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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS
CURSO DE BIBLIOTECONOMIA
MARCOS AURÉLIO PEREIRA VEIGA
MERCADO DE TRABALHO DO PROFISSIONAL BIBLIOTECÁRIO DO ESTADO
DO MARANHÃO: um estudo sobre educação continuada
São Luís
2014
MARCOS AURÉLIO PEREIRA VEIGA
MERCADO DE TRABALHO DO PROFISSIONAL BIBLIOTECÁRIO DO ESTADO
DO MARANHÃO: um estudo sobre educação continuada
Monografia apresentada ao Curso de Biblioteconomia da Universidade Federal do Maranhão, visando obtenção do Grau de Bacharel em Biblioteconomia.
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Maria Mary Ferreira
São Luís
2014
MARCOS AURÉLIO PEREIRA VEIGA
MERCADO DE TRABALHO DO PROFISSIONAL BIBLIOTECÁRIO DO ESTADO
DO MARANHÃO: um estudo sobre educação continuada
Monografia apresentada ao Curso de Biblioteconomia da Universidade Federal do Maranhão, visando obtenção do Grau de Bacharel em Biblioteconomia.
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Maria Mary Ferreira
Aprovada em _____/______/_______
BANCA EXAMINADORA
_____________________________________________
Prof.ª Dr.ª Maria Mary Ferreira (Orientadora)
Doutora em Sociologia
Universidade Federal do Maranhão
____________________________________________
Prof.ª Dr.ª Cenidalva Miranda De Sousa Teixeira
Doutora em Ciência da Computação
Universidade Federal do Maranhão
____________________________________________
Prof.ª Dr.ª Aldinar Martins Bottentuit
Doutora em Ciência da Informação
Universidade Federal do Maranhão
A Deus, por me proporcionar oportunidades
como essa de estudar e crescer, me conferindo
sabedoria para superar as adversidades da
vida;
A minha família pelo apoio e incentivo em
todos os momentos da minha vida;
Aos meus amigos, pela força e carinho nos
momentos bons e ruins.
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus pela alegria e sabedoria, que me escuta nos
momentos difíceis e está sempre comigo em todos os momentos, obrigado por me guiar pelos
caminhos certos e pelas vitórias alcançadas.
Aos meus pais, Conceição de Maria Pereira Veiga e Manuel de Jesus Fonseca
Veiga, principalmente a minha mãe Conceição pelas palavras de incentivo, pela inspiração e
exemplo de força de vontade, coragem e por ter paciência e acreditar em mim.
Ao meu irmão Manoel Eliakim Pereira Veiga, por me ajudar sempre que preciso e
por ser meu amigo, companheiro e meu irmão.
Aos meus amigos do Curso de Biblioteconomia, Edílson Reis, Juliana Rabelo,
Thayland Mafra, Valeria Bastos, Eliane Florêncio, Raniere Nunes, Gleyciane Moreira,
Natacha Oliveira, Luciana Castro, Marcelo Moreira, Elana Pereira, Marcos Santos, José
Raimundo, Aninha Oliveira, Keila Garcês, Evelyn Soares, Erivânia Menezes, Cíntia da Luz,
Brenda Mendes, Diógenes Andrade, Adriana Cabral, Mônia Lorena, Lílian Gatinho, Antônia
Lima, Edson Matos, Fernanda Fonseca, Francinalva Araújo, Marineth Gaspar, Rômulo
Tércio, Anderson Rocha, Bruno Alex, Lúcio Lago, Mayana Nogueira, Soraya Carvalho,
Emanuelle Barbara, Jucelma Sousa, Janielle, Lívia Reis, Reyjane Mendes, Hildelena Goulart,
Erika Moraes, Juciara Jônia, Milra Oliveira, Brenda Mendes.
Aos meus amigos do futebol biblio que sempre estiveram dispostos a jogar as
olimpíadas UFMA mesmo em momentos totalmente adversos, em que conseguimos vitórias,
e nos divertimos juntos independente do momento, sempre um prazer jogar com vocês,
sentirei saudades dos companheiros, Abmael Carvalho, Felipe Pires, Filipe Quinzeiro, Jonatas
Jony, Jonathan Almeida, Marcos Santos, Erikson Silva, Márcio Mj, Marcelo Moreira,
Romário Braga, David Ramon, PhellipeKassio, Victor Veloso, Anderson Rogério, Wyndson
Carvalho, Isaac Newton, Fabiano Carvalho, Cristiano Pinheiro.
Aos companheiros e companheiras de PET/Biblioteconomia, grupo que tive
prazer de participar durante pouco mais de dois anos e que me oportunizou grandes
aprendizados pessoais, profissionais e de vida, Rosyanne Almeida, Rafaela Teixeira,
Francinete Primo, Clara Duarte, Jacqueline Silva, Laís Dayane, Lays Leite, Neurimar D'
Ávila, Poliana Gonçalves, Solange de Jesus, Camila Aguiar, Rosana Neves, Jadna Carla,
Leidy Evangelista, Kettuly Machado, Flordiniz Sousa, Carol Mendes, Synara Azevedo,
Fabiana Silva, Rita de Cassia, Cecília Rodrigues, Helyel Cardoso, Maurício José, Ruylon
Calheiro, Janailton Lopes, Marcio Andre, Hellen Araújo, Joyce Aguiar, Adeligrayce Moraes,
Alice Hellen, Willame Aquino, Celestre Silva, Wanderson Ferreira, Irajayna Lobão, Vilma
Carvalho.
A professora Drª Mary Ferreira, por acreditar em mim e dedicar sua atenção e
tempo, obrigado pelas aulas, pelas orientações no PET/Biblioteconomia, certamente são
ensinamentos que levarei para toda vida.
A professora Drª Cenidalva de Sousa Miranda Teixeira, por me dá a oportunidade
de participar de sua pesquisa e me proporcionar um novo aprendizado.
A professora Msc. Raimunda de Jesus Araújo Ribeiro, pela atenção e apoio para a
realização da pesquisa, além das oportunidades de participação em projetos.
A professora Dr.ª Aldinar Martins Bottentuit por aceitar participar da minha
banca.
A todos os profissionais que contribuíram com essa pesquisa dedicando tempo e
atenção na busca de uma biblioteconomia melhor.
A emancipação dos trabalhadores será obra
dos próprios trabalhadores.
Karl Marx
RESUMO
Estudo sobre o mercado de trabalho do profissional bibliotecário com ênfase na educação continuada. Objetiva analisar o perfil profissionais, e como o profissional realiza sua formação continuada assim como ele percebe o uso das tecnologias de informação e comunicação (TICs). Este estudo é resultado de uma pesquisa bibliográfica e de campo. Discute-se as definições de trabalho, como era visto em vários momentos da história, para entender como o profissional compreende o mercado hoje e conhecer como ele se prepara para as mudanças que ocorrem no atual contexto, visto que estamos na sociedade da informação e as inovações são frequentes exigindo do profissional maior precisão no uso dos processos de recuperação e transmissão da informação frente as novas demandas sociais. Apresenta primeiramente o mercado de trabalho e sua dimensão histórica desde a antiguidade, passando pela idade média, renascimento até chegar ao capitalismo. Em seguida aborda o mercado de trabalho brasileiro e sua formação a partir da participação dos escravos como mão-de-obra principal e depois os imigrantes europeus até a formação do mercado brasileiro como conhecemos. O estudo reflete sobre o mercado de trabalho do bibliotecário, seu perfil, desafios diante das mudanças provocadas pela globalização e inovações tecnológicas, a transformação da sociedade, o que o mercado exige no momento. A formação continuada como instrumento de adequação às mudanças provocadas pelos avanços tecnológicos como o bibliotecário pode se preparar para essas novas exigências, necessidade de se adequar ao novo momento, mudança de postura. E por último a análise e interpretação dos resultados que apresentam o bibliotecário maranhense como um profissional que busca atualização. O estudo mostra que a profissão ainda tem a maioria de mulheres, mas que há um aumento de homens se comparado as últimas pesquisas de mercado. Observa-se também que o bibliotecário reconhece e faz uso de tecnologia, mas, que precisa de mais conhecimentos com relação àsopções existentes no mercado.
Palavras-chave: Mercado de trabalho. Perfil profissional. Educação continuada. Tecnologia de informação. Estado do Maranhão.
ABSTRACT
Study on the professional labor market librarian with emphasis on continuing education. It aims to analyze the professional profile, and as the provider performs its continuing education as well as he realizes the use of information and communication technologies (ICTs). This study is the result of a literature search and field. It discusses the work settings, as was seen at various times in history, to understand how the professional understands the market today and meet as he prepares for the changes that occur in the current context, since we are in the information society and innovations are frequently requiring professional higher precision in the use of recovery procedures and transmission of information across the new social demands. Presents first the labor market and its historical dimension from ancient times through the Middle Ages, Renaissance to get to capitalism. Then discusses the Brazilian labor market and its formation from the participation of slaves as the main hand labor and then the European immigrants to the formation of the Brazilian market as we know it. The study reflects on the librarian's job market, your profile, challenges before the changes caused by globalization and technological innovation, the transformation of society, what the market demands right now. The continuing education as a tool for adapting to the changes brought about by technological advances as the librarian can prepare for these new requirements, need to adjust to the new time change in posture. Finally the analysis and interpretation of results that show the Maranhão librarian as a professional who seeks update. The study shows that the profession still has most women, but there is an increase of men compared the latest market research. It is also noticed that the librarian recognizes and makes use of technology, but it needs more knowledge regarding the options in the market.
Keywords:Labor Market. Professional profile. Continuing education. Information technology. State of Maranhão
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 Gênero .......................................................................................................... 41
Gráfico 2 Faixa etária dos profissionais......................................................................... 44
Gráfico 3 Tipo de instituição ......................................................................................... 45
Gráfico 4 Campo de atuação ........................................................................................ 46
Gráfico 5 participação em eventos científicos................................................................ 47
Gráfico 6 publicação e apresentação de trabalhos científicos ......................................... 48
Gráfico 7 cursos de atualização ..................................................................................... 49
Gráfico 8 Exigência de pós-graduação para adentrar no emprego .................................. 50
Gráfico 9 Incentivo da instituição para educação continuada ......................................... 51
Gráfico 10 Uso das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs)......................... 53
Gráfico 11 utilização das tecnologias de informação como auxiliar para o exercício da
profissão ..................................................................................................... 54
Gráfico 12 Utilização de sistemas de automação de bibliotecas ..................................... 55
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 Identificação dos profissionais bibliotecários ................................................. 42
Quadro 2 Incentivos ...................................................................................................... 52
Quadro 3 Sistemas de automação de bibliotecas ............................................................ 56
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
CRB Conselho Regional de Biblioteconomia PET Programa de Educação TutorialTIC Tecnologias de Informação e ComunicaçãoUFMA Universidade federal do maranhão
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 12
2 MERCADO DE TRABALHO: apontamentos para compreender sua história e
dimensão social ........................................................................................................ 18
3 MERCADO DE TRABALHO NO BRASIL ........................................................... 24
4 O BIBLIOTECÁRIO E AS EXIGÊNCIAS DO MERCADO DE TRABALHO ... 30
4.1 Perfil do bibliotecário exigido pelo mercado ........................................................ 31
4.2 Formação continuada como medida de inserção no mercado de trabalho
bibliotecário ............................................................................................................ 36
5 FORMAÇÃO CONTINUADA DOS BIBLIOTECÁRIOS MARANHENSES...... 40
5.1 Perfil dos bibliotecários no Estado do Maranhão: gênero, estado civil, religião,
etnia e faixa etária..................................................................................................... 41
5.2 Atuação nas instituições ........................................................................................ 45
5.3 Formação continuada (aperfeiçoamento e capacitação) ...................................... 46
5.4 Utilização de tecnologias de informação e comunicação (TICs) .......................... 52
6 CONCLUSÃO .......................................................................................................... 57
REFERÊNCIAS .......................................................................................................... 60
APÊNDICE ................................................................................................................. 64
APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO PESQUISA DE MERCADO DE TRABALHO ... 65
12
1 INTRODUÇÃO
O trabalho ao longo da história teve diversos significados, algumas vezes sendo
associado a dor, aflição, sofrimento, e, em outros momentos como representação do próprio
homem e outras como inspiração e tradução de prazer. O trabalho possibilitou ao homem
formas de sobrevivência e de realização pessoal. Na Antiguidade era uma atividade inferior
realizada por escravos e homens não-livres. Naquela época os cidadãos considerados
virtuosos eram aqueles que dispunham de tempo livre para desenvolver atividades no campo
da filosofia e da política. Durante a Idade Média o feudalismo foi substituindo o trabalho
escravo, o senhor feudal entregava parte de suas terras ao trabalhador conhecido como vassalo
que delas retirava seu sustento e em troca pagava uma taxa para o senhor feudal, sob o olhar
da igreja católica que regia as ações. Na Renascença o trabalho passou a ser visto como uma
forma de auto-expressão, a obra mostrava a essência do homem, ao mesmo tempo em que era
considerado uma forma de sobrevivência e que trazia grande satisfação.
Com a emergência do capitalismo muitas mudanças foram sendo implantadas
alterando sobremaneira o sentido do trabalho que passou a ser objeto de troca, de disputa, de
lucro e de exploração. A força de trabalho se torna uma mercadoria, agora realizada por
homens livres que vendem sua força para garantir sua sobrevivência, o capitalista usa sua
força para ampliar a produção e aumentar seus lucros. As relações capitalistas trazem
insatisfações para os profissionais, uma vez que ele é explorado pelo capitalista que busca
cada vez mais lucro, enquanto o trabalhador busca a sobrevivência não tendo participação nos
lucros.
Nesta mesma conjuntura, o ambiente de trabalho por processos de transições,
antes foi manual, depois passou a ser industrial, hoje o trabalho está cada vez mais
automatizado, dada a emergência da era do conhecimento e da informação. Estamos numa
sociedade onde a inovação tecnológica é constantemente aperfeiçoada e o conhecimento
difundido. Essas inovações provocaram mudanças no trabalho e consequentemente no
trabalhador que precisa se adaptar as necessidades do mercado, acompanhando as
transformações ocorridas.
No Brasil o mercado de trabalho começou a se desenvolver quando o trabalho
escravo foi abolido e passou a ser livre, num primeiro momento o trabalho era realizado em
grande parte pelos negros africanos, posteriormente este trabalho passou a ser realizado pelos
emigrantes europeus e asiáticos, fato que contribui para expulsar os negros de mercado
formal, deixando-os alijados do processo de produção. Os imigrantes formaram a mão-de-
obra que substituiu o trabalho escravo; eles passaram a trabalhar no plantio de café.
13
Posteriormente o mercado de trabalho passou a ser composto por brancos, pobres, negros.
Esse processo de formação do mercado de trabalho no Brasil gerou conflitos e desigualdades
que foram se reproduzindo ao longo da história. Problemas sociais que foram dificultando o
desenvolvimento econômico e social do país ao tempo em que promoveu a má distribuição de
renda, as diferenças regionais, o aumento do desemprego, entre outros.
No Maranhão, a crise de empregabilidade é decorrente de fatores como o
analfabetismo e a falta de qualificação adequada as novas exigências de mercado, reflexo de
um sistema educacional ineficiente, e de uma sociedade desigual, onde muitos cidadãos não
tem acesso ao ensino superior gerando um mercado de trabalho de subempregos e
desempregos. Novos postos de trabalho são criados todos os dias no país, mas a população
maranhense, grande parte ainda desprovida de conhecimento, fica de fora, já que, é necessário
qualificação.
As universidades são organizações educativas que formam profissionais em
diversas áreas a serem inseridos no mercado de trabalho. Entretanto, nota-se que mesmo uma
pessoa possuindo graduação essa não tem garantia de que obterá um emprego já que isso
depende da economia local e das políticas voltadas para a geração de emprego e renda.
Sabe-se que uma profissão existe por que há uma necessidade social a ser
cumprida e se faz necessário uma lei que a regularmente. No caso da profissão bibliotecária
esta é regulamenta pela Lei n°. 4.084 de 30 de Julho de 1962 como profissional responsável
em administrar instituições que disponibilizam informações que serão posteriormente
utilizadas na produção de conhecimentos e consequentemente trará desenvolvimentos para a
sociedade.
A valorização da informação em todas as atividades do homem fez com que o
mercado de trabalho informacional crescesse o que provoca uma postura inovadora aos
profissionais que lidam com esse objeto. Neste contexto, o bibliotecário(a) torna-se uma peça
importante no desenvolvimento da sociedade, para tanto é necessário entender como este se
comporta no mundo do trabalho vigente.
No Maranhão pouco se sabe sobre as forças produtivas desse profissional e
algumas lacunas precisam ser preenchidas para que essa área do conhecimento possa
influenciar a construção de mudanças e articular demandas para o mercado de trabalho
profissional que atenda às exigências do mercado de trabalho global e local.
