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UMA VISÃO SOBRE O PROAGRI Uma Análise do Grupo Moçambicano da Dívida (GMD) Iraê Baptista Lundin Coordenadora da Equipa de Trabalho Chagas Levene Marlene Germano Maputo, 30 de Agosto de 2004 Av. Olof Palme Nº 236 Caixa Postal Nº 2223 Maputo Moçambique Website: www.divida.org Tel: + 258 -1- 3038680/ 3030260 Fax: + 258 -1- 3038670 Telemóvel: + 258 82 3059930 E-mail: [email protected]. mz Grupo Moçambicano da Dívida

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UMA VISÃO SOBRE O PROAGRI Uma Análise do Grupo Moçambicano da Dívida (GMD)

Iraê Baptista Lundin Coordenadora da Equipa de Trabalho Chagas Levene

Marlene Germano

Maputo, 30 de Agosto de 2004

Av. Olof Palme Nº 236 Caixa Postal Nº 2223 Maputo Moçambique Website: www.divida.org

Tel: + 258 -1- 3038680/ 3030260 Fax: + 258 -1- 3038670

Telemóvel: + 258 82 3059930 E-mail: [email protected]. mz

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ÍNDICE PÁGINA

Abreviaturas Usadas 4

Lista das Caixas de ASSUNTOS PARA DEBATE (1) A Participação das Comunidades na Gestão Agrária 21 (2) O Sector Familiar como Sector Produtivo 22 (3) O Sistema Financeiro Rural 27 (4) A Criação do Instituto de Investigação Agrária de Moçambique para Diminuir

Factores de Risco na Prática Agrícola 30 (5) A Horizontalidade do PROAGRI 32 (6) A Ligação entre o Crescimento e o Desenvolvimento 39 (7) Como a Sociedade Civil quer Participar no PROAGRI 46 (8) Indicadores que Liguem Fundos com Maior Produção e Produtividade 50 (9) Porque o PROAGRI não é um Programa Multisectorial dentro do PARPA? 53 (10) Mais Integração do PROAGRI no/com o Sector Empresarial 62 (11) Maior Ligação do PROAGRI com TODOS OS OUTROS PROGRAMAS que

Tenham Ligação com o Desenvolvimento Rural 64

SUMÁRIO EXECUTIVO 6

PREÂMBULO 12 Linhas Mestres do Estudo 13

PARTE 1 MARCO INTRODUTÓRIO 14 1 INTRODUÇÃO 14 1.1. Razão de Ser do Estudo 14 1.2 Objectivos 14 1.3 Metodologia As Fases do Trabalho e seus Objectivos 15

2 PROAGRI Um Programa de Desenvolvimento Rural 19 2.1 Premissas que Motivaram o PROAGRI, a Metodologia de

Implementacão do Programa 20 2.2 O Actor Estado 21 2.3 O Actor Sector Familiar 22 2.4 O Actor ONGs Nacionais e Internacionais 23 2.5 O Actor Sector Privado 23 2.6 O Actor Outras Associações

23 2.7 Componentes do PROAGRI 23 2.7.1 Componente Produção Agrária 24 2.7.2 Componente Extensão Rural 24 2.7.3 Componente Investigação 25 2.7.4 Componente Pecuária 25 2.7.5 Componente Florestas e Fauna Bravia 26 2.7.6 Compenente Gestão de Terras 26 2.7.7 Sistema Financeiro Rural 26

3 DO PROAGRI 1 AO PROAGRI 2 28 3.1 O Processo de Revisão do Programa 29 3.1.1 No Âmbito da Cooperação entre a União Européia e Moçambique 31 3.2 Assuntos Horizontais 32

4 PROAGRI 2 33

PARTE 2 LEITURA ANALÍTICA DO PROAGRI 36 5 DIFERENTES PERCEPÇÕES SOBRE OS CONCEITOS

CHAVES DO PROGRAMA 36

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5.1 Conceitos Identificados e Sua Problematização 37 5.2 Outras Conceitualizações Documentais 37 5.3 Percepção de Outros Actores 38

6 PARTICIPAÇÃO DE DIFERENTES ACTORES NO PROCESSO DE ELABORAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DO PROAGRI 39

6.1 Actores Estatais Centrais 39 6.2 Actores Doadores 40 6.3 Participação das Associações Sediadas em Maputo, Ligadas ao Meio Rural 42 6.3.1 Somatório 43 6.4 A Visão das Províncias 45

7 IMPACTO DO PROAGRI NA CAPACITAÇÃO DO MADER 46 7.1 Actor Estado Central 46 7.2 Actores Doadores 48 7.3 O Impacto Institucional do PROAGRI ao Nível das Províncias 49

8 IMPACTO DO PROAGRI NO COMBATE À POBREZA 50 8.1 Actor Estado 51 8.2 Actor Doador 51 8.3 Actores da Sociedade Civil 52 8.4 As Províncias 53

9 LIGAÇÃO ENTRE A AGRICULTURA E O CONSUMO DO PRODUTOR, A INDÚSTRIA TRANSFORMADORA, O MERCADO (FORMAL E INFORMAL), E O MERCADO EXTERNO 54

9.1 Para o Produtor Agrícola (Familiar e Privado) 54 9.1.1 GAPI 55 9.1.2 ADEM 56 9.1.3 ADIPSA 58 9.2 Para o Comprador para Revenda (Formal e Informal) 59 9.2.1 Os Informais 60 9.3 Para o Agro-Industrial 60 9.4 Para o Promotor da Produção e da Agro Indústria 61

10 LIGAÇÃO ENTRE O PROAGRI E PROGRAMAS DE DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL 62

10.1 FARE 62 10.2 PODE 63

PARTE 3 REFLEXÃO FINAL, SUGESTÕES E RECOMENDAÇÕES 65 11 REFLEXÃO FINAL 65 11.1 Contribuição do PROAGRI para o Desenvolvimento em Geral 65 11.2 Contribuição do PROAGRI para o Desenvolvimento Rural 67 11.2.1 O Papel do Sector Familiar e do Empresarial 69 11.2.2 Promoção das Agro-indústrias e Processamento Primário 69 11.2.3 PROAGRI e o Sistema Financeiro Rural 70 11.2.4 O Papel do Estado 70 11.3 Contribuição do PROAGRI para o Reforço Institucional do MADER 71 11.4 Contribuição do PROAGRI para o Combate à Pobreza 72 11.5 Classificação das Estratégias do PROAGRI 73 11.6 Participação no PROAGRI 74 11.7 Prioridades e Constrangimentos 75 11.7.1 Prioridades 75 11.7.2 Constrangimentos 76 11.8 Resultados/Sucessos 78 11.9 Lições Apreendidas 79

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11.10 Desafios 80 11.11 Manica 81 11.11.1 Quanto à Elaboração do PROAGRI 83 11.11.2 Sobre o Processo de Revisão na Província 83 11.11.3 Quanto ao Impacto no Alívio à Pobreza 83 11.11.4 Quanto ao Impacto do PROAGRI junto aos Produtores 83 11.12 Nampula 85 11.12.1 Capacitação Institucional 85 11.12.2 A Questão daComercialização Agrícola 86 11.12.3 Apoio à Produção Agrícola e Pecuária 86 11.12.4 A Questão da Informação 87 11.12.5 Sucessos e Participação 87

12 SUGESTÕES E RECOMENDAÇÕES 87 12.1 A Opinião das Organizações que Trabalham no Meio Rural 88 12.1.1 O Capítulo do Meio Ambiente 88 12.1.2 Para Mais Desenvolvimento Rural 88 12.1.3 A Prestação de Serviços 89 12.1.4 Na Participação 89 12.1.5 O Camponês como Alvo, e Parcerias 89 12.2 Sugestões e Recomendações em Somatório 90 12.2.1 Para os Actores Estatais 90 12.2.2 Para a Sociedade Civil 92 12.2.3 Para Todos os Actores 92

DOCUMENTOS CONSULTADOS 93

ANEXO 1 LISTA DE ENTREVISTADOS Por Nome, Instituição/organização, Local e Data 95

A EM MAPUTO 95 B EM MANICA 97 C EM NAMPULA 98

ANEXO 2 GUIÃO PARA AS ENTREVISTAS 100

Abreviaturas Usadas ABIODES Associação Biológica de Biodiversidade e Desenvolvimento Sustentável ADIPSA Apoio ao Desenvolvimento de Iniciativas Privadas no Sector Agrário ADPRUM Associação para o Desenvolvimento de Projectos Rurais de Moçambique AGRIFOCUS Agricultura e Comércio Internacional AMECON Associação Moçambicana dos Economistas AMODER Associação Moçambicana para o Desenvolvimento Rural ASDI Agência Sueca para o Desenvolvimento Internacional BAD Banco Africano de Desenvolvimento CEFF Centro de Experimentação Florestal e Faunística CIDA Canadian International Development Agency CIPLA Complexo Industrial do Planalto CTA Confederação de Trabalho das Associações Económicas de Moçambique DANIDA Danish International Development Agency DFID Department for International Development (United Kingdom) DINA Direcção Nacional de Agricultura DINAGECA Direcção Nacional de Geografia e Cadastro DINAP Direcção Nacional de Pecuária DNER Direcção Nacional de Extensão Rural DNFFB Direcção Nacional de Florestas e Fauna Bravia

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DNP Direcção Nacional das Pescas DNRH Direcção Nacional de Recursos Humanos DWG Donor s Working Group FARE Fundo de Apoio para a Reabilitação Económica FED Fundo Europeu de Desenvolvimento FIDA Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola FINIDA Finish International Development Agency EMP Environment Managerial Plan GAPI Gabinete de Promoção de Investimentos - Sociedade de Promoção de

Pequenos Investimentos GMD Grupo Moçambicano da Dívida GON Gabinete do Ordenador Nacional GTZ German Technical Cooperation HIV-SIDA Human Imunodeficience Virus (Virus de Imunodeficiência Humana) -

Sindroma de Imunodeficiência Adquirida IAM Instituto do Algodão de Moçambique ICRAF Centro Internacional de Pesquisa Agro Florestal (International Centre for

Research Agro Forestal) IIAM Instituto de Investigação Agrária de Moçambique INA Instituto Nacional do Açúcar INAM Instituto Nacional de Meteorologia INCAJU Instituto Nacional do Cajú INIA Instituto Nacional de Investigação Agronómica INIPE Instituto Nacional de Produção Pesqueira INIVE Instituto Nacional de Investigação Veterinária IPA Instituto de Produção Animal IWCU International World Conservation Union IVA Imposto sobre o Valor Acrescentado MADER Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural MAP Ministério da Agricultura e Pescas MCFR Mecanismo Comum de Fluxo de Recursos MIC Ministério da Indústria e Comércio MLT Moçambique Leaf Tobacco MOPH Ministério de Obras Públicas e Habitação MPF Ministério do Plano e Finanças NORAD Norwegian Agency for Development ONG Organização Não Governamental ORAM Organização Rural de Ajuda Mútua PAAO Plano Anual de Actividades e Orçamento PAEI Política Agrária e Estratégia de Implementação PARPA Programa de Redução da Pobreza Absoluta PMA Programa Mundial de Alimentação PAMA Programa de Apoio aos Mercados Agrícolas PODE Projecto para o Desenvolvimento Empresarial PODE-CAT Projecto para o Desenvolvimento Empresarial

Componente de Aprendizagem Técnica

PWG PROAGRI Working Group SADC Southern African Development Community SEMOC Sementes de Moçambique SINTAF Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Agro-pecuários e Florestais SWAp Sector Wide Approach UE União Européia UEM Universidade Eduardo Mondlane UNAC União Nacional de Camponeses UNDP United National Development Agency USAID United States Agency for International Development WWF World Wild Fund

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SUMÁRIO EXECUTIVO Existe um consenso acerca da importância da PROAGRI para Moçambique. Tanto por parte dos doadores que participam no financiamento do programa, como dos que não o financiam, e ainda, por parte dos sectores estatais e da sociedade civil incluindo as organizações não governamentais moçambicanas (ONG), personalidades e empresários nacionais ou a operar em Moçambique.

Por mais que se encontrem críticas pelo facto do programa não estar a ser optimizado devido a diferentes razões, ele é visto por todos os actores contactados como uma mais valia para o desenvolvimento do país, e por ser assim deve continuar com uma fase 2. Várias razões ditam a coincidência de opiniões, sendo a mais importante a que prende-se com a segurança alimentar da maioria da população moçambicana que vive no campo e que é também a mais pobre.

Em relação ao desenvolvimento rural, o PROAGRI potenciou a produção agrícola no fomento de culturas. E na Direcção Nacional de Agricultura (DINA) interveio nas áreas de políticas e regulamentos para criar um quadro para facilitar e atrair o investimento do sector privado, para a cultura específica. Desenvolveu-se a cultura do tabaco en Tete, Manica e Nampula, que contribuiu para ajudar na redução da pobreza em algumas aldeias, esta cultura neste momento envolve 128.000 famílias ainda que não se dedicando com exclusividade só a essa produção.

Entretanto, percebe-se bem que o PROAGRI não é (ainda) igual a desenvolvimento rural. Mas mesmo não sendo, poderia ter contribuído mais para se esboçar uma estratégia mais global neste domínio, que tudo indica ainda não existir. Neste contexto, considerando que mesmo sem a intervenção do governo ou de grupos privados a população pratica a agricultura como forma de subsistência, pode-se acreditar que quando existir tal estratégia ela se beneficiará de algum tipo de disponibilidade de renda por parte do camponês.

Neste sentido, afigura-se de importância que o PROAGRI esteja ligado mais concretamente ao PARPA. Sugerindo-se mesmo que o Programa deveria fazer parte de uma grande estratégia de combate à pobreza embaixo da tutela do PARPA com mais involvimento do MPF como o coordenador deste ultimo Programa. Assim o própria PARPA seria menos PRSP e mais um Plano de Combate à Pobreza Absoluta voltado entretando ao desenvolvimento rural integrado involvendo o estado, o camponês familiar como grupo mais vulnerável, e o sector privado. Seria assim, tanto um Programa de combate à pobreza como de criação de riqueza.

Louva-se o reforço da capacitação institucional para gerir o MADER que foi construída com o PROAGRI 1, mas argumenta-se no contexto de desenvolvimento rural, que esta centrou-se em grande medida algo longe dos locais onde o Programa devia chegar. O argumento, é que sendo este um programa virado ao camponês devia possibilitar que os mesmos conseguissem obter renda para melhorar sua condição material. E essa renda só seria possível se houvesse a produção camponesa optimizada. Algo indica que parece existir aqui algum tipo de conflito sobre como a capacitação institucional devia ter sido

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feita para se chegar à optimização de recursos materiais e humanos voltados a mais eficácia e eficiência na produção. Muitas questões se levantam que conduzem à pergunta: se o MADER deve ter uma estrutura pesada que pode correr o risco de ser ineficiente? Questiona-se assim, se não deve-se optar por algo mais leve e usar mais, por compra, alguns serviços de privados em vez de auto implementação, um pensamento mais congruente com a economia de mercado. Existe assim, do ponto de vista conceitual, um conflito entre o estado minimalista e maximalista. A hesitação neste sentido pode existir em parte, devido aos doadores serem os proponentes dos modelos e cada um agir a pensar nos seus respectivos padrões institucionais.

A equipa de avaliadores fica com a percepção, neste contexto, de alguma hesitação e de ainda (in) certeza/s se os planos elaborados pelos doadores no âmbito do PROAGRI dariam certo em Moçambique. Fica também a percepção, de que entre os doadores não há um consenso de como a PROAGRI devia ser implementado, e dos vários desvios que o modelo do Programa teve que dar até chegar à conclusão que a capacitação institucional era a prioridade. O rumo do processo de discussão do PROAGRI 2, em curso, confirma esta percepção da equipa de trabalho.

Quanto o combate à pobreza, para o estado na figura do MADER o PROAGRI foi desenvolvido como um instrumento do Plano de Acção de Redução da Pobreza Absoluta (PARPA), e sendo assim, como contribuição do sector para o combate à pobreza.

Entretanto, reconhece-se que de uma maneira geral o combate à pobreza não podia acontecer com uma ênfase excessiva na estrutura do PROAGRI, sem paralelamente se estar a implementar algo mais substancial no terreno. Em algumas regiões aplicou-se algo mais directamente no terreno no PROAGRI 1, como em Sofala e Inhambane segundo os doadores da Áustria e Alemanha respectivamente, que dizem que primeiro era preciso criar-se condições para que de facto o PROAGRI fosse implementado. Mas essa implementação não deveria ter sido somente a capacitação institucional, que alguns doadores defendem que devia ser um programa aparte e o PROAGRI apenas seu componente para a agricultura.

Neste contexto, há ainda que re-estruturar algumas coisas para o PROAGRI 2. E neste contexto de mudança a abordagem horizontal é a mais interessante delas dentro da nova vestimenta do Programa, para se trabalhar transversalmente com e entre os sectores. Neste todo, não restam dúvidas que todos incidem para a necessidade de centrar as acções no produtor familiar e privado, sem que a justificação de falta de fundo se ponha.

Quanto aos constrangimentos, segundo o MADER houveram três aspectos de maior realce. O primeiro tem a ver com sua própria capacidade interna, uma vez que a instituição estava habituada a gerir certos níveis de recursos financeiros e teve que gerir níveis superiores com um alto grau de exigência para a prestação de contas. O segundo refere-se aos desembolsos, embora os relatórios falem de altas quantias de dinheiro envolvidas este dinheiro nunca chegou na sua totalidade, ou ainda, chegou em atraso, quer ao nível central quer às províncias. E na agricultura este atraso é sempre um grande constrangimento, porque os produtos têm suas épocas que não se compadecem com a burocracia financeira, nem do estado, nem dos doadores. O terceiro refere-se à

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coordenação de muitos parceiros, isto é, gerir uma pluralidade de interesses, tanto do MADER, como outros actores, não é uma tarefa fácil e requer uma capacidade de gestão que a instituição não possuía.

Para os fundos, havia que ter dinheiro nos meses críticos, nas época das chuvas. Importante porque há pragas neste período, e ainda, há feiras de camponeses e o extencionista tem que estar no terreno, tem que ter combustível, viaturas, bicicletas, etc., e neste todo houve quase sempre dificuldades em trabalhar com o Ministério do Plano e Finanças, e da Indústria e Comércio. E ainda, uma coordenação eficiente não é matéria fácil e constitui sempre um desafio, principalmente quando se trabalha com várias instituições. Ela depende da atitude dos responsáveis e às vezes, as pessoas estavam sobrecarregadas e/ou mesmo com outras agendas para que tudo funcionasse a contento.

Houve assim, problemas que ultrapassavam o MADER, como más estradas e mercados pouco estruturados, isto considerando que o bom sucesso da agricultura depende de muitos factores fora da alçada deste Ministério.

Como somatório dos constrangimentos, o MADER mostrou-se débil para trabalhar com demasiado dinheiro, e disto têm consciência tanto o estado como os doadores. Por isso, advoga-se que é preciso ir mais fundo com a capacitação institucional. Não só ficar na compra do equipamento e estruturar o sistema de trabalho prático, mas há que reformar as mentes das pessoas e penetrar no seu âmago para que adoptem outra atitude face ao trabalho. As novas admissões devem seguir este princípio, incutindo o espírito de que, por exemplo, um computador e um veículo a todo terreno é prorrogativa do chefe porque este tem tarefas directamente ligadas a um sector produtivo que responde ou corresponde a P pontos percentuais no combate à pobreza absoluta e no desenvolvimento do país.

No capítulo de eficiência e eficácia, fica também o problema dos desembolsos por parte dos doadores que demoravam a chegar, ao mesmo tempo o Ministério do Plano e Finanças Moçambicano demorava a desembolsar o dinheiro que já havia dado entrada. Isto leva alguns doadores a pensarem que as finanças estatais não deviam gerir o dinheiro do programa. Entretanto, existe uma abordagem intermédia que é do Ministério do Plano e Finanças (também) se beneficiar de capacitação para cumprir a contento o papel de gestor, uma vez que estará ligado ao programa. Pensa-se numa colaboração inter ministerial na segunda fase do Programa, que aliás foi outro constrangimento do Programa 1, não só com o MPF no que respeita aos desembolsos, mas também com o envolvimento do Ministério da Justiça devido ao cadastro de terras.

Neste contexto, tudo indica ser inevitável a colaboração interministerial porque o MADER não pode promover o desenvolvimento rural sozinho. E sendo assim, será necessário potenciar outros ministérios. Outra solução seria considerar-se a hipótese de minimizar o estado, deixando alguns serviços com instituições privadas. Considerando entretanto, que o estado tem deveres e direitos para com os cidadãos como parte de um contracto social de cidadania, principalmente num país pobre como Moçambique onde a renda do camponês é ainda muito baixa para custear serviços privados que visam acima de tudo, o lucro, esta hipótese fica enfraquecida.

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Quanto aos resultados do PROAGRI de uma maneira global, para o MADER eles são satisfatórios mas aquém das expectativas dos produtores. Resultados concretos alcançados são visíveis, é o caso da modernização do MADER através dos recursos e meios. De facto, hoje o MADER está apetrechado de carros e computadores e há também no terreno muitas actividades de fomento.

Mas quando o MADER salienta os resultados como aquém das expectativas dos produtores, é porque compreende que estes querem outras coisas, nomeadamente: o apoio em créditos, insumos e equipamentos. E este é mesmo um problema de expectativas ou percepções diferentes em relação ao programa porque o PROAGRI 1 não tinha sido desenhado para esse tipo de desafio. Mas segundo o MADER o PROAGRI 2 contempla cobrir estas lacunas do PROAGRI 1 que vai para além das actividades do Ministérios, e também comtempla a assistência aos produtores na base da procura.

A avaliação do PROAGRI é assim, em geral, positiva, como constatou-se na reunião de 28 Junho

2 de Julho 2004 de balanço do Programa. De facto, segundo o MADER não somente se conseguiu reestruturar o Ministério, como até ter capacidade de servir aos privados no mundo rural. Entretanto, alguns aspectos estão por concluir no PROAGRI 2 numa interacção horizontal fora do MADER: a coordenação, descentralização e capacitação junto aos produtores.

