um modelo de certificaÇÃo para o terceiro setor
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III Congresso Consad de Gestão Pública
UM MODELO DE CERTIFICAÇÃO PARA O TERCEIRO SETOR
Evelyn Ebling Mac Kay Dubugras Ribeiro Fernanda de Siqueira Neves
Maria Cristina Gonçalves Torres
Painel 39/154 Monitoramento e avaliação de políticas públicas por uma OSCIP
UM MODELO DE CERTIFICAÇÃO PARA O TERCEIRO SETOR
Evelyn Ebling Mac Kay Dubugras Ribeiro Fernanda de Siqueira Neves
Maria Cristina Gonçalves Torres
RESUMO Dentre as diversas ações contempladas no âmbito do Choque de Gestão promovido pelo governo de Minas Gerais em busca de melhores resultados para a sociedade, destaca-se a celebração de termos de parcerias com Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIPs). O modelo de gestão por meio de parceiras com as OSCIPs prioriza a redução progressiva do provimento direto dos bens e serviços, mediante parcerias com setores privados, municípios e a sociedade organizada, promovendo a melhoria da qualidade e a redução de custos dos serviços públicos. A intenção é buscar novos modelos para a execução de políticas públicas mais efetivas e transparentes para o cidadão. Vale destacar que o alcance dos resultados objeto do Termo de Parceria exige da OSCIP parceira, além da expertise para a execução da política pública, a profissionalização do setor e a adoção de boas práticas gerenciais. Assim, a opção por esse novo modelo institucional necessita de instrumentos de operacionalização que possibilitem não somente a avaliação da conformidade com os resultados pactuados, mas, principalmente, de uma sistemática consistente de monitoramento dos mecanismos de gestão através dos quais as OSCIPs alcançam os objetivos. Dessa forma, buscando desenvolver e garantir a eficiência na gestão interna das OSCIPs, em 2009, foi instituído o Programa de Certificação em Boa Gestão (PCBG). Para fortalecimento do PCBG, a Secretaria de Planejamento e Gestão do Governo de Minas Gerais (SEPLAG) através do Centro Mineiro de Alianças Intersetoriais (CEMAIS), buscou uma parceria com a Fundação Instituto de Administração (FIA), para o desenvolvimento de uma metodologia de avaliação da capacidade de gestão relacionada aos Termos de Parceria firmados com as OSCIPs parceiras. Essa parceria, além da concepção de uma sistemática adequada, é responsável pelo desenvolvimento de um processo de avaliação da gestão que possa ser aplicado, de forma homogênea e transparente, a todas as OSCIPs, traduzindo de forma efetiva a aderência da organização aos indicadores de gestão estabelecidos, culminando em uma certificação formal. O objetivo é verificar, a partir da metodologia previamente definida, a adequação das práticas gerenciais das OSCIPs no desenvolvimento das ações previstas nos Termos de Parceria executados, ou seja, assegurar que as entidades parceiras certificadas tenham condições de gestão para a execução da política pública de forma eficiente, eficaz e efetiva. Além disso, pretende-se promover a melhoria contínua da gestão das entidades parceiras, assim aprimorando os resultados da execução da política pública pela OSCIP parceira e, acima de tudo, dar segurança ao governo e à sociedade quanto à opção de executar políticas publicas por meio de termos de parceria. A metodologia de avaliação foi desenvolvida com base no estabelecimento de um modelo referencial suportado por critérios e requisitos
considerados adequados para avaliação da capacidade de gerenciamento e operacionalização dos Termos de Parceria firmados. São estabelecidos padrões e melhores práticas de boa gestão, bem como especificado o serviço de certificação (trilhas e listas de verificação). A operacionalização da certificação dessas OSCIPs, estabelecida a partir do modelo referencial, foi embasada em modelos de gestão internacionalmente aceitos e atende, entre outros, a critérios pré-estabelecidos relacionados a padrões de contabilização, atendimento à legislação trabalhista e tributária, desenvolvimento da gestão da informação, implantação da gestão orientada para resultados, procedimentos de transparência e ética, articulação da rede de partes interessadas e desenvolvimento de instrumentos de governança social e corporativa. Foi premissa para o desenvolvimento que o instrumento de certificação estabelecesse indicadores de gestão que serão utilizados para mensurar a qualidade de gestão das OSCIPs. Foram também no desenvolvimento da metodologia previstos e contemplados alguns fatores que culminaram na obtenção dos resultados. Assim, neste trabalho são relatados aspectos importantes vistos como fatores de sucesso tais como a formalização de todas as etapas do processo, através de manuais e roteiros de aplicação prática; a participação dos diversos atores envolvidos – OSCIPs, SEPLAG e órgãos estatais parceiros – e a consideração da especificidade inerente a cada OSCIP e a cada respectivo Termo de Parceria relacionado, como escopo, objeto em questão, finalidade e porte. Também são detalhados aspectos fundamentais como o desenvolvimento e a aplicação prática da metodologia através de um diagnóstico para avaliação da capacidade de gestão das OSCIPs, o que permitiu, além do refinamento do modelo de referência proposto, o conhecimento do real posicionamento da OSCIP frente ao modelo delineado, colaborando para o aprimoramento de seu sistema, com sustentabilidade e transparência. Todo o processo contribuiu para uma aprendizagem consistente sobre a proposta das OSCIPs e sobre o conceito de gestão do Termo de Parceria sob a ótica de atendimento aos resultados pactuados e o alcance dos objetivos. A partir da implantação da metodologia neste trabalho descrita, busca-se que o Estado, as organizações privadas e a sociedade possam identificar quais organizações estão aptas a executar a política pública de forma efetiva, entregando à população produtos de qualidade, uma vez melhorados os resultados da execução dos termos de parceria por meio do aprimoramento da gestão das OSCIPs parceiras. O objetivo deste trabalho é apresentar a metodologia desenvolvida para o processo de certificação e compartilhar os avanços conseguidos com a experiência até o momento.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO........................................................................................................ 04
2 OBJETIVOS............................................................................................................ 08
3 METODOLOGIA..................................................................................................... 09
3.1 Aspectos gerais.................................................................................................... 09
3.2 Aspectos específicos........................................................................................... 10
3.3 A metodologia aplicada – as etapas desenvolvidas............................................ 12
3.4 O modelo de certificação dos termos de parceria das OSCIPs........................... 16
4 CONCLUSÕES....................................................................................................... 30
5 REFERÊNCIAS....................................................................................................... 31
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1 INTRODUÇÃO
Durante décadas a Administração Pública conviveu com um Estado
burocrático, centralizador e detentor de serviços que, muitas vezes, ao serem
executados, colidiam com os princípios da eficiência, da eficácia e da efetividade.