No que diz respeito à Biblioteconomia, ao bibliotecário a ao mercado de atuação percebemos um período de constantes mudanças, crescimento e evolução, aos poucos se foi deixando de lado a concepção de biblioteca como depósito de livros para local ou instituição voltado para a disseminação das informações – as mais diversas, paralelo a isso a imagem do bibliotecário muda acompanhando esse
14
progresso. (SANTOS et al., 2010, p. 5).O bibliotecário foi durante muito tempo visto como aquele profissional
responsável pela guarda e preservação dos documentos. No entanto, a Biblioteconomia ao
longo dos tempos vem mostrando que tais concepções tornaram-se ultrapassadas, uma vez
que a amplitude do trabalho do bibliotecário envolve um conjunto de atividades que engloba a
reunião, processamento e gestão da informação de forma sistemática e lógica. Desse modo:
[...] é preciso que o bibliotecário vença o marasmo que ronda as tarefas meramente tecnicistas e assuma um perfil inovador, com novas competências e qualificações técnicas, além de atributos de caráter pessoal e interpessoal; conhecimentos de informática e de idiomas estrangeiros, conhecimentos da teoria da informação e etc. (DINIZ et al., 2007, p. 12).
O mercado de trabalho exige cada vez mais profissionais habilitados, dinâmicos e
competentes que mostrem produtividade nas instituições onde estão inseridos, além disso, é
cobrada dos profissionais a consciência e a importância que tem a educação continuada, não
apenas para melhor desempenhar seu papel de profissional, mas para garantir sua
sobrevivência profissional e no mercado de trabalho tão complexo e competitivo que é o
informacional.
Sendo assim, “[...] o bibliotecário não pode mais se auto-enxergar como guardião
de determinado acervo, precisa, pois, ver-se como disseminador real das informações
inseridas nestes.” (NASCIMENTO; FIGUEIREDO; FREITAS, 2003, p. 33). Os bibliotecários
não devem continuar considerando que seu único papel é organizar documentos, eles devem
dar ênfase às informações que estão contidas nos mesmos, uma vez que a tendência dos
bibliotecários é atuar em estrutura física que vão além das bibliotecas.
Diante desse novo quadro torna-se necessário acompanhar essas mudanças que
não acontecem de uma hora para a outra, são mudanças lentas, no entanto, constantes. Mesmo
que o bibliotecário não esteja totalmente preparado para absorver toda essa diversidade de
veículos informacionais, ele usa seus conhecimentos de recuperar informações e cria
mecanismos que dão resultados promissores.
É importante ressaltar que tais mudanças só podem ser alcançadas com o perfil
profissional que acompanha essas mudanças, que se atualiza e se abre a novos conhecimentos.
Como foi visto ao longo da evolução da Biblioteconomia ocorreram vários eventos que
contribuíram para a mudança do perfil do bibliotecário, se antes o seu foco estava voltado
para o acervo da biblioteca, hoje é a informação o ponto central na realização dos serviços.
Diante disso,
O grande desafio para o bibliotecário que trabalha com a educação é estar atento as mudanças impostas pelas inovações tecnológicas advindas do mercado de trabalho, para que não fique à margem de uma sociedade na qual a informação é produtora de progresso e riqueza [...]. (NASCIMENTO; FIGUEIREDO; FREITAS, 2007, p. 35).
15
O bibliotecário vê a sua frente um grande desafio – atualizar-se constantemente
sendo a educação continuada sua grande aliada, estudar e perceber o que de novo está
surgindo. Sabe-se que os cursos de graduação dão aos indivíduos base necessária para sua
atuação profissional, mas a conscientização de sempre estar se aperfeiçoando parte de cada
profissional, se o bibliotecário objetiva o desenvolvimento pleno, deve a cada dia buscar
sempre mais aperfeiçoamento e atualização.
Nesta assertiva é comum que as pessoas não tenham a ideia e visão correta da
profissão. Grande parte da população desconhece a profissão e sua perspectiva política de
trabalhar com a socialização da informação. Grande parte da sociedade desconhece o papel do
bibliotecário, não tem clareza das atividades que este realiza e não tem uma ideia clara do que
seja essa carreira.
Diante do exposto há como refletir sobre a evolução da profissão passando pela
sala de aula e também pela diversidade de ambientes de atuação desse profissional, sabemos
que as bibliotecas tradicionais continuarão a existir, porém, as mesmas deverão incorporar as
tendências de mercado e as novas exigências e demandas da sociedade. Neste sentido, o
bibliotecário passa a ser mais exigido, daí e nesse momento o perfil há de ser inovador,
gerenciador de informação, estar mais atento no que está a sua volta, incluindo sua própria
formação, necessita estar mais politizado, pois o mercado de trabalho vai mesmo ser ocupado
por quem tem capacidade de trabalho e vontade de aprender sempre.
Diante dessa realidade, o profissional precisa manter-se atualizando seus conhecimentos, técnicas e habilidades, a fim de conseguir seu aperfeiçoamento, capacitação e qualificação profissional por meio de uma educação continuada, quer por iniciativa própria e numa opinião mais abrangente, por empreendimento das organizações que almejam o desenvolvimento do seu quadro de recursos humanos. (MIRANDA; SOLINO, 2006, p. 2).
A inovação tecnológica e a globalização trazem um cenário de rápidas
transformações nas relações de mercado, exigindo do profissional da informação um perfil
mais adequado ao domínio dessas novas tecnologias e as mudanças que elas geram na
sociedade, deste modo, através da educação continuada é possível ao profissional
bibliotecário se adaptar e obter qualidade na prestação de serviços.
É a partir destas reflexões que emergiu este estudo que se constitui um recorte da
pesquisa sobre o “Mercado de Trabalho para o Profissional da Informação no Estado do
Maranhão” realizada pelo Programa de Educação Tutorial (PET/BIBLIOTECONOMIA) da
Universidade Federal do Maranhão (UFMA) sob a coordenação da Prof.ª Dr.ª Mary Ferreira.
O envolvimento com o programa PET na condição de ex-bolsista, tendo durante três anos
participado da referida pesquisa onde tive oportunidade de aprofundar estudos sobre mercado
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o que me motivou a escolha do tema. É importante enfatizar que esta pesquisa foi responsável
por sete monografias entre as quais mercado de trabalho no setor público, mercado de
trabalho no setor privado, salário do bibliotecário no Maranhão, Condições do trabalho do
bibliotecário universitário e finalmente a pesquisa que ora apresenta-se: Mercado de
Trabalho do Bibliotecário no Maranhão: um estudo sobre a formação continuada.
A pesquisa visa compreender como os profissionais bibliotecário do Estado do
Maranhão fazem o uso da educação continuada. O estudo dessa temática se faz importante no
momento em que as tecnologias de informação e comunicação (TICs) estão em constante
aperfeiçoamento e o mercado cada vez mais exigente. Dessa forma, este estudo se torna
pertinente e relevante, dada a necessidade de conhecer como o profissional lida com isso, se
ele reconhece a importância dessas tecnologias e se atualiza procurando participar de cursos
de capacitação, eventos, apresentação de trabalhos, pós-graduação, visando maior
qualificação e consequentemente a melhoria da qualidade dos serviços oferecidos a sociedade
Para isso foi feito um levantamento bibliográfico a fim de encontrar fontes sobre o
mercado de trabalho do bibliotecário, o trabalho e suas relações através dos tempos, trabalho
no Brasil e formação continuada.
Quanto à metodologia utilizada na pesquisa, a mesma é de caráter exploratório-
descritivo. Os dados foram obtidos por meio de levantamento realizado no Conselho Regional
de Biblioteconomia-CRB13 de profissionais bibliotecários cadastrados no mesmo, referentes
ao período de 1997 a 2014. O objetivo geral do estudo é saber se os bibliotecários fazem uso e
como eles realizam a educação continuada, assim como identificar seu perfil, tipo de
instituição, campo de atuação e verificar se o bibliotecário entende importância da tecnologia
e faz uso dela. Quanto ao método utilizado adotou-se o dialético, já que permite melhor
análise do problema da pesquisa.
Para aplicação dos questionários buscou-se os profissionais nas Instituições e
quando isto não foi possível, como no caso dos que executam atividades em outras cidades, o
questionário foi mandado via e-mail e Facebook. Foram entrevistados 75 bibliotecários de
diversas instituições, públicas e privadas. Na coleta das informações foi utilizado como
instrumento o questionário referente a pesquisa “Mercado de Trabalho para o Profissional da
Informação no Estado do Maranhão” (Apêndice A) , do Programa de Educação Tutorial
(PET/BIBLIOTECONOMIA) da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) com perguntas
abertas e fechadas, onde destacamos algumas questões para esta pesquisa como os dados de
identificação, aperfeiçoamento e capacitação, inserçãoe atuação nas instituições, utilização de
tecnologias de informação e comunicação (TICs). Os resultados obtidos foram analisados de
17
forma quantitativa e qualitativa, buscando identificar o perfil, tipo de instituição, campo de
atuação a forma como os bibliotecários fazem uso da educação continuada e verificar se
entendem a importância das tecnologias e fazem uso delas.
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2 MERCADO DE TRABALHO: apontamentos para compreender sua história e dimensão
social
Para entender o que é mercado de trabalho é necessário levar em conta a história
do trabalho, dessa forma, é possível ver que ao longo desta história o conceito e o sentido de
mercado, foi mudando até chegar o que vivemos hoje, mas que ainda continua sofrendo
transformações.
Segundo Bendassolli (2007), na sociedade grega os valores sobre trabalho eram
diferentes da sociedade atual, o trabalho era feito por escravos ou homens não-livres, não
viam nenhum valor ou virtude moral, consideravam que o trabalho tornava o homem
inadequado para atividades na política e filosofia. O trabalho tinha um significado de punição
e sofrimento, era considerado inadmissível o trabalho como fim em si mesmo, para os gregos
a representação do ser não passava pelo trabalho, mas por sua participação a ideais ético-
políticos.
Para Silva (2014) filósofos como Platão, Sócrates e Aristóteles entendiam que o
trabalho atrapalhava o desenvolvimento do conhecimento além de desperdiçar o tempo, que
poderia ser usado para atividades que seriam mais interessantes para a cidade e na
socialização com os demais cidadãos. Os gregos entendiam que as atividades que exigiam
força física deveriam ser realizados por escravos e como o trabalho limitava a liberdade do
indivíduo era um sinal de submissão e consequentemente escravidão, os gregos preferiam a
morte a ser um escravo para eles homem não poderia viver sua vida em função do trabalho e
necessidades. A prática da virtude é que faz o ser atingir a contemplação por meio da
atividade racional, um exemplo disso são os prazeres a política, e a atividade contemplativa
são relacionados a felicidade, o homem como um ser racional deve agir pela razão, dentre
essas ideias aristotélicas observa-se que ele acredita no trabalho como atividade necessária
mas que deve ser realizada por escravos e estrangeiros, o trabalho aceitável é o intelectual.
Esse sentido do trabalho na sociedade grega nos mostra a conduta das pessoas com relação ao
sentido coletivo onde muitos indivíduos foram excluídos do exercício dos direitos e deveres
cívicos, como mulheres e escravos.
Na idade média o trabalho já é visto com importância, “[...] para a igreja, e
reconhecido em sua dimensão de utilidade, ligada ao corpo e suas exigências naturais; tentar
depositar nele algum sentido superior seria uma contradição em termos [...]”
(BENDASSOLLI, 2007, p. 44).
Na obra de Santo Agostinho, o trabalho e os trabalhadores são homens retratados
como iguais contradizendo os greco-romanos e sua hierarquização. Através do trabalho o
19
homem se torna responsável e livre, um exemplo colocado é o comerciante que era visto pelos
gregos como um mentiroso e o comércio como atividade desprezível, na visão de Agostinho
ele é um privilegiado e responsável pela sua ação se ele é bom ou mal profissional depende
dele e não de sua classe. Tomás de Aquino entendia que a sociedade deve praticar uma troca
mútua de serviços e cada profissão tem uma contribuição formando um sistema equilibrado
com cada um cumprindo sua função. Aquino acreditava que o trabalho deveria ser honesto
independente de seu tipo, evita a ociosidade e por meio dele pode-se obter o sustento
(BENDASSOLLI, 2007).
De acordo com Amboni (2010), as cidades passam a se desenvolver através do
comércio e das novas relações de trabalho estabelecidas pelas novas necessidades do homem,
que ganha mais destaque e através do comércio e assim se expande as relações sociais além
da cidade, cria na sociedade seus modos de produção, trazendo uma evolução urbana e social.
No feudalismo as cidades são locais de grande importância na sociedade medieval nela as
relações econômicas se intensificam, comprar, vender, revender, tudo para atender a
sociedade.
Segundo Oliveira (2006, p. 48)“[...] o feudalismo sugere fundamentalmente a
persistência de formas de coerção direta muito variáveis, traduzidas pelo trabalho
compulsório sob relações de dominação e de servidão [...]”. Essas relações aconteciam muitas
vezes no campo, onde o servo produtor trabalha para o senhor numa dependência social
legalizada pela política e também pela Igreja que tem papel decisivo nesse momento, os
camponeses cuidavam da terra e em troca tinham moradia e proteção.
Vários traços gerais definem a transição do feudalismo para o capitalismo, todos eles explicáveis pela adoção da fórmula do mercantilismo. Teoria e prática, o mercantilismo significou historicamente uma política global adotada pelo estado moderno europeu, de caráter centralizador e absolutista, e voltada para os interesses da burguesia emergente no período, sob várias formas: comercial, na Inglaterra; industrial, na França; metalista, na Espanha. O mercantilismo consagra a intervenção econômica do Estado na agricultura, nas manufaturas, no comércio, e estabelece uma estratificação mais sólida e rígida da sociedade em ordens, que mais tarde serão chamadas de estados: a nobreza, o clero e o povo. Tal estratificação expressa a própria ordem política interna do estado, a sua estrutura de poder.(OLIVEIRA, 2006, p. 64-65).
Durante o mercantilismo a Europa estava passando por problemas econômicos
com escassez de ouro e prata e partir disso criou-se uma ideia de que a acumulação é
importante para o crescimento do estado este por sua vez controla a economia ajudando no
seu desenvolvimento e criando políticas para sua proteção. Nessa política adota pelo estado
europeu a igreja e a nobreza tem pouco poder ao contrário do feudalismo, a burguesia é a
maior beneficiada sendo que seus interesses são atendidos aumentando mais ainda seu
crescimento.
20
O Renascimento contribuiu para o valor e o sentido do trabalho, no período
renascentista o trabalho é visto como uma forma de auto-expressão, o homem mostra através
da sua obra a sua essência. Para Ruskin (1906 apud BENDASSOLLI, 2007, p. 54), um
exemplo de situação ideal de trabalho era a dos livres artesões, no qual o trabalho era, ao
mesmo tempo, uma necessidade de sobrevivência e uma arte que trazia satisfação. O homem
é livre e tem liberdade de tomar decisões sobre aquilo que quiser ser, ele é capaz de aprender
com seu próprio trabalho e é livre para controlar suas ações, não há uma divisão entre trabalho
e lazer, seu modo de trabalhar determina seu modelo de vida como um todo.
Para Bendassolli (2007, p. 61), há dois elementos que ajudam a explicar o modelo
renascentista de trabalho:
Primeiro, um tipo de idealização de uma época de ouro perdida. Tal visão baseia-se na crença de que antes de o homem ter sido expulso do paraíso por Deus (na versão do Gênesis), ou rebaixado da condição de deus (na versão de Hesíodo), o trabalho era fonte de pleno significado na medida em que, por meio dele, o homem era co-criador do universo. Nessa visão, o trabalho é associado à alegria, ao prazer e desfrute, e não ao sofrimento ou então aos perigos, cujo excesso poderia acarretar danos ao corpo e, principalmente, à alma. O segundo elemento é uma valorização do trabalho pretensamente 'não mediado' do artesão. Para usar uma expressão de Nietzsche, essa tradição parece comungar do princípio de que 'a vida é uma obra de arte', e que para o trabalho ser plenamente significativo, ele não pode estar distanciado da vida.
No modelo renascentista não existe uma separação sobre a vida no trabalho e fora
dele, trabalho e prazer andam juntos, não se deve trabalhar para outros motivos que não sejam
além da gratificação de realizar o seu trabalho. Com a reforma protestante o trabalho já inicia
um novo sentido.
Segundo Silva (2014), as ideias sobre trabalho foram mudando recebendo com
novas concepções sobre seu sentido, a reforma protestante foi uma dessas influências,
elemento fundamental para o crescimento do capitalismo, o trabalho é considerado um
elemento de conversão e salvação do homem. Calvino um dos líderes da reforma protestante
mostrava interesse no trabalho como ferramenta para obtenção de riquezas, essas
características dentro da reforma protestante contribuíram para a formação do capitalismo, a
aceitação da riqueza e do trabalho foram bases para outras formas de trabalho, para atingir o
objetivo os homens deveriam usar suas habilidades a favor do ganho económico.