Permanece em aberto, a questão de não se ter claro quais eram os indicadores de sucesso. E para o PROAGRI 2 recomenda-se que estes estejam ligados directamente ao outputs em termos de (mais) produção e de (mais) produtividade, e não somente em termos de capacitação institucional em bruto e mais e melhor recursos humanos. Um assunto preocupante para o factor de aumento da produção e de maior produtividade, é que o sistema financeiro rural ainda é muito débil, assim como também o sistema de mercados, redes de estradas, etc. E que a agro-indústria que poderia não somente reter o indivíduo no campo com melhor qualidade de vida, e promover o desenvolvimento rural integrado autosustentável pelos impostos arrecadados, tanto junto aos novos pequenos industriais como pelos novos operários, parece ainda não ser a grande prioridade.

No MADER destaca-se a melhor institucionalização, entretanto, a questão de um sistema de procurement bem estruturado não foi o suficiente para trazer bons resultados ao PROAGRI 1. A prioridade de institucionalização teve que ser dada ao MADER, mas mesmo assim não se conseguiu de uma só vez resolver todos os problemas de base da instituição. Considerando que a capacitação institucional não terminou e nem foi realizada a contento, isso pode demonstrar hesitação do que se queria, e ao mesmo tempo a rigidez existente para a mudança.

No capítulo do sector wide aproach (SWAp) os resultados são mais positivos, tendo contribuído para desprojectizar o MADER, uma doença da qual ainda enferma a administração pública do país, e levado os diferentes doadores a trabalhem conjuntamente com o governo voltados para um mesmo propósito.

Quanto à participação no PROAGRI, ela foi alta de parte dos doadores. Entretanto, a sociedade civil reclama de ter sido posta à margem do processo no PROAGRI 1, uma

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percepção válida tanto o sector privado como para as organizações a trabalhar com o meio rural em diferentes sectores como agricultura, pecuária, floresta e meio ambiente. De facto, poucos dentre estes actores conhecem de facto, sobre o PROAGRI inicial, e reclamam não terem sido convidados para um exercício de tão grande importância no alívio à pobreza como o desenvolvimento rural.

Para o PROAGRI 2 a participação está a ser mais facilitada devido a encontros institucionalizados que existiram no e com o MADER. Mas a sociedade civil ainda reclama que nestes mesmo encontros participam apenas ou mais, os doadores, que acham importante sua presença aí pois pode ser uma forma de controlar a boa gestão do programa e de resolver-se os problemas da coordenação entre todos os doadores e o MADER para além de poderem deixar claro sua agenda para o desenvolvimento da agricultura no país. Diferentes actores da socieadde civil salientam neste contexto, que ainda hoje são convidados mais para darem pareceres sobre documentos já prontos por consultores que não os consulta devidamente e em tempo últil, do que para serem reais interlocutores como agentes do processo.

A sociedade civil reclama mais inclusão, entretanto, a equipa de estudo opina que a sentida exclusão da sociedade civil tem muito a ver com a sua falta capacidade de se fazer ouvir. E para que isto se torne realidade, talvez seja necessário mais organização de parte da sociedade civil como um todo, a congregar todos os actores não estatais para tal fim como aconteceu para acompanhar o Observatório da Pobreza1.

Nas lições apreendidas, segundo o MADER a experiência do PROAGRI 1 produziu uma série de lições de desenvolvimento fora do Ministério. Um exemplo que se destaca é a reforma do sector público, a relação entre o Ministério de Plano e Finanças e parceiros de cooperação, e o facto dos modelos do MADER estarem a ser seguidos noutros ministérios.

No seio do Programa, a lição é sobre a necessidade de um sistema de monitoria prévia, pois esta falha levou na opinião do MADER, à redução da qualidade dos resultados das avaliações.

Outra lição também identificada, prende-se com o sentido de alargar-se o âmbito do PROAGRI para mais participação, criando assim uma metodologia de trabalho mais horizontal para envolver outros sectores do estado e os actores não estatais, seja na área de produção, envolvendo o produtor privado e familiar, como na área da agro indústria. Esta nova abordagem vai exigir uma postura mais dinâmica e aberta de parte do estado e mais agressiva de parte dos diferentes actores da sociedade civil. Aceitar o desafio, ou lição, que os governadores de Manica e Nampula visualizam para o Programa, deixa antever uma visão positiva de desenvolvimento que vai mais além de segurança alimentar. Indica assim, um caminho para transformar Moçambique de um país de agricultores produzindo quase que somente para seu sustento, para um país agrícola rumo ao desenvolvimento.

1 Note-se que para o Observatório da Pobreza a sociedade civil criou o grupo chamado G-20, que congrega organizações não governamentais, sindicatos, confissões religiosas, e o sector privado.

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Mas no capítulo dos desafios, é necessário mais coordenação com os outros sectores estatais e não estatais para sobrepor-se aos projectos e fazer-se compromissos com todos. Um processo que tem que passar por mais e melhor planeamento das províncias e dos distritos, porque se o camponês e o produtor agrário escoarem melhor a produção incentiva-se mais o desenvolvimento rural, o que pode contribuir para aumentar a produtividade. E uma vez assim, pode-se melhor combater a pobreza garantindo a segurança alimentar da população, transformando gradativamente o país em exportador, para atingir finalmente um desenvolvimento sustentável sustentado pela própria produção.

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PREÂMBULO O GMD, como o cliente do trabalho de análise sobre o PROAGRI, pressupõe como premissa para a pesquisa que a agricultura e o desenvolvimento rural revelam-se os sectores mais importantes no contexto do desenvolvimento da economia Moçambicana. Como um sector que pode contribuir de forma decisiva e determinante para a segurança alimentar do país e gerar rendimentos, dois elementos chaves para o alívio à pobreza. Esta premisa é sustentada pelo facto de cerca de 80 percento da população nacional encontrar-se ligada à actividade agrícola, e dela depender para sua alimentação e geração de rendimentos. O GMD considera ainda, que a agricultura pode transformar o país em exportador a competir em quantidade e qualidade com os países da região assim como de outras partes do Globo. Considerando estes pressupostos, o GMD pretendeu com este trabalho, perceber melhor o desempenho do sector agrícola no país através de uma análise do PROAGRI e do seu impacto até o momento. Perceber melhor através da pesquisa, as principais dificuldades que enfrenta o Programa a ponto de inibir o florescimento salutar desta área para a construção do desenvolvimento necessário para o combate à pobreza absoluta, assim como o acúmulo de riqueza para a sustentabilidade a médio e longo prazo deste mesmo desenvolvimento.

O GMD espera que este estudo contribua para a valorização dos sectores da agricultura e desenvolvimento rural, com interesse particular em obter um instrumento de advocacia para a sociedade civil usar no seu trabalho de informação aos interessados, assim como no diálogo com os diferentes grupos participantes no desenvolvimento agrícola do país, tanto os que elaboram e implementam políticas, como os que sofrem os efeitos positivo ou negativo das mesmas. Enfim, todos os objectos e sujeitos agentes sociais do desenvolvimento no processo de produção e consumo, e de comercialização e industrialização.

O estudo comporta três partes para além de um sumário executivo. A primeira parte é a introdução, que deixa claro o que se pretende atingir introduzindo os objectivos do estudo assim como a metodologia usada para desenvolver o mesmo, e ainda, os contornos do PROAGRI 1 com as premissas que delinearam o Programa e sua respectiva metodologia de implementação da primeira fase, identificando os diferentes actores e os componentes do Programa incluindo o sistema financeiro rural. Ainda na introdução é apresentada ligação entre o PROAGRI 1 e 2, e o processo de revisão do Programa com o novo marco que vai sustentar o PROAGRI 2. A segunda parte comporta uma leitura analítica do programa, com percepções sobre os conceitos chaves do Programa, incluindo o impacto para o desenvolvimento rural em geral e para o reforço institucional do MADER, assim como a percepção da participação de parte dos diferentes actores que o próprio PROAGRI identifica, neste processo. A terceira parte finaliza o estudo com conclusões gerais, sugerindo e recomendando mudanças para fazer face aos problemas detectados na pesquisa, como um contributo inferido do resultado da opinião dos actores entrevistados ao nível central e provincial, em Manica e Nampula, para as diversas constatações apresentadas ao longo do estudo, incluindo a percepção de conceitos tais como desenvolvimento e participação, e desenvolvimento rural.

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O trabalho chama a atenção no decorrer da análise, para ASSUNTOS PARA DEBATE em número de (11) assuntos. Trata-se de pontos importantes consoante os objectivos que o trabalho quer atingir, para mais análise, reflexão, discussão, advocacia e lobby da parte de quem de direito.

E no capítulo 11 da Reflexão Final, alguns assuntos são realçados em caixas não numeradas antes das Sugestões e Recomendação (capítulo 12), para salientar sua importância maior no contexto; seja porque assim foi sublinhado pelos actores entrevistados, seja porque a equipa de trabalho assim decidiu em reflexão com o GMD.

Linhas Mestres do Estudo Para a análise do PROAGRI como um todo, na óptica da sociedade civil, e de acordo com os objectivos acima delineados, as linhas mestras do estudo incidem em: 1 Leitura analítica do PROAGRI 1 e 2. 1.1 Leitura analítica do processo que conduziu ao PROAGRI 1 e que está a levar à

sua segunda fase, PROAGRI 2. 2 Percepção dos diferentes actores sobre os conceitos chaves do Programa, tais

como desenvolvimento e capacidade institucional. 3 Participação dos diferentes actores no processo de elaboração e desenvolvimento

do PROAGRI 1 e 2. 4 Percepção sobre o impacto do Programa onde este pretendia intervir. 5 Ligação entre a agricultura e o consumo do productor, a indústria transformadora,

o mercado formal e informal, e o mercado externo. 6 Ligação entre o PROAGRI e outros programas de correlacionados para o

desenvolvimento, como o FARE e PODE. 7 Sugestões e recomendações.

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PART 1 MARCO INTRODUTÓRIO

1 INTRODUÇÃO A introdução deixa claro os objectivos que nortearam o trabalho de pesquisa, assim como a metodologia usada para conduzir a mesma e a leitura dos dados recolhidos em documentos e entrevistas, distinguindo os objectivos para cada fase do trabalho. Parte da introdução é ainda, uma breve leitura do Plano Mestre do PROAGRI (Ministério da Agricultura e Pescas 1996), seus objectivos e componentes como uma plataforma de premissas para posicionar sobre ela o objecto de análise, para elucidar sobre o que se pretendia atingir inicialmente com o Programa.

1.1 Razão de Ser do Estudo Antes de introduzir os objectivos gerais e específicos que nortearam o trabalho, torna-se importante deixar claro porque analisar o PROAGRI na óptica do GMD. A resposta prende-se com o facto do Programa afigurar-se de suma importância por constituir o essencial da política nacional de desenvolvimento agrário do país. De facto, trata-se de um Programa que contem os principais objectivos e acções a levar a cabo no país para o florescimento da actividade agrária. O bom desempenho do PROAGRI vai mostrar assim e de perto, os esforços que o país estará a fazer na busca da recuperação do sector agrário e salvação de muitas vidas humanas garantindo a segurança alimentar.

Sendo assim, o GMD está ciente que faz-se necessário uma análise que identifique opiniões de intervenientes e beneficiários do Programa neste processo de revisão com o fim do PROAGRI 1 e o novo desenho do PROAGRI 2, para contribuir com sugestões na discussão da definição de prioridades e monitorização do uso dos recursos públicos. Para que se possa criar uma plataforma de conhecimentos que apoie o cidadão urbano e rural a participar com consciência neste processo, mostrando e consolidando sua condição de sujeito do desenvolvimento. Tudo porque, e em última análise, dado o elevado número de dependentes do sector agrário no país o fracasso do Programa significa perder ou distanciar-se da declarada luta contra a pobreza e deixar mais longe a realidade de um desenvolvimento sustentado pela produção e pela alta produtividade, sustentável a médio e longo prazo pelo trabalho dos Moçambicanos.

1.2 Objectivos Como objectivo geral o estudo visa: 1 Identificar os principais problemas e desafios do sector agrário no país. 2 Avaliar as estratégias do Governo traçadas no PROAGRI para o apoio a este

sector. 3 Sugerir soluções para as diversas constatações.

Mais especificamente, o trabalho visa: 1 Estruturar uma discussão conceitual sobre o PROAGRI, no sentido de percepções

e contextos do programa consoante os diferentes actores socias envolvidos no processo. Usando tanto os documentos elaborados e orientadores do programa, como as avaliações e críticas já elaboradas sobre os mesmos.

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2 Analisar a articulação, ligação e interdependência entre a agricultura e a indústria, a agricultura e o mercado em geral, e a agricultura e o sector externo em Moçambique, tanto dentro do âmbito do PROAGRI como na prática quotidiana, e comentar, com recomendações, sobre o possível fosso ou total inserção existente entre o desenho do programa e a realidade. Para cada ligação ou desconexão, procurar a forma de relacioná-la no contexto Moçambicano, e confrontá-la com a teoria exposta no PROAGRI, procurando no processo, alguma justificação para o desvio encontrado que pode ser por razões estruturais assentes em sistemas não funcionais, e/ou conjunturais por factores pontuais.

3 Procurar níveis de implementação ou fossos desviatórios que estão fora deste circuito, e encontrar razões para cada situação.

4 Avaliar no contexto de (2) acima, o papel residual da eficácia e eficiência da agricultura no desenvolvimento do meio rural Moçambicano2.

1.3 Metodologia As Fases do Trabalho e seus Objectivos Para a realização destes objectivos foi realizado um trabalho de recolha documental e de entrevistas em três fases, ou seja:

1 Uma leitura analítica detalhadamente anotada, dos documentos chaves do PROAGRI, assim como dos documentos que contêm elementos de leitura circunstanciada, avaliação, críticas ou recomendações do programa.

2 Elaboração de um questionário como guião básico para entrevistas à pessoas chaves e grupos focais em Maputo e nas províncias de Manica e Nampula.

3 Uma leitura circunstanciada da ligação ou incongruência dos resultados obtidos pela análise das fontes secundárias e da leitura da parte documental sobre o Programa, para elaboração deste relatório final.

A primeira fase compreendeu uma inserção de conteúdos em conceitos chaves tais como, o próprio PROAGRI, desenvolvimento rural, entre outros identificados durante as leituras nas diferentes definições (conceituais, operacionais e contextuais) e percepções que os mesmos comportam, tanto nos documentos chaves e adjacentes, como nas aplicações do que se propõe como acção nas linhas de implementação do programa.

Ainda nesta fase teve lugar a leitura analítica de outros programas do governo com alguma ligação estrutural com o PROAGRI, tanto no tocante à globalidade do desenvolvimento do país, o caso do PARPA, como no âmbito do desenvolvimento rural integrado, o caso do PODE (Projecto para o Desenvolvimento Empresarial) e do FARE (Fundo de Apoio para a Reabilitação da Economia).

O objectivo desta fase foi ter mais claro o processo de conceitualização dos termos chaves que norteiam o PROAGRI. Com uma discussão sobre semelhanças e possíveis diferenças ou incongruências em termos conceituais, operacionais e contextuais para posteriormente e de forma mais simplificada, disseminar esta conceitualização para um consumidor interessado mas não especializado teoricamente, no assunto.

2 Eficaz entendido como aquilo que produz o efeito desejado; e eficiente, como o que consegue melhores resultados com a mesma quantidade de recursos.

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Esta primeira fase teve ainda como objectivo, clarificar no processo de conceitualização de programas, como outras iniciativas governamentais se relacionam com o PROAGRI, no sentido de encontrar entre estes maior ou menor interacção e relacionamento no tocante, por exemplo, à produção agrícola e desenvolvimento económico.

A segunda fase compreendeu a elaboração de um questionário como guião básico para entrevistas com actores sociais deste Programa, individualmente ou em grupo. Foram contactados tanto aqueles que elaboraram e estão a aplicar ou implementar as políticas, como aqueles que deveriam participar neste processo e o fizeram, e ainda, aqueles que deveriam participar mas, ou não fizeram na sua totalidade, ou não a contento na óptica deste grupo social e/ou de interesse3. Estes actores são, o estado através de suas instituições, o sector privado e os agricultores familiares, privilegiando ainda, o trabalho em duas províncias (Manica e Nampula) para entrevistas com estes sectores e actores ao nível provincial. Manica e Nampula foram escolhidas por um certo papel de preponderância na agricultura do país notada pelo GMD, e pela postura arrojada adoptada em público pelos seus governadores, em relação ao Programa. Considerou-se ainda, para efeito de análise, os diferentes níveis e conceitualização do que vem a ser participação.

Os actores em foco são aqueles que estão envolvidos em: (i) Fazer as políticas estado, sector bancário e sector privado em geral. (ii) Influenciar o processo para a elaboração destas políticas

comunidade internacional no papel de doadores, sector privado, sociedade civil organizada e sector informal.

(iii) Implementar as políticas

estado, sector privado, sociedade civil organisada, sector produtivo familiar, e sector informal.

(iv) Sofrer pela acção decorrente destas políticas

estado, sector privado, sociedade civil organisada, sector produtivo familiar, e sector informal.

Considerando assim, que alguns actores sociais como o estado, podem estar posicionados nas quatro posições dependendo das circunstâncias e momentos específicos do processo.

Neste questionário estruturado em blocos (em anexo), é identificado/a o/a entrevistado/a (Bloco 1) através de um perfil básico e pertinente para o que se propõe com o objectivo de identificar o actor, individual ou colectivo, posicionando-o no quadro dos diferentes actores chaves para o trabalho.

O Bloco 2 versa sobre as percepções em relação aos conceitos chaves do programa com o objectivo de perceber melhor o que cada actor social tem em mente quando refere-se à acções que implicam a operacionalização dentro do ciclo do Programa de conceitos tais como: desenvolvimento, desenvolvimento rural, reforço institucional, estratégias e prioridades, entre outros delineados como resultado de sua implementação.

O Bloco (3) é sobre a participação dos diferentes actores em todo o processo do PROAGRI até o estágio que encontra-se actualmente o Programa. O objectivo foi obter uma idéia de como, na óptica do utlizador em questão, foi concebido este plano de

3 A lista dos entrevistados foi elaborada em conjunto com o GMD, e discutida entre o grupo de estudo para possíveis ajustes.

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desenvolvimento agrário nas suas diferentes fases, e como ele se desenvolveu no tempo e espaço até o momento actual. A importância deste bloco foi para perceber melhor o processo de interacção entre os diferentes actores sociais de pertinência para o PROAGRI, onde é inclusive, problematizado, o próprio conceito de participação. Este bloco produziu um acervo de informações sobre mais ou menos ligações entre os diferentes actores nas diferentes fases do PROAGRI, experiências positivas e negativas no passado, e idéias para o futuro.

O Bloco (4) buscou identificar a existência de maior ou menor ligação entre a agricultura no sentido de produção e o consumo em geral, a agricultura e a indústria transformadora (agro-indústria), a agricultura e o mercado interno, assim como sua ligação com o sector de exportações. O objectivo foi avaliar o papel residual da agricultura no meio doméstico familiar rural, sua eficácia e eficiência em termos sócio económicos e políticos, assim como sua ligação com o sector de comércio, de transformação, e de exportação. Este bloco buscou como complemento, tratar a questão dos aspectos adjacentes ao bom funcionamento da agricultura, considerando o desenvolvimento rural integrado. Ou sejam, as estradas, silos, práticas comerciais, estruturas de preços, créditos, subsídios e incentivos agrícolas, exercício de extensão rural, etc., assim como o aspecto multisectorial desta integração com a existência de escolas e unidades sanitárias, água e saneamento, sistemas de barragens e de irrigação, e segurança para a produção (posse de terra, perca nas colheitas, cheias, secas).

O objectivo deste bloco foi encontrar possíveis desvios nestas ligações na óptica do PROAGRI, e para cada desvio buscar razões da sua existência e propor possíveis soluções na óptica dos diferentes actores com interesse no processo de desenvolvimento rural.

Do Bloco (4) emerge o Bloco (5), que recolheu informação sobre como os fundos que têm surgido dentro dos diferentes programas capitaneados pelo Estado, tipo FARE e PODE, complementam o PROAGRI. O objectivo foi auscultar sobre a ligação destes programas com o PROAGRI na óptica do fazedor de políticas, do implementador, e daqueles que sofrem no terreno a acção das políticas estatais.

O objectivo deste bloco foi recolher alguns elementos, como subsídio, para sustentar uma discussão sobre se as políticas agrícolas em vigor no país posicionam Moçambique como um país agrícola ou como um país de agricultores. Ou seja, se Moçambique é um país que maximiza sua produção na agro-indústria e na exportação qualificada, ou se produz somente, e com dificuldades, mais para o consumo interno sem perspectivas de um desenvolvimento sustentável e equilibrado pelo que advem das exportações.

Observe que o questionário foi aplicado tanto à pessoas individuais como colectivas. Para o último caso entrevistou-se, por exemplo, membros de organizações não governamentais, de associações rurais de produtores, grupos de camponeses, etc. E ainda, que consoante o actor social em questão o questionário foi aplicado na sua totalidade ou usando somente alguns blocos.

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Neste exercício metodológico foram entrevistados 123 pessoas, 55 em Maputo, 40 em Manica e 28 em Nampula.

Em Maputo: 55 pessoas singulares sendo, 13 actores estatais, 15 actores doadores, 25 membros da sociedade civil e 2 professores universitários que participaram do Programa e que são profissionais de áreas relacionadas. Dentre estas, 51 entrevistas foram feitas individualmente e 2 (2 + 2 pessoas) em grupo.

Em Manica 39 pessoas singulares sendo, 8 actores estatais, e 31 membros da sociedade civil sendo, 1 do sector familiar, 4 do sector semi comercial e 20 do sector comercial, e os restantes, representantes de organizações e instituições, e grandes conglomerados privados. Dentre estas, 29 entrevistas foram feitas individualmente e 4 ( 4 + 2 + 2 + 2 pessoas) em grupo.

Note que o critério usado para o agrupamento dos entrevistados da sociedade civil em sectores considera:

O produtor exclusivamente para venda, com alguma capacidade financeira e potencial para o investimento na actividade comercial. Exemplo: Caso tenha pedido empréstimo a uma instituição financeira e tem capacidade de retornos, está agrupado no sector commercial. O produtor para a venda mas que não tem capacidade financeira para crescer, está no sector semi-comercial. No sector familiar está o produtor que produz basicamente, para adquirir meios para sua subsistência.

