u». í» a famÍliamemoria.bn.br/pdf/379034/per379034_1889_00009.pdffamilia e a dirigir algum dia...

8
anxo i S. l>auln, íIO do Janeiro iIp 18S1>. I\U». í» A FAMÍLIA ASSIGNATURAS CAPITAL AnnolOjOOO Pagamento adiantado lletlaccão : Travessa da Sé, 1 (sobrado.) JORNAL LITTERARIO Beàicaio á educação da mãe de familia PROPRIEDADE DEi 3o5C|)l)ina Rimm fo 2}mfo ASSIGNATURAS INTERIOR Anno12S0OO Pagamento adiantado Typographia UNIÃO—Largo 7 de Setemhro Veneremos a mulher ! Santifique- mol-a e glorifiquemol-a ! Victor Hugo. EXPEDIENTE Durante a viagem no Norte, da redactora desta folha, floa a gerencia da mesma a cargo do Sr. Francisco Dias de Barros. A correspondência desta fo- lha pôde ser dirigida para o Largo 7 de Setembro, typogra- phia União, ou para a Travessa da Sé, n. 1 (sobrado ) collauor.voão Franqueia A Familia as tuas columnas a todas as senhoras que a queiram honrar com a sua collaboração. A Fluiu* S. Paulo, 26 de Janeiiio du 1889. Mães c mestras [Continuação) Perceher-se-ha por exemplo, qne o que eilas perderão na ascendência so- ciai depois que se ensoberbeceu o reinado da seducção, do enredo e das bagatellas, parecem chamadas a re- ceber na vida particular pela as- cendencia de um merecimento real. A" medida que seus talentos tornão maior consistência, seus passatempos ^erão mais sérios ; não sendo a sua actividade distrahida por fora, recon- centrar-se-ha ao interior sobre cousas pequenas, cuidados da familia, e ate sobre trabalhos próprios para lhe apu- rar os attractivos. A sua intelligeu- ria acostumada a comprehender as questões geraes, quer para sua pro- pria satisfação, quer para julgar e eucitar judiciosamente a-* empresas das que co-n eilas vivem, collocou-as em tão completa relação com os ne- gocios, hábitos e costumes novos, que diversas vezes sem se queixarem e sem que por isso soffrão eilas incom- modos, tem tomada sobre si a admi- Distração dos bens, quando os esposos os abandonam. Merecem sem duvida, grandes fe- licitações todos estes indícios da ten- dencia raciouavel de suas idéas. Oxalá que muito breve se realisem as grandiosas esperanças que elles fa- /.em antever para o futuro . De tudo quanto exposemos conclui- remos o seguinte : que o mundo é di- rígido por duas classe* de reinados, o da moral e o da força ; que devendo este ultimo andar sempre na mão do homem, o primeiro interesse da mu- lher é fazel-o moderar por todos os meios ao seu alcance. Esses meios que pertencem á educação dar-lhes a co- nhecer, estimar e praticar, dependem da doutrina do Evangelho, da razão, do coração, da intellig.eiiciaj^ila.jm- turezaôogo que elles sejam trans- mittidos de umas a outras gerações como principios sagrados, o curso na- tural das cousas necessariamente tra- ás mulheres segunda phase aper- feicoada do Christianismo. Reinado moral 1 Aqui temos nós o o-rande segredo d'essa humana per- fectibilidade a que se dirigem to- dos os corações rectos, todas as almas elevadas. Utopia soberba e consolado- ra, tratada de pueril por uns, de de- nieucia por outros e que parece bri- lhar ao longe como lâmpada miste- riosa qine a providencia conserva em sua guarda. CAPITULO III Chamada a viver no seio de uma familia e a dirigir algum dia uma casa,deve naturalmente procurar an- te.s na escola do lar doméstico do que em outra qualquer parte, as obriga- ções unidas á condicção do seu sexo. A reciprocidade de affeições lugar a uma troca continua de desvelos, affa- go.s e obséquios, e ao mesmo tempo que essas affeições desenvolvem as suaves inclinações do coração, prepara a mu- lher, desde muito creança, para o pa- pel de utilidade e sacrifício que d'an- temão lhe está indicado no mundo. A muitas mães de familia suecede terem razões particulares para cou- fiarem a educação das filhas a mestra de c dlegio, e algumas lia que, ou por falta de saúde ou pelo estado social, e muitas obrigações ou por certa fra- Ique/.a de caracter não estejão prepa- radas para desempenhar esta tarefa I por si mesmas, e a essas não devemos deixar de apontar as vantagens que, otferece a certos respeitos o modo da edacajãÍJO—comouuu3T-JseO«íi--quc nãer EDUCAÇÃO COMMCM DAS MENINAS A menina por causa da grande de- licadesa de seus órgãos, é capaz de re- ceber impressões tão fortes e tão pro- fundas que poderão de alguma fôrma influir no seu caracter e procedimen- to por isso ella não pôde estar em melhor abrigo de todo o perigo mo- ral, do que debaixo das azas prote- ctoras de sua mãe. dissimulemos o receio e a desconfian- ça que este modo nos inspira por causa dos inconvenientes insepara- veis delle. Nada é mais útil em um bom col- legio do que a disciplina a que as me- nas estão sujeitas. Ha nessa regra in- variável do emprego do tempo, nessa justa balança do trabalho, alimento e divertimentos, uma influencia bas- tante salutar para a moral e para o physico. Essa uniformidade para não dizer monotonia, de dias e de sema- nas, é remédio para o espirito ardeu- te e caprichoso da mocidade, a quem assim preserva das provocações mui- tas vezes inevitáveis no inundo ; ella procede, além d'isso, sobre o caracter, cujas asperesas destroe, tanto como a atmosphera pule os penhascos mais angulosos, á força de lhes limar os espigões. Pelo regime da vida commum, a saúde das creanças se fortalece, por- que, por mellior e mais bem disposta que esteja, necessita de medida e re- gularidade para se desenvolver e bem conservar-se.

Upload: others

Post on 15-Nov-2020

1 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: U». í» A FAMÍLIAmemoria.bn.br/pdf/379034/per379034_1889_00009.pdffamilia e a dirigir algum dia uma casa,deve naturalmente procurar an-te.s na escola do lar doméstico do que em

anxo i S. l>auln, íIO do Janeiro iIp 18S1>. I\U». í»

A FAMÍLIAASSIGNATURAS

CAPITALAnno lOjOOO

Pagamento adiantadolletlaccão : Travessa da Sé, 1 (sobrado.)

JORNAL LITTERARIOBeàicaio á educação da mãe de familia

PROPRIEDADE DE i

3o5C|)l)ina Rimm fo 2}mfo

ASSIGNATURASINTERIOR

Anno 12S0OOPagamento adiantado

Typographia UNIÃO—Largo 7 de Setemhro

Veneremos a mulher ! Santifique-mol-a e glorifiquemol-a !

Victor Hugo.

EXPEDIENTE

Durante a viagem no Norte,da redactora desta folha, floa agerencia da mesma a cargo doSr. Francisco Dias de Barros.

A correspondência desta fo-lha pôde ser dirigida para oLargo 7 de Setembro, typogra-phia União, ou para a Travessada Sé, n. 1 (sobrado )

collauor.voão

Franqueia A Familia as tuascolumnas a todas as senhorasque a queiram honrar com asua collaboração.

A Fluiu*S. Paulo, 26 de Janeiiio du 1889.

