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1 ISSN 2317-661X Vol. 17 – Num. 01 – Maio 2019 www.revistascire.com.br UM OLHAR PARA AS DIFICULDADES DE INTERPRETAÇÃO TEXTUAL Iris Regis SILVA 1 ; Kelly Lucyanny Moreira SABINO 1 ; Isabelle de Araújo Pires 2 RESUMO:O objetivo deste artigo é apresentar as considerações de uma investigação sobre as dificuldades enfrentadas no processo de leitura e interpretação textual com alunos do 5º ano do ensino fundamental. A pesquisa foi realizada em uma escola particular, localizada na cidade de Campina Grande-PB, visto que, ultimamente, tem-se notado uma profunda dificuldade pelos alunos e professores quanto à leitura e interpretação textual. Com isso, apresentam-se neste trabalho as possíveis hipóteses para o surgimento desta problemática, como a falta do hábito da leitura, interpretação e produção textual nas séries iniciais do ensino fundamental, perpassando os anos seguintes sem soluções plausíveis. Portanto, o estudo realizado é de cunho bibliográfico, fundamentado no pensamento de alguns teóricos, como Abramovich (2006), Dalvi, Resende e Jover- Faleiros (2013), Kleiman (2004), Silva (1993), Cosson (2014), os Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa, entre outros, visando à compreensão de questões fundamentais sobre a aprendizagem do aluno, sequenciada da análise, síntese e recreação das ideias, e, em seguida, fez- se o uso da pesquisa qualitativa, através de entrevistas e questionários subjetivos aplicados aos alunos e à professora para investigar a questão em tese. No desenvolvimento do trabalho, realizou-se a pesquisa das formas de abordagem da leitura e interpretação de textos em sala de aula, ponderando e discutindo os dados coletados, apontando caminhos para desenvolver leitores proficientes, capazes de interpretar e produzir textos com eficácia. Palavras-Chave: Leitura. Dificuldades. Interpretação Textual. ABSTRACT: The objective of this article is to present the considerations of an investigation about the difficulties faced in the process of reading and textual interpretation, with students of the 5th year of elementary school. The search was conducted in a private school, located in the city of Campina Grande-PB, since, lately, it has been noticed to deep difficulty for students and teachers about reading and textual interpretation. This paper presents possible hypotheses for the emergence of this problem, such as the lack of reading habit, interpretation and textual production in the initial grades of elementary school, going through the following years without plausible solutions. Therefore, the study carried out is of a bibliographic nature, based on the thought of some theorists, such as Abramovich (2006), Dalvi, Resende and Jover-Faleiros (2013), Kleiman (2004), Silva (1993), Cosson (2014), the National Language Curricular Parameters, among others, with the purpose of understanding fundamental questions about student learning, sequenced from the analysis, synthesis and recreation of ideas, and then using qualitative research, through interviews and questionnaires applied to the students and the teacher to investigate the question in thesis. In the development of the work, the research carried out is about the search of the ways of reading and interpretation of texts in the classroom, pondering and discussing the collected data, pointing out ways to develop proficient readers capable of interpreting and producing texts with efficiency. Keywords: Reading. Difficulties. Textual interpretation. 1 Alunas do Curso de Licenciatura em Pedagogia da UVA/UNAVIDA. [email protected] 2 Orientadora. Professora. Professora de Letras - Língua Portuguesa da UVA/UNAVIDA. [email protected]

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ISSN 2317-661X Vol. 17 – Num. 01 – Maio 2019

www.revistascire.com.br

UM OLHAR PARA AS DIFICULDADES DE INTERPRETAÇÃO

TEXTUAL

Iris Regis SILVA1; Kelly Lucyanny Moreira SABINO1; Isabelle de Araújo Pires2

RESUMO:O objetivo deste artigo é apresentar as considerações de uma investigação sobre as dificuldades enfrentadas no processo de leitura e interpretação textual com alunos do 5º ano do ensino fundamental. A pesquisa foi realizada em uma escola particular, localizada na cidade de Campina Grande-PB, visto que, ultimamente, tem-se notado uma profunda dificuldade pelos alunos e professores quanto à leitura e interpretação textual. Com isso, apresentam-se neste trabalho as possíveis hipóteses para o surgimento desta problemática, como a falta do hábito da leitura, interpretação e produção textual nas séries iniciais do ensino fundamental, perpassando os anos seguintes sem soluções plausíveis. Portanto, o estudo realizado é de cunho bibliográfico, fundamentado no pensamento de alguns teóricos, como Abramovich (2006), Dalvi, Resende e Jover-Faleiros (2013), Kleiman (2004), Silva (1993), Cosson (2014), os Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa, entre outros, visando à compreensão de questões fundamentais sobre a aprendizagem do aluno, sequenciada da análise, síntese e recreação das ideias, e, em seguida, fez-se o uso da pesquisa qualitativa, através de entrevistas e questionários subjetivos aplicados aos alunos e à professora para investigar a questão em tese. No desenvolvimento do trabalho, realizou-se a pesquisa das formas de abordagem da leitura e interpretação de textos em sala de aula, ponderando e discutindo os dados coletados, apontando caminhos para desenvolver leitores proficientes, capazes de interpretar e produzir textos com eficácia. Palavras-Chave: Leitura. Dificuldades. Interpretação Textual. ABSTRACT: The objective of this article is to present the considerations of an investigation about the difficulties faced in the process of reading and textual interpretation, with students of the 5th year of elementary school. The search was conducted in a private school, located in the city of Campina Grande-PB, since, lately, it has been noticed to deep difficulty for students and teachers about reading and textual interpretation. This paper presents possible hypotheses for the emergence of this problem, such as the lack of reading habit, interpretation and textual production in the initial grades of elementary school, going through the following years without plausible solutions. Therefore, the study carried out is of a bibliographic nature, based on the thought of some theorists, such as Abramovich (2006), Dalvi, Resende and Jover-Faleiros (2013), Kleiman (2004), Silva (1993), Cosson (2014), the National Language Curricular Parameters, among others, with the purpose of understanding fundamental questions about student learning, sequenced from the analysis, synthesis and recreation of ideas, and then using qualitative research, through interviews and questionnaires applied to the students and the teacher to investigate the question in thesis. In the development of the work, the research carried out is about the search of the ways of reading and interpretation of texts in the classroom, pondering and discussing the collected data, pointing out ways to develop proficient readers capable of interpreting and producing texts with efficiency. Keywords: Reading. Difficulties. Textual interpretation.