Em Nampula 28 pessoas singulares sendo, 3 actores estatais, 14 membros da sociedade civil como produtores e comerciantes, e membros de ONGs, e 11 singulares exercendo a actividade de vendedores informais. Dentre estas, 24 entrevistas foram feitas individualmente e 2 (com 2 + 2 pessoas) em grupo.

Na terceira fase deste processo teve lugar um exercício de comparação entre o resultado da leitura analítica dos documentos e dos questionários aplicados aos diferentes actores. Um recurso usado para fins metodológicos, para separar o resultado das leituras dos questionários por grupo de actor e/ou de interesse. Também parte da terceira fase foi o acompanhamento do processo que está a gerar o PROAGRI 2, em fase final de elaboração.

O objectivo final desta fase final foi ligar os resultados obtidos pela análise das fontes secundárias, parte documental, com o resultado da análise das fontes primárias de informação, para a elaboração de um relatório final. Depois deste processo foi elaborado um relatório preliminar e entregue ao GMD para críticas e comentários. Teve lugar assim, numa sessão de discussão enter o secretariado do GMD e a equipa de trabalho, onde foi sugerido que se sublinhasse para melhor uso do relatório segundo seus propósitos, os assuntos em relevância para mais reflexão, discussão, advocacia e lobby.

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2 PROAGRI Um Programa de Desenvolvimento Rural O PROAGRI nasce como resultado de um exercício de reflexão de parte do Governo de Moçambique e da comunidade doadora seguindo uma nova abordagem sectorial (SWAp) para congregar todo o trabalho do então (1995-1998) Ministério da Agricultura e Pescas (MAP) que enfermava de projetização , assim como já havia tido lugar com o sector da saúde.

O PROAGRI nasce basicamente como um processo de reforma institutional, um instrumento para influenciar o MAP para (veja Aide Memorie de Outubro 1998, Governo de Moçambique-Doadores): 1 Prover os meios para analisar-se as funções do MAP em todos os níveis e

implementar as reformas institucionais necessárias. 2 Desenvolver a capacidade de realisar suas novas funções institucionais, recém

definidas, eficiente e eficazmente, e maximizar o impacto no sector agrícola dos recursos existentes do Governo de Moçambique e dos doadores.

Considerando que cerca de 25 projectos funcionavam então, em apoio ao MAP, o PROAGRI nasce com um período de graça, como transição, para que pudesse ser implementado em pleno como um Programa do sector deixando de lado gradualmente, a prática de trabalhar com projectos. A razão de se trabalhar com algum gradualismo, é que os projectos tinham um período útil de vida e não podiam desaparecer instantaneamente e ainda, que seus fundos não podiam ser redirecionados automaticamente para a gestão directa do MAP.

A abordagem sectorial (SWAp) visando como resultado final a congregação de todo o processo de desenvolvimento ligado à agricultura, pescas e desenvolvimento rural sob a responsabilidade do estado, gerido pelo MAP, era assim, uma necessidade imperiosa em termos de pertença (ownership) de parte de Moçambique em relação ao seu processo de desenvolvimento. Uma visão de conjunto fazia-se necessária, e o empoderamento (empowerment) do Governo Moçambicano era crucial no processo, para que a responsabilidade do marco de desenvolvimento pudesse ser a mais endógena possível para que se pudesse cobrar responsabilidades e imputar aos próprios Moçambicanos, tanto os sucessos como o fracasso da Política Agrária e Estratégia de Implementação (PAEI) elaborada em 1995.

O PROAGRI nasce também na esteira da abordagem da descentralização, com a previsão de 43 percento dos fundos a serem geridos ao nível provincial. De realçar no contexto, que o MAP elabora seu Plano de Trabalho e Orçamento para 1999 com um exercício que teve lugar também ao nível provincial (Garrido-Mirapeix e Ribeiro 1998).

No lado dos doadores, um Grupo de Trabalho (DWG) foi criado com um involvemento óptimo em termos de participação. Este grupo tornou-se num elemento de mais valia fornecendo um grande apoio ao MAP no pensamento que criou o PROAGRI, tanto em relação à participação no progresso dos trabalhos como na busca de soluções conjuntas para se ultrapassar impasses e problemas.

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O PROAGRI, assim como foi apresentado pelo Governo de Moçambique em 1996 (Ministério de Agricultura e Pescas 1996), é o primeiro documento integrado de investimento público para a capacitação do MAP na promoção da actividade agrária, e para seu reforço na contribuição para um desenvolvimento económico sustentável no país. Seu objectivo foi definido em: alcançar a segurança alimentar, o desenvolvimento económico sustentável, a redução do desemprego e dos níveis de pobreza absoluta. Para tal, fazia-se necessário que o MAP fosse capaz de melhor prestação como organismo planificar ecoordenador do desenvolvimento agrário, com a devida e eficiente alocação de recursos financeiros escassos em acções fundamentais à economia, segurança alimentar e redução da pobreza.

E mais, sendo o MAP (depois MADER) uma instituição responsável por diversas actividades económicas como a terra, agricultura, pecuária, exploração florestal, exploração da fauna bravia, e gestão dos recursos naturais, sua capacitação institucional afigurava-se crucial para melhorar o desempenho no contexto da liberalização da economia.

Neste sentido importa ressaltar que no consenso entre o governo e as agências doadoras, o PROAGRI baseia-se em oito princípios chaves, na orientação das actividades/acções do MADER. São eles: a redução da pobreza, descentralização e capacitação, boa governação transparência e participação, questões do género, direitos de terra e outras necessidades do pequeno agricultor, sustentabilidade social e ambiental, políticas de mercado, e delimitação do MADER.

Para tornar possível esta tarefa, o PROAGRI deve/deveria avaliar o grau de convergência através de um Plano Anual de Actividades e Orçamento (PAAO), entre actividades e princípios, determinando assim a revisão e planificação de actividades para cada componente e subcomponentes, aos níveis provincial e distrital.

Considerando a estrutura do PROAGRI, oito componentes estão agrupadas verticalmente nas áreas de desenvolvimento institucional, serviços de apoio à produção agrícola, e gestão de recursos naturais, a reforma do MAP, hoje MADER, responde à primeira destas áreas. E a partir daí esperava-se que o MAP (MADER desde 1999), pudesse responder às duas últimas áreas citadas, de forma eficiente e dentro dos preceitos duma economia de mercado.

2.1 Premissas que Motivaram o PROAGRI, e Metodologia de Implementação do Programa4

O PROAGRI é dirigido pela Política Agrária e Estratégia de Implementação (PAEI) do MADER, naquilo que são os objectivos institucionais de médio e longo prazo, assentes no seguinte: 1 Transformação da agricultura de subsistência para os papéis de produção. 2 Distribuição e processamento contribuindo com excedentes para o mercado. 3 O desenvolvimento do sector empresarial.

4 Segundo o documento do Ministério da Agricultura e Pescas (1996).

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O PROAGRI considera as capacidades financeiras públicas mobilizáveis, a fraca capacidade de gestão financeira e alocação eficiente dos recursos; a capacidade técnico nacional por mobilizar. Assim, o PROAGRI deve desenvolver os Fundos de Fomento Agrários e Pesqueiro - que deveriam ser baseados na colheita de receitas taxas e multas - através das actividades de gestão de Parques e Reservas, gestão de florestas, fomento pecuário, processamento de titulação, serviços de veterinária e de provisionamento de vacinas, extensão e investigação5.

O PROAGRI integrou, ou tentou integrar, projectos anteriores e outros, em 10 áreas principais de intervenção: a produção agrícola, a investigação, a pecuária, florestas e fauna bravia, hidráulica agrícola, gestão de terras agrárias, sistema financeiro rural, e desenvolvimento institucional. Buscou ainda integrar programas estratégicos específicos para as culturas de rendimento (algodão, cajú, açúcar, tabaco) cereais e leguminosas, e fruteiras.

Os actores envolvidos na implementação do PROAGRI são ou deveriam ter sido: o Estado, seu polo director; o sector familiar; as organizações não governamentais (ONG) nacionais; o sector privado; e ainda, associações com capacidade de implementar programas e fornecer assistência técnica.

2.2 O Actor Estado O PROAGRI assumiu o desafio de enquadrar o MAP, hoje MADER, no exercício real do seu papel segundo seus estatutos: o papel de organismo elaborador de políticas, regulamentador, planificador, monitor, avaliador para a criação de um ambiente favorável ao desenvolvimento do sector privado e participação das comunidades na gestão agrária. Uma tarefa que ficou aquém do previsto, principalmente na participação das comunidades na gestão agrária.

(1) ASSUNTO PARA DEBATE

A Participação das Comunidades na Gestão Agrária

A participação das comunidades na gestão agrária afigura-se de extrema importância para o bom sucesso de qualquer programa nas zonas rurais, principalmente para um Programa como o PROAGRI que se quer cada vez mais estar voltado ao desenvolvimento rural integrado.

A nível central, o MAP apoiou-se nos orgãos de Direcção Nacional de Geografia e Cadastro (DINAGECA), Agricultura (DINA), a Pecuária (DINAP), Floresta e Fauna Bravia (DNFB), Pescas (DNP), Extensão Rural (DNER) , e Recursos Humanos (DNRH).

Apoiou-se ainda, nas instituições subordinadas mas independentes administrativamente, sendo na área da investigação o Instituto Nacional de Investigação Agronómica (INIA), o Instituto Nacional de Investigação Veterinária (INIVE), o Instituto Produção Animal (IPA), e o Centro de Esperimentação Florestal e Faunística (CEFF), e o Instituto de Algodão de Moçambique (IAM), Instituto Nacional do Açúcar (INA), Instituto de Investigação Pesqueira (INIP).

5 De recordar que no desenho inicial do PROAGRI, o Ministério de tutela do sector congregava agricultura e pescas.

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Quanto aos recursos humanos, o MAP apresentava em 1996 grandes défices: dos 5.860 funcionários, 4.659 eram internos e 1.201 contratados em projectos. Dos funcionários internos, 70 porcento possuíam a formação básica, e apenas 395 quadros superiores. Estes distribuídos em 311 ao nível central e 84 ao nível provincial; cerca de 1.370 distribuídos em 574 ao nível central e 796 ao nível provincial. Sendo assim, o PROAGRI pretendia superar a fraca capacidade de implementação ao nível provincial através da capacitação e incentivo dos funcionários técnicos médios.

Quanto aos orgãos centrais, o MAP tinha as direções nacionais de geografia e cadastro (DINAGECA), de agricultura (DINA), a pecuária (DINAP), floresta e fauna bravia (DNFB), pescas (DNP), extensão rural (DNER), e recursos humanos (DNRH); onde concentravam-se apenas 15 percento dos funcionários.

As instituições subordinadas concentravam 26 percento dos recursos humanos disponíveis no sector (MAP 1996). A nível provincial, apontavam-se as províncias de Gaza com maior número de funcionários (347) e de Manica com o menor número (163).

Através do PROAGRI , pretendia-se definir claramente o mandato do MAP, e a capacitação nas intervenções. Existia também, uma atenção para a priorização de uma distribuição dos recursos pelos subsectores e priorização, numa base mais operacional. Neste contexto, a terciarização de algumas funções do MAP e/ou transferência para o sector privado, as comunidades e as ONG's - para actividades de gestão de parques e reservas naturais, fomento pecuário, gestão de áreas de produção florestal, serviços de avaliação dos recursos naturais, processamento da titulação das terras, serviços de veterinária

tinham em vista libertar o MAP para funções de orgão elaborador e planificador do desenvolvimento agrário.

2.3 O Actor Sector Familiar O sector familiar era apregoado no PROAGRI como o principal alvo beneficiário do Programa, considerando que é o principal produtor de culturas alimentares em Moçambique e com algum peso em culturas de exportação pelo sistema de extensão. Envolve-se também na produção pecuária e exploração da fauna e bravia, e em todas outras componentes do PROAGRI.

(2) ASSUNTO PARA DEBATE O Sector Familiar como Sector Produtivo O sector familiar como um sector produtivo, tem um reconhecido potencial em termos de capacidade de retornos para o desenvolvimento rural. Entretanto, devido a vários constrangimentos tem tido uma baixa produção e de subsistência, com fraca capacidade de gestão dos recursos. A questão é discutir e trazer soluções sobre como se somar forças no âmbito do PROAGRI para inverter este quadro.

Em termos de números, o sector familiar constituía na actividade agrícola (MAP 1996), cerca de 2.7 a 3.7 milhões de famílias, cultivando uma área total de 3.48 milhões de hectares, sendo a densidade média de 1.14 hectares. Na região norte o sector ocupa 80 percento da área cultivada e no centro 55 percento.

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Neste sentido, a prioridade do PROAGRI centrava-se em redes de extensão interligadas à programas de investigação, baseadas nos sistemas Farming Reseach Aproach (Abordagem da Pesquisa de Cultivo) para o enquadramento participativo e a transmissão de tecnologias para as populações.

Identificou-se para este sector, a necessidade de infraestruturas produtivas e de armazenamento tais como: tanques, carracidas, cantinas agrárias, sistema de crédito, pastos colectivos.

2.4 O Actor ONGs Nacionais e Internacionais O recurso às ONG's nacionais tinha em vista usar este actor para a redução da dependência externa em assistência técnica ao produtor no campo. Reconhecia-se também, o papel das ONGs internacionais neste contexto, na mobilização de créditos donativos e assistência técnica (a nível central e provincial) - como os providos pela União Europeia, Banco Mundial, DANIDA, NORAD, USAID, SADC, Holanda, Cooperação Suiça, BAD, IDA, FINIDA, UNDP, ODA. Neste contexto, destacam-se na implementação de projectos agrários, as ONGs HELVETAS, IUCU, WWF, EWT e a GTZ.

2.5 O Actor Sector Privado O sector privado centra-se na agricultura com a produção de culturas de rendimento, e em actividades comerciais. O PROAGRI 1 visou incrementar a participação deste actor na agricultura, através da criação de um ambiente económico necessário com a criação de infraestruturas públicas nas áreas de transporte e comunicação; um sistema legal e fiscal mais abrangentes; simplificação das leis e regulamentos nas áreas de comercialização agrária; investimentos directos nas áreas de comercialização, questões como a fixação de preços, compra e venda directa. Apesar de discussões dentro deste âmbito no PROAGRI 1, muito ainda permanece por fazer para que o sector se considerado um actor válido de facto pelo PROAGRI 2.

2.6 O Actor Outras Associações

O documento do PROAGRI 1 referia-se à associações com capacidade de implementar programas e fornecer assistência técnica ao sector coberto pelo Programa. Um assunto que não desenvolveu-se muito, e que urge reactivar no PROAGRI 2.

2.7 Componentes do PROAGRI O PROAGRI 1 esteve dividido para sua implementação, nas componentes:

Produção agrícola. Extensão rural. Investigação. Pecuária. Florestas e fauna bravia. Gestão de terras Sistema financeiro rural6.

6 Note-se que no documento mestre de 1998, das oito rúbricas constam a capacitação institucional e irrigação, não aparecendo o sistema financeiro rural (veja págiana 7 do documento mestre).

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2.7.1 Componente Produção Agrária Tem em vista o aumento da produção e produtividade deste subsector. Para tal, o MAP (depois MADER) desenvolve várias acções em parceria com os actores produtores - o sector familiar e o privado.

O sector familiar está ainda mais voltado à produção de culturas alimentares. Assim, o MAP (depois MADER) apoiando-se na capacitação dos recursos humanos (componente da reforma institucional) e nos serviços de extensão rural e investigação, actua através da subcomponente de cereais e leguminosas, com vista a desenvolver a capacidade de produção de alimentos e disseminação de técnicas nesse sentido.

O sector privado conta com o MAP (depois MADER), através de instituições subordinadas como o IAM para que estas assistam à produção de culturas de exportação.

O MAP (depois MADER), através da subcomponente de gestão pós-colheita, planejava introduzir tecnologias de armazenamento, e processamento, equipamentos simples e adaptativos e promoção de empresas públicas e privadas de armazenamento. Esperava-se com isto, que a produção familiar tivesse maior tempo para escoar os produtos em perfeita qualidade.

O PROAGRI interessou-se ainda, por subcomponentes de programas de protecção das plantas que contam com a participação das comunidades na conservação dos recursos naturais, e com o privado que tomará conta de algumas das actividades de gestão de recursos. Neste contexto, a componente agrária deveria ser apoiada no PROAGRI, pelas componentes gestão de terras, investigação e extensão rural.

2.7.2 Componente Extensão Rural Esta componente visa mobilizar a capacidade produtiva das famílias camponesas. Reconhecido o seu potencial produtivo, o MAP (depois MADER) considerou fundamental desenvolver acções para colmatar os principais constrangimentos deste sector: a complexidade dos sistemas de produção, altos riscos, fraco uso de insumos produtivos.

Com apoio de agências de desenvolvimento internacional, o MAP (depois MADER) esperava estar mais apto para introduzir, através das Direcções Nacionais competentes (DNER), um sistema nacional de extensão em 64 distritos (enquadrando 2.5 milhões de famílias) e 32 redes de extensão operacional.

O sector privado deveria participar nesta componente, através de empresas mistas de prestação de serviços institucionais.

A considerável dotação de extensionistas ao nível distrital, deveria ter facilitado e contribuído positivamente no sentido da disseminação para os produtores nacionais, e para o reforço da coordenação entre estes e os extensionistas no terreno, e ainda, para a promoção de organizações de produtores e do papel da mulher.

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Esta componente contava então, com o financiamento total de USD$ 18.977 milhões, sendo 5.5 milhões para investimentos e 8.7 para custos correntes, e 4.7 para o reforço do MAP. Nesta componente, a Província de Tete tinha uma fraca alocação de fundos e em tendência decrescente, enquanto a província de Nampula tinha um comportamento contrário.

O sector familiar tem um enorme potencial produtivo no componente, mas caracteriza-se por complexos sistemas de produção, de altos riscos, baixo uso de insumos e baixos rendimentos.

2.7.3 Componente Investigação Através dos institutos de investigação INIVE, INIA, IPA, e o CEF, o MAP (depois MADER) deveria atender a sua capacitação e melhor coordenação: na identificação dos constrangimentos à produção agrária; desenvolvimento de tecnologias apropriadas à produção alimentar, exportação e pecuária, tecnologias para a qualidade e aumento da produção, e qualidade nutricionistas.

A capacitação também teria lugar na remoção dos constragimentos identificados através da disseminação de técnicas de reprodução melhorada, diagnostico de doenças, técnicas de prevenção de pragas, pestes, o contrôle da qualidade sanitária, gestão e maneio de recursos faunísticos e floristícos com o envolvimento das comunidades.

2.7.4 Componente Pecuária A componente visa o aumento da produção e gestão dos recursos pecuários. Nesse sentido, o MAP (depois MADER) deveria fornecer serviços pecuários, métodos de prevenção de doenças, fornecimento de insumos (medicamentos, e outros), vacinação e banhos de carracidas, reabilitação de infra estruturas (tanques, currais), e um sistema de informação de mercados e preços.

A componente deveria centrar-se na produção, comercialização e gestão dos recursos pecuários, nomeadamente, o gado bovino, caprino e aves, para recuperar a produtividade e produção do sector.

As componentes extensão rural e investigação teriam importância complementar na investigação.

De importância para ilucidar as apostas na componente de investigação, ressaltar que o sector familiar concentra (concentrava então) 3/4 da população total de gado bovino do país, 75 percento dos suínos, e 100 percento dos ruminantes. O sector privado seria incentivado nas produção de gado bovino e suínos, e avicultura de tipo industrial, e no fornecimento de serviços ao sector em substituição ao MAP (depois MADER).

Sendo assim, o estado iria desenvolver programas de repovoamento para a ampliação do fomento da espécie bovina nas províncias de Maputo, Gaza, Inhambane, Tete, Manica e Sofala; e a caprina em Cabo Delgado, Tete, Sofala, Nampula, Inhambane e Gaza, numa primeira fase.

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O sector familiar seria o principal beneficiário desses programas de repovoamento, mas também de actividades de produção de aves. E o sector privado seria promovido no fomento da produção de gado e aves em moldes industriais ( um exemplo é a produção de leite e carne).

O orçamento total desta componente seria de US$ 23.249 milhões , sendo US$ 13.875 destinados aos investimentos e USD $9.373 aos custos correntes.

2.7.5 Componente Florestas e Fauna Bravia A componente visa proteger, conservar, utilizar e desenvolver os recursos florestais e faunísticos para o benefício social, ecológico e conómico no presente e futuro.

Destaca-se a floresta nativa como recuro faunístico mais explorado tanto pelo sector familiar como o privado. A produtividade é baixa no sector, devido a sua incidência em espécies de lento crescimento. Sendo assim o MAP (depois MADER) para reverter este quadro actua em duas vertentes, de harmonia com os actores exploradores envolvidos:

a) Em actividades de conservação, dado a exploração irracional dos recursos faunístico pela produção de lenha e carvão o MAP promove actividades de extensão para plantações de fins energéticos, e projectos de gestão de recursos naturais. Um exemplo é o projecto Tchuma Tchato em Tete.

b) Em promoção de plantações comerciais com o incentiva ao privado para questões de concessão de florestas; fiscalização e actividades de maneio para a sustentabilidade dos recursos; actividades de inventarização florestal. Espera-se com isto, o incremento da capacidade da indústrial florestal.

Quanto à fauna, destacam-se as regiões do Norte e Centro na dotação em recursos faunísticos. Salientam-se neste contexto, a tendência crescente no país da caça desportiva e pecuarização dos recursos faunísticos. Para fazer face ao deficiente sistema legal e fiscalização florística, o MAP (depois MADER) responde com acções de intervenção tais como: o desenvolvimento do eco-turismo e conservação de solos e da biodiversidade; a reabilitação dos Parques nacionais. Deveria abrir-se aqui, o espaço ao envolvimento das comunidades rurais, sector privado e ONGs.

