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A família e o conflito de gerações ultimato.com.br /sites/estudos-biblicos/assunto/vida-crista/a-familia-e-o-conflito-de-geracoes/ A família e o conflito de gerações Texto básico: Tiago 3.13-18 Texto devocional: Romanos 12.9-21 Versículo-chave: “Se possível, quanto depender de vós, tende paz com todos os homens” (Rm 12.18) Leia a Bíblia diariamente seg Fp 1.1-11 ter Fp 1.12-30 qua Fp 2.1-11 qui Fp 2.12-30 sex Fp 3.1-21 sáb Fp 4.1-23 dom Ec 3.1-15 Alvo da lição Mostrar que uma convivência pacífica e agradável é possível entre diferentes gerações quando refletimos sobre os valores dos outros e seguimos princípios para resolver os conflitos. Introdução “A família é o lugar onde se criam doenças psíquicas e psicossomáticas, e ela é a primeira rede de apoio que preserva de adoecer em consequência de uma crise” (Imagens da Família, Ed. Sinodal, p.115). É fato que cada geração tem a sua maneira de agir, sentir, pensar e decidir. Entende-se por “geração”. • o conjunto dos indivíduos nascidos na mesma época; • o espaço de tempo (aproximadamente 25 anos) que vai de uma geração a outra (Aurélio). Em uma família, várias gerações estão presentes: avós, pais, filhos e netos. Isso significa a presença de variados pensamentos, conceitos e valores. O que pode produzir competição, conflitos e inveja. É comum os mais velhos dizerem: “Ah! … no meu tempo eu não tinha essas facilidades, essas regalias que os jovens têm agora!” Ele está confessando um desejo não satisfeito na sua juventude, um privilégio não obtido. Então perguntamos: não é justamente este o sentimento e a atitude que as pessoas mais querem esconder das outras? O marido, com uma grave enfermidade, pode ter inveja da esposa porque ela está com saúde, trabalha e tem uma vida normal, enquanto ele fica isolado. Sendo assim, o caminho que escolhemos para trabalhar esta lição é duplo: os valores na família e como resolver conflitos entre gerações. I. Os valores na família 1. O que são valores Valor é algo desejável ou útil. As pessoas valorizam o que desejam, necessitam ou consideram interessante. Por causa disso, temos as nossas preferências, escolhas. Escolher supõe que preferimos o mais valioso ao menos valioso. a. Existem objetos valiosos e atos humanos valiosos: • Objetos valiosos: árvore, uma porção de terra, uma cadeira, um carro, um computador, uma obra de arte, um livro, um tapete, um móvel de casa, uma roupa etc.

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Page 1: Ultimato.com.Br-A Família e o Conflito de Gerações

A família e o conflito de gerações ultimato.com.br /sites/estudos-biblicos/assunto/vida-crista/a-familia-e-o-conflito-de-geracoes/

A família e o conflito de gerações

Texto básico: Tiago 3.13-18Texto devocional: Romanos 12.9-21

Versículo-chave: “Se possível, quanto depender de vós, tende paz com todos os homens” (Rm 12.18)

Leia a Bíblia diariamenteseg Fp 1.1-11ter Fp 1.12-30qua Fp 2.1-11qui Fp 2.12-30sex Fp 3.1-21sáb Fp 4.1-23dom Ec 3.1-15

Alvo da lição

Mostrar que uma convivência pacífica e agradável é possível entre diferentes gerações quandorefletimos sobre os valores dos outros e seguimos princípios para resolver os conflitos.

Introdução

“A família é o lugar onde se criam doenças psíquicas e psicossomáticas, e ela é a primeira rede deapoio que preserva de adoecer em consequência de uma crise” (Imagens da Família, Ed. Sinodal,p.115). É fato que cada geração tem a sua maneira de agir, sentir, pensar e decidir. Entende-se por“geração”.• o conjunto dos indivíduos nascidos na mesma época;• o espaço de tempo (aproximadamente 25 anos) que vai de uma geração a outra (Aurélio).

Em uma família, várias gerações estão presentes: avós, pais, filhos e netos. Isso significa a presençade variados pensamentos, conceitos e valores. O que pode produzir competição, conflitos e inveja. Écomum os mais velhos dizerem: “Ah! … no meu tempo eu não tinha essas facilidades, essas regaliasque os jovens têm agora!” Ele está confessando um desejo não satisfeito na sua juventude, umprivilégio não obtido. Então perguntamos: não é justamente este o sentimento e a atitude que aspessoas mais querem esconder das outras? O marido, com uma grave enfermidade, pode ter invejada esposa porque ela está com saúde, trabalha e tem uma vida normal, enquanto ele fica isolado.Sendo assim, o caminho que escolhemos para trabalhar esta lição é duplo: os valores na família ecomo resolver conflitos entre gerações.