1 Alunas do Curso de Licenciatura em Pedagogia da UVA/UNAVIDA. [email protected] 2 Orientadora. Professora. Professora de Letras - Língua Portuguesa da UVA/UNAVIDA. [email protected]

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1. INTRODUÇÃO

As dificuldades de interpretação, compreensão textual e escrita vêm sendo

um problema muito debatido e preocupante na educação brasileira. Suas causas

podem estar relacionadas não só à escola, nos métodos que o professor trabalha,

mas também aos fatores externos, sobrevindo de situações adversas, como a falta

do hábito de leitura pelos pais.

A interpretação textual é um processo que exige concentração, entendimento

do sentido que as palavras expressam dentro de um contexto, também uma série de

fatores que estimulam a imaginação e a criatividade do sujeito e está vinculada,

principalmente, à disciplina de Língua Portuguesa. Sendo assim, as dificuldades de

interpretação textual são um grande desafio diante dos alunos e professores.

Notamos ainda, uma fragilidade no desenvolvimento do hábito pela leitura no

tocante ao estímulo dessa prática, que deveria se iniciar em casa, através dos

familiares e continuar nas práticas aplicadas em sala de aula pelo professor. Em

virtude dessas lacunas, os docentes necessitam estar sempre repensando e

inovando suas metodologias para que possam atender as necessidades de acordo

com a realidade e as dificuldades do aluno.

O presente trabalho, tendo como procedimento a análise e revisão de obras

que discutem a temática abordada, tem fundamentação teórica em alguns autores

como Abramovich (2006), Dalvi, Resende e Jover-Faleiros (2013), Kleiman (2004),

Silva (1993), Cosson (2014), perpassou pelos Parâmetros Curriculares Nacional de

Língua Portuguesa, entre outros estudos.

A pesquisa é qualitativa, bibliográfica e descritiva, sendo relevante por se

tratar de um conhecimento necessário à formação pessoal e à carreira profissional,

uma vez que leitura e interpretação textual são intermediações para o processo do

ensino-aprendizagem. Versará, portanto, acerca das dificuldades enfrentadas pelos

alunos, dos fatores que resultam nessa problemática, suas principais causas e as

metodologias que podem ser trabalhadas para diminuir esses problemas que

interferem sobremodo no processo da leitura e interpretação textual.

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2. DESENVOLVIMENTO

É comum as pessoas restringirem o conceito sobre as dificuldades da leitura

e interpretação textual somente aos fenômenos que ocorrem na escola, como

resultado do ensino. Entretanto, essa problemática tem um sentido amplo, pois

abrange os hábitos que formamos durante o nosso convívio em casa, também os

valores culturais e incentivos externos que o indivíduo pode receber no decorrer do

processo de aprendizagem.

O educando precisa ser capaz de ler e refletir profundamente um texto,

compreendendo o sentido que as palavras expressam nele, para possivelmente,

começar a adquirir habilidades na interpretação e compreensão textual,

desenvolvendo, assim, a sua criatividade e aprimorando a produção do

conhecimento.

Para entender alguns pressupostos, iniciaremos abordando a falta de leitura

no Brasil como um hábito cultural de (des) incentivo. Depois perpassar pelas

discussões sobre o objeto de ensino de língua portuguesa nas escolas de educação

básica, que deveria ser o texto, mas vemos ainda hoje, aulas pautadas nos aspectos

linguísticos e na estrutura da técnica do idioma, com aulas sistematizadas em

atividades descontextualizadas e irrelevantes, muitas vezes.

Para finalizar o desenvolvimento, mostramos a análise dos dados, a partir da

metodologia aplicada nesta pesquisa e aludimos alguns caminhos para que o

professor atente em práticas que sejam de fato relevantes e consistentes para o

processo de aprendizagem dos alunos, sugerindo atividades possíveis e

metodologias que façam sentido no contexto da educação básica da qual aspiramos.

2.1. O problema da não leitura no Brasil

A dificuldade na leitura está acarretada por uma série de problemas, que se

inicia dentro do próprio ambiente familiar, quando a criança percebe que os pais não

possuem esse hábito, e perfaz-se durante a trajetória escolar. Também, temos o

grande desafio dos professores da educação básica em ensinar a leitura de modo

significativo, não apenas os levando a decifrar códigos, mas à prática da leitura, cujo

texto seja o foco principal, sua função social, suas muitas leituras quando literário,

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sua musicalidade, quando poético, o aprimoramento do vocabulário e a dinamização

do raciocínio e interpretação. Rezende3 (2014, p.01), afirma que:

A leitura é um hábito e como tal deve ser cultivado. Há quem diga que até que é um valor, mas os valores também devem ser cultivados, enraizados, implantados. Cultivar a valorização da cultura, do conhecimento por meio do hábito da leitura, este é o desafio. O problema vem de berço, da formação do leitor, das ações e interferências para que este leia e se habitue a ler. (REZENDE, 2014, p.01).

Como posto pela autora, a criança quando está inserida em um ambiente

familiar, onde os pais não possuem o hábito pela leitura, e, consequentemente não o

estimula, possivelmente também não desenvolverá essa habilidade, porquanto os

costumes e ensinamentos iniciam-se em casa, através do convívio, pois as crianças

costumam copiar e imitar as ações e condutas das pessoas que estão mais

próximas. Então se quisermos formar indivíduos leitores, precisa-se cultivar mais

esse hábito, a começar de casa, para que assim possa ser aprofundado na escola.

Rezende (2014, p.02), ainda elenca algumas dificuldades agravadoras dessa

não leitura no Brasil, tais quais:

O controle do livro didático, a valorização dos professores, a polêmica do consumo da merenda escolar pelos professores, a falta de bibliotecas, laboratórios, computadores, enfim, infraestrutura, são desafios que necessitam do envolvimento da sociedade nas políticas públicas voltadas para enfrentar esse quadro. (REZENDE, 2014, p.02).

Como visto, faz-se necessária uma série de recursos para colocar em prática

a educação, começando pelas metodologias aplicadas pelos docentes em sala de

aula, também a valorização destes, e políticas públicas que desenvolvam projetos

com o intuito de formar bons leitores.

Outro problema que enfrentamos por falta da leitura é o da compreensão e

interpretação textual, devido a uma fragilidade no ensino nas séries iniciais,

3 Especialista em Gestão Estratégica da Informação e Bibliotecária pela UFMG, Coordenadora do centro de Informação, documentação e Biblioteca por mais de 15 anos. Autora do Artigo “Retratos da Leitura no Brasil” e palestrante na área de Biblioteconomia Jurídica. Disponível em: www.administradores.com.br-Retratos da Leitura no Brasil- mais reflexões-artigos. Acesso em: 05/06/2018.

