uma viagem pela poesia brasileira. - operação de migração para … · 2009-05-20 · bandeiras...
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Autor: Rita Elvira Nunes Costa Conterno
NRE: Foz do Iguaçu Município: Foz do Iguaçu
Escola: Colégio Estadual Monsenhor Guilherme – Ensino Fundamental e Médio
Disciplina: Língua Portuguesa ( X ) Ensino Fundamental ( ) Ensino MédioTítulo: Uma viagem pela poesia brasileira.
Disciplina da relação interdisciplinar 1: História
Disciplina da relação interdisciplinar 2: Arte
Conteúdo Estruturante: Discurso enquanto prática social - Oralidade/Leitura/Escrita
Conteúdo Específico: Uma visão da poesia brasileira por um viés histórico-cultural.
Primeiro, vamos entender o que é um poema.
Podemos sintetizar assim:
E o que é a poesia?
Não é tarefa fácil definir o que é poesia, pois, é tudo a nossa volta que nos
evoca sentimentos, emoções, sensações e os sentidos. Assim, a poesia está numa
pintura que admiramos, numa música que ouvimos, num livro que lemos, numa
paisagem da natureza que nos impressiona, num desenho infantil, numa obra
arquitetônica construída. Está até mesmo em cenas do cotidiano como: crianças
brincando, uma reunião familiar, um passeio pelo parque, um gesto de solidariedade,
um trabalho bem feito e em muitas outras expressões, naturais ou culturais.
A poesia fala apenas do que é bonito?
Contudo, seja cauteloso, o poeta Mário Quintana sabiamente nos alerta sobre a
poesia e o poema:
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Prazer de ler ou aprender? Por que lemos poemas? Para que eles são feitos? A
poesia é uma arte. E você, pode ser um artista?
Vamos descobrir tudo isso viajando pela poesia brasileira?
O poema é o registro da poesia.
A poesia fala e pode falar de tudo!
A poesia expressa a emoção do ser
humano, e o faz de um modo especial.
Afinal, o poeta é um artista. Assim:
“A poesia não se entrega a quem a define.”
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O conceito de poesia é amplo, no entanto, podemos reconhecer um poema pela
maneira como ele é registrado: por sua forma, através de seus versos (cada linha do
poema é um verso) e suas estrofes (conjunto de versos). A combinação, os significados
das palavras, seu ritmo, sua sonoridade e musicalidade, as imagens e os movimentos
que elas sugerem compõem um poema. O texto poético apresenta particularidades,
tanto na forma/estrutura quanto no conteúdo, ou seja, no significante e no significado,
que o diferenciam de um texto em prosa (diferente da prosa poética), e pelas quais
podemos reconhecê-lo.
Os elementos de que se constitui a especificidade do poema estão na
linguagem e a linguagem é uma construção da cultura, é preciso interação entre leitor e
texto para uma experiência poética. A leitura, seja de um texto em prosa ou um poema,
é uma atividade que exige intensa participação do leitor.
Leia este poema de Cecília Meireles, uma das maiores poetisas do Brasil:
http://www.klickescritores.com.br/pag_imortais/fr_meireles.htm E por falar em flores, em 1968, Geraldo Vandré, um músico paraibano, escreveu
a música: “Pra não dizer que não falei das flores”; mas não se engane, na verdade, a
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Entenda a poesia como inspiração: imaterial
e o poema como expressão: material.
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“O poema essa estranha máscara mais verdadeira do que a própria face.”
4º Motivo da rosa
Não te aflijas com a pétala que voa:
também é ser, deixar de ser assim.
(...)
mortas, intactas pelo teu jardim.
Eu deixo aroma até nos meus espinhos
ao longe, o vento vai falando de mim.
E por perder-me é que vão me lembrando,
por desfolhar-me é que não tenho fim.
letra falava da resistência ao regime militar da época, refletia o momento sócio-político
vivido. (Procure a letra dessa música essa perceba a mensagem implícita:
http://www.mpbnet.com.br/musicos/geraldo.vandre/index.html).
E nós, vamos falar das flores da nossa época?
A construção de sentido num texto pressupõe a interação autor-texto-leitor.