Para Birchal e Muniz (2004) as inovações trazidas pela revolução industrial
transformaram a produção de bens e o conceito de trabalho, há uma separação entre o lar e o
trabalho, a população começa a intensificar a saída do campo para as cidades. A introdução de
máquinas na produção modifica o papel do trabalhador o transformando numa parte do
sistema com pouco comando ou nenhum, com isso aparecem as primeiras empresas, essas
mudanças são frequentes nas economias capitalistas.
21
Segundo Oliveira (2006), o desenvolvimento da economia burguesa acontece
junto com seu progresso político, assumindo o poder que é concedido pelo estado, as relações
comerciais são ampliadas e o afastamento causado pelo feudalismo vai desaparecendo. O
desenvolvimento econômico não se compara com o social, o proletariado é submisso aos
efeitos causado pela expansão da burguesia tornando-se importante apenas pelo lucro que ele
gera. Com a ampliação das indústrias a burguesia cria normas que exploram o trabalhador a
lei da oferta e da procura é um exemplo disso, há um avanço com relação ao feudalismo mas
há desvantagens como as formas de regulamentação da burguesia com relação ao mercado
buscando sempre o lucro e produtividade em detrimento do trabalhador.
A obra de Karl Marx, e autores como Max Webber e Emile Durkheim colaboram
para entendermos o sentido do trabalho na sociedade capitalista, dentre eles Marx é o
principal teórico ao definir o homem como o sujeito do trabalho. Para Bendassolli (2007, p.
113), “[…] o sujeito do trabalho apresentado por Marx é uma espécie de ponto de apoio para
descrever quem somos: indivíduos que trabalham e cujo sentido da existência é em grande
parte extraído deste”. Dessa maneira, o trabalho passa a ser a principal forma de dizer quem é
o sujeito. Para Marx há uma depreciação do mundo do homem no momento em que o mundo
das coisas se engrandece isso acontece quando a mercadoria produzida pelo homem domina o
lugar que deveria ser seu, isso é um exemplo do conceito de alienação de Marx, diz ainda que
a alienação origina-se do fato de o objeto gerado pelo homem ser estranho a ele mesmo.
[…] Marx retrata o desenvolvimento da classe burguesa e o conflito com a classe proletária. Ele afirma que toda a história da sociedade, é a história desses conflitos de classes, pois que seja livre ou escravo, patrício ou plebeu, sempre existiu ao longo da história uma luta de classes, que modelou as relações sociais. […] observa que a sociedade burguesa na modernidade, não acabou com esses conflitos de classes, mas ao contrário substitui as classes antigas, por novas classes antagônicas, que estabelecem outras formas de opressão e consequentemente impulsionaram novas formas de luta. O movimento proletário que se forma a partir de então defende os interesses dos trabalhadores e representa os interesses da imensa maioria que compunha a sociedade de então. Marx concebia esse movimento como uma estratégia dos trabalhadores de superar as relações de opressão a partir do fim da sociedade capitalista. (SILVA, 2014, p. 54-55).
Nota-se que a burguesia para se manter precisa acumular riqueza que é garantida
pelo trabalho assalariado, as desvantagens que os operários sofriam serviram de estimulo para
a criação da classe proletariada que tinha como objetivo mudar o cenário de dominação da
burguesia assumindo o controle. Sobre o papel do estado nesse contexto Silva (2014, p. 57):
[…] o estado não resolve o drama social, sendo coercitivo contra o movimento social que ameace sua ordem econômica. Para entender melhor a dinâmica do conceito desse processo de exploração que coloca o estado como mediador das relações de produção, Marx apresenta o conceito de alienação no qual explica que: se o trabalho permite ao homem construir sua identidade, o mundo humano fica desvalorizado, devido a banalização das coisas materiais uma vez que o homem ao produzir os bens que acaba ocupando seu lugar, pois passa a dominá-lo, ficando
22
dependente desses bens e vivendo em função deles. O trabalho passa a ser externo ao contente, mas infeliz, não é livre para se desenvolver no que diz respeito a parte física e mental, ele perde o sentido, tendo a concepção do trabalho como fonte de sofrimento.
Marx analisa em sua obra O Capital (1906) como as mercadorias assumem um
valor que não se limita apenas ao seu uso, esse valor não é definido somente pelo fato de
atender necessidades, a mercadoria possui valor por poder ser comercializada. Segundo
Bendassolli (2007, p. 128):
Para Marx, o trabalho socialmente útil é aquele trabalho necessário à sociedade para a produção dos bens de que ela necessita. Assim como qualquer outra mercadoria, o trabalho possui valor de uso e valor. Este último é determinado pelo tempo de trabalho socialmente necessário envolvido para manter o trabalhador vivo e para educar as próximas gerações que o substituirão. Já o valor de uso da força de trabalho é o trabalho propriamente dito necessário à produção de mercadorias. No entanto como o trabalho é a origem do valor, e já que o trabalhador cria, durante um dia de trabalho, mais valor do que o capitalista paga por seus dias de trabalho, temos aqui um “mais-valor”, um “excesso”, que é apropriado pelo capitalista e que sustenta a reprodução do capital.
Essa observação de Marx é chamada por ele mesmo de “mais-valia” que éa força
de trabalho empregada na produção e que não é remunerada pelo capitalista, ou seja, há uma
exploração por parte do capitalista sobre os trabalhadores porque os salários pagos são partes
inferiores aos valores do que era produzido, pode ser também a diferença entre a remuneração
recebida e o valor do trabalho que ele produziu.
Para Marx o modelo capitalista colocava o homem como uma pequena parte
dentro de um todo, ao invés do trabalho ser algo onde o trabalhador usa suas habilidades para
sua realização, acaba virando uma causa de sofrimento e decepção. Durkheim acreditava que
com o desenvolvimento do capitalismo, aos poucos foi mudando o comportamento dos
homens, religião e tradição já não são tão influentes como antes. Durkheim tinha a intenção
de restaurar bases e a ordem social de acordo com a nova concepção econômica, a divisão do
trabalho aparece como uma maneira de melhorar a vida coletiva, acreditava que a
solidariedade era uma maneira de se viver melhor em sociedade e que sem ela seria mais
difícil viver, ao contrário dos economistas que só veem a parte econômica da divisão do
trabalho Durkheim dizia que a divisão não se refere apenas a economia e sim a todas as
atividades sociais tendo uma função social. Segundo Bendassolli (2007, p. 137):
[...] o mérito de sua análise está em entender, do ponto de vista da organização social, os impactos das mudanças econômicas e da industrialização. Seu esforço de elaborar um sistema moral que compatibilizasse campos tão díspares reflete mais uma vez a gravidade que o problema assumiu nos séculos dezenove e início do vinte. Mas, ao levá-lo a cabo, a consequência foi novamente uma redescrição no valor do trabalho.
Durkheim nos faz refletir sobre como o trabalho ganhou tanto significado,
enfraquecendo as antigas relações sociais em detrimento de uma nova ordem social
impulsionada pelo novo sistema econômico, colaborou para entendermos o que mais tarde
23
seria confirmado pelas suas teorias, a crise da sociedade capitalista.
O sentido do trabalho modifica-se mais uma vez, e é visto como necessário para o desenvolvimento da mente, da saúde e da vida, afastando do indivíduo as tentações mundanas. Para Weber os protestantes buscavam uma vocação, ou seja, uma profissão, que lhes garantisse uma vida virtuosa, cheia de valores. É importante ressaltar que com a industrialização esses valores adquiridos com o protestantismo foram enfraquecendo, uma vez que as condições sociais dos trabalhadores impossibilitaram considerar um valor dignificante ao trabalho, realizações de trabalhos degradantes, seres humanos vivendo em condições materiais insustentáveis, exploração. O trabalho passa a significar mais só manutenção da sobrevivência. A industrialização acarretou sérios problemas à sociedade, principalmente nas relações de trabalho (SILVA, 2014, p. 62).
Nesse sentido Weber através de seus trabalhos faz uma ligação entre o
protestantismo e o capitalismo para entendermos como isso contribuiu no comportamento dos
indivíduos, as ideias vindas da ética protestante são de comum acordo com os interesses do
capitalismo reforçando a tendência da nova ordem econômica. O capitalismo não só
transformou a economia, mas mudou também a sociedade, o trabalho se transformou em peça
importante para o indivíduo ele é necessário para sua sobrevivência, infelizmente o trabalho
não retribui a maioria das carências do trabalhador e consequentemente o homem acaba não
tendo prazer com a prática do trabalho. O trabalho também pode provocar desigualdades
sociais uma vez que o trabalhador é apenas uma parte desse processo onde ele produz mas na
maioria dos casos não possui acesso ao próprio bem produzido, os ganhos são distribuídos de
forma diferente entre os patrões e empregados sendo que os patrões ficam com a maior parte
do lucro produzido pelos empregados.
Para Silva (2014, p. 64):
Só podemos compreender e abordar as relações de mercado de trabalho, se ampliarmos o nosso olhar para as relações atuais definidas pelo capitalismo e pela sociedade de mercado, definida pela livre concorrência e o fortalecimento da iniciativa privada com a competitividade, a eficiência e a educação voltada para o desenvolvimento econômico e atendimento para as demandas e exigências de mercado, a formação das elites intelectuais, a seleção dos melhores, baseada em critérios naturais de aptidões e habilidades. Percebe-se que atualmente, o mercado de trabalho é desfavorável a muitos trabalhadores, devido às incertezas, instabilidades e exigências constantes de eficiência e qualificação proposta pela sociedade capitalista.
Como o mercado de trabalho é dependente de fatores como política, economia e
desenvolvimento tecnológico e cientifico ele se torna instável e incoerente, o capitalismo
ajudou a criar esse ambiente reforçando os princípios que não favoreciam os trabalhadores.
24
3 MERCADO DE TRABALHO NO BRASIL
Para entender melhor o mercado de trabalho no Brasil é preciso analisar o século
XIX que tinha o modelo de economia escravista. “É um século durante o qual o país foi
colônia até 1808, império de 1808 até 1889, e finalmente tornou-se uma república. Não foi
somente uma etapa marcada pela mudança da organização política, mas, sobretudo, por uma
transformação política e social[...]” (THEODORO, 2005, p. 92). Nesse período a economia
brasileira seguia produzindo café, açúcar e algodão, sendo apoiada pelo trabalho escravo e
sem outras opções de organização produtiva. Ainda nesse período ocorria um processo de
trabalhadores livres que foi iniciado com a criação de leis que apoiavam o mercado de
trabalho livre.
Segundo Theodoro (2005, p. 93) “[...] o marco inicial da transição para o trabalho
livre foi dado pela abolição do tráfico de escravos em 1850. O fim do fluxo de novos escravos
teve como desdobramento nos anos subsequentes, o enfraquecimento do próprio sistema
escravocrata [...]”. Os escravos tinham péssimas condições de vida no Brasil, culminando com
a morte de muitos deles, fato que gerava grande fluxo de importação de novos escravos para a
manutenção do sistema. O Brasil foi o último país a utilizar o sistema escravista recebendo
grande pressão para abandoná-lo principalmente da Inglaterra. “Outro momento importante
foi representado pela Lei do ventre livre de 1871, resultado de um intenso debate sobre o fim
da escravidão e sobre o futuro da economia baseado no trabalho livre [...]” (THEODORO,
2005, p. 94). Apesar de haver defensores pelo fim da escravidão ainda existiam posições
contrárias que preferiam a continuação com o sistema escravista e não acreditavam que os
trabalhadores livres ou os ex-escravos poderiam servir bem as atividades. Por esta razão
propuseram como saída um tipo de a imigração subvencionada. Esta emigração permitiu “[...]
a chegada em massa de trabalhadores europeus financiada em grande parte pelo governo. A
substituição da mão-de-obra escrava pelos imigrantes começou, assim, mais de 30 anos antes
da abolição [...]” (THEODORO, 2005, p. 94).
Para Silva (2014, p. 69):
[...] as consequências do trabalho escravo para a sociedade brasileira e em especial para a população negra foram enormes, se percebermos que tal situação, gerou a degradação do trabalho, desestimulou o aparecimento de habilidades criativas, e tornou-se nessa época uma barreira para o surgimento do mercado de trabalho livre, sendo, portanto, um entrave para a transmissão de conhecimentos, além de atribuir a visão do trabalho manual, como tarefa do escravo que não era condizente para o homem livre, criou a desvalorização do negro que se viram relegado pela sociedade e passaram a ser vistos como vagabundos, indisciplinados e marginais.
O retrato do trabalhador muda com a chegada do imigrante, ele ocupa aos poucos
a produção enquanto uma parte dos trabalhadores livres se dedica a economia de subsistência
25
alguns tipos de trabalhos assalariados. Segundo Theodoro (2005), existia elementos
suficientes para empregar os imigrantes europeus no Brasil, alguns como o grande número
populacional na Europa fundamentalmente na Itália, a posição do governo em financiar o
transporte do imigrante, outra análise mostra que a escravidão representava um entrave para à
acumulação de capital, então era necessário trabalhadores adaptados as relações de trabalho
mais modernas como o assalariamento. Além disso, essa mudança de sistema é uma maneira
de acompanhar uma reestruturação econômica e social inserindo o Brasil no contexto
mundial.
De um modo geral, nas cidades brasileiras da época, havia dois tipos de prestadores de serviços – além, logicamente, dos escravos domésticos: de um lado, os trabalhadores livres (brancos, mulatos e negros) e, de outro, os escravos, os negros de ganho, que deveriam entregar a seu senhor uma parte do que eles ganhavam alugando os seus serviços (THEODORO, 2005, p. 100).
Com a abolição e a imigração europeia as regiões apresentam uma nova
configuração para o mercado de trabalho cada uma com suas especificidades. Nas cidades de
São Paulo e Rio de Janeiro, houve um crescimento urbano em detrimento do processo de
industrialização e desenvolvimento do comércio, onde a mão-de-obra era quase
exclusivamente europeia. Já na cidade do Recife o número de imigrantes foi menor, apesar de
haver crescimento da população urbana, graças aos ex-escravos vindos do interior, a
economia no nordeste se encontrava em crise devido a estagnação da produção e venda do
açúcar e do algodão.
De fato, a questão da urbanização, ou seja, os problemas concernentes à excessiva concentração de população em certas cidades, se mostra de maneiras mais complexa a partir de 1930. Entretanto, pode-se observar, já no final do século XIX, o início de um processo de aglomeração da pobreza e da exclusão nas cidades, resultante da chegada em profusão de contingentes de ex-escravos. Em resumo, à época já proliferavam, nas maiores cidades, as favelas, verdadeiros guetos onde se encontravam os pobres. No que concerne aos primeiros anos de trabalho livre, pode-se constatar que em 1890 a população total do Brasil era de 16,5 milhões de habitantes, dos quais 1,1 milhão era de imigrantes. Nos anos seguintes, até 1920, assiste-se à intensificação da industrialização e do crescimento urbano sem maiores alterações no perfil da mão-de-obra absorvida (THEODORO, 2005, p. 102).
Para Silva (2014) os trabalhadores livres encontravam dificuldade de se adaptar à
nova situação econômica do país, devido ao preconceito por parte dos empregadores brancos,
com a chegada dos imigrantes europeus o que se viu foi muito ex-escravos em atividades de
subsistência ou sem trabalho e marginalizados, se organizavam em favelas onde era
considerado um local de habitações para pobres sendo quase exclusivamente formada por
negros e mulatos. As pessoas que não possuíam uma boa situação financeira, ficavam fora dos
principais mercados já que não eram considerados capacitados, participando somente dos
trabalhos mais inferiores, o modelo escravista proporcionou vários problemas como a falta de
outras atividades laborais impedindo que essas pessoas possuíssem uma ocupação própria que
26
pudesse gerar renda. Segundo Kowarick (1994, p. 27):
No final do século XVIII, a população residente no Brasil atingia quase 3 milhões de habitantes, dos quais quase a metade era formada por livres e libertos: indivíduos de várias origens sociais, cujo traço comum residia na sua desclassificação em relação às necessidades da grande propriedade agroexportadora. Desclassificados porque a ordem escravocrata, concentrando e monopolizando os recursos econômicos, impediu o surgimento de alternativas que fixassem produtivamente essa crescente massa de desenraizados.
Os trabalhadores livres eram compostos de negros libertos, brancos, índios além
de mulatos, cafuzos e mamelucos que foram raças oriundas da miscigenação, como não
participavam das atividades agroexportadoras sobreviviam de atividades de subsistência, os
agregados que viviam dentro das fazendas eram também considerados trabalhadores livres. O
modelo adotado gerou uma grande exclusão já que dificilmente esses trabalhadores
conseguiriam ser donos de tais produções, além de não permitir a criação de outros meios de
produção, não sobrando muitas opções para os trabalhadores que ficaram fora das produções
agroexportadoras, apenas atividades de subsistência ou mendigar e andar sem destino.