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compatibilizado com uma sequência de problemas culturais, metodologias mal

colocadas, professores despreparados, alguns pais que não participam ou ajudam

os seus filhos nesse processo juntamente com a escola.

Nesta perspectiva, os alunos com a faixa-etária de dez a catorze anos têm

dificuldades em responder questionários de acordo com o texto lido e interpretar as

questões, não somente de português, mas de outras matérias como matemática.

Isso pode acarretar consequências futuras, tanto no campo cognitivo quanto no

campo social.

De acordo com Rodrigues (2016, p.01), observamos que houve um aumento

de 50% para 56% de leitores, desde 2011 até 2015, entretanto, vimos que ainda é

um número muito baixo, pois além de abrir mentes transmitindo conhecimento, a

leitura está inserida na perspectiva histórico-cultural do desenvolvimento humano.

Portanto, um indivíduo que gosta de ler tem maior facilidade na comunicação

oral ou em público, bem como na escrita, quando for organizar suas ideias para

formar um texto.

Ainda, Rodrigues4 (2016, p.02) aponta sobre os resultados da preferência dos

brasileiros, enfatizando que “A leitura ficou em 10º lugar na pesquisa dos Retratos

da leitura no Brasil [...]”, enquanto em primeiro lugar, a pesquisa assinala assistir

televisão, em sequência, ouvir músicas, usar as redes sociais através da internet,

reunir-se com os amigos, ir ao cinema, praticar esportes, entre outros. Nota-se que o

brasileiro ainda não possui o hábito pela leitura, sendo necessário começarmos

desde logo a incentivar as crianças a ler, conhecer novas obras literárias e a viajar

no mundo da imaginação e riqueza de informações que é a leitura.

2.2. O objeto de estudo da aula de língua portuguesa: o texto.

O processo de leitura e interpretação textual exige do leitor um conhecimento

de mundo, pois não se pode interpretar ou mesmo produzir um texto sem base, isto

exige do estudante uma atenção e atualização dos conhecimentos que o cerca, só é 4 Formada em Jornalismo pela Universidade Católica de Santos/SP, repórter de literatura do caderno 2 e colunista da Babel - Literatura, publicada aos sábados no Estadão. Também foi responsável pela Pesquisa dos Retratos da Leitura no Brasil e escreveu sobre Mercado Editorial e Livreiro, eventos literários, livros, literatura, leitura, livro digital e best-sellers. Disponível em: https://cultura.estadao.com.br. Acesso: 05/06/2018.

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possível fazer uma boa leitura, interpretação e produção textual quando se tem

conhecimento amplo de mundo e de situações.

Além disso, também é necessário que se tenha um bom acervo de palavras e

noção de como as mesmas serão utilizadas, tal como a observância das regras de

regência e concordância verbal, para que o texto apresente sentido conciso e

coerente. De acordo com Lajolo (1991, p.59):

Ler é não decifrar, como num jogo de adivinhações, o sentido de um texto. É, a partir de um texto, ser capaz de atribuir-lhe significação, conseguir relacioná-lo a todos os outros textos significativos para cada um, reconhecer nele o tipo de leitura que seu autor pretendia e, dono da própria vontade, entregar-se a esta leitura, ou rebelar-se contra ela, propondo outra não prevista. (LAJOLO, 1991, p.59).

Como visto, para se desenvolver bons leitores, com capacidade em

compreender e interpretar textos, seria necessário familiarizar a criança desde cedo

com os gêneros textuais, mesmo que elas não saibam ler, mas podemos iniciar esse

processo contando histórias, ou seja, o primeiro contato da criança com o texto é

feito oralmente, através da voz da mãe, do pai, dos avós, da professora, contando

contos de fada, poesia, histórias inventadas (tendo a criança ou os pais como

personagens), história em quadrinhos, poemas sonoros, receitas culinárias, entre

outros, pois escutá-las e ver as ilustrações das historinhas é o início da

aprendizagem para ser um leitor.

Nessa perspectiva, ser um bom leitor é ter um caminho absolutamente infinito

de descobertas e de compreensão do mundo. Isso poderá motivar e despertar o

gosto dos pequenos pela leitura, com o intuito de evitar a aversão à língua

portuguesa, ao mesmo tempo em que poderá facilitar a interpretação, compreensão

e a produção textual futuramente.

Silva (1993, p.62) argumenta que a prática da leitura a partir de interpretações

pré-estabelecidas, sem análise e reflexão do grupo envolvido na atividade, sem

mobilização do conhecimento prévio, sem, portanto, qualquer chance de formular

inferências, permite apenas que o leitor decodifique um enunciado que já está

elaborado, pronto e embalado para uso, não havendo a possibilidade de construção

de significado para o texto lido.

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Então, lendo histórias para os alunos, poderemos proporcionar sorrisos,

momentos de divertimento, também cultivando a imaginação deles através dos

personagens e do cenário, sendo também uma possibilidade de descobrir o mundo

imenso dos conflitos, das soluções dos problemas que vão sendo construídos e

desconstruídos pelas personagens de cada história, isso pode resultar em seres

capazes de esclarecer melhor as próprias dificuldades ou encontrar um caminho

para solucionar conflitos e problemas ao longo da vida, se caso houver.

Assim, ouvindo histórias podem-se sentir emoções importantes, como a

tristeza, a raiva, a irritação, o bem-estar, o medo, a alegria, o pavor, a insegurança, a

tranquilidade, tantos outros mais e viver profundamente tudo o que as narrativas

provocam em quem as ouve com toda a amplitude, significância e imaginação que

cada uma delas transmite.

Sobre a leitura de gêneros textuais em sala de aula, Abramovich (2006,

p.140) nos informa que:

A literatura infanto-juvenil foi incorporada à escola e, assim, imagina-se que por decreto todas as crianças passarão a ler... Até poderia ser verdade, se essa leitura não viesse acompanhada da noção de dever, de tarefa a ser cumprida, mas sim de prazer, de deleite, de descoberta, de encantamento. (ABRAMOVICH, 2006, p.140).

Deste modo, o educador precisa repensar as suas práticas, mostrando que

através da leitura e interpretação de um texto, os alunos podem descobrir outros

sentidos e significados concernentes ao estudo em tese, bem como conhecer outros

lugares, tempos e formas de agir, aprendendo a literatura sem a preocupação

apenas com a didática, mas como uma atitude espontânea do indivíduo leitor.