Assim, a leitura de um poema pode sugerir mais de uma interpretação: várias leituras,
vários entendimentos - como em outros tipos de textos. Entretanto, a linguagem poética
é mais subjetiva, é pessoal e emotiva. Existem diferenças entre as linguagens e suas
funções, assim como na língua escrita e na língua falada. Quando falamos, geralmente
somos mais informais em relação às regras gramaticais; enquanto que na escrita,
observamos com mais atenção estas regras. Portanto, para compreender um texto,
seja poético ou não, devemos considerar o encadeamento de idéias e perceber as
relações entre texto e contexto. O grande educador Paulo Freire nos ensina: a leitura do
mundo acontece sempre antes da leitura da palavra.
Vamos viajar pela nossa poesia? Será um passeio histórico-cultural.
Começaremos pelo “descobrimento”.
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Contexto: conjunto de suposições, baseadas nos saberes dos interlocutores :
autor-leitores, para a interpretação de um texto. Ou seja, tudo aquilo que, de alguma
forma, contribui para a construção de sentido.
Lembre-se:
um poema, geralmente, é escrito em
versos e apresenta ritmos próprios;
a significação e combinação
das palavras é fundamental;
revise sempre o que escreveu.
Crie seu poema. Você pode falar da flora, da natureza em geral ou
do meio ambiente como um todo (a preservação, a destruição, a conscientização).
E pode também falar das flores...
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Temos poetas desde o início da nossa colonização. Quando o Padre José de
Anchieta veio para o Brasil, no século XVI, trabalhou a catequese com os índios;
escreveu uma gramática em Tupi (língua indígena); escreveu hinos, sermões, teatro e
também poemas. Veja o quadro: O Poema de Anchieta, de Benedito Calixto (Procure
em: http://www.novomilenio.inf.br/festas/anchie08.htm), que o representa escrevendo,
na areia, o poema religioso: De Beata Virgine Dei Matre Maria, escrito em latim e
composto de 5.785 versos. (Para saber mais sobre este poema e o Padre Anchieta
acesse: http://www.mundocultural.com.br/literatura1/informativa/anchieta.htm).
Comumente escrevemos poemas em papel: caderno, cartolina, diário etc. Há
pessoas no entanto, como o Pe. Anchieta, que preferem escrevê-los em lugares
diferentes. Você já deve ter visto poemas escritos no espelho com batom, sobre um bolo
com glacê, na calçada com uma pedra, no tronco das árvores com faca, no cimento
molhado, muros e paredes. (Consulte: http://estilo.uol.com.br/album/cad_dec).
Sugestões: pintá-lo numa folha vegetal seca; escrevê-lo, com um pedaço de
carvão, em um tecido branco; registrá-lo em um pedaço de madeira ou numa camiseta;
pintá-lo sobre uma telha de barro... (você pode também ‘brincar’ com as letras).
Continuando o passeio... nossa literatura barroca: século XVII.
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Atenção! Use sua criatividade, mas não infrinja regras. Dependendo do local onde
você escrever, será um desrespeito ambiental, como no tronco das árvores;
ou vandalismo, se você pichar muros, paredes, escrever em orelhões, ou ainda, no
espelho do banheiro, nas carteiras, cadeiras, mesas e paredes da escola.
Respeite a comunidade! Seja cidadão(ã)! Seja responsável!
“Que falta nesta cidade? Verdade.
Que mais por sua desonra? Honra.
Falta mais que se lhe ponha? Vergonha.”
Que tal inventar? Crie seu espaço, seu lugar, sua maneira
de registrar os poemas, revele a arte que há em você.
Escreva um poema (tema livre) e registre-o em um lugar incomum.
Depois de pronta, vamos expor a arte produzida? Organizem uma exposição
dos trabalhos. Exponha em sala de aula ou no pátio da escola, se for conveniente.
Leia este trecho
de um poema satírico
do “Boca do Inferno”:
Apesar da atualidade temática deste poema, ele foi escrito no século XVII por
Gregório de Matos, um baiano que é considerado o primeiro grande poeta brasileiro.
“Boca do Inferno” era seu apelido em razão de sua linguagem ferina, com a qual
criticava pessoas, instituições e costumes de sua época. Em sua produção poética,
além da poesia satírica, também há poemas religiosos e poemas lírico-amorosos. (Ficou
interessado? Então acesse: http://www.sonetos.com.br/biografia.php?a=5).