2.7.6 Componente Gestão de Terras A componente visa garantir o acesso e gestão suistentável da terra. O sector familiar tem sido o maior prejudicado no acesso a terra, ora em pretérito do privado devido à falta de uma legislação compreensiva sobre o acesso à terras. Neste sentido, o MAP (depois MADERT) previa o desenvolvimento de planos executivos distritais sobre o uso da terra, coordenado com outros sectores; recursos humanos capacitados e com apoio externo. Fazia ainda parte desta componente, o apoio em actividades de gestão de terras com parceria da componente investigação e extensão; adequação das políticas, legislação, regulamentos, etc.

2.7.7 Sistema Financeiro Rural Este domínio constitui um dos grandes calcanhares de Aquiles do desenvolvimento rural, principalmente no tocante ao melhor enquadramento do sector familiar e dos pequenos produtores privados. Esta componente visava colmatar a situação, mobilizando a disponibilização de fundos para aplicação em actividades rural agrárias. Na

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disponibilização de fundos públicos ao sector agrícola, ela era muito restrita, sendo de 21 percento e dirigidos prioritáriamente ao sector empresarial, para actividades lucrativas e menos arriscadas (MAP 1996). O sector familiar é confrontado com as exigências dos bancos e resultando na sua marginalização automática.

(3) ASSUNTO PARA DEBATE O Sistema Financeiro Rural O Sistema Financeiro Rural constitue um elemento ainda pouco desenvolvimento no âmbito do PROAGRI e que deve assim, ser melhor discutido pelos actores intervenientes e beneficiários do Programa, assim como por todas as forças vivas interessados no desenvolvimento do país em geral e no desenvolvimento rural em particular.

Trata-se de uma discussão que deve produzir resultados reais, e que deve envolver o Estado, o sector financeiro (a Banca), os produtores (familiares e empresariais), as instituições de pesquisa do país e as organizações que trabalham no campo, e a comunidade doadora incluindo as organizações financeiras internacionais (IFI).

A idéia é produzir propostas concretas para discussão, e que possam ser aliciantes para todos os intervenientes.

Com este Programa, o PROAGRI buscava mobilizar agentes financiadores para a produção familiar, como as Instituições Agrárias e de Desenvolvimento Rural através do Fundo do Fomento Agrícola e Desenvolvimento Rural, Fundo de Fomento Pesqueiro, Fundo do Fomento à Pequena Indústria, Fundo do Fomento de Emprego. O MAP (depois MADER) buscava intervir também com actividades de reforço à capacitação de fundos para o desenvolvimento rural, criação de bancos rurais, promover o crédito mercantil da aldeia e outros.

O PROAGRI foi assim, concebido como um programa de reforma e apoio ao MAP-MADER, para a promoção dum crescimento sustentável e equitativo no sector agrícola, com o objectivo último de reduzir a pobreza rural e o aumento da segurança alimentar das populações, observando a proteção ambiental e social.

Com um orçamento de mais de US$ 202 milhões e cerca de 20 doadores e organismos internacionais, o PROAGRI adoptou um mecanismo para a coordenação e administração da intervenção desses actores, na assistência ao PROAGRI - é o Mecanismo Comum de Fluxo dos Recursos (MCFR).

O MCFR é um procedimento comum (com métodos comuns para os doadores e o governo), de gestão financeira, de aquisição, monitoria e avaliação, gestão e auditoria, intercâmbio entre o governo e os doadores, para a execução do PROAGRI.

Em Maio de 2001, o Ministério de Plano e Finanças (MPF) o MADER, e mais oito organismos internacionais, assinaram um Memorandum que vincula a intervenção destes neste mecaninsmo.

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Importa acrescentar, que em paralelo ao MCFR existem/iam outros instrumentos de administração do PROAGRI, ou sejam:

- Os princípios básicos que definem a natureza e rumo do processo de reforma do papel do MADER, o sucesso na implementação desses princípios constituí a base para as avaliações anuais e financiamento adicional.

- Os Planos de Actividades Anuais e Orçamento (PAAO) que orientam as actividades e os respectivos custos, e estabelece as bases para a programação de fundos para o ano seguinte, onde as actividades determinadas pelos PAAO, se subordinam e materializam os princípios gerais.

Esta constitui em breves linhas, a informação de base que deve ser considerada para a leitura analítica do PROAGRI em termos de avaliação, principalmente na sua primeira fase.

3 DO PROAGRI 1 AO PROAGRI 27

Este subcapítulo trata do processo que está a cunhar a segunda fase do PROAGRI, chamada de PROAGRI 2. Ela revisita o processo de revisão ressaltando o papel do estado e do Grupo de Consulta, assim como o âmbito da cooperação com doadores para o financiameno do Programa. Busca-se na análise deste processo de revisão mostrar a ligação clara em termos de continuidade entre o PROAGRI 1 e 2, salientando-se entretanto, as mudanças de abordagem e práticas de trabalho de parte do MADER, no sentido de fazer o processo mais abrangente e assim mais inclusivo, com o envolvimento de mais actores estatais e não estatais, com um destaque importante para um papel mais activo para as províncias. E ainda, em termos de postura, para fazer o Programa mais horizontal.

O PROAGRI foi inicialmente (na sua primeira fase) um documento concebido pelo governo e pelos doadores, com o objectivo de capacitar o MAP para poder contribuir para o melhor funcionamento dos mercados e insumos de bens agrícolas. Subjacente a esta relevância do mercado, está a ideia que políticas favoráveis ao mercado têm impacto significativo nos níveis de produção. O chamado Programa teve uma vida útil até 2003, que hoje é chamada de PROAGRI 1, quando teve início seu processo de avaliação em 2003-2004 para se visualizar uma segunda fase que terá início em 2005.

Pela leitura analítica dos documentos disponíveis sobre o Programa, tudo indica que a essência do PROAGRI 1 foi acordada entre o estado e os doadores e teve várias formulações. Concebeu-se no Programa primeiramente, uma reforma do institucional do MAP facultando meios para maximizar o impacto tanto ao nível central como provincial e distrital dos novos recursos disponíveis neste sentido.

A avaliação final do PROAGRI 1 de grande relevância para melhor estruturar o PROAGRI 2, aponta para melhorias segundo um quadro lógico na planificação de actividades, gestão orçamental, contabilidade, autoridade e controlo financeiro, planificação e execução descentralizada, mais abertura e transparência. Considerando o largo objectivo adjacente ao Programa, de aumento da produção agrícola e redução da

7 Leitura do documento elaborado pela KPMG (2003), em revisão.

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pobreza rural preservando o meio ambiente, os resultados da sua primeira fase indicam que o estado deve dimunir o apoio directo ao sector familiar para um apoio indirecto através de políticas que incentivam a produção agrícola e sua comercialização. Revela-se crucial neste sentido, o envolvimento do sector privado, de ONGs e outras organizações ou associações operando no mundo rural. Como resultado da primeira fase do Programa, pode-se notar uma mudança de abordagem para o PROAGRI 2 em discussão, para a descentralização e concentração do estado mais em funções chaves e na provisão de um ambiente económico mais atrativo, e menos como provedor de recursos.

3.1 O Processo de Revisão do Programa O chamado Grupo de Consulta do Programa desempenhou um papel chave em termos de uma nova visão para o PROAGRI, com o PROAGRI 2, considerando a definição da forma de desenvolvimento rural e dos principais problemas que ainda enfermam o sector. O PROAGRI 2 é assim, considerado como uma nova fase que deve comportar acções de incidência directa no desenvolvimento agrícola, um conceito visto como mais acções com incidência directa no terreno.

A reformulação do PROAGRI voltada ao desenvolvimento agrícola decorre em 2003 (agosto a novembro), um período talvez curto para um Programa de tamanha invergadura. O MADER recruta a KPMG, uma empresa de consultoria, para em conjunto com o sector estatal retrabalhar cada tópico visando assegurar o sentido de pertença (ownership) do processo e do seu produto final pelo Ministério. Neste processo ainadem curso, o MADER testou sua nova capacidade institucional, mobilizando seus recursos humanos composto de um grupo de formuladores principais (oficiais superiores e técnicos qualificados para tal tarefa) envolvendo também as direcções provinciais, equipas específicas como um oficial do MADER para a planificação provincial, monitoria e avaliação, e programas horizontais. Procurou-se através de discussões sobre as prioridades identificadas ao nível provincial, esclarecer no processo o MADER ao nível central, sobre as novas bases para o PROAGRI 2, para com isto partilhar as conclusões do trabalho de reformulação provincial.

Considerando que a planificação orienta-se segundo as necessidades do sector agrário, tornou-se premente o involvimento de outros ministérios, do sector privado, das associações de produtores, ONGs, e doadores na identificação de constrangimentos e oportunidades para esta nova fase do Programa. Isto tanto ao nível central como provincial e distrital. Pode-se obviamente questionar, o grau de involvimento destes actores, o que será tratado abaixo na Parte 2.

O MADER, os doadores e os consultores desenvolveram finalmente, uma abordagem alternativa ao PROAGRI 1, que inclui a revisão dos princípios básicos do Programa, usando para tal, as avaliações realizadas em 2002, o documento de Visão do MADER, entre outros documentos.

Para a revisão do Programa e pertinente no processo de avaliação do PROAGRI, é o Relatório Anual Conjunto do Gabinete do Ordenador Nacional (GON) e a Delegação da Comissão Européia para 2003 no âmbito de sua cooperação com Moçambique, considerando a importância destes doadores no PROAGRI e que a Comissão Européia foi

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nomeada para a coordenação adjunta do grupo de doadores para a agricultura. Uma breve leitura do documento norteia a informação apresentada neste subcapítulo.

O MADER e seus parceiros estão a fazer a avaliação do PROAGRI 1, ainda em processo de discussão e consulta, e pretendem lançar o PROAGRI 2 para vigorar em 2005-2009. Um grupo técnico que inclui o grupo de trabalho central do MADER, consultores e representantes de doadores, acompanharam este processo, através de um processo de consultas alargadas por todas as províncias do país.

Neste processo de revisão foram identificados como principais problemas do sector agrícola: falta de acesso aos mercados, infraestruturas, acesso ao crédito rual, tecnologias adequadas, e acesso aos recursos naturais.

A primeira versão do relatório desta revisão foi apresentada num seminário com a presença dos governadores provinciais, e focaliza o aumento de fundos às províncias para financiar acções de impacto na redução da pobreza rural e no crescimento agrícola.

A estratégia da componente da pecuária foi também submetida ao Conselho de Ministros, e focaliza a privatização dos serviços veterinários e a prestação de assistência aos pequenos produtores, regulamentação da qualidade sanitária animal, e medidas de combate as doenças e epidemias - foi introduzida neste contexto, a vacina termo-estática para a prevenção da New Castle, medidas para a prevenção contra o surto da febre aftosa que atingiu a província de Gaza e que o não cumprimento das medidas faz surgir novos casos.

(4) ASSUNTO PARA DEBATE

A Criação do Instituto de Investigação Agrária de Moçambique para Diminuir Factores de Risco na Prática Agrícola O processo de revisão do PROAGRI prevê ao nível institucional na componente investigação agrária, a integração de 4 institutos no novo Instituto de Investigação Agrária de Moçambique (IIAM). Um assunto para debate principalmente nas províncias, com a participação da sociedade civil voltada ao mundo rural incluindo o sector privado, em termos de se discutir, tanto a mais valia de se congregar toda a pesquisa num só órgão, como o que deveriam ser as prioridades de tal Instituto para aumentar a produção e a produtividade em pról do desenvolvimento rural integrado.

A razão de ser deste debate prende-se com a mais valia que este Instituto poderia trazer ao produtor rural (familiar e privado) em termos de se experimentar em parcerias, soluções para diminuir o risco da prática agrícola no sentido de perdas, que é comumente apresentado como inibidor do crédito de parte da Banca.

Iniciou-se a gestão de recursos humanos, que preve aposentação de funcionários onde cerca de 10 percento da força de trabalho em idade requerida foi afectada neste processo.

Foi introduzido um sistema de monitoria para actividades internas do MADER, ligado à componente orçamentária.

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O Secretariado Técnico para a Segurança Alimentar e Nutrição, introduziu o sistema de aviso prévio e análise de vulnerabilidade ao nível central, mas que prevê-se extendê-lo ao nível provincial.

Outras instituições como o Ministério da Indústria e Comércio (MIC), simplificaram em 2003 os procedimentos para o licenciamento da actividade comercial e industrial; e ao nível central, com previsão para um alargamento ao nível provincial, iniciou a informatização do registo e cadastro comercial, e a reintrodução dos serviços de inspecção. Este processo pode constituir uma oportunidade para que no âmbito da cordenação inter institucional (MADER-MIC), se introduzirem medidas no sentido de colmatar um dos problemas identificados no sector agrícola, ou seja, a falta de acesso à comercialização para os pequenos agricultores e o sector privado.

No mesmo plano pode-se olhar para o processo de reabilitação da rede de estações de serviços metereológicos, pelo Instituto Nacional de Metereologia (INAM), se consideramos o papel da subcomponente aviso prévio a segurança alimentar (ligada a componente apoio a produção agrícola) no sentido de prevenir aos produtores da futuras condições naturais adversas.

3.1.1 No Âmbito da Cooperação União Européia e Moçambique: Este comentário tem pertinência pelo papel da União Européia como doador do Programa. A União Européia tem estado em estreita consulta com o MADER, o MIC e o Ministério de Plano e Finanças (MPF), com os quais formulou um novo programa de segurança alimentar para 2003-2005 com um financiamento global de 48 milhões de Euros, estando accionados os mecanismos técnicos a nível dos três ministérios acima apontados. Os desembolsos do programa de segurança alimentar, prevêm 5 milhões de Euros para o PROAGRI .

O MIC está a implementar um programa de crédito à comercialização agrícola, através do GAPI e outras instituições financeiras, nas zonas rurais, para associações de produtores nas zonas de alto potencial agro-ecológico. Apontam-se resultados satisfatórios nestas acções, em termos de volume de crédito concedido aos pequenos e médios comerciantes.

Consideram-se as associações de produtores, um actor importante na implementação das estratégias de comercialização agrícola, e neste sentido constituí o foco do programa aqui referido.

Também centra-se na integração de mercados e disseminação de informação através de rádios comunitárias rurais.

O programa presta apoio orçamental ao MADER, e assistência institucional ao IAM e INCAJU.

A abordagem de implementação incluí o out sorcing. E considera-se que esta operação irá reforçar a descentralização do MADER através duma maior disponibilização de recursos ao nível provincial, e favorecer a subcontratação de serviços públicos a vários

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actores, como ONGs, sector privado e associações de produtores, o que está em consonância com o PROAGRI 2 e a estratégia actual do MADER.

Foram lançados projectos em áreas propensas à seca, no interior de Gaza e zona sul de Inhambane.

Dos 41 milhões de Euros disponibilizados para o programa de acções no terreno, 57 percento foi alocado às áreas mais vulneráveis e de insegurança alimentar e 43 percento para as zonas de alto potencial produtivo e de comercialização agrícola para as províncias de Nampula, Niassa, Zambézia, e Cabo Delgado. Foram organizados 3 seminários contando com a participação de ONGs envolvidas, sector privado, e instituições financeiras que operam nas zonas ruais.

3.2 Assuntos Horizontais Os assuntos horizontais são a nova estratégia do PROAGRI. De facto:

- O MADER produziu um plano de acção para o género no sector agrário, o qual foi discutido em dezembro de 2003.

- No contexto do Plano de Gestão Ambiental do MADER (EMP), o qual conta com 2 anos e meio de implementação no âmbito do PROAGRI, foram elaborados e aprovados novos regulamentos em implementação nas áreas de gestão das pestes, da água, e de concessões florestais. Mas a operacionalização no terreno é dificil.

- A Comissão Européia foi nomeada para a coordenação adjunta do grupo de doadores para a agricultura.

(6) ASSUNTO PARA DEBATE A Horizontalidade do PROAGRI Deve-se debater sobre que sectores envolver, e que actores devem ser mais activos no Programa.

De facto, todo o trabalho de análise do PROAGRI 1 mostra da necessidade de fazer sua segunda fase

PROAGRI 2, o mais integrado possível. Ou seja, trabalhar-se inter ministerialmente no sentido de congregar águas, terras, comércio, comunicações (estradas, energia, telefone, etc.), saúde, educação, e outros elementos que conjuntamente podem conduzir ao desenvolvimento rural.

Os actores pertinentes para Programa devem ser, para além do Estado, aqueles que produzem e que podem assim criar a riqueza necessária para combater a pobreza e ultrapassar o subdesenvolvimento.

Um componente de sua importância na horizontalidade do PROAGRI é a Banca com o sector de créditos, para possibilitar o desenvolvimento a médio e longo prazo, dentro de um sistema auto sustentável.

Esta horizontalidade deve-se fazer sentir também ao nível provincial e distrital, com o envolvimento de todos os actores (estado, camponês e sector privado; pessoas individuais e colectivas) nos processos de planificação, discussão inicial e restruturação dos planos de acção, implementação e monitorização do planejado.

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4 PROAGRI 2 Tudo indica que o PROAGRI 2 será um marco para intervenção na agricultura em Moçambique em geral, e no desenvolvimento rural do país em particular (veja Ministry of Agriculture and Rural Development 2003: 31-135).

Dentro das discussões que estão a ter lugar para a elaboração final do PROAGRI 2 nesta fase intermediária, os alvos beneficiários serão: os sectores familiar e privado, dirigindo-se atenção ao desenvolvimento da agricultura de pequena escala e a comercial. Três areas horizontais programáticas estão identificadas: o sector familiar, o privado e a gestão sustentável dos recursos.

A análise provincial dentro do processo de reelaboração do Programa, mostrou-se a relevância de factores intersectoriais para bons resultados na agricultura, e da necessidade de participação de actores directamente ligados à produção na decisão sobre políticas e operações chaves. Seis áreas chaves foram identificadas, ou sejam: mercados de insumos e produtos; finanças rurais; infraestruturas produtivas e de comunicação; tecnologia; gestão de recursos naturais; criação de ambiente macro económico favorável.

A visão do MADER define que o objectivo global para o desenvolvimento agrícola é o desenvolvimento de um sector integrado, sustentável e competitivo, diversificado, para uma base de acumulação articulada através de uma cadeia de adição de correntes de valor, com benefícios amplamente distribuídos . Para se alcançar os principais objectivos desta visão, deve-se usar uma abordagem horizontal, sem hierarquias, consistindo na planificação centrada em resultados, permitindo a coordenação entre os actores. Os programas horizontais definem as questões relevantes, os objectivos a alcançar, as orientações de acordo com as soluções, e as responsabilidades dos actores envolvidos. Os programas assim concebidos caracterizam-se por irem para mais além do MADER, suas acções estratégias contribuindo para um ou mais objectivos estratégicos, o que implica um alto grau de abrangência e impacto de tais acções, e são selecionados de forma competitiva dentre as demais propostas.

Segundo o MADER ainda existem alguns aspectos por concluir no PROAGRI fora do Ministério: a coordenação, a descentralização, e capacitação junto aos produtores.

Por tráz desta não conclusão existem uma série de aspectos, mas a questão crucial tem a ver com a capacidade do MADER na base, ao nível distrital e local por exemplo, onde ainda é muito fraca. A capacidade do MADER no terreno é assim, o maior desafio ainda por ultrapassar nas próximas fases do Programa.

Quanto à capacitação humana, o PROAGRI conseguiu trazer uma grande melhoria. De facto, e segundo o MADER, hoje existem capacidades que até privados recorrem ao MADER. Ao nível central, o problema chave não é a falta de capacidade humana, mas sim alguma aplicação inadequada dessa capacidade.

Ao nível local, o problema de falta de capacidade humana tem a ver com falta de condições para manter os quadros no terreno. De facto, o mercado de trabalho está agressivo e nos esquemas actuais de remuneração do MADER, tal como outros

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ministérios, não há condições para atrair a mão de obra (mais qualificada e de boa qualidade) e competir com outros empregadores.

Considerando tudo isto, o MADER elaborou um marco de intervenções para o PROAGRI 2 apontando quatro elementos:

1 Funções essenciais do MADER que podem ser mínimas, ou seja, aquelas oferecidas no desempenho normal das actividades, e as de natureza pública que resultarão da procura do público impulsionados pela dinâmica do programa. Para fazer frente ao desafio o sistema interno de financiamento (PAAO) foi aperfeiçoado, sendo que o financiamento necessário não será implementado totalmente pelo MADER, mesmo para as funções chaves, ultrapassando assim, um dos grandes contrangimentos do PROAGRI 18. O PAAO deve abarcar as actividades essenciais e controlar um orçamento base para as funções essenciais. Os PAAOs devem incluir um orçamento de investimento para as acções estratégicas que devem provar capacidade de impacto no terreno. Segundo este princípio, a implemtação está aberta à participação de outros actores.

2 Funções induzidas pela procura. Aqui o MADER deverá abrir as despesas de financiamento a outros sectores. É aqui onde se enquadra a preocupação de um doador, sobre a criação de fundos adicionais para a construção de estradas enquanto o Ministério de Obras Públicas e Habitação possui fundos para este fim. Seria o caso de se reestudar a estrutura de tais parcerias, no sentido de não haver sobreposição de fundos entre dois ou mais sectorees estatais.

3 Parcerias com actividades fora do orçamento , que apoiam a agricultura, em sectores complementares.

4 Actividades em sectores não directamente da agricultura, mas que têm peso neste sector. Aqui entram as questões de relações de género, HIV-SIDA, e o desenvolvimento do sector privado, que são considerados nos programas horizontais.

Neste todo, transparece claramente no PROAGRI 2 que o papel do MADER para o desenvolvimento rural e agrícola não é autónomo. De facto, o MADER conta com a participação de diferentes actores destacando-se nesta segunda fase: o sector privado com os comerciantes, agro-processadores, e instituições de crédito; as associações de produção na provisão de serviços subcontratados; beneficiários do programa; e parceiros do Programa.