Com isso, o Estado – na busca de soluções para tornar viável a execução
satisfatória da prestação dos serviços públicos e sentindo cada vez mais a
necessidade de priorizar a sua atuação em áreas estratégicas típicas – vem
adotando fórmulas de delegação e estabelecendo parcerias com a sociedade civil,
para que essa, utilizando-se de caminhos eficazes e eficientes possa alcançar os
melhores resultados, com vistas a uma maior efetividade. Estamos vivenciando uma
mudança de paradigma da Administração Pública evidenciada pela passagem do
modelo burocrático para o modelo gerencial, que aponta para busca de uma gestão
pública mais eficiente e inovadora, implicando na utilização de novos formatos
jurídicos e institucionais na gestão de recursos e bens públicos.
Assim, a opção pelo estabelecimento de parcerias é um potente
instrumento de gestão implantado pelo governo, capaz de propiciar ao Estado
ganhos em eficiência, tendo em vista que suas políticas são operacionalizadas por
parceiros privados, não inteiramente sujeitos às amarras burocráticas estatais,
embora a gestão, o controle e a responsabilidades se mantenham nas mãos do
Estado, gerando resultados que o Estado dificilmente conseguiria sozinho. Esse
ganho de eficiência acaba por propiciar, também, ganhos em eficácia e efetividade,
uma vez que, com maior flexibilidade o alcance dos resultados tende a ser
potencializado.
Em 2002 a Administração Pública estadual mineira, de modo semelhante
a outros Estados, apresentava um grave déficit orçamentário, denotando a urgência
de uma proposta de reforma e de modernização de seu aparato estatal. O Governo
de Minas Gerais desenvolveu, então, em 2003, o projeto “Choque de Gestão”, que
buscava assumir medidas necessárias à resolução de problemas de ordem fiscal e à
adequação da máquina pública a um novo posicionamento que conferisse ao Estado
maior eficiência e efetividade na execução de políticas públicas.
Em sua implantação, o “Choque de Gestão” apresentou uma série de
medidas visando o ajuste fiscal subordinadas a iniciativas vigorosas voltadas para o
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desenvolvimento. Esta foi uma característica da chamada “Primeira Onda do
Choque de Gestão”, em que a prioridade era o trabalho voltado ao Planejamento
Estratégico, através de medidas que permitissem a implantação de processos
voltados à obtenção de melhores resultados, em acordo com a capacidade de
gastos do governo, promovendo a reversão de quadros de déficits orçamentários
(através, inclusive, num primeiro momento, da redução de despesas), da
reorganização e modernização do aparato institucional do Estado e da busca e a
implantação de novos modelos de gestão. Colhendo os frutos das medidas
gerenciais implantadas, se deu a Segunda Onda do Choque de Gestão,
contemplando o fortalecimento da gestão para obtenção de resultados baseados na
qualidade e na produtividade.
Vivenciava-se, assim, uma mudança de paradigma, evidenciada pela
passagem do modelo burocrático para o modelo gerencial apontando, na busca por
uma gestão pública mais eficiente e inovadora, pela opção por novos formatos
jurídicos e institucionais na gestão de recursos e bens públicos.
Assim, dentre inúmeras as medidas inovadoras de gestão, visando
melhores resultados para os cidadãos, o Governo do Estado de Minas Gerais criou o
marco legal para o estabelecimento de um novo modelo de parceria entre o Estado
e as Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIPs): a Lei no
14.870, de 16 de dezembro de 2003, que dispõe sobre a qualificação de pessoas
jurídicas de direito privado como OSCIPs.
O governo mineiro deslancha, então, como pioneiro no Brasil no que
tange a avanços efetivos na operacionalização deste modelo, sendo alvo de
benchmarking pelos demais Estados. O Decreto no 44.914, de 03 de outubro de
2008, regulamenta a Lei no 14.870/03, alterado pelo Decreto no 45.269 de 29 de
dezembro de 2009.
Esse modelo de gestão prioriza a redução progressiva do provimento
direto dos bens e serviços, por meio de parcerias que promovam a melhoria da
qualidade dos serviços e a redução de custos envolvidos. A intenção é buscar novos
modelos para a execução de políticas públicas mais efetivas e transparentes para o
cidadão.
Em 2005, foram celebradas as primeiras parcerias entre os Órgãos
Estaduais Mineiros e as OSCIPs.
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A partir da implantação desse novo modelo de gestão, surgiu a
necessidade de se avaliar essas parcerias, visando, inicialmente, verificar o alcance
dos resultados pactuados. Assim, foi criada na Auditoria-Geral, em 2007, a Diretoria
Central de Auditoria em Contratos de Gestão, responsável, dentre outras
atribuições, pela avaliação dos Termos de Parceria firmados com as OSCIPs.
Tendo em vista o ineditismo dessa implantação, o trabalho de avaliação
dos termos de parcerias e das OSCIPs transforma-se em um desafio para os órgãos
estatais parceiros, principalmente pela carência de referências, seja quanto a
instrumentos legais, seja com relação à gestão, ao monitoramento e ao controle a
serem realizados pela Administração Pública.
Vale destacar que o alcance dos resultados objeto do Termo de Parceria
exige da OSCIP parceira, além da expertise para a execução da política pública, a
profissionalização do setor e a adoção de boas práticas gerenciais.
Tendo em vista o ineditismo dessa implantação, o trabalho de avaliação
dos termos de parcerias e das OSCIPs transformou-se em um desafio para os
órgãos estaduais parceiros, principalmente pela carência de referências, seja quanto
a instrumentos legais, seja com relação à gestão, ao monitoramento e ao controle a
serem realizados pela Administração Pública.
Portanto, a criação desse novo arranjo institucional necessitava de
instrumentos de operacionalização que possibilitassem não somente a avaliação da
conformidade com os resultados pactuados (através de um conjunto adequado de
indicadores), mas, sobretudo, de uma sistemática para monitorar os mecanismos de
gestão através dos quais as OSCIPs alcançam os objetivos.
Dessa forma, diversas ações têm sido adotadas pelo Governo de Minas
Gerais buscando desenvolver e garantir a eficiência na gestão interna das OSCIPs,
destacando-se dentre elas, o Programa de Certificação em Boa Gestão – PCBG,
que objetiva assegurar que as OSCIPs parceiras tenham condições de gestão para
a execução da política pública de forma eficiente, eficaz e efetiva.
Para cumprir esse desafio, a Secretaria de Planejamento e Gestão do
Governo de Minas Gerais (SEPLAG) através do Centro Mineiro de Alianças
Intersetoriais (CEMAIS), buscou uma parceria com a Fundação Instituto de
Administração (FIA), para o desenvolvimento de uma metodologia de avaliação da
capacidade de gestão relacionada aos Termos de Parceria firmados com as OSCIPs
parceiras. O Termo de Parceria é a materialização do vínculo de cooperação entre o
Estado e a OSCIP.