Dessa época, é também Padre Vieira, além de grande pregador - famoso por
seus sermões, foi defensor de negros, índios e os cristãos novos - judeus convertidos.
(Saiba mais sobre Pe. Vieira em: www.vidaslusofonas.pt/padre_antonio_vieira.htm).
Avançando no tempo: sementes de liberdade na nossa história. Século 18.
Em pleno século XVIII, Vila Rica (atual Ouro Preto - MG) era o centro
econômico do Brasil-colônia; sabemos que junto à economia está também a vida social,
política e cultural. Reuniu-se ali, naquela época, um grupo de intelectuais influenciados
pelos ideais do Iluminismo (movimento filosófico surgido na França que valorizava,
sobretudo, a razão). Este grupo idealizou a Conjuração Mineira, um movimento de
independência que pretendia libertar o Brasil da Coroa Portuguesa. No entanto, o grupo
foi traído, o movimento delatado e Tiradentes, o líder, enforcado a mando de Portugal.
O Movimento não vingou, mas as sementes de liberdade se espalharam.
Além de militares e religiosos, faziam parte deste grupo mineiro poetas
conhecidos como: árcades ou neoclássicos – que tinham, entre outros, o lema: “carpe
diem” (aproveite o dia). As artes plásticas desse período colonial também nos legaram
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Responda: você diria que este poema de Gregório de Matos foi escrito há quatro
séculos? Ele parece bastante atual, não é mesmo? Por que será?
Faça, você também, um poema crítico. Escolha um assunto do momento.
E agora, como Pe. Vieira, componha um poema onde você defenda uma causa.
Recorte de um jornal ou revista uma reportagem-denúncia de um fato atual. Cole o
texto em seu caderno e registre seu comentário sobre o assunto.
um mestre da arte barroca, Aleijadinho - Antônio Francisco Lisboa, que foi escultor,
entalhador e arquiteto. (Aprenda mais em: htpp://www.aleijadinho.com/).
• Bandeira elaborada pelos inconfidentes (atual bandeira de Minas Gerais)
• Sua inscrição diz: “Libertas quae será tamen”; esta é uma inscrição latina
que significa:“ Liberdade ainda que tardia”.
Retomando o assunto: hoje, Tiradentes é considerado herói nacional, 21 de
abril é o seu dia e é feriado no país. Outro brasileiro que conquistou essa fama de herói
foi Zumbi dos Palmares, líder da resistência negra na época da escravidão. Ele também
foi morto em defesa de sua causa: a liberdade. Atualmente, 20 de novembro é lembrado
em nosso país como “Dia da Consciência Negra”. (Sobre esse assunto acesse o site:
http://www.suapesquisa.com/historiadobrasil/zumbidospalmares.htm).
Leia este trecho de um samba-enredo, juntas estão: música, dança e história.
“Joaquim José da Silva Xavier
Morreu a 21 de abril
Pela independência do Brasil
Foi traído e não traiu jamais
A inconfidência de Minas Gerais” http://www.ibge.gov.br/ibgeteen/datas/
A arte popular em nossa cultura, em nossa história.
"Todo este sangue de mil raças / corre em minhas veias / sou brasileiro /
mas do Brasil sem colarinho / do Brasil negro / do Brasil índio." Sérgio Milliet
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Você considera importante a figura de heróis para o nosso país? Argumente.
Relacione algumas personalidades que você considera heróicas na
história brasileira, ou em sua história pessoal. Comente-as em seu caderno.
Vamos fazer um círculo em sala de aula e refletir sobre as respostas.
Pesquise o significado dos elementos que compõem a bandeira paranaense.
Desenhe a bandeira do Estado do Paraná e faça uma sobreposição do desenho
utilizando elementos naturais típicos do estado. Exponha em sala de aula.
Pesquise sobre a Inconfidência Mineira e saiba mais sobre esse movimento.
Acesse o site: htpp:/www.brasilrepublica.com/bandeiraestado.htm, veja as
bandeiras dos demais estados brasileiros e saiba mais informações sobre elas.
Os autores desse samba-enredo da escola de Samba Império Serrano, de 1949, são Mano Décio da Viola, Penteado e Stanislaw Silva, mas a música só fez sucesso mesmo no carnaval de 1955, na voz de Roberto Silva. Tempos depois, a cantora Elis Regina regravou a música, também fazendo imenso sucesso.
