turismo geo cientifico

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A crescente expansão urbana das metrópoles tem gerado graves desequilíbriosambientais que afetam a qualidade de vida da população.

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  • Ministrio de Minas e Energia

    Secretaria de Minas e Metalurgia

    Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais

    Programa de Informaes para Gesto e Administrao Territorial

    Alexis StepanenkoMinistro de Estado

    areno Augusto dos SantosSecretrio de Minas e Metalurgia

    Garfos Oit BerbertPresidente da CPRM

    Hermes Augusto Verner IndaDiretor de Geologia e Recursos Hdricos

    Antonio Juarez Milmann MaltinsDiretor de Recursos Minerais

    Augusto Wagner Padilha MartinsDiretor de Administrao e Finanas

    Gil Pereira de Souza AzevedoDiretor de Relaes Comerciais

    Isaac Ber BorenszteinSuperintendente de Planejamento,Informtica e Mtodos

    Giuseppina Giaquinto de ArajoSuperintendente de Apoio eDesenvolvimento Tecnolgico

    Helion Frana MoreiraCoordenador Nacional do Programa GA TE

    Joo de Castro MascarenhasSuperintendente ReQional de Recife

  • Equipe Tcnica

    Marinho Alves da Silva FilhoGerente de Recursos Minerais

    Equipe ExecutoraSrgio Monthezuma Santoianni Guerra

    Supervisar de Projetos Anadir Gardozo da GostaHortencia Maria Barboza de Assis

    Jorge Fortunato de Miranda

    Luiz Garlos de Souza Jnior

    Onofre Leal

    Paulo Roberto Siqueira de Assuno

    Pedra Augusto dos Santos Pfaltzgraff

    Jos Pessoa Veiga JniorChefe do Projeto

    Luciano Tenrio de MacdoServio de Edio Regional

  • APRESENTAO

    A crescente expanso urbana das metrpoles tem gerado graves desequilbriosambientais que afetam a qualidade de vida da populao.

    So problemas de abastecimento de gua, poluio, salinizao de aqiJeros,enchentes, escorregamentos de encostas, assentamento de lixes, todosdemandando para sua soluo o conhecimento adequado das caractersticas domeio fisico.

    A experincia da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais., CPRM emlevantamentos geolgicos bsicos, pesquisa mineral e estudos de recursoshdricos, alm de sua transformao em Servio Geolgico Nacional, levou-a atomar a si a responsabilidade da criao e conduo do Programa de Gesto eAdministrao Territorial- GATE, executado sempre em regime de cooperaocom organismos de planejamento regionais, estaduais ou municipais.

    A cidade do Recife padece dos problemas mencionados, e por isso a CP RM estdesenvolvendo, em convnio com a Fundao de Desenvolvimento da RegioMetropolitana do Recife - FIDEM, estudos bsicos para caracterizao do MeioFsico com afinalidade de diagnosticar e subsidiar os rgos de governo eplanejadores de espaos geogrficos.

    Os resultados desses estudos esto consubstanciados em relatrios tcnicos, cominformaes, diagnoses e propostas relacionadas temtica do desenvolvimentourbano.

    A presente publicao aborda as oportunidades que o meio natural, em torno doRecife, fornece aos empreendimentos tursticos.

    Marinhn Alve.~ da .~ilva Filhn

  • SUMRIO

    7Prlogo. .

    Introduo 7

    8Histria GeolgicaRegistros da Histria que ficaram na Regio Metropolitana do Recife 8Roteiro Turstico Geocientfico. . . 12Uma Viagem Pelo Cretceo - H 100 milhes de Anos. . . . . .

    . . . . . . . . . . . . . . . . 12

    O Riftdo Cabo ...12Falhamento . . 14Vulcanismo 14Plutonismo . . . 14

    Uma Viagem Pelo Quatemrio - H 2 milhes de Anos at o Recente 1617Recifes ;

    Recifes de ArenitoRecifes Algais . .

    ..18. . . . .

    Mangues.Bi~liografia

  • Projeto SINGRE

    PRLOGO Esses stios mostram a histria da separao doscontinentes americano e africano e testemunham,atravs das rochas, os cataclismos associados. Algunsdeles so nicos no territrio brasileiro e refletemepisdios ssmicos acompanhados de vulcanismo.