Nessa situação em que todas as atividades se baseiam no trabalho compulsório, em que agregados ou camaradas são frequentemente tratados como escravos e pequenos proprietários ou posseiros são sumariamente expropriados ou expulsos, restam poucas alternativas para o crescente contingente de livres e libertos, que, historicamente, iria se avolumando às margens de uma sociedade altamente dicotomizada e excludente. A escravidão, na medida em que gera, em grau extremo, a degradação do trabalho, desestimula o aparecimento de habilidades e perícias e compromete qualquer forma de atividade manufatureira, tornando-se entrave para o desenvolvimento da produção artesanal. As profissões não se desenvolvem, os conhecimentos não se transmitem, a destreza deixa de ser estimulada, pois o trabalho manual é tarefa de escravo, aviltante e repugnante para o homem livre (KOWARICK, 1994, p. 57).
Os imigrantes eram uma mão-de-obra com poucas oportunidades na Europa
encontraram caminho no Brasil vendendo sua força de trabalho, os fazendeiros financiavam a
vinda através de passagem e ajuda de custo para despesas iniciais, em troca os fazendeiros
faziam com que os imigrantes trabalhassem a seu favor para quitar sua dívida, assinavam
contratos uma forma legal dos fazendeiros garantirem que o trabalho seria realizado, o
imigrante não conhecendo a realidade do Brasil era facilmente submetido às condições
apresentadas o que não acontecia com a mão-de-obra nacional. “A meta era a super
exploração do trabalhador para que os recursos antecipados pelo pagamento das passagens
rendessem o máximo. Mas, para tanto, torna-se também necessário espoliá-lo para que,
endividado, não possa se desligar da propriedade que o importara [...]” (KOWARICK, 1994,
p. 67-68).
As dívidas que os imigrantes tinham com os fazendeiros contribuíam para mantê-
los subjugados e explorados ao máximo de sua força de trabalho. Os fazendeiros usavam de
vários métodos como cobrança de juros, preços abusivos dos produtos alimentícios vendidos
27
na própria fazenda que os imigrantes compravam, mantendo-os assim presos, dificultando aos
mesmos saldarem sua dívida e consequentemente sua liberdade. Os imigrantes plantavam e
usavam parte da terra para subsistência, dividiam os lucros com os proprietários, em casos de
empréstimos os trabalhadores pagavam com juros só podendo sair quando quitassem a dívida.
“Obviamente, a exploração e a violência tinham limites que se expressavam na fuga ou
revolta de colonos ou na pressão de governos estrangeiros, que procuravam intervir em favor
de seus súditos, quando a situação se mostrasse intolerável [...]” (KOWARICK, 1994, p. 69).
Com o escravismo perdendo força era necessário pensar numa alternativa que não
interferisse na produção, passou a ser uma preocupação do governo brasileiro. “Para a grande
propriedade, a abolição significava a necessidade de gerar braços que vendessem sua força de
trabalho, de modo a viabilizar a captação de crescente quantidade de excedente [...]”
(KOWARICK, 1994, p. 72). Para Consentino (2010, p. 2):
A substituição do trabalho escravo para o livre se dá a partir de um processo histórico que cria condições para emergência do trabalho assalariado, que é condição fundamental do desenvolvimento do modo capitalista de produção. As condições históricas apresentadas por Marx para o desenvolvimento capitalista, ou a acumulação primitiva de capital, são o trabalho livre, a venda da força de trabalho em troca de dinheiro com o objetivo de gerar valor e mais valia, o que pressupõe a separação do trabalhador dos meios de produção.
O estado teve papel importante no processo de formação econômica do país, ele
intermediou a mudança do trabalho escravo para o livre, criou uma política de imigração
facilitando a vinda de trabalhadores europeus.
Segundo Theodoro (2005) os anos 1930 foram marcados por transformações
econômicas e sociais, há um crescimento urbano e modernização da economia, mesmo já
existindo indústria ela passa a ser baseada no crescimento econômico em razão da crise no
setor exportador, essas ações foram lançadas por Getúlio Vargas. No seu governo o estado
passa a ser mais intervencionista ao contrário da república velha que tinha uma ação estatal
normativa, o poder estava mais centralizado e a nacionalização era ampliada, no seu governo
há uma preocupação com o crescimento da indústria e sua modernização. O estado busca
melhorias para comunicação e transporte, inicia a criação de estradas e ferrovias que permitirá
a ligação entre as regiões do país.
O período de 1930 foi importante também para a classe operária que recebeu uma
atenção maior devido às questões políticas, o estado adota medidas para regularizar o trabalho
e consequentemente o mercado. “A legislação do trabalho implantada no primeiro governo
Vargas lançou as bases para uma estrutura complexa, que ainda hoje caracteriza as relações de
trabalho no país. Pelo menos para uma parcela da mão-de-obra, institui-se a garantia de férias
pagas, aposentadoria e assistência médica.” (THEODORO, 2005, p. 109). Ainda neste
28
governo foram criados os sindicados, entretanto, estes estavam vinculados ao governo que
exercia controle sobre eles, mesmo havendo divergências entre os trabalhadores com relação
ao sindicato eles acabaram cedendo pelo fato de apenas o trabalhador sindicalizado possuir os
benefícios como férias, horário de trabalho regularizado, aposentadoria.
A centralização de riquezas no eixo Rio-São Paulo facilitou a concentração de
indústrias já que contavam com um mercado mais abrangente do que as Regiões Norte e
Nordeste, fato que irá contribuir para o desenvolvimento acentuado do sudeste em detrimento
das outras Regiões do País. As migrações se intensificassem nessas regiões aumentando a
população nesses espaços, posteriormente vamos observar que para essa Região vão
imigrando contingentes de norte e nordestinos a procura de trabalho e oportunidades que o
Brasil industrializado oferecia. Dessa forma o retrato do Brasil neste período é a
transformação dos nordestinos brasileiros em operários principalmente da construção civil,
fato que irá contribuir para a rápida expansão de São Paulo em grande metrópole. Para
Theodoro (2005, p. 107):
A cidade de São Paulo, que havia passado, após 1890, por uma verdadeira explosão demográfica, vai se beneficiar, no período seguinte, de sua posição de metrópole industrial mais importante do país. Como já enfatizado, a unificação do mercado em nível nacional significou uma ampliação dos horizontes para a produção (não somente industrial) da cidade, assim como da região. Traduziu-se também na possibilidade de se contar com uma nova fonte de mão-de-obra necessária ao crescimento. Em fase da ausência de informações mais precisas sobre o mercado detrabalho em geral e, mais especificamente, sobre a cidade de São Paulo no início dos anos de 1930, admite-se aqui como hipótese geral que havia uma situação na qual a absorção da força de trabalho teria se dado em proporções bem mais elevadas que nas regiões menos desenvolvidas.
Como se pode ver há poucos dados sobre o fluxo de mão-de-obra nos anos 1930,
apenas hipóteses de que as regiões sul e sudeste que eram mais ricas e desenvolvidas e por
isso não existiam desemprego. Já a região nordeste era menos desenvolvida e isso era mais
claro quando se analisa a cidade de Recife, localizada no Nordeste brasileiro. Segundo
Theodoro (2005, p. 108):
[...] quando se observa o caso de Recife, pode-se verificar mais claramente a situação de uma metrópole de região menos desenvolvida. Depois de 1930, a cidade, assim como toda a região Nordeste, perdeu duplamente em função da integração econômica nacional. De um lado, a concorrência da produção industrial do eixo Rio-São Paulo ganhou o mercado em detrimento da produção local. De outro lado, a cidade continuava a ser o principal pólo regional de atração de mão-de-obra liberada das áreas agrícolas do Nordeste setentrional após a queda da produção do açúcar e do algodão – apesar do forte fluxo migratório em direção ao Sul.
Mesmo com o desenvolvimento menor que do eixo Rio-São Paulo, Recife
continuou a receber novos habitantes por ser a principal cidade da região Nordeste, apesar da
grande expansão demográfica a economia estava estagnada, ocasionando um aumento de
pobres e excluídos, além do crescimento das atividades informais.
29
De fato, ao contrário de Recife, na maior parte na maior parte das áreas metropolitanas observou-se certo crescimento econômico conjugado com o crescimento populacional. Contudo, isso não impediu que a pobreza se instalasse. Já no início dos anos 1950, compreendeu-se que a pobreza urbana não era um privilégio das regiões mais pobres. A exacerbação do processo migratório em direção a São Paulo fez concentrar também ali, mesmo que em uma escala menor que em Recife, por exemplo, a pobreza, o subemprego e o desemprego. Esta tendência será ainda mais visível depois dos anos 1980 [...] (THEODORO, 2005, p. 109).
Nos anos 80 o desenvolvimento do Brasil foi marcado pela estagnação econômica
e recuo da produção industrial, esse período é muito conhecido como “década perdida”. A
economia brasileira sofre com a recessão, e tem dificuldade em manter o crescimento
econômico o que provoca o aumento da dívida externa. A inflação atrasa projetos e políticas
de expansão econômica, mesmo com dificuldades nascem várias tentativas de melhorar a
situação monetária com a implantação dos planos: Verão, planos Bresser e Cruzado. Esses
planos foram criados para controlar a inflação, contudo nenhuma deles se mostrou efetivo,
resultando em fracassos, ao não surtir o efeito esperado.
É importante mencionar que embora o Brasil tenha vivido uma crise profunda na
sua economia, entretanto do ponto de vista político o País vivia o apogeu em termos de
organização política e social, com a efervescência dos movimentos sociais que lutaram
ferrenhamente contra a ditadura no Brasil e pela instauração de uma Assembleia Nacional
Constituinte. Pode-se afirmar que, do ponto de vista da política houveram avanços
consideráveis, culminando com a promulgação da Constituição de 1988 e a instauração do
modelo democrático que passou a vigorar no País embora como enfatize Ferreira (2010) este
modelo esteja em construção.
O fim da ditadura militar e a instauração da democracia no Brasil contribuíram
para o retorno das liberdades democráticas e assim a população voltara a ter participação nas
eleições diretas. A primeira eleição direta após os vinte e um anos de ditadura vivida pelos
brasileiros levou o candidato Fernando Collor de Mello à presidência nos anos 1990, nesse
período há um aumento do trabalho informal e do desemprego criando desigualdades, o
presidente Collor de Mello não conseguiu estabilizar a economia e acabou sofrendo o
processo de impeachment. É a partir deste contexto que passaremos a discutir o mercado de
trabalho bibliotecário no Brasil, embora seja fato que os mercados bibliotecários emergem a
partir da aprovação da Lei nº 4084/62, entretanto somente nos anos noventa o profissional
bibliotecário passa a ser mais demandado pela sociedade e pelos órgãos que passam a se
ressentir de profissionais qualificados para organizar, sistematizar e disseminar o
conhecimento produzido, dado principalmente ao acentuado volume de informação que passa
a ser gerado no País.
30
4 O BIBLIOTECÁRIO E AS EXIGÊNCIAS DO MERCADO DE TRABALHO
As transformações de uma sociedade sejam elas políticas, sociais e econômicas,
atingem um grande número de setores desde uma cidade a um país, o desenvolvimento da
tecnologia altera a velocidade das mudanças, a globalização tornou possível uma integração
ente os países em vários setores além da criação de novos mercados e interesses.
Essas pressões, verificadas desde o último quarto do século, levaram as nações de economia forte, e também as emergentes, a buscar uma mão de obra mais qualificada, um profissional que tenha além da formação adequada, competência e habilidades exigidas pelas tarefas a desempenhar e ajustadas ao tempo atual, implicando em um redirecionamento da conduta do profissional, perante os desafios do momento (BORGES, 2004, p. 57).
A sociedade passa a dar mais importância a informação, ao conhecimento e a
tecnologia, sua evolução constante foi capaz de mudar o mercado de trabalho, exigindo novos
perfis que se adequasse a esse novo momento. Diante desse contexto é necessário um
profissional que atenda essa carência de mão-de-obra cada vez mais capacitada e que saiba se
adaptar as novas tecnologias que vem surgindo e se aprimorando rapidamente. “Assim, um
dos requisitos básicos para a inserção no mercado de trabalho no mundo contemporâneo é
qualificação profissional, através de uma educação continuada [...]” (SILVA, 2014, p. 94).
A Biblioteconomia por ser uma das áreas que também está inserida no contexto
das transformações tecnológicas com a utilização de softwares de automação para otimizar as
atividades, repositórios digitais e bibliotecas digitais são alguns exemplos de espaços criados
dentro da área e que exigem uma qualificação para atender essa demanda de mercado que
vem surgindo. Para Correa (2001, p. 9):
A literatura específica da área é praticamente unânime em afirmar que tanto a Biblioteconomia quanto o seu profissional estão passando por diversas transformações em suas práticas e paradigmas desde o advento da informática, e nas últimas décadas, da Internet. Muitos destes autores relacionam a criação de um novo perfil profissional ao seu processo de formação, à sua educação.
Com essas modificações acontecendo, setores como a economia são afetados e
assim o mercado se torna mais competitivo, por esta razão o bibliotecário se vê dentro de um
mercado cada vez mais seletivo que busca profissionais preparados e que se atualizam
constantemente, isso proporcionou novas oportunidades dentro do mercado além de melhorar
os serviços das organizações que prestam serviço de informação entre as quais se destacam as
bibliotecas e tornando-a um espaço mais dinâmico de disseminação da informação.
Segundo Borges (2004, p. 64) “A exigência de um novo perfil profissional com
adequação às mudanças, […] que ocorrem no mundo do trabalho, requer uma melhor
qualificação, um envolvimento e participação social do trabalhador, com capacidade de
trabalhar em equipes inter, multi ou transdiciplinares [...]”. Dessa forma espera-se que os
profissionais da informação como bibliotecários, museólogos e arquivistas passem a trabalhar
31
de forma mais integrada, isso poderia trazer mais benefícios a sociedade e na qualificação
profissional, uma vez que o compartilhamento de conhecimentos entre essas áreas e a
formação de grupos interdisplinares proporcionariam a solução de problemas relacionados a
informação.
4.1 Perfil do bibliotecário exigidos pelo mercado
O bibliotecário tem a imagem muitas vezes associada a um guardião de livros,
isso porque as bibliotecas eram encontradas nos tempos medievais dentro dos mosteiros que
eram ocupados por monges ou outros religiosos, eles tinham a função de preservar os livros
ou rolos de pergaminhos e organizá-los. Segundo Jacobsen (2010, p. 31) “É possível concluir
que os profissionais que exerciam o ofício de bibliotecário eram, de maneira geral, filósofos,
cientistas, poetas ou religiosos, cujo trato com os livros lhes confiava o papel de zelador, e
guardião do conhecimento[...]”. Percebe-se que o responsável pela biblioteca tinha uma
grande importância tanto que eram escolhidos homens cultos, os livros também tinham um
grande valor.
Um ponto curioso é a expressão […] grau de inacessibilidade do livro, ou seja, o bibliotecário assume o livro como objeto inacessível, que deve estar fora de alcance de qualquer outra pessoa e é somente ele que tem o poder de decidir se o volume pode ou não ser emprestado a quem o requere (BAPTISTA e BRANDT, 2006, p. 4).
Até a forma de organização da biblioteca era feita de uma maneira que só o
bibliotecário pudesse saber onde encontrar os livros, qualquer outra pessoa teria dificuldade
de localizar o livro desejado.
Com a criação dos livros em série a partir da invenção de Johannes Gutenberg que
criou o tipo mecânico móvel para impressão, a situação da reprodução mudou o que foi
importante para o desenvolvimento de materiais e a disseminação deles em massa.
É no contexto das bibliotecas das grandes universidades que a instituição biblioteca começa a adquirir os moldes das bibliotecas atuais. No sentido de ser uma instituição que armazena e organiza as obras para atendimento das necessidades de seus usuários. Não somente as bibliotecas adquirem o início de sua "atual" natureza, como espaço de disseminação da informação em detrimento da antiga natureza de depósito de livros, mas também é neste período que o exercício do bibliotecário começa a ser considerado enquanto profissão (JACOBSEN, 2010, p. 32).
Jacobsen (2010) chama a atenção para as primeiras bibliotecas universitárias que
iniciam no Século XIX com a fundação das primeiras universidades.
No princípio, as primeiras universidades poderiam ser consideradas como prolongamentos das ordens religiosas dos franciscanos e dominicanos. O acervo destas bibliotecas era constituído, inicialmente, pelo acervo do fundador da universidade e, posteriormente, por meio de doações de benfeitores ou de antigos alunos. Os conteúdos deste acervo eram geralmente relacionados às disciplinas ministradas na universidade. Os acervos eram restritos devido ao fato de que os livros eram manuscritos e a reprodução dos mesmos era realizada de forma artesanal. (JACOBSEN, 2010, p. 31).