Muito da nossa arte vem da cultura popular, extremamente rica em nosso país.
A miscigenação étnica de nossa formação é um baú de tesouros. Os povos indígenas,
os primeiros habitantes; os portugueses, os colonizadores; e os africanos, a força de
trabalho, compõem esse mosaico cultural - cada povo contribuindo com seus saberes,
suas tradições. E ainda temos muitos outros povos que vieram acrescer à nossa
fecunda cultura. No final do século XIX e início do século XX, foi grande o número de
imigrantes, principalmente europeus, que vieram para o Brasil. A região Sul recebeu
muitos destes imigrantes: italianos, alemães, poloneses e ucranianos, entre outros, que
em muito contribuíram para a diversidade e riqueza da nossa cultura paranaense.
A identidade de um povo se faz pela sua cultura, sua arte, seu folclore.
Os provérbios, por exemplo, são poemas populares, têm ritmo e rima, e são
fáceis de serem decorados. Fazem parte da tradição oral e expressam um conselho,
uma sentença moral, uma advertência; são conhecidos também como: filosofia popular.
Com as cantigas de roda e as canções de ninar acontece o mesmo, são
poemas populares, manifestações culturais que aprendemos em nossa infância e
vamos compartilhando uns com os outros, num processo interativo. (Procure cantigas e
canções infantis em: www.qdivertido.com.br/cantigas.php). Nas cantigas, a poesia é
ligada à música, mas isso não é novidade, essa união remonta à Idade Média. Naquela
época - tempo dos trovadores, as letras eram musicais, a poesia já era ligada à música.
Quanto aos provérbios, nós os aprendemos ouvindo-os das pessoas,
geralmente, mais velhas do que nós. Eis alguns exemplos de provérbios bem populares:
Prosseguindo nossa viagem, já estamos no século XIX.
Você reconhece os dois
últimos versos dessa estrofe?
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Registre aqui outros provérbios. Pesquise em sua comunidade:
pergunte a sua família, seus amigos e vizinhos.
Depois de recolhidos, socialize-os com seus colegas.
Vamos compartilhar essa nossa riqueza cultural.“Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.”
“Deus ajuda quem cedo madruga.” “Quem não tem cão, caça com gato.”
“Quem semeia ventos, colhe tempestades.” “Filho de peixe, peixinho é.”
“Água mole em pedra dura tanto bate até que fura.” “O barato sai caro.”A
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“Senhor Deus dos desgraçados! / Dizei-me vós, Senhor Deus,
Se eu deliro... ou se é verdade / Tanto horror perante os céus?!...”
Eles estão presentes nosso “Hino Nacional”. E é uma estrofe da “Canção do
exílio”, poema escrito em 1843 pelo poeta nacionalista e indianista Gonçalves Dias,
quando ele se encontrava em Portugal, longe e com saudades da pátria: o Brasil. Este
poeta romântico também escreveu belos poemas de amor. (Conheça mais sobre seus
poemas: http://www.mundocultural.com.br/literatura1/romantismo/gdias.htm ).
Leia estes versos de Gonçalves Dias, do poema indianista: “I – Juca Pirama”:
Mas, muito além de ser nacionalista, importa ser comprometido. A defesa da
liberdade humana, denunciando as atrocidades aos negros, conferiu-lhe o título de
“poeta dos escravos”: Castro Alves, um dos mais atuantes poetas brasileiros. Seu
posicionamento político-social revelava sua coragem, expressa em poemas
abolicionistas escritos à época da escravidão no Brasil. Poeta condoreiro - temas sociais
e políticos, ele escreveu também belos poemas lírico-amorosos. (Para saber mais
acesse: http://www.secrel.com.br/jpoesia/calve202.html). O poeta baiano Castro Alves
nasceu no dia 14 de março, hoje, uma data comemorativa: “Dia Nacional da Poesia”.
O tom exaltado dos versos de Castro Alves mostra sua força ainda hoje. Leia
este trecho do poema “O navio negreiro”, que fala do sofrimento do negro escravizado:
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Contextualizando a questão. Reflita
e discuta com seus colegas: atualmente, os
bens culturais e os bens econômicos, o
acesso à educação, o direito à saúde e à
moradia, fazem parte da vida de todos os
brasileiros? Vivemos plena igualdade de
direitos, com liberdade de escolhas e
dignidade humana?
