MOTIVAÇÃO DA VIAGEM ESTADO DE ORIGEM Natureza História e cultura Gastronomia Outro
Total
MG 6 64 4 6 80 RJ 2 24 2 8 36 SP 4 26 0 6 36 ES 0 8 0 0 8 Outro 2 22 0 0 24 Total 14 144 6 20 184
A tabela 45 mostra que a preocupação dos visitantes em preservar a natureza
está praticamente em todas as faixas de renda, e que não jogar lixo e divulgar os
recursos naturais são importantes para quem visita a cidade e a Serra. Outro item
que aparece foi o de orientação aos visitantes, e que também apareceu na resposta
dada pelos moradores, sendo necessário, portanto, que o conselho gestor, em
conjunto com a comunidade, crie locais para que visitantes possam ter mais
informações da Serra e da APA.
81
Tabela 45 – Visitante – Cuidados relativos ao turismo em uma APA x Renda
RENDA FAMILIAR CUIDADOS RELATIVOS AO TURISMO EM UMA
APA
Até 600,00
601,00 a 1200,00
1201,00 a 1800,00
1801,00 a 2400,00
Acima de 2400,00
NÃO SABE / NR
Total
Cuidado com queimadas 0 0 0 2 4 0 6 Cuidar da água 0 0 0 0 2 0 2 Dar orientações para os turistas
0 0 0 0 2 0 2
Divulgar os recursos naturais aos visitantes 0 0 0 2 14 0 16
Educação ambiental 0 2 0 0 0 0 2 Evitar o trânsito de veículos 0 0 0 0 2 0 2
Implantar coleta seletiva do lixo
0 0 0 0 4 0 4
Limitar visitação 0 2 0 0 6 0 8 Manter a cidade limpa 0 0 0 0 2 0 2 Não jogar lixo 2 0 2 0 16 0 20 Não respondeu 0 2 2 8 8 0 20 Não retirar nada 0 0 0 0 2 2 4 Observar sem agredir a natureza 0 0 0 0 2 0 2
Orientar visitantes 0 0 4 8 10 0 22 Preservar a natureza 2 2 6 12 38 10 70 Reduzir a poluição 0 0 0 2 0 0 2 Total 4 8 14 34 112 12 184
82
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Tiradentes é uma cidade de interesse turístico e tem sido justamente esta
atividade que tem transformado totalmente seu sistema de vida, o que tem causado
muitas preocupações, pois as atividades ali desenvolvidas muitas vezes agridem ao
meio ambiente. Não se desenvolve turismo sem que haja participação de todos.
É importante manter a qualidade de uma área preservada e de interesse
histórico, seja através de sua paisagem, fauna ou flora, pois assim é possível
conservar as características de forma e outros aspectos que vêm mantendo, ao longo
do tempo, um relacionamento sustentado por interesses comuns. A preservação da
natureza é de responsabilidade de todos.
A importância do turismo para Tiradentes enquanto atividade econômica é
inquestionável, apesar dos desdobramentos socioeconômicos, culturais e naturais
que podem ser prejudiciais, se não houver planejamento e envolvimento de todos no
processo, pois a cidade está crescendo de forma desordenada e sem planejamento o
que pode colocar em risco o patrimônio histórico e ambiental do município.
O propósito principal deste trabalho foi de analisar a percepção e o
envolvimento da comunidade e visitantes no processo de desenvolvimento turístico e
ambiental e de identificar os principais cuidados relativos a turismo em área de
proteção ambiental, o que foi atingido. Identificamos que tanto comunidade, quanto
os visitantes se mostraram bastante conscientes sobre a importância de preservação
da APA da Serra de São Jose e da necessidade de ter mais conhecimento sobre o
assunto. É necessário que o poder público invista mais em infraestrutura, sinalização
e informação sobre a APA.
83
Todos os dados coletados mostram que não houve envolvimento da
comunidade em ações destinadas à APA de São José, sendo estas medidas
tomadas até então sem o conhecimento da população residente. Mas a atual gestão
tem a intenção de reverter este quadro e pretende aumentar a participação da
comunidade, aumentando o número de participantes no conselho gestor.
O resultado mostra também o grande potencial ainda não explorado, como por
exemplo, o turismo de aventura, turismo pedagógico, turismo de estudos e
intercâmbio, turismo de observação e o ecoturismo, pois a maioria dos moradores
tem conhecimento da Serra e de que é uma Área de Proteção Ambiental, estando
cientes de que é importante preservar para que gerações futuras possam utilizar,
gerando com isso mais emprego e renda. Mas para isso será necessário desenvolver
ações de educação ambiental, de sensibilização e de preservação do patrimônio
histórico ambiental para o município.
O potencial a ser explorado da Serra de São José para prática do ecoturismo
se acentua quando a maioria dos visitantes afirma não conhecer a Serra e suas
expectativas em relação à cidade são satisfatórias, o que facilita a criação de novos
atrativos para ser utilizado e dentro das diretrizes do Programa Nacional de Turismo
e da Estrada Real, criando com isso pacotes que envolvam de forma responsável a
APA da Serra de São José.
Outro fator relevante foi que tanto moradores quanto turistas entendem que é
preciso preservar a Serra de São José, que é necessário ter mais informações sobre
a APA da Serra de São José para que haja desenvolvimento e envolvimento em
ações que contribuam para a preservação da APA.
Esta dissertação mostra que a cidade deve investir mais em informações que
divulgem seus atrativos e os benefícios que podem trazer. Os dados mostram que
84
visitantes e moradores não têm conhecimento do atrativo natural e que precisam de
informações sobre o que é um atrativo natural e uma APA. O envolvimento da
comunidade pode aumentar o potencial turístico da cidade e da região. Promover
ações que contribuam para o conhecimento do patrimônio natural, artístico e cultural.
Propor ações que envolvam a prática do ecoturismo, a criação de visitas
guiadas dentro da APA e a criação de locais para informação sobre turismo em
áreas de preservação, com controle de visitas é importante, já que os gastos na
cidade são superiores aos da média do turismo nacional.