Entretanto, para que o Programa tenha um bom ritmo o MADER deverá ter um papel chave na formulação de políticas no âmbito do seu enquadramento na economia de mercado. Importa salientar que as políticas agrárias do MADER não minimizam o papel de outros actores estatais, mas sim, contam com as políticas de outras entidades governamentais com impacto relevante no sector agrário. Como é o caso das políticas de

8 Veja www.sahlins.net, PROAGRI unable to use all funds , uma leitura do NOTÍCIAS de 9 Junho de 2003, citando o Ministro Muteia quando disse que de um total disponível de US$ 202 milhões para o PROAGRI, o MADER somente conseguiu usar US$ 150 milhões. No primeiro ano nem a metade do dinheiro disponível foi usado porque os doadores não acreditavam no sistema de gestão financeira do MADER.

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crédito, mercados, infraestruturas, e meio ambiente de negócios, para além das Leis de Terras e de Floresta e Fauna Bravia. Assim, a formulação, coordenação e monitoria da implementação de políticas e programas terá seu foco interno e externo.

O cálculo orçamental para o PROAGRI 2 considerada questões metodológicas. O orçamento do MADER inclui: funções essenciais mínimas (US$ 105 milhões); accões estratégias provinciais e orientadas à procura (US$ 90 milhões; e actividades do PROAGRI orientadas para a procura (US$ 80 milhões).

Do PROAGRI 1 destaca-se: Pontos Positivos

DESPROJECTIZAÇÃO do sector agrário estatal; capacitação institucional do sector incluindo um incremento nos recursos físicos e humanos posicionados até ao distrito. Pontos Negativos

Pouco reflexo no desenvolvimento rural e no alívio à pobreza; pouco envolvimento dos que estão a produzir no meio rural (pessoas individuais e colectivas); pouca ligação intersectorial; pouca ligação em termos de indicadores, entre os gastos com meios físicos e humanos e os resultados na área de produção e produtividade; baixo involvimento das províncias e dos distritos; muita discussão e pouca acção; baixo nível de monitorização das acções, incluindo a gestão institucional e os termos de procurement.

Para o PROAGRI 2, vislumbra-se: Pontos Positivos

Maior involvimento de todas as forças vivas sociais no processo de elaboração dos termos do Programa, incluindo as províncias e os distritos; aumento da ligação intersectorial dentro do Estado; planificação dos termos de horizontalidade; mais transparência na gestão dos fundos do Programa e do sistema de procurement. Pontos Negativos

Baixa definição sobre o involvimento da Banca; baixa definição sobre a (auto) sustentação do Programa a médio e longo prazo; falta de indicadores de ligação entre gastos e produção, produtividade, e (auto) sustentabilidade do Programa.

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PARTE 2 LEITURA ANALÍTICA DO PROAGRI

5 DIFERENTES PERCEPÇÕES SOBRE OS CONCEITOS CHAVES DO PROGRAMA

O PROAGRI como uma estratégia compreensiva para o desenvolvimento agrário do país, merece uma análise circunstanciada sobre a percepção dos diferentes actores nele envolvidos, tanto como implementadores como beneficiários nos diferentes níveis de governação estatal e municipal, em relação ao conceito de desenvolvimento nas vertentes pertinentes ao programa. Envolvendo ainda, actores externos como os doadores.

5.1 Conceitos Identificados na Revisão Documental e Sua Problematização Segundo os documentos do MAP (1996 e 1997) e MADER (2003a e 2003b), o PROAGRI é (foi, enquanto PROAGRI 1) um programa integrado de investimento público e custos correntes necessários para o desempenho da instituição, na promoção da actividade agrária e seu reforço na contribuição para um desenvolvimento económico sustentável do país. Esta constitui uma definição operacional do programa. Como definição conceptual, o PROAGRI é um programa nacional integrado de investimento no sector agrário. Os documentos consultados não apresentam explicitamente, definições para os conceitos de desenvolvimento em geral e desenvolvimento rural em particular, e nem apresenta uma conceitualização de participação, no tocante ao papel dos diferentes actores no desenho, monitoria, implementação e avaliação do Programa.

O Ministério da Agricultura e Pescas (1996) concebe o PROAGRI como um programa cujo referente principal é o sector familiar. No entanto, não deixa claro sobre como irá este modesto sector pagar os serviços a serem fornecidos pelo estado no âmbito do Programa. E esta é uma questão crucial, considerando que apesar de ter crescido nos últimos anos, o nível em termos de valores das receitas e despesas nas zonas rurais é ainda muito baixo, como transparece no resultado do Inquérito aos Agregados Familiares sobre o Orçamento Familiar (Instituto Nacional de Estatística 2003). Fica em aberto então, se serão serviços gratuitos? E se assim for, quais serão os critérios? Durante o tempo de implementação do Programa ou durante o tempo necessário à consolidação da capacidade produtiva do actor?

Quanto às actividades a serem terciarizadas, pode-se questionar se estará o sector empresarial disposto a fornecer serviços para um produtor familiar sem capacidade de pagamento imediata? Que critérios a adoptar para tal?

O PROAGRI aponta a componente de extensão rural como fundamental para a capacitação produtiva do sector familiar. Entretanto, na disponibilização de fundos verifica-se a nível provincial a marginalização de províncias mais aptas para a produção pecuária (Tete, Maputo), mesmo tendo assumido a intenção de fomentar a produção de culturas agrárias nessas províncias de fraca aptidão agro-ecológica.

O PROAGRI volta sua atenção para a utilização dos recursos produtivos, nomeadamente a terra, que constituí 33 milhões de hectares aráveis dos quais é cultivado muito menos que 50 percento, e considerar então, que o aumento das terras cultivadas poderá aumentar a produção total no curto prazo.

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O MAP/MADER assume os desafios da cordenação intersectorial como um pressuposto para o sucesso do PROAGRI.

A descrição do papel do MAP (hoje MADER) no PROAGRI, considera as províncias de Gaza e Manica como a maior e menor concentradora de quadros, respectivamente. Não obstante, não deixa claro uma consideração compactível no âmbito da disponibilização de fundos para reforma instutucional ao/s níveis provinciais.

O documento do PROAGRI 1 conceptualiza o sector agrário como fornecedor de insumos à industria alimentar e à comercialização, sem que sejam os produtos comercializados necessariamente industriais.

Sendo assim, pode-se inferir que desenvolvimento na óptica institucional do PROAGRI 1, é intendido num todo, que abarca o aumento da capacidade central para daí retirar o necessário para a melhor gestão do sector mesmo aos níveis descentralizados, cobrindo os seus diferentes componentes, incluindo o sector de capacitação de recursos humanos e captação de recursos financeiros. Entretanto, na primeira fase do Programa privilegia-se somente o sector central estatal, o próprio Ministério e seus quadros.

Para o PROAGRI 2, afunila-se um conceito mais explícito de desenvolvimento agrícola para o Programa, implicando acções com incidência do terreno. Estabelece-se aqui, o conceito operacional do Programa cujo objectivo final não é (mais) a capacitação institucional mas a coordenação dos intervenientes e a assistência aos produtores. A institucionalização é vista mais e apenas, como uma fase ou mecanismo preliminar para se encontrar o objectivo final que é o desenvolvimento agrícola.

Segundo a visão do MADER, estabelece-se a conceitualização do conceito de desenvolvimento rural muitas vezes arrendondado ao desenvolvimento do sector agrícola (agricultura), posto que no documento sobre o PROAGRI 2 faz até o momento pouca menção à fauna e à pecuária.

Esta visão vai de encontro de uma maneira geral, à dos doadores, considerando que o Programa foi elaborado a quatro mãos entre o Governo e seus parceiros internacionais, com alguma consulta à sociedade civil que inclui tanto o sector privado como as organizações não governamentais, e ainda, grupos directamente beneficiados pelo Programa nas zonas rurais.

5.2 Outras Conceitualizações Documentais Numa leitura de documentos disponíveis sobre o Programa, nota-se uma visão de necessidade premente de um programa com as dimensões do PROAGRI, mas transparece um certo receio institucional de capacidade de abosorção do incremento desta capacidade. Pavignani e Hauck (2002) definem o PROAGRI conceitualmente, como um programa sectorial integrado para a agricultura. Operacionalmente, os autores (ibid.) dão-nos a percepção do PROAGRI como um programa do governo para o desenvolvimento da agricultura, dependente da assistência técnico-financeira dos doadores. Numa leitura específica quanto à questão da disponibilização de fundos, e seu impacto na capacitação

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técnica de implementação do PROAGRI, por parte do MADER, os autores (ibid.) colocam o governo como único agente móbil do PROAGRI, as agências doadoras como provedores financeiros, e uma relação de dependência entre a implementação do PROAGRI pelo MADER e as agências doadoras.

Este trabalho (ibid.) não distingue os diferentes tipos de doadores envolvidos na provisão dessa assistência. Não menciona, por exemplo, o envolvimento de pequenos organismos especializados em questões agrárias como seria o caso de associações, cooperativas, etc.

As ideias chaves subjacentes à análise de Pavignani e Hauck (ibid.) referem-se à: incapacidade técnica do MADER na implementação do PROGRI e na inoperacionalidade dos mecanismos de canalização de fundos pelas agências doadoras.

Compton (2000) faz uma análise crítica sobre a concepção do PROAGRI, como um programa exclusivamente centrado na capacitação técnica e administrativa do MAP-MADER, como estratégia única para o aumento da capacidade produtiva dos vários actores produtores no contexto duma economia liberalizada.

As idéias chaves são assim: capacitação institucional como condição básica para o aumento da produtividade dos actores agrários; negligência da natureza das estruturas produtivas agrárias; descentralização do sector agrário.

De facto, sendo o MAP-MADER uma instituição responsável por diversas actividades económicas como a terra, agricultura, pecuária, exploração florestal, exploração da fauna bravia, e gestão dos recursos naturais, sua capacitação institucional afigura-se crucial para melhorar o desempenho no contexto da liberalização da economia.

Considerando a estrutura do PROAGRI - oito componentes, agrupadas verticalmente nas áreas de desenvolvimento institucional, serviços de apoio à produção agrícola, e gestão de recursos naturais - a reforma do MADER responde à primeira destas áreas. E a partir daí, espera-se que o MADER possa responder as duas últimas áreas citadas, de forma eficiente e dentro dos preceitos duma economia de mercado.

5.3 A Percepção de Outros Actores Os outros actores serão representados pelas opiniões recolhidas nas províncias de Manica e Nampula.

Os actores estatais das províncias de Manica e Nampula vêm o desenvolvimento como preconisado no PROAGRI de uma forma muito funcional. Como um sistema de planificação das actividades que segue uma abordagem onde os ténicos planificam envolvendo grupos alvos como os camponeses. E o INIA, por exemplo, que como um instituto de investigação, estuda as tecnologias e culturas viáveis para zonas alvos. Esta abordagem envolve a população de tal modo que esta conhece, ou passa a conhecer, as oportunidades que tem para crescer e para participar. Nesta óptica, desenvolvimento seria algo claro voltado à agricultura, como um sector chave para conduzir o país a ser produtor de facto, não somente garantir a segurança alimentar, tanto para consumo como para exportação.

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(6) ASSUNTO PARA DEBATE

A Ligação entre o Crescimento e o

Desenvolvimento Para uma participação efectiva do acompanhamento do PROAGRI, incluindo sua monitoria, em termos de poder apinar sobre como construir o desenvolvimento humano com mais valia para o produtor rural e para criar riqueza (mais produção e produtividade), torna-se necessário um debate sobre a ligação entre o Crescimento que o país tem registado, e o Desenvolvimento (rural) no âmbito do PROAGRI.

6 PARTICIPAÇÃO DE DIFERENTES ACTORES NO PROCESSO DE ELABORAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DO PROAGRI

A participação e opinião sobre o impacto do Programa, é dividida por níveis, central e provinciais, e por actores, ou seja, junto aos fazedores do programa, os implementadores e aqueles que sofrem a acção do programa, assim como junto aos governantes e outras personalidades.

O enfoque é no PROAGRI 1, ainda que alguns actores tratem sobre e esbocem opiniões em relação ao processo de reformulação do Programa em PROAGRI 2.

A questão básica foi sobre qual e como tinha sido a participação dos actores no PROAGRI, deixando a critério dos mesmos discriminar maior ou menor intensidade no processo, ou mesmo a ausência de participação.

6.1 Actores Estatais Centrais O MAP, depois MADER, participou com suas diferentes unidades orgánicas no desenho e elaboração do programa, assim como em todas as fases de sua implementação até o momento actual; e considera sua participação muito positiva, desde os primeiros momentos de sua concepção até ao acompanhamento e implementação do Programa no terreno. Entretanto, chama atenção ao facto da falta de um sistema de monitoria prévia, o que levou à redução da qualidade dos resultados das avaliações.

O INIA como instituto de investigação esteve envolvido em todas as fases e em algumas partes seu director acompanhou o Programa no seu papel de pesquisador. Como membro do Conselho Consultivo do MADER, a direcção do INIA desempenha um papel de aconselhador onde o PROAGRI é um objecto de discussão.

A Unidade do Género do MADER participou na elaboração da visão do PROAGRI, e tem também participado como Gender Group no Working Group do Programa.

Entretanto, membros desta Unidades sentem que no âmbito do PROAGRI, os assuntos do género têm sido mais debatidos ao nivel dos grupos consultores, ou seja, mais fora do que dentro dos encontros formais institucionais. E em termos de resultados, ainda que não definitivos, não foram ainda satisfatórios, e isto porque a última versão do PROAGRI fala até agora apenas na elaboração da estratégia do género no PROAGRI 2, mas ainda

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não de maneira suficiente numa real perspectiva de relações de género. Tudo indica que o processo ainda não conseguiu levantar a verdadeira sensibilidade das pessoas para o papel das relações de género no desenvolvimento rural em geral, e no combate à pobreza em particular, principalmente no mundo rural. Sendo assim, torna-se necessário um trabalho mais profundo dentro do MADER nesse sentido.

O MPF, parceiro na gestão dos fundos, participou com o PROAGRI em todo seu processo desde a concepção inicial, nas seguintes fases:

- Formulação do Programa inicial. - Avaliações conjuntas anuais de desempenho do PROAGRI. - Gestão diária do PROAGRI considerando que os recursos passam por este

Ministério e daí é canalizado ao MADER. - Em todas avaliações de meio termo. - Nas formulações do PROAGRI 2.

Comentando sobre a participação o dirigente do MPF entrevistado pela equipa de trabalho, considera que a metodologia de gestão como adoptada no PROAGRI é muito boa para levar a diante um bom programa. Contudo, são metodologias bastantes difíceis porque exigem uma disponibilidade quase permanente de técnicos para o acompanhamento do processo e o MPF não possui técnicos em número suficiente e nem na qualidade desejada para tal. Para o MADER como beneficiários, eles estão a fazer actividades exclusivas ao sector. Entretanto, existem outros ministérios pertinentes para o desenvolvimento rural, até o momento pouco envolvidos, e em alguns momentos há ainda com dificuldades de fazer o acompanhamento da implementação como desejado.

O MIC participou na discussão do PROAGRI 2, elaborado pelo MADER, onde tráz a idéia do acesso aos mercados. Neste contexto, uma participação interministerial parece não ter sido muito notória no PROAGRI 1, em alguns casos sequer existiu para alguns sectores que deveriam e sentiam que deviam estar mais perto deste novo programa de trabalho do governo.

Um exemplo de quem ficou fora é a ARA-Sul, uma instituição de recursos hídricos na zona sul do país, que não teve nenhuma participação nem convite do PROAGRI, e segundo o ténico entrevistado, se tivessem participado teriam melhor conhecimento sobre o Programa e poderiam eventualmente, prestar assistência em termos do que seria sua capacidade e perspectivas no seu domínio de acção.

6.2 Actores Doadores As agências doadoras revelaram uma grande participação na elaboração do PROAGRI, comparativamente com os restantes actores.

Alguns doadores participaram em várias reuniões, desde a realizada em Outubro de 1998 no reajustamento do programa; na discussões sobre as prioridades das fases do programa; na discussão com os financiadores do programa; e na monitorização do programa através das várias reuniões de revisão do programa.

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Os doadores tiveram assim, e de uma maneira geral, uma participação activa no processo de elaboração deste documento. E neste espírito participativo levantam algumas preocupação ligadas ao PROAGRI 2, ou seja: acham preocupante a maneira como tem sido discutido o PROAGRI 2, por exemplo, ao fazerem uma grande reunião onde uma ala de pessoas importantes senta-se a frente, o que pode inibir a participação dos actores de menor poder mas talvéz mais importantes no contexto de desenvolvimento ao nível rural, e de alívio à pobreza. No dia 16.04.04, os doadores tiveram uma discussão com o MADER, onde pretendia-se ter uma avaliação dos doadores, a qual será determinante para o início ou não da implementação do PROAGRI 2. Dado a importância desta reunião, propôs-se entre os doadores que no próximo encontro houvesse a participação do governo (MPF), e da sociedade civil na discussão. Considera-se também entre os doadores, que o PROAGRI 2 devia ser levantado no Observatório da Pobreza, pois sendo este um programa para os pobres (os camponeses), é absurdo a marginalização da sociedade nas discussões.

Outro aspecto tem a ver com a concepção do PROAGRI 2. Alguns doadores consideram que há uma confusão conceptual deste programa. Na discussão de 2003, havia uma ala que queria o PROAGRI como uma estratégia nacional de desenvolvimento rural. Mas argumenta-se neste contexto, que não existe um consenso sobre uma estratégia de desenvolvimento rural e que não existe ainda uma estratégia de desenvolvimento rural (bem) definida.

Argumenta-se que deveria existir uma estratégia nacional muito mais abrangente (dentro do PARPA, por exemplo), que englobasse várias áreas, sendo uma delas o desenvolvimento rural, que por sua vez iria conter o PROAGRI. Entretanto, este assunto não ficou bem resolvido mesmo com a mudança do MAP para MADER, o PROAGRI continua sendo apenas ou mais visto no âmbito do Ministério da Agricultura.

Interioriza-se no seio dos doadores, que existem ideias interessantes no PROAGRI. Mas apesar disso o Programa assim como está concebido, (ainda) não converge muito para os objectivos pretendidos. Chama-se a atenção, por exemplo, para o facto do MADER propor 3 fundos, um dos quais pretende alocar na construção de estradas, o que pode criar confusão entre os fundos do MADER e do MHP. Como já existem fundos para estradas, corre-se o risco de ter vários fundos para fazer a mesma coisa.

Alguns doadores participaram mais intensamente no PROAGRI, o caso da Embaixada da Dinamarca que estive envolvida desde o início da concepção do Programa, tendo participado em todas as fases do Programa da formulação à implementação como parte de um acordo de gestão financeira de implementação. De salientar nestecontexto, que houveram reuniões na Dinamarca e várias missões que participaram na concepção do PROAGRI. A Embaixada participou também ao nível das províncias, em particular na província de Tete, no lançamento das bases para a planificação e orcamentação a ser levada ao nível central. Continuam envolvidos no PROAGRI 2, onde se discute o reajustamento para a nova formulação do Programa.

Depois do PROAGRI 1, assinou-se um memorando de entendimento sobre o comportamneto mútuo do governo e doadores. Houve no processo que culminou com

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esta assinatura muito envolvimento dos doadores, incluindo da DANIDA, como ressalta o entrevistado deste agência de cooperação. Houve ainda, muito optimismo na implementação, mesmo que não se esteja a seguir todo o acordado ao pé da letra. Os doadores mostram neste contexto, alguma flexibilidade, senão o programa correria o risco de ficar parado. Este é o caso da flexibilidade que ressaltam em relação a seguir os acordos assinados e também nos diálogos com os Ministérios, como, por exemplo, como o Plano e Finanças.

A União Européia também participou em todo o processo do PROAGRI desde a preparação do primeiro esboço, considerando que são um dos principais financiadores. Tem contribuído com ideias num exercício de diálogo, mas salienta que a palavra final é a do governo de Moçambique.

6.3 Participação das Associações Sediadas em Maputo, Ligadas ao Meio Rural Nota-se no geral, um fraco envolvimento destes actores no processo de elaboração do PROAGRI 1. Para o PROAGRI 2, muitas dentre organizações a trabalharem no campo, por exemplo, ouviram falar em discussões que estão a ter lugar capitaneadas pelo MADER, mas nem todos foram convidados para tal, não tendo assim, ainda qualquer grau de participação. De ressaltar que poucos percebem, senão mesmo conhecem o conteúdo e a estratégia do PROAGRI para o desenvolvimento rural em geral, e para o aumento da produção e produtividade no campo para o combate a pobreza, em particular.

Dentro o grupo de entrevistados há associações excluídas do PROAGRI, é o caso da ABIODES. Nunca foram contactados e nem envolvidos no âmbito do PROAGRI. Participaram com mais ou menos intensidade na elaboração do Programa, dentre as ONGs contactadas em Maputo, as associações AMODER, ATAP, AGRARIUS, CRUZEIRO SUL, ADPRUM, Visão Mundial, ORAM, UNAC.

Não obstante, importa precisar sobre o conceito de participação na óptica destas associações, principalmente para o PROAGRI 1. Para o PROAGRI 2 tudo indica haver mais involvimento, uma vez que a metodologia de inclusão e auscultação participativa parece ter sido mais aberta, e o papel das ONGs e do sector privado mais considerado neste contexto. Para esta fase 2 tudo indica que a sociedade civil é mesmo um parceiro considerado pela entidade estatal.

Salienta-se abaixo, discriminando especificamente algumas ONG s entrevistadas nesta avaliação, a participação deste sector da sociedade civil em todo o processo do Programa. A AMODER foi solicitada há cerca de 5 anos (sem precisão) para alguns encontros (sem precisão no número de encontros), para tecer algumas opiniões sobre as preocupações a serem consideradas no PROAGRI.

A ADPRUM, participou numa reunião como convidado, e tem tido reuniões com os governos locais (distritais), e neste sentido tem trabalhado directamente como contratado na elaboração de projectos de apoio a produção das comunidades. Alguns desses programas estão enquadrados no PROAGRI. Exemplo, a ADPRUM está a coordenar com os agricultores em projectos, que foram abandonados pelo PROAGRI, nessas

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zonas.E quanto, às suas preocupações sobre o sector agrário, talvés os governos locais as levem para o governo central.

A AGRARIUS, tem conhecimento da realização de consultas com algumas pessoas eleitas pela CTA, mas a nível central desta associação, como representantes da AGRARIUS. Há também seminários, organizados pelo MADER, onde a AGRARIUS as vezes é convidada e tem particicpação directa.