I. Os valores na família

1. O que são valoresValor é algo desejável ou útil. As pessoas valorizam o que desejam, necessitam ou consideraminteressante. Por causa disso, temos as nossas preferências, escolhas. Escolher supõe quepreferimos o mais valioso ao menos valioso.

a. Existem objetos valiosos e atos humanos valiosos:• Objetos valiosos: árvore, uma porção de terra, uma cadeira, um carro, um computador, uma obra dearte, um livro, um tapete, um móvel de casa, uma roupa etc.

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• Atos humanos valiosos: ato moral, político, jurídico, cívico, econômico etc.b. Os valores, de modo geral, podem ser:• Positivos – Se alinham com os valores bíblicos• Negativos – A desonestidade, a violência, o preconceito etc.• Neutros – “Qual pé devo calçar primeiro, o direito ou o esquerdo?”

c. Principais tipos de valores:• Extrínseco ou instrumental – É algo que tem valor por causa dos efeitos que produz, e não por causadaquilo que é em si mesmo. Ex.: uma casa confortável.• Intrínseco ou final – Algo que é valioso em si mesmo. Ex.: a bondade, a lealdade, a justiça, etc.

AplicaçãoPara refletir em classe: De que maneira os valores estão presentes nas famílias e nas diferentesgerações que formam as famílias? Todos valorizam exatamente as mesmas coisas? Por que?

2. Como os valores se formam na família e nas gerações

De acordo com Eva Lakatos (Sociologia Geral, Ed. Atlas), existe um processo sociológico de mudançacultural comum a todas as culturas em todas as gerações.

a. Inovação. Alguém inventa algo, mostra seus valores e suas vantagens. Normalmente é algo quevem para tomar o lugar de outra coisa. Ex.: máquina de escrever e computador.b. Aceitação Social. Acontece quando a sociedade aceita o que foi inventado. É também aassimilação de um comportamento novo. Ex.: mulher ser árbitro de futebol.c. Eliminação Seletiva. Acontece quando a sociedade vai deixando hábitos antigos para contrairnovos; os valores vão caindo em desuso até desaparecer.d. Integração Cultural. É o último e definitivo passo. Os novos valores e comportamentos vão seajustando cada vez mais, até serem parte integral da família ou sociedade.

Isso que acabamos de aprender é muito importante para entendermos a razão das mudançasculturais e dos valores na família. A igreja do Senhor Jesus Cristo vive sempre em uma sociedade,nunca fora dela (estamos em Cristo, mas vivemos também em Éfeso – Ef 1.1). Agora você entende acausa de muitos conflitos entre gerações. Entende por que o avô quer que o neto se comporte damesma maneira que ele, quando era criança?

Isso não quer dizer que todas as mudanças na sociedade e na família sejam benéficas. Aliás, em setratando de mundo, a maioria delas é degradação e não evolução. Colocamos o que segue apenaspara “abrir a mente”.

3. Os verdadeiros valores da vida

O que é bíblico nenhuma cultura pode derrubar ou superar. A lista abaixo, que não é exaustiva, masabrangente, tem por objetivo mostrar valores que, não importando a geração, são absolutos epermanentes; válidos para qualquer época.

a. O principal mandamento (Mc 12.28-31).b. Ser uma nova criatura em Cristo Jesus ( Jo 3.3-5).c. Salvar a alma ou ter a vida eterna (Mc 8.36).d. Viver em paz (Pv 17.1).e. Amar e ser amado (1Co 13.1-3).f. Autenticidade (Mt 7.3).g. Solidariedade, altruísmo e utilidade (Lc 10.30-37).

II. Resolvendo conflitos entre gerações

Para a mãe, que foi educada de forma a não poder sair sozinha com o namorado (a irmã ou alguémtinha de ir junto), a não poder beijar em público, fica difícil entender que sua filha possa ir a uma festa

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e chegar tarde da noite.

Um pai que foi educado aprendendo que “lugar de mulher é dentro de casa” também reluta em liberara filha para trabalhar. Tudo pode se complicar quando o antigo e o novo acabam coexistindo dentro damesma casa. Os filhos querem viver da forma dominante de sua época e acompanhar os valoresatuais; os pais geralmente acabam tentando se modificar para compreender a forma de vida da novageração, sem abrir mão dos valores que eles trouxeram do lar no qual foram criados. E quando o avôou avó moram em casa, as diferenças de gerações são ainda mais evidentes. Evidentemente nãotemos uma “receita” pronta. Mas temos princípios que podem ser aplicados nos relacionamentosinterpessoais, quando há atritos devido às diferenças de gerações.