Ao recompor a história das bibliotecas e como estas vão sendo redimencionanda
32
observa-se que é no renascimento que estas se tornam acessiveis e populares a medidfa em
que perdem a característica de sagrado e passam a ser consideradas como lugares de difusão
do conhecimento. Nesse período os profissionais que atuavam nestes espaços passam a ser
visto muda não mais como guardiãos, agora é considerado um propagador de informações ele
se preocupa com o usuário e busca facilitar a utilização do acervo. Nesse período começam a
surgir os primeiros cursos para formação do bibliotecário, que eram voltados mais para a
atividades técnicas, até porque a preocupação era com a preservação e organização do acervo,
uma vez que seguiam-se normas e regras.
Muitas mudanças ocorreram na virada do Século XIX para o Século XX com a
proliferação de cursos de formação bibliotecária nos vários continentes, sendo nos países da
Europa e Estados Unidos sem sombra de dúvida os países onde a profissão mais teve
ressonância, dada a Revolução Industrial que contribuiu em grande parte para a formação de
uma nova mentalidade acerca do papel do conhecimento e da informação nestes Países.
A partir da Europa e dos Estados Unidos os cursos de Biblioteconomia se
expandiram para o mundo. Na América Latina os primeiros cursos de formação profissional
se estabeleceram na Argentina e Brasil ainda no início do Século XX.
No Brasil o primeiro curso de formação bibliotecária instalado no Brasil foi o da
Biblioteca Nacional, instalado em 1915 com a finalidade de “sanar as dificuldades existentes
na biblioteca, há gerações, quanto à qualificação de pessoal [...]” (CASTRO, 2000. p.53). O
segundo Curso de Biblioteconomia foi criado em São Paulo, onde é nesse curso que começam
a proliferar as primeiras ideiais de uma Biblioteconomia mais voltada para uma formação
técnica. A partir de então foram criados cursos em vários estados da federação: Paraná, Santa
Catarina, Rio Grande do Sul, Bahia, Pernanbuco, Pará, Maranhão, entre outros estados.
Ao lado da expansão dos cursos de Biblioteconomia que se processava no Brasil
em vários países durante todo o Século XX, observa-se que ainda neste século ocorreram
mudanças substanciais de paradigma, que alteraram em grande parte o foco deste campo de
saber, conforme analisa Jacobsen (2010, p.33):
O foco da profissão que se direcionava para o acervo passou para a informação. Nesse sentido, estando mais centrada nas necessidades dos usuários do que exclusivamente a organização dos acervos. Esta mudança ocorreu com os progressos ocorridos nas esferas social, econômica e cultural, com o advento de novas tecnologias para a comunicação, com a globalização e com a exigência maior, por parte dos usuários de unidades de informação, com relação ao atendimento de suas necessidades.
Segundo Werthein (2000), no final do século XX começou a ser usada a expressão
sociedade da informação que proclamava um modo de representar os avanços tecnológicos na
comunicação e automação que permitiram desempenhar com rapidez e qualidade os serviços
33
das organizações, transformações necessárias para todos desdes os países desenvolvidos até
os que estão em desenvolvimento essas mudanças afetam diretamente a relações econômicas
e também a sociedade. Ao lado disso observam-se também mudanças no perfil do
bibliotecário que passa a dar mais importãncia a informação transformando o usuário em
centro de seu trabalho, ele é visto como a razão dos serviços que passam a ser ofertados e
voltados para atender as suas necessidades.
A emergência da sociedade da informação um novo paradigma é instaurado
influênciando as práticas bibliotecárias exigindo a partir de então novos perfis e habilidades
compatívies com o as exigências da sociedade. As tecnologias de informação e comunicação
passam a ser condição sine quanon para o exercício profissional do bibliotécario que busca
atualização constante dada à velocidade das transformações em curso.
As mudanças que se processam a partir de então vão exigindo maior empenho dos
bibliotecários no uso das ferramentas tecnologicas obrigando os cursos a adequarem-se as
mudanças. Para Sousa Filho et al. (2006, p.5)
Os cursos têm que investir mais na parte prática da aprendizagem, incluindo disciplinas que no seu conteúdo dêem a oportunidade aos alunos de adquirirem experiência com as ferramentas para que fiquem íntimos do seu uso e aplicação no seu campo de atuação. O novo currículo tem que conter uma visão ampliada da profissão de bibliotecário, que objetive a formação de verdadeiros profissionais da informação, isto é, criativos, flexíveis, participativos, dotados de base teórica e prática, conscientes da transdisciplinaridade, interdisciplinaridade e pluralidade da profissão [...]. (SOUSA FILHO et al., 2006, p. 5).
A formação deve preparar o profissional para atender as novas necessidades que
foram criadas com a inserção das tecnologias de informação e comunicação, assim como
trabalhar a interdisciplinaridade dando aos currículos maior amplitude de conhecimentos que
permita aos alunos completar sua formação articulando teoria e prática, visando cada vez mais
o desevolvimento do senso crítico e inovador dos futuros profissionais.
A visão moderna do novo profissional bibliotecário requer medidas gerais de transformação curricular necessárias, isto inclui: o aliviar os currículos sobrecarregados de conhecimentos convencionais e teóricos, modificação dos métodos de ensino colocando o aluno em posição ativa de aprendizagem e que lhes oferecem experiências e vivências de cunho formativo e que desenvolva no aluno o espírito crítico e interpretativo. Outro ponto que torna inviável o atual currículo, é que o desenvolvimento das novas tecnologias tornou o processo de recuperação e transmissão da informação muito rápido e acessível a um grande número de pessoas (SOUSA FILHO et al., 2006, p. 5).
A importância de o bibliotecário estar preparado é fundamental por conta da
necessidade de se gerenciar a expansão informacional provocado pelos avanços tecnologicos,
hoje está muito mais fácil publicar e disponibilizar conteúdos graças a internet, fazer o
gerenciamento dessas informações e disponibilizá-las eliminandos o que não é interessante é
um serviço indispensável. No mundo empresarial que é um mercado competitivo empresas
34
buscam melhorar seus sistemas de informação pois isso pode abrir novas oportunidades ao
mesmo tempo em que possibilita a descobrir ameaças que possam expor a segurança das
empresas.
Silva (2014) considera importante refletir sobre o atual contexto das sociedades.
Não basta apenas traçar perfis e ou determinar habilidades para o mercado como se tudo
estivesse em perfeita harmonia, como se sociedade em que vivemos fosse totalmente justa e
igualitária possível. Para a autora:
[...] Antes, é preciso pensar na situação real do bibliotecário, em questões de estruturas organizacionais, formas de educação, condições de trabalho e nos problemas básicos da área. Não podemos pensar somente na adequação do perfil profissional como um modelo de excelência empresarial, aderindo ao discurso da nova gestão do trabalho, sem colocá-lo sob o prisma da questão do trabalho e do trabalhador na sociedade capitalista [...]. (SILVA, 2014, p. 108).
O bibliotecário, não pode ficar alheio ao seu meio, no Brasil e principalmente no
estado do Maranhão, onde a sociedade passa por dificuldades nas questões sociais, uma vez
que o estado possui os piores índices educacionais do País, que ainda convive com escolas
sem bibliotecas e as poucas existentes não funcionam adequadamente permanacendo muitas
vezes fechadas e servindo de depósitos de livros, abandonadas, sem bibliotecário, com
gestores poucos interessados e sem motivação dos alunos que sem instrução adequada muitas
vezes se tornam analfabetos funcionais. Nesse ambiente o bibliotecário e a biblioteca
consequentemente também sofrem com a não valorização da educação pelas instituições o
que dificulta o exercício de sua função na construção do desenvolvimento social do país.
Ao refletir sobre o perfil exigido pelo mercado no atual contexto é importante
lembrar que o progresso proporcionado pela globalização, os avanços científicos e
tecnológicos tem influênciado e proporcionado mudançass nas atividades biblioteconomicas.
Para Fonsêca e Oddone (2005, p. 2) esses processos de mudanças que
aparentemente aparecem como variáveis “têm exigido a definição de normas e modelos a
serem seguidos por todos indistintamente, independente das culturas, das políticas, e das
condições sócio-econômicas sob pena de serem considerados desconectados e condenados ao
'analfabetismo informacional”. É importante estar atento a esses avanços, que se por um lado
geram conhecimentos e buscam cada vez mais antecipar o futuro, por outro, trazem conflitos
na medida em que contribuem para o aumento do consumo e a formação de grupos que
buscam defender seus interesses individuais em detrimento dos interesses coletivos.
O receio dos indivíduos de não satisfazer as necessidades do mercado faz com que
eles ampliem seus conhecimentos elevem o nível, com a preocupação de atigirem metas e
lucros, o mercado força o trabalhador a se adequar caso contrário ele pode ficar fora do
35
processo, o estado deve zelar pela sociedade não se deixando levar pelos grupos econômicos e
seus interesses.
Por todas essas razões os indivíduos são obrigados a enfrentar mudanças, riscos, incertezas, tomarem decisões, contestar e se defenderem para construírem sua própria identidade. Em princípio, seus méritos são incontestáveis e constitui uma tarefa de discussão à imposição dessas normas e padrões que visem a aceitação e a adaptação de forma que não firam a suscetibilidades e particularidades das mais diferentes culturas em que se apresentam as organizações sociais (FONSÊCA E ODDONE, 2005, 3).
Os grupos econômicos acabam usando sua influência para ajustar a formação dos
profissionais de acordo com seus interesses e até mesmo o estado prioriza esses interesses,
levando o foco de ensino a determinadas áreas em detrimento de outras que podem beneficiar
a sociedade ao invés dos grupos econômicos.
Embora haja uma mobilização para modificação do perfil profissional, no Brasil, são movimentos ainda latentes que não conseguiram atingir a percepção da sociedade. Alguns autores sinalizam para o desenvolvimento de competências profissionais que devem ser compreendidas como o conjunto de habilidades, aptidões, idoneidade, atitudes e conhecimentos teóricos e práticos necessários para desenvolver uma função especializada de modo consciente, valido e aceitável (FONSÊCA; ODDONE, 2005, p. 6).
É importante haver mudanças, porém, as atividades desenvolvidas pelos
profissionais da informação não devem ser determinadas por grupos e órgãos, e sim pelos
profissionais que devem pensar em alternativas que considerem o sentido da profissão e sua
representação social sendo um reflexo da sociedade, desenvolvendo-se de acordo com as
necessidades que lhe são apresentadas.
De acordo com a exigência do mercado o perfil do profissional da informação
deve mudar para atender demandas de habilidades tecnológicas, produtividade, empresariais,
competitividade e autonomia.
Segundo Fonsêca e Oddone (2005, p. 9):
O perfil do bibliotecário não pode mais se manter distante das atuais necessidades sociais e mercadológicas. É preciso reforçar as pesquisas empíricas no Brasil […] para verificar os verdadeiros fatores políticos, econômicos e históricos que têm exercido influência sobre o comportamento dos profissionais da informação, determinando a concepção de sua identidade e a definição de sua visibilidade social.
É papel de o profissional bibliotecário transformar essa realidade, dar a sua
contribuição através de suas habilidades para melhoria da sociedade. Ao entrar no mercado de
trabalho o bibliotecário deve ter consiência da sua função social buscando e integrando com
outros profissionais idéias comuns para pensar a sociedade, articulando projetos que tenha
objetivos capazes de com outros profissionais promover mudanças no ambiente de trabalho
tendo a informação como instrumento de transformação da realidadse.
O que se observa é que a ausência de bibliotecários em setores estratégicos
contribui para sua pouca inserção na sociedade e consequentemente seu pouco
36
reconhecimento. Ao analisar a ausência do bibliotecário nas instituições escolares, por
exemplo, observa-se que tal ausência esta relacionada aos esteriótipos forjados ao longo da
formação deste profissional que difultam sua visibilidade. Outro fator que tem contribuido
para sua pouca inserção é a falta de educação continuada que incide na pouca atualização
deste profissional frente às demandas sociais.
4.2 Formação continuada como medida de inserção no mercado de trabalho
bibliotecário
O conhecimento hoje é fomentado e difundido com mais velocidade, fazendo com
que o que conhecemos hoje se torne ultrapassado amanhã. Nesse sentido é exigido não só do
bibliotecário mais de todos os profissionais uma educação continuada que acompanhe os
novos desafios que o mercado impõe e as mudanças tecnológicas que vem surgindo nos
últimos anos. “A educação continuada possibilita uma reflexão do sujeito sobre sua prática, de
modo a lhe permitir examinar suas teorias, metodologias, concepções e atitudes, provocando
no profissional um processo constante de auto-avaliação de seu trabalho [...]”. (SOUZA,
2007, p. 4).
A educação do ponto de vista da formação continuada auxilia o profissional a
adquirir conhecimentos novos, competências e postura de acordo com as exigências da
sociedade.
Sob esse aspecto a filosofia da educação para os países em desenvolvimento capitaneada pela Unesco previa a Educação Continuada entendo-a como o meio de preencher as lacunas deixadas pelo sistema escolar, ressaltando ser a educação continuada uma atividade fundamental para o desenvolvimento do indivíduo e da sociedade devido à transformação no estilo de vida trazido pelo desenvolvimento urbano-industrial. Sob essa perspectiva passamos a ter duas modalidades de ação dos programas de educação continuada: educação formal, seriada e institucionalizada; educação não formal: organizada e situada fora do sistema escolar como, por exemplo, os cursos de capacitação profissional. Independente das modalidades, a educação continuada deve ter em sua essência a ideia de uma educação que deve se prolongar por toda a vida. (SOUZA, 2007, p. 5).
Nota-se que pelo desenvolvimento da indústria a educação continuada tornou-se
importante para preparar melhor o indivíduo e adequá-lo as exigências do mercado, além da
própria motivação da pessoa em buscar mais conhecimento como forma de suprir as lacunas
que possam ter mesmo depois do ensino formal, e alguns outros que apenas buscam crescer
como profissional e humano. Além das escolas que podem não atender a todos os requisitos
pedidos pelos processos de produção. As universidades também podem apresentar lacunas
que talvez precisem ser preenchidas após o término do ciclo universitário desse modo a
formação continuada é hoje uma necessidade, tendo em vista que o mercado hoje necessita de
profissionais mais completos e em alguns casos profissionais mais qualificados dentro de
determinadas áreas e com conhecimentos específicos.
37
Além disso, as mudanças provocadas pela inserção de novas tecnologias
transformaram os processos produtivos e consequentemente as relações sociais, exigindo
formação específica para acompanhar os avanços tecnológicos assim como formação que
busque qualificar profissionais no tratamento para o atendimento humanizado para melhor
socialização da clientela/usuários que utilizam os diversos serviços das empresas e
instituições. A partir daí vê-se a necessidade de ampliar os conceitos de formação adequando-
o as necessidades de cada grupo social atendido. Sabe-se que há alternativas de aprendizagem
além das escolas formais, elas qualificam e também podem ser mais eficazes pelo fato de
assimilarem mais rápido as mudanças que ocorrem, isso faz com que se aproximem mais das
exigências do mercado, desse modo a educação continuada é um complemento.
A internet e os avanços tecnológicos mudaram a dinâmica das organizações assim
como a dos bibliotecários já que esse profissional lida com a informação. Para Souza (2007,
p. 6) “O advento das bases de dados, o tratamento online da informação, vem forçando os
bibliotecários a buscarem uma atualização permanente, uma formação continuada que os
mantenham sintonizados com as mudanças nos processos de tratamento e disseminação da
informação[...]”. Mesmo com a formação e o perfil adequado o profissional da informação
não pode ficar apenas com esse conhecimento adquirido, com as mudanças acontecendo no
seu ambiente de trabalho, é importante investir no aprendizado contínuo fazendo cursos de
pós-graduação ou de atualização.
Com a qualidade de informação atual e seu acesso farto os usuários necessitam de
profissionais que facilitem seu uso, as tecnologias de informação exigem que esse profissional
busque conteúdos que nem sempre são contemplados nos currículos. A necessidade da
educação continuada pode partir tanto do profissional como do empregador que treina seu
pessoal de acordo com a necessidade da organização. A educação continuada é mais que um
treinamento é um acompanhamento do que está acontecendo na sociedade e dos avanços da
tecnologia que permitem avaliar o desempenho das empresas e instituições e
consequentemente os conhecimentos do profissional que estão no mercado. O bibliotecário
não está isento deste processo como bem enfatiza Ribeiro e Cury (2007, p. 206):
Acreditamos que a educação continuada seja um investimento amplamente importante na formação do bibliotecário, por algumas razões de ordem teórica e prática: em primeiro lugar, o autodidatismo é instrumento que permite o desenvolvimento do trabalho pessoal para a procura e a análise da informação; em segundo lugar, as leituras permitem o aperfeiçoamento nos conteúdos da área biblioteconômica. Finalmente, ao considerarmos a construção do conhecimento como atividade consciente e contínua da análise das práticas, ou como uma reconstrução permanente do saber, entendemos que o bibliotecário se obrigará a teorizar sua prática de forma reflexiva.