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Buscou-se com essa parceria, além do desenvolvimento de uma
sistemática de avaliação adequada, um processo de avaliação da gestão que
pudesse ser aplicado, de forma homogênea e transparente, a todas as OSCIPs,
traduzindo de forma efetiva a aderência da organização aos indicadores de gestão
estabelecidos. Esse processo de avaliação da gestão deve ser validado por meio de
uma Certificação formal, ou seja, todas as instituições qualificadas como OSCIPs,
que têm termos de parceria firmados com o estado, deverão passar pelo processo
de certificação. Esta iniciativa visa melhorar o resultado da execução dos termos de
parceria por meio da melhoria da gestão das OSCIPs parceiras, bem como dar
segurança ao governo e à sociedade quanto a opção de executar políticas publicas
por meio da parceirização. Fomentando as boas práticas de gestão das OSCIPs
parceiras, o governo de Minas estimula a ampliação das competências das
entidades, sempre visando a entrega de resultados por meio do incremento das
políticas públicas.
Esse trabalho apresenta a metodologia desenvolvida para o
estabelecimento de um modelo referencial a ser aplicado às OSCIPs para avaliação
de sua capacidade de gerenciamento no que se refere à operacionalização e à
gestão do Termo de Parceria firmado, além de trazer as etapas empreendidas para
sua consecução e para a realização da certificação das OSCIPs parceiras e
compartilhar a experiência e os resultados até o momento obtidos.
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2 OBJETIVOS
O objetivo deste trabalho é mostrar o modelo de certificação consolidado,
utilizado no Programa de Certificação em Boa Gestão (PCBG), resultante do
trabalho de parceria do Governo do Estado de Minas Gerais, por meio da Secretaria
de Planejamento e Gestão (SEPLAG), com o Centro Mineiro de Alianças
Intersetoriais (CEMAIS) e com a Fundação Instituto de Administração (FIA).
Para tanto, são apresentados neste trabalho a sistemática de
desenvolvimento da metodologia empregada para a implantação do PCBG, o
modelo referencial estabelecido, as etapas e ações que levaram até o mesmo, os
mecanismos e instrumentos de avaliação da gestão empregada pelas OSCIPs e o
processo de certificação, bem como os resultados obtidos e as próximas ações a
serem empreendidas.
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3 METODOLOGIA
3.1 Aspectos gerais
A metodologia de desenvolvimento e a forma de trabalho empregadas
levaram em conta as peculiaridades do objetivo a serem atendidos e enfatizaram o
relacionamento contínuo entre as equipes da SEPLAG e do CEMAIS com os
consultores da FIA.
Foram consideradas em todas as etapas do projeto as características
próprias tanto da administração pública como das OSCIPs, seja em termos de suas
particularidades administrativas, jurídicas, como gerenciais, políticas e sociais.
Foram também adotados alguns importantes princípios metodológicos
gerais, quais sejam:
� O Planejamento e o Controle dos trabalhos ocorreram por meio da
elaboração de uma rede detalhada de atividades, onde para cada uma
delas foram definidos os recursos necessários, a metodologia
específica empregada, seu inter-relacionamento com as demais etapas
do projeto, sua duração e os produtos esperados. Esse planejamento e
o controle de sua execução possibilitaram o desenvolvimento deste
projeto com maior sinergia, o que implicou na redução de custos e no
cumprimento dos prazos previstos para sua execução.
� Flexibilidade no desenvolvimento do projeto; à medida que o projeto foi
sendo executado, como normalmente ocorre, surgiram novas
informações e demandas que indicaram a necessidade de reajustes, de
modo a embora garantindo os objetivos iniciais, melhores resultados
fossem obtidos. Assim, a incorporação de novas atividades ao longo da
realização foi considerada.
� A Organização e a Composição da equipe de trabalho – foi
fundamental que a estrutura funcional interna ao projeto fosse capaz de
garantir o rigoroso cumprimento do plano de trabalho fixado e tivesse
flexibilidade para enfrentar as novas situações que surgiram durante
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sua execução, sobretudo, com a adoção de uma estratégia participativa
que abrangesse os envolvidos com a ação.
� Transferência de Conhecimento – A intenção desde o início dos
trabalhos foi conceber e iniciar um processo de mudanças que
fundamentalmente passasse pela absorção das técnicas adotadas
pelos atores envolvidos, tanto na execução das atividades quanto na
assimilação de conceitos e na predisposição de defendê-los e
multiplicar sua aplicação.
� A simplicidade – foi fundamental que a nova proposta fosse facilmente
compreendida e adotada pelos diversos agentes envolvidos e usuários,
sem prejuízo da sua segurança e confiabilidade;
� Aproximações sucessivas – a adequabilidade da solução proposta só
foi obtida por aproximações cumulativas, com a adoção de uma
estratégia apoiada na elaboração de protótipos que, testados e
validados inicialmente em contextos restritos, foram se expandindo,
incorporando as modificações necessárias.
3.2 Aspectos específicos
A metodologia foi concebida e desenvolvida com base em índices
indicativos propostos através do estabelecimento de um modelo referencial
suportado por padrões e melhores práticas de boa gestão, bem como na
especificação do serviço de certificação (trilhas e listas de verificação).
A operacionalização da certificação das OSCIPs, estabelecida a partir do
modelo referencial, foi embasada em modelos de gestão internacionalmente aceitos
e atendem, dentre outros, a critérios pré-estabelecidos relacionados a padrões de
contabilização, atendimento à legislação trabalhista e tributária, desenvolvimento da
gestão da informação, implantação da gestão orientada para resultados,
procedimentos de transparência e ética, articulação da rede de partes interessadas
e desenvolvimento de instrumentos de governança social e corporativa.
Fator de suma importância foi a consideração das especificidades
inerentes ao escopo, tanto as referentes ao objeto em questão, como aquelas
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relacionadas às OSCIPs parceiras, sendo levado em conta em todo o processo as
particularidades existentes, seja de finalidade, de porte, de recursos, e mesmo
aquelas relacionadas aos diversos Termos de Parceria.
Outro aspecto a considerar foi a realização de um Diagnóstico em cada
OSCIP, atividade que, embora não prevista no planejamento inicial dos trabalhos, se
mostrou de grande relevância para os trabalhos. O Diagnóstico possibilitou, a partir
da aplicação prática do Modelo delineado em casos reais, seu refinamento.
Ademais, foi uma oportunidade para que as OSCIPs conhecessem o real
posicionamento de seu Sistema de Gestão frente ao modelo delineado, contribuindo
diretamente para o alcance dos objetivos organizacionais e promovendo seu
aprimoramento com sustentabilidade e transparência.
Também foi de grande importância para os trabalhos a formalização do
Modelo Referencial, dos instrumentos e práticas a serem utilizados. Assim, foram
elaborados o Roteiro para a Realização do Diagnóstico, o Manual do Certificador e o
Manual de Certificação.