1. Comunique o conflitoA Bíblia não recomenda o silêncio quando há problemas ou pecados. “Se teu irmão pecar contra ti, vaiarguí-lo entre ti e ele só. Se ele te ouvir, ganhaste a teu irmão” (Mt 18.15). O verbo “arguir” pode sertraduzido como “trazer à luz”, “expor”, “mostrar a falta ou erro”, “mostrar a razão dos fatos”, “convenceralguém de sua falta ou erro”. “Vai arguí-lo” implica uma atitude, um movimento em direção ao ofensor,ao que está nos ferindo. “Se ele te ouvir, ganhaste a teu irmão.” O verbo “ganhar” quer dizer “pouparalguém de um dano, perda ou prejuízo”. O que acontece é que muitas vezes falamos do conflito atodos, menos à pessoa que realmente precisa saber. No ensino do nosso Mestre, deve-se falar: “vaiarguí-lo”!

2. Faça bom uso das “diferenças”Se você puder entender a posição do outro apenas como uma posição diferente – nem melhor nempior – a vida familiar ficará mais fácil e também mais rica e simples a convivência. Há um provérbioindiano que diz: “Não critique um homem antes de andar um quilômetro com seus sapatos”. Tentevivenciar o conflito sob o ponto de vista da outra pessoa. Dessa maneira, os avós ou sogros podem setransformar em valiosa fonte de aprendizagem, pois carregam uma bagagem de vida com ricascontribuições a dar aos demais. Portanto, se as diversas opiniões sobre uma mesma questão sãousadas de modo a enriquecer a percepção pessoal e a percepção sobre os outros, o jovem podeabandonar suas posições inflexíveis para assumir um posicionamento que compreenda a opinião dospais.

3. Faça diferença entre o essencial e o secundário

A palavra “secundário” vem do latim “secundu” que literalmente é “segundo”. Portanto, “secundário” éaquilo que é de menor importância em relação a outrem ou a outra coisa; algo de pouco valor,insignificante, inferior (Aurélio). Daí a necessidade de se identificar e discernir os conflitos, porque,muitas vezes, a causa maior não passa de interesse pessoal ou coisa de pouca importância. Você jáouviu falar do casal que brigava constantemente porque ao colocar o papel higiênico no papeleiro dobanheiro a mulher gostava que o papel saísse por baixo, enquanto o marido insistia que deveria sairpor cima? Incrível!Há muitas coisas que são importantes, mas não são fundamentais. E muitos conflitos podem serevitados com bom senso e tolerância, na medida que identificamos o que é essencial e o que ésecundário; ou o que é inegociável e o que é tolerável. Quantas vezes brigamos por algo que daqui apouco tempo não terá valor algum para nós mesmos!

Conclusão

A família que deseja que todos sejam réplicas uns dos outros e não assimila as diferenças acabaobstruindo o crescimento de todos. Maria Luiza Dias em seu livro Vivendo em Família (Ed. Moderna),acrescenta: Na infância, tudo o que vem dos pais e avós geralmente parece correto, mesmo que acriança resista a obedecer – os pais são vistos como aqueles que já conhecem mais sobre o mundo.

Na adolescência, a tendência é de oposição, de polarização com os pais. O mundo bom parece terprincípios opostos. Na vida adulta, espera-se ter encontrado uma posição mais madura, onde oindivíduo tenha sido capaz não só de “peneirar” as experiências, reter consigo o que avaliou como

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uma boa contribuição da família, como também de elaborar algumas mudanças, dentro do queconsidera ser a maneira pessoal mais adequada para as necessidades atuais.”

Sendo assim, a família sadia é aquela que doou a seus membros uma provisão para a vida e, aomesmo tempo, permitiu a sua diferenciação; que permitiu que cada um vivesse a sua individualidadesem ser individualista, sem abrir mão dos valores bíblicos (que são eternos) e sem esquecer deensinar a fazer diferença entre o essencial e o secundário. Ao contrário do que se pensa, umageração deve aprender com outra, havendo assim, uma integração de gerações.

Autor do Estudo: Pastor José Humberto de Oliveira>> Estudo publicado originalmente pela Editora Cristã Evangélica, na revista “E sua família, comoestá”, da série Vida Cristã. Usado com permissão.