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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS GRADUAÇÃO “LATO SENSO”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
TUTELA JURÍDICA DOS MANGUEZAIS
THIAGO LOURENÇO TORRES
Rio de Janeiro
2008
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS GRADUAÇÃO “LATO SENSO”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
Orientador
Professor Francisco Carrera
THIAGO LOURENÇO TORRES
APRESENTAÇÃO DE MONOGRAFIA Á
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
COMO CONDIÇÃO PRÉVIA PARA
CONCLUSÃO DO CURSO DE PÓS
GRADUAÇÃO “LATO SENSO” EM
DIREITO AMBIENTAL.
Rio de Janeiro
2008
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AGRADECIMENTO
A Deus por guiar meus passos e permitir mais
esta vitória; aos meus pais por me amar e
incentivar; aos meus queridos irmãos; e aos
amigos que de alguma maneira me ajudaram
nesta jornada, o meu carinho e agradecimento.
4
DEDICATÓRIA
"Se não podeis trabalhar com alegria, tão somente com irritação e desgosto, melhor seria
que abandonásseis vosso trabalho e vos sentásseis à porta do templo a solicitar esmolas
dos que trabalham com alegria”.
(Khalil Gibran)
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SUMÁRIO: 1 – Introdução e Objetivo 2 – Capítulo 1 - Compreendendo o Manguezal .................................................. 08 1.1 - Histórico de um manguezal .................................................. 08 1.2 - Distribuição e origem ........................................................... 08 1.3 - Característica do ambiente ................................................... 10 1.3.1 – Flora................................................................................ 11 1.3.2 – Fauna .............................................................................. 16 1.3.3 – Aves................................................................................. 17 1.3.4 – Crustáceos........................................................................ 17 1.3.5 – Moluscos......................................................................... 18 1.3.6 – Peixes............................................................................. 20 1.3.7 – Mamíferos........................................................................ 21 1.3.8 – Répteis............................................................................ 21 1.4 – Zonas e Marés .................................................................. 21
1.5–Valor ecológico e sócio-econômico .................................... 22 3 - Capitulo 2 – Origem histórica da formação da colônia Z-10........................... 24 4 - Capitulo 3 – Z–10 sobrevivendo as dificuldades............................................25 5 – Capítulo 4 – Metodologia............................................................................28 6 - Capitulo 5 - Legislação............................................................................... 29 7 - Capitulo 6 – Educação Ambiental................................................................ 37 8 - Capitulo 7 - Conclusão............................................................................... 39 Bibliografia
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1 - Introdução:
O tema proposto neste trabalho serve para a macro reflexão da importância deste
exótico e fabuloso ecossistema que é o manguezal, partindo de uma análise micro
espacial centrada em uma comunidade que está localizada entre uma área de
manguezal com saída para a baía de Guanabara, além de ter parte de sua geografia
serpenteada por um rio cujo o nome é Jequiá, que significa em tupi guarani
armadilha para peixe. Sendo assim a prática deste estudo serve para que nós
possamos corroborar com o esclarecimento de alguns aspectos de subsistência desta
comunidade que resistiu a uma série de mazelas produzidas pelo sistema político,
em função do crescimento desordenado e da carência educacional ambiental dentre
outros problemas.
A colônia de pesca Z-10 notabiliza-se por ser a primeira colônia de pesca
regulamentada no Brasil em 1920, e que hoje conta com uma população de
aproximadamente de 3.000 moradores, que usufrui do previlégio de estar dentro de
um APARU, que são áreas de proteção ambiental e recuperação urbana, criadas pelo
decreto municipal 12.250 de 31 de agosto de 1993.
A APARU do Jequiá possui uma área de 147 há. Nela, além do manguezal também
está protegida uma área remanescente da mata Atlântica conhecida como Morro do
Matoso pertencente a Estação Rádio da Marinha. Nesta mata além de encontrarmos
uma rica fauna e flora encontramos também Sambaquis, que são áreas
arqueológicas compostas pelo acúmulo de conchas deixadas pelas antigas tribos
indígenas que habitavam o litoral do Brasil. No caso da Ilha do Governador, bairro
do município do Rio de Janeiro onde se localiza a referida colônia, os índios que ali
existiam eram conhecidos como temininós.
Outro fator que muito me motivou a desbravar esta comunidade foi o fato de existir
dentro dela um centro de educação ambiental (CEA), cujo a finalidade é propagar a
educação e orientação de cunho ambiental. Diante de todos esses aspectos faz-se
mister informarmos que os agentes estéticos ou culturais também são de grande
relevância para a qualidade de vida e o bem estar social não só da população local
mas como também de toda humanidade, assim como a ocupação humana dotada
de atributos abióticos e bióticos.
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Objetivo:
Levar educação ambiental aos moradores da colônia de pescadores do APARU do
Jequiá, colônia Z-10, a 1ª do Brasil que se localiza na Ilha do Governador.
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1.1– Histórico de um Manguezal:
Desde muita antiguidade existe referências sobre plantas de mangue, através do
relatório do General Nearco, quando acompanhou Alexandre Magno em suas
campanhas do Delta do Indo ao Golfo Pérsico, onde houve vários registros de
enormes arvores com alturas próximas aos 14 metros de altura com flores brancas
que cresciam no mar e troncos suportados por raízes do mangue vermelho.
Oviedo, em 1526, fez a primeira descrição dos manguezais americanos na obra
intitulada História Geral e Natural das Índias, enquanto atribui-se ao historiador
português Gabriel Soares de Souza em seu Trabalho Descritivo do Brasil, impresso
em 1587, uma das referências mais antigas sobre os manguezais brasileiros.