Observa-se, portanto, que a educação continuada deve ser considerada como parte
38
do trabalho profissional do bibliotecário que como qualquer profissional que presta serviço,
lida com público e com processamento de informação deve buscar mecanismos de atualização
permanente. Além disso, o ensino de Biblioteconomia, assim como todos os níveis de ensino
superior, passa por processos de reestruturação que exigem atualização constante, vejam o
caso da catalogação. Para Pereira e Rodrigues (2002, p. 231) “[...] na catalogação, as antigas e
conhecidas fichas para a descrição bibliográfica passam a ser confeccionadas por modernos
computadores [...]”. Com a evolução das atividades do bibliotecário surge a necessidade de
saber e dominar os novos recursos que agora serão suas ferramentas de trabalho, a educação
continuada permite discutir sobre essas novas práticas da biblioteconomia, estar sempre
aperfeiçoando sua formação que irá possibilitar à sociedade, profissionais mais humanos e
sabedores do seu papel social.
Sabe-se que todas as áreas do conhecimento vivem um momento de transição, em
virtude das profundas mudanças que a sociedade vivenciou nas três últimas décadas
interferindo no local e o global. Mudanças estas que provocaram alterações em todos os
setores do trabalho, promovendo o esvaziamento de diversas funções e exigindo a
readequação de outras tantas. Na Biblioteconomia este fato é visível no exemplo dos métodos
de catalogação, quando foram abolidos as fichas e os antigos catálogos, readequando-os aos
novos modelos informatizados, diminuindo o tempo gasto pelo bibliotecário neste tipo de
serviço, e ao mesmo tempo, facilitando a busca e recuperação da informação pelos usuários
que podem acessar os catálogos das bibliotecas de suas próprias residências.
Apesar dessas mudanças implantadas na formação bibliotecária ainda se percebe a
necessidade de rever muitos processos na formação bibliotecária. Para Ribeiro; Cury (2007,
p.208)
[...] estamos ainda sem um referencial convincente do que seja, realmente, a função bibliotecária. Pode-se, a priori, afirmar uma carência expressiva na formação continuada deste profissional assim como a necessidade de se rever os currículos de formação dos cursos de biblioteconomia, ou seja, examinar mais atentamente os saberes, os valores e metas desta formação profissional flexibilizando o currículo e permitindo que o conhecimento transite pelas diferentes disciplinas na prática real da transdiciplinaridade.
O bibliotecário exerce uma função importante, trabalha com a informação, dentro
de um espaço gerador de conhecimento por esse motivo ele não pode ser um profissional
alienado isso lhe ocasionaria um descrédito perante a comunidade. Pela distinção cultural que
vivemos no mundo é difícil que um profissional fora dos padrões seja absorvido pelo mercado
uma vez que os avanços em grande parte são considerados pelo fato da tecnologia alimentar
bases de dados, o que exige muitas das vezes apenas um técnico especializado, não um
bibliotecário. Desse modo o bibliotecário precisa saber fazer a diferença no ambiente de
39
trabalho, buscando conhecer seu ambiente de trabalho, o tipo de serviço que oferece e a partir
de então pensar, planejar e processar informações dirigidas para o público específico. Para
isso é necessário uma flexibilização maior na formação que precisa ser um bom técnico, mas,
socialmente crítico e saber de suas responsabilidades para o desenvolvimento da instituição
onde atua, sem perder de vista a formação humanista e o contexto social e cultural.
[…] seja qual for a especialidade, uma formação e uma informação ampla de base humanista” contribuem para desenvolvimento profissional e pessoal. A cultura humanística é uma cultura genérica que via da filosofia e da literatura alimenta nossa inteligência gera e auxilia no enfrentamento às grandes interrogações humanas, ela estimula ainda, a reflexão sobre o saber e possibilita a integração pessoal dos conhecimentos. Queremos crer que a compreensão mais aprofundada da leitura, na perspectiva humanística, enriqueceria o fazer bibliotecário, uma vez que visualizamos um profissional cuja atuação pode ser definida como a de agente social e exercer ação pedagógica no seu espaço de trabalho. (RIBEIRO; CURY, 2007, p. 208-209).
O profissional da informação deve se adaptar as mudanças sem esquecer os
princípios importantes da formação. O profissional que tiver uma boa base e se preparar para
os novos desafios estará capacitado a enfrentar as mudanças que forem necessárias no espaço
de trabalho.
40
5 FORMAÇÃO CONTINUADA DOS BIBLIOTECÁRIOS MARANHENSES
O mercado de trabalho é exigente e busca profissionais cada vez mais
qualificados. Sendo assim, oCurso de Biblioteconomia da Universidade Federal do Maranhão
tem a função de formar profissionais que possam se inserir nas mais variadas áreas do
mercado, desenvolvendo nos estudantes a ética, consiência social e crítica, entendendo a sua
importãncia para a sociedade.
No que diz respeito à situação do mercado de trabalho no Maranhão, percebe-se que este vem exigndo cada vez mais profissionais qualificados, decididos e competentes. Procura-se profissionais que mostrem eficiência em seus locis de trabalho, e estejam comprometidos com a educação continuada, em vista de um melhor desempenho profissional em um mercado de trabalho complexo e competitivo. (SILVA, 2014, p. 126).
O bibliotecário está inserido em uma sociedade em que a maioria das pessoas
infelizmente não tem acesso a educação de qualidade e consequentemente é pouco esclarecida
por isso não sabem a forma como o bibliotecário atua, suas habilidades e como ele pode
contribuir para melhorar o quadro de desinformação da sociedade, essa falta de conhecimento
é um entrave sentido nas oportunidades de emprego. Dessa maneira o bibliotecário tem como
estímulo encarar as dificuldades existentes e mostrar que sabe trabalhar com a informação,
disseminando-a e mudando a realidade dos sujeitos independente de classe e localidade visto
que muitos ainda não têm acesso a esse bem.
Como se observa a formação continuada subtende-se atualização constante de
forma a garantir melhor desempenho dos bibliotecários e atendimento das demandas das
instituições públicas e privadas.
No estudo ora apresentado avaliamos a formação continuada dos bibliotecários
maranhenses a partir dos dados da pesquisa Mercado de trabalho para os profissionais da
informação (bibliotecários) no Estado do Maranhão realizada pelo PET/Biblioteconomia cujo
objetivo mais amplo se propõe a “Estudar as relações do mercado de trabalho do profissional
bibliotecário no Estado do Maranhão no período de 1997-2008, analisando suas articulações e
organização política, as demandas do mercado e as relações de gênero”. Neste estudo
monográfico faço um recorte a fim de compreender como os bibliotecários maranhenses
realizam sua formação continuada e as preocupações destes profissionais no exercício do
fazer bibliotecário e como as instituições ajudam na capacitação, além de conhecero perfil dos
bibliotecários que atuam no estado do Maranhão, saber se eles utilizam as tecnologias de
informação e contiunuação (TICs), e como vêem seu uso no exercício da profissão.
Os resultados do estudo, foram alcançados atraves de entrevistados realizadas
com 75 profissionais registrados no CRB (Conselho Regional de Biblioteconomia da 13ª
41
Região), no Estado do Maranhão no período que compreende 1997-2013. Com esses dados
foi possível traçar o perfil do bibliotecário, investigar sua situação perante a atualização,
formação continuada e elementos relacionados a mesma. As informações serão analisadas e
comentadas a seguir.
5.1 Perfil dos bibliotecários no Estado do Maranhão: gênero, estado civil, religião, etnia e
faixa etária
De acordo com o gráfico 1 80,00% dos entrevistados são profissionais do sexo
feminino, e 20,00% do sexo masculino. Nota-se através de dados do Conselho Regional de
Biblioteconomia que no Maranhão ainda predomina o sexo feminino que se constitui a
maioria dos profissionais no mercado. Observa-se ainda que a maioria dos estudantes
matriculados no Curso de biblioteconomia são do sexo feminino, embora como enfatiza
Ferreira (2010) na última década houve um aumento considerável de homens no curso, o que
subtende-se o aumento de interesse por esta área. Fato também observado por Funaro,
Victoretti e Uehara (2008) que considera que nos últimos anos percebe-se que há uma procura
grande pelo curso por pessoas do sexo masculino, além de alunos que já possuem uma
graduação e por pessoas mais jovens diferentemente dos anos anteriores. Essa mudança é
entendida pelo leque de alternativas no mercado de trabalho em que o bibliotecário pode
atuar.
Gráfico 1- Gênero
Fonte: Mercado de Trabalho para o Profissional da Informação no Estado do Maranhão 2007-2014/PET Biblioteconomia
A presença feminina no mercado de trabalho não é exclusividade do Estado do
20,00%
80,00%
Masculino
Feminino
42
Maranhão em outros estudos também é possível ver resultados semelhantes, Miranda e Solino
(2006) em seu estudo Educação continuada e mercado de trabalho sobre os bibliotecários do
Estado Rio Grande do Norte mostra que 86% dos profissionais eram do sexo feminino
enquanto apenas 14% eram do sexo masculino.
Em outro estudo realizado com bibliotecários de todas as regiões do Brasil Walter
(2008) verfica em sua pesquisa que 88% dos participantes eram do sexo feminino e 12% era
do sexo masculino. Santos, Pinho e Azevedo (2013) em sua pesquisa sobre o perfil dos
egressos do Curso de Biblioteconomia no Estado de Pernanbuco evidencia também a presença
de mulheres como maioria, ou seja, 71% contra 27% do sexo masculino.Desse modo as
pesquisas citadas demonstram uma maior predominância de mulheres, isso reforça alguns
estudos a exemplo do de Ferreira (2003) que considera o fato das profissões
predominantemente femininas não ter um status muito elevado.
Para Ferreira (2003) os estudos sobre mulher e gênero na Biblioteconomia ainda
são poucos, o que deixa a discussão fraca até porque as profissionais em geral não associam a
desvalorização social da profissão com o caso dela ser uma categoria dominantemente
feminina. Entretanto falta uma análise mais crítica sobre esse domínio, as profissionais da
área não percebem as relações de gênero que estão na sociedade e nem as relações de classe e
etnias. É preciso questionar a realidade e buscar uma forma de transformá-la.
Ainda segundo Ferreira (2003) as profissões consideradas femininas têm ao longo
da história encontrado problemas para se impor, as enfermeiras, as assistentes sociais e as
bibliotecárias além de outras profissões que são caracterizadas como femininas estão em
processo permanente de provação de suas competências. As profissões femininas têm uma
tendência à desvalorização, o bibliotecário tem sua imagem construída como um profissional
voltado para processos técnicos e com pouca reflexão teórica.
Quadro 1- Identificação dos profissionais bibliotecários
Questão Resultado coleta de dados
Estado civil Sobre o estado civil, os resultados mostram que 52,00% são Solteiros(as), 42,67% são Casados(as), 2,67% são Divorciados(as) e 2,67% não informaram.
Religião Quanto a religião, 57,33% São católicos, 16% Evangélicos, 1,33% Adventista, 1,33% Espírita, 6,67% sem religião, 1,33% Testemunha de Jeová e 16% não informaram.
Etnia Em relação a etnia 14,57% brancos, 28% negros, 20% pardos, 2,67% indígenas e 34,67% não declaram.
Fonte: Mercado de Trabalho para o Profissional da Informação no Estado do Maranhão 2007-2014/PET Biblioteconomia
43
De acordo com os resultados apresentados no quadro 1, no aspecto etnia
surpreendentemente 34,67% não declararam a qual etnia pertenciam. Para Silva (2014) isso é
significativo já que sabemos que essas discussões sobre etnia são amplas e envolvem assuntos
relacionados a identidade. Sabemos que o povo brasileiro tem origem de diversos grupos
étnico-raciais, como índigenas, africanos e europeus, resultante da colonização e dos mais de
500 anos de história. A miscigenação formou uma sociedade multiétnica isso tem provocado
confusão em alguns brasileiros ao se identificar.
Hall (2003) apresenta uma análise sobre a presença de uma crise de identidade,
ele acredita que as identidades modernas são fragmentadas e que uma única identidade
cultural de uma nação não existe, alguns motivos para mostrar que há uma dificuldade em
estabelecer uma identidade cultural nacional única são que as nações são formadas por
culturas que antes eram separadas e depois foram unificadas através de processos violentos de
conquista; por terem uma composição de diferentes classes sociais, etnia e gênero; a
imposição da cultura dos colonizadores sobre os colonizados.
É importante lembrar que a etnia é um conjunto de características culturais como
língua, religião, costume, tradições, etc. A etnia foi usada como uma forma de unir, criar uma
nação porém, uma nação é formada por um conjunto de culturas e hoje as nações modernas
são todas híbridos culturais.
O Brasil é um país mestiço, biológica e culturalmente. A mestiçagem biológica é, inegavelmente, o resultado das trocas genéticas entre diferentes grupos populacionais catalogados como raciais, que na vida social se revelam também nos hábitos e nos costumes (componentes culturais). No contexto da mestiçagem, ser negro possui vários significados, que resulta da escolha da identidade racial que tem a ancestralidade africana como origem (afro-descendente). Ou seja, ser negro, é, essencialmente, um posicionamento político, onde se assume a identidade racial negra. (OLIVEIRA, 2004, p. 1).
No nosso país se identificar como negro pode ser difícil e angustiante, ainda mais
que os exemplos de "sucesso" de identidade negra são poucos e não muito difundidos sem
falar que o respeito à diferença em relação a diversidade de raças e etnias não existe. No
Brasil há uma dificuldade de se assumir sua raça devido ao fato de que o branco pela história
é a raça dominante onde ser belo é você ter cabelo liso, olhos claros e pele branca, isso se
deve diretamente a como ele se vê ou é visto pela sociedade.
[…] ao utilizar a autoclassificação, os indivíduos elegem diversas respostas para se identificarem tais como: branco (a), moreno (a), pardo (a), moreno claro, preto (a), negro (a), claro, morena-clara, amarela, branca-pálida, morena-castanhada, enfim as pessoas tendem a se embranquecer por causa da valorização da pele branca pelas sociedade, sendo uma forma de não sofrerem com o racismo e também de fugir da sua realidade étnica[...]. (SILVA, 2014, p. 134).
Portanto,assumir uma identidade étnico/racial é saber que você estará
representando uma série de questões sociais. Dessa forma se explica os 34,67% de
44
bibliotecários que não se declararam em nenhuma identidade, os dados também evidenciam a
necessidade de discutir sobre identidade étinico/racial no Curso de Biblioteconomia.
Quanto ao estado civil os bibliotecários(as) 52,00% é solteiro (a) e 42,67% casado
(a) mostrando quase um equilíbrio e quebrando um pouco o estereótipo que sempre mostra os
bibliotecários como solteiros.
Sobre a religião, 57,33% são católicos(as) mostrando que a influência da igreja
católica ainda é presente, mesmo com o crescimento da religião evangélica, o catolicismo
ainda tem muitos seguidores, isso também é visto dentro da história do nosso país e até
mesmo na profissão de bibliotecário que sofreu forte influênica da igreja católica.
Sobre à faixa etária, os dados mostram que:
Gráfico 2 – Faixa etária dos profissionais
Fonte: Mercado de Trabalho para o Profissional da Informação no Estado do Maranhão 2007-2014/PET Biblioteconomia
Podemos observar no Gráfico 2 que 52,00% estão na faixa etária de 30 a 39 anos,
sendo seguido de 26,67% entre 20 e 29. Isso mosta que os profissionais que estão no mercado
já têm certa maturidade e experiência, entretanto percebe-se também a presença acentuada de
bibliotecários jovens.
26,67%
52,00%
12,00%
9,33%
20 – 29
30 – 39
40 – 49
Não responderam
45
5.2 Atuação nas instituições
Quanto ao tipo de instituição no mercado de trabalho, o bibliotecário maranhense
tem ocupado em sua maioria espaços no setor público e privado como mostram os dados.
Gráfico 3 – Tipo de instituição
Fonte: Mercado de Trabalho para o Profissional da Informação no Estado do Maranhão 2007-2014/PET Biblioteconomia
Analisando os dados é possível perceber que há um equilíbrio entre as instituições
públicas e privadas, as públicas continuam sendo onde há mais campo para o bibliotecário, no
Estado do Maranhão assim como no Brasil há oportunidades de adentrar nos órgãos através
de concursos públicos, isso é uma realidade há algum tempo nos últimos anos a Universidade
Federal do Maranhão (UFMA), tem propiciado muitas oportunidades graças aos campis que
estão sendo construídos no interior do Estado gerando uma necessidade do profissional, o
Instituto Federal do Maranhão também tem expandido suas atividades pelo Estado gerando
mais um campo de atuação. Sobre as instituições privadas, percebe-se que as escolas
particulares de São Luís tem entendido a importância da presença do bibliotecário elas são em
maioria as principais empregadoras no setor privado.