Mães c mestras[Continuação)

Perceher-se-ha por exemplo, qne o

que eilas perderão na ascendência so-ciai depois que se ensoberbeceu oreinado da seducção, do enredo e dasbagatellas, parecem chamadas a re-ceber na vida particular pela as-cendencia de um merecimento real.A" medida que seus talentos tornãomaior consistência, seus passatempos^erão mais sérios ; não sendo a suaactividade distrahida por fora, recon-centrar-se-ha ao interior sobre cousas

pequenas, cuidados da familia, e atesobre trabalhos próprios para lhe apu-rar os attractivos. A sua intelligeu-ria acostumada a comprehender as

questões geraes, quer para sua pro-pria satisfação, quer para julgar e

eucitar judiciosamente a-* empresas

das que co-n eilas vivem, collocou-asem tão completa relação com os ne-gocios, hábitos e costumes novos, quediversas vezes sem se queixarem esem que por isso soffrão eilas incom-modos, tem tomada sobre si a admi-Distração dos bens, quando os espososos abandonam.

Merecem sem duvida, grandes fe-licitações todos estes indícios da ten-dencia raciouavel de suas idéas.Oxalá que muito breve se realisem asgrandiosas esperanças que elles fa-/.em antever para o futuro .

De tudo quanto exposemos conclui-remos o seguinte : que o mundo é di-rígido por duas classe* de reinados, oda moral e o da força ; que devendoeste ultimo andar sempre na mão dohomem, o primeiro interesse da mu-lher é fazel-o moderar por todos osmeios ao seu alcance. Esses meios quepertencem á educação dar-lhes a co-nhecer, estimar e praticar, dependemda doutrina do Evangelho, da razão,do coração, da intellig.eiiciaj^ila.jm-turezaôogo que elles sejam trans-mittidos de umas a outras geraçõescomo principios sagrados, o curso na-tural das cousas necessariamente tra-rá ás mulheres segunda phase aper-feicoada do Christianismo.

Reinado moral 1 Aqui temos nós oo-rande segredo d'essa humana per-fectibilidade a que se dirigem to-dos os corações rectos, todas as almaselevadas. Utopia soberba e consolado-ra, tratada de pueril por uns, de de-nieucia por outros e que parece bri-lhar ao longe como lâmpada miste-riosa qine a providencia conserva emsua guarda.

CAPITULO III

Chamada a viver no seio de umafamilia e a dirigir algum dia umacasa,deve naturalmente procurar an-te.s na escola do lar doméstico do queem outra qualquer parte, as obriga-ções unidas á condicção do seu sexo. Areciprocidade de affeições dá lugar auma troca continua de desvelos, affa-go.s e obséquios, e ao mesmo tempo queessas affeições desenvolvem as suavesinclinações do coração, prepara a mu-lher, desde muito creança, para o pa-pel de utilidade e sacrifício que d'an-temão lhe está indicado no mundo.

A muitas mães de familia suecedeterem razões particulares para cou-fiarem a educação das filhas a mestrade c dlegio, e algumas lia que, ou porfalta de saúde ou pelo estado social, emuitas obrigações ou por certa fra-

Ique/.a de caracter não estejão prepa-radas para desempenhar esta tarefa

I por si mesmas, e a essas não devemosdeixar de apontar as vantagens que,otferece a certos respeitos o modo daedacajãÍJO—comouuu3T-JseO«íi--quc nãer

EDUCAÇÃO COMMCM DAS MENINAS

A menina por causa da grande de-licadesa de seus órgãos, é capaz de re-ceber impressões tão fortes e tão pro-fundas que poderão de alguma fôrmainfluir no seu caracter e procedimen-to por isso ella não pôde estar emmelhor abrigo de todo o perigo mo-ral, do que debaixo das azas prote-ctoras de sua mãe.

dissimulemos o receio e a desconfian-ça que este modo nos inspira porcausa dos inconvenientes insepara-veis delle.

Nada é mais útil em um bom col-legio do que a disciplina a que as me-nas estão sujeitas. Ha nessa regra in-variável do emprego do tempo, nessajusta balança do trabalho, alimento edivertimentos, uma influencia bas-tante salutar para a moral e para o

physico. Essa uniformidade para nãodizer monotonia, de dias e de sema-nas, é remédio para o espirito ardeu-te e caprichoso da mocidade, a quemassim preserva das provocações mui-tas vezes inevitáveis no inundo ; ella

procede, além d'isso, sobre o caracter,cujas asperesas destroe, tanto como aatmosphera pule os penhascos maisangulosos, á força de lhes limar osespigões.

Pelo regime da vida commum, asaúde das creanças se fortalece, por-que, por mellior e mais bem dispostaque esteja, necessita de medida e re-

gularidade para se desenvolver ebem conservar-se.

Page 2: U». í» A FAMÍLIAmemoria.bn.br/pdf/379034/per379034_1889_00009.pdffamilia e a dirigir algum dia uma casa,deve naturalmente procurar an-te.s na escola do lar doméstico do que em

A FAMÍLIA

Podemos igualmente considerar umbeneficio, a differença que vae entrea abundância das casas particularese a dos estabelecimentos públicos.Em virtude d'esta differença, a educa-

ção evita hábitos que muitas vezeslhe podião ser prejudiciaes para o fu-turo, ainda que não fôra sinão a fra-

queza dos progenitores e dos amigos,os- desvelos em excesso das amas, asbajulações e lisoiijas do servilismo, o

gosto das cousas confortativijs, os pra-zeres da jerarquia e do luxo, e tudo

quanto forma essa segunda naturezatão custosa de vencer nos dias de pro-vações que, os revezes da sorte costu-íiiain a trazer comsigo.

Esse tempo de trabalho complica-do de sujeição e necessidade, na vidada aula,' encerra por outra parte riquissinias lições, serve para melhordar a conhecer no futuro as doaurasda existência pelo motivo de que nãose conhecem os bens e os males siuãopelos contrastes, assim como se julgado descanço pelo trabalho, da saúdepela moléstia, e da liberdade pelaprisão. Se a fortuna não é bôa, lem-bra as luetas da coragem e da perse-verança contra todos os obstáculos eo triumpho da vontade.

A educanda intelligente que jáviu em pequena escala o que se pas-sa pelo mundo, isto é, ajoimpoiideraii-" rriquezãlt despeito da ignoran-cia, a presumpção da mentira, os re-.sultados da cabula, do enredo, do es-pirito de companhia, os manejos dainveja, do ciúme e de todas as pai-xões em miniatura, essa alumna, as-sim fortificada de certa experiência,deve sentir-se menos principiante emenos embaraçada que outra qual-quer nas grandes e serias luetas daexistência.

Olhando a educação commum de-baixo de outro ponto de vista, veremosque ella apresenta alguma analogiacom aquelle famoso Palácio da Ver-Jjade que figura não sei em que contoda sra. Genlis. O abandono, a fran-queza, o genio maligno e folgazãoque reina entre as escolares, não per-niitte a nenhuma ignorar os defei-tos de uma pessoa, e este gênero deensino mutuo, essa precepção clarados defeitos e ridículos, é talvez paraella o mais efficaz meio de se corrigir.Esta vantagem da verdade sem reser-va não se obtém sinão raras vezesn'outra parte.

Apesar do grande cuidado dos pãesna educação privada, dir-se-hia queum certo motivo os obriga a não no-tar todas as imperfeições de seus fi-lhos. E realmente, a natureza os

cega sempre n'este ponto, é porque aidentidade da natureza dos filhos coma sua é muito própria para dar aojuizo o caracter da parcialidade.