    Uma das diretrizes governamentais para odesenvolvimento do Estado de Pernambuco consistena explorao do turismo, especialmente na RegioMetroDolitana do Recife.

    Quarenta por cento da regio formada por rochascom mais de dois bilhes de anos, que constituem osubstrato denominado de embasamento cristalino. Orestante so rochas sedimentares, depositadas entre oCretceo (perodo geolgico situado entre 65 e 141milhes de anos) e o Quaternrio recente, de idadeatual.

    So inmeras as paisagens que despertam o interesseturstico, tanto pela beleza cnica como pela facilidadede acesso e condies climticas, onde a constantepresena do sol, na maior parte do ano, atrai turistas detodo o mundo. Entretanto, o potencial da regio no serestringe apenas ao uso da paisagem para fins de lazer.A regio tambm privilegiada em feies geolgicasque contam a histria do meio fsico, possibilitando aanlise da dinmica do meio ambiente, a qual reflete acomplexa interao atmosfera-hidrosfera-litosfera-biosfera-Homem.

    o conjunto de rochas sedimentares origina a baciasedimentar denominada de Bacia CosteiraPernambuco-Paraba. Com base na composiolitolgica e elementos estruturais, os pesquisadoresdividiram essa bacia em cinco sub-bacias separadaspor falhamentos na camada mais superior da Terra, aCrosta. Duas dessas, a Sub-bacia Cabo e a Sub-baciaOlinda, esto separadas por uma grande falha, oLineamento Pernambuco 1 e ocupam quase toda aRegio Metropolitana do Recife.

    No obstante a importncia do conhecimentogeolgico para estabelecer diretrizes racionais demelhor utilizao do territrio e dos recursos naturais,as Cincias da Terra, atualmente, constituem fontes deinteresse para turistas de faixas etrias diversas. Sejapor mera curiosidade natural do Homem em desvendaros mistrios da natureza, ou por vontade de aprimoraros conhecimentos cientficos, os visitantes podem seinteressar por um roteiro que comente o ambientegeolgico. Um roteiro turstico de tal natureza,psiciona o indivduo no espao e proporciona umaviagem no tempo, levando-o ao passado longnquo, hmilhes de anos, onde ocorreram transformaes naTerra que o Homem no ac,ompanhou, pois s apare-ceu muito recentemente, dentro da histria geolgica.

    Associados aos registros da histria geolgica maisantiga encontram-se outras paisagens que refletem ahistria mais recente da regio, algumas ainda intactase exuberantes, como os mangues a sul do Recife,habitat de vrias espcies e local de acasalamento ereproduo; como tambm os recifes ou arrecifes, quederam nome capital pernambucana e definem amorfologia do nosso litoral, onde se alternam enseadase pontais.

    INTRODUO

    A incorporao de stios e paisagens aos roteirostursticos poder acarretar sua preservao,protegendo-os da ao antrpica e das intempries quetendem a destru-Ios.

    A Regio Metropolitana do Recife formada por trezemunicpios, com uma rea de aproximadamente2.745 km2.

    Esses roteiros interessam a cientistas que em turismopodero acompanhar e comparar os registros daseparao dos continentes, assim como a estudantes eviajantes que de forma didtica, tero oportunidade de,in loco, conhecerem parte da histria geolgica epaleogeogrfica da regio.

    Alguns stios e paisagens dessa regio so passveis deserem utilizados corno atrao turstica, podendointegrar roteiros tursticos geocientficos ou educativos.

    At hoje ativo e foco de pequenos tremores de terra

  • Projeto SINGRE

    HISTRIA GEOLGICA formada pelos esforos distensivos na camada maissuperficial do Planeta, a Crosta.

    o incioA ruptura final dos continentes se realizou entre onordeste brasileiro e a regio da Nigria-Gabo, nafrica, com registros na histria da RegioMetropolitana do Recife (Figuras 2a e 2b).

    Tudo comeou a partir das observaes que o cientistaWegener, em 1912, apresentou como hiptese para aTeoria de Gondwana, segundo a qual os continentesdo hemisfrio sul formavam uma imensa massacontinental nica. no oassado.

    REGISTROS DA HISTRIA QUE FICARAMNA REGIO METROPOLITANA DO RECIFEA Regio Metropolitana do Recife contm uma grandevariedade de formas de relevo e de rochas, esparsaspeas de um quebra cabea que conta a histria daevoluo da Terra, mais precisamente da separaodos continentes do Hemisfrio Sul.