Quanto ao campo de atuação seguem os seguintes dados.
44,00%
50,67%
1,33%1,33%2,67%
Privada
Pública
ONGs
Editora
Não respondeu
46
Gráfico 4 – Campo de atuação
Fonte: Mercado de Trabalho para o Profissional da Informação no Estado do Maranhão 2007-2014/PET Biblioteconomia
Os dados nos mostram a biblioteca universitária (33,33%) dentre os participantes
da pesquisa é o campo de atuação onde a maioria dos bibliotecários atua, sendo que biblioteca
escolar (25,33%) vem crescendo e já se tornando um bom campo de atuação devido ao
entendimento das escolas privadas da importância do bibliotecário e da biblioteca para
melhoria da qualidade de ensino, quanto a biblioteca universitária também existe um número
grande atualmente em São Luís de Instituições de Ensino Superior Privadas número que vem
crescendo mais que precisa ser acompanhado por órgãos fiscalizadores para evitar que essas
bibliotecas sejam de faxadas ou que o profissional esteja realizando as suas atividades ao
invés de estagiários ou outros funcionários.
5.3 Formação continuada (aperfeiçoamento e capacitação)
O mercado hoje exige uma constante atualização devido ao desenvolvimento cada
vez mais acelerado das tecnologias de informação e comunicação, o bibliotecário precisa estar
capacitado para atender a essas necessidades a fim de atender seu público com competência e
de forma qualificada.
Como foi observado no decorrer deste trabalho a formação continuada acontece
mediante a necessidade de atualização dos profissionais. É um momento de confrontar
Arquivo
Biblioteca Pública
Docência
Biblioteca Escolar
Biblioteca Universitária
Biblioteca Especializada
Fiscalização profissional
Mista (pública e escolar)
Não responderam
0 0,05 0,1 0,15 0,2 0,25 0,3 0,35
5,33%
8,00%
10,67%
25,33%
33,33%
10,67%
1,33%
1,33%
4,00%
47
conhecimentos adquiridos com a prática profissional. É quando o bibliotecário percebe a
necessidade de acompanhar as mudanças no contexto das unidades de informação, esta
necessidade se efetiva quando o bibliotecário passa a ter a consciência da necessidade e
responsabilidade de buscar mecanismos de atualizar-se para atender melhor seu público e
criar novas dinâmicas de procedimentos e serviços visando melhorar o desempenho da
instituição e dar maior dimensão a sua atuação. Fazendo uma analogia a Paulo Freire quando
diz que "Ninguém nasce educador ou marcado para ser educador. A gente se faz educador, a
gente se forma, como educador, permanentemente, na prática e na reflexão da prática".
(FREIRE, 1991, p. 58). Assim mesmo é o bibliotecário, ele não nasce bibliotecário, ele se
forma, ele se qualifica e se especializa de acordo com a necessidade.
Ao avaliar como os bibliotecários se atualizam e complementam sua formação,
procurou-se analisar esse processo a partir dos eventos científicos que os bibliotecários
participaram nos últimos dois anos por considerando que os eventos científicos são espaços
acadêmicos privilegiados para ampliar conhecimentos e horizontes, dada a amplitude de
temas que são discutidos.
Gráfico 5 – participação em eventos científicos
Fonte: Mercado de Trabalho para o Profissional da Informação no Estado do Maranhão 2007-2014/PET Biblioteconomia
De acordo com o gráfico 5 os dados nos mostram que 25,33% dos profissionais
participaram de mais de três eventos nos últimos dois anos, um dado importante visto que
eventos científicos como congressos, palestras entre outros oferecem uma chance de se
atualizar e ver as novas temáticas que estão sendo debatidas. O participante tem a vantagem
Nenhum1 evento
2 eventos3 eventos
Mais de 3 eventosNão responderam
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
21,33%
14,67%
22,67%
14,67%
25,33%
1,33%
48
de fazer contato com outros profissionais que tem interesses em comum. Para Lacerda et al.
(2008) os eventos são uma fonte essencial de busca e divulgação de novos conhecimentos,
tem como finalidade reunir tanto profissionais quantos estudantes de uma determinada área
para troca de experiências e informações de interesse mútuo. Ainda neste item percebe-se que
21,33% dos bibliotecários informaram não ter participado de nenhum evento o que pode
denotar várias situações: falta de interesse, desânimo, pouco estímulo a formação continuada,
acomodação. Trata-se de um dado bastante considerável, fato que irá incidir na desatualização
e despreparo de muitos bibliotecários no acompanhamento de processos de mudanças que
estão se inserindo na profissão.
Um dado importante que merece reflexão neste ponto é quando são questionados
sobre se a instituição incentiva a educação continuada 72,00% afirmam que sim a instituição
oferece incentivo para participação de eventos e cursos. Os 21,33% que não recebem
incentivos das instituições e empresas, retrata os profissionais que não participam dos
eventos.
Outro ponto que consideramos relevante avaliar na formação continuada se refere
a publicação, dessa forma procuramos saber se os bibliotecários apresentaram e/ou
publicaram trabalho cientificos nos últimos dois anos.
Gráfico 6 – publicação e apresentação de trabalhos cientificos
Fonte: Mercado de Trabalho para o Profissional da Informação no Estado do Maranhão 2007-2014/PET Biblioteconomia
Esses dados apontam que mesmo a maioria dos bibliotecários que declararam
Nenhum1 trabalho
2 trabalho3 trabalho
Mais de 3 trabalhos
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%54,67%
14,67% 16,00%
4,00%
10,67%
49
participando de eventos nos últimos dois anos, 54,67% não publicaram trabalhos nesse
período, mas 45,34% informaram ter apresentado trabalhos científicos.
O espaço destinado a apresentação de trabalhos em eventos científicos é uma
oportunidade para apresentar estudos, pesquisas, relatos de experiências e mostrar seus
resultados como forma de fazer trocas e contribuir para com os colegas de profissão. Isso faz
com que o bibliotecário tenha uma postura mais crítica da prática profissional. É uma
oportunidade de adquirir novas experiências e aprendizagens. Lacerda et al. (2008) enfatiza
que a apresentação de trabalhos ajuda os participantes a divulgarem seus trabalhos, receber
críticas, sugestões e colaborar para reflexão da área. Isso contribui para melhoria da qualidade
do conhecimento e das práticas profissionais.
Com relação aos cursos de atualização na área de biblioteconomia e afins nos
últimos dois anos, os bibliotecários informaram dados que refletem em muito a situação
desses profissionais no Maranhão. Vejamos os resultados:
Gráfico 7 – cursos de atualização
Fonte: Mercado de Trabalho para o Profissional da Informação no Estado do Maranhão 2007-2014/PET Biblioteconomia
Atráves dos dados percebe-se que os profissionais buscaram se atualizar: 24,00%
dos participantes fizeram mais de três cursos. No entanto 22,67% não se atualizaram.
Segundo Ribeiro e Cury (2007) o desenvolvimento de novos serviços tem um ciclo mais curto
e é preciso reagir rapidamente ou até mesmo antecipar às mudanças na sociedade. O
aprendizado deve ser contínuo para que se atinja um nível em que seja possível acompanhar
Nenhum1 curso
2 cursos3 cursos
Mais de 3 cursosNão responderam
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
22,67%
16,00%
22,67%
13,33%
24,00%
1,33%
50
esse ritmo em vários níveis, não se pode rejeitar a necessidade de acompanhar o
desenvolvimento das ações.
Moreno et al. (2007) antes o profissional com uma graduação já tinha um lugar de
destaque no mercado de trabalho, hoje é diferente o profissional deve ir além, procurar
desenvolver habilidades, competências, ser versátil, saber executar muitas funções, para isso o
profissional precisa ser uma pessoa flexível, aberta e atento para as mudanças que ocorrerem
em seu meio.
A pesquisa também questinou sobre níveis mais elevado de atualização, procurou
saber se os mercado não estavam exigindoo pós-graduação para adentrar no emprego:
Gráfico 8 – Exigência de pós-graduação para adentrar no emprego
Fonte: Mercado de Trabalho para o Profissional da Informação no Estado do Maranhão 2007-2014/PET Biblioteconomia
86,67% dos entrevistados disseram que não foi exigido pós-graduação para
ocupar o cargo executado. Em outras pesquisas como a de Miranda e Solino (2006) mostram
que os contratantes exigem apenas a graudação. O mercado maranhense nesse momento não
exige a pós-graduação.
Sim Não Não responderam0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
9,33%
86,67%
4,00%
51
Para complementar foi questionado se a instituição colabora e incentiva a
educação continuada, os dados mostram os seguintes resultados:
Gráfico 9 – Incentivo da instituição para educação continuada
Fonte: Mercado de Trabalho para o Profissional da Informação no Estado do Maranhão 2007-2014/PET Biblioteconomia
72,00% afirmam que a instituição colabora para a educação continuada isso é um
dado importante, já que são muitas exigências sobre qualificação no mercado de trabalho.
Moreno et al. (2007) acredita que as diversas entidades de classe ligadas à biblioteconomia
devem preocupar-se em contribuir para a capacitação dos profissionais da informação, como
por exemplo conselhos regionais, Conselho Federal, associações, sindicatos e todas as
instituições que defendam os interesses dos profissionais bibliotecários.
Miranda e Solino (2006) mostram atráves de sua pesquisa que as organizações
tem consiência da necessidade de educação continuada para que esse profissinal esteja
qualificado e capacitado, 85,7% dos profissinais que atuam no estado do Rio Grande do Norte
por exemplo afirmam receber incentivo por parte da instituição que atuam, atráves de
incentivo financeiro, liberação para participação em eventos, oferecendo treinamentos etc.
No Maranhão observa-se que apenas 72,00 % das instituições oferecem incentivo. Das
empresas que não oferecem incentivo algum para seus funcionários, se destacam as empresas
privadas em especial as bibliotecas universitárias da rede privada.
Não Sim Não responderam 0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
20,00%
72,00%
8,00%
52
Perguntados como a instituição colabora obtivemos os seguintes dados:
Quadro 2 – Incentivos
Questão Resultado coleta de dados %
Como? Curso de Capacitação (Presencial. e a Distância) 28,84%
Não responderam 28,84%
Pesquisa e extensão 1,92%
Seminários, formação continuada 3,84%
Treinamentos 3,84%
Bolsa de Estudos (Aux. Finaceiro) 11,53%
Realização de Curso 3,84%
Desconto em Pós-Graduação 5,76%
Incentivo da Instituição 5,76%
Plano de Carreira 5,76%
Fonte: Mercado de Trabalho para o Profissional da Informação no Estado do Maranhão 2007-2014/PET Biblioteconomia
Observamos que 28,84% recebem incentivos através de cursos de capacitação
sejam eles presenciais e a distância, mesmo os que não responderam sobre os incentivos é
sabido que na questão sobre participação em eventos a grande maioria participa o que traz
uma oportunidade de atualização mesmo que não seja através de cursos.
5.4 Utilização de tecnologias de informação e comunicação (TICs)
Com relação a utlização de tecnologias de informação e comunicação (TICs),
questionou-se a utilização delas para a realização de atividades no seu campo de trabalho os
apontam que:
53
Gráfico 10 - Uso das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs)
Fonte: Mercado de Trabalho para o Profissional da Informação no Estado do Maranhão 2007-2014/PET Biblioteconomia
A partir dos dados percebemos que 93,33% dos profissionais usam as TICs no
desenvolvimento de suas atividades. Silva (2004) considera que a biblioteca não pode mais
estar fechada em si mesma, o desenvolvimento tecnológico influência na sociedade e também
têm efeitos nas bibliotecas. Elas fazem o bibliotecário pensar sobre novas questões como a
propriedade intelectual, segurança de dados pessoais, liberdade de acesso a informação, temas
que estão de acordo com sua realidade de trabalho e também com a sociedade. As novas
tecnologias contribuem para transformações tanto para o bem quanto para o mal, transformam
serviços e reorganizam as atividades.
Ainda sobre as TICs, questionamos como consideram a utilização delas como
auxiliar no exercício profissional:
Sim Não Não responderam0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100% 93,33%
2,68% 4,00%
54
Gráfico 11 - utilização das tecnologias de informação como auxiliar para o exercício da
profissão
Fonte: Mercado de Trabalho para o Profissional da Informação no Estado do Maranhão 2007-2014/PET Biblioteconomia
Os entrevistados, ou seja, 61,64% consideram ser excelente e indispensável para
qualquer profissional da informação, uma parceria oportuna. Pelas respostas dadas, entende-se
que os bibliotecários consideram a utilização muito importante para o desenvolvimento de
seus serviços. As respostas estão de acordo com o nosso modo de pensar, isso porque o
bibliotecário não pode ficar alheio às mudanças. Ele deve saber absorver isso para benefício
próprio.
Para Lopes e Martins (2012) a funcionalidade das tecnologias da informação é
facilitar não só o trabalho do bibliotecário, o usuário também é beneficiado com a maior
facilidade de acesso aos serviços, trazendo maior comodidade e reconhecimento do trabalho
do bibliotecário já que ele precisa estar apto a executar esses serviços.
Considerando que o bibliotecário precisa saber usar as TICs, perguntamos se
sabem utilizar algum tipo de software de automação de bibliotecas ou afins:
17,81%
61,64%
4,11%
4,11%
1,37%10,96%Agiliza muito o processo de busca e acesso a informação
Excelente, indispensável para qualquer profissional da informação, uma parceria muito oportuna.
Razoável, ainda pouco utilizado
Atualização profissional facilitando todos os tipos de trabalho do bibliotecário
Não as TICs, mas a biblioteconomia maranhense deve avançar
não responderam
55
Gráfico 12 - Utilização de sistemas de automação de bibliotecas
De acordo com o gráfico 9 observamos que 88,00% dos profissionais conhecem e
usam os sistemas de automação de bibliotecas. Segundo Lima (2011) são muitos os fatores
que fazem com que as bibliotecas, de menor ou maior porte, automatizem seus serviços.
Dentre os muitos fatores estão a explosão da informação, sendo muitas delas disponibilizadas
na internet, a economia proporcionada pelo uso de computadores, e a eficácia nos custos
provocados pela automação.
Para Rodrigues e Prudêncio (2009) a automação faz parte das nossas rotinas. Nas
bibliotecas, a automação surge para facilitar, padronizar e reduzir o tempo de trabalho, atender
as necessidades do usuário, trazendo avanços para o campo de trabalho. A criação de
softwares especializados em gestão de bibliotecas foi um grande avanço que permitiu as
vantagens citadas.
Não Sim Não responderam0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
4,00%
88,00%
8,00%
56
Ainda sobre automação questionamos os bibliotecários sobre quais os softwares
usados por esses profissionais:
Quadro 3 - sistemas de automação de bibliotecas
SOFTWARES %
Biblivre 6,06%
Pergamum 7,58%
ALEPH 1,52%
Sophia 12,12%
SIABI 9,09%
SABI 9,09%
Gnuteca 6,06%
Informa Web 1,52%
SPW 1,52%
Informa 2000 1,52%
Biblioteca Fácil 4,55%
Soft livre 1,52%
MiniBiblio 3,03%
TOTVS 1,52%
Okwahan 1,52%
RM Biblios 1,52%
Sandrah 1,52%
Não responderam 27,27%
PHL 1,52%Fonte: Mercado de Trabalho para o Profissional da Informação no Estado do Maranhão 2007-2014/PET Biblioteconomia
Podemos observar que dentre as respostas a grande maioria 27,27% não
responderam qual tipo de software utilizam em sua biblioteca, já 12,12% utilizam o software
sophia que é um software proprietário que tem como vantagem a customização de acordo com
as necessidades da instituição. Dos softwares livres temos o BibLivre utilizados por 6,06%
dos entrevistados. Para Rodrigues e Prudêncio (2009) as bibliotecas com poucos recursos a
utilização do software livre pode ser importante visto que são gratuitos e contam com a
colaboração compartilhada podendo ser copiado, usado, modificado e distribuído.
57
6 CONCLUSÃO
Através da pesquisa e de seus resultados, discussões e interpretações, podemos
ver que o mercado passou por muitas mudanças ao longo da história. Observamos que o
homem na antiguidade via o trabalho como algo negativo, que lhe causava sofrimento e
aflição. Na idade média o sistema feudal os proprietários detinham as terras e os servos eram
seus subordinados e viviam nas terras onde deviam usar apenas o necessário para sobreviver,
onde a igreja tinha grande influência nas decisões políticas. O renascimento teve influência
em várias áreas da sociedade marcando a transição do feudalismo para o capitalismo, o
sentido do trabalho também muda o indivíduo agora trabalha porque sente prazer nisso, isso o
realiza e traz satisfação.