O Roteiro para a Realização do Diagnóstico descreve o procedimento a
ser seguido pela OSCIP quando da realização da avaliação de seu Sistema de
Gestão, seja com relação às atividades e suas responsabilidades, seja com relação
aos documentos a serem disponibilizados pela organização. Também fazem parte
desse Roteiro os Critérios e Requisitos a serem avaliados e os itens avaliados. Esse
documento foi apresentado previamente à realização do Diagnóstico às OSCIPs.
O Manual do Certificador é um, roteiro para realização da Avaliação para
Certificação do Termo de Parceria das OSCIPs e contém, além do procedimento a
ser seguido pelo certificador indicado pela SEPLAG para realização da avaliação,
suas atribuições e responsabilidades, as atividades a serem cumpridas no decorrer
da certificação, a Trilha para Avaliação e os Modelos de documentos a serem
preenchidos.
O Manual de Certificação consolida o Modelo Referencial e define todos
os elementos que o compõem.
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3.3 A metodologia aplicada – as etapas desenvolvidas
� Conhecimento do cenário
Num primeiro momento de desenvolvimento, os trabalhos focaram
atividades de conhecimento do cenário e das expectativas. Para levantamento dos
dados, foi analisada a documentação de referência e realizadas reuniões com
SEPLAG e CEMAIS para conhecimento, por parte da consultoria, do estágio atual
de desenvolvimento da implantação das OSCIPs pelo Governo do Estado de Minas
Gerais, dos resultados até o momento obtidos e, em especial, quanto às
expectativas do governo de Minas Gerais a serem contempladas a partir da
execução do projeto. Buscou-se delinear o panorama real do momento atual da
implantação e buscar subsídios para o redesenho de um Plano de Trabalho para o
projeto que fosse voltado ao atendimento das expectativas dos órgãos contratantes.
Também foram realizadas visitas a OSCIPs qualificadas – de porte, área de
atuação/ objeto diferentes entre si – para compreensão dos trabalhos realizados
pelas mesmas e de seus fluxos de trabalho como pressupostos básicos para a
futura modelagem da avaliação.
Paralelamente, foram avaliadas as atuais práticas mundialmente
aplicadas para identificação dos requisitos a serem atendidos quando da avaliação
das OSCIPs, como aqueles definidos para implantação de sistemas de gestão (por
exemplo, NBR ISO 9000, 14000 e 18000 e suas normas de auditoria para
certificação – NBR ISO 10011, Partes 1, 2 e 3, além do Modelo e dos Critérios de
Excelência definidos pelo PNQ – Prêmio Nacional da Qualidade, dentre outros).
� Concepção, formatação e teste do conceito mais aplicável no modelo e
construção de um modelo referencial para avaliação das OSCIPs através da
definição de critérios e parâmetros para o Modelo de Referência
Uma das características mais importantes desta etapa do processo foi a
preocupação em se definir critérios, parâmetros e indicadores factíveis de serem
aplicados e, principalmente, conceitualmente compreensíveis e compartilhados
pelos envolvidos: OSCIPs, SEPLAG – como gestora do PCBG – e órgãos estatais
parceiros.
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Assim, a partir dos subsídios obtidos na etapa anterior foi construído um
modelo inicial que traduzisse de forma efetiva a aderência da organização a
indicadores de gestão pré-estabelecidos.
O modelo construído foi formalizado no documento “Certificação das
OSCIPs – Instrumento de Avaliação”, apresentado e discutido, num primeiro
momento com a equipe de contrapartida do CEMAIS e da SEPLAG e,
posteriormente, numa Oficina, onde se expandiu o número de participantes desses
órgãos no sentido de se obter maior coerência e transparência, incorporando o
conhecimento dos participantes a respeito do cenário onde atuam as OSCIPs. A
atuação da equipe através da incorporação de suas opiniões e posicionamentos
técnicos no novo modelo adicionou qualidade às soluções propostas.
� Teste do protótipo a ser utilizado na avaliação/certificação das OSCIPs e
avaliação dos resultados, ajustes e validação do modelo
O Modelo de Referência para avaliação/certificação das OSCIPs foi
inicialmente testado em 2 OSCIPs de porte, orçamentos/investimento e objeto
significativamente distintos, a fim de que os critérios e requisitos estabelecidos
pudessem ser verificados de forma abrangente quanto a seu entendimento,
pertinência/ adequação, bem como se haveria necessidade de outros itens a serem
avaliados.
Após a avaliação nas OSCIPs, na busca por se obter um modelo que
efetivamente avaliasse a aderência da organização, a um nível satisfatório, a
indicadores de gestão pré-estabelecidos, necessários para manutenção da
parceria, o modelo foi adequado e consolidado no Manual de Cerificação, que
serviu de subsídio para aplicação da sistemática e formalização de toda a
documentação de referência.
� Elaboração, discussão e aprovação do Manual de Procedimentos e do
Roteiro para a Certificação
O foco desta etapa dos trabalhos foi a formatação e a formalização dos
instrumentos e da logística necessárias à realização do diagnóstico do Sistema de
Gestão das OSCIPs. Assim, no período, foram consolidados os parâmetros e os
requisitos que caracterizam o Modelo de Referência para a certificação das OSCIPs.
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A partir dessa consolidação, foram elaborados o Manual do Certificador e o Roteiro
para a Realização do.
� Especificação dos serviços de certificação e elaboração do roteiro para
certificação
No período, os serviços para certificação dos Termos de Parceria foram
especificados em seu formato final a partir da adequação realizada, com a
definição de critérios objetivos que caracterizavam cada Termo de Parceria e os
Itens de Verificação a serem atendidos. A especificação dos serviços de
certificação consolida a estrutura de todo o Modelo a ser utilizado para a
certificação das OSCIPs.
O modelo de certificação e as respectivas regras que o operacionalizam,
após validação pela SEPLAG, foram apresentados a cada uma das OSCIPs
parceiras, bem como os aspectos relacionados à caracterização das Categorias a
serem consideradas para a certificação dos Termos de Parceria, bem como aqueles
relacionados aos itens de verificação referentes ao atendimento a cada Categoria.
� Diagnóstico do termo de parceria
A realização do diagnóstico possibilitou, através da a partir da aplicação
prática do Modelo em casos reais, seu refinamento com vistas à Certificação dos
Termos de Parceria.
Para fins de avaliação da aderência das OSCIps ao modelo,
independente da categoria do TP, foram efetuados levantamentos dos resultados
obtidos, traduzidos em gráficos, dos quais seguem alguns exemplos na Figura 1 a
seguir.
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Figura 1: Exemplos dos resultados obtidos no diagnóstico
O Diagnóstico também possibilitou que a OSCIP conhecesse seu
posicionamento frente ao modelo delineado, contribuindo para o aprimoramento de
seu sistema, com sustentabilidade e transparência.