A ATAP foi auscultada, uma única vez, por uma comissão do MADER no campo. Foi um encontro no sentido de apurar as preocupações da ATAP a serem consideradas no PROAGRI.

O CRUZEIRO SUL, tem participado em reuniões na discussão do impacto do PROAGRI, com troca de impressões com o MADER através de consultas alargadas. Fazem pesquisas de campo, e apresentam os resultados aos governos provinciais e aos financiadores. Se o governo tem ou não usado esses trabalhos não podem precisar, mas sentem alguma credibilidade nos serviços da organização pela solicitação dos seus serviços.

A Visão Mundial participou em reuniões onde se discutiu o papel de cada subsector do MADER (extensão rural, investigação, etc.), e sobre que medidas inroduzir para melhor desempenho dos mesmos. Participou também ao nível das províncias de Nampula, Zambézia, Gaza e Maputo, na apresentação do PROAGRI 2 pela proposta da KPMG.

A ORAM sente que participou pouco em termos de oferecer reais contributos, pois não se pode chamar de participação um convite que chega à organização com um dia de antecedência para se ler e opinar sobre um documento como o PROAGRI . Mas espera dias melhores com o PROAGRI 2.

A HELVETAS sente que participou e participa bem ao nível dos distritos onde está implantada, mas quando chega à província não tem o mesmo espaço. Tem esperanças que a coisa melhore com o PROAGRI 2.

6.3.1 Somatório Duma forma geral, as entrevistas mantiveram as constatações anteriormente feitas. As instituições governamentais revelam-se menos críticas ao PROAGRI, enquanto as não governamentais apresentam-se mais críticas.

A opinião das ONGs aqui sumarizada, serve como uma chamada de atenção para o estado (leia-se MADER) pois levantaram um aspecto crucial que se observa nos documentos do PROAGRI em relação à concepção da capacitação institucional para que o MADER se torne desenhador de políticas, mas no entanto continua-se a apontar o papel do MADER na provisão de serviços, que é aliás reconfirmada por alguns actores estatais entrevistados. Neste contexto, as ONGs ressaltam que o MADER terá que ter um sistema muito eficiente de desembolso de fundos para as actividades ao nível da base, do contrário hevará pouco retorno em termos de resultados e vai se questionar a transparência.

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Nota-se também, uma convergência entre as ONGs no sentido de chamar a atenção para o facto de que apesar do PROAGRI ser um programa para integrar todos os projectos do MADER, continuam ainda sendo feitos projectos no sector agrícola, de forma independente, ou seja, não enquadrados no PROAGRI. Duma forma geral, as entrevistas mantiveram as constatações anteriormente feitas. As instituições governamentais revelam-se menos críticas ao PROAGRI, enquanto as não governamentais apresentam-se mais críticas.

De parte das associações agrárias nota-se também alguma indignação por sentirem-se fora do processo, tanto ao nível central como provincial; mais acentuada em algumas, sobre a sua participação no processo de elaboração do PROAGRI.

Algumas, como o caso da AMODER, acham que seria importante uma participação mais profunda de sua parte, considerando que lidam com questões de crédito e a componente financeira aos beneficiários vai ser introduzida no PROAGRI 2. Argumenta que torna-se necessário criar maior espaço de debate, porque muitas vezes programas com o PROAGRI não são conhecidos pelos principais beneficiários, os quais são importantes para o sucesso do PROAGRI.

Outras, como a ATAP, gostariam de participar activamente no PROAGRI, através da subcontratação dos seus serviços e das demais associações.

Outras consideram que o PROAGRI precisa do envolvimento de todos actores, para uma capacitação efectiva do produtor familiar seja efectiva. Em vez disso, consideram que o PROAGRI foi elaborado mais por grupos de intelectuais e consultores que nunca chegam ao campo. Seguem argumentando que as consultas são feitas nos gabinetes entre eles, com maior percentagem de base teórica e muito distante da prática. O MADER escolheu a CTA como representantes das várias associções agrárias. Portanto, os consultores contactam a CTA que nomeia uma comissão, a nível central, que se afirma representante masque pouco ou nunca consulta outros. Das consultas onde participam, suas preocupações não são comtempladas nos programas resultantes.

Algumas ONGs operando ao nível local, como al ADPRUM, afirmam que gostariam de fazer parte do PROAGRI, como têm trabalhado nos outros programas com os governos locais. Isto seria importante porque existem certas zonas do país onde as insittuições do estado não conseguem chegar, e sendo assim, elas seriam uma força adicional para levar o PROAGRI a essas zonas.

Organizações ligadas ao meio ambiente, como a ABIODES, lamentam sua exclusão em todo o proceso de elaboração do PROAGRI. Admitem a possibilidade de essa exclusão ser explicada pela priorização de outras organizações maiores, mas acham má essa exclusão porque consideram que o governo não tem capacidade de trabalhar sozinho, precisará de contectar a sociedade civíl. Advogam que para muitos casos, as associações têm maior capacidade de implementação no terreno que o governo, este não consegue penetrar em algumas zonas, que as ONGs e associações conseguem porque trabalham directamente com a população.

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Associações sócio profissionais como a AMECOM, afirmam que somente conhecem o PROAGRI pelos jornais, e que isto não é muito bom em termos de transparência do processo.

Organizações religiosas como as Caritas Diocesana de Maputo, afirmam que participaram no encontro com o MADER sobre a seca em 2000, mas como haviam muitas instituições agrárias não tiveram papel de destaque. Mas sobre o PROAGRI, não tiveram nenhuma participação.

Organizações de desenvolvimento como a FDC, também não estiveram envolvidas no PROAGRI apesar de trabalharem para o desenvolvimento da comunidade. E este facto faz diferença para estas organizações porque todo apoio que possa vir ajudar as comunidades lhes interessa. Se, a nível do estado existem financiamentos para o trabalhos que vão para as comunidades, pensam que deveriam ter alguma participação. Seria bem vindo estas instituições estivesem no processo deste sua concepção inicial.

A UNAC como uma instituição que congrega os camponeses do país, argumenta que teve um encontro com um grupo de consultores mas não sente-se como afirmar se foi uma consulta ou não. Mas o PROAGRI diz terem sido convidados para o lançamento do esboço inicial.

De realçar nests contexto, uma mudança substancial em relação ao PROAGRI 2, com maior envolvimento da sociedade civil.

As empresas privadas sentem-se fora do processo. A MADAL, por exemplo, uma empresa privada que actua da Zambézia na produção e comercialiação de produtos agrícolas, particularmente óleos, também não participou do PROAGRI, nem em elaboração nem em avaliação. O seu PCA considera que como contribuem com receitas para o Estado o facto de não terem sido convidados constitui um erro do próprio MADER.

Finalmente, todas as ONGs e o sector privado consideram negativa esta exclusão. Primeiro, porque trabalham directamente com as comunidades; segundo, porque todos os Projecto hoje têm como condição a participação das comunidades, o envolvimento das comunidades. Reconhecem entretanto, que algo está a mudar no PROAGRI 2.

6.4 A Visão das Províncias A participação do PROAGRI das províncias é inferida basicamente, pela visão de Manica e Nampula. Como aconteceu nas opiniões emitidas ao nível central, tanto em Manica como em Nampula tudo indica que o actor estatal teve uma participação relativamente alta no processo, com menor incidência no actor da sociedade civil, seja o sector privado e as associações, seja o camponês familiar, sejam as ONGs voltadas à àrea da agricultura e desenvolvimento rural.

Entretanto, mesmo para o actor estatal, diferencia-se a participação no processo do PROAGRI 1, que foi baixa, com a da revisão para o PROAGRI 2, que tem sido alta.

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Também para o PROAGRI 2, nota-se já um envolvimento de sectores da sociedade civil como produtores, e associações e ONGs. Um elemento de reacção negativa de parte de todos os actores, é em geral, o tempo que é dado de parte das autoridades centrais para se estudar os documentos e emitir algum tipo de parecer em termos de reacção, que é normalmente abaixo do que seria de desejar.

(7) ASSUNTO PARA DEBATE

Como a Sociedade Civil quer Participar no

PROAGRI A questão da participação no PROAGRI deve ser discutida ao nível da sociedade civil, com a apresentação de algum tipo de plataforma - como a que está a funcionar para o Observatório da Pobreza - sobre como os produtores (familiares e privados), as organizações e associações desta sociedade querem participar.

A sociedade civil deve produzir seus Termos de Participação, pois do contrário: Podem acontecer consultas e serem chamadas de participação. Podem se distribuir documentos para comentários, quando estes já estão prontos por consultores especializados e aprovados pelos doadores.

7 IMPACTO DO PROAGRI 1 NA CAPACITAÇÃO DO MADER A incremento em termos de capacitação do MADER é notório, ainda que diverjam as opiniões sobre o que deveria ter sido feito e os reais resultados para incentivar o desenvolvimento rural e tratar do combate à pobreza.

7.1 Actor Estado Central O PROAGRI 1 terminou em 2003, e agora está-se numa fase transitória para o PROAGRI 2. Para o MADER a avaliação do PROAGRI 1 é positiva pois houve um trabalho de sucesso na capacitação e reforma institucional. Entretanto, existem ainda alguns aspectos por concluir fora do MADER: a coordenação, a descentralização, e capacitação junto aos produtores.

Tudo indica que o MADER hoje possuiu uma capacidade humana que até serve ao sector privado. Sendo assim, depois do PROAGRI 1 a questão chave não é tanto, falta de capacidades, mas sim de como ela é usada. E ainda, onde está esta capacidade localizada, sendo o ponto mais fraco ainda os distritos, exactamente onde está a maior necessidade principalmente para a extensão rural. O MADER atribui este facto ao mercado agressivo que não perdoa, com a concorrência privada em matéria de salários. Um problema que afecta não somente o MADER, mas também outros sectores estatais cruciais para o desenvolvimento rural. Que vêm-se assim, frente a uma situação de não conseguirem atrair a mão de obra que necessitam para melhor cumprir suas obrigações para com os cidadãos, e competir em igualdade com outros empregadores.

No MADER, o PROAGRI capacitou, por exemplo, as áreas principais de intervenção da DINA em equipamento, tanto a nível nacional como provincial e distrital. Foi um apoio nas áreas de sementes, controle de qualidade, promoção da produção local, feiras de sementes onde houve grande investimento. As vantagens das feiras consiste segundo a DINA, em explorar a capacidade fora do circuito normal, e joga aí um papel importante

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porque sabe-se que 5 percento das sementes provêm da produção local familiar. Ensinou-se ainda, ao produtor familiar como lidar com a tecnologia.

Ainda em relação ao desenvolvimento rural, o PROAGRI potenciou a produção agrícola, no fomento de culturas. E na DINA interveio-se nas áreas de políticas e regulamentos para criar um quadro para facilitar e atrair o investimento do sector privado, para a cultura específica. Atingiu-se bons resultados nas fruteiras onde o projecto piloto foi em Maputo. Desenvolveu-se a cultura do tabaco que contribuiu para ajudar na redução da pobreza em algumas aldeias, esta cultura neste momento envolve 128.000 famílias, mas não se dedicando com exclusividade só nessa produção. A DINA não arrisca afirmar que o que ganham na venda do tabaco seja muito, mas salienta que com o dinheiro compram bens como bicicletas e rádios. Entretanto, reconhece que o desenvolvimento é mais complexo que isto, pois pode preferir-se mandar os filhos a escola, por exemplo.

Conseguiu-se sucesso na área do aviso prévio para a segurança alimentar. Monitorou-se culturas desde Outubro a Maio, para ver o progresso e reavaliar as capacidades. Na produção de cereais, por exemplo, apesar de adversidade de clima registrou-se algum aumento ainda que totalmente satisfatório

Na verdade, a maior parte das actividades do PROAGRI 1 foi interna. Mas a DINA salienta que não só se equipou o árbitro, o MADER, mas também trabalhou-se na mitigação de calamidades naturais (secas e cheias) e apoiou-se a recuperação da capacidade de produção de camponeses através da distribuição gratuita de sementes. Nos últimos dois anos houve programas de implementação de mitigação de estiagem em 57 distritos, com a participação dos locais. O plano consistiu na reabilitação de sistemas de regadio sustentáveis localmente, distribuição de sementes, promoção de cultura de mandioca e batata doce que tiveram um papel da fome. Foram assim, resultados positivos. Interviu-se no terreno com o pequeno produtor apesar da seca das duas campanhas, e como resultado aumentou-se a produção, graças aos regadios e sementes. Fomentou-se ainda, pequenas espécies como o cabrito.

Quanto à investigação agronómica, antes do PROAGRI havia um orçamento que apoiava apenas a manutenção do INIA. A investigação realizada era mais sob encomenda dos doadores que acabavam por determinar o tópico e a agenda. Existiam neste tempo vários projectos e a gestão era feita por um gabinete, não existia um todo coeso e por vezes, a direcção do INIA nem sabia o que se passava em cada projecto em particular. Com o PROAGRI, todo o orçamento é disponibilizado ao MADER que comenda a cada instituição subordinada ou associada como o INIA, que desenhe seu plano de trabalho para receber fundos. Houve assim, uam melhoria significativa principalmente no sentido de pertença (owership) do que se faz, com menos interferência dos doadores. Existe no MADER um sector que gere a gestão financeira que engloba também a parte da investigação. Neste sentido, houve uma melhoria substancial, ainda que persistam problemas principalmente, para o caso de planificação especial como é o caso da investigação, que trata de problemas como o da mandioca, por exemplo, que podem durar anos, o que implica que não se pode prestar contas a cada três meses. Esta realidade já foi constatada e está em discussão a mudança no sistema.

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7.2 Actores Doadores De uma maneira geral, os doadores consideram que o PROAGRI 1 teve algum impacto na capacitação do MADER pois já se começa a sentir algo, quer internamente, quer no terreno. Sustentam esta posição em termos concretos, afirmando que na descentralização a prestação de serviços ao nível provincial está a melhorar em questão dos serviços prestados, através da potenciação em transportes e formação de pessoal, onde salienta-se também a questão do papel das rádios comunitárias.

Entretanto, alguns doadores assumem uma posição mais crítica, considerando que há uma série de melhorias mas que está muito aquém das mudanças necessárias, do compacto total e efectivo de mudanças necessárias.

Uma das melhorias realçada como resultantes do PROAGRI 1, é o facto da realização da orçamentação do MADER através dos Planos de Acção das Actividades Orçamentais (PAAO). Torna-se possível ver o que está sendo feito pelo MADER, fazer advocacia sobre esses planos, e fiscalizar os gastos.

Alguns doadores defendem que a função do PROAGRI não é o desenvolvimento rural, embora tenha que estar ligado a qualquer processo de desenvolvimento rural. Neste contexto, o desenvolvimento rural deve ser um mecanismo de coordenação, não se pode dizer que sua função pertença só a um sector, mesmo que o MADER venha ter um papel central.

Do ponto de vista institucional todos concordam que o PROAGRI foi um sucesso na criação de capacidades, mas a reforma do MADER não terminou, deve continuar para o bem do PROAGRI. Capacitou-se até os distritos e há mais pessoas formadas, há mais capacidade no geral, é certo que há dificuldades, mas o mínimo segundo ele foi feito para o MADER cumprir suas funções. Agora falta a reforma institucional que já existe como plano, faltando apenas os regulamentos e mais alguma consultoria. Mas mesmo assim o PROAGRI consegue ser transparente, devido às avaliações externas que se fazem, consultas com os parceiros nos grupos de trabalho. Salientam neste contexto, que o MADER é o único Ministério onde se consegue fazer auditoria externa. Que possui sistemas de monitoria e avaliação, sistema de aviso prévio, mais quadros, distritos com carros computadores, políticas agrárias, leis e regulamentos, e que isto é fruto de um trabalho de capacitação institucional muito positivo.

Neste contexto, a capacitação institucional foi boa, de tal modo que o MADER é uma instituição diferente agora, pois tem mais capacidade de descentralisação, incluindo financeira. Há distritos que já planificam individualmente e existe mais capacidade de recursos humanos, transporte, escritórios incluindo provinciais e distritais.

Sendo assim, o reforço institucional foi bom ainda que não perfeito. Apesar de se questionar o montante dos salários dos técnicos superiores, reconhece-se que há coisas boas como mais pessoas licenciadas nas províncias, por exemplo. Como parte de um processo o PROAGRI no geral é bom, ainda que muito trabalho esteja por fazer, principalmente em recursos humanos. O MADER foi pioneiro e inovador no processo da

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reforma do sector público, ainda que aparentemente, a Unidade de Reforma diga que o processo foi feito mal no MADER.

Rezumindo, o processo de reforço institucional foi um sucesso porque conseguiu os resultados previstos, pois a nível provincial e distrital ocorreram mudanças, possuindo agora mais meios, mais possibilidades para trabalhar em extenção rural, reforçando os mecanismos de consulta. Conseguiu-se a introdução do plano de actividades e o orçamento anual, o que é uma inovação do PROAGRI, mas faltam coisas por fazer e que foram solicitadas pelos doadores internacionais, que talvez não entrem nas prioridades do MADER; trata-se da reforma do pessoal e do reforço do papel do desenvolvimento rural para ter uma ligação mais forte com o PROAGRI.

Quanto às estratégias, argumenta-se que o PROAGRI não é uma estratégia mas um programa para operacionalizar uma estratégia. E salienta-se que houve contribuição para o desenvolvimento exactamente porque o Programa permitiu acertar as bases do MADER para melhorar sua capacidade em termos de recursos humanos, descentralização administrativa até os distritos com contratação de quadros superiores e disponibilização de meios como veículos, para que estes pudessem cumprir a contento seu papel. Entretanto, para outros actores como os camponeses e comerciantes, é difícil ter um consenso ao nível internacional no sentido do papel do estado, neste caso o MADER, na agricultura. Argumenta-se ainda, que a agricultura é actividade privada, entretanto, o PROAGRI permitiu definir melhor o papel do MADER, ainda que funcione melhor em alguns sítios que outros, dependendo dos recursos humanos disponíveis. Em algumas províncias, por exemplo, o MADER já não implementa directamente as acções do Programa, há mais participação de outros actores como as ONGs.

Neste processo, a capacidade institutional foi sem dúvida, a que absorveu mais fundos, um objectivo que visava permitir a descentralização junto com os outros dois que eram para fornecer serviços agrícolas e melhorar a gestão. Gastou-se tempo para se convencer aos doadores que o sistema do MAP (depois MADER) era o suficientemente robusto para aguentar com as reformas do PROAGRI. De facto, e segundo a maioria dos entrevistados doadores, somente em 2001 começou de facto o PROAGRI, em termos de fundos. Os doadores estão conscientes da mais valia que é ter ténicos capazes e com meios de trabalho até aos distritos, e isto hoje é realidade. Mas nos planos de revisão que se faz a cada Julho de cada ano, trata-se agora de diminuir o peso da componente institucional.

7.3 O Impacto Institucional do PROAGRI ao Nível das Províncias É notório o impacto em termos institucionais, tanto em termos de recursos humanos, como de meios materiais.

Na província de Manica o impacto é visível, porque pela primeira vez começou-se a afectar quadros superiores (técnicos, engenheiros agronómicos e extensionistas). Conseguiu-se também atacar a componente de residências para esses quadros superiores e criar condições de acomodação, por exemplo, com a internet e sinais de TV. Criou-se assim, as mínimas condições de atracção para esses quadros nas províncias, e daí para os distritos. E para o mesmo efeito, está-se a criar núcleos profissionais.

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Neste contexto, o papel do extensionista é notável neste reforço insittucional, pois reconhece-se que a extensão rural tem uma actividade primordial a desempenhar na agricultura. De facto, como salientou o Governador provincial, onde existe extensão rural, a maneira de fazer as machambas, armazenamento, comercialização, é muito melhor que nas zonas onde não existem esses serviços .

Neste contexto, o governo provincial em Manica instruiu seu colectivo para envolver os quadros superiores em todas as actividades que necessitem de alguém com este nível de formação, para valorizá-los como recursos humanos, e retirar o máximo de proveito de sua presença para o desenvolvimento da província.

O PROAGRI teve assim, um aspecto positivo em geral, para o nível distrital, porque quando se afectam ténicos superiores aos distritos estes sozinhos planificam suas necessidades consoante os recursos. Por exemplo, segundo diferentes testemunhos a ligação de eletricidade para a residência do técnico permite um efeito cascata ou dominó, ou seja, reproduz-se de modo que se possa abrir um posto médico melhor preparado e até montar uma antena parabólica, e isto muda a dinámica das actividades dos distritos. E ainda, ao nível institucional o PROAGRI torna possível desta maneira, o acompanhamento e supervisão das actividades dos agricultores até a colheita.

Para Nampula, o efeito também é positivo, há mais quadros qualificados ao nível dos distritos e melhores condições de trabalho com motorizadas e bicicletas. E ainda, há a preocupação contínua de melhorar-se nesta área o que é bom em termos de perspectivas para o futuro.

Entretanto, critica-se de uma maneira geral ao nível provincial, o excesso de capacitação teórica com muitos workshops e seminários de parte do nível central, mas pouca prática. E ainda, a questão da planificação central que deve ser abandonada para envolver institucionalmente mais a base, seja a estatal (províncias e distritos) seja a da sociedade civil.

(8) ASSUNTO PARA DEBATE

Indicadores que Liguem Fundos com Maior Produção e Produtividade

Torna-se necessário que no processo de participação no PROAGRI, a sociedade civil elabore para discussão, indicadores que ache pertinentes para ligar os gastos/recursos físicos e humanos liberados no âmbito do PROAGRI, à maior produção e produtividade na área rural, para que o Programa possa ser (auto) sustentável a médio/longo prazo.

Estes indicadores devem ser discutidos com o Estado em sessões abertas de debate.

8 IMPACTO DO PROAGRI NO COMBATE À POBREZA As opiniões sobre o impacto do PROAGRI no combate à pobreza consideram os actores estado, doadores e a sociedade civil, assim como as províncias representadas por Manica e Nampula.

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8.1 Actor Estado Na óptica do MADER, na forma como o PROAGRI foi desenvolvido ficou quase que automaticamente ligado ao PARPA. O PROAGRI é assim, um instrumento do MADER para a redução da pobreza.