O programa de regionalização do governo federal e o projeto da Estrada Real,
na percepção da comunidade e de visitantes, contribuíram para o aumento do fluxo
turístico da região (Oliveira, 2007), através de ações que estimulam e incentivam a
criação de novos roteiros turísticos e eventos que contribuam para o aumento do
fluxo de turistas.
85
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89
ANEXO A
Decreto nº. 21.308, de 19 de maio de 1981.
Define como de proteção especial, para preservação de mananciais e do patrimônio histórico e paisagístico, área de terreno situado na Serra São José, nos Municípios de Tiradentes, Prados, São João del Rei e Coronel Xavier Chaves.
(Publicação - Diário do Executivo - "Minas Gerais"' - 20/05/1981)
(Retificação - Diário do Executivo - "Minas Gerais" - 04/06/1981)
O Governador do Estado de Minas Gerais, no uso de atribuição que lhe confere o artigo 76, item X, da Constituição do Estado, e tendo em vista o disposto no artigo 14 da Lei Federal nº. 6.766, de 19 de dezembro de 1979, decreta: Art. 1º - Fica definida como de proteção especial, para fins de preservação de mananciais e do patrimônio histórico e paisagístico, área de terreno, situado na Serra São José, nos Municípios de Tiradentes, Prados, São João del Rei e Coronel Xavier Chaves, com a seguinte descrição perimétrica: partindo do cruzamento da estrada da Fazenda do Retiro, no Município de Coronel Xavier Chaves, com a rodovia que liga a BR-383, ao Município de Prados, a linha perimétrica segue por aquela rodovia até a ponte sobre o Córrego do Caroço ou Boa Vista; daí, sobe pelo leito do Córrego do Caroço ou Boa Vista, até a sua mais alta cabeceira, onde encontra o caminho que liga o Bairro Pinheiro Chagas às minerações existentes nas encostas orientais da Serra São José; daí, segue por aquele caminho, até encontrar a mais alta vertente do Córrego Palmital; daí, desce pelo leito do Córrego Palmital, até sua confluência com o Córrego do Gritador; daí, sobe pelo Córrego do Gritador, numa distância aproximada de 1.000m; daí, segue na direção do colo existente no divisor de águas do Córrego do Gritador e Córrego Cachabrá, até atingir a vertente mais oriental do Córrego Cachabrá; daí, desce pelo talvegue daquela vertente, até o leito principal do Córrego Cachabrá; daí, desce pelo Córrego Cachabrá até sua confluência com o Córrego do Engenho; daí, desce pelo Córrego do Engenho, até encontrar o Córrego Pau de Angu; daí, sobe pelo Córrego Pau de Angu e, após, pelo seu primeiro tributário da margem esquerda, até atingir o ponto mais alto de sua nascente mais meridional; daí, segue em direção ao divisor de águas do mencionado tributário com o Córrego Santo Antônio pelo colo mais setentrional existente no referido divisor, até atingir a nascente mais oriental do Córrego Santo Antônio; daí, desce pelo Córrego Santo Antônio, até sua confluência com o Córrego Pacu, dentro do perímetro urbano da Cidade de Tiradentes; daí, sobe pelo Córrego Pacu, até a sua menor eqüidistância com a estrada que liga a Cidade de Tiradentes a Distrito de Santa Cruz de Minas; daí, segue por aquela estrada, até atingir o ponto de cruzamento com a linha de alta tensão existente entre os Municípios de São João del Rei e Coronel Xavier Chaves; daí, pela linha de alta tensão, em direção Norte, até atingir o ponto que atravessa o caminho que liga a Colônia do Marçal à Estância da Água Santa; daí, segue por aquele caminho, até o Córrego da Água Santa; daí, desce pelo Córrego da Água
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Santa, até encontrar o Córrego das Pedras; daí, pelo córrego das Pedras, sobe até atingir o ponto mais alto de sua nascente mais oriental; daí, na direção Leste e em linha reta, atravessa o espigão divisor dos Municípios de Coronel Xavier Chaves e Prados, até atingir o maior afluente da margem esquerda do Córrego do Riacho, de onde desce até a confluência com o Córrego do Riacho; daí, sobe pelo Córrego do Riacho, até atingir a sede da Fazenda do Retiro; daí, segue pela estada que liga a Fazenda do Retiro à Fazenda do Retiro Velho, até atingir o cruzamento daquela estrada com a estrada que liga Prados à Rodovia BR-383, ponto inicial desta descrição. Art. 2º - Ficam declaradas de preservação permanente as florestas e demais formas de vegetação natural da área definida no artigo anterior. Art. 3º - Os projetos de parcelamento do solo urbano, na área definida por este Decreto, serão submetidos, antes de aprovados pelo respectivo Município onde se localizar o parcelamento, à prévia anuência do Estado, nos termos do artigo 13, inciso I, da Lei Federal nº. 6.766, de 19 de dezembro de 1979, e do artigo 2º, inciso II, do Decreto nº. 20.791, de 8 de setembro de 1980. Art. 4º - Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação e revoga as disposições em contrário. Palácio da Liberdade, em Belo Horizonte, aos 19 de maio de 1981.
Francelino Pereira do Santos - Governador do Estado
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ANEXO B
Decreto nº. 30.934, de 16 de fevereiro de 1990.
Declara como de proteção ambiental área de terreno situado na Serra São José, nos Municípios de Tiradentes, Prados, Coronel Xavier Chaves e São João del Rei.