A partir de então, com os resultados obtidos no Diagnóstico e com o
Modelo validado, foram consolidados os Relatórios de Recomendações para o
atendimento de cada Termo de Parceria ao especificado, contendo:
� Os Resultados do diagnóstico do Termo de Parceria, em termos de
atendimento percentual de cada item de verificação avaliado na
OSCIP;
� O Detalhamento do Diagnóstico com o grau de atendimento a cada dos
itens de verificação específico para a categoria a ser atendida para fins
de certificação;
� Um Resumo do diagnóstico; e
� Recomendações e Sugestões para atendimento da categoria a ser
atendida pelo Termo de Parceria, em relação aos itens não atendidos e
aqueles parcialmente atendidos pela OSCIP.
Também foram apresentados a cada OSCIP o grau de aderência ao
preconizado para a Categoria estabelecida para seu respectivo Termo de
Parceria e recomendações e sugestões no sentido de cobrir as lacunas faltantes
para sua certificação.
� Certificação dos Termos de Parceria das OSCIPs
Com base no estabelecido no Modelo de Referência do Programa de
Certificação em Boa Gestão (PCBG), as OSCIPs parceiras do Governo do Estado
de Minas Gerais serão auditadas, ainda no 1º semestre de 2010, com vistas a
obter a certificação de seus Termos de parceria.
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Esse processo deverá ser repetido em freqüência pré-estabelecida, a fim
de revalidar o certificado, como condição para manter a parceria com o Estado de
Minas.
3.4 O Modelo de Certificação dos Termos de Parceria das OSCIPs
O Programa de Certificação proposto consiste em avaliar a gestão
empregada pelas OSCIPs do Estado de Minas Gerais.
Pretende-se com o presente Programa, que a partir de 2010, as
instituições sem fins lucrativos, qualificadas e inscritas como OSCIPs, que possuem
parceria com o Estado de Minas Gerais submetam-se a esse processo de
certificação, como estímulo ao desenvolvimento da boa gestão.
3.4.1 Categorias para Certificação dos Termos de Parceria (TP) das OSCIPs
Uma vez que as OSCIPs possuem características específicas próprias
tais como objeto, porte e constituição, o mesmo ocorrendo com os Termos de
Parceria por elas firmados, caracterizados por distintos montante de recursos
repassados, vinculação à política pública etc., optou-se, a fim de dar maior coerência
ao Modelo, considerar esses fatores, como elementos definidores de categorização
dos TPs.
Portanto, para fins de certificação do Termo de Parceria da OSCIP, o
atendimento, função direta de sua capacidade de gestão, é primeiramente
caracterizado através dos seguintes fatores:
� Fator 1 (P1)– Montante de recursos repassados através do TP à
OSCIP;
� Fator 2 (P2) – Porte da estrutura necessária à execução do objeto do
TP;
� Fator 3 (P3) – Vinculação estratégica à política pública, caracterizada
pelo aspecto estruturador da política e por sua continuidade ao longo
do tempo.
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Fator 1: Montante de Recursos Repassados (P1)
Para fins de classificação dos Termos de Parceria, foi utilizado como fator
de cálculo relacionado ao montante de recursos repassados à OSCIP através do TP,
a previsão de receitas previstas para o ano de 2009, dividida por 1.000.000,00 (por
exemplo, se o total de recursos repassado para uma OSCIP através do TP é de R$
1.000.000,00, para esse Termo, P1 = 1,0).
Fator 2: Porte da Estrutura Necessária para a Execução do Objeto (P2)
Para fins de classificação, foi utilizada como fator de cálculo relacionado
ao porte da estrutura necessária para consecução do objeto, a quantidade de
empregados da OSCIP trabalhando diretamente no TP dividida por 10 (por
exemplo, se o número de trabalhadores da OSCIP que executam o TP é igual a
100, para esse Termo, P2 = 10,0).
Vinculação Estratégica à Política Pública (P3)
Para fins de classificação, foi considerado se o objeto do TP faz parte de
um Projeto Estruturador1, ou não, e se é uma atividade permanente (Programa) ou
transitória ao longo do tempo (Projeto). Para fins de cálculo, foi utilizada a seguinte
tabela de pontuação:
Tabela 1: Pontuação da Vinculação Estratégica do TP
Classificação do Fator P3
Estruturador – Permanente 4
Estruturador – Não-Permanente 3
Não-Estruturador – Permanente 2
Não-Estruturador – Não-Permanente 1
1 Os Projetos Estruturadores são os projetos prioritários e estratégicos do governo, possuem . prioridade de repasse dos recursos previstos no orçamento e um gerenciamento intensivo por parte da Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão, o que possibilita uma avaliação da aderência dos recursos à estratégia e agilidade e tempestividade na adoção de medidas corretivas necessárias.
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A fórmula de cálculo utilizada para caracterização dos Termos de Parceria
é mostrada a seguir:
P = 3P1 + P2 + 2P3
Onde:
P = Pontuação para categorizar o Termo de Parceria
P1 = Previsão de receitas repassadas para o Termo de Parceria para o
ano de 2009, divida por 1.000.000,00
P2 = Quantidade de empregados da OSCIP trabalhando no Termo de
Parceria, dividida por 10
P3 = Conforme pontuação mostrada na Tabela 1.
A partir da fórmula acima, os TPs são classificados segundo as
Categorias especificadas na tabela 2 a seguir.
Tabela 2: Categorias em função das Pontuações obtidas pelos TP
Pontuação (P) Categoria
Até 14 I
> 14 a 30 II
> 30 III
Esses itens tipificam os Termos de Parceria executados pelas OSCIPs
nas Categorias (I), (II) e (III).
Ao aplicarmos a fórmula de cálculo mostrada para caracterização dos
atuais 14 TP das OSCIPs parceiras, obtivemos:
� Categoria I – 5 Termos de Parceria;
� Categoria II – 5 Termos de Parceria;
� Categoria III – 4 Termos de Parceria;
Cabe aqui ressaltar que, uma vez que a certificação é voltada ao TP, e as
OSCIPs podem ter um ou mais Termos firmados, a cada um desses termos deve ser
aplicada a fórmula e, portanto, uma mesma OSCIP para manter a parceria deve
atender aos requisitos para cada um de seus termos firmados.
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3.4.2 Critérios para avaliação
Para avaliação dos TP das OSCIPs parceiras do Governo do Estado de
Minas Gerais para fins de certificação, independentemente da Categoria descrita no
item anterior em que se classificam, foram estabelecidos 9 Critérios de Gestão,
quais sejam:
1. Gestão Corporativa
2. Gestão Estratégica
3. Gestão de Processos
4. Gestão de Recursos Humanos
5. Gestão de Patrimonial e de Suprimentos
6. Gestão da Informação
7. Gestão Contábil e Financeira
8. Gestão Tributária
9. Gestão da Comunicação
A Figura 2 a seguir apresenta a inter-relação existente entre os critérios
estabelecidos para o Modelo de Referência.