Uma grande definição para entendermos o manguezal é que ele é um ecossistema
costeiro, de transição entre os ambientes marinho e terrestre, característicos de
regiões tropicais e subtropicais, sujeito ao regime das marés. É constituídos de
espécies vegetais lenhosas típicas (angiospermas), além de micro e macroalgas
(criptógamas), adaptadas à flutuação de salinidade e caracterizadas por colonizarem
sedimentos predominantemente lodosos, com baixos teores de oxigênio.
Este local por estarem em áreas costeiras abrigadas apresentando ótimas condições,
para alimentação, proteção e reprodução de muitas espécies animais, considerando
assim um importante transformador de nutrientes em matéria orgânica e gerador de
bens e serviços.
1.2 – Distribuição e origem:
O Brasil possui aproximadamente 25.000 km de manguezais, enquanto no mundo
inteiro existem 162.000 km desse ecossistema.
Os manguezais apresentam maior desenvolvimento na faixa entre os trópicos de
Câncer e de Capricórnio (23º27`N E 23º27`S). Ocasionalmente se estendem até
latitude de aproximadamente 32ºN e 39ºS, quando apresentam menor
desenvolvimento devido ao clima mias rigoroso. O desenvolvimento estrutural
máximo dos manguezais tende a ocorrer próximo à Linha do Equador.
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Na costa Pacífica do continente americano, o limite norte dos manguezais
corresponde a latitude 31º, próximo a Puerto Lobos, no litoral desértico do Estado
de Sonora, no México, enquanto que o limite sul correspondente a 5º30`S, na
desembocadura do Rio Piura, no Peru.
No Atlântico, o limite norte dos manguezais alcança 32º, nas ilhas Bermudas.
No Brasil, desde o Amapá os manguezais são encontrados ao longo de praticamente
todo litoral, margeando estuários, lagunas e enseadas, até Laguna (28º30`S), em
Santa Catarina, limite austral desse ecossistema no Atlântico Sul Ocidental. “De
acordo com Chapman (1975)...”
Para entendermos a origem dos manguezais, saibamos que existe uma teoria que
procura explicar a migração das plantas do manguezal do centro de origem até o
Novo Mundo, sendo o principal fator responsável por esse processo a deriva dos
continentes, que vem ocorrendo desde milhões de anos atrás. Para entendermos
esta teoria precisamos voltar 200 milhões de anos, período quando existia na terra
um único continente chamado Pangea. As angiospermas (vegetais superiores),
ainda não existiam naquela época.
No final do Cretáceo e início do Eoceno (a cerca de 60 milhões de anos), as
angiospermas estavam evoluindo ativamente e é possível que tenham desenvolvidos
plantas com adaptações para tolerar altos níveis de sal. Acreditam-se que os
primeiros vegetais a surgirem foram os Rhizophora Mangle (mangue vermelho) e
Avicennia Schaueriana (siriúba – mangue preto), seus propágulos, ou seja suas
sementes, colonizavam as margens dos continentes e das ilhas, sendo transportadas
pelas correntes marítimas desde seu centro de origem até o ocidente.
Atualmente não são encontrados manguezais na região do mediterrâneo, devido a
mudanças climáticas que ocorrem nos últimos milhões de anos.
A ação do homem também têm alterado a distribuição atual dos manguezais, como
por exemplo, quando plantas de mangues foram introduzidos no Havaí, em Fiji e
ilhas adjacentes, devido ao valor econômico de Rhizophora como fonte de tanino e
como cinturão protetor das linhas de costa contra furações e tsunamis.
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1.3 - Características do ambiente:
Clima: Embora o manguezal seja um ecossistema de clima tropical, também pode
ocorrer em climas temperados, sendo normalmente substituídos por outros
ecossistemas mais adequados às altas latitudes, como as marismas. Quanto a
temperatura e a precipitação pluvial, as condições ideais para desenvolvimento dos
manguezais estão próximos às seguintes:
- temperaturas médias acima de 20ºC;
- média das temperaturas mínimas não inferior a 15ºC;
- amplitude térmica anual menor que 5ºC;
- precipitação pluvial acima de 1.500mm/ano, sem prolongados períodos de seca.
Salinidade: As espécies vegetais de mangue são plantas halófitas, próprias de
ambientes salinos. Essas plantas podem se desenvolver em ambientes livres da
presença de sal, como os bosques, perdendo apenas pela competição com plantas
de crescimentos mais rápido.
Marés: É o principal mecanismo de penetração das águas salinas nos manguezais.
Formando inundações periódicas tornando o substrato favorável a colonização pela
vegetação de mangue, excluindo as plantas ao qual não possuem mecanismo de
adaptação para suportar a presença de sal. A distância máxima de penetração da
água salgada determina o limite do manguezal em direção à terra, que pode atingir
dezenas de quilômetros em direção às montanhas dos grandes rios.
A amplitude de maré determina a renovação das águas superficiais e intersticiais,
levando consigo certa quantidade de oxigênio. Nessa renovação têm um papel
muito importante no transporte, seleção e fixação de propágulos, bem como no
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transporte e distribuição de matéria orgânica particulada e dissolvidas para as
regiões adjacentes.
Substrato: Os substratos dos manguezais, de uma maneira geral, têm muita
matéria orgânica, alto conteúdo de sal, são pouco consistentes e possuem cor cinza
escuro, com exceção dos embasamentos de recifes de coral e ambientes dominados
por areias. A própria cobertura vegetal pode modificar as características do
substrato, devido à maior ou menor contribuição em matéria orgânica. As condições
ambientais, como precipitação, marés, correntes, ondas, aporte de rios, tormentas,
ventos fortes, podem alterar suas características. Como percebemos, o ambiente
abrigado, há dominância de partículas finas associadas a grandes quantidades de
matéria orgânica, de água e sal.
1.3.1 - Flora
O manguezal é composto por plantas lenhosas, comumente chamadas de mangue.