Quando esse hábito passa a ser uma forma de descobertas e encantamento,

a pessoa possivelmente buscará conhecer mais textos e assim terá mais

curiosidade em ler e pesquisar outras obras. Além disso, Abramovich (2006, p.140)

acrescenta que:

[...] há uma obrigatoriedade de prazo, uma espécie de maratona, onde um livro tem que ser lido num determinado período, com data marcada para término da leitura e entrega de uma análise, e não conforme a necessidade, a vontade, o ritmo, a querência de cada criança-leitora. (ABRAMOVICH, 2006, p.140).

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Por isso, devemos estar atentos para a questão em tese, em virtude de evitar

um embaraço na leitura e interpretação textual por parte dos discentes, em

consequência de uma metodologia ineficaz, sendo aplicada com rigor e podendo

fazer com que o aluno sinta-se pressionado a simplesmente ler tal obra, e em

seguida, fazer um resumo ou responder um questionário no final.

Ademais, essa forma mais rígida do professor abordar o aluno pode contribuir

para o início das possíveis dificuldades na leitura e da aversão quanto à língua

portuguesa; em síntese, devemos respeitar o ritmo de cada criança, cultivando neles

o gosto e o encantamento pela leitura.

Diante do desafio em ministrar aulas de Literatura, o professor deve ser o

facilitador e precisa trabalhar com os diversos gêneros textuais para que os alunos

conheçam a forma e o que cada gênero pretende transmitir como, por exemplo, os

contos de Fada (mostrando a narrativa com todos os seus detalhes, encantos e

tramas), o poema, receitas, histórias em quadrinhos (dando ênfase a linguagem não

verbal), a lenda, o romance, a piada, entre outros.

Nesse contexto, caberia à escola no seu papel de ensinar a ler, interpretar e

produzir textos escritos, garantir ao aluno o desenvolvimento da sua capacidade de

criar e organizar bem as ideias, dominar a gramática e ter acesso a modelos de

escrita. Ao aluno, de posse de tais elementos, caberia imitar tais modelos até

apropriar-se de suas estruturas e, a partir daí, construir-se um leitor proficiente, que

interpreta e produz textos com fluidez.

2.3. Leitura, interpretação e compreensão textual: abordagem na sala de

aula.

Como visto, devemos utilizar diversificados tipos de gêneros textuais em sala

de aula, pois envolvem e auxiliam bastante os alunos a compreenderem que existem

diferentes tipos textuais e estruturas, onde os quais serão escritos de acordo com

uma determinada situação, que fará com que o aluno comece a distinguir

analogamente cada gênero e sua finalidade. É o que apontam Fávero e Andrade

(2000, p.82) a respeito dessa questão:

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A aplicação de atividades de observação que envolve a organização de textos falados e escritos, permitem que os alunos cheguem à percepção de como efetivamente se realizam, se constroem e se formulam esses textos escritos e orais. (FÁVERO E ANDRADE, 2000, p.82).

Logo, o docente ao utilizar os variados tipos textuais nas aulas, poderá está

construindo conhecimentos e desenvolvendo habilidades nos alunos, para assim

prepará-los com o intuito de solucionar questões/problemas futuramente. Para isso,

faz-se necessário o investimento na formação continuada do docente, visando rever

suas práticas e metodologias de ensino com a finalidade de dinamizar suas aulas,

despertando a atenção e o aproveitamento dos conteúdos pelos alunos. Esse

pensamento reafirma-se de acordo com o PCN de Língua Portuguesa, quando:

A importância e o valor dos usos da linguagem são determinados historicamente segundo as demandas sociais de cada momento. Atualmente exigem-se níveis de leitura e de escrita diferentes e muito superiores aos que satisfazem as demandas sociais até bem pouco tempo atrás [...] Para a escola, como espaço institucional de conhecimento, a necessidade de atender a essa demanda, implica uma revisão substantiva das práticas de ensino que tratam a língua como a constituição de práticas que possibilitem ao aluno aprender linguagem a partir da diversidade de textos que circulam socialmente. (BRASIL, 1997, p.25).

Nesta perspectiva, consideramos a abordagem dos gêneros textuais na

escola uma necessidade, já que a multiplicidade de textos orais e escritos compõe

um conjunto de manifestações socioculturais que merece ser conhecido, apreciado,

recriado, valorizado. Esses são passos fundamentais para a inserção dos alunos,

como sujeitos autônomos e críticos, nas diversas práticas de letramento.

O prazer (hábito) da leitura é o início para melhorar o desenvolvimento

cognitivo, principalmente das crianças e adolescentes; e o facilitador pode estar

cultivando esse gosto durante suas aulas. De acordo com Tardif (2002, p. 118), “ao

entrar em sala de aula, o professor penetra em um ambiente de trabalho construído

de interação humana.” Por isso, o docente deve verificar a realidade dos alunos,

para assim poder adequar suas metodologias às expectativas e necessidades deles.

Entre a turma, o professor tem uma maior facilidade em influenciar reflexões;

destarte, incentivar a leitura através de projetos e novas metodologias pode

favorecer o desempenho educacional dos alunos, bem como ampliar a capacidade

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de raciocínio, análise e debate sobre os diversos assuntos aos quais precisarem

abordar.

O professor pode ir introduzindo os modelos textuais numa sequência que vai

da descrição, passando aos poucos para a narração e a dissertação. Trabalhando

primeiro com textos mais simples, o facilitador estará possivelmente contribuindo

para o progresso no desenvolvimento dos alunos quanto à leitura, interpretação e

produção textual, pois, desta forma, eles poderão habituar-se mais com os textos e

consequentemente progredir nos resultados, continuar aprendendo e

acompanhando o processo de ensino-aprendizagem estabelecido na escola.

Dessa maneira, de acordo com o PCN de Língua Portuguesa:

[...] o conhecimento dos caminhos percorridos pelo aluno favorece a intervenção pedagógica e não a omissão, pois permite ao professor ajustar a informação oferecida às condições de interpretação em cada momento do processo. Permite também considerar os erros cometidos pelo aluno como pistas para guiar sua prática, para torná-la menos genérica e mais eficaz. (BRASIL, 1997, p. 28).

Então, o educador pode iniciar analisando a sua metodologia, observando as

principais dificuldades enfrentadas pelos alunos durante o processo de ensino-

aprendizagem da leitura, interpretação e compreensão textual na sala de aula,

desse modo seria possível repensar suas práticas e adequá-las de acordo com os

erros mais frequentes detectados através dos alunos na problemática em questão,

com a finalidade de torná-las mais eficazes e produtivas.