(Publicação - Diário do Executivo - "Minas Gerais"' - 17/02/1990)
O Governador do Estado de Minas Gerais, no uso de atribuição que lhe confere o artigo 90, inciso VII, da Constituição do Estado, e tendo em vista o disposto nas Leis Federais nº. 6.902, de 27 de abril de 1981, e 6.938, de 31 de agosto de 1981, e nº. Decreto Federal nº. 88.351, de 1º de junho de 1983, DECRETA: Art. 1º - Fica declarado, sob a denominação de APA São José, como de proteção ambiental, para fins de preservação do patrimônio histórico, paisagístico e da cultura regional, proteção e preservação dos mananciais, cobertura vegetal (cerrado e áreas remanescentes de Mata Atlântica) e da fauna silvestre, área de terreno situado na Serra São José, nos Municípios de Tiradentes, Prados, Coronel Xavier Chaves e São João del Rei, com a seguinte descrição perimétrica: partindo do cruzamento da estrada da Fazenda do Retiro, no Município de Coronel Xavier Chaves, com a rodovia que liga a BR-383 ao Município de Prados, a linha perimétrica segue por aquela rodovia, até a ponte sobre o Córrego do Caroço ou Boa Vista; daí, sobe pelo leito do Córrego do Caroço ou Boa Vista, até a sua mais alta cabeceira, onde encontra o caminho que liga o Bairro Pinheiro Chagas às minerações existentes nas encostas orientais da Serra São José; daí, segue por aquele caminho, até encontrar a mais alta vertente do Córrego Palmital; daí, desce pelo leito do Córrego Palmital, até sua confluência com o Córrego do Gritador; daí, sobe pelo Córrego do Gritador numa distância aproximada de 1.000,00m; daí, segue na direção do colo existente no divisor de águas do Córrego do Gritador e Córrego Cachabrá, até atingir a vertente mais oriental do Córrego Cachabrá; daí, desce pelo talvegue daquela vertente, até o leito principal do Córrego Cachabrá; daí , desce pelo Córrego Cachabrá, até sua confluência com o Córrego do Engenho; daí, desce pelo Córrego do Engenho, até encontrar o Córrego Pau de Angu; daí, sobe pelo Córrego Pau de Angu e, após, pelo seu primeiro tributário da margem esquerda, até atingir o ponto mais alto de sua nascente mais meridional; daí, segue em direção ao divisor de águas do mencionado tributário com o Córrego Santo Antônio pelo colo mais setentrional existente no referido divisor, até atingir a nascente mais oriental do Córrego Santo Antônio; daí, desce pelo Córrego Santo Antônio, até sua confluência com o Córrego Pacu, dentro do perímetro urbano da Cidade de Tiradentes; daí, sobe pelo Córrego Pacu, até a sua menor eqüidistância com a estrada que liga a Cidade de Tiradentes ao Distrito de Santa Cruz de Minas; daí, segue por aquela estrada, até atingir o ponto de cruzamento com a linha de alta tensão existente entre os
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Municípios de São João del Rei e Coronel Xavier Chaves; daí, segue pela linha de alta tensão, em direção Norte, até atingir o ponto que atravessa o caminho que liga a Colônia do Marçal à Estância da Água Santa; daí, segue por aquele caminho, até o Córrego da Água Santa; daí, desce pelo Córrego da Água Santa, até encontrar o Córrego das Pedras; daí, pelo Córrego das Pedras, sobe até atingir o ponto mais alto de sua nascente mais oriental; daí, na direção Leste e em linha reta, atravessa o espigão divisor dos Municípios de Coronel Xavier Chaves e Prados, até atingir o maior afluente da margem esquerda do Córrego do Riacho, de onde desce até sua confluência com o Córrego do Riacho; daí, sob pelo Córrego do Riacho até atingir a sede da Fazenda do Retiro; daí, segue pela estrada que liga a Fazenda do Retiro à Fazenda do Retiro Velho, até atingir o cruzamento daquela estrada com a estrada que liga Prados à Rodovia BR-383, ponto inicial desta descrição. Art. 2º - Na implantação e funcionamento da APA São José serão adotadas, entre outras, as seguintes medidas: I - zoneamento através de resolução do Conselho Estadual de Política Ambiental e da Fundação Estadual do Meio Ambiente, em estreita articulação com os órgãos envolvidos que indicarão as atividades a serem encorajadas em cada zona, bem como as que deverão ser limitadas, restringidas ou proibidas, de acordo com a legislação aplicável; II - utilização dos instrumentos legais e dos incentivos financeiros governamentais, para assegurar a proteção da zona de vida silvestre, dos recursos naturais, o uso racional do solo e outras medidas referentes à salvaguarda desse patrimônio; III - aplicação de medidas legais destinadas a impedir ou evitar o exercício de atividades causadoras de sensível degradação da qualidade ambiental; IV - divulgação das medidas previstas neste Decreto, objetivando o esclarecimento da comunidade local sobre a APA e suas finalidades. Art. 3º - Na APA São José ficam proibidas ou restringidas: I - a implantação e funcionamento de indústrias potencialmente poluidores capazes de afetar mananciais de água, o solo e o ar; II - a realização de obras de terraplanagem e a abertura de canais, quando importarem em alteração das condições ecológicas locais, principalmente da Zona de Vida Silvestre, onde a biota será protegida com maior vigor; III - o exercício de atividades capazes de provocar erosão das terras ou assoreamento das coleções hídricas; IV - o uso de biocidas, substâncias organocloradas ou mercuriais, quando indiscriminado ou em desacordo com as normas ou recomendações técnicas oficiais; V - o exercício de atividades que ameaçam extinguir as espécies raras da biota regional, principalmente os remanescentes de Mata Atlântica e mananciais da região.