A mestra muitas vezes destroe esteinconveniente, mas se a menina tevetempo de ganhar este vicio, por maio-res que sejam os esforços empregadospela mestra, jamais conseguirá umareforma completa.

(Continua.)

0 engeitado

Quem és lu qne na pedra do caminhoPousas a fronte nua, tristemente ?Sombrio o teu aspecto é de doente,Rota a veste, o cabello em desalinho

Estás ha muito aqui ?—Este é o meu ninho.—Que tlix.es?—A verdade! esta somente,

Meu Deus! qnernagua que leu peito sente!Tão jr.ven, c aqui sem um carinho I

Penleste o pae talvez'? A rale querida?Sou só no mundo.—Só?! Que desgraçado'

—E' peior que a d'um cão a minha vida !

Esse, ao menos, se agora é maltratado,Chainam-ifo logo, atiram-lhe a comida.E a mim ninguém me quer I snu engeitado I

BÍEUMENEGILDA DE LACERDA.

Criados e amosI

Paliemos dos nossos criados.E' um assumpto este de summa

importância.Tem relações estreitas com a admi-

nistração da casa, com o seu asseio,arranjo, conforto e bom governo ;com a moralidade que n'ella existe,com a figura que ella representa emrelação ás outras casas.

Parece uma questão ridícula e co-me.siuha ; tem sido estragada por to-das as matronas de máo humor quedesafogam nella a superabundanciade sua bilis ; é o assumpto obrigadodas conversações das mães burguezas,em quanto nas pequenas soirées dosquartos andares as meninas estafamum desgraçado piano authomatico,os litleratos da familia recitam versosa ella, e tres coinmendadores gordose vermelhos disputam acalorada e fe-rozmente a uma banca de voltarete.

Ninguém todavia ainda encarouesta questão debaixo do seu verdadei-ro aspecto.

Declama-se contra a decadência edesmoralisaçâo dos criados de hoje,mas ninguém pensou que esta deca-dencia, que esta desmoralisaçâo, pro-vém forçosamente de alguma eousaque ó necessário conhecer e destruir,

A' primeira vista, observaudo nafamilia, esse elemento que se temtornado tão indispensável quanto pe-rigoso, nota-se o seguinte :

—Que os criados de hoje não se po-dem comparar aos criados antigos,nem na fidelidade, nem na lealdade,nem no desinteresse, nem na mora-lidade-

Já se vè que esta regra tem excep-ções numerosas, de que não tratare-mos, mas que reconhecemos e admit-timos.

—Que dia a dia se nota nesta cias-se um desapego mais profundo pelasfamílias a quem servem, e em cujoseio penetram.—Que elles são sempre ou quasisempre os auxiliares da traição, dovicio, da desobediência, e que portan-to é profundamente corruptora a in-fluencia que exercem na familia

—Que o seu desinteresse consisteem especularem com as fraquezas ouas maldades d'aquelles de quem de-pendem, e que vivem e medram naimmoralidade dos seus superiores.

—Qtte pelo seu-comportamento se_revelam inimigos natos de todos queestão acima delles, e que preseutindoa vantagem que lhes pôde provir dobaixamente dos entes de quem re-ceiam a severidade com que sãõ for-çados, muito contra a sua vontade, arespeitar, o fim que elles teem, e queprocuram por todos os modos attin-gir, é o seguinte : Penetrar vagaro-sa e cautelosamente na confiança dosamos, extorquir-lhes os seus segre-dos, e divulgal-os por sede instineti-va de, vingança, ou exploral-os pordesejo im moderado de ganho.

Posto isto, provado está que os cria-dos são os nossos inimigos necessários,e que é preciso que para com elles anossa attitude seja por emquanto in-teirameute defensiva.

E dizemos por emquanto, por umarazão muito simples.

Porque entendemos que, quandon'uma classe, inteira se manifestamsymptomas de corrupção e de gan-grena, a culpa vem por força de lon-ge, e de cima, e que devemos appli-car-nos com todas as nossas forças e-todos os nossos desejos,.a modificaressa culpa, e a rediinil-a por fim.

A que pódeattribuir-se- o contrastenotável que se reconhece entre os-criados antigos, e os criados-de hoje"?

Page 3: U». í» A FAMÍLIAmemoria.bn.br/pdf/379034/per379034_1889_00009.pdffamilia e a dirigir algum dia uma casa,deve naturalmente procurar an-te.s na escola do lar doméstico do que em

A FAMÍLIA

A muitas causas independentes danossa vontade, e sobretudo da vonta-de d'elles ; as causas que têm o seuquê de políticas, o seu quê de ecouo-micas, o seu quê de sociaes, o seu quêde philosophicas,

Vejam em quantas questões nebu-losase importantes eutesta esta hu-milde questão de criados.

Transformação completa do viversocial e do viver doméstico.

ü'ante.s a familia era fundada numprincipio de muito menos justiça,mas 11'uma base de muito mais soli-dez.

Havia o chefe qne acolhia á suavasta sombra, os irmãos, os parentespobres, os filhos, os servos que eramtamiwrrníiuatradicção e também umaherança.

Quando o chefe morria succediao filho ou o irmão mais velho, queherdava os irmãos, os tios, os paren-tes pobres, os servos, todos os haveres,e também todos os encargos da nu-merosa communidade.

Os criados entravam ao collo desua mãe que vinha ser aia, oa varre-dora, ou engommadeira, ou outracousa qualquer e sahiam de 60 ou 80annos no caixão para o cemitério,deixando na familia nova geração deservos que eram seus filhos.

IVeste modo havia estabilidade nosseus empregos. Só eram demittidos^veTró^ãelillTctõ

rescesse e prosperasse ; a sorte delles odos seus, estava por assim dizer, iden-tificada com a sorte dos amos.

Affeiçoavam-se aquellas paredes,ou aquelles moveis, á senhora queera branda e protectora para elles,ás creanças que tinham ajudado acrear. e que um dia viriam a conce-der-lhes a mesma protecção que hojerecebiam dos pães.

Eram máos, interesseiros, cruéis ásvezes ! Embora 1 E' porque eram ho-mens, e não porque eram servos.

Tinham as qualidades boas ou másda humanidade e não as de uma de-terminada classe.

D'aqui a sua superioridade sobre oscriados de hoje.

No regimem moderno, a familiatem outra constituição e outros costu-mes.

As fortunas extremamente dividi-das já não consentem esse modo deviver opulento e patriarchal. Os me-nos ricos, que são no fim de contas osgrandes financeiros modernos, essesque juntaram a fortuna de que go-sam á custa de privações e de traba-lho, são egoístas para todos, e parti-cularmente duros para os inferiores.

Na sua opinião o.s criados são ma-chinas. Umas machinas que vestemi^asam, e usam-gmvata branca

Os amos são orgulhosos, cheios dedesdém, de indifferença, de duroegoísmo; os criados são hypocrita-mente humildes, são invejosos, e ma-levolamente escarnecedores.

Só um laço pôde ligar estes seres;a cumplicidade.

Décima não haverá brandura em-quanto de baixo não houver subser-viencia criminosa.

Ambos o comprebendem de sobejo;comprehendem-no sobretudo os cria-dos que andam á mira d'um segredo,d'uma indiscripção, d'uma descober-ta qualquer que os faça levantar acabeça ]

No dia em que a aia recebe a pri-meira confidencia da senhora, no diaem que lhe é escutado o primeiro re-cado de que a encarregam, invertem-se os papeis, e só continua apparen-temente aquella humildade que asuffocavade cólera e de despeito.