No capitalismo quem tem o controle das fábricas e dos processos de produção é
quem detém o maior lucro e contratam trabalhadores que recebem salários por vender sua
força de trabalho para gerar produção ao capitalista. Essas relações de trabalho no capitalismo
alienam o trabalhador visto que o capitalista visa o lucro e o busca de qualquer maneira,
torando o trabalho apenas uma necessidade de sobrevivência onde o trabalhador não tem
satisfação nem motivação para executá-lo.
No Brasil, o mercado de trabalho foi historicamente marcado pelas desigualdades.
Desde o período da escravidão, quando os escravos eram considerados a base da mão-de-obra
durante muito tempo e mais tarde sendo substituído pelo imigrante europeu. Muitos anos se
passaram até que todos passaram a ter oportunidades. Porém, nem todos puderam ter
melhores oportunidades de trabalho, por várias razões a exemplo de: questões étnico-raciais,
questões sociais, regionais, questões de gênero, entre outras. Preconceitos que vem sendo
alimentados durantes séculos no país e que são reflexos da economia, da sociedade de
mercado, que geraram noPaís profundas desigualdades sociais.
Para o profissional bibliotecário as mudanças ocasionadas pelos avanços
tecnológicos vêm trazendo mudanças de comportamento e perfil o que traz uma série de
discussões a respeito de como precisamos nos adaptar as mudanças do mercado e da
sociedade da informação. Adaptar-se a esse processo de inovação sem perder seu papel
fundamental no desenvolvimento social já que trabalhamos com a informação facilitando o
seu acesso e difusão.
O objetivo do trabalho foi estudar como os profissionais bibliotecários do Estado
do Maranhão fazem a educação continuada se estão acompanhando essa evolução em
decorrência dos avanços tecnológicos, se entendem que é preciso melhorar suas habilidades
através novas conhecimentos, técnicas e como fazem esse aperfeiçoamento com capacitações,
58
cursos, participações em eventos, apresentações de trabalhos. Analisar se eles reconhecem o
valor da utilização das TICs e se usam a mesma.
Assim podemos observar que sobre o perfil dos bibliotecários maranhenses a
maioria são mulheres, com idades entre 30 e 39 anos. Sendo que há um equilíbrio no estado
civil com 52% solteiras (os) e 42, 67% casadas (os). Sobre os tipos de instituições que atuam
podemos perceber que há um equilíbrio entre instituições públicas e privadas sendo a primeira
onde os bibliotecários mais atuam, visto que vem tendo oportunidades para entrada nesse
setor atraves dos concursos públicos realizados principalmente pela Universidade Federal do
Maranhão (UFMA) e pelo Instituto de Tecnologia do Maranhão (IFMA). Foi possível analisar
que os campos de trabalhos que os bibliotecários mais atuam são a biblioteca universitária e a
escolar, ambas com grande concentração de instituições privadas que vem absorvendo esses
profissionais e vem expandindo suas instituições pelo estado.
Com o mercado cada dia mais exigente, o profissional precisa estar em constante
atualização para atender as necessidades do mercado e da sociedade. Procuramos avaliar
como os bibliotecários fazem isso. Uma das estratégias de análise foi através de eventos
científicos, onde 25,33% participaram de mais de três eventos nos últimos dois anos, os
eventos são uma opção interessante por se tratar de um lugar onde há palestras e debates sobre
novas temáticas além de uma intersecção com colegas profissionais.
No entanto 54,67% a maioria não apresentou trabalhos nesses eventos, esses
espaços são uma boa oportunidade de apresentar estudos, pesquisas e relatos de experiências
isso são fatores que agregam valor e enriquecem o conhecimento, faz o bibliotecário pensar,
ter uma postura mais crítica com relação ao mundo.
Quanto aos cursos de atualização há um equilíbrio entre as respostas onde quase
não há diferença entre os bibliotecários que fizeram mais de três cursos de atualização e
capacitação contra os que não fizeram nenhum. Os cursos são importantes porque podem
trazer vantagens para os profissionais mesmo que já empregados, na busca de oferecer um
melhor serviço ou crescimento profissional.
Em relação a como o mercado vê esse nível de aperfeiçoamento foi analisado se já
alguma empresa já exigiu uma pós-graduação para adentrar o emprego e percebemos que em
sua grande maioria não.
Quanto a se a instituição colabora com a educação continuada foi identificado que
a grande maioria auxilia os profissionais na qualificação profissional, através de cursos de
capacitação sejam eles presenciais ou a distância, com auxílios financeiros para estudos em
outros instituições.
59
Sobre o uso das TICs quase 100% reconhecem e usam as tecnologias em seus
ambientes de trabalho, já que é importante a biblioteca acompanhar os avanços e a praticidade
que o uso das tecnologias provocam tanto para o bibliotecário quanto para o usuário. os
softwares de automação de bibliotecas são um grande exemplo, infelizmente quando
questionados sobre qual software usavam muitos não souberam responder.
Podemos perceber que a educação continuada dos bibliotecários no Estado do do
Maranhão tem ocorrido, mas que tem algumas lacunas, um exemplo são os cursos de
capacitação dentro do estado que em geral são poucos voltados para área sendo que muitas
vezes o profissional precisa se deslocara para os outros estados em busca de um melhor
aperfeiçoamento. Outro ponto foi na participação de eventos, muitos participam mas poucos
apresentam trabalho e isso é muito importante, a partir do momento que você submete artigos
e afins é uma oportunidade de estudar e mostrar aos outros a realidade de onde vive ou que
está sendo pensado na sua região é uma oportunidade de discussão e aprendizado troca de
experiências que gera conhecimento a todos os envolvidos no processo. Sobre as tecnologias
de informação foi importante ver o posicionamento dos profissionais, mas quando
perguntados sobre o tipo de software ou nome muitos não souberam responder e hoje
sabemos que é importante deter esse conhecimento, existem muitos softwares de automação
de bibliotecas muitos gratuitos e livres onde não é preciso pagar nada.
Sendo assim, podemos perceber que a educação continuada dos bibliotecários no
Estado do Maranhão tem ocorrido, mas que tem algumas lacunas, um exemplo são os cursos
de capacitação dentro do estado que em geral são poucos voltados para área sendo que muitas
vezes o profissional precisa se deslocara para os outros estados em busca de um melhor
aperfeiçoamento. Outro ponto foi na participação de eventos, muitos participam mas poucos
apresentam trabalho e isso é muito importante, a partir do momento que você submete artigos
e afins é uma oportunidade de estudar e mostrar aos outros a realidade de onde vive ou que
está sendo pensado na sua região é uma oportunidade de discussão e aprendizado troca de
experiências que gera conhecimento a todos os envolvidos no processo. Sobre as tecnologias
de informação foi importante ver o posicionamento dos profissionais, mas quando
perguntados sobre o tipo de software ou nome muitos não souberam responder e hoje
sabemos que é importante deter esse conhecimento, existem muitos softwares de automação
de bibliotecas muitos gratuitos e livres onde não é preciso pagar nada. Sendo assim acredito
que a pesquisa alcançou seu objetivo.
60
REFERÊNCIAS
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APÊNDICES
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APÊNDICE A –QUESTIONÁRIO PESQUISA DE MERCADO DE TRABALHO
O Projeto de Pesquisa “Mercado de trabalho para os profissionais da informação
(bibliotecários) no Maranhão” trata das relações de trabalho no mercado profissional de
Biblioteconomia no Estado do Maranhão, abrangendo o período de 1997 a 2014. Esta
pesquisa está sendo desenvolvida pelo Programa de Educação Tutorial – PET do Curso de
Biblioteconomia da Universidade Federal do Maranhão e tem como objetivo analisar as
articulações, organização política, demandas do mercado e as relações de gênero que
permeiam o exercício profissional.
1 DADOS DE IDENTIFICAÇÃO:
1.1 Gênero:( ) Masculino ( ) Feminino1.2 Estado Civil:( ) Solteira/o ( ) Casada/o ( ) Divorciado/Separada ( ) Viúvo/a1.3 Idade: __________ 1.4 Religião: __________________ 1.5 Etnia:______________________
2 VIDA ACADÊMICA
2.1 Você escolheu a área de Biblioteconomia sabendo quais seriam as atividades que desenvolveria como profissional Bibliotecário?( ) Sim ( ) Não2.2 Por que escolheu o curso de Biblioteconomia?( ) Vocação( ) Não sabia o que queria fazer( ) Menos concorrência no vestibular( ) Não passei no vestibular para o curso que gostaria realmente de fazer( ) Outros. ________________________________________________________2.3 Ano de formação: ________________ 2.4 Possui outra graduação?( ) Não ( ) Sim. Qual e em que área? ________________________ Qual Universidade?____________________
3 INSERÇÃO NO MERCADO DE TRABALHO:
3.1 Sua entrada no Mercado de trabalho como profissional Bibliotecário deu-se:( ) Logo após a graduação( ) 1 ano após a graduação( ) 2 ou mais anos após a graduação3.2 Ainda atua na mesma Instituição na qual iniciou a desempenhar sua atividade Bibliotecária? ( ) Sim ( ) Não
4 APERFEIÇOAMENTO E CAPACITAÇÃO
4.1 Em quantos eventos científicos de Biblioteconomia e afins participou nos últimos 2
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anos?( ) Nenhum ( ) 1 evento ( ) 2 eventos ( ) 3 eventos ( ) mais de 3 eventos4.2 Quantos trabalhos científicos publicou nos últimos 2 anos?( ) Nenhum ( ) 1 trabalho ( ) 2 trabalhos ( ) 3 trabalhos ( ) mais de 3 trabalhos4.3 Quantos cursos de atualização na área de Biblioteconomia e afins fez nos últimos 2 anos?( ) Nenhum ( ) 1 curso ( ) 2 cursos ( ) 3 cursos ( ) mais de 3 cursos
5 INSERÇÃO E ATUAÇÃO NA(S) INSTITUIÇÃO(ÕES):
5.1 Em que tipo de Instituição trabalha como Bibliotecária/o?( ) Privada ( ) Pública ( ) Outros. Qual? __________________________________________5.2 Em qual campo de atuação tem desenvolvido sua atividade de Bibliotecário?( ) Arquivo ( ) Biblioteca escolar ( ) Biblioteca especializada ( ) Editora( ) Biblioteca Pública ( ) Biblioteca universitária ( ) Biblioteca especial ( ) Docência Outro, especifique? _______________________________________________5.3 Qual(is) sua(s) função(ões) na(s) Instituição(ões) que trabalha?________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________5.4 Para adentrar no emprego foi lhe exigida Pós-graduação?( ) Sim ( ) Não5.5 A Instituição a qual colabora propicia e incentiva a educação continuada?( ) Não ( ) Sim. Como? ________________________________________________________5.6 Há quanto tempo trabalha na atual Instituição (ões)?( ) menos de 1 ano ( ) 1-2 anos ( ) 3-4 anos ( ) 5-6 anos ( ) 7-8 anos( ) mais de 9 anos ( ) Outros, especifique: __________________________________________5.7 Como se deu sua inserção na Instituição em que trabalha?( ) Seleção de currículo ( ) Concurso público ( ) Indicação com referencias ( ) Outros, especifique: ____________________________________________________________
6 JORNADA DE TRABALHO
6.1 Quantos empregos atualmente executa como Bibliotecário?( ) apenas 1 ( ) 2 empregos ( ) mais de 2 empregos6.2 Qual sua jornada de trabalho diária como profissional bibliotecário?( )inferior a 4 horas ( ) 4 horas ( ) 6 horas ( ) 8 horas ( ) mais de 8 horas
7 INFORMAÇÕES SALARIAIS
7.1 Qual sua média salarial ao mês como Profissional Bibliotecário?( ) 1-3 salários mínimos ( ) 4-6 salários mínimos ( ) 7-9 salários mínimos ( ) 10-12 salários mínimos ( )13 ou mais salários mínimos7.2 Sua Instituição de trabalho paga seu adicional insalubridade?( ) Sim ( ) Não7.3 Recebe adicional no seu salário por horas extras feitas?
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( ) Sim ( ) Não7.4 Recebe bônus na participação nos lucros da Instituição que trabalha?( ) Sim ( ) Não7.5 Como considera o seu ambiente de trabalho?( ) Ótimo ( ) Bom ( ) Regular ( ) Ruim7.6 Você conhece a Lei trabalhista 9.674 de 26.06.1992 que regulamenta a atividade de Bibliotecário/a do Brasil?( ) Sim ( ) Não
8 PARTICIPAÇÃO EM ENTIDADES ASSOCIATIVAS E POLÍTICAS:
8.1 Você participou de Movimento Estudantil?( ) Sim ( ) Não8.2 Você é filiado a alguma Entidade de Classe?( ) Sim. Qual? ___________________ ( ) Não
8.3 De qual(is) Entidade(s) Associativa(s) da Classe Bibliotecária você é sócio?( ) Nenhuma ( ) Sindicato de Bibliotecários ( ) Associação dos Bibliotecários8.4 Há quanto tempo é associado?________________________________8.5 Você é filiado a algum Partido Político? ( ) Sim. Qual?_______________________ ( ) Não8.6 Na Instituição em que atua normalmente participa das reuniões de fórum deliberativo tendo direito a voto? ( ) Sim ( ) Não
9 CAMPO DE TRABALHO PARA O BIBLIOTECÁRIO NO MARANHÃO:
9.1 Como considera o campo de trabalho para Bibliotecário no Estado do Maranhão?________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________9.2 Na sua opinião, quais campos de trabalho devem ser ampliados e melhor explorados pelos bibliotecários no Estado?( ) Organizações não governamentais ( ) Instituições públicas ( ) Instituições privadas( ) Outros, especifique: ____________________________________________________________9.3 Se tivesse oportunidade de escolher em qual tipo de Instituição trabalharia?( ) Organizações não governamentais ( ) Instituições públicas ( ) Instituições privadas( ) Outros, qual? _________________________________________________________________Por que?_________________________________________________________________________9.4 Já teve oportunidade através de contratação ou concurso público de trabalhar em algum município do Estado do Maranhão?( ) Sim ( ) Não9.5 Se tivesse oportunidade de trabalhar em algum município maranhense, aceitaria o trabalho de prontidão ou colocaria alguma condição?( ) Sim. Quais?__________________________________________________________ ( ) Não
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10 UTILIZAÇÃO DE TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO (TICs):
10.1 Para executar suas atividades no seu trabalho como bibliotecário utiliza tecnologias de informação e comunicação (TICs) como, por exemplo, computador ?( ) Sim ( ) Não10.2 Sabe utilizar algum sistema de automação de bibliotecas ou afins?( ) Não ( ) Sim. Qual? ________________________________________________________10.3 Como considera a utilização das novas TICs como auxiliar no exercício da profissão?________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
11 AUTO-IMAGEM:
11.1 Com relação ao seu desempenho na Instituição que trabalha como avalia sua atuação?( ) Excelente ( ) Satisfatória ( ) Dentro do proposto ( ) Poderia ser mais dedicada ( ) Insatisfatória 11.2 Se tivesse oportunidade mudaria de profissão?( ) Sim ( ) Não11.3 Como Bibliotecária/o você tem expectativa de crescimento profissional na Instituição que atua? ( ) Sim ( ) NãoPor que?________________________________________________________________________11.4 Recomendaria o curso de Biblioteconomia para alguma amiga/o fazer?( ) Sim ( ) Não11.5 Considera que suas atuais atividades profissionais tem importância social? ( ) Sim ( ) Não Se sim, explique de que forma:_______________________________________________________________________________________________________________________________________11.6 Estudos comprovam que as profissões predominantemente femininas, a exemplo da profissão de enfermeira, pedagoga, nutricionista, assistente social e biblioteconomia não tem uma imagem muito positiva. Como você observa esse fenômeno no profissional bibliotecário?________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
11.7 “A sociedade ainda não aprendeu a valorizar a profissão do bibliotecário”. Sobre essa afirmação, você?( ) Concorda ( ) Discorda Por que?_________________________________________________________________________
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________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________Se concorda, a que atribui essa pouca valorização? (marque até três opções)( ) Porque é uma profissão fundamentalmente feminina( ) Porque os bibliotecários não tem visão política( ) Porque a sociedade não desenvolve conhecimentos referentes para estudos e dimensão do perfil do bibliotecário( ) Porque a formação do Bibliotecário é muito técnica( ) Porque os Bibliotecários não se organizam11.8 Na sua opinião, o que pode sugerir para transformar tal situação?________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
11.9 Sobre os órgãos de classe, como classifica a atuação do Conselho Regional de Biblioteconomia 13ª Região?( ) Ótimo ( ) Bom ( ) Regular ( ) Ruim11.10 Como classifica a atuação da Associação de Bibliotecários no Maranhão?( ) Ótimo ( ) Bom ( ) Regular ( ) Ruim11.11 Como classifica a atuação do Sindicato de Bibliotecários do Maranhão?( ) Ótimo ( ) Bom ( ) Regular ( ) Ruim11.12 Se classificou a atuação dos órgãos de classe como Regular ou Ruim o que fazer para melhorá-los?_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________