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Art. 4º - A abertura de vias de comunicações de canais, barragens em cursos d'água, a implantação de projetos de urbanização, sempre que importarem na avaliação de obras de terraplanagem, e as atividades minerárias, bem como a realização de grandes escavações e obras que causem alterações ambientais, dependerão da autorização prévia do Conselho Estadual de Política Ambiental e da Fundação Estadual do Meio Ambiente, mediante: I - estudo prévio do projeto e exame das alternativas possíveis e avaliação de suas conseqüências ambientais; II - indicação das restrições e medidas consideradas necessárias à salvaguarda dos ecossistemas atingidos. Art. 5º - Para o controle de seus efluentes e redução do potencial poluidor das construções destinadas ao uso humano da APA São José, não serão permitidas: I - a construção de edificações em terrenos que, por suas características, não comportarem a existência simultânea de poços para receber os despejos de fossas sépticas, e de poços de abastecimento d’água que fiquem a salvo de contaminação, quando não houver rede de coleta e estação de tratamento de esgoto em funcionamento; II - a execução de projetos de urbanização, sem as autorizações, alvarás, licenças federais, estaduais e municipais exigíveis. Art. 6º - Os projetos de urbanização que, pelas suas características, possam provocar deslizamento do solo e outros processos erosivos, não serão autorizados pelo COPAM/FEAM. Art. 7º - Em caso de epidemias e endemias veiculadas por animais silvestres, a Secretaria de Estado da Saúde poderá, em articulação com o COPAM/FEAM, promover programas especiais para o seu controle. Art. 8º - Para impedir a caça predatória, não será permitida, na Zona de Vida Silvestre, atividades degradadora, inclusive o porte de armas de fogo e de artefatos ou instrumentos de destruição da biota. Art. 9º - Após o zoneamento, e detectado o potencial existente, fica estabelecida na APA São José, uma Zona de vida Silvestre, destinada, prioritariamente, à salvaguarda da biota nativa para garantir a reprodução das espécies e proteção do habitat. Art. 10 - Para a proteção de espécies raras da Zona de Vida Silvestre, não será permitida a construção de edificações, exceto as destinadas à realização de pesquisa e ao controle ambiental. Art. 11 - A APA São José será supervisionada, administrada e fiscalizada pela FEAM, em articulação com as prefeituras municipais dos municípios envolvidos e seus respectivos órgãos de meio ambiente.
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Art. 12 - Para atingir os objetivos previstos para a APA São José, bem como para definir as atribuições e competências no controle de suas atividades, a FEAM poderá firmar convênios com órgãos e entidades públicas ou privadas. Art. 13 - As penalidades previstas para os infratores das disposições deste Decreto, serão aplicadas pela FEAM. Parágrafo único - Dos atos e decisões da FEAM caberá recurso ao Conselho Estadual de Política Ambiental do Estado de Minas Gerais - COPAM. Art. 14 - Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação. Art. 15 - Revogam-se as disposições em contrário. Palácio da Liberdade, em Belo Horizonte, aos 16 de fevereiro de 1990. NEWTON CARDOSO - Governador do Estado
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ANEXO C
Decreto nº. 38.182, de 29 de julho de 1996
Diário Oficial de Minas Gerais
Institui o Sistema de Gestão Colegiada para as Áreas de Proteção Ambiental – APA’S, administradas pelo Sistema de Meio Ambiente do Estado de Minas Gerais.
DECRETO Nº. 38.182, DE 29/07/96
(MINAS GERAIS DE 30/07/96)
Institui o Sistema de Gestão Colegiada para as Áreas de Proteção Ambiental - APA’S, administradas pelo Sistema de Meio Ambiente do Estado de Minas Gerais.
O GOVERNADOR DO ESTADO DE MINAS GERAIS, no uso de atribuição que lhe confere o artigo 90, inciso VII, de acordo com o disposto no artigo 214, inciso VIII, ambos da Constituição do Estado, e tendo em vista o artigo 9º, § 1º, da Lei nº. 7.772, de 8 de setembro de 1980.
DECRETA:
Art. 1º - Fica criado o Sistema Estadual de Gestão Colegiada, para administração das Áreas de Proteção Ambiental - APA’s.
Art. 2º - Constituem objetivos do Sistema de Gestão Colegiada:
I - garantir a efetiva proteção dos ecossistemas;
II - promover o desenvolvimento sustentável nas regiões de abrangência das Áreas de Proteção Ambiental;
III - permitir a participação dos setores interessados no gerenciamento das Áreas de Proteção Ambiental.
Art. 3º - As Áreas de Proteção serão geridas com a participação dos Conselhos Consultivos.
Art. 4º - Compete aos Conselhos Consultivos:
I - contribuir para a efetivação das atividades desenvolvidas pelo Sistema Estadual de Meio Ambiente, na supervisão e fiscalização;
II - colaborar com o planejamento da APA, dentro do conceito de desenvolvimento sustentável;
III - apoiar o desenvolvimento de pesquisas e de tecnologias alternativas para o uso, recuperação e apropriação dos recursos naturais não renováveis, quando se
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encontrarem em zonas de uso especial ou de restrições ou proibições definidas no zoneamento ambiental da APA;
IV - propor, estimular, examinar e emitir parecer prévio para aprovação, pelo Conselho Estadual de Política Ambiental - COPAM, do Zoneamento Ecológico das Áreas de Proteção Ambiental.
Art. 5º A Secretaria Executiva do Conselho Estadual de Política Ambiental - COPAM convocará audiências públicas para licenciamento ambiental nas áreas das APA’s, em situações claras de elevado conflito de interesses ou impacto ambiental, quando requerido pelos Conselhos Consultivos.
Art. 6º - O Conselho Consultivo será composto por representantes de:
I - órgãos e entidades públicas estaduais e federais;
II - órgãos e entidades dos municípios cujos territórios encontrem-se localizados, total ou parcialmente, dentro do perímetro da APA;
III - setores produtivos;
IV - associações civis cujos objetivos estatutários incluam a defesa do meio ambiente e possuam sede nos municípios abrangidos pelo perímetro da APA.
§ 1º - Caberá à Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável acionar os órgãos diretamente envolvidos com cada APA, para indicação dos representantes listados nos incisos de I a IV deste artigo.
§ 2º - A representação no Conselho Consultivo será proporcional, constituindo-se de, no máximo 3 (três) membros efetivos e 3 (três) suplentes, por órgão ou entidade representado, na forma estabelecida no regimento interno.
. Redação deste parágrafo dada pelo Decreto nº. 38.627, de 27/01/97. A redação anterior era:
“§ 2º - A representação no Conselho será paritária entre os setores previstos no “caput” deste artigo e sua composição incluirá 2 (dois) titulares e 2 (dois) suplentes.”