Era escrava obediente e muda, ho-je é cúmplice, o que quer dizer ty-ranna.Ao marido em caso identino succedeo mesmo.

Moralidade d'esta situação: o cria-do de hoje triumpha quando seusamos se rebaixam.

Não receiavain o dia de amanha,mão sentiam a esmagadora indiffe-renca dos superiores a revelar-lhesi|ue*na familia erampariás, eram es-tranhos, eram inimigos.

Não precisavam de se apossar de.nm segredo, de ameaçar tacitamentecom uma denuncia, de lisongear vil-mente um vicio ou mesmo uma ma-uia, para darem solidez e garantiade duração á sua posição independeu-te e precária!

Emquanto que na vasta sala de

jantar, de tectos apainelados, e custo-sos pannos de Arras, em torno da

pesada mesa de carvalho, primorosa-mente entalhada, se reunia alegre e

-numerosa familia, em que umas pou-cas de gerações se enlaçavam, na co-sinhado palácio, ao lume crepitante

.das fornalhas enormes, reunia-setambém a familia ainda mais nume-.rosa dos antigos servos, eram pães,mães, filhos, ás vezes netos.

Não estavam privados de todas ascondições humanas, tinham as suasfestas'intimas, as suas alegrias, os

¦ seus affectos !O seu maior empenho consistia em

..que a familia de que dependiam, tto-

(Continua.)

Mama A. Vaz ue Carvalho.

Exigem d'elles um serviço irrepre-hensivel,uma obediência passiva,umadisciplina exemplar,

De resto odeiam-nos parque lhestèem um certo medo.

Comprebendem perfeitamente quesão ridículos, elles que andaram tantotempo de tamancos, a varer os arma-zens, a levarem empurrões e mãostractos dos caixeiros grandes da casa,a curvarem-se humildemente dos pa-trfies, dando-se agora aquelles aressuperiores e desdeuhosos de potenta-dos.

Emquanto comem em pratos deSevres ou do Japão, uns manjaresexquisitos que o cosinheiro de dez oudoze libras per mez, lhes impingetraiçoeiramente, sentem-se acanha-dos diante do olhar frio, do olhar me-tallico dos criados de mesa, e imagi-nam que elles no mudo escarneod'esse olhar, lhes dizem que estão

percebendo o seu desastramento, osseus "-estos grosseiros, e até a saúda-de com que recordam a assorda e obacalhau salgado dos bons dias damocidade.

D'esta hostilidade mutua nada bom

pôde resultar.

Não é vivendo muito tempo, masobservando muito, que se aprendealguma cousa.

No fim da paginai

Que o recrutamento está feioNão merece contestação,Já se recrutam mulheres,Por mera vadiação !

Isso é mais que irrisório,Parece até caçoada,Que se recrutem mulheresP'ra ter-se roupa lavada.

Ando deveras assustada,Com o diabo da brincadeira,Se me recrutam, largo a penna,E passo a ser lavadeira.

E o caso não é p'ra menos,Elles não respeitam ninguém,Pois já recrutam crianças,Para o exercito também.

Zefa.

Page 4: U». í» A FAMÍLIAmemoria.bn.br/pdf/379034/per379034_1889_00009.pdffamilia e a dirigir algum dia uma casa,deve naturalmente procurar an-te.s na escola do lar doméstico do que em

A FAMÍLIA

I

A cruz do arroio

Atravez de sinuosos meandros dearvores espessas e arbustos, em umatalho quasi ignorado á margem dehumilde riacho, via-se 11'uma esplen-dida manhã de primavera uma en-' cautadora menina loura, trilhandocom imperturbável serenidade essaarriscadissima vereda.

Tinha o corpo delgado e franzino,os olhos rasgados e admiravelmeutebellos. Os cabellos em fartos anneiscaliiam-lhe com profusão até, á cintu-ra, atados par unia estreita fitinhaazul celeste, sombreando ao de leve asua fronte clara e assetinada, Os seustrajes eram assás singellos ; traziaum avental preto arregaçado e re-pleto de flores. Os pósinhos delicados,pisavam nus imperceptivelmente porsobre as silvas e hastes emmaranha-das do caminho, como se trilhasse so-bre a mais avelludada alfomhra.

Dir-se-hia estar delia muito habi-tuada a vagar por tão agrestes e in-trincandas veredas, uo emtanto fa-ziam apenas alguns mezes que paraalli viera. Um imprevisto revez da,fortuna obrigara seus pais a abati-douarem a cidade onde viviam, ea virem occultar n'aquella inhos-

_qáta_j___IidÍMx_jjJnf^^ inTiísefiaa que se achavam condemnados.

A feliz organisaçâo de Evelina,que tinha então lõ annos, nadasoffreu com tão brusca mudança, ecomo nos ditosos dias de sua opu-lência. depois de auxiliar a mãenos inais rudes affazeres domésticos,percorria alegre, feliz sem pesares uehontem, nem cuidados de amanhãquasi todos os arredores d'aquellesombrio deserto, apenas aineigadopela doçura e attactivos d'um climasuave. A vida da menina desusava-se pois suavemente, qual brisa tepi-da e perfumada. Em cada aurora quepassava, julgava ouvir um novohymno, e cada crepúsculo trazia-lheuma nova esperança. A sua alma boae generosa tinha sempre um manan-ciai inexhaurivel de consolações paratodas as dores. Ao pé de si ninguémpodia estar triste, os seus desvelostinham o mago coridão de suavisartodos os males. Sempre meiga, serenae ridentissima, até aos seres inanima-dos estendia a sua constante sollici-tude.

Um dia que alongara mais alem assuas excursões pela floresta, desço-

briu por entre verdejantes moitas dearvoredo, uma pobre cruz abando-nada.

Muitas vezes ella tinha visto ábeira das estradas, erguida em tos-cos pedestaes de, musgo e pedras, es-sa synthese augusta da dor, comoque a implorar de ignoto viajor quepassa, uma prece, uma lagrima,pela infeliz victima dhuna catastro-phe, d'um crime talvez ; mas em to-das, ella vira algumas flores mur-cha.s, uma fitinha enlaçada, um em-blema qualquer attestando não esta-rem completamente esquecidas.

Só aquella. cruz abandonada jaziauo olvido, sem duvida ha muitos an-nos. O solo achava-se, alli coberto desarças e, hervas rasteiras que, impa-vidas s'enlaçavam até aos braços da,cruz, já meio derribada pelos destro-cos do tempo.

A'q nella inesperada descobertanão pôde reter uma exclamação desincera piedade, e algumas lagri-mas compassivas rebrilharam-lhe nosolhos.

—Pobresinho !... Oh ! meu Donstende compaixão do infeliz que aquimorreu talvez no desamparo ! Todaessa noite Elvira sonhou com o des-graçado, cujo trágico iim a cruzabandonada parecia attestar, e nodia seguinte com o auxilio de seupae conseguiu transformar aquellabrenha selvática n'um poético e devo-to retiro, que a sua piedade compra-/.ia-se em adornar todas as manhãs,das mais bellas e aromaticas flores,orando seaipre pelo desgraçado, allitantos annos esquecido.

As arvores entrelaçando os seusramos formavam um magnífico pa-vilhão, no centro do qual hasteava-se a cruz no seu tosco pedestal de pe-dras, por cujas fendas brotavam mi-mosas flores, predileção expontâneada natureza.