9 – Gestão da Comunicação
1 – Gestão Corporativa
5 - Gestão de Patrimônio e de
Suprimentos
2 – Gestão Estratégica 6 – Gestão da
Informação
3 - Gestão de Processos
8 - Gestão Tributária
7 - Gestão Cont. e Financeira
DIRECIONAMENTO ESTRATÉGICO GESTÃO DOS MEIOS
4 - Gestão de Recursos Humanos
Figura 2: Representação do Modelo de Referência
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3.4.3 Descrição dos Critérios para Avaliação
São detalhados a seguir o conjunto de critérios utilizados no modelo para
certificação dos Termos de parcerias das OSCIPs parceiras do Estado de Minas
Gerais.
Critério 1 – Gestão Corporativa
A Gestão Corporativa passa pela definição da existência organizacional,
dos seus propósitos imediatos e futuros e os padrões que pautam a sua conduta e a
sua relação com todos os stakeholders.
Este critério aborda o estabelecimento de Valores - princípios, normas,
crenças e padrões de conduta - e a implantação de processos gerenciais que
contribuem diretamente para o alcance dos objetivos organizacionais. É a forma
como a organização é gerenciada rumo a seus objetivos, tendo em vista padrões de
conduta pré-estabelecidos, refletidos na estrutura e regulamento internos. Os
Valores servem de guia e critério para comportamentos, atitudes e decisões da
organização.
A gestão de melhorias e resultados permitirá o controle tempestivo dos
riscos importantes que, se não gerenciados, podem trazer resultados inesperados,
impactando na estabilidade organizacional.
Relevância para a OSCIP:
É fundamental para o atendimento dos resultados de modo integrado,
possibilitando a cada trabalhador da organização conhecer, de modo claro, o
propósito da existência da entidade, como ela se projeta no futuro e quais os
princípios éticos que empreende para alcançar seus alvos. Uma organização que
sabe o caminho a seguir, que escuta seus clientes e parceiros e que dispõe de uma
Missão e de uma Visão claras, bem definidas e difundidas entre seus trabalhadores,
seguramente conta com uma maior probabilidade de sucesso na consecução de
seus objetivos.
Ademais, é importante salientar que a utilização de recursos é otimizada
quando os processos inerentes são eficientes, gerenciados segundo modernas
técnicas.
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Quando se trata de aplicar recursos públicos, impõe-se maior ênfase na
aplicação do princípio da eficiência, bem como maior preocupação com o zelo, a
ética, a moralidade, a cidadania e a responsabilidade social.
Critério 2 – Gestão Estratégica
Processo gerencial que diz respeito à formulação de objetivos para o
estabelecimento e a seleção de programas de ação e para sua execução, levando
em conta as condições internas e externas à organização e sua evolução esperada.
Este critério aborda a implantação de metodologias e de processos
gerenciais que contribuem para, a partir da avaliação dos cenários e ambientes
internos e externos:
� estabelecer objetivos e metas estratégicos;
� desenvolver suas estratégias de forma a manter sua sobrevivência,
crescimento e diferenciação competitiva; e
� acompanhar e gerenciar os passos de implantação, adotando medidas
corretivas, quando necessário.
É uma forma de gerir a organização, com foco em ações estratégicas em
todas as áreas, verificando se a organização planeja para atingir suas metas e
objetivos.
Relevância para a OSCIP:
Através da análise do ambiente, a organização deve identificar
oportunidades e ameaças, pontos fortes e fracos para o cumprimento de sua missão
e, através desse mecanismo, estabelecer o propósito e direção que deverá seguir
para potencializar as oportunidades e evitar riscos.
O planejamento estratégico deve ser formalizado através de um Plano ou
Mapa Estratégico, constituído por programas e projetos.
Critério 3 – Gestão de Processos
Conjunto de atividades que incluem o planejamento e o monitoramento do
desempenho de um processo. É a aplicação de conhecimento, habilidades,
ferramentas, técnicas e sistemas para definir, visualizar, medir, controlar, relatar e
melhorar processos.
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Este critério se refere ao planejamento e ao controle da consecução dos
processos realizados pela organização, assegurando a disponibilidade de
informações, de registros, de recursos e de medidas de verificação e
monitoramento.
Relevância para a OSCIP:
Para uma organização funcionar de maneira eficaz, ela tem que identificar
e gerir numerosas atividades interligadas. Uma atividade que usa recursos e que é
gerida de forma a possibilitar a transformação de entradas em saídas pode ser
considerada um processo. Freqüentemente a saída de um processo é a entrada
para o processo seguinte.
A grande vantagem da aplicação de uma eficaz gestão de processos em
uma organização, aliada às interações desses processos e sua gestão, é o controle
contínuo que ela permite sobre os resultados individuais e globais obtidos,
possibilitando maior qualidade, melhor utilização de recursos, a identificação e a
correção de eventuais desvios, permitindo intervenções concretas de ações de
melhoria.
Critério 4 – Gestão de Recursos Humanos
Este critério aborda a implantação de sistemas de trabalho na
organização através de processos gerenciais cuja finalidade é desenvolver e
implantar políticas de seleção e contratação, capacitação e desenvolvimento
contínuos, integração, gestão do desempenho de pessoas e equipes e o
direcionamento dos trabalhadores rumo aos objetivos e metas da organização.
Relevância para a OSCIP:
Parte importante do planejamento de qualquer organização consiste na
determinação das necessidades de recursos, humanos ou não: quantidade de
pessoas, qualificações e competências necessárias, recursos financeiros, infra-
estrutura, equipamentos, edifícios e instalações etc.
Nas etapas seguintes cuidamos da disponibilização das competências
necessárias através da seleção e contratação, preparação, conscientização e
motivação por meio de um tratamento humanizado.
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Critério 5 – Gestão Patrimonial e de Suprimentos
Este Critério refere-se ao controle das atividades envolvidas no
suprimento das necessidades geradas pelo planejamento de processos, serviços,
equipamentos etc.
Envolve os processos de tomada de preços, avaliação e seleção de
fornecedores, pedidos de compra e os controles no recebimento, bem como os
processos de contratação de serviços.
Relevância para a OSCIP:
Com relação aos seus insumos, para um bom e eficiente funcionamento
da entidade é importante que:
� os insumos necessários estejam disponíveis no momento em que são
necessários
� os insumos disponíveis sejam exatamente os requeridos (os que foram
solicitados)
� os processos de aquisição sejam pautados pela lisura, buscando
sempre o interesse da organização, tanto do ponto de vista econômico,
como do ponto de vista da qualidade dos serviços que presta.