Uma das questões relevantes a serem abordadas é o papel dos livros

paradidáticos adotados nas salas de aula. Estes constituem uma das ferramentas

mais utilizadas pelos professores da língua portuguesa. No entanto, sabemos das

dificuldades que alguns alunos possuem em entender determinados assuntos, além

disso, o uso exclusivo do livro (e das fichas de leitura, muitas vezes agregadas a

eles) não transforma o aluno em um leitor crítico, mais ainda não permite o estudo

da língua por meio de texto discursivo. Em suma, o aluno precisa tornar-se

capacitado a entender, compreender e interpretar diversos gêneros e tipos de textos,

por meio das metodologias e estratégias de leitura que o professor usa em sala de

aula.

De acordo com Kleiman (2004, p.24):

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A prática de sala de aula, não apenas de aula de leitura, não propicia a interação entre professor e aluno. Em vez de discurso que é construído conjuntamente por professor e alunos, temos primeiro uma leitura silenciosa, ou em voz alta do texto, e depois, uma série de pontos a serem discutidos, por meio de perguntas sobre o texto, que não levam em conta se o aluno de fato o compreendeu. Trata-se, na maioria dos casos, de um monólogo do professor para os alunos escutarem. Nesse monólogo, o professor tipicamente transmite para os alunos uma versão que passa a ser a versão autorizada do texto. (KLEIMAN, 2004, p.24).

Sendo assim, em princípio os alunos precisam ter uma relação com o texto

para poder haver uma melhor compreensão e interpretação, os professores da

língua materna, também precisam levar os alunos a dialogar, pensar e refletir mais

profundamente sobre o texto lido, antes que se faça qualquer comentário e

interpretação na aula.

Os professores devem trabalhar com estratégias de interpretação de texto,

proporcionando aos alunos formação crítica do leitor atuante e criador de múltiplos

significados. Dessa maneira, Dalvi, Rezende e Jover-Faleiros (2013, p.23) fazem

referência em como poderemos escolher as obras de literatura a serem trabalhadas

nas aulas: “[...] sabemos que o professor deve levar em conta os programas e as

prescrições oficiais, mas muitas vezes lhe é permitido escolher, de uma lista dada,

as obras para ler e estudar em sala [...]”.

Sabemos em regra, que devemos seguir as prescrições oficiais, todavia o

professor precisa de um olhar mais profundo para a realidade e a necessidade dos

alunos, de acordo com o contexto social em que estejam inseridos e das

particularidades vivenciadas no momento. Se, por exemplo, houve problemas de

preconceito ou bullying5 na sala de aula, então poderemos selecionar um texto

abordando essa temática, ressalvando aos alunos que devemos sempre respeitar as

diferenças, saber ouvir o outro e deixar que todos exponham as suas ideias e

críticas.

Outra possibilidade de abordagem na sala de aula seria utilizando a Literatura

de Cordel, onde apresentaríamos primeiro dois folhetos com poemas e em seguida,

5 Palavra inglesa, que indica um conjunto de agressões, ameaças, intimidações e maus-tratos físicos e psicológicos, direcionados a uma pessoa considerada mais fraca, para humilhar, intimidar e maltratar de forma repetitiva.

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uma peça teatral. A proposta seria observar os textos e confrontar as ideias e

informações. É o que vem sugerindo Dalvi, Rezende e Jover-Faleiros (2013, p.42):

Os folhetos são os seguintes: As proezas de João Grilo_ João Ferreira de Lima; O dinheiro e o cavalo que defecava dinheiro_ Leandro Gomes de Barros; e O auto da compadecida_ Ariano Suassuna. A leitura dos folhetos e da peça permite ao leitor observar como o dramaturgo articulou e resignificou cenas, falas e episódios presentes nos folhetos de Cordel. [...] A discussão pontual dos folhetos pode apontar para as condições sociais, [...]. (DALVI; REZENDE; JOVER-FALEIROS, 2013, p.42).

Nesta perspectiva, apresentaríamos aos alunos os dois gêneros textuais, os

poemas e a peça teatral, expondo as suas diferenças e particularidades quanto à

forma de produção e estrutura, no entanto, quanto ao conteúdo e a mensagem

principal transmitida pelo texto, deixaríamos que eles refletissem e identificassem a

semelhança abordada na história principal entre os textos.

Essa metodologia, que prioriza o texto, favorece que eles possam perceber

como as cenas, falas, episódios e cada detalhe formulado dentro da peça teatral,

foram criados através das ideias contidas nos poemas. Ademais, é interessante

dizer que todo o contexto tratado nas obras, em tese, aponta para a realidade da

situação econômica e social de grande parte da sociedade, do sofrimento

enfrentado, do preconceito, da fome, entre outras.

Os alunos têm que discutir e perceber o contexto de produção das obras, a

literalidade dos textos, o estilo dos autores, o gênero textual e suas características, a

criatividade do autor, os intertextos e tudo o que cada leitura pode proporcionar em

sua profundidade. É o que vem reafirmando Dalvi, Rezende e Jover-Faleiros (2013,

p.42) sobre essa temática: “É importante também propor obras das quais eles

extrairão um ganho simultaneamente ético e estético, obras cujo conteúdo

existencial deixe marcas”.

Para entender o que as autoras expõem, podemos citar como exemplo o filme

o Auto da Compadecida, do grande Ariano Suassuna, que diante da grande

repercussão e sucesso que teve devido à sua adaptação para o cinema, ficando

assim de fácil alcance e acesso popular, torna-se uma “porta aberta” para a leitura

da obra e possam refletir sobre toda a problemática tratada no filme.

Através dessa leitura comparativa e observando os textos, possivelmente

poderemos formar leitores capazes de articular diferentes perspectivas de leitura, de

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aprofundar as ideias e construir pensamentos, de discutir questões sociais

suscitadas nos folhetos, e, sobretudo, que saibam contar essas histórias para outras

pessoas com a entonação devida e o entusiasmo de um recitador de histórias, com

o intuito de procurar reativar uma prática cultural que anda cada vez mais em

desuso depois da chegada das tecnologias, da internet e das redes sociais.

Também, poderíamos acrescentar aos alunos que os folhetos escritos

nasceram da oralidade, provavelmente alguém ouviu essas histórias, romances,

tramas e mitos, sejam contados ou cantados, e quis eternizá-los escrevendo em

forma de folhetos, para que assim outras pessoas pudessem ler e conhecer mais

cada história. Doravante, poderemos sugerir para que cada aluno escreva um

folheto de Cordel com algum assunto ou acontecimento que ache interessante e

queiram compartilhar ou levar ao conhecimento de demais pessoas, seja algo que

ocorreu na vida deles ou mesmo alguma história que ouviram e chamou atenção.