Um facto óbvio é que a economia urbana tem dependido da rural; existe uma ligação muito directa entre ambas. Nesta perspectiva, acredita-se pois, que não é possível contribuir para a redução da pobreza sem aumentar os índices de produtividade.

O MADER considera que até aqui o aumento da produtividade dependeu do aumento da produção graças ao reassentamento populacional e aumento das áreas de produção. Mas chegou-se ao limite das capacidades humanas (o entrevistado refere-se à produtividade da mão-de-obra dos camponeses). Sendo assim, as apostas para o PROAGRI 2 devem ser tecnologias que aumentem a produtividade num pequeno pedaço de terra.

E, ainda, a capacitação do MADER, a níveis institucional e de prestação de serviços implica o envolvimento de práticas e conhecimentos para o aumento da produtividade. E é neste contexto que o MADER considera que o PROAGRI desempenhou um papel importante na redução dos índices de pobreza.

8.2 Actor Doador Os doadores acham que o PROAGRI teve até o momento, um impacto fraco no combate a pobreza, é mais forte em outras componentes. Entretanto, espera-se resultados mais positivos neste êmbito para o PROAGRI 2. Ao mesmo tempo, acham de uma maneira geral, que é difícil afirmar taxativamente algo sobre este tema por não existir uma avaliação direcionada para ver o impacto do Programa. De facto, argumenta-se que o PROAGRI ainda só está na fase de capacitação institucional, e que primeiro é preciso capacidade institucional, o sistema primeiro, pois nele houve problemas de corrupção e isso é mau.

Reconhece-se que como objectivo geral do combate a pobreza o PROAGRI 2 trará mais resultados, pois sairá do grande foco na capacitação institucional. E ainda, que o PROAGRI pode ser visto por todos como um instrumento de combate à pobreza, mas há muito por fazer.

Existe um certo cepticismo sobre o que se adquiriu em meios para o reforço do MADER e o combate à pobreza, mas reconhece-se que era precisa pôr o edifício institucional de pé e com um grande teste do uso destes recursos para a segunda fase. Mas reconhece-se que as coisas não se fazem em um dia, e considera-se que se está no caminho certo para aliviar a pobreza do camponês com uma ajuda mais efectiva. Entretanto, deve-se fazer todo o possível para se conseguir isto nesta segunda fase, do contrário vai desaparecer tudo de positivo.

Neste âmbito, existe um grande interesse no seio dos doadores para a agricultura como uma componente dentro do PARPA, considerando que em Moçambique a maioria da população vive no campo. Acrescenta-se neste contexto, que o PROAGRI é um programa focalizado na luta contra a pobreza, mas que não pode ser um Programa que vai trazer

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resultados em poucos anos; seria necessário pelo menos, 30 anos para se criar uma situação estável.

Neste todo, transparece claramente que os doadores sentem ser difícil estabelecer-se uma relação de causalidade entre o PROAGRI e a redução da pobreza. O inquérito aos agregados familiares diz que a pobreza baixou em Moçambique, entretanto, acrescentam que seria pretencioso dizer que o PROAGRI contribuiu. Talvez olhar também para outros factores como a estabilidade do milho nos mercados do Norte. Entretanto, a política e as estratégias feitas no papel e o papel de cada actor nas mesmas, podem ter influenciado para o crescimento que se verifica no país.

Quanto às estratégias delineadas e usadas até o momento são razoáveis, pois a capacidade instucional é necessária, os recursos humanos e também o sistema financeiro, mas podia ter sido melhor em termos de recurso humanos, planos de desenvolvimento e gestão. Reconhece-se que muita coisa foi investida mas precisa-se de planos para gerir, é necessário neste sentido, a reforma institucional.

Neste contexto, o PROAGRI terá sido bastante inovador pois em 1989 era ousado por comportar riscos. Então, através disso levou-se a cabo o PROAGRI 1 com resultados satisfatórios na capacitação institucional que deu bons exemplos para outros sectores em termos de coordenação. Conseguiu-se juntar vários doadores a trabalharem conjuntamente.

O PROAGRI foi assim, razoável no sentido das estratégias, considerando que existem dificuldades de medir e ver a ligação plausível entre o incremento das actividades do MADER, a nova legislação de terras e os resultados, não só o impacto do que se fez mas do que conscientemente não se fez.

Ressalta-se o facto, de se envolver a restruturação do MADER, o que se conseguiu em 5 anos em Moçambique, e talvez não se conseguisse o mesmo noutro sítio do mundo. Ter-se uma visão do longo prazo é muito bom, mas não é em 5 anos que se consegue tudo tendo em conta o contexto do país.

Louva-se assim, a filosofia de se ligar se reforçar melhor o MADER, assim como o processo de tomar decisão e ligar ao objectivo do PARPA, como filosofia de fundo que é boa.

Existem opiniões que salientam entretanto, que foi boa a estratégia que se adoptou no contexto nacional, mas no contexto específico ela foi somente razoável pois não se chegou ao camponês. Transformou-se no MADER, e nas direcções distritais o que é bom numa situação macro, mas existem constrangimentos como a fraca capacidade institucional, humana, e de plano e finanças.

8.3 Actores da Sociedade Civil Um somatório das opiniões recolhidas junto aos actores da sociedade, infere-se que PROAGRI ainda não contribui para o combate a pobreza. Pode vir a contribuir um dia mas apenas como mais uma iniciativa pois existem outros sectores a tomar em conta e

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que se devem complementar ao PROAGRI nesta dura batalha que o país trava. Salienta-se que de facto, neste momento não se verifica combate à pobreza devido à desarticulação de vários componentes, como as estradas e os mercados . Não se vê resultados reais com muita barriga vazia é uma opinião generalizada, mas espera mais do PROAGRI 2, com a abordagem horizontal e mais integrada.

O sector das ONGs a trabalharem no terreno afirma que até hoje nunca viu uma machamba que tenha sido aberta com fundos do PROAGRI. E para os sindicatos, o combate a pobreza pelo PROAGRI só se verificará se atingir-se as zonas mais recondidas. Se introduzir-se novas culturas isso vai fazer a produção e produtividade se elevar e aumentar o poder finaceiro das famílias que poderão então melhorar de vida

8.4 As Províncias Houve estatisticamente, uma melhoria em todo o país em relação à pobreza absoluta, e obviamente esta nova taxa vem das províncias.

Destacam-se muitos exemplos que levam no seu todo ao combate da pobreza ao nível das províncias, sem contudo, imputá-los directa ou exclusivamente, ao PROAGRI. O aumento da produção é uma ilustração, pois com o excedente o produtor pode comprar bens e serviços. Mas a orientação do mercado e a provisão de outros serviços não necessariamente, agrícolas, que complementam o sistema integrado de produção, são também responsáveis directo pelo que se pode classificar como combate à pobreza.

Destaca-se em Manica o caso do INIA, que tem intervido no sentido de melhorar as sementes. E quando esta melhoria tem lugar implica melhor produção com mais resistência, o que aumenta em volume e produz excedentes. Este facto tem tornado a produção mais rentável e conduzido ao desenvolvimento social dos camponeses, com um reflexo no alívio à pobreza.

Nampula enfatiza o caso da diversificação na dieta alimentar e o aumento do transporte com muitas bicicletas nas zonas rurais. A fome e a nudez já não se notam e também aparece um certo impacto no rendimento escolar de uma maneira geral, e na situação social das famílias com casas melhores e mais meios de vida. Considerando que a grande riqueza do país é a agricultura, ela é sem dúvida, na visão do governo provincial, a principal reponsável por esta mudança.

(9) ASSUNTO PARA DEBATE

Porque o PROAGRI não é um Programa Multisectorial dentro do PARPA? Todas as acções do Governo são justificadas como combate à pobreza. Entretanto, a sociedade civil deve debater a questão: PORQUE O PROAGRI NÃO É UM PROGRAMA MULTISECTORIAL, DENTRO DO PARPA?

Esta questão afigura-se pertinente, considerando o baixo impacto que o PROAGRI 1 trouxe para o alívio à pobreza.

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9 LIGAÇÃO ENTRE A AGRICULTURA E O CONSUMO DO PRODUCTOR, A INDÚSTRIA TRANSFORMADORA, O MERCADO (FORMAL INFORMAL), E O MERCADO EXTERNO O consumo do produtor aumentou de forma generalizada. E isto está ligado a vários factores, onde incluiu-se o papel do PROAGRI por algum efeito multiplicador ao nível rural que o apoio insticuional trouxe ao MADER.

Esta ligação considera a perspectiva do produtor agrícola familiar ou privado, do comprador para revenda e do agro industrial, que demonstra haver pouca conexão aparente com o PROAGRI, mas não se pode descurar o efeito cascata ou dominó de algumas acções como melhor serviço de extensão, o resultado de pesquisas, o clima de abertura para a actividade agrícola e pecuária empresarial, e acima de tudo, à paz que se vive em todo o país. As informações para este bloco vêm basicamente das províncias de Manica e Nampula, e identificam organizações e associações a operarem no mundo rural, tanto de produtores (basicamente agrícolas e pecuários) como de agro industriais, incluindo vendedores informais a operarem entre províncias.

9.1 Para o Produtor Agrícola (familiar e privado) Os produtores familiares, para além de proverem para a segurança alimentar dos seus familiares estão a seguir um molde classíco em África, de vender para aglomerados nacionais ou multinacionais as culturas de rendimento como o tabaco (em Manica) e o algodão (em Nampula), e ainda o gergelim e o girassol. Estes produtores recebem sementes, fertilizantes e assistência técnica, e comprometem-se a vender para seu fornecedor toda a produção, na maioria das vezes presos a contratos pouco favoráveis ao seu desenvolvimento social, como é o caso do algodão em Nampula. Estes produtores recebem os produtos necessários à sua agricultura e ao seu sustento durante a campanha, e com a colheita recebem um preço para a venda do produto que deixa muito a desejar, o que a bem da verdade seja dito, ainda que seja reflexo de um regime de exploração escapa ao comprador local por ser ditado por acordos estabelecidos ao nível internacional. O caso do preço do algodão internacional é um destaque. Quando trabalham em regime de empregado para um patrão, mesmo cultivando uma terra pessoal, este trabalhadores recebem um pagamento final pelo seu trabalho que sofre o desconto de todo o insumo recebido durante o plantio, que acaba sendo irrisório em termos absolutos para se sustentar uma família, e não constitue um factor de desenvolvimento.

A semente é também cultivada para ser vendida à sociedades privadas como a PANNAR (em Manica) e a SEMOC, em todo o país, que promovem sua produção sob o sistema de fomento, tanto ao produtor semi comercial como comercial, para serem processadas e depois revendidas na época da campanha agrícola. Estas empresas fornecem também insumos e prestam assistência agrícola ao agricultores. Antes da compra as sementes são testadas pelos Serviços Nacionais de Semente, daí vem a ligação com o PROAGRI, para a capacidade de germinação. A venda de sementes tem lugar tanto ao nível nacional como internacional.

No ramo das sementes, também existem empresas que compram a semente de oleaginosas, como o girassol, por exemplo, para processamento. Neste caso, como a Manica Oil, também trabalham com o sistema de fomento com os produtores.

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Os produtores familiares e privados, organizados em associações como a CABA (Cooperativa Agrícola de Produtores de Batata) em Manica, por exemplo, comercializam, ou individualmente (os privados), ou canalizam seus produtos directamente para as grandes companhias como a Moçambique Leaf Tobacco (Manica), a DAIMON (também em tabaco, Manica), a CANAM (algodão, em Nampula), a SANAM (algodão, em Nampula), João Ferreira dos Santos (algodão e outros produtos em Nampula) e ainda para compradores privados como a AGT Gani em Nampula.

A principal produção em Manica é cereais e gado, e oliagenosas, com alguns privados no ramo de piscicultura e flores para exportação. Em Nampula, a principal produção é cereais, algodão, oleagenosas e alguma produção de cocos. O grande constrangimento enfrentado, quer pelo camponês, quer pelo privado, é o crédito, sempre escasso para a agricultura.

Neste sentido, existem instituições como o GAPI em todo o país, que apoia tanto o nacional como o estrangeiro, ainda que exista reclamação de parte dos nacionais, que os entrangeiros são mais privilegiados nestes créditos. Existem ainda, ao nível provincial, algumas organizações a apoiar no crédito ao nacional, e/ou a oferecer formação, consultorias e outros serviços técnicos, como a Agência de Desenvolvimento Económico de Manica (ADEM), e a ADIPSA, um fundo de apoio a funcionar em Manica, concedido pelo Governo Suíço através da DANIDA para iniciativas privadas. A DANIDA canaliza este apoio através de três canais, o PROAGRI, o fundo de estradas, e a ADIPSA. ONGs nacionais e estrangeiras também fornecem algum apoio ao produtor, quer em forma de crédito, quer em treinamento ou formação. O estado também apoia na formação do produtor, mais para o familiar, principalmente em campos de ensaio.

Segue-se abaixo, alguma informação sobre a estrutura, os objectivos e modo de operar do GAPI, ADEM e ADIPSA.

9.1.1 GAPI O GAPI é uma instituição financeira que opera em todo o país, e que apoia o camponês e o privado através da concessão de créditos, assistência e formação, às actividades do ramo agro-pecuário.

O alvo de beneficiários dos créditos da GAPI é geralmente, os camponeses (organizados em associações), produtores individuais semi-comerciais e comerciais, e até grandes produtores do ramo agro-pecuário. Envolve também no ramo da comercialização.

O GAPI fornece créditos a produtores do ramo agro-pecuário que pretendam crescer para a categoria de produtores de rendimento. O sector familiar só beneficia quando organizado em associações, porque normalmente este não tem garantias ou um bem hipotecável.

O GAPI não canaliza seus serviços aos beneficiários, normalmente o interessado solicita crédito. O GAPI recomenda a elaboração de um projecto para mostrar o destino do crédito, como o beneficiário pretende canalizar os fundos, que objectivos tem, etc. E

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através de especialistas avalia a viabilidade do projecto em termos económicos e financeiros face aos recursos solicitados. As vezes, depois da análise interna, chega-se à conclusão de que os recursos solicitados são insuficientes. Um aspecto importante neste processo, é que o potencial beneficiário deve apresentar o seu património, sendo que o bem (garantia) deve estar orçado acima do empréstimo solicitado, e este facto deixa de fora muitos dentre os pequenos produtores que gostariam de crescer, mesmo aqueles com algum potencial acima da subsistência, o que é uma incoerência com seus objectivos, de beneficiar aqueles que pretendem crescer para atingir a categoria de produtores de rendimento.

O GAPI arrisca em actividades agrícolas sabendo do nível de riscos no ramo, porque a agricultura é a base de fomento do desenvolvimento na província. Mas seu investimento é protegido com o valor do património do beneficiário como coleteral. Para além da avaliação da rentabilidade do projecto, apresentado pelo beneficiário, o GAPI também oferece assistência técnica para o acompanhamento das actividades do ciclo produtivo.

Outro aspecto do GAPI como protecção do risco, é que em situação de uma seca ou qualquer crise na produção, prorroga-se ao produtor o prazo de retorno do crédito por mais 6 meses, mas o beneficiário deve suportar os juros pelos 2 meses de tempo prorrogado.

Os critérios para ser-se beneficiário dos serviços da GAPI variam consoante a categoria do potencial beneficiário. No geral, todos os interessados devem ter uma hipoteca, isto é, um bem orçado acima do empréstimo solicitado. Não existe nenhuma relação que preveja um papel para o GAPI no âmbito do PROAGRI. Pelo menos até a aqui a GAPI não foi contactada pela DPA para o caso de Manica, nem por qualquer outra instituição nesse sentido. Mas o GAPI no referente aos seus serviços de crédito, afecta de alguma forma o mesmo alvo que o PROAGRI, ou seja, os produtores do ramo agro-pecuário. Neste contexto, caso fosse contactado para o PROAGRI 2, o GAPI poderia aumentar suas actividades, seu leque de clientes, e contribuir assim, para o crescimento e mais credibilização da instituição.

Para Manica, o GAPI tem uma ampla actividade na província e a maioria dos seus clientes pertencem ao ramo agro-pecuário. Existe na província vários farmeiros Zimbabweanos que investiram no ramo solicitando o apoio da GAPI, pois a maior parte deles quando chegou queria investir em farmas ou na actividade pecuária, pela tradição e experiência nesse tipo de actividade, mas vieram com poucos recursos. Com o apoio do GAPI cresceram rapidamente.

A GAPI tem vários parceiros em Manica, nomeadamente a IDEAA e a ADEM, que apoia a nível financeiro e em termos de formação e assistência especializada.

9.1.2 ADEM É uma agência constituída por várias instituições da província de Manica, que opera no fornecimento de serviços de formação, gestão de negócios, acção colectiva.

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Os alvos beneficiários dos serviços da ADEM são os produtores do ramo agrário, individuais e associações, e actores como grandes empresas do ramo da comercialização. No geral, são potenciais beneficiários dos serviços da ADEM todo o actor (empresário) com potencial de produzir com rentabilidade.

A ADEM não é uma instituição financeira, actua como fornecedora de serviços aos produtores. É também parceira de instituições financeiras, fazendo lobbies junto a doadores para que estes canalizem fundos às instituições financeiras. E se estas tiverem créditos é mais fácil canalizarem assistência financeira aos produtores. Na relação entre a ADEM e as instuições financeiras, a primeira leva os produtores para junto das instituições financeiras parceiras, e os produtores elaboram projectos que a ADEM leva junto às instuições financeiras.

A ADEM fornece os seus serviços de formação tanto directamente ao produtor, quando este tem capacidade financeira para contractar os nossos serviços. E também fornece alguns serviços gratuitos aos produtores a título de desenvolvimento. Indirectamente, a ADEM fornece seus serviços, quando através de instituições financeiras parceiras fornece os mesmos serviços aos clientes destas mesmas.

Quanto aos riscos de produção no ramo agrário. O papel da ADEM é de arranjar clientes para as instituições financeiras parceiras, numa relação entre as instituições e os produtores, mas obedece aos termos destas últimas. Portanto, ao cederem os créditos os riscos estão nas mãos das instituições financeiras.

Apesar da ADEM fazer lobbies para a canalização de fundos, estes são dirigidos a determinados beneficiários. Contudo, a ADEM não tem uma influência sobre a tomada de decisão na concessão de crédito junto aos agricultores beneficiários.

Os parceiros da ADEM são, instuições financeiras como o GAPI, e doadores externos, como a FAO, e a OXFAM. A ADEM já participou em discussão do PROAGRI na DPA (Manica), mas tal ainda não implicou nenhum papel importante no âmbito do Programa. São parceiros da DPA, e no âmbito do PROAGRI estão disponíveis a assumir algum papel na implementação do PROAGRI 2. Mas tem claro que seu papel no âmbito do PROAGRI, tal como dos outros parceiros, é coordenado pela DPA.

Como uma informação adicional, a agência ainda não tem fundos próprios para fornecer serviços de formação e treino junto às comunidades, ainda depende de fundos de parceiros que patrocinam suas actividades para poderem prestar serviços aos produtores.

Existem algumas iniciativas no sentido de criar instiuições semelhantes nas outras províncias, e a ADEM está disposta a apoiar essas iniciativas. Mas, por enquanto, somente existe como ADEM, em Manica, pois foi criada por algumas instituições locais para apoiar os agricultores e pequenos empresários da província, no sentido de apoiar o incremento e redução da pobreza. E realmente nota-se algum incremento na província neste sentido.

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9.1.3 ADIPSA Trata-se de um fundo de apoio concedido pelo governo Suíço através da DANIDA, à iniciativas privadas. A DANIDA canaliza o apoio do governo Suíço através de 3 canais: o PROAGRI, o fundo para estradas, e a ADIPSA.

Os potenciais beneficiários da ADIPSA são os produtores, comerciantes, agro-processadores, todos os actores dos ramos agrário ao nível da produção e da comercialização, que tenham potencial para a produção comercial.

A ADIPSA intervem através de cursos de formação, consultorias, e outros serviços técnicos contractados, e assiste assim, aos agricultores interessados.

Quanto às dificuldades dos produtores agrícolas a ADIPSA fornece serviços de formação e consultorias, capacitação técnica gratuita aos produtores do ramo. A ADIPSA tem fundos para os conceder aos agricultores, ou na falta de capacidade de implementação do serviço contracta uma instituição para o fornecimento daqueles serviços, mas sem expectativas de retornos. A ADIPSA concede apoios a título de donativos.

Os critérios para se beneficiar dos serviços da ADIPSA é que as entidades interessadas (agricultores, outros) apresentem seu projecto e esta avalia sua viabilidade em termos do potencial para uma agricultura comercial e, e no sentido do seu impacto na redução da pobreza.

A ADIPSA é o actor intermediário entre o produtor e as instituições financeiras. Criam fundos junto a tais instituições e neste âmbito estabelecem condições para que os fundos concedidos sejam destinados ao fim previsto, ou seja, apoiar o agricultor de potencial comercial.

Tal não significa que a ADIPSA influencie as insituições financeiras na tomada de decisões sobre a concessão ou não de créditos. Mas a ADIPSA influencia no sentido de que os créditos sejam concedidos sob juros acessíveis ao agricultor com potencial comercial.

A título de exemplo, dizer que a ADIPSA criou um fundo junto ao GAPI e os beneficiários estabelecem contractos com o GAPI, e nos termos do GAPI.

Quanto ao facto de trabalhar em actividades de risco, a ADIPSA surge exactamente direccionada a esse tipo de actividades. Tem consciência que a agricultura é uma actividade de risco, que os bancos comerciais pouco a financiam, e também que é um ramo com grande potencial de desenvolvimento para o país e a região.

Numa apreciação de suas actividades, neste momento a ADIPSA está satisfeita porque a província de Manica está a registar um crescimento. Enquanto antes haviam problemas de abertura de mercados, hoje estão a abrir-se muitos mercados para os produtores agrícolas. Sentem assim, que existe uma dinâmica muito grande no ramo de actividades agrícolas na província .

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9.2 Para o Comprador para Revenda (formal ou informal) No rol dos compradores formais, um exemplo de um actor operando de Maputo é o da Cooperativa de Consumo de Moçambique, uma empresa do grupo A, independente, que actua na área do comércio à retalho de bens alimentícios, como agente comprador para a revenda. Este exemplo é apresentado por constituir uma ilustração de como funciona este tipo de comprador de produtos agrícolas para revenda.