A' pequena distancia via-se fil-trando harmoniosa no seu murmu-rio, a corrente pacifica, serena e lini-pida d'um arroio qno parecia exhalararomas, dando frescura e viço á mi-mosa alfouibra, que agora graçasaos cuidados de Evelina, alcatifavaaquelle suave retiro, como um exten-so tapete de vireute matiz.

** *Na fresca e ainenissima manhã

que a nossa singela narrativa expli-ca, Evelina lembrara-se de colheras mais bellas e viçosas boninas paraadornar a cruz do arroio, como ella

a chamava. Alli chegando sentou-sesobre a macia relva e depois de abriro avental começou a tecer com graçae agilidade incomparaveis, uma lin-da coroa de cândidas boninas, cantan-do alegremente.

Toda embevecida no trabalho sorria,satisfeita, e quando suecedia ergueros formosos olhos, fitava-os lânguida-mente sobre a cruz, então dos seuslábios parecia escapar uma singelaprece, em favor desse infeliz a quemjamais conhecera, porem que habi-tuàra-se a amar, como amava a todosos desgraçados

Depois de concluiria, enlaçou-a de-vota mente intui dos braços da cruz, eaffastando-se alguns passos deteve-sea consideral-a no mais religioso enle-vo dalma, respirando com delicias oodorifero perfume das boninas, queainda orvalhadas pelo rocio matutinosciutillavão tios raios brilhantes dosol, couto focos de luz. Em seguidaEvelina curvou-se olhando para oavental (jue tinha preso entre as"mãos, e vendo quantidade de fio-res snlficiente dispunha-se a te-cer uma, outra coroa, quando dei-xou repentinamente escapar umaexclamação de espanto , recuandotoda enrubecida e tremula parajunto da cruz, como se invocasseo seu amparo. Tinha avistado a curtadistancia uma pessoa completamentedesconhecida para ella, a qual pare-cia comt.einplal-a absorta em extaticaadmiração.

O recemvindo vendo-se descoberto,approxiniüu-se d'eila e saudou-a comum sorriso insinuante.

Evelina na sua extraordinária con-fusão deixara cahir do regaço as fio- ¦res que espargidas pelo chão exhala-vam os mais inebriantes perfumes.

Entretanto sentiu-se gradualmen-te tranquillisar-se ao aspecto d'umbello mancebo, de porte airoso, tendoapenas os lábios sombreados por umtênue bigode.

—Nada deveis receiar, encantado-ra joven, disse elle com um timbre •de voz agradável, porque o zelo esollicitude que diguasteis dispensar aeste recinto sagrado, onde perdi omelhor dos pães, inspiram-me porvós um culto santo de agradecidorespeito.

Então o moço em breves e sucein-tes palavras referiu-lhe a catastro-phe que o tinha, reduzido á orphan-dade.

Page 5: U». í» A FAMÍLIAmemoria.bn.br/pdf/379034/per379034_1889_00009.pdffamilia e a dirigir algum dia uma casa,deve naturalmente procurar an-te.s na escola do lar doméstico do que em

A FAMÍLIA

Havia muito tempo, desesete annostalvez, quando um rico caçador aopercorrer com diversos companheirosaquellàs paragens, no momento deatirar a uma corça, o cavalio que ca-valgava, tropeçando, precipitou-o nochão com tanta infelicidade, que aarma voltando-se contra elle matou-o quasi instantaneamente. A' memo-ria d'esse infausto acontecimento os' amigos erigiram uma cruz no mesmositio onde elle expirara. A sua infelizviuva pouco sobreviveu á sua des-graça, deixando orphão o único filhoquetinham, o qual entregue a umparente affastaclo foi residir em ou-tros sities. Chegando porém á suamaioridade, ao tomar pos-e dos bensque possuía, o seu primeiro cuidado,como bom filho que, era, foi informar-se do local onde perdera seu pae.

Cançado porem de inúteis pesqui-zas, esteve quasi a abandonar seme-lhante empreza, quando casualmenteouviu a voz argentina da moça, quepara alli o guiara, sem que fosse pre-sentido por ella.

Ainda mesmo quando não bastasseo conjuncto harmonioso e irresistíveldas o-racas de Evelina, o cuidado ea aífectüosa solicitude com que ellaaformoseara aquelle venerando re-cinto, seriam assas suficientes parasulojugal-o completamente. Desde eu-tão'aquellàs duas existência, que pa-reciam talhadas uma para outra, sefundiram numo harmonia intima desentimentos perfeitamente iguaes go-sando a, encantadora e dulcissima cer-teza de que o seu mutuo affecto eracomprehendido e compartilhado.

Uma sympathia que, tivera começojunto a um symbolo tão sagrado, não

podia deixar" de ser abençoada pelocéo.

Quando os pais de Evelina viram-n'a alegre, rica, feliz e para semprelio-ada ao joven aquém amava, der-

A mulher

(Fragmento da «Sibylla»)

Vós qne usurpar tentaes das lúcidas conquistas0 triumphal latirei, soberbos egoístas,Dizei: - como arrancar das paginas da historiaUm nome feniinil, que já sagrou a gloria ? .

Scn.es eampesires

MA PORTA 110 PARAÍSO»

-Mecé não acredita, Inlui....-Acredito, sim, tia Floripa ; aion-

Proudhon. grande l>(millioii,ii arbitro orgulhoso,Que em teu cruel desdém banias, impiedoso,Da região sublime onde íequili bravas,Todo o femiueo espirito, ao qual tu só marcavas\ orbita do lar: d grande fronte austera,

O que sentiste. diz, quando as*'ondniido á espiDo grave pensador, polilico, estadista,A pallida Royer, e sabia economista,No ágape sublime, liiimaiiitar o grêmio,Soberba, ao lado teu, foi partilhar teu prêmio?!.. •O que sentiste, diz, pungir-te a consciência,Ao vêl-a irradiando a luz, a intelligencia ?

O' Molière, e tu, que a acerba zombaria,O láfego cruel, terrivul da ironia,Brandindo fero, audaz, em producçoes famosas,Arremessaste o stigma, -as luas Preciosas,k' face da mulher:—porque trêmulo, aneioso,Ia implorar o apoio esse estro viclorioso,Ao juvenil portento, Oráculo divino,Curvando-te ásaneção d'tim lábio purpurino?!Porque rojar-te aos p':s da fada mysteriosa,Ninon, a «epicurista», a bella voluptuosa? ..

O' pleiade immortal, qne a face illuiniiiiula,Passasteeiivoltaeiugloria a cklámydeeslrellada:

Stael, Sand e líuoy, lloiaude ílypathia,E Ancelot, e Saplio, a deusa da poesia !IJ vos, que ao novo sopro, cm radiações eternas,Ura novo ardor inllamnia, d musas liodiemas:Aston, Bloomer, Audouard, heróicas precursoras;Tonliuin e Martineau, soberbas pensadoras I...O' pallida Ackermann, pliilosoplio profundo:lim cada oi liar um astro... em rada idéa um mundo!Frontes que enteou liando ignotos esplendores,Sublime olvidaes os ímpios detraclores:Impunes ficarão, constellações radieutes.A grande turba vã cTestdíidos «pedantes»;'!...

ramando etn torno de si a felicidade ;ergueram os olhos para o céu, bem-dizendo a cruz do arroto, a quem nasua crença piedosa attribuiam a im-prevista ventura de que gosavam.

Taubaté, 13 de Janeiro de 89.

Axalia Franco.

, . . . O' genio, águia esplendente! .Onde o teu vôo audaz pairar altipotente,Ila de rasgar-se a nuvem ao gigantesco adejo,E fuzilar o raio... o eternal lampejo 1...