    A fragmentao deste mega continente denominado deGondwana, teve incio no perodo Jurssico Superior eculminou no Cretceo Inferior, h erca de 100milhes de anos. Com a quebra do Continentesurgiram duas placas, a Placa Sul Americana e a PlacaAfricana que se movimentaram, lentamente, emsentidos opostos, distanciando-se alguns centmetrospor ano (Figura 1). medida em que se abriam de sulpara norte, provocaram fenmenos de vulcanismo eterremotos, formando-se as bacias sedimentares, queso depresses onde se acumulam sedimentos erodidos.

    As feies atualmente presentes so produtos deprocessos geolgicos como vulcanismos, falhamentose terremotos que ocorreram h milhes de anos, sendomodeladas pelas variaes climticas, pela ao dosrios, do vento e do mar.A separao das placas se deu a partir do movimento

    de rotao horria do Continente Sul Americano emrelao ao Africano, ~rando uma depresso alongadade direo norte-sul, limitada por falhas paralelas,

    Dentro da regio so encontradas bacias sedimentare'separadas por uma grande falha, o Lineamento

    H 200 milhes de anos H 180 milhes de anos H 135 milhes de anosFinal do Jurssico

    SUL

    H 65 milhes de anosFinal do Cretceo

    HOJE

    Figura 1 - Evoluo dos continentes

  • Projeto SINGRE

    Pemarnbuco, que corta o Estado do serto ao litoral edivide a regio na Sub-bacia do Cabo, a sul da cidadedo Recife, e na Sub-bacia de Olinda, a norte (Figura 3).

    A bacia a sul do lineamento do tipo rift, fornladapela movimentao vertical de blocos falhados(Figura 4). Os gelogos consideram esta bacia como oestgio inicial da abertura do Oceano Atlntico atravsde fraturamento, quando da separao da frica.Portanto, foi a primeira bacia a se fornlar, alojando ossedimentos mais antigos. Trata-se de uma baciaprofunda, com aproximadamente 3000 metros deespessura de sedimentos. As rochas sopreferencialmente de composio terrgena,2sendo que a principal delas, o conglomerado,consiste de fragmentos de seixos de minerais'ou rochas mais antigas do embasamento

    "-

    cristalino, associado a estruturas de grandesafundamentos (Foto 1). Aloja-se ao p das escarpas .defalhas, fornlando afcies sedimentar proximal dabacia.

    Figura 2a - Regio Metropolitana do Recife - Norte

    Os esforos geraram falhas profundas queatingiram as camadas inferiores da Terra, servindode caminho para a extruso do magma ecristalizao de rochas vulcnicas variadas, comidades entre 90 e 114 milhes de anos.

    A bacia a norte do lineamento representa osegundo estgio da separao dos continentes. Ossedimentos a depositaram-se num ambiente demar aberto ou sem i-aberto, sem atuao deesforos distensivos e, portanto, sem falhasimportantes nem vulcanismos, ao contrrio dabacia a sul. Sucederam-se eventos de avano erecuo do mar (transgresso e regresso), quepodem ser testemunhados pela composiopredominantemente carbontica das rochas, compresena de fsseis marinhos e at depsitos defosfato, indicando ressurgncia de guas friasprofundas, sobre uma rea de profundidadereduzida.

    Figura 2b - Regio Metropolitana do Recife - Sul

    2 Material predominantemente arenoso de origem continental

  • Projeto SINGRE

    Figura 3 - Sub-bacias Cabo e Olinda

    perodo em que o Homem j existia. Algumas feiesmais recentes, como tambm as mais antigas,encontram-se muito bem preservadas em pontos defcil acesso, que podem ser aproveitados dentro deroteiros tursticos que contam a histria geolgica da

    Recobrindo o material mais antigo dessas bacias,agora sob condies de clima semi-rido,depositaram-se sedimentos mais jovens, da chamadaFormao Barreiras, cuja idade se situa entre o fim doTercirio e incio do Quatemrio, h cerca de setemilhes de anos. Esses sedimentos registramoscilaes climticas, associadas a uma fase regressivado mar que, no seu recuo, reorganizou o modelado detodo o material pr-existente. O relevo nasproximidades da costa passa a apresentar algunsmorros aplainados no topo, conhecidos comotabuleiros, com altitudes inferiores a 100 metros, que,devido ao clima mido atual, encontram-seacentuadamente dissecados, desenvolvendo formaserosivas, chamadas de vossorocas (Foto 2).