Art. 7º - O Conselho Consultivo será presidido alternadamente por um de seus representantes, com mandato de 1(um) ano.
Art. 8º - O Conselho Consultivo poderá ser organizado em Câmaras estruturadas por atividade econômica preponderante, por microbacias ou por municípios, respeitada, em sua composição, a paridade de sua representação.
Art. 9º - A Secretaria Executiva do Conselho Consultivo será exercida pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, por intermédio do suporte técnico e administrativo de suas entidades vinculadas.
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Art. 10 - Os Conselhos Consultivos serão implantados mediante deliberação do Conselho Estadual de Política Ambiental - COPAM, obedecidas as normas deste Decreto.
Art. 11 - A organização e o funcionamento dos Conselhos Consultivos serão definidos em regimento interno, a ser elaborado no prazo de 60 (sessenta) dias, após a posse de seus membros.
Art. 12 - Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 13 - Revogam-se as disposições em contrário.
Palácio da Liberdade, em Belo Horizonte, aos 29 de julho de 1996.
EDUARDO AZEREDO
Álvaro Brandão de Azeredo
José Carlos Carvalho
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ANEXO D
Decreto nº. 43.908, de 05 de novembro de 2004 Diário Oficial de Minas Gerais de 06/11/2004 Cria o Refúgio Estadual de Vida Silvestre Libélulas da Serra de São José nos Municípios de Tiradentes, Santa Cruz de Minas, São João Del Rei, Coronel Xavier Chaves e Prados.
DECRETO Nº. 43.908, DE 5 DE NOVEMBRO DE 2004
(MINAS GERAIS de 06/11/04)
Cria o Refúgio Estadual de Vida Silvestre Libélulas da Serra de São José nos
Municípios de Tiradentes, Santa Cruz de Minas, São João Del Rei, Coronel Xavier Chaves e Prados.
O GOVERNADOR DO ESTADO DE MINAS GERAIS, no uso de atribuição que lhe
confere o inciso VII do Art. 90, da Constituição do Estado, e tendo em vista o disposto na Lei Federal nº. 9.985 de 18 de julho de 2000, na Lei nº. 14.309 de 19 de junho de 2002 e no Decreto nº. 43.710, de 8 de janeiro de 2004,
DECRETA: Art. 1º Fica criado o Refúgio Estadual de Vida Silvestre Libélulas da Serra de São
José, com área de 3.717 ha, no perímetro de 43.935m, nos Municípios de Tiradentes, Santa Cruz de Minas, São João Del Rei, Coronel Xavier Chaves e Prados, destinado à unidade de conservação de proteção integral, com a seguinte descrição, limites e confrontações: partindo do ponto de interseção da rodovia que liga o Município de Prados à MG 383 com o Córrego do Cantagalo, de coordenadas UTM 590976E e 7673457N, segue rumo à cidade de Prados; até atingir o divisor dos Córregos do Caracol da Água Escura, de coordenadas UTM 592029E e 7673027N; daí, segue rumo à Serra de São José, até atingir a nascente mais ocidental do Córrego da Água Escura, de coordenadas UTM 591559E e 7671765N; daí; segue rumo a leste, acompanhando o alinhamento das nascentes do Córrego da Água Escura e a linha de contato com os escarpamentos da Serra de São José, até atingir o Córrego da Boa Vista, de coordenadas UTM 592669E e 7671907N; daí, segue pelo talvegue do Córrego da Boa Vista, até atingir a estrada que liga o Bairro Pinheiro Chagas, Município de Prados, às propriedades no sopé da Serra São José, de coordenadas UTM 593314E e 7670995N; daí, acompanha o limite da APA São José, até atingir a mais alta vertente do Córrego Palmital; daí, segue pelo talvegue do Córrego do Palmital, até atingir a confluência com o Córrego do Gritador; daí, segue pelo Córrego
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do Gritador, numa distância aproximada de 1.000,00m; daí, segue rumo ao colo existente no divisor de águas do Córrego do Gritador e Córrego Cachabrá, até atingir a vertente mais oriental do Córrego Cachabrá; daí, desce pelo talvegue da vertente, até atingir o talvegue principal do Córrego Cachabrá; daí, desce pelo Córrego Cachabrá, até atingir a sua confluência com o Córrego do Engenho; daí, desce pelo Córrego do Engenho, até atingir o Córrego Pau de Angu; daí sobe pelo Córrego Pau de Angu e segue pelo seu primeiro tributário da margem esquerda, até atingir o ponto mais alto de sua nascente mais meridional; daí, segue em rumo ao divisor de águas do tributário com o Córrego Santo Antônio, pelo colo mais setentrional do divisor, até atingir a nascente mais oriental do Córrego Santo Antônio; daí, desce pelo Córrego Santo Antônio, até atingir a ponte de acesso ao local denominado Areia Branca, de coordenadas UTM 586070E e 7666220N; daí, segue contornando o perímetro urbano da cidade de Tiradentes, no Bairro Cascalho, limitada por uma poligonal aberta assim determinada: vértice 1, de coordenadas UTM 586070E e 7666220N, daí, segue pelo lado 1, na distância de 60m rumo NNW, até atingir o