Nesse ambiente também existem espécies herbáceas, epífitas, hemparasitas e
aquáticas típicas. A maioria das angiospermas consideradas como típicas do
manguezal, apresenta reprodução por viviparidade. Esse processo permite que as
sementes permanecem na arvore-mãe até se transformarem em embriões. Essas
estruturas, conhecidas pelo nome de propágulos, acumulam grande quantidade de
reservas nutritivas, permitindo sua sobrevivência enquanto flutuam por longos
períodos de tempo até encontrarem ambiente adequado a sua fixação. (Ver fig. 1 –
de um propágulo).
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Figura 1- propágulo de um Rhizophora Mangle.
O mangue vermelho ou mangue verdadeiro, gênero Rhizophora, é uma árvore de
casca lisa e clara, que ao ser raspada mostra cor vermelha. O sistema radicular do
mangue vermelho é formado por rizóforos que partem do tronco e dos ramos,
formando arcos com aspecto muito característico e, ao atingirem o solo ramificam-se
profusamente permitindo melhor sustentação da planta num sedimento pouco
consolidado. As estruturas reprodutivas ao amadurecerem caem como lanças,
apontadas para baixo, vindo a enterrar-se na lama por ocasião da baixa mar,
quando a mesma cai na alta mar será levada pela maré, até encontrar um lugar para
se fixar onde poderá dar continuidade ao seu desenvolvimento. (Ver figura 1 de
um propágulo e ver figura 2 de uma Rhizophora Mangle).
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Figura 2 – Rhizophora Mangle.
O mangue siriúba, que é do gênero Avicennia, é uma árvore com casca lisa
castanho-claro, que quando raspada mostra cor amarelada. A siriúba tem folhas
esbranquiçadas por baixo devido à presença de minúsculas escamas. O sistema
radicular desse espécie é muito interessante, desenvolve-se horizontalmente, a
poucos centímetros abaixo da superfície do sedimento. Dessas raízes axiais saem
ramificações que crescem eretas (geotropismo negativo), expondo-se ao ar como
autênticos paliteiros, são chamados pneumatóforos. Estes apresentam consistência
esponjosa, e têm função destacada no processo das trocas gasosas entre a planta e
o meio. (Ver figura 3 – pneumatóforos e figura 4 – Avicennia schaueriana).
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Figura 3 pneumatóforo da Avicennia schaueriana
Mangue preto.
Figura 4 – Avicennia schaueriana.
O mangue branco, mangue manso ou tinteira, gênero Laguncularia racemosa,
geralmente é uma pequena árvore, em suas folhas têm pecíolo vermelho com duas
glândulas em sua parte superior, junto à lâmina da folha. Seu sistema radicular
semelhante ao da siriúba, porém menos desenvolvido, tanto em número quanto em
altura dos pneumatóforos. Produz grande quantidade de propágulos, formando
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verdadeiros cachos (racemos) que prendem das partes terminais dos galhos. (Ver
figura 5 – Laguncularia racemosa).
Figura 5 - Laguncularia racemosa
Figura 5 – laguncularia recemosa.
Transição: Nas faixas de transição entre o manguezal e os sistemas de terra firme,
ou em manguezais alterados, podem ocorrer outras espécies vegetais, tais como o
algodoeiro da praia e a samambaia do mangue. O algodoeiro é uma planta muito
usada na arborização de ruas nas cidades litorâneas. A samambaia do mangue ou
avenção, gênero Acrostichum, é uma erva terrestre cujas folhas podem chegar a 2
metros de comprimento.
Algas: As algas que vivem no manguezal são restritas a um pequeno grupo que
abrange espécies unicelulares e macroalgas. As diatomáceas, por exemplo, são
algas microscópicas que dão ao lodo uma cor pardo amarelada. Contribuindo
efetivamente como sintetizadoras de matéria orgânica. Existem também as algas
azuis, alguma podem formar massas escuras no lodo, outras formam tufos eretos
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escuros sobre o lodo, podendo também viver como epífitas sobre outras algas
maiores.
Liquens: Os liquens podem ser observados sobre os troncos, ramos e raízes nos
manguezais. Existem liquens que ficam completamente aderidos ao substrato,
sendo difícil destacá-los, apresentam cor amarelo-vivo, cinza, branco-rosado, sendo
freqüentes sobre o mangue vermelho, podemos observar liquens folhosos,
apresentando uma coloração marrom, cinza-chumbo ou preta, encontrados sobre o
mangue Laguncularia racemosa, os liquens fruticosos ou arbustivos formam
estrutura bem desenvolvida, como a barba de velho, que fica pendurada nos ramos
formando, algumas vezes, verdadeiras cortinas cinza-esverdeadas.
Epífitas: As gravatás ou bromélias, são facilmente reconhecidos por apresentarem
folhas reunidas em rosetas, como se fosse um copo, onde se acumula água das
chuvas. Apresentam um colorido muito variado, podendo aparecer em grande
quantidade sobre os ramos das árvores do mangue. Não podemos esquecer das
bactérias e dos fungos como componentes importantes do manguezal, fazendo
cumprir um grande papel, atuando como agentes decompositores da matéria
orgânica, produzida por todo esse conjunto de produtos primários, os vegetais.
1.3.2 – Fauna: O manguezal é habitado em toda sua extensão por diversos
animais, desde formas microscópicas até grandes peixes, aves, répteis e mamíferos.
Alguns deles, nem sempre exclusivos dos manguezais, ocupam o sedimento ou a
água, outros as raízes e os troncos, chegando até à copa das árvores, espaço
bastante disputado, principalmente no período noturno. A maior parte da fauna do
manguezal vem do ambiente marinho, sendo encontrados, dentre outros, grandes
quantidades de moluscos (ostras, sururus), crustáceos (caranguejos, siris,
camarões) e peixes. Do ambiente terrestre provêm as aves (garças, mergulhões,
gaivotas), répteis (cágados, jacarés), anfíbios (sapos, jias ou rãs), mamíferos
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(morcegos, macacos, guaxinins, capivaras) e, alguns insetos (mosquitos, pólvora,
mutucas, abelhas).