“Meu canto de morte, / Guerreira, ouvi: / Sou filho das selvas,
Nas selvas cresci; / Guerreiros, descendo / Da tribo tupi.”
E a situação do índio hoje, é diferente daquela época do descobrimento, há 500
anos? Faça um poema idealizando o índio e outro que fale da realidade do índio hoje.
Recorte de revistas ou jornais imagens sobre os índios do Brasil e ilustre os poemas.
http://www.diaadia.pr.gov.br/tvpendrive/arquivos/Image/conteudos/imagens/portugues/retirantes
Final do século XIX, início do século XX: parnasianos e simbolistas.
É a vez dos poetas parnasianos, da “arte pela arte”, é o culto da forma.
Destaca-se a tríade de poetas: Olavo Bilac, Raimundo Correia e Alberto de Oliveira.
Bilac escreveu, em 1889, a letra do nosso “Hino à Bandeira”. (Acesse e aprenda mais
em: http://educaterra.terra.com.br/literatura/parnasianismo/parnasianismo_7.htm)
E vêm os simbolistas, que negam artisticamente a realidade. Os poetas criam
um mundo muito subjetivo, de sonhos; a linguagem é simbólica e musical; importa a
sugestão. (Saiba mais em: http://www.geocities.com/alcalina.geo/39litera/simbol.htm)
Leia em voz alta,os versos do poema simbolista* “Violões que choram” , 1897:
Vozes veladas, veludosas vozes
Volúpias dos violões, vozes veladas,
Vagam nos velhos vórtices vorazes
Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas...
Cruz e Sousa
Nossa viagem aporta de vez no século XX.
Augusto dos Anjos é um poeta de uma estranha poesia: melancólica,
pessimista, cientificista e mórbida; bem diferente dos demais poetas da época. (Acesse:
http://www.biblio.com.br/conteudo/AugustodosAnjos/augustodosanjosobras.htm)
Leia estes versos do poema “Versos íntimos” e ‘sinta’ sua poesia :
Enfim os modernistas, vivemos o século XX.
O mundo e o Brasil vivem mudanças e isso se reflete no pensamento e na arte
no decorrer do século XX. Aqui, culminou na Semana de Arte Moderna realizada em
São Paulo, 1922. O propósito era a ruptura com o passado, inovar. Os modernistas se
apresentaram e mostraram sua arte, quebrando regras e rompendo tradições; liberdade
na forma, na expressão e no conteúdo: a liberdade criadora. A temática passou a ser o
cotidiano: linguagem renovada e coloquial. Buscava-se um novo olhar sobre a realidade
brasileira, uma identidade nacional; assim, entenda o Modernismo como um movimento
também político e social. (Saiba mais: http://www.redacional.com.br/modernismo.htm ).
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Agora é com você, escreva um
poema fazendo uso da aliteração
(repetição de fonemas a fim de sugerir
sons). O poeta fez uso do fonema /v/. E
você, vai fazer o quê?
Os
Re
tiran
tes.
Cân
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Por
tinar
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Arquivo pessoal (fundo)
“Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga, / Escarra nessa boca que te beija!”
Perceba esse trajeto em alguns de nossos poetas modernistas e seus poemas:
http://estilo.uol.com.br/album/cad_decoracao_album.jhtm
O segundo momento da poesia modernista nos apresenta o mineiro Carlos
Drummond de Andrade, sempre atento ao mundo a sua volta, é considerado um dos
maiores poetas do Brasil (Acesse: http://www.casadobruxo.com.br/poesia/c/carlos.htm).
Leia um trecho de um de seus primeiros poemas, do livro Alguma poesia:
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No meio do caminho
No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.
Há pedra(s) em seu caminho?
Fale sobre ela(s) em um poema.
Represente, através de um desenho,
“as pedras no caminho do ser humano”.
Compartilhe suas reflexões com
os colegas debatendo-as. Exponha, em
sala de aula, os poemas e os desenhos.
A partir do poema “Quadrilha” de Drummond (acesse o site anterior), que simula
uma dança, pesquise sobre as Festas Juninas no Brasil, forte traço cultural do país.
Agora, explique o significado do substantivo coletivo quadrilha. A seguir, resgate
da nossa história um fato que exemplifique esse sentido da palavra e relate-o.