vértice 2, de coordenadas UTM 586020E e 7666260N, daí, segue pelo lado 2, na distância de 300m SW, até atingir o vértice 3, de coordenadas UTM 585790E e 7666070N; daí, segue pelo lado 3, na distância de 130m rumo SW, até o atingir o vértice 4, de coordenadas UTM 585750E e 7665950N, daí, segue pelo lado 4, na distância de 240m rumo SW, até atingir o vértice 5, de coordenadas UTM 585540E e 7665850N, daí, segue pelo lado 5, na distância 180m rumo SW, até atingir o vértice 6, de coordenadas UTM 585420E e 7665720N; daí, segue subindo pelo talvegue do Córrego do Pacu até o ponto de coordenadas UTM 584570E e 7665320N; daí, segue limitada por uma poligonal aberta assim determinada; vértice 1, de coordenadas UTM 584570E e 7665320N; daí, segue pelo lado 1, na distância 170m rumo NW, até atingir o vértice 2, de coordenadas UTM 584440E e 7665400N; daí, segue pelo lado 2, na distância 230m rumo SW, até atingir o vértice 3, de coordenadas UTM 584270E e 7665220N, daí, segue pela Trilha do Mangue rumo ao sul, até atingir o ponto de interseção com a estrada que liga as cidades de Tiradentes e Santa Cruz de Minas, de coordenadas UTM 584343E e 7665286N; daí, segue no sentido Tiradentes - Santa Cruz de Minas, até atingir o ponto de cruzamento com a linha de alta tensão da CEMIG, de coordenadas UTM 581920E e 7664020N; daí, segue pela linha de alta tensão rumo ao norte, até atingir o ponto de coordenadas UTM 581950E e 7664630N, na interseção da linha de alta tensão com o polígono da Mineração Omega; daí contornar o polígono no sentido leste-norte-oeste até atingir o ponto de coordenadas UTM 581842E e 7664920N, na interseção deste polígono com a linha de alta tensão da CEMIG; daí, segue pela linha de alta tensão da CEMIG rumo ao norte, até atingir seu ponto de interseção com a linha de contato entre os escarpamentos da serra de São José e o compartimento das colinas alongadas, de coordenadas UTM 581360E e 7665670N; daí segue pela linha de contato rumo ao NE, até atingir o córrego sem denominação descendo da Serra de São José, no ponto de coordenadas UTM 587402E e 7670284N, daí, desce pelo talvegue do córrego até sua confluência com o Córrego do Riacho, de coordenadas UTM 587408E e 7671335N, daí, sobe pelo talvegue do Córrego do Riacho passando próximo a sede da Fazenda do Retiro; daí segue pelo talvegue do afluente de sua margem direita mais próximo a partir do ponto de coordenadas UTM 588182 E e 7671202N; daí, sobe pelo talvegue deste afluente, até atingir a linha de contato com os escarpamentos da Serra de São José, de coordenadas UTM 588694E 7671442N; daí, segue pela linha de contato dos escarpamentos da Serra de São José, até atingir o Córrego do Cantagalo, de coordenadas UTM 590239E e 7671778N; daí, desce pelo talvegue do córrego, até
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atingir seu ponto de confluência com a estrada que liga Prados à Rodovia MG-383, de coordenadas UTM 590890E e 7673320N), ponto inicial desta descrição.
Art. 2º O Refúgio Estadual de Vida Silvestre Libélulas da Serra de São José
objetiva assegurar a conservação da biodiversidade regional, com ênfase na fauna de Odonatas (libélulas).
Art. 3º Compete ao Instituto Estadual de Florestas - IEF implantar, proteger e
administrar o Refúgio Estadual de Vida Silvestre Libélulas da Serra de São José, adotando as medidas necessárias, e no prazo de 360 (trezentos e sessenta) dias após a publicação deste Decreto, elaborar o seu plano de manejo e constituir o seu Conselho Consultivo.
Art. 4º Fica autorizada, observadas as normas legais, a contratação de um gerente
e três guarda-parques para esta unidade de conservação. Art. 5º Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação. Palácio da Liberdade, em Belo Horizonte, aos 05 de novembro de 2004; 216º da
Inconfidência Mineira. AÉCIO NEVES DANILO DE CASTRO ANTONIO AUGUSTO JUNHO ANASTASIA JOSÉ CARLOS CARVALHO
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ANEXO E
ANEXO 1
Ata da Reunião de Formação do Conselho Consultivo
da APA São José e REVS Libélulas da Serra de São José.
Local: Universidade Federal de São João del Rei (UFSJ)
Data: 09. 10. 2006 Hora: 19h às 22h
Pauta:
1. Abertura de boas-vindas da gerente da UC e apresentação dos participantes.
2. Apresentação do vídeo feito pela ONG Terra Brasilis. (em razão de novos convidados)
3. Apresentação resumida de slides sobre Conselho Consultivo. (em razão de novos convidados)
4. Exposição dos trabalhos efetivados pelo Conselho Consultivo do Parque Estadual do Rio Doce pelo gerente Marcus Vinícius de Freitas.
5. Retorno das dúvidas.
6. Divisão dos participantes em grupos por segmento, dando início aos trabalhos de discussões de pendências e ratificação das instituições que comporão o Conselho Consultivo.