Dalvi, Rezende e Jover-Faleiros (2013, p.23) ainda enfatizam que “é

importante confrontar os alunos com a diversidade do literário (cujo conhecimento

afina os julgamentos de gosto) [...].” Como posto pelos autores, devemos trabalhar

com os diversos gêneros textuais, pois dessa forma o aluno passará a conhecer

melhor cada texto, confrontando ideias e informações, ampliando a fantasia,

articulando críticas e defesas para os seus projetos, para possivelmente poder

identificar-se com algum gênero, ou até mesmo poder inventar um ao seu próprio

gosto e de acordo com a sua criatividade.

A leitura e a interpretação textual é um processo lento e delicado que requer

tática na abordagem em sala de aula desde as primeiras séries do ensino infantil, e

necessita também de uma dedicação maior na escolha do gênero a ser estudado.

Dessa forma, o professor precisa estudar e procurar a melhor forma possível

de aplicar uma metodologia diligente, que seja atinente e venha atender a cada tipo

de aluno, e assim, diante dos desafios, eles possam ser cativados a fazer uma boa

leitura, desenvolvendo a interpretação e compreensão do texto de acordo com as

suas habilidades.

Portanto, o importante é que todos os alunos participem do processo de

ensino-aprendizagem e que possivelmente desenvolvam o potencial de

aprendizagem necessário para resolver problemas e desenvolver seus projetos

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durante a vida, de acordo com a habilidade existente em cada sujeito. Cosson

(2014, p.66) afirma que:

As atividades da interpretação como entendemos aqui, devem ter como princípio a externalização da leitura, [...] O professor de português pode sentir necessidade de aproveitar a ocasião para que os alunos demonstrem suas habilidades de escrita e solicitar uma resenha para o jornal da escola. A turma mais desinibida pode realizar uma performance dramatizando trechos ou vestindo-se como as personagens. Os mais tímidos podem preferir o registro em um diário anônimo a serem expostos em um varal no fundo da sala. (COSSON, 2014, p.66).

Nesta perspectiva, o professor precisa trabalhar com estratégias

metodológicas eficazes de forma flexível, de acordo com a idade e a necessidade

das crianças; desta forma, o desempenho delas na interpretação e escrita

provavelmente irá avançar. Nessa estratégia de Cosson, os alunos compreenderam

o texto trabalhando de formas diferentes e mantiveram o caráter de registro do que

foi lido.

2.4. Discussão, análise e sugestão de atividades

A fim de alcançar o objetivo proposto por nossa pesquisa, que tem cunho

qualitativo, utilizamos como instrumentos de coleta de dados a observação do

ambiente escolar, a entrevista e o questionário subjetivo.

Nosso campo de investigação foi uma escola particular, localizada na cidade

de Campina Grande-PB. A visita à escola foi realizada na turma do 5º ano, no turno

da tarde, porém, devido a algumas adversidades políticas no nosso país, alguns

transtornos no cronograma da escola nos impediram de fazer um trabalho mais

prolongado.

Para coletar as informações, foram realizadas entrevistas com três sujeitos,

sendo dois alunos e uma professora de Língua Portuguesa. Os dois alunos

supracitados serão referidos como A e B. Estão matriculados no 5º Ano do Ensino

Fundamental e apresentam idade entre nove e doze anos. A estes, fizemos quatro

perguntas subjetivas, que dizem respeito ao envolvimento deles durante as aulas de

Língua Portuguesa.

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A professora regente da turma que entrevistamos é graduada em Pedagogia

e está atuando em sala de aula há vinte e oito anos. A esta, aplicamos um

questionário com nove perguntas subjetivas para investigar a metodologia

trabalhada em sala de aula.

Em consonância com as respostas obtidas através da entrevista e do

questionário realizados com a docente, pudemos observar melhor as práticas e

métodos utilizados em sala de aula, para tentar compreender e discutir acerca dos

problemas que emergiram da pesquisa sobre as dificuldades de leitura e

interpretação textual.

Ressalvamos que a docente age como uma facilitadora do conhecimento.

Quando ao questioná-la sobre qual metodologia era utilizada com os alunos para

trabalhar leitura e interpretação textual, a mesma nos respondeu: “Utilizo as

estratégias de leitura: hipótese, antecipação. Organizo e faço a leitura

compartilhada.” (Professora regente da turma). Essas estratégias de leitura

utilizadas pela professora beneficiam a maior compreensão do texto pelos alunos e

exige a participação ativa deles, possibilitando-os ultrapassarem as dificuldades

quanto à leitura e interpretação textual. No debate de sala de aula, trocam-se ideias,

conceitos e experiências, e isso é muito válido, em que outra metodologia não

alcança.

Observamos que o aluno A não apresentou dificuldades na metodologia

aplicada pela docente, diferente do aluno B que mostrou desinteresse na aula

devido não gostar dos textos mais longos, pois o mesmo por não ter o hábito da

leitura, mostra abnegação ao desafio de textos mais longos, geralmente para leitores

mais proficientes.

Também, quando a criança não é estimulada em casa pelos pais ou

responsáveis, não concebe a leitura como algo prazeroso a partir de momentos de

troca afetiva, como a leitura na hora de dormir, o que, pela criança, é associada ao

descanso e ao relaxamento, a formação do gosto literário será mais custosa.

Quando a criança não observa que a leitura faz parte do hábito dos pais, que ela

não está presente do cotidiano da família, não se sente estimulada, desafiada a se

aventurar. Nessas condições, o professor torna-se um estimulador em potencial e a

escola o espaço de oportunidades para alcançar esse aluno.

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O professor pode trabalhar com os alunos as possibilidades e os recursos

disponíveis para que eles possam estudar e produzir em sala de aula sem perder o

foco da leitura como, por exemplo, uma diversidade de atividades: recitação de

histórias, debates, histórias narradas e encenadas, dramatização, jogos,

depoimentos, hora do conto, teatro de fantoches, entre outros. Ademais, a

professora estará aproximando os alunos dos livros e desenvolvendo o gosto pela

leitura desde pequenos. Quando a professora pesquisada nos respondeu que

trabalhava uma carga de leitura bem elaborada, percebemos seu posicionamento

sobre o que seria necessário para ajudar os alunos a superarem as dificuldades na

leitura e interpretação textual. Para esta, uma seleção de obras relevante e variada

conta para a formação do gosto em ler.