� os fornecedores e sub-contratados compreendam as necessidades da
organização, podendo assim trabalhar em regime de parceria, numa
relação mutuamente benéfica.
� as compras sejam não somente do interesse da organização, mas
também favorecendo o interesse maior da sociedade, respeitando o
meio ambiente e as relações sociais (compras sustentáveis)
Critério 6 – Gestão da Informação
Conjunto de políticas que possibilitam a produção de informação
relevante, com qualidade suficiente, precisa, transmitida para o local certo, no
momento correto, com um custo apropriado e facilidades de acesso por parte dos
envolvidos.
"Gerir a informação é, assim, decidir o que fazer com base em informação
e decidir o que fazer sobre informação. É ter a capacidade de selecionar dum
repositório de informação disponível aquela que é relevante para uma determinada
decisão e, também, construir a estrutura e o design desse repositório." (Zorrinho
1995, p. 146).
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Relevância para a OSCIP:
Impossível abstrair qualquer organização que não estabeleça e mantenha
canais de comunicação internos e externos, com os mais variados públicos, com a
finalidade de obter e divulgar informação.
A boa imagem corporativa é importante, tanto na obtenção de apoio dos
setores interessados da sociedade, como na atração de “novos clientes”. A própria
sociedade não dispõe de outra maneira de avaliar o desempenho de uma
organização senão através de informação recebida.
A geração e a difusão de conhecimentos, também sob a forma de
informações, desempenham papel fundamental na organização que pretende agir e
ser reconhecida como de “primeira linha”.
Critério 7 – Gestão Contábil e Financeira
Com a finalidade de garantir recursos suficientes para pagamento dos
seus compromissos e suporte às estratégias de crescimento, é necessário que as
organizações desenvolvam controles financeiros adequados às suas necessidades,
os quais devem fornecer aos seus gestores as informações mínimas necessárias
para a mensuração dos resultados e avaliação das metas financeiras estabelecidas.
Diante desse contexto de controle, avaliação de desempenho e gestão
financeira, a Contabilidade constitui-se no principal meio de mensuração e avaliação
de resultados, através da identificação e separação precisa das despesas e receitas
inerentes a cada projeto executado pela organização, sem risco perda de controle e
mascaramento de resultados.
Relevância para a OSCIP:
O equilíbrio econômico-financeiro da entidade (e, conseqüentemente os
resultados de sua atuação) depende fortemente de um planejamento adequado,
bem como de um controle operacional.
Isso somente se pode conseguir através de um bom planejamento e
controle de receitas e despesas, e da disponibilidade de reservas para enfrentar
eventuais situações de dificuldades.
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As boas práticas recomendam a diversificação de fontes de recursos
como um instrumento de segurança. Experiências e ligações de diversos tipos não
apenas enriquecem seu cabedal de conhecimentos, como possibilitam que
alternativas de apoio possam ser alcançadas com maior agilidade, em caso de
necessidade.
Critério 8 – Gestão Tributária
Em que pese a isenção de uma serie de tributos de que gozam certas
organizações, essa isenção não é total, ou seja, certos tributos acabam por incidir
sobre algumas de suas atividades, aquisições, pagamentos etc.
A gestão tributária constitui o planejamento necessário para o pagamento
do mínimo de tributos que a legislação permite, bem como a gestão dos recursos
suficientes para que isso seja realizado nos seus prazos estabelecidos.
Relevância para a OSCIP:
A Gestão Tributária em nossos dias desempenha um papel estratégico na
administração das organizações: a realidade tributária brasileira é complexa; existem
dezenas de tributos exigidos, entre impostos, taxas e contribuições. Além disso, a
gestão estratégica de tributos é uma forma de se buscar a melhoria dos resultados
da organização, por meio da otimização dos desembolsos tributários que recaem
sobre as suas atividades.
Critério 9 – Gestão da Comunicação
Este critério aborda os processos gerenciais de comunicação
organizacional no universo em que a organização se encontra, tratando
especificamente de cada um dos principais canais: seu próprio pessoal, a
sociedade, e o ente parceiro, visando colher informações, dar transparência à sua
atuação e otimizar a supervisão pelo poder público.
Relevância para a OSCIP:
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Pode-se dizer que a comunicação assume uma importância fundamental
nas dinâmicas internas e externas da entidade, contribuindo para uma mais fácil
interação e desempenho dos indivíduos.
Assim, estes podem ser seus trabalhadores (comunicações funcionais,
operacionais, sociais etc.), seus clientes diretos (os beneficiários diretos de seus
programas), a sociedade, de cujo apoio necessita, o Estado (ente parceiro), outros
poderes etc.
A manutenção de uma boa imagem corporativa, e daí uma boa imagem
dos programas por ela executados, depende do estabelecimento e da manutenção
de bons canais de comunicação.
O cumprimento de suas obrigações contraídas nos Termos de Parceria
depende, também, de um processo eficaz de comunicação com o Ente Parceiro.
Cada Critério retro descrito é composto por um conjunto de Requisitos
que os completam e descrevem. No total, são 31 Requisitos, distribuídos como
mostra a Tabela 3 da página a seguir.
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Tabela 3: Requisitos por Critério
CRITÉRIOS REQUISITOS
CRITÉRIO 1 – GESTÃO CORPORATIVA
Requisito 1.1 – Missão
Requisito 1.2 – Visão
Requisito 1.3 – Valores Éticos
Requisito 1.4 – Estrutura Organizacional
Requisito 1.5 – Regimento Interno
Requisito 1.6– Gestão de Resultados e Melhorias
CRITÉRIO 2 – GESTÃO ESTRATÉGICA
Requisito 2.1 – Formulação Estratégica
Requisito 2.2 - Desdobramento dos Objetivos Estratégicos
Requisito 2.3 – Acompanhamento Estratégico
CRITÉRIO 3 - GESTÃO DE PROCESSOS
Requisito 3.1 – Gestão de Documentos e Processos
Requisito 3.2 – Provisão de Recursos
Requisito 3.3 – Práticas de Sustentabilidade
Requisito 3.4 – Emergências e Acidentes
Requisito 3.5 – Medição e Monitoramento dos Processos
CRITÉRIO 4 - GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS
Requisito 4.1 - Política de Recursos Humanos
Requisito 4.2 – Recrutamento e Seleção
Requisito 4.3- Desligamento de Trabalhadores
Requisito 4.4 - Treinamento e Capacitação de Recursos Humanos
CRITÉRIO 5 - GESTÃO PATRIMONIAL E DE
SUPRIMENTOS
Requisito 5.1 - Gestão Patrimonial
Requisito 5.2 - Gestão de Fornecedores
Requisito 5.3 – Gestão de Compras e de Contratos
CRITÉRIO 6 - GESTÃO DA INFORMAÇÃO
Requisito 6.1 - Gestão da Imagem Corporativa
Requisito 6.2 - Banco de Dados
Requisito 6.3 - Geração, Sistematização e Compartilhamento de conhecimentos
CRITÉRIO 7 - GESTÃO CONTÁBIL E FINANCEIRA
Requisito 7.1 - Controle das despesas
Requisito 7.2 - Apropriação das receitas e despesas
Requisito 7.3 - Demonstrativos financeiros e Auditoria Contábil
CRITÉRIO 8 - GESTÃO TRIBUTÁRIA Requisito 8.1 - Planejamento e Gestão Tributária
CRITÉRIO 9 - GESTÃO DA COMUNICAÇÃO
Requisito 9.1 - Comunicação Interna
Requisito 9.2 - Comunicação com colaboradores externos, beneficiários, Sociedade
Requisito 9.3 - Comunicação com o Ente Parceiro
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3.4.4 Itens de Verificação
Cada Requisito da Tabela 3 mostrada é composto por um conjunto de
Itens de Verificação: 80 itens para a Categoria I, 106 para a Categoria 2 (26
acrescidos aos definidos para a Categoria I) e 136 para a Categoria III (36
acrescidos à Categoria II).