7. Apresentação do Quadro de Formação Definitivo do Conselho Consultivo.
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Lista de presença:
Nome Entidade E-mail
1 Wendel do N. Gonçalves IEF wendel.gonç[email protected]
2 Rosemary M. Valente IEF
3 Air de Souza Resende Produtor Rural [email protected]
4 Aparecida Celia P. Santos
UFSJ [email protected]
5 Sidney Antonio de Souza Prefeitura de São J. del Rei
6 Cristina S. K. Serrano UFSJ / LEMA [email protected]
7 João Afonso Farias ACI- del Rei acidelrei@
8 Rogério C. de Godoy Sind. Produtores Rurais [email protected]
9 Attila C. de Godoy Ass. de Hotéis e Pousadas
10 Hamilton de Morais Secretaria Meio Amb. SJdR [email protected]
11 Helder Sávio Silva Circuito Turíst. Trilha Inconf. [email protected]
12 Murton C. Moreira IEF [email protected]
13 Rodrigo Rodrigues Alves Costa
D.M. Educação de Prados [email protected]
14 Itamar Christofaro Silva IEF [email protected]
15 Robertos Carlos Centro Educação Ambiental
16 Nivaldo Euzébio de Melo Pref. Cel. Xavier Chaves [email protected]
17 Marcelo Gomes Sec. Turism. M. Ambiente [email protected]
18 José do Livramento Fonseca
Ass. Artística Pradense
19 Keila Maria Franco Ass. Com. e Ind. Prados
20 Luiz ? S
21 Dulcilea Cristina G Pref. Sta. Cruz de Minas [email protected]
22 José Antonio do Nascimento
AMOBAPA [email protected]
23 Marcos Antonio Justino da Silva Ass. Porto Real Arte [email protected]
24 Fábio Lacerda Corpo de Bomb. Militar
25 Ademir Mendes Guimarães EMATER – MG [email protected]
26 José Amaral de Assis AMISC
27 Wilson Correa de Andrade
AMISC
28 Luciana Cristina Silva Tavares Sec. Mun. Educação SJdR
29 Mônica Botelho IER [email protected]
30 Elisabete Domingues Salvador EPAMIG [email protected]
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Nome Entidade E-mail
31 Ulisses Passarelli Inst. Hist. Geog. de SJdR
32 Laercio Jorge Marques Polícia Militar [email protected]
33 José Roberto C. V ASDEPA [email protected]
34 Dayse de Souza Leite CIMAQ / UFSJ [email protected]
35 Irã F V Escritórios ? [email protected]
36 Pedro Fraga da Silva SAAS
37 Arnóbia de Barros Ass. pró Colônia do Marçal
38 Gustavo Dias SAT [email protected]
39 Emanuel M. Simões Coelho DNPM [email protected]
r
40 Raquel de Cassia Ramos UNIPAC [email protected]
41 Luiz Cruz Inst. Voçoroca/C. B. Volunt. [email protected]
42 Raimundo Noronha Filho Soc. Corpo Bomb. Volunt.
43 Rafael Aloisio de Santana Soc. Corpo Bomb. Volunt.
44 David Alexandre Melo de Jesus Soc. Corpo Bomb. Volunt..
45 Moacir Teixeira do Nascimento
Soc. Corpo Bomb. Volunt.
46 Ana Paula Cerqueira de Barros Pinheiro
1 – Abertura e apresentação.
A gerente da Unidade de Conservação deu as boas-vindas aos participantes e apresentou a equipe do IEF. Citou a importância de se tratar exclusivamente de assuntos referentes à formação do Conselho Consultivo e deixou à disposição dos participantes papel e lápis para anotação de dúvidas não pertinentes à pauta apresentada.
2 – Apresentação dos projetos para a APA no CD feito pela ONG Terra Brasilis.
Vídeo institucional que retrata a Serra de São José e projetos de trilhas e infra-estrutura para a área.
3 – Apresentação de slides sobre Conselho Consultivo.
A gerente fez uma apresentação em slides sobre ações para formação de Conselhos de acordo com a Lei 9.885, descreveu ainda sobre características que um representante deve ter para ser um bom Conselheiro, e finalmente foi apresentada a última proposta de formação do Conselho Consultivo com número de vagas.
4 - Exposição dos trabalhos efetivados pelo Conselho Consultivo do Parque Estadual do Rio Doce pelo gerente Marcus Vinícius de Freitas.
A gerente explicou a ausência desta palestra por motivo de compromissos do Sr. Marcus Vinícius de Freitas.
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5 – Retorno das dúvidas, dando início aos trabalhos de discussões de pendências e ratificação das instituições que comporão o Conselho Consultivo.
Foi colocado em debate a distribuição de vagas da Sociedade Civil, onde estava em branco 2 vagas e distribuição dos suplentes e titulares das Secretarias de Meio Ambiente.
O Sr. Rogério de Carvalho Godoy apresentou o Decreto 38.182/1996 que institui o Sistema de Gestão Colegiada para as APAs e questionou a validade da atual formação do Conselho que está em conformidade com a legislação federal, Lei Federal n° 9.985/2000 (SNUC) que dispõe sobre a criação de Conselhos Consultivos nas Unidades de Conservação, regulamentada pelo Decreto nº. 4.340/2002. A Dra. Rosemary Marques Valente da Assessoria Jurídica do ERCS/IEF, esclareceu aos presentes que esta questão seria encaminhada para a Assessoria Jurídica da Sede/IEF.
Em seguida foram apresentadas várias sugestões para reorganização das vagas e redistribuição dos representantes para a Sociedade Civil, com certa dificuldade, pois algumas instituições presentes não estavam em conformidade com as normas para participarem do Conselho, como por exemplo, falta de estatuto próprio.
Sobre a escolha das vagas para Secretarias de Meio Ambiente Municipais, estava em discussão a ocupação de 2 vagas para titular e 2 vagas para suplente com os municípios de São João del Rei, Tiradentes, Cel. Xavier Chaves e Sta Cruz de Minas. Foram feitas várias propostas de critérios para a seleção dos titulares, até que foi acatada a votação aberta:
VOTAÇÃO DO CRITÉRIO
1ª PROPOSTA: titularidade de acordo com a maior área dentro da APA / contribuição do município para a formação da APA. Nº de VOTOS: 9
2ª PROPOSTA: aumento de 2 vagas titulares para comportar os 4 municípios concorrentes. Nº de VOTOS: 1
3ª PROPOSTA: aumento de vagas para prefeituras com representantes indicados pelos prefeitos. Nº de VOTOS: 0
4ª PROPOSTA: aumento de vagas para as 5 prefeituras com representantes indicados pelos prefeitos com conseqüente aumento de vagas para o setor produtivo, dentro da Sociedade Civil (para o desempate utiliza-se a 1ª proposta) Nº de VOTOS: 23
Obs.: 45 pessoas estavam presentes, 3 participantes do IEF não votaram por decisão geral, alguns participantes não puderam ficar até o término da reunião.
Após o fechamento do quadro de vagas para Órgãos Públicos, foram convidadas outras instituições para que a formação do Conselho ficasse paritária. 6 – Apresentação do Quadro de Formação Definitivo do Conselho Consultivo. Quadro de formação em anexo.