Assim sendo, é necessário que o educador aprofunde sempre os seus

conhecimentos, procurando melhorar e adequar as suas práticas de acordo com as

dificuldades apresentadas pelos alunos, pois este passa a buscar a construção de

conceitos a partir dos seus conhecimentos e das informações lançadas previamente

pelo professor. Por isso, os Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua

Portuguesa (1997, p.15) afirmam que “as crianças sabiam muito mais do que se

poderia supor até então, que elas não entravam na escola completamente

desinformadas, que possuíam um conhecimento prévio”.

Nesta perspectiva, sugerimos que o professor seja dentro da sala de aula, um

criador de novidades e inovador em sua metodologia, para que assim as crianças

possam ter uma maior oportunidade de aprimorar e desenvolver os seus

conhecimentos, e, assim, possam bem realizar no ambiente social e fora da escola,

o que elas aprendem de forma contextualizada dentro da mesma.

Quando interrogamos se o aluno B gostava da aula de Língua Portuguesa,

tivemos como resposta: “Gosto dos textos pequenos, mas quando é a parte da

Gramática, não gosto. É muito chato.” Vemos claramente aqui certa confusão sobre

o objeto de estudo da aula de língua portuguesa. O aluno atrelou a aula de

português em algum momento à aula de gramática. Isso é ainda uma recorrência

nas salas de aula. Sabemos que a Gramática é apenas a estrutura do idioma, a

técnica para que ele se realize, mas é no discurso, na construção do texto e na

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contextualização que a comunicação se efetiva, ou seja, na leitura textual (e

consequente interpretação).

A prioridade de uma aula de linguagem deve ser a leitura textual, o

conhecimento dos diversos gêneros, a discussão das funções sociais destes, a

circulação social que deles fazemos, as suas produções e não o aprendizado das

estruturas linguísticas de modo “solto” e descontextualizado do uso da língua. São

nas produções textuais que efetivamos as regras gramaticais pela refacção textual,

pela reescrita dos textos mediante a formalidade ou informalidade de cada um deles

diante do uso da situação da língua.

Podemos perceber que em algum momento da aula a professora desse aluno utiliza

o texto como pretexto para trabalhar os aspectos gramaticais, visto que ele aponta

ser “muito chato”, e, de fato, o é, já que o uso da gramática dessa maneira

descaracteriza a linguagem já que esta será trabalhada de modo fragmentado e sem

um sentido lógico associado à situação comunicativa de interação de sujeitos

linguísticos que se comunicam em determinada situação.

Portanto, é necessário o empenho e dedicação dos professores nesse

processo, sobretudo, a compreensão que essa não é a forma correta de trabalhar a

língua. Obviamente que esse método se torna chato, enfadonho e não ajuda na

formação do hábito leitor, já que todas as vezes que se propuser ler em sala de aula,

implicará em fazer exercícios gramaticais, o que fora de um contexto, torna a aula

um momento de desprazer.

Deve-se também promover a participação ativa dos alunos nas aulas, sendo

que ainda entra nesse processo a participação dos familiares, que é muito

importante no processo de desenvolvimento e formação do aluno, bem como o

apoio e acompanhamento de toda a Equipe pedagógica e funcionários da escola. O

apoio de todos é fundamental para que o professor consiga atingir os seus objetivos

em sala de aula.

Ao examinarmos se a metodologia utilizada pela professora estava sendo

eficiente, ela nos explicou: “Preparo exercícios com questões mais complexas, para

observar o grau de entendimento do meu aluno.” (Professora regente da turma).

Entendemos que a professora utiliza suas práticas de ensino com o intuito de levar

os alunos a refletirem e terem um pensamento mais aprofundado para poder obter

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as respostas dos seus questionários aplicados em sala de aula. Mas cabe perguntar,

a que “questões complexas” ela se refere? Será que menciona aqui àquelas das

quais o aluno B caracterizou como “chatas”?

E outra, é de se questionar o motivo da complexidade das questões, visto que

o professor, sendo um facilitador do aprendizado, deve elaborar questões de

interpretação que levem, claro, o aluno a refletir, construir conceitos e críticas, mas

que sejam acessíveis, desafiadoras, instigantes e relevantes, coerentes com a

necessidade que o texto, em seu gênero, demanda.

A professora ainda acrescentou: “Utilizo a aula invertida” para analisar se o

processo de ensino está tendo progresso ou regresso. Nesta perspectiva, a aula

invertida consiste na professora escolher um gênero textual e pedir aos alunos que

pesquisem um texto em casa através da internet, com o intuito de levar os alunos a

investigar, estudar e refletir acerca daquele gênero solicitado e, no outro dia, mostrar

o que aprenderam e possam compartilhar as informações absorvidas com toda a

turma.

Analisando de forma crítica essa metodologia aplicada pela docente,

sabemos que muitos pais não acompanham as atividades dos filhos e alguns alunos

se perdem no emaranhado de possibilidades de navegação, não procurando o que

foi combinado com a professora, deixando-se arrastar para áreas de interesse

pessoal e acessando conteúdos impróprios. É preciso cautela.

Ademais, defendemos a inovação das práticas utilizadas em sala de aula,

para que, assim, possamos melhorar o ensino e suprir as dificuldades enfrentadas

durante a leitura e interpretação textual. Também precisamos despertar e incentivar

os nossos discentes ao gosto pela leitura, pois o aluno que tem o hábito de ler,

provavelmente sentirá facilidade em interpretar melhor um texto, responder

questionários e escrever.

Perguntamos ao aluno A, se ele gostava da aula de português, ao que nos

respondeu: “Sim, porque gosto de estudar, ler e fazer as atividades. Os textos que a

professora leva são bons”. Neste ponto de vista, a metodologia que a professora

aplica torna os textos bons. Esse aluno, provavelmente mais proficiente e habituado

às leituras mais elaboradas, não sente dificuldade em avançar. No entanto, julgar os

textos como bons aponta para a atitude que vimos anteriormente da professora fazer

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a prévia seleção das obras para a sala de aula, e isso é positivo e pertinente. Mas o

aluno ainda comenta que gosta das atividades, as quais o aluno B reprova.

Rematamos, então, que este aluno, por ser bom leitor, não sente dificuldade com a

estrutura da língua, mas, talvez não tenha compreendido que a gramática só se

efetiva no texto de modo contextual.