Os itens de verificação estão contidos num check list utilizado na
aplicação do atendimento ao Modelo de Certificação.
3.4.5 Atendimento às Categorias para Certificação do Termo de Parceria
Para obtenção da certificação em sua Categoria, o Termo de Parceria da
OSCIP deve cumprir, no mínimo, o percentual de atendimento aos Itens de
Verificação mostrado na Tabela 4 a seguir:
Tabela 4: Percentual mínimo a ser obtido nos Itens de Verificação por Categoria
% mínima a ser atendida pelo Termo de Parceria
Para obtenção da certificação na Categoria I 80 % dos Itens de Verificação da Categoria I
Para obtenção da certificação na Categoria II
90 % dos Itens de Verificação da Categoria I; e
60% dos Itens de Verificação da Categoria II
Para obtenção da certificação na Categoria III
90 % dos Itens de Verificação da Categoria I, e
60% dos Itens de Verificação da Categoria II; e
50% dos Itens de Verificação da Categoria III
A Figura 3 a seguir mostra, de forma esquemática, a relação entre
Critérios, Requisitos e Itens de Verificação para cada Categoria.
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Figura 3: Critérios X Requisitos X Itens de Verificação por Categoria
30
4 CONCLUSÕES
O projeto “Choque de Gestão” ao implantar estratégias administrativas
baseadas na delegação de autoridade e na cobrança por resultados colocou em
relevo a questão da avaliação nas OSCIPs, dificultada pela falta de referências
decorrente de seu ineditismo.
A experiência pioneira do governo de Minas Gerais, neste trabalho
relatada, comprovou a exeqüibilidade do fortalecimento de instrumentos de gestão
voltados à avaliação dos Termos de parceria firmados.
O desenvolvimento e, principalmente, a aplicação prática de uma
metodologia para avaliação da capacidade de gestão de organizações sociais, que
possibilitasse maior segurança aos órgãos públicos na utilização desse novo arranjo
institucional, encerrou uma série de desafios, permitindo aprendizagens sobre a
proposta das OSCIPs e sobre o conceito de gestão do Termo de Parceria sob a
ótica de atendimento aos resultados pactuados e o alcance dos objetivos.
A partir da verificação da adequação das práticas gerenciais das OSCIPs
por meio de uma metodologia previamente definida para obtenção de certificação da
boa gestão, pretende-se o aprimoramento contínuo da gestão das entidades
parceiras, visando a execução da política pública de forma eficiente, eficaz e efetiva.
Acima de tudo, a implantação do Programa de Certificação da Boa
Gestão, corroborará no sentindo de dar segurança ao governo e à sociedade quanto
à opção de executar políticas públicas por meio de parceirização com entidades do
Terceiro Setor.
Ao adotar um processo participativo, o poder público se insere numa ótica
pluralista de busca do aperfeiçoamento da gestão pública: o resultado é o melhor
atendimento dos interesses sociais, revelado através da melhoria da gestão das
organizações que as representam.
O grande desafio que agora se apresenta é o de garantir a
irreversibilidade desse processo, de modo a assegurar, de forma transparente,
sustentável e consistente, que os benefícios resultantes das boas práticas de gestão
possam beneficiar a sociedade.
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5 REFERÊNCIAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO 9000: sistemas de gestão da qualidade – requisitos. Rio de Janeiro, 2000. ______. NBR ISO 10011-1: diretrizes para auditoria de sistemas da qualidade - Parte 1: Auditoria. Rio de Janeiro, 1993. ______. NBR ISO 10011-2: diretrizes para auditoria de sistemas da qualidade - Parte 2: Critérios para qualificação de auditores de sistemas da qualidade. Rio de Janeiro, 1993. ______. NBR ISO 10011-3: diretrizes para auditoria de sistemas da qualidade - Parte 3: Gestão de programas de auditoria. Rio de Janeiro, 1993. ______. NBR ISO 14001: Sistemas de gestão ambiental: especificação e diretrizes para usos. Rio de Janeiro, 2004. CENTRO MINEIRO DE ALIANÇAS INTERSETORIAIS. Indicadores IGS de gestão das OSCIPs mineiras. Belo Horizonte; 2008. FUNDAÇÃO NACIONAL DA QUALIDADE (FNQ). Modelo de excelência em gestão. Disponível em: <http://www.fnq.org.br>. Acesso em: 7 mai. 2009. MINISTÉRIO DA ADMINISTRAÇÃO FEDERAL E REFORMA DO ESTADO. Organizações sociais. Cadernos MARE da Reforma do Estado. Caderno 2. Brasília: Secretaria da Reforma do Estado, Ministério da Administração Federal e Reforma do Estado; 1998. SEPLAG. Termos de parceria vigentes. Disponível em: <http://www.planejamento. mg.gov.br/governo/choque/oscip/oscip_termo_parceria.asp>. Acesso em: 20 set. 2009.
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___________________________________________________________________
AUTORIA
Evelyn Ebling Mac Kay Dubugras Ribeiro – É consultora de projetos da Fundação Instituto de Administração (FIA).
Endereço eletrônico: [email protected] Fernanda de Siqueira Neves – Superintendente da Superintendência Central de Modernização Institucional (SUMIN) da Secretaria de Planejamento e Gestão do Governo do Estado de Minas Gerais (SEPLAG)
Endereço eletrônico: [email protected] Maria Cristina Gonçalves Torres – Diretora da Diretoria Central de Parcerias com OSCIPs (DCPO) da Secretaria de Planejamento e Gestão do Governo do Estado de Minas Gerais (SEPLAG)
Endereço eletrônico: [email protected]