Ana Paula Cerqueira de Barros Pinheiro Gerente da APA São José e REVS Libélulas da Serra de São José
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ANEXO F
Objetivos dos Zoneamentos da APA da Serra de São José:
Zona de Uso Agropecuário Restrito e Turístico – áreas utilizadas para cultivos
agrícolas em pequena escala e para pecuária com pastagens naturais e plantadas,
alem de remanescentes florestais.
Zonas de Conservação e Uso Turístico I – tendo como principal objetivo
conciliar a conservação da biodiversidade com o uso de equipamentos turísticos de
pequeno porte e menor adensamento procurando desenvolver programas de
educação ambiental.
Zonas de Conservação e Uso Turístico II – tendo como principal objetivo
conciliar a conservação da biodiversidade com o uso de equipamentos turísticos de
grande porte e de maior adensamento, procurando desenvolver programas de
educação ambiental.
Zonas de Valorização Histórico – Cultural – busca preservar e conservar áreas
de grande relevância histórico-cultural, permitindo a instalação de infra-estrutura de
apoio turístico.
Zonas de Uso Especial – De acordo com a legislação pertinente à APA e com
a lei nº 788, de 17/12/1990 que cria o parque municipal Frei Vellozo, determinou-se a
criação de uma zona especifica que o incluísse. Destinada à conservação, lazer e
uso turístico, permitido infra-estrutura de apoio turístico.
Zona de extração Mineral II – destinada a manter a fonte de água mineral sem
exploração do bem mineral, incentivando e promovendo melhorias das atividades de
recreação e de lazer.
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Zonas Urbanas I e II – composta por ocupação urbana já consolidada,
assimilando o uso já existente e limitando sua expansão.
Zonas Urbanas III – composta por ocupação urbana já consolidada no
aglomerado urbano de águas santas, assimilando o uso já existente e mantendo-a
como de uso predominantemente residencial.
Zona de Uso Agropecuário – onde a atividade agrícola é mais intensa, com
produção de larga escala, permitindo recursos de mecanização e irrigação com
controle do uso de recursos hídricos e de manejo dos solos.
Zona de Uso Turístico e Agropecuário II – tem objetivo de consolidar os uso
turísticos e agropecuário, permitindo equipamentos de pequeno e médio porte e de
baixo adensamento. Conta principalmente com a beleza cênica da serra de São
José.
Zona de Vida Silvestre – área com grande faixa de vegetação nativa
preservada. Principal propósito de criação da APA, além da proteção de mananciais,
do patrimônio paisagístico e da conservação da vida silvestre. Sendo também
utilizada para fins de lazer e de turismo.
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APÊNDICE A
COMUNIDADE LOCAL / MORADORES
1. Sexo: □ Masculino □ Feminino
2. Idade:
□ De 18 a 30 anos □ De 31 a 43 anos □ De 44 a 56 anos □ De 57 a 69 anos
3. Nasceu no município? □ Sim □ Não. Em qual cidade?
4. Há quantos anos reside no município?
□ Até 05 anos □ De 06 a 10 anos □ De 11 a 15 anos □ Acima de 15 anos
5. Você conhece a Serra de São José? □ Sim □ Não
6. Já fez algum passeio na Serra? □ Sim □ Não
6.1 Quando realizou este passeio, recebeu alguma instrução específica?
□ Sim. Qual? □ Não
6.2 Quantas vezes você já esteve na Serra?
6.3 Você tem algum gasto com atividades realizadas na serra?
□ Sim. Quanto? □ Não
6.4 Trabalha com Turismo na região? □ Sim □ Não
7. Você tem conhecimento que a Serra de São José é uma área de proteção ambiental - APA? □ Sim □ Não
8. Quais seriam em sua opinião, os cuidados relativos ao turismo em uma APA?
9. Qual a sua opinião sobre o turismo para o município de Tiradentes?
□ É ótimo □ É bom □ É ruim □ É indiferente □ Não sabe / NR
10. Você considera que o turismo em Tiradentes...
□ Trouxe mais benefícios que problemas
□ Trouxe mais problemas que benefícios
□ Não alterou em nada a cidade
□ Não sabe / NR
Data:___/___/2007. Local: ______________________ Entrevistador: ____________
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VISITANTES
1. Estado de origem: □ MG □ RJ □ SP □ ES □ Outro:
2. Sexo: □ Masculino □ Feminino
3. Idade:
□ De 18 a 30 anos □ De 31 a 43 anos □ De 44 a 56 anos □De 57 a 69anos
4. Estado civil: □ Solteiro □ Casado □ Viúvo □ Outro:
5. Profissão:
6. Qual a sua renda familiar?
□ Até R$ 600,00 □ De R$ 601,00 a R$ 1200,00
□ De R$ 1201,00 a R$ 1800,00
□ De R$ 1801,00 a R$ 2400,00
□ Acima de R$ 2400,00
□ Não sabe / NR
7. Qual o seu gasto médio / diário nesta cidade? (incluindo hospedagem, alimentação e passeios)
□ Até R$ 100,00 □ De R$ 101,00 a R$ 200,00
□ De R$ 201,00 a R$ 300,00
□ De R$ 301,00 a R$ 400,00
□ Acima de R$ 400,00
8. Você conhece a Serra de São José? □ Sim □ Não
9. Já fez algum passeio na Serra? Sim □ Não (pular para a questão 10)
9.1 Quando realizou este passeio, recebeu instruções específicas?
□ Sim. Quais? □ Não
9.2 Que atividades realizou?
10. Você tem conhecimento que a Serra de São José é uma área de proteção ambiental - APA?
□ Sim □ Não
11. Quais seriam em sua opinião, os cuidados relativos ao turismo em uma APA?
12. O que te atraiu para visitar a cidade?
□ Natureza □ História e cultura □ Gastronomia □ Outro:
13.Onde ficou hospedado em Tiradentes? □ Dentro da APA □ Fora da APA □ Não se hospedou
14. Como você se sente em relação à expectativa de sua visita a esta cidade?
□ Muito Satisfeito □ Satisfeito □ Decepcionado □ Não sabe / NR
Data:___/___/2007. Local: __________________ Entrevistador: _______________