A Cooperativa compra e vende produtos dos grossistas nacionais, sendo maioritariamente produtos importandos com somente uma pequena parte em alguns produtos nacionais. Alguma produção nacional de qualidade reconhecida é adquirida, como é o caso do feijão e amendoim de Manica, e chá do Gurúe (Zambézia). Mas, no geral a produção interna levanta problemas tais como preços altíssimos, porque a própria produção não é mecanizada e é de grande risco e altos custos. Outro problema é que a produção nacional está dispersa e desintegrada, e consequentemente os custos de transporte via terrestre são elevados, e a produção não tem garantias em termos da quantidade necessária.

Para aquisição destes produtos, os grandes constrangimentos são o problema de preços.

A Cooperativa possui transporte próprio que vai até aos grossistas comprar os produtos nos armazéns em grandes quantidade, e depois distribuir aos seus clientes. Por exemplo, existem supermercados situados em Maputo a funcionar como organização privada que usam instalações alugadas da Cooperativa enquanto também são seu cliente, assim como alguns sócios que também têm lojas privadas, e são hoje seus clientes.

Os constrangimentos enfrentados pela Cooperativa no processo de transporte são: - As estradas péssimas, o que tem se reflectido avarias nos carros por causa dos

saltos. - Roubos no carregamentos da mercadoria do armazém para os carros. É preciso

estar sempre muito atento, porque já tiveram problemas de roubos onde os trabalhadores dos armazéns desviavam as mercadorias. Pagava-se uma determinada quantidade mas no descarregamento verificava-se que tinham quantidade abaixo do pago.

Para a venda destes produtos os constrangimentos são: - Concorrência desleal com o mercado informal que não paga imposto. - Preços altos dos produtos. - Impostos caros

Ao contabilizar só o IVA, já saí caro, e quando contamos os outros [impostos, todo o gasto] saí carríssimo .

A Cooperativa já foi um actor importante na distribuição de produtos neste país, mas esta funciona hoje como uma empresa privada do grupo A orgulhosa de ter as contas em dia. Seu quadro directivo sugere a revisão da questão dos impostos por considerar estes um grande empecilho ao bom desenvolvimento de suas actividades e ao crescimento e consolidação do sector do comércio no país.

Os outros exemplos, são das províncias de Manica e Nampula, tanto para os formais como para os informais, estes últimos somente para Nampula.

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Em Manica o nível da produção está, ou foi, alto na última campanha, e está a escoar produtos não somente para todo o país como também para o exterior. Destacam-se moagens, que adquirem cereais dos camponeses familiares e privados, empresas que compram sementes para revenda e para processamento agroindustrial localmente, oleaginosas e carne. Existe ainda, algumas empresas como a AGRIFOCUS, que tanto compram localmente, como importam seus produtos.

Em Nampula, para além dos cereais e oleaginosas, o grande produto é o algodão, com empresas a comprarem o produto dos produtores familiares ou a cultivarem em extensões de terra em acordo com produtores familiares.

O mair constrangimento destes compradores, é o crédito e as estradas.

9.2.1 Os Informais Para os informais, o exemplo vem de Nampula com operadores a comprarem produtos (milho, amendoim, e laranja) maioritariamente da Zambézia (Alto Molocue e Ile) para venderem no mercado Gorongoza situado na Avenida do Trabalho na capital provincial do Norte. Somente a batata doce é comprada em Murrupula (Nampula), e revendida por estes agentes económicos, na província.

Enfrentam problemas como a escassez de transportes, e o pagamento de taxas no acto de revenda que por vezes pouco compensa a actividade.

9.3 Para o Agro Industrial O processo de privatização em curso no país desde 1991, e a entrada de novos investidores com a liberarização do mercado, mostra a face das indústrias agro transformadoras nas províncias. Em Manica encontramos a SEMOC, indústria antiga a funcionar em todo o país no ramo das sementes, e outras mais recentes, como a PANNAR, e ainda, Manica Oil, W & M Grain. Em Nampula, algumas indústrias são antigas, como a João Ferreira dos Santos, e outras são recentes, que surgiram com o desmembramento da LOMACO, o caso da CANAM.

Poucos intervenientes no sector semi comercial funcionam sem problemas, com uma estrutura financeira sólida e garantida. Todas estão ainda, em processo de consolidar-se, muitas funcionando com créditos. Outras, principalmente os Zimbabweanos, receberam na fase inicial o paoio do GAPI, e consolidaram-se com este capital. O problema que todos enfrentam assemelha-se ao da MADAL, como aparece abaixo, enfrentando burocracia e alto imposto, para além de más estradas e produção oscilante, quer em quantidade, quer em qualidade.

A MADAL é um exemplo de agro indústria sediada em Zambézia, que produz óleos e sabões e comercializa produtos agrícolas. Produzem para venda interna e para exportação e possuem instalações próprias para conservação do que produzem e vendem. Como empresa privada, não recebem nenhum incentivo.

Os constrangimentos que a MADAL enfrentam para a venda dos produtos são basicamente:

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- Vias de comunicação. A copra é produzida pelas populações e a MADAL compra destas. Entretanto, a produção é feita em zonas muito remotas onde só entram veículos com tração nas qutro rodas. A MADAl utiliza meios próprios para o transporte da produção para as fábricas, e destas para a comercialização numa área de Chinde a Pebane, tendo que se usar barcos.

- Outro grande problema é a destruição do valor da produção pelas populações. Estas tendem a produzir copra de lanho, em vez de copra de coco. E quando vendem este produto ele é transformado em óleo, mas de fraca qualidade devido à acidez, resultante do facto da copra não ter secado o suficiente, da copra de lanho e não a de coco. Isto resulta em baixos preços no mercado internacional.

- Problemas de falta de acesso ao crédito.

9.4 Para o Promotor da Produção e da Agro Indústria Existem privados e ONGs a trabalharem no terreno como promotor da produção e da agro indústria. Como ilustração afora dos acima mencionados, o caso tomado como exemplo é da CARITAS de Moçambique, que trabalha com projectos ligados à agricultura, apoia associações rurais em termos técnicos estruturais, e promove a agro indústria com crédito sem o apoio de instituições financeiras. Seu coordenador de projectos menciona a participação num seminário em Namaacha sobre o crédito/microfinanças onde foi apontado o problema da lei proibir as instuições/associações de fornecer créditos em dinheiro às população, e que este deveria passar por mecanismos burocráticos sendo gerido pelo estado. Fica a sugestão que deveria-se contornar esta situação criando créditos em espécie que não eram regulamentados, o que cria constrangimentos para a associação que quer ajudar as populações.

Salienta-se ainda, os constrangimentos dos impostos. Considerando que este tipo de associação traz insumos para ajudar as populações questiona-se porque são obrigados a pagar altos impostos como se tratasse de uma actividade lucrativa. Por um lado, proíbem de dar créditos em dinheiro as populações, e por outro lado, cortam os insumos que se importa para ajudar as populações

Para demonstrar maior engajamento para o facto da agricultura ser uma das suas prioridades para o combate à pobreza, o governo deveria mostrar com acções a sua boa vontade. A CARITAS de Moçambique sente-se obrigada a não produzir nada para uma verdadeira agro-indústria, porque para adquirir o equipamento agro-industrial do exterior deve pagar altos direitos aduaneiros. Tiveram de de pagar cerca de 29 milhões para as últimas actividades. Entretanto, trata-se de equipamento doado às comunidades rurais o que pode parecer um abuso; e considerando que se quer transformar a agricultura de subsistência deve-se evitar essas taxações.

Outro exemplo da CARITAS são os trabalhos que fizeram para o reassentamento populacional, onde tiveram que pagar ao governo quase 1 milhão de dólares Americanos em IVA. Fica o apelo que deve-se pensar em isentar do IVA a todo trabalho ligado à agricultura, ou pelo menos fazê-lo diferenciado de outro tipo de produção. A CARITAS gostaria de trabalhar com o PROAGRI se houvesse possibilidades. Tal poderia contribuir para superar suas necessidades em fundos, as quais limitam a

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capacidade da organização de intervenção em várias zonas. Caso isto acontecesse também contribuiria para melhorar o nível dos seus trabalhos.

(10) ASSUNTOS PARA DEBATE

Mais Integração do PROAGRI no/com o

Sector Empresarial O incremento da agroindústria afigura-se de extrema importância para criar uma nova dinámica no campo visando ao desenvolvimento rural integrado. Uma dinámica que vai criar pólos de riqueza, fixar os indivíduos/famílias no campo, e aumentar a taxa tributária individual e colectiva (física e jurídica) contribuindo para tornar a presença do Estado mais visível nestas áreas e com mais capacidade para servir ao cidadão, refletindo um princípio de boa governação e criando consequentemente, mais cidadania.

As condições actuais de armazenamento, estado das estradas e do mercado, e o crédito, devem fazer parte desta discussão, tanto para o maior consumo interno de produtos nacionais como para a exportação dos mesmos. Incluindo neste processo, os condicionalismos internos e externos que existem, e como ultrapassá-los para que esta situação seja revertidade forma mais favorável ao produtor (familiar e privado) em particular e ao país em geral.

10 LIGAÇÃO ENTRE O PROAGRI E PROGRAMAS DE DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL

Esta ligação discute brevemente, FARE e PODE, programas inter institucionais que deveriam involver muitos sectores estatais e actores que produzem e comercializam produtos agrícolas ou agro-industrias no país. De facto, como resultado da pesquisa, principalmente nas províncias, apreende-se que sendo FARE e PODE instituições financeiras, poderiam ter algum papel no PROAGRI, o que não parece ser o caso. Mas nota-se que as comunidades têm sérias dificuladdes em termos de micro finanças pois precisam de pequenos investimentos financeiros para desenvolverem melhorseus negócios. Por exemplo, créditor para motorbombas. Nestas óptica, estes Fundos poderiam complementar as actividades de outras instituições de crédito, intervindo no processo de desenvolvimento rural para a transformação do pequeno camponês em agricultor comercial e mesmo agro processador.

10.1 FARE O FARE tem um concelho de adiministradores próprio, mas os fundos do FARE não fazem parte do Ministério do Plano e Finanças. FARE é uma instituição com autonomia do tipo Caixa de Crédito; possui equipas e gestão próprias.

O FARE não possui ligação institucional com o PROAGRI, ainda que se possa inferir alguma ligação do ponto de vista funcional como foi exposto acima.

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10.2 PODE O PODE (Marketos 2003) foi instituído pelo governo moçambicano com o fim de apoiar as empresas moçambicanas, incluido as agro-industriais, em posse maioritariamente dos nacionais. Dentre vários objectivos, o PODE visa tornar as empresas competitivas, providenciando fundos para o pagamento de consultoria (50 percento de coparticipação). A componente formação está também incluída com o objectivo que resulta da constação de haver um fosso em pessoas qualificadas, para a actividade empresarial, e não haver tempo para esperar dos quadros a saírem das escolas formais.

Não obstante estes objectivos do PODE, nem todas empresas (pequenas e médias empresas) conseguem ter acesso ao Programa, devido a não terem capital para comparticiparem da parte dos custos que lhes cabe. Para muitos, o governo devia contribuir com mais do que 50 percento, reflexão que para o governo devia ficar para a segunda fase do programa.

Dos vários beneficiários dos programas, o sector de processamento de pescado e a agro-indústria, que teriam ligação com o PROAGRI, encontram-se na última posição com cerca de 7 percento dentro do uso dos fundos.

O PODE-CAT, CAT sua componente de formação, foi concebido pelo governo de Moçambique com apoio de doadores. Não está umbilicamente ligado ao PROAGRI, mas pode ser usado se surgirem as agro-indústrias. Seu gestor acha que o PODE-CAT poderia servir como instrumento de implementação do PROAGRI.

Os fundos do PODE-CAT, são independentes, têm gestão própria. O PODE-CAT faz auditorias constantes aos beneficiários do projecto.

O PODE-CAT fomenta a agro-indústria e já existem alguns produtores que se beneficiaram como o sector do chá e o feijão. Para tal, possui um gabinete de apoio a competividade empresarial, contratam consultores que vão ajudar as empresas a ter um novo padrão de competividade e dão formação.

Estes fundos chegam aos beneficiários através dos três gabinetes de apoio à competividade empresarial. Em relação aos beneficiários, o PODE-CAT visa apoiar as pequenas e médias empresas, detidas em 50 percento, pelo menos por nacionais. Subvencionam projectos até US$ 100 mil. Apoiam apenas indústrias formais, como são poucas, apenas poucos se beneficiam.

Seu gestor diz que o balanço do programa é bom, apesar de terem mais fundos do que aqueles que gastaram, devido a existirem poucas indústrias registadas. Mas segundo ele os que se beneficiam do programa têm tido bons negócios.

Um exemplo de sucesso do programa e segundo o PODE-CAT (2002) seu trabalho com a Sociedade de Desenvolvimento da Zambézia (SDZ) no fornecimento de consultoria. Desde Fevereiro de 2002, após a escolha de consultores, que visavam o aumento da qualidade dos produtos produzidos na empresa, e da produtividade, os resultados

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apresentam-se como positivos, pois a exportação foi incrementada, e as outras variáveis também melhoraram (qualidade e preço no mercado internacional).

(11) ASSUNTO PARA DEBATE

Maior Ligação do PROAGRI com TODOS

OS OUTROS PROGRAMAS que Tenham Ligação com o Desenvolvimento Rural

O assunto para discussão é como ligar o PROAGRI com TODOS OS PROGRAMAS que tenham alguma conexão com o desenvolvimento rural. A sociedade civil não pode perceber porque não fazer esta ligação de maneira estrutural no Programa do Governo, inclusive ao nível de políticas públicas. A questão de partida é porque o PROAGRI não é parte integrante do PARPA, o que tornaria o PARPA mais do que um PRSP para ser um Plano de Desenvolvimento que combate a pobreza e cria riqueza com um forte componente de Desenvolvimento Rural. Estrutura-se nesta visão, uma forte ligação do PROAGRI com o produtor familiar e com o sector privado para criar postos de trabalho, fixar o indivíduo/famílias no campo e criar aí mais bem estar e assim, mais cidadania com a presença do Estado mais notória a servir ao cidadão em termos de escola, saúde, estradas, águas e saneamento do meio, etc.

Este para debate tem o objectivo de contribuir para que o PROAGRI possa REALMENTE corresponder a uma estratégia de Desenvolvimento Rural.

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PARTE 3 REFLEXÃO FINAL, SUGESTÕES E RECOMENDAÇÕES A reflexão final comprende um somatório de factos e eventos assim como de opiniões apresentadas e analisadas acima isoladamente, incluindo os onze (11) assuntos destacados para mais debate, e ainda, algumas recomendações a título de sugestão para o PROAGRI no futuro. Ela sintetiza as informações consoante os objectivos do trabalho.

11 REFLEXÃO FINAL A reflexão discute em sumário, o impacto do PROAGRI no desenvolvimento do país em geral e do mundo agrário em particular. Realça as diferentes percepções do Programa e analisa a articulação, ligação e interdependência entre a agricultura e o mercado, no sectores internos e externos. Identifica o grau de participação de diferentes actores no processo, assim como os resultados e sucessos pelos níveis de implementação do Programa e seus desvios, e avalia no contexto, o papel residual da agricultura, sua eficácia e eficiência no desenvolvimento do meio rural Moçambicano. Discute finalmente, constrangimentos e desafios, questionando se as políticas agrícolas em vigor no país, como o PROAGRI, posicionam Moçambique como um país agrícola ou de agricultores. Ou seja, se maximiza sua produção na agro-indústria e na exportação, ou se produz com os olhos voltados ao consumo interno sem perspectivas de alargamento deste modelo.

Para além de constituir um somatório de todo o material revisto como literatura sobre o Programa, a reflexão final lê analiticamente alguns artigos de opinião publicados na imprensa nacional, assim como o resultado das entrevistas realizadas em Maputo e em Manica e Nampula, assim como diálogos e colóquios sobre o tema assim como foram reportados pelos meios de comunicação social como rádio, televisão e jornais.

A reflexão final está estruturada em: Contribuição do PROAGRI para o desenvolvimento em geral. Contribuição do PROAGRI para o desenvolvimento rural. Contribuição do PROAGRI para o combate à pobreza. Contribuição do PROAGRI para o Reforço Institucional do MADER Contribuição do PROAGRI para o Combate à Pobreza Classificação das estratégias do PROAGRI Participação no PROAGRI Prioridades e constrangimentos Resultados/Sucessos Lições Apreendidas Desafios Manica Nampula

11.1 Contribuição do PROAGRI para o Desenvolvimento em Geral Existe um certo consenso acerca da importância da PROAGRI, tanto por parte dos doadores que participam no financiamento do programa, como dos que não o financiam, e ainda, por parte dos sectores estatais e da sociedade civil, incluindo as organizações não governamentais moçambicanas (ONG), personalidades e empresários nacionais ou a operar em Moçambique.

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Por mais que se encontrem críticas pelo facto do programa não estar a ser optimizado devido a razões várias, ele é visto como uma mais valia para o desenvolvimento do país e deve continuar com uma fase 2. Várias razões ditam a coincidência de opiniões, sendo a mais importante a que prende-se com a segurança alimentar da maioria da população moçambicana que vive no campo e que é também a mais pobre.

Na fase 1 o Programa tratou da capacitação institucional de uma forma tão intensa que alguns actores estatais e membros da comunidade internacional de doadores ao lado da sociedade civil consideram demasiada. Ou melhor, talvez algo super dimensionada para promover o desenvolvimento considerando o que acontece no mundo rural, e considerando ainda, o que os planificadores internacionais e o governo acordaram, assim como as espectativas que se criou com o Programa junto aos diferentes actores envolvidos no desenvolvimento rural, e ainda, aos níveis provinciais e distritais. Esta crítica procede, mas trata-se de diferentes percepções do próprio Programa considerando que para alguns actores, principalmente aqueles ligados ao MADER, o PROAGRI 1 foi pensado principalmente para prover a capacitação institucional ao ministério, e outras pretensões que não essas estariam a se querer construir uma casa sem alicerces. Por isso, o PROAGRI era só direccionado à capacitação institucional . Actores fora do estado como os que trabalham no mundo rural com o camponês, gostariam de ter visto o edifício institucional a crescer também com a base que produz na agricultura, dimensionando os meios com os recursos humanos e algum tipo de quadro lógico onde também aparecessem indicadores em forma de resultados de (maior) produtividade com eficácia e eficiência no trabalho no campo desenhados consoante cada meio e cada homem ou cargo. A questão que se levanta são os INDICADORES para se avaliar o PROAGRI, ou seja, que V veículos deveriam corresponder a um aumento de T toneladas em termos de produtividade do produto M (milho), considerando ainda, mais E número de extensionistas a trabalhar numa extensão de Z zonas a cobrir C número de camponeses, associações ou privados, producção esta que em quantidades Q vai ao mercado interno e externo, e ainda, em para assistir a P agroindústrias.

No sentido de desenvolvimento, um criador na província de Manica e outro em Nampula, que salientam nunca terem recebido gado, quer do estado quer de outro doador, fazem um comentário ilustrativo que se complementam, para as acções concretas no terreno. Argumentam a título de sugestão, que: Se o governo tomasse uma decisão séria e firme de desenvolvimento do país devia começar pela actividade agro pecuária de forma mais séria. Reconhecem que já existem planos de fomento (dão animais para serem repostos), mas que isto não basta. Deve-se pensar em dar assistência e acompanhamento técnico para que aquele camponês que recebeu o gado possa reproduzí-lo e mais, fazer crescer seu produto. Criticam o que acontece hoje, pois o criador beneficiário recebe o gado e, no máximo, consegue a reprodução para repor o que recebeu, mas não sai da categoria de criador para subsistência. E isto não é desenvolvimento.

O PROAGRI aparece no geral, como parte integrante de mais desenvolvimento, mas não como um actor exclusivo. De facto, operadores privados e cordenadores de ONGs a operarem nas províncias de Manica e Nampula, comentam sobre o desenvolvimento

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salientando que existe hoje um aumento considerável da produção, sobretudo em culturas de rendimento como o gergelim e o amendoim (para o caso de Nampula), e de girassol para Manica. Mas acreditam que trata-se tanto de um mérito do PROAGRI como do sector privado e das ONGs que incentivam estas duas culturas que estão a trazer grandes dividendos, tanto para os produtores como para o país.

Entretanto, actores estatais ao nível provincial vêm o desenvolvimento num plano mais amplo, como o produto de uma acção cordenada pelos esforços do estado, do camponês e do sector privado e das ONGs. Salientam neste contexto, que é possível trabalhar com associações e fóruns para se introduzir no campo novas técnicas agrárias, e estas são muitas vezes, desenvolvidas pelos institutos de pesquisa ligados ao estado. Nesta óptica, o PROAGRI 1 trouxe sem dúvidas, mais desenvolvimento ao país, principalmente no meio rural, mas o PROAGRI 2 deve fazer mais. Considerando que, como salienta o Governador de Nampula, a agricultura é a ponte para outros sectores, como a comercialização, o desenvolvimento que ela cria é assim, também global.

11.2 Contribuição do PROAGRI para o Desenvolvimento Rural Em relação ao desenvolvimento rural, o PROAGRI potenciou a produção agrícola no fomento de culturas. E na DINA interveio-se nas áreas de políticas e regulamentos para criar um quadro para facilitar e atrair o investimento do sector privado, para a cultura específica. Atingiu-se bons resultados nas fruteiras onde o projecto piloto foi em Maputo. Desenvolveu-se a cultura do tabaco como vê claramente em Manica, que contribuiu para ajudar na redução da pobreza em algumas aldeias, esta cultura neste momento envolve 128.000 famílias, mas não se dedicando com exclusividade só nessa produção. A DINA não arrisca afirmar que o que estas famílias ganham na venda do tabaco seja muito, mas salienta que com o dinheiro compram bens como bicicletas e rádios. Entretanto, reconhece que o desenvolvimento é mais complexo que isto, pois pode preferir-se mandar os filhos a escola, por exemplo.

Conseguiu-se sucesso na área do