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    ~

    -FI-

    Diques vulcnicos

    Aps a deposio desses sedimentos, novas variaesclimticas marcam o perodo das glaciaesquatemrias, modelando a paisagem nos ltimos doismilhes de anos e originando sedimentos mais jovens.Em geral, estes sedimentos formaram-se a partir dasflutuaes do nvel do mar, nos perodos de mxima emnima transgresso. O mar, ao retomar, deposita oscordes de areia, atualmente encontrados numa alturade dois a oito metros acima do nvel do mar,longitudinais praia, conhecidos como terraosmarinhos (Foto 3). Ao retomar, o mar tambm modelalagunas, esturios, restingas, pntanos, mangues erecifes, feies estas relquias da histria da: evoluoda Terra na Regio Metropolitana do Recife, num

    r-:l Conglomerado~ polimltico do Cabor+-;1 ~"'u=.",.,'l!..:J cristalino

    Y Falhamento~

    Figura 4 - Esboo tectnico do Rift do Cabo

  • Projeto SINGRE

    Foto 1Rocha depositada nas escarpas

    de falha do Rift do Cabo,chamada de Conglomerado.

    Rodovia PE-60 - Municpio do Cabo

    Foto 2Sedimentos terclrlos, em forma de tabuleiros, sofrendovossorocamento. Prximo a Pedra do Anel, em Forno daCal - Municpio de Itamarac

  • Projeto SINGRE

    regio, proporcionando uma viagem do passado aopresente.

    ROTEIRO TURSTICO GEOCIENTFICO

    Os registros da evoluo paleogeogrfica da regioencontram-se bem marcados, principalmente nosperodos Quatemrio e Cretceo (Quadro 1). DoTercirio tem-se, apenas, sedimentos'que representamum ponto marcante dentro da histria geolgica, masno guardam feies que constituam atrativostursticos.

    Figura 5 - Modelo de formao de rifts(modificado de Wilson, 1989)

    QUADRO 1 - PRINCiPAIS EVENTOS QUE MARCAMA HISTRIA DA REGIO METROPOLITANA DO RECIFE blocos rochosos, gerando desnveis entre duas ou mais

    pores da superfcie terrestre.

    As estruturas de um rift so originadas por processosgeolgicos, subdivididos em duas grandes etapas, a deintumescimento da crosta e a etapa do riftpropriamente dito.

    A primeira etapa representa o estgio caracterizadopelo soerguimento da crosta terrestre. Na segundaetapa rompe-se a crosta, com a consequentepenetrao da gua do mar e a deposio desedimentos marinhos. Na medida em que as falhas semovimentam, ocorre a frico entre as rochas, com agerao de terremotos. Quando essas falhas alcanamgrandes profundidades, mantendo a coneco entre asuperfcie (Figura 6) e o interior da Terra, servem decaminho para o magma que, em superfcie,solidifica-se como rocha vulcnica.

    ~ ...Uma Viagem pelo Cretaceo - Ha 100Milhes de Anos

    Ao Perodo Cretceo da Era Mesozica atribuem-se osfenmenos de cataclismos associados a deriva doscontinentes e nele ocorreu o desaparecimento dosdinossauros.

    A separao dos continentes Africano e Sulamericanopassou p.or esses estgios como ocorre atualmente nafrica, no denominado Sistema de Rift do LesteAfricano (Figura 7).o Rift do Cabo

    A forn1ao de bacias do tipo rift est associada aanomalias e distrbios na poro interior da Terradenominada de manto. Tais anomalias provocamintumescimento (Figura 5), com gerao de esforosdistensivos e a consequente quebra da camada superiorda Terra. a Crosta.

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    Os rifts podem ser conceituados como feiesgeolgicas delimitadas por falhas, ao longo das quaisocorrem deslocamentos laterais e/ou verticais de

    ,

    vulcnica

    Figura 6 - Perfil do Rift do Cabo

  • Projeto SINGRE

    poca da separao j existia um lago ou um golfoestreito que evoluiu at atingir um estgio de oceanoaberto atravs da deriva dos continentes (Figura 8).

    possvel verificar esses estgios evolutivos de golfono Mar Vermelho, que continua a se expandir e, oestgio ocenico em direo ao Golfo de Aden eOceano Indico (Figura 7).A morfologia pretrita dos rifts, as junes e braosque se expandem em bacias ocenicas e braos queinterrompem seu desenvolvimento, fica impressa nasrochas geradas no processo de formao.