E' preciso amar as crianças paraas eompreheuder ; advinham-se mui-to menos pela intelligencia do quepelo coração.

Madame Necker.

Mariana de Andrade.

Ha um meio infallivel para imporuma idéa aos outros: é fazer-lhescrer que elles a tiveram.

te.Não acredita, eu sei ; mas sou ca-

paz de jurar, com as mãos sobre assagradas escripturas, em como viabrir-se a porta do Paraíso.

—Conte!Diz-se que as mulheres são curió-

sas ; eu sou mais do que todas as mu-lheres.

Muito insisti, tão supplices fala-ram os meus olhos aos olhos enevoa-dos (hi velha paulista, que a bondosacreatura, em cuja alma sereníssimabrilhavam as chamnias divinamentebellas da cteauça e da .simplicidadebíblica, decidia-se a falar...

II

A. noute estava explendida : masquente.

Abandonamos a casa em imsca deuma aura refrigeradora e sentados noterreiro á tênue claridade das estrel-Ias, absorvemo-nos nas missas recor-dações e mt saudade mordeu te dosausentes amados, que ellas acorda-vam uo fundo de nossos corações...

As vozes monótonas dos patrícios,partindo de pontos diversos, alterna-das em accelerada respondencia, for-mavam com o canto estridente dosgrillos, e zumbido dos msectos nocti-vagos e os mil rumores indefinidosdas paragens agrestes, uma oiches-tra extranha, que não era destituídade encanto.

Em toda a extensão dos descampa-dos circumdantes, por enti e as alvase ondeantes plumas do; ubás. as for-mosas touceiras da brejaúva e as fo-lhas elegantíssimas das bananeirasguaymbés, brilhavam e extinguiam-se, com phantastica rapidez, aschammas docemente azuladas de mi-lhares de pyrilampos ; as grandes ar-vores de sombras poupadas pelo ma-chado derribador para abrigo das ali-niarias avultavam magestosas no ci-mo das immiuencias, como atalaiasvigilantes destas solidões...

E porque euluete os mais delicio-sos quadros uma sombra expressiva,a voz metálica e agoureira de umasuyndàra feria-nos o ouvido, de espa-ço^ pondo uma nota sinistra na doceserenidade daquella formosíssimanoute primaveril.

Page 6: U». í» A FAMÍLIAmemoria.bn.br/pdf/379034/per379034_1889_00009.pdffamilia e a dirigir algum dia uma casa,deve naturalmente procurar an-te.s na escola do lar doméstico do que em

Xf

A FAMILTA

[IIllluminára-se a face pallida e ru-

^¦osa da Tia Florinda; e ella falou-me assim:

—«Eu era pequenina, Inhá, e em-quanto minhas irmãs corriam pelogrande terreiro da casa de meu pae,que era sitieiro, brincando—«Bentoque bento frade», eu que sempre fuimuito fraca e franzina, e que não ti-nha forças para correr com as outrascreanças, deitei-me em uma esteira efiquei a olhar para o céo.

A noite era bonita como esta: océo estava tão crivadinho de estrellas,que não havia entre eilas espaço pa-ra a cabeça de um alfinete, e o caini-nho de S. Felippe, e de S. Thiagobrilhavam tanto, que os olhos doiam-me de olhar para elle.

O céo é baixo aos innocentes. Inhá;á medida porém, que vamos crescen-do, em annos e peccados elle vae-seafastando de nós, até que colloca-setão alto, tão alto, que a gente velhachega a perder toda a esperança dealcançal-o no dia da morte.

Nessa noite eu vi o céo ainda maispróximo do que nas outras; afigura-va-se-me que, para alcançal-o, bas-tava pòr-ine de pé e levantar paraelle os meus bracinhos.

E eu olhava para o céo. esquecidade todos, esquecida de tudo, sem far-tar me de contemplal-o !

Nisto bem perto do caminho de S.Felippe, uma grande nuvem pratea-da partiu-se em duas ; e essas duasnuvens, movendo-se silenciosas,abriam-se como uma porta, mostran-do-me o Paraiso '

Ah, Inhá, quantos esplendores 1Quantas maravilhas ! Havia lá

dentro uma luz tão diaphana, tãosuave, mas tão intensa, que todos osanjos pareciam trespassados pela ce-leste claridade!...

Junto á porta um velho alto, ves-tindo uma comprida túnica flutuante,com longas barbas resplandecentes ea fronte irradiante, sorrio para mim..,

Estive muito tempo sem poder fa-lar.

Depois, chamei por minhas irmãs;minhas irmãs chamaram minha mãe,que gritou também por meu pae, etodos elles, muito religiosos, rodea-ram-me para verem os anjos e S. Pe-dro.

—Onde está a porta da Paraiso,Flor*?...

Alli! alli!—gritava eu, designau-do o ponto em que a distinguia.

Mas S. Pedro molestou-se por eunâe ter guardado o segredo.

De súbito sumiram-se os anjos, ex-

tiuguirani-se as luzes e as mesmasnuvens, pouco antes, reluzentes co-mo a prata, fizeram-se negras e cer-raram-se trovejando, escoudendo-meo céo...

Foi então que eu senti estallarem-me nas costas as cordas dobradas quemeu pae tinha na mão; elle deu-me,nessa noute. a única sova quo em pequeuiua levei.

—Isso ó que é a porta do Paraiso ígritava elle, louco de raiva, emquau-to me batia. Uri de ensinar te abrincar coni os anjos e com o senhorS. Pedro!

Minhas irmãs choravam ; minhamãe arrancou-me de suas mãos e fu-gia comuiigo para a casa, e por meumaior castigo, Inhá, por mais queolhasse d'ahi eu diante para o céo,nas noites estrelladas e serenas, nun-ca mais, nunca mais vi abrir-se aporta do Paraiso !»

Narciza Amalia.

A inveja é a admiração davolencia.

inale-

/

ReminiscenciaNoutes de min lia terra, notites únicas!Phenomenos de luz e de harmoniaQue a sombra, a Musa das legendas míticasMysteriosa envolve e acaricia.

De longe vos contemplo! Na memóriaAffeiçoavel, tenra da meninaGuardai-vos como em lapida marmóreaBurila o artista uma visão divina.

De longe vos contemplo! Ao sopro cálidoDas brisas do seitão, quantas estrellasbrotam do arminho d'esse céo mais pallidoP'ra que as rosas da luz abram mais bellas!

E escuta os eccos desse enorme cântico,Desse eterno poema que murmuraA vossos pés o espirito do Atlântico—Preito tle bardo á excelsa formosura.

Aqui pesa ua fronte um céo de cúmulosQue as estrellas mais lividas que a luaVéllam, sepultam, quasi dispersos túmulos...E, a nevoa hiberna rente ao chão flutua.

Noutes tle minha terra, noutes únicas!—Phenomenos de luz e de harmonia,Que a sombra, a Musa das legendas runicas,Mysteriosa envolve e acaricia.

Pudesse minha inspirada existênciaRefundir-vos agora ao quente seio!—Vira á flor tle voss:aurea transparênciaResurgirem os mortos que pranteio!

Narcisa Amalia.

0 bouquet de violetas

(oe chincholle)

Eram primos. Ambos jovens, im-petuosos e ardentes, amando-se como enthusiasmo louco dos primeirosamores. Elle tinha ura nome perfei-tamente adequado á bravura do seugenio audicioso, e se m'o permittem,á elegância das suas maneiras e dassuas toileli.es, de um modernismo cor-recto, cheio de bom to.n ;—chamava-se Leão.