Decoração e poesia
Estes versos de Manuel Bandeira decoraram uma
parede numa exposição sobre Decoração de
Interiores, “CAD Brasil”, realizada em São Paulo,
2007. A proposta é unir decoração e poesia. Os
versos de Bandeira falam:
“Menina bonita
do vestido verde
me da tua boca
pra matar minha sede”
O poeta modernista Cassiano Ricardo, em sua “Poética”, define assim a poesia:
“Que é a poesia? / uma ilha / cercada / de palavras / por todos / os lados.”
Arquivo pessoal (fundo)
O poeta das coisas simples, o gaúcho Mário Quintana, dizia que sua poesia era
feita simplesmente “por sentir necessidade de escrever”. Sobre poemas ele escreveu:
“ Os poemas são pássaros que chegam/ não se sabe de onde e pousam/ no
livro que lês./ Quando fechas o livro, eles alçam vôo/ como de um alçapão.”
(Saiba mais sobre o poeta, acesse: http://www.paralerepensar.com.br/m_quintana.htm).
Uma poetisa paranaense.
A poesia paranaense também é fértil em ‘artistas das palavras’, dentre tantos,
nos apresenta a poetisa Helena Kolody, fruto da imigração européia. Sobre as palavras
ela escreveu: “Palavras são pássaros / Voaram / Não nos pertencem mais”.
Leia mais alguns trechos de seus belos poemas:
KOLODY, Helena. Sinfonia da vida. REZENDE, Tereza Hatue (org.). Curitiba: Letraviva, 1997.
Gostou da viagem? Que tal o roteiro turístico pela poesia brasileira? Nosso
objetivo foi despertá-lo(a) para o nosso imenso território de poemas. Que esse passeio
tenha sido um vôo, um mergulho... E que seu interesse possa torná-lo(a) autônomo(a)
em busca não só da poesia nacional, mas viajar por uma poesia sem fronteiras... ser
passageiro e ser piloto! Agora, está sob seu comando.
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O poeta nasce no poema,inventa-se em palavras.
SagaVim de meu berço selvagem,
lar singelo à beira d’água,no sertão paranaense.
Milhares de passarinhosme acordavam nas primeirasmadrugadas da existência.
Elogio do poetaQuando os homens viram os olhos do poeta,
Acharam em sua luz a luz do próprio olharE no seu sonho o próprio sonho refletido.
No ritmo do seu verso, então, reconheceramA canção que cantariam, se soubessem cantar.
Não é o tempo que voa.Sou eu que vou devagar.
E você, sabe cantar na poesia, em um poema? Invente-se em palavras.
CânticoA luz do teu olhar é a estrela solitária
Da noite deste amor, que é feito de silêncio.
Deus dá a todos uma estrela. Uns fazem da estrela um solOutros nem conseguem vê-la.
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A leitura é uma grande viagem, aprendemos a ler e escrever melhor pelo exercício,
pela prática, pelo hábito e sobretudo, pelo gosto. Mário Quintana nos adverte:
“Os verdadeiros analfabetos são os que aprenderam a ler e não lêem”.
O poeta nasce no poema,inventa-se em palavras.
“Geralmente, a prosa entra por um ouvido e sai pelo outro”.
A poesia, não: entra pelo ouvido e fica no coração.” José Paulo Paes
Assuma, poeta do século XXI!
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. 29ª ed. São Paulo: Cortez, 1994.
KOCH, Ingedore Villaça; ELIAS, Vanda Maria. Ler e compreender: os sentidos do texto. 2ª ed. São Paulo: contexto, 2006.
LAJOLO, Marisa. Do mundo da leitura para a leitura do mundo. 6ª ed. São Paulo: Ática, 2006.
MARTINS, Maria Helena. O que é leitura. 19ª ed. São Paulo: Brasiliense, 1994.
PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares de Língua Portuguesa para a Educação Básica. Curitiba, 2006.
_______. Diretrizes Curriculares de História para a Educação Básica. Curitiba, 2006.
_______. Diretrizes Curriculares de Arte para a Educação Básica. Curitiba, 2006.
<http://www.algumapoesia.com.br
<http://www.releituras.com/releituras.asp
<http://www.revista.agulha.nom.br
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