    Isso pode ser observado no Rift do Cabo, na RegioMetropolitana do Recife onde, ao p das escarpas,depositaram-se conglomerados (sedimentos degranulometria grossa). J nos ambientes de lago ou

    Figura 8 - Rift das bordas do continentes Americano eAfricano (modificado de Windley, 1986)

    golfo estreito depositaram-se sedimentos mais finoscomo areias, argilas e at calcrios, quando diminuiu aenergia reinante no meio pela cessao dos episdiosvulcnicos e movimento das falhas.

    A morfologia dos rifts que se bifurcam com braos queevoluem a oceanos e braos que, s vezes, no seexpandem, por pouco no modificou o modelado departe do nordeste brasileiro entre Salvador e Recife. Apartir da cidade do Salvador ocorreu a bifurcao dogrande rift costeiro do qual o Rift do Cabo parte. Obrao com direo norte, atualmente ocupado pelasrochas da bacia de Tucano e Jatob (Figura 9) noevoluiu. Caso tivesse evoluido, parte dos estados daBahia e Pernambuco, entre Salvador e Recife,incluindo os estados de Sergipe e Alagoas, constituiriauma ilha. Hoje, ento, teramos uma ilha que estariapara a Amrica do Sul do mesmo modo queMadagascar est para a frica.

    ~

    {l-lalho' V;K;,",;NYFigura 7 - Sistema de Rift do Leste Africano

    (modificado de Wilson, 1989)

  • Projeto SINGRE

    40' 38. 36" bacia de rift, provocou a fragmentao das rochasantigas do embasamento cristalino e o que se tem hojeso os chamados conglomerados polimticos.

    Vulcanismo

    Rochas Vulcnicas

    Quem pensa que no existiram vulces no Brasil ficasurpreso ao contactar com as mais diversificadasocorrncias de erupes vulcnicas distribuidas aolongo da rodovia PE-60 e adjacncias, aflorandotambm na regio litornea, sob a forma de derrames,diques (Figura lO) e chamins de composio qumica

    \.\

    Figura 10 - Esboo de um dique e derrame vulcnico

    variada, desde rochas vulcnicas bsicas (basalto eandesito - rochas ricas em minerais ferromagnesianos),at cidas (riolitos - com maior quantidade de slica) eintermedirias como os traquitos.

    Figura 9 - Modelo hipottico mostrando rift abortado eevoluido e a natimorta ilha do Nordeste Oriental

    (modificado de Magnavita, 1992)Os diques ocorrem em vrios locais. Notvel aqueleque surge logo aps a cidade do Cabo, ao longo darodovia PE-60 e se constitui num alimentador doderrame vulcnico (Foto 5 e Figura 10). .Em busca das Evidncias

    Falhamento

    Conglomerado Polimtico do Cabo

    o roteiro inicia-se com uma visita s rochas da bordada bacia sedimentar do Cabo.

    Alojado na base de escarpas de falhas ao longo darodovia PE':60, nas proximidades da cidade do Cabo,ocorre um conjunto de rochas sedimentares que exibearranjos de seixos e blocos com at 2 metros dedimetro e de composio variada (Foto 4). Essasrochas tm sua origem ligada reativao de falhasantigas, paralelas costa, formadas quando daseparao das placas Sulamericana e Africana. Esteconjunto de falhas originou a Sub-bacia do Cabo emforma de rift. O movimento dos blocos que formam a

    Foto 4 - Rocha do rift, formada por seixos do embasa-mento cristalino chamada Conglomerado Polimtico do

    Cabo. Rodovia PE-60 - Municpio do Cabo

  • Projeto SINGRE

    Vale salientar que aglomerados vulcnicos soexplorados na cidade de Ipojuca. Aps modo~ somisturados a calcrio e argila para a fabricao decimento pozolnico, cuja propriedade de aumentaraqualidade do concreto,melhorando sua resistncia aoataque de cidos e solues salinas.