Ella possuía uma alma cândida,um coração cheio de pureza e ura ros-to de notável brancura. Que outronome lhe iria melhor de que este?—Clara.

Chamava-se pois assim.O pae fora novo para Paris, onde

fixou o seu escriptorio de tabellião,juntando uma fortuna razoável. En-tretanto, o pae de Leão ficava na pro-vincia, recebedor de uma pequenacomarca que lhe dava para viver,tres mil e seis centos francos. D'estaquantia foram economisados mil eduzentos froucos, logo que se decidiua mandar estudar em Paris o gracio-so Leão.

Chegando á capital da França, opequeno provinciano teve dois des-lumbramentos: -a prespectiva arre-batadora da cidade e o rosto encanta-dor da prima.

No meio do turbilhão ruidoso e fas-cinante de Paris o pobre rapaz pensouque a sua mezada lhe não chegariase não fosse calculadamente reparti-da, e o que raras vezes suecede, sou-be pôr em pratica a preciosa theoria.

Receia va da sua inexperiência e dosdesvarios da sua cabeça aturdida.Tratou de prevenir-se contra u; desi-quilibrios financeiros.

No principio de cada mez, ao che-gar a mezada paternal, Leão pagavaimmediatamente a despeza do quartoe do restaurant, em seguida apartavavinte francos para o seu alfaiate, derpois dos doze ou quinze que lhe res-tavam, punha invariavelmente delado tantas moedas de cobre quantoseram os dias do mez.

Este dinheiro era distinado á com-pra de bouquets de violetas.

Não pensem todavia que isto eraum desperdício inútil. Não senhor.Era um meio engenhoso de que ellese servia para exprimirá formosa pri-minha que a amava muito.

A graciosa offrenda realisava-sequotidianamente das cinco ás seis datarde, hora em que Leão visitavaClara.

Page 7: U». í» A FAMÍLIAmemoria.bn.br/pdf/379034/per379034_1889_00009.pdffamilia e a dirigir algum dia uma casa,deve naturalmente procurar an-te.s na escola do lar doméstico do que em

A FAMÍLIA

Aquelles pequenos bouqmts erama única revelação do seu offecto. 0perfume e a modéstia da flor tradu-ziam perfeitamente os seus sentirnen-tos.

Clara correspondia, mas tinha umodo particular de o fazer.Sabem como ?Era assim.Todas as tardes em troca do hou-

ijttet d'esse dia, entregava-lhe o ramoda véspera. Até aqui nada ha de no-tavel, nada que denuncie u.n sentimento affectuoso. Toda a revelaçãoestá no lugar de onde ella tirava oramo.

Timidamente, com uma expressãode candura no olhar e um sorriso deingenuidade no; lábios, a innocentetirava-o do peito Leão collocava im-mediata e avidamente os lábios n'estarelíquia tão saturada do perfumevirginal d'aquelle ente adorável.

Durante tres mezes, as cousas cor-reramd'este modo. A troca do bouquetfazia-se todas as tardes e se o ramoviçoso significava:—«Clara, amo-temuito», as flores murchas tiradas do

peito respondiam :—«Estamos rese-

quidas pelo calor violento do seu coração.»

Isto, porém, não era bastante paraLeão que nos seus delirios imperiosose esbraziados queria, implorava, umaoutra resposta. Uma resposta que senão diz, antes se murmura ou ape-nas se sente; todo o seu ser aspiravapelo primeiro beijo, esse beijo escal-dante e devorador ; essa, confusão dapaixão do homem com a tímida caivdura da virgem ; essa concessão deduas almas que se entregam ; esseconsórcio dulcissimo dos lábios, d'on-de nascem os dois primeiros filhos doamor—o íiteo teu.

Mas a prima era caprichosa e pudi-ca. O desejado beijo não era concedi-do ; por isso todas as tardes, apesarda sua ventura. Leão sahia triste dacasa de Clara.

Se o bouquet, que elle levava aper-tado contra os lábios, lhe podesse di-zer quantas vezes tinha sido respira-do e beijado pela caprichosa quedavaás flores o que recusava ao amante I...

Se o pequeno ramo podesse repetirtodas as doces e bonitas phrases queella lhe dirigia ! E como o perfumedas tristes flòrinhas perturbava ásvezes aquelle cérebro irrequieto,produzindo-lhe exaltações febris eloucas I N'esses momentos a sua ca-becinha devaneadora recliuava-separa traz, os seus olhos cheios de languidez erravam pelo tecto, os lábiosmurmuravam-lhe confissões arreba-

tadas, em que o nome de Leão era re-petido com desvario e a sua presençadesejada com anciedade.

Mas o bouquet ficava mudo e o po-bre apaixonado, beijando-o soffrega-mente, não sabia ler alli os segredoshieroglyphicos do amor.

Isto durava, dissemos nós. haviatres mezes, estávamos pois no fim deMarço.

N'aquelle dia, Leão ao pas»ar sua-vemente a manga do frac pelo seuchapéo alto, preparando-se para sa-hir, não levava no bolso mais queduas pequenas moedas de cobre.

Tinha, é verdade, regulado e per-feitamente repartido a sua mezada,mas o mez estava no fim. 'portantonão lhe restavam mais que as duaspequenas moedas precisamente con-servadas para os bouquels de violetas.

Todavia a sua alma aleg-re, o seucotação esperançoso e repleto de ven-tura, não o deixaram preoccuparcom as pequenas misérias financei-ras. Descia a escada trauteaudo umacanção descuidosa e risonha, acom-panhada pelo tinir compassado quelhe faziam uo bolso as duas únicasmoeda; de cobre.

Eram cinco horas, ia portanto com-prar o bouquet e leval-o.

Quem sabe, pensava elle, talvezhoje seja mais feliz e alcance o sus-pirado beijo!... Clara na véspera, ti-nha sido tão adorável ! Tinha con-versado uma hora com elle de mãosdadas e tãojuntos, tão juntos, que selhe não tinha tocado as faces, pelo-me-nos havia-lhe sentido o avelluda-do : se os seus lábios não se encon-traram, elle tinha ainda assim res-pirado o seu hálito perfumado. Eratão perto d'ali ao suspirado beijo quepodia considerar aquelle incidenteuma lettra acceite, com o vencimentobreve.

Distraído, immerso mestas refle-xões, Leão caminhava de cabeça er-guida, como um apaixonado trium-phante ou perto d'isso, e passara já,sem reparar nas bouquetières ambu-lantes que naquella epocha do annopercorrem as ruas de Paris com osseus carrinhos perfumados.

Tinha, porém, chegado perto dacasa de Clara e era preciso gastar osúltimos cobres no invariável bauquet.

Ia voltar para traz em procuradalguem que lhe vendesse o mimosobrinde, quando reparou que exacta-mente junto á porta da priininha ha-via de um lado uma vendedora deflores e do outro uma pobre mulhertendo nos braços uma creança doente.

O bom coração de Leão coinpuu-gio-se ao vêr que teria de deixar semsoecorro a infeliz mendiga ou de re-nunciar ao ramo que lhe alcançarian'essa tarde, quem sabe ? o desejadobeijo. N'esta hesitação afastou-se dapobre, e encaminhando-se para a ra-milheteira escolheu o bouquet de vio-letas mais aromatico, mais fresco,mais aspergido de orvalho ; ao esten-der, porém, as duas moedas de cobreque o pagavam, a voz da mendigaimplorava :

—Uma esmola, meu rico senhor,uma esmola para o meu filhinbo !

Leão estremeceu. Parecia-lhe umcrime comprar flores quando alguémalli ao pé tinha fome...

Mas o beijo ! o anhelado beijo passa-va-lhe na mente como f liscações ru-bras de uma tentação irresistível.

Que fazer !N'aquelle m miento a mão da po-

bre tocou-lhe o braço, Leão olhou-ae viu-a, magra, pallida com o seu fi-lhinho mais magro e mais pallidoainda. Não hesitou, deixou calar oramo no cesto e deu o dinheiro á men-diga.

Nada de bouquet, por conseguinte,nada de esperança, nada de beijo,pensava elle consigo, cheio de umgrande pesar, e subindo a escada deClara tocou a campainha.

Foi ella mesmo quem veiu abrir,toda alegre, aos saltinhos, com umapressa desusada, e sem inais pream-bulos, sem mais receios tímidos,abraçou-lhe o pescoço e beiiou-o.

Attonito, com movido, o triumpha-dor perguntava a causa, da sua ven-tura que era tão grande como_.jues.-perada. E- ellai;apaiTdo"-lhe a boceacom um movimento gracioso da suamãosinha breve, murmurava :

—Cala-te, cala-te ! Não queirasnegar, vi tudo. Uma bôa acção valemais que um bouquet de violetas ; to-ma e deu-lhe outro beijo.

Leão radiante, transportado, louco,prometteu para solemnisar aquellaventura dar aos pobres, de então emdiante, o que até alli gastava em flò-res.

Eliza Cadouu.

Um bom conselho nunca dá prazersenão a quem o dá.

A alma que sonha comprehende aalma que soffre.

Page 8: U». í» A FAMÍLIAmemoria.bn.br/pdf/379034/per379034_1889_00009.pdffamilia e a dirigir algum dia uma casa,deve naturalmente procurar an-te.s na escola do lar doméstico do que em

NOVIDADES

Ao correio

E' co n bastante pesar que lança-

mos mão da penna para censurar-

mos nnra repartição que só devia me-

recer-nos elogioMuitas são as reclamações que to-

dos os dias vêem. ao nosso escriptorio,

queixando-se da falta do recebimen-

to da nossa folha.lia dias recebemos uma queixa do

Sr. Eduardo Rudge, morador á rua

Aurora n. 59, que diz-nos não ter o

prazer de receber A Familia, isto ha

duas semanas !A nossa companheira de trabalho

Doutora Isabel de Mattos Dillou,

queixa-se do mesmo mal.

Nós mesmas não recebemos o Dia-

rio do Commercio, Município Neutro

c Tribuna Liberal, com a regularida-

de precisa, dias ha em que não temos

a honra de os ver.,\ quem attribuir tal desleixo ?

Ao correio, somente ao correio,pois

Hiie as folhas que citamos publicam-se com toda a regularidade e a sua

distribuição é feita com rigoroso cui-

dado.Assim pois, ousamos mais uma

vez, pedir ao digno administrador do

correio, providencias n'este sentido.

A FAMÍLIA.

O Sr. Martin Júnior, proprietárioda lithographia a vapor á rua de S.Bento, mimosiou-nos com uma lindafolhinha.

Agradecemos a offerta.

Chegou ultimamente ao Cauadá a

proprietária de onze periódicos il-lustrados de Nova-York.

Possue um estabelecimento typo-

graphico com 400 operários e 13 artis-tas paginadores. Recebe semanal-mente mais de 600 manuscriptos ecouta com um numeroso pessosil deredacção.

Emprega em cada semana 1:200$em ordenados, 5:000,? em material.

Deduzidas as despezas tem um ren-dimento animal de 26:000$.

Chama-se Alice Frank Leslie. Estasenhora é viuva, joven, e muito sym-

pathica. Quando enviuvou, os nego-cios da casa de seu marido estavammuito embrulhados. Com sua activi-dade, constância e talento, esta se-nhora cliegou a collocal-os no estadode prosperidade em que hoje seacham.

por anno approximadaineute. O me-nos que unia mulher ganha é 700$.

Em dois territórios e em um estadoda União, as mulheres teem o direi-to do voto (voto eleitoral geral) e emmuitos estados têm o direito do votonas eleições municipaes.

Na maior parte dos estados daUnião, as mulheres têm direito activoe passivo do voto na administraçãodas escolas publicas.

SECÇÃO ALEGRE

Olha, Clara, já que queres algumaspalavras no teu álbum de virgem,vou dar-te um conselho.

Tem um espelho sempre ao pé deti, colhe todos os dias uma flor e pOe-aem frente do espelho: ao cabo detre.s dias, olha para ti e para as flò-res. l^is de vêr uma murcha, outratriste e a desse dia viçosa. A primei-ra symbolisa o futuro, a segunda o

passado saudoso, a terceira o presen-te de rosas. Queres conservar éter-iminente viçosa a terceira ?

Não macules nunca a tua cnn-cien-cia.

Imprensa

Temos sido honrados com a per-iiuitta dos seguintes jornaes :

O Descalvadense, Revista Illuslra-da, O Trabalho, Gazela de Piraci-caba, Diário de Santos e Diário deCampinas.

Recebemos a visita do lllm. Sr.Alferes Leovigildo Albertin Duarte,digníssimo collector das rendas ge-raes e provinciaes na cidade de Ara-ras.

Ao distineto funeciouario apresen-tamos-lhes os nossos comprimentos,pela distineção com que fomos mimo-siados.

Quando poderemos competir comelles ?

Ha nos Estados-Unidos mais de4,500 mulheres que exercem a medi-cina, e seguramente 300, que exer-cem a advocacia, e um dos jornaesjurídicos de mais nomeada n'aquellarepublica, é redigido e publicado emChicago exclusivamente por mulhe-res.

Grande numero de mulheres sãoprofessoras em diversas universida-des, e muitas dedicam-se á astrono-mia e á litteratura, e poderia-se apon-tar grande numero d'ellas que sãojornalistas ; só em New-York hamais de 200 empregadas em jornaes.

As escolas publicas são quasi todasdirigidas por mulheres, e o seu uu-mero eleva-se a cem- mil.

Nas casas commercíaes encontram-se guarda-livros femininos, e, nos es-tabelecimentos fabris, são ellas pre-feridas.

Nos diferentes ministérios emWashington, ha mais de mil mulhe-lheres empregadas, principalmentena administração dos correios e tele-graphos são adinittidas de preferen-cia.

Estas senhoras ganham até 6:000$

O Joáosinho está fallando com amãe, emquanto esta se veste :

—Diga-me cá mama,o que é Deus?Tem olhos, boca e nariz, como nós ?

A mãe, cheia de gravidade :—Meu filho: Deus é tsido; é o céu,

a immensidade, o infinito... é tudo oque tu não podes comprehender.

— N'esse caso, replica o Joãosinho,Deus é inglez ; porque lá no collegioha uns pequenos, que são inglezes,e que eu não entendo.

Um indivíduo, sentindo-se incom-modado, foi consultar um velho ami-go da sua familia, doutor em medeci-na, mas que havia muito renunciaraao exercito da sua profissão.

Depois de ter examinado e interro-gado o doente, o doutor disse-lhe :

—Não te inquietes, é uma febremucosa. Se fòr bem tratada não duratrês semanas.

—E se uão fòr "?

—Se uão fòr é negocio para quinzedias.

TYP. UNIÃO- S PAULO