Ela nos falou de uma das formas que trabalha, fazendo com que os alunos

fiquem motivados a ler o texto escolhido. Depois do texto lido, solicita que eles

formulem perguntas para que todos participem da aula respondendo os

questionários feitos pelos alunos. Essa atividade estimula o grupo de alunos, eles

ficam surpresos com o desafio de questionar os colegas, colocando-se numa

posição diferente de não apenas responder perguntas feitas pela professora, mas

formular as suas, desenvolvendo, assim, o senso crítico e o parâmetro de

comparação dos pontos de vista.

Percebemos que a partir do momento em que eles elaboram perguntas,

mostram um melhor entendimento sobre o assunto abordado. Dessa forma, é

importante que o professor esteja sempre refletindo sobre as suas metodologias e

possa criar situações que permitam aos alunos vivenciar os gêneros textuais através

das diversas abordagens, aprimorando suas leituras, interpretação, escrita e uma

linguagem adequada a diferentes contextos comunicativos.

Kleiman (2004, p.36) nos explica que para o aluno ter maior facilidade na

leitura e interpretação de um texto, ele precisa ser capaz de reconhecer as palavras

e o seu significado dentro do texto. Segundo a autora, aquele que “lê mais

vagarosamente, sílaba por sílaba, terá dificuldades para lembrar o que estava no

início da linha quando chegar ao fim”.

No nosso ponto de vista, atentando para o que a autora aponta, o aluno B tem

um contexto diferente do aluno A, pois a dificuldade dele acompanhar textos mais

longos pode referir-se à pouca familiaridade com a leitura no que diz respeito à

formação do hábito leitor, pois como vimos, esse hábito é desenvolvido também a

partir de estímulos familiares, inicialmente, e, posteriormente a escola torna-se

responsável por oferecer a diversidade de gêneros e suportes textuais, ou esse

aluno específico está saturado das aulas com a gramática atrelada ao texto, quando

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a leitura deveria ser livre de exercícios gramaticais; assim, prefere os texto curtos,

pois são mais práticos, simples e não dão vazão a exercícios gramatiqueiros.

Ainda, talvez, a aquisição da leitura do aluno B tenha se dado de modo

descontextualizado ou os professores não atentaram para as dificuldades

apresentadas pelo mesmo, ou que esse aluno tenha um senso crítico tão aguçado a

ponto de não aceitar uma metodologia descontextualizada que para ele, não faz

sentido algum. Aprende-se ler, lendo, não fazendo exercícios gramaticais. Os

exercícios textuais devem ser de interpretação da obra, do contexto de produção do

livro, das aventuras da história, da musicalidade do poema, da criatividade dos

personagens, da beleza do cenário, ou seja, da obra em si, não da estrutura da

língua em que a obra está escrita ou traduzida.

Portanto, observamos que o ensino da Língua Portuguesa nas escolas ainda

carrega lacunas que urgem para serem sanadas, visto que a leitura é a base de todo

o aprendizado e compreensão dos saberes diversos, sendo essencial ao sujeito a

aquisição dessas habilidades para poder avançar em seus conhecimentos. Assim, o

processo de ensino-aprendizagem, através da leitura e interpretação textual, deve

viabilizar a produção e o aprimoramento do conhecimento.

Sendo assim, o professor precisa propiciar meios pelos quais os alunos

sintam-se motivados na busca desse conhecimento, deixando de serem sujeitos

passivos e tornando-se ativos nesse processo. Portanto, o docente poderia trabalhar

em sala de aula a leitura compartilhada, sacola viajante, contação de histórias e

dramatização, caracterizando os alunos de acordo com os personagens do texto,

teatro de fantoches, leitura e análise comparativa de textos, trabalhar datas

comemorativas, culturas diversas, levar os alunos para visitar a biblioteca e

proporcionar uma aula recreativa, recitais, aventuras pela escola, reconto do texto,

reelaboração de histórias, adaptações literárias, feira de livros, produção de álbuns e

livros construídos pelos próprios alunos com dia de autógrafos, palestras com

escritores, recitação ao ar livre, cinema na escola, teatro de contação dos filhos para

os pais, receitas culinárias, entre outras metodologias, proporcionando aulas

práticas e transformando a sala de aula em um espaço de oportunidades que

fomente criatividade, interação, criticidade e transformação de posturas.

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3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Entendemos que a prática da leitura deve proporcionar uma relação com o

saber criativo e desafiador, para reconhecer os vários sentidos que o texto pode

trazer de acordo com o ponto de vista de cada aluno e sua forma de pensar. É

nesse sentido que compactuamos com Silva (1993, p.25) ao afirmar que “[...] não é

preciso mudar o mundo, mas a sua posição diante do mundo”.

Percebemos que a formação e desenvolvimento do hábito pela leitura ainda

têm percalços, e que grande parte da responsabilidade está em proporcionar ao

aluno, na escola, a oportunidade de vivenciar diversas leituras e discutir sobre elas,

pois, através da leitura, as crianças poderão desenvolver com mais facilidade a

capacidade de interpretação e produção textual, como também serão seres

esclarecidos e capazes de transmitir os seus conhecimentos e ideias, utilizando um

léxico de acordo com cada situação vivenciada.

Em princípio, é de extrema importância o empenho do professor em sala de

aula em utilizar metodologias adequadas para trabalhar os textos de acordo com as

necessidades e dificuldades dos alunos. Ademais, precisamos da contribuição dos

pais e familiares, tentando incentivar esse hábito desde cedo em casa, o qual pode

ser alcançado contando histórias e depois presenteando os pequenos com livros de

historinhas interessantes, lendo com eles e lendo para que vejam esse evento como

algo natural e parte do cotidiano, com o propósito de cultivar bons leitores.

Devemos seguir as normas oficiais quanto à escolha dos gêneros textuais a

serem trabalhados, mas por que não fazer uma exceção e trabalhar um texto de

acordo com a preferência dos alunos em um ciclo de leitura? Nesta perspectiva, os

alunos poderão contribuir de forma ativa na aula, mostrando a sua preferência,

ideias e hipóteses.

Portanto, o professor, para trabalhar construtivamente com seus alunos,

precisa avaliar suas características e necessidades concretas, preocupando-se em

escutar o que eles oferecem, os seus pensamentos e suas dificuldades; desta

forma, o professor estará motivando e estimulando o pensamento crítico dos alunos,

aprimorando os conhecimentos, adquirindo habilidades na leitura, escrita e

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interpretação textual, formando sujeitos ativos e capazes de idealizar projetos e

realizá-los em prol da coletividade.

4. REFERÊNCIAS

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