    Derrame Vulcnico

    Sob forma de derrame, na Praia de Itapoama, existembelas ocorrncias de traquitos. Os fenocristais defeldspato alcalino e as estruturas amigdaloidais evesiculares, resultados da expulso dos gases'vulcnicos, tornam estas ocorrncias de gr~deinteresse didtico e de uma beleza singular:'As rochasatapetam a praia e servem de substrato para aformao dos recifes de arenito mais recentes. Naquebra das ondas, fragmentos de seixos vulcnicosincorporam-se s areias da praia e s limonitas,4originando rochasconglomerticas de seixos deorigem vulcnica, cimentados por carbonato de clcio,que chamam a ateno pela sua particularidade.

    NECK - Chamin de Vulco ExtintoFoto 5 - Dique vulcnico cortando o ConglomeradoPolimtico do Cabo. Rodovia PE-60 -

    Municpio do Cabo Os riolitos no se restringem s ocorrncias anteriores.A leste da Usina Ipojuca, belas estruturas de disjunocolunar do forma a um neck, ou chamin~ de umvulco extinto, com aproximadamente 30 metros dealtura (Foto 6). Mesmo apresentando zonasintemperizadas (alteradas pelas guas e pelo calor),guardam as caractersticas da rocha fresca, com texturaafantica a porfirtica bem preservada.

    Vrios centros de extravasamento desse derramepodem ser vistos e bem caracterizados pelo solomarrom avermelhado das encostas da rodovia,produtos de alterao das rochas vulcnicas,principalmente basaltos. Destacam-se os afloramentosexistentes logo aps a entrada que leva ao EngenhoPitimbu.

    Ilha Vulcnica

    3

    Embora menos frequen.tes, merecem destaque osriolitos e as bombas de riolito, de at 40 cm dedimetro"que ocorrem em meio aos tufos vulcnicos.So didticos testemunhos de exploses eextravasamento de lavas cidas, devidas resistnciaapresentada pelas paredes da rocha encaixante e suanatureza pouco viscosa.

    Outra ocorrncia a Ilha de Sa(lto Aleixo noMunicpio de Sirinham, a aproximadamente doisquilmetros da costa. uma ilha vulcnica com cercade 450.000 m2 de rea, de composio rioltica.Representa um dos mais importantes testemunhos daserupes vuJcnicas do Cretceo(Foto 7).

    Rochas fragmentadas, formadas a partir de vulcanismo explosivo

    MinAr:l1 dA fArrn hidratado

  • Projeto SINGRE

    Plutonismo

    Intruso Grantica

    o roteiro pelo Cretceo encerra-se sobre o stockgrantico do Cabo de Santo Agostinho; um morrote deamplitude aproximada de 60 metros, de onde se podeadmirar uma das mais bonitas paisagens naturais daregio (Foto 8). Localiza-se nas margens das trs maisvisitadas praias do litoral sul pemambucano: Gaibu,Suape e Calhetas. Representa a intruso de uma rochacristalizada em profundidade e que hoje aflora superfcie. O processo tectnico de alamento docorpo grantico foi responsvel pela eroso decentenas de metros de sedimentos que recobriam ogranito.

    o granito do Cabo de Santo Agostinho tem cerca dequatro quilmetros quadrados e uma idade de 100milhes de anos, sendo formado por uma rochadenominada de lcali-feldspato-granito, de mesmacomposio e idade das rochas da Nigria, na frica. a nica intruso grantica com essa idade no Brasil.Foto 6 - Neck - Chamin de vulco extinto localizado naUsina Ipojuca - Municpio de Ipojuca

    Uma Viagem pelo Quaternrio - H 2Milhes de Anos at o Recente

    o Perodo Quaternrio contm os depsitos formadosdurante os perodos glaciais que se alternaram,deixando como registro rochas formadas desde doismilhes de anos at os dias atuais.

    Foto 8 - Intruso Magmtica. Granito do Cabo de SantoAgostinho - Municpio do Cabo

  • Projeto SINGRE

    A Regio Metropolitana do Recife privilegiada econtm uma grande variedade de feies quatemrias,destacando-se como pontos de atrao turstica osrecifes, os mangues e as feies erosionais queformam uma paisagem suigeneris.

    aproximadamente 4.800 anos (Holoceno). Os recifesesto associados ltima regresso marinha.

    Cientistas apontam a origem dessas rochas comosendo antigas praias fossilizadas, onde a variaoclimtica, associada ao recuo do mar, fez com queevaporasse a gua dos interstcios dos gros de areia,deixando precipitados os carbonatos de magnsio eclcio contidos na gua, que agregaram os fragmentosde conchas e de minerais. formando a rocha.

    Recifes

    So de dois tipos: os recifes de arenito e os recifesalgais, existindo um terceiro tipo, os de corais, que socorrem em reas submersas da nossa costa.

    Recifes de Arenito

    Os recifes de arenito foram descritos pelo naturalistaingls Charles Darwin-em 1841. Antes pensavamtratar-se de recifes de corais. Ocorrem ao longo detodo o litoral da Regio Metropolitana do Recife. Asmelhores ocorrncias encontram-se na Praia de BoaViagem, no Municpio do Recife e na Praia do TocoGrande, no Municpio de Ipojuca (Foto 9).Correspondem a uma ou mais faixas, usualmenteparalelas praia, com largura oscilando em tomo de25 metros a 60 metros e espessura de at 5 metros. Soareias cimentadas por carbonato de clcio e magnsio,com 70% a 80% de minerais de quartzo e feldspato(siliciclsticos) e fragmentos de conchas e algas(bioclastos). Os 20% a 30% restantes so formados porcimento carbontico.(Foto 10). A idade mdia de

    Foto 10 - Fotomicrografia do Recife de Arenito,mostrando os gros de quartzo e fsseis cimentados

    por carbonato de clcio e magnsio

    Foto 9 - Recifes de Arenitona Praia do Toco Grande

    - Municpio de Ipojuca

  • Projeto SINGRE

    Recifes AlgaisOs recifes de arenito so de grande interesse tursticopela beleza que proporcionam ao litoral, importantespara o sistema ecolgico, onde fauna e flora coexistemem equilbrio e tambm so responsveis pelaconteno da energia das ondas, protegendo a costa daeroso e propiciando aos banhistas reas mais seguraspara o banho de mar. A praia da Gamba, aindavirgem e situada a norte do Pontal do Cupe, contmum belo exemplo de recife de arenito que forma umalaguna entre o recife e a praia.

    Os recifes algaisexibem urna origem completamentediferente. Ao contrrio dos recifes de arenito, semprelineares, tm formas irregulares e com muitascavidades. So tambm rochas sedimentares, do tipocarbontica bioconstruida, o que quer dizer urnaorigem biolgica, formada por algas, em geral, dognero Lithothamniun, da famlia Coralincea que, aomorrerem, originaram estes bancos calcrios5(Foto 11). As melhores ocorrncias encontram-se a suldo Recife, no Municpio de Ipojuca, nas praias dePorto de Galinhas (Foto 12), Cupe, em Ponta deSerrambi e na desembocadura do Rio Maracape.Nesta ltima rea formam-se bancos com espessuramdia de quatro metros, parcialmente emersos noperodo de mar baixa.

    Tambm so responsveis pelo modelado das praias,com o desenllolvimento de pontais, entre estes asenseadas, bem exemplificados nas praias de Cupe,Maracape e Port de Galinhas.

    Aqui concentram-se fauna e flora riqussimas queatraem a ateno de turistas que apreciam mergulhosubmarino, alm de formarem piscinas naturaisapreciadas pelos banhistas que podem associar abeleza cnica e o lazer ao estudo ecolgico e cientfico.

    Foto 11 - Recifes Algais.Ponta de Serrambi -Municpio de Ipojuca

    Foto 12 - Vista area daspiscinas naturais formadas

    pelos recifes algais emPorto de Galinhas -

    Municpio de Ipojuca

    5 Rocha formada por carbonato de clcio e magnsio

  • Projeto SINGRE

    Mangues carreados pela chuva e provenientes dosdesmatamentos. Alm da funo protetora, os solosdos mangues, ricos em nutrientes, servem de alimentopara camares e larvas de peixes quando arrastadaspelas mars. A floresta de manguezais, nas margens derios, convite ao turismo e a Regio Metropolitana doRecife dispe de um acervo inigualvel, seja a norte dacidade do Recife, s margens do Canal de Santa Cruz,nos municpios de Itamarac/ltapissuma, ou a Sul,bordejando os rios Sirinham e Guadalupe, noMunicpio de Ipojuca. Aqui, o manguezal deGuadalupe um dos maiores do Estado, circundadopor feies de diferentes perodos da histriageolgica. A beleza da regio, integrada s formaesgeolgicas, oferece perspectivas de roteiros parafmalidades as mais diversas. Para os amantes da faunae da flora dos mangues, existe a opo de um passeionutico, percorrendo o Rio dos Passos e o RioFormoso. Junto s margens desses e outros rios eriachos, este significativo acervo ecolgico pode seradmirado e estudado.

    Nos seus 187 km de litoral, o Estado de Pemambuco uma regio propcia ao desenvolvimento dosmanguezais, vegetao tpica das regies tropicais e decostas baixas (Foto 13). Sendo de ambiente anfbio, osmangues localizam-se na interface terra-mar ondecoexistem, de forma integrada, componentes vegetaise animais altamente adaptados s condies especiaisdo ambiente. Os mangues apresentam uma ricavariedade de espcies vegetais e animais, diretamenterelacionada s contnuas flutuaes das mars. Emborasejam ambientes frgeis, que sofrem danos oriundosda variao de salinidade e ao direta das ondas,desempenham o papel de protetores da zona litorneae das guas costeiras. Ao proteger o continente, atuamcomo filtros naturais de poluentes ou contra asenchentes das reas ribeirinhas dos rios. Na defesa dasguas marinhas, funcionam como barreiras, retendo,atravs de razes areas chamadas pneumatforos, ossedimentos de solo que seriam despejados no mar,

    Foto 13 - Razes areas dos manguezais em Maracape.Municpio de Ipojuca

  • Projeto SINGRE

    Bibliografia MAGNAVITA, L. P. Geometry andkinematics oftheReconcavo-Tucano-Jatob Rift, NE Brazil. Oxford,1992. 492p. il. Tese (Doutorado) - University ofOxford, 1992. p.25: Fig.28: The structural domainsexposed around the Reconcavo- Tucano-Jatob Rift.

    ASSIS, H. M. B.de Estudo dos beach rocks do litoral sulde Pernambuco com base em evidnciaspetrogrficas e isotpicas. Recife, 1990. 91p.Dissertao (Mestradp em Geologia Sedimentar) -Centro de Tecnologia, Universidade Federal de.Pernambuco.1990.

    ROCHA, D. E. G. A. da Programa LeyantamentosGeolgicos Bsicos do Brasil: carta geolgica, cartametalogentica/previsional- Escala 1:100.000 (folhaSC.25- V -A-li. Vitria de Santo Anto). Estado dePernambuco. Braslia: DNPM/CPRM, 1990. 112p. il.2 mapas (in bolso).29,5 cm.

    CONDIE, K. C. (ed)Plate tectonics & crustalevolution.United States of America: Pergamon Press, 1976.285p.

    DARWIN, C. R. On a remarkable bar of sandstone ofPernambuco on the coast ofBrazil. Philos Mg e JSci.,London, v.19, p.257-261, 1841 apud: ASSIS, H. M.B.de Estudo dos beach rocks do litoral sul dePernambuco com base em evidncias petrogrficas eisotpicas. Recife, 1990. Dissertao (Mestrado emGeologia Sedimentar) - Centro de Tecnologia,Universidade Federal de Pernambuco, 1990.

    WEGENER, A. Die endtstehung der kontinent. Geo/.Rund., n.3, p.276-292, 1912 apud CONDIE, K. C.Ced.) P1ate tectonics & crustaI evolutiolJ. UnitedStates of America: Pergamon Press, 1976. 285p.

    WILSON, M. Igneous petrogenesis: a global tectonicapproach. London: Unwin Hyman, 1989. 466p.

    WINDLEY, B. F. The evolving continents. 23 ed,Chicester: John Wiley & Sons, 1986. 399p.MABESOONE, J. M., ALHEIROS, M.M. Origem da

    Bacia Sedimentar Costeira Pernambuco-Paraba.Rev. Bras. Geoc., v.18, n.4, p.476-482, dez. 1988.

  • CapaAutoridadesSegunda CapaEquipe TcnicaApresentaoSumrioPrlogoIntroduoHistria GeolgicaRegistros da Histria que Ficaram na RMRFigura 2aFigura 2bFigura 3Figura 4Fotos 1,2 e 3

    Roteiro Turstico GeocientficoQuadro 1Figura 5Figura 6Figura 7Figura 8Figura 9Figura 10Foto 4Foto 5Foto 6Foto 7Foto 8Foto 9Foto 10Foto 11Foto 12Foto 13

    BibliografiaContra Capa