1.3.3 - Aves: As aves são de grande importância para o ecossistema do
manguezal, uma vez que ao revirar o solo em busca de alimentos, remexendo o solo
provocando assim a oxigenação do solo, esse mecanismo se denomina Aeração.
Martim – Pescador: Na sua procura por alimentos, acaba indicando para o
pescador onde há concentração de cardumes de peixes. (ver fig. 6).
Colhereiro: Utilizando o seu bico em forma de colher, ele revira o fundo dos
ambientes aquáticos para se alimentar de pequenos peixes, moluscos e crustáceos.
Quanto mais crustáceos come, mais rosadas ficam suas penas. (Ver fig. 7).
Figura 6 – Martim – Pescador. Figura 7 – Colhereiro.
1.3.4 – Crustáceos: As espécies da carcinofauna distribuíram-se na zona do
lavado, do supralitoral e sobre as árvores. Os caranguejos observados no
manguezal do jequiá (Ilha do Governador- Rj), foram os Uca (Minuca), rapax
(chama-maré), (ver figura 8) Aratus pisonii (marinheiro), Ucides cordatus (uca) e
Cardisoma guanhumi (guaiamum), (ver figura 9).
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Figura 8 – Uca Rapax - Chama-maré.
Figura 9 – Cardisoma Guanhumi – Guaiamum.
1.3.5 - Moluscos: Há várias famílias pertencentes, as duas classes de moluscos
que estão representadas no manguezal são a Gastrópoda e a Pelecypoda, a espécie
mais bem representada na Gastrópoda é a Melampus coffeus, (ver fig.10), ela vive
livremente sobre o solo, pedras, troncos e raízes das árvores, também é conhecida
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como caramujo-do-mangue. Os caramujos muitas que das vezes se encontram
escondidas na lama, ficando assim muito difícil para apreciarmos. Temos também a
Littorina, (ver fig. 11), quase sempre encontrada sobre os troncos de Laguncularia e
Avicennia, sua presença também encontra-se nos meios das algas, lhe servindo de
alimento. Quanto a classe da Pelecypoda nelas mais comumente encontramos os
mariscos, sururus e ostras, seu habitat em quase todo a costa, são espécies
bastante comuns e muito bem apreciadas em nossas culinárias, (ostrea
rhizophorae), (ver fig. 12).
Figura 10 – Melampus coffeus. Figura 11 – Litorina Angulífera.
Figura 12 – Ostrea rhizophora.
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1.3.6 – Peixes: Muitas espécies marinhas entram em águas do estuário que
circundam os mangues para desovar. Os olevinos, e jovens permanecem nessas
águas onde encontram uma alimentação farta, dando segmento a sua ida ao mar
quando já em fase adiantada em seu desenvolvimento. Como exemplos podemos
destacar os robalos (centropomus parallelus), (ver fig. 13), a parati (mugil curema),
(ver fig. 14) e carapeba (diapterus olisosthomus), (ver fig. 15), entre outros.
Figura 13 – Centropomus parallelus.
Figura 14 – Mugil curema. Figura 15 – Diapterus olisosthomus.
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1.3.7 – Mamíferos: Em alguns manguezais ainda encontram alguns seres muito
importante na interação com este ecossistema, como exemplo, mão–pelada, este
animal têm como um dos seus pratos preferidos os caranguejos, temos o peixe-boi-
marinho, que no Brasil ocorre nos litorais Norte e Nordeste, onde procura as áreas
de mangue para sua própria produção e reprodução.
1.3.8 – Répteis: Hoje praticamente em extinção o jacaré do papo-amarelo, é um
dos seres que habitam o manguezal, assim como as tartarugas, crocodilos e cobras,
sendo um ambiente propício a todos os répteis.
1.4 – Zonas e Marés:
Entre marés – a ação das marés varia ao longo das áreas de mangue, isto é,
algumas zonas são inundadas diariamente enquanto outras serão atingidas apenas
algumas vezes, em determinadas épocas, pelas grandes preamares desízigia. Isto
se dá pelo fato do terreno possuir variações na sua topografia propiciando assim a
existência de locais mais baixos (inundados mais vezes pelas marés) e outros mais
elevados (alagados com menor freqüência).
A variação na freqüência de inundação do manguezal pelas marés, pode acarretar
diferenças nas concentrações de sal no sedimento, tanto em relação á distância do
mar, como em relação a fonte de água doce. De um modo geral, as maiores
salinidades são encontradas nos manguezais próximos ao mar e as menores, nos
bosques de mangue próximos as margens dos rios.
No entanto, em alguns locais onde a maré chega poucas vezes ou onde há menor
influência de água doce (rios/chuvas), as salinidades podem ser tão elevadas que as
plantas de mangue não conseguem crescer. Isto ocorre quando as marés, ao
atingirem esses locais, levam água e sal. Com a evaporação aumenta a
concentração de sais, agravada por um reduzido aporte de água doce.
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Zonação – as diferentes espécies vegetais de mangue estão distribuídas no
manguezal em zonas, em relação á linha d’água. Esse tipo de distribuição é
chamado de zonação.
Cabe lembrar que aqui que, devido a diversidade dos ambientes de manguezal, este
esquema de zonação, apesar de bastante comum, não é obrigatoriamente
encontrado em todos os manguezais. A distribuição das espécies em um dado local,
pode ser totalmente diferente daquela encontrada para as mesmas espécies, em
uma região adjacente. Dessa forma, a zonação das espécies de mangue é variável
de um manguezal para outro devido as peculiaridades ambientais de cada local.
A zonação do manguezal depende da salinidade, das marés, do tipo de substrato e
do grau de energia do local, ou seja, se o local é ou não protegido da ação de
ondas, marés e rios.
Dessa forma temos, geralmente, o mangue vermelho ocupando os locais próximos
ao mar, na margem de rios e locais lamosos, pois seus rizopharos permitem que
esse tipo de mangue resista mais que os outros á alta energia e ao sedimento
lamoso, sem ser arrancado. Já os mangues tinteira (laguncularia) e siriúba
(avicennia), ocupam locais mais afastados dos rios e do mar, locais estes de
topografia geralmente mais elevada, com sedimento mais seco e mais arenoso.
Esses locais são mais protegidos das ondas e da força dos rios (menor energia).
Além de todos esses fatores podemos citar ainda o tamanho e o peso dos
propágulos como importantes na zonação dos vegetais dentro do manguezal. Dessa
forma, explica-se também a ocupação das áreas próximas do mar por rizophora,
pelo fato desta planta possuir propágulos maiores e mais pesados, que alcançam o
substrato mesmo com as marés cheias.
1.5 – Valor ecológico e sócio-econômico:
Recursos – Quando entramos em contatos com um ecossistema de manguezal,
logo nos deparamos com aquele ambiente tão peculiar, com aparência um tanto
inóspita á vida. Realmente, essa pode ser uma sensação comum, tantos as pessoas
que não vive em regiões próximas á manguezais quanto aquelas leigas no assunto.
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Porém, o conhecimento de ecossistema tão especial mostra que a realidade é bem
diferente.
Algumas comunidades ribeirinhas mantém relação de grande dependência com os
recursos oferecidos pelos manguezais. Existem povoados inteiros construídos
somente com a madeira extraída desse ecossistema, que é utilizado para a
construção das casas e dos barcos e ainda serve como lenha, para cozinhar seus
alimentos.
Subsistência – Boa parte das proteínas da dieta dessas populações provem dos
mangues. Tudo de uma forma bem artesanal. As mulheres e as crianças saem
durante a maré baixa á procura de mariscos, tanto aqueles que se enterram no lodo
como o das ostras, presa aos rizopharos das arvores do mangue vermelho.
Enquanto isso, os homens pescam nas áreas protegidas dos estuários. Esses
agrupamentos populacionais são pobres e, de um modo geral, não recebem apoio
dos órgãos governamentais.
Uso sustentado – Entretanto, para que os recursos dos manguezais sejam utilizados
racionalmente, de forma sustentada, é preciso que o homem entenda melhor o
funcionamento desse ambiente. Deve se evitar fatos comum hoje em dia, como por
exemplo, a captura de caranguejos durante sua época, pois é justamente nessa fase
que fica mais expostos, tornando-se presa fácil.
Bens e Serviços – Mais de uma centena de produtos pode ser obtidos dos
manguezais, como por exemplo: remédios, álcool, adoçantes, óleos e taninos.
Valoração – Existem diversos métodos para quantificar o valor de um ecossistema,
só que os resultados vão diferir de métodos para métodos. As metodologias são as
mais diferentes possíveis, desde a quantificação da energia circulante no sistema até
a disposição da comunidade local em pagar para manter intacto determinado
ambiente.
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3 – Capítulo 2 – Origem histórica e formação da colônia Z-10:
DaDaDaData: da Fundaçãota: da Fundaçãota: da Fundaçãota: da Fundação Dia 17 de Novembro de 1920Dia 17 de Novembro de 1920Dia 17 de Novembro de 1920Dia 17 de Novembro de 1920
Nesta data na manhã de 17 de novembro de 1920, ao Largo da Ilha Fiscal, Nesta data na manhã de 17 de novembro de 1920, ao Largo da Ilha Fiscal, Nesta data na manhã de 17 de novembro de 1920, ao Largo da Ilha Fiscal, Nesta data na manhã de 17 de novembro de 1920, ao Largo da Ilha Fiscal, fundeado na Baía de Guanabara, o Cruzador José Bonifácio, tendo em seu fundeado na Baía de Guanabara, o Cruzador José Bonifácio, tendo em seu fundeado na Baía de Guanabara, o Cruzador José Bonifácio, tendo em seu fundeado na Baía de Guanabara, o Cruzador José Bonifácio, tendo em seu
Comando o Capitão de Fragata, Frederico Otávio de Lemos Villar, assiComando o Capitão de Fragata, Frederico Otávio de Lemos Villar, assiComando o Capitão de Fragata, Frederico Otávio de Lemos Villar, assiComando o Capitão de Fragata, Frederico Otávio de Lemos Villar, assinou o nou o nou o nou o termo de DOAÇÂO de uma faixa de terra, compreendida da Ponta do Mirante, termo de DOAÇÂO de uma faixa de terra, compreendida da Ponta do Mirante, termo de DOAÇÂO de uma faixa de terra, compreendida da Ponta do Mirante, termo de DOAÇÂO de uma faixa de terra, compreendida da Ponta do Mirante, 700m a margem esquerda do Rio Jequiá canal acima com 400 metros de largura, 700m a margem esquerda do Rio Jequiá canal acima com 400 metros de largura, 700m a margem esquerda do Rio Jequiá canal acima com 400 metros de largura, 700m a margem esquerda do Rio Jequiá canal acima com 400 metros de largura,
onde foi Fundada a 1onde foi Fundada a 1onde foi Fundada a 1onde foi Fundada a 1ªªªª Colônia de Pesca do Brasil. Colônia de Pesca do Brasil. Colônia de Pesca do Brasil. Colônia de Pesca do Brasil. Que veio a receber o nome de seu IDEALIZADOR, o “Que veio a receber o nome de seu IDEALIZADOR, o “Que veio a receber o nome de seu IDEALIZADOR, o “Que veio a receber o nome de seu IDEALIZADOR, o “Almirante Antonio Almirante Antonio Almirante Antonio Almirante Antonio
Coutinho Gomes Pereira.”Coutinho Gomes Pereira.”Coutinho Gomes Pereira.”Coutinho Gomes Pereira.” O sonho do Almirante foi realizado na viagem do Cruzador José Bonifácio, que O sonho do Almirante foi realizado na viagem do Cruzador José Bonifácio, que O sonho do Almirante foi realizado na viagem do Cruzador José Bonifácio, que O sonho do Almirante foi realizado na viagem do Cruzador José Bonifácio, que
em sua viem sua viem sua viem sua viagem do Oiapoque ao Chuíagem do Oiapoque ao Chuíagem do Oiapoque ao Chuíagem do Oiapoque ao Chuí, fundou várias Colônias, buscando nos , fundou várias Colônias, buscando nos , fundou várias Colônias, buscando nos , fundou várias Colônias, buscando nos PESCADORES, futuros marinheiros.PESCADORES, futuros marinheiros.PESCADORES, futuros marinheiros.PESCADORES, futuros marinheiros.
Pois sabia ele, que estes homenPois sabia ele, que estes homenPois sabia ele, que estes homenPois sabia ele, que estes homens desde criança, estão acostumados ao BRAMIR s desde criança, estão acostumados ao BRAMIR s desde criança, estão acostumados ao BRAMIR s desde criança, estão acostumados ao BRAMIR das ONDAS, o RUFAR dos Ventos e o RONCO dos trovões, não se das ONDAS, o RUFAR dos Ventos e o RONCO dos trovões, não se das ONDAS, o RUFAR dos Ventos e o RONCO dos trovões, não se das ONDAS, o RUFAR dos Ventos e o RONCO dos trovões, não se
apavorando. Pois eles são os VERDADEIROS SENHORES DA PRAIA.apavorando. Pois eles são os VERDADEIROS SENHORES DA PRAIA.apavorando. Pois eles são os VERDADEIROS SENHORES DA PRAIA.apavorando. Pois eles são os VERDADEIROS SENHORES DA PRAIA.
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4 – Capítulo 3 – Z-10 Sobrevivendo as dificuldades juntamente com seus
impactos ambientais:
Em uma visita ao manguezal situado no Aparu do Jequiá onde se encontra a Colônia
Z-10 na Ilha do Governador, evidenciamos algumas agressões a esse ecossistema de
grande importância, pois tratando-se de uma colônia de pescadores, no qual retiram
do mar sua subsistência. Devido essas a grandeza dessas agressões neste berçário,
não só da fauna aquática como também de outras espécies. Esta atividade sócio-
econômico vêm se reduzindo, por não trazer retorno para sustentabilidade da família
devido a diminuição do pescado por estar perdendo seu local de reprodução.
Listamos abaixo algumas dessas agressões e apresentamos as Leis pertinentes, que
não vêm sendo cumpridas.
a) Lançamentos de Esgotos Sanitários da Colônia e Circunvizinhanças no
Manguezal:
Ao entrarmos no manguezal propriamente dito deparamos com uma saída de uma
galeria de águas pluviais, feita pela prefeitura no qual é visível a existência de
esgoto sanitário. Ao longo desta caminhada deparamos também com saídas
clandestinas de esgoto com lançamento direto ao manguezal (ver fig.16).
Figura 16 – lançamento de esgoto no manguezal.
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c) Lançamento de lixo:
Não foi difícil encontrar grandes quantidades de lixo no manguezal, que por muitas
das vezes são oriundos de alguns moradores locais e adjacentes, proliferando um
grande números de vetores (ver fig. 17).
Figura 17 – lixo no manguezal.
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d) Crescimento desordenado da comunidade local diminuindo as margens
do manguezal e ocorrendo o desmatamento da vegetação do mesmo:
Foi observado que com o passar dos anos o crescimento desordenado e não
fiscalizado, da comunidade causou um estreitamento representativo no leito da
margem do manguezal, trazendo assim danos as espécies vivente e migratória
daquele local (ver fig. 18).
Figura 18 – avanço irregular no manguezal.
e) Pesca predatória:
A falta de consciência e o não cumprimento e fiscalização das leis estabelecidas para
este tipo de ecossistema, fez com que as espécies migrassem para outro habitat e
outras desaparecessem.
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5 – Capítulo 4 - Metodologia Aplicada:
Pesquisa de campo: Uma análise crítica a respeito da pesquisa ficou constatado que
apesar de morarem em uma APARU, mais de cinqüenta (50%) dos entrevistados,
não tem consciência do que seja uma EDUCAÇÃO AMBIENTAL, em outra análise
descobrimos também que em um percentual de sessenta (60%) já sobreviveram da
pesca.
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6 – Capítulo 5 – Legislação:
A importância da Legislação como um instrumento para garantir a preservação do
ecossistema manguezal é destacado sua importância neste capítulo.
Através das leis que podemos garantir direitos e deveres frente aos diversos
problemas ambientais com eminente conflitos de utilização.
Isso ocorre, em grandes partes devido à falta de esclarecimentos a respeito das leis
que tutelam tais patrimônios naturais, impondo, muitas vezes, os mais diversos tipos
de impactos a importantes ecossistemas.
Segundo documento da Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento,
muito ecossistemas biologicamente ricos e promissores em benefícios materiais
encontram-se seriamente ameaçados.
Vários estudos documentam essa crise com exemplos tirados, entre eles, dos
manguezais. Vários são os exemplos que confirmam os manguezais como um dos
mais importantes ecossistemas, reservatório de grande número de espécies que
merecem ser protegidas e respeitadas como integrantes que são do patrimônio da
comunidade.
ONU – 1972 –
A conferência sobre Ambiente Humano, realizada em junho de 1972, em Estolcomo,
já demonstrava amplo caráter universal no sentido de formular critérios e princípios
para preservação e manutenção do ambiente humano. Através de alguns de seus
princípios, reìntera a importância dos ecossistemas, bem como dos objetivos ligados
a educação ambiental:
Principio 2 – Os recursos naturais do globo, compreendem o ar, a água, a terra, a
flora, a fauna e especialmente os exemplares representativos dos ecossistemas
naturais que devem ser salvaguardados em benefícios das gerações presentes e
futuras, mediante cuidadosa planificação ou regulamentação, segundo seja mais
conveniente.
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Principio 4 – O homem tem a responsabilidade especial de preservar e
prudentemente administrar o patrimônio representado pela flora que se acha, no
momento, em grave perigo, por um conjunto de fatores adversos.
Princípios 19 – É essencial um trabalho de educação em matéria ambiental, tanto
para geração mais jovens como para as mais adultas, que tenha na devida conta os
menos favorecidos, com a finalidade de possibilitar a formação de uma opinião
pública esclarecida e uma conduta responsável por partes dos indivíduos, das
empresas e das comunidades, na proteção e na melhoria do ambiente em sua
dimensão humana global.
Capítulo I do Regimento de 24 de Julho de 1704:
Não permitia a doação de terras aluviais (mangues), porque pertenciam à coroa. Na
época, só era possível o uso por concessão real, apenas de uma pequena fímbria do
litoral, no caso, dos terrenos da marinha.
Alvará de 10 de Julho de 1760 – Del Rey Dom José:
Determina a proteção das árvores de mangue do Brasil.
Tal alvará fazia ilegal a derrubada de mangues para a queima sem a utilização
prévia de sua casca. O alvará foi resultado de uma derrubada indiscriminada de
árvores para queima ocorrido nas Capitanias do Rio de Janeiro, Pernambuco, Santos,
Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará. A derrubada de árvores apenas para queima,
causou um aumento no preço das cascas utilizadas para obtenção de tanino. De
acordo com o edital, havia um sentimento de que em poucos anos as cascas das
árvores usadas estariam totalmente escassas. O edital impôs uma pena de 50.000
rés e cadeia de 3 meses, para derrubada de árvores que não tivessem sido
previamente descascadas.
Lei 14.536 de 31 de dezembro de 1920:
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Determina o não aforamento dos mangues, mais permite o arrendamento para
corte, dentro das normas de preservação, não sendo permitido seu aterro ou
apossamento.
1º Congresso Nacional de Pesca, 1934 – 1936:
Regulamenta a utilização do manguezal, associando seu valor às atividades
pesqueiras.
Decreto Lei nº 2.490, de 16 de agosto de 1940:
Estabelece novas normas para aforamento de terras de marinha e da outras
providências. Nesses terrenos estão incluídas as áreas de manguezal.
Decreto Lei nº 9.760, de 5 de setembro de 1946:
Inclui, entre bens móveis da união, os terrenos da marinha e seus acrescidos. São
terrenos de marinha, aqueles situados até uma distância de 33 metros medidos
horizontalmente para a parte da terra, a partir da posição da linha da preamar
média, de 1831.
Os situados no continente, na costa marítima e nas margens dos rios e lagoas, até
onde se faça se sentir a influência das marés;
Os que contornam as ilhas situadas onde se faça sentir a influência da maré.
Os terrenos
acrescidos de marinha, são os que foram formados natural ou artificialmente para o
lado do mar ou dos rios e lagoas, em seguimento aos terrenos de marinha.
Decreto Legislativo nº 3 de 13 de fevereiro de 1948:
Aprova a Convenção para Proteção da Flora e da Fauna e Bens Cênicos Naturais das
Paisagens da América.
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Código Florestal – Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965;
Lei 7.803, de 18 de julho de 1989:
Art. 1º - As florestas existentes no Território Nacional e as demais formas de
vegetação, reconhecidas de utilidades às terras que revestem, são bens de interesse
comum a todos habitantes do País, exercendo-se os direitos de propriedade com as
limitações que a legislação em geral e especialmente estas Leis estabelecem.
Art. 2º - Consideram-se de preservação permanente, pelo só efeito desta lei, as
florestas e demais formas de vegetação natural situadas:
ao longo dos rios onde qualquer curso d’água desde o seu nível mais alto em faixa
marginal cuja largura mínima seja:
4 – 200 (duzentos) metros para os cursos d’água que tenham de 200 (duzentos) a
600 (seiscentos) metros de largura;
7 – nas restingas, como fixadores de dunas ou estabilizadores de mangues.
Decreto Lei nº 289, de 28 fevereiro de 1967:
Criou o extinto Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal.
Lei nº 5.357, de 17 de novembro de 1967:
Estabelece penalidades para embarcações e terminais marítimos ou fluviais que
lançaram detritos ou óleo em águas brasileiras.
Decreto nº 73.030, de 30 de outubro de 1973:
Criava, no âmbito do Ministério do Interior, a extinta Secretaria Especial do Meio
Ambiente – SEMA.
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Lei nº 6.803, de 2 de julho de 1980:
Dispõe sobre as diretrizes básicas para zoneamento industrial em áreas críticas de
poluição.
Lei nº 6.902, de 27 de abril de 1981:
Dispõe sobre a criação de Estações Ecológicas e Área de Proteção Ambiental.
Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981:
Estabelece a Política Nacional do Meio Ambiente, tratando, inclusive das
responsabilidades e das punições aos poluidores do meio ambiente.
Decreto nº 68.351, de 1 de junho de 1983:
Regulamenta a Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981 e a Lei nº 6.902, de 27 de
abril de 1981, que dispõe, respectivamente, sobre a Política Nacional do Meio
Ambiente e sobre a criação de Estações Ecológicas. Este Decreto instituiu, inclusive,
o Relatório de Impacto Ambiental – RIMA.
Lei nº 7.347, de 24 de junho de 1985 (lei dos Interesses Difusos):
Disciplina a ação civil pública de responsabilidade por danos causados ao meio
ambiente, no consumidor, a bens de direitos de valor artístico, estético, histórico,
turístico e paisagístico (vetado) e dá outras providências. Esta Lei é aplicada sempre
que o valor comum de uma comunidade for afrontado. A ação principal e a cautelar
poderão ser propostas pelo Ministério Público, pela União, pelos Estados e
Municípios, inclusive por Autarquias, Empresa Pública, Fundação, Sociedade de
Economia Mista ou por uma Associação, na forma da lei.
Resolução Conama nº 4, de 18 de setembro de 1985:
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Considera como Reserva Ecológicas as formações florísticas e as áreas de florestas
de preservação permanente, incluindo os manguezais.
Resolução Conama nº 357, de 17 de março de 2005:
Estabelece a classificação das águas doces, salobras e salinas do Território Nacional.
Lei nº 7.661 de 16 de maio de 1988:
Institui o Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro.
Constituição da República Federativa do Brasil, promulgada em outubro de 1988.
Capítulo VI, do Meio Ambiente:
Art. 225 – Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de
uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder
Público e à coletividade, o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e
futuras gerações.
§ 1º - para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:
VI – promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a
conscientização pública para a preservação do meio ambiente.
VII – proteger a fauna e flora, vedadas, na forma da Lei, as práticas que coloquem
em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam
animais a crueldades.
§ 4º - A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal
Mato-grossense e a Zona Costeira são patrimônios Nacionais e sua utilização far-se-
á, na forma da Lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio
ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais.
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É notável a evolução das leis ao longo desses quase três séculos, no que diz respeito
a manutenção e a preservação dos manguezais, porém muito ainda tem que ser
feito, pois além da observação às Leis, somente garantiremos sua preservação com
ações conscientizadoras, obedecidas no dia-a-dia.
Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998 – crimes ambientais – dispõe sobre as
sansões penais administrativas derivadas de condutas de atividades lesivas ao meio
ambiente, e dá outras providencias.
Lei nº 9.638 de 31 de agosto de 1981 – Política Nacional de Meio Ambiente – dispõe
sobre a política nacional de meio ambiente, seus fins e mecanismo de formulação e
aplicação, e dá outras providências.
Art. 2 – a política nacional de meio ambiente têm por objetivo a
preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propricia à vida,
visando assegurar, no país, condições ao desenvolvimento sócio-econômico, aos
interesses da segurança nacional e á proteção da dignidade da vida humana:
IV – proteção dos ecossistemas com a preservação de áreas
representativas;
§ 8 – recuperação de áreas degradadas
Lei nº 9.985 de 18 de julho de 2000.
Lei nº 9.605/98 – art. 29 - § I - II – quem modifica, danifica ou destrói ninho, abrigo
ou criadouro natural.
Art. 33 – provocar pela emissão de efluentes ou carreamento de
materiais, o perecimento de espécies da fauna aquáticas resistentes em rios, lagos,
açudes, lagoas, baías ou águas jurisdicionais brasileiras.
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Art. 54 – causar poluição de qualquer natureza em níveis tais
que resultem ou possam resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a
mortandade de animais ou a destruição significativa da flora:
§ 2 - IV – dificultar ou impedir o uso público das praias.
V – ocorrer por lançamento de resíduos sólidos, líquidos
ou gasosos, ou detritos, óleos ou substâncias oleosas, em desacordo com as
exigências estabelecidas em leis ou regulamento.
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7 – Capitulo 6 – Educação Ambiental:
Educação Ambiental é um ramo da educação cujo objetivo é a disserminação do
conhecimento sobre o ambiente, a fim de ajudar a sua preservação e utilização
sustentável dos seus recursos. É uma metodologia de análise que surge a partir do
crescente interesse do homem em assuntos como ambiente devido ás grandes
catástrofes naturais que têm assolado o mundo nas últimas décadas.
No Brasil a educação ambiental assume uma perspectiva mais abrangente, não
restringindo seu olhar á proteção e uso sustentável de recursos naturais, mas
incorporando fortemente a proposta de construção de sociedade sustentáveis, mais
do que um segmento da educação, a educação em sua complexidade e completude.
A educação ambiental tornou-se lei em 27 de Abril de 1999. A lei 9.795 – lei de
educação ambiental, em seu artigo 2º afirma: “A educação ambiental é um
componente essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente,
de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em
caráter formal e não formal”.
A educação ambiental tenta despertar em todos a consciência de que o ser humano á
parte do meio ambiente. Ela tenta superar a visão antropocêntrica, que fez com que
o homem se sentisse sempre o centro de tudo esquecendo a importância da
natureza, da qual é parte integrante.
“ A educação ambiental é a ação educativa permanente pela qual a comunidade
educativa tem a tomada de consciência de sua realidade global, do tipo de relações
que os homens estabelecem entre si e com a natureza, dos problemas derivados d
ditas relações e suas causas profundas. Ela desenvolve, mediante uma pratica que
vincula o educando com a comunidade, valores e atitudes que promovem um
comportamento dirigido a transformação superadora dessa realidade, tanto em seus
aspectos naturas como sociais, desenvolvendo no educando as habilidades e atitudes
necessárias para dita transformação.”
A educação ambiental é subdividida em duas partes:
Formal: é um processo institucionalizado que ocorre nas educações de ensino.
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Informal: se caracteriza pela sua realização fora da escola envolvendo flexibilidade de
métodos e conteúdos e um publico alvo muito variável em suas características (Faixa
etária, nível de escolaridade, nível de conhecimento da problemática ambiental,
etc..).
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8 – Capitulo 7 – Conclusão:
No decorrer do trabalho concluímos que esse ecossistema primordial para a
sobrevivência do ser humano como fonte geradora de alimentos, evidenciamos o
descumprimento tanto da população local e circunvizinhança, a falta de uma política
de educação ambiental e dos órgãos competentes, talvez por falta de mão-de-obra
especializada, para a fiscalização de se fazer cumprir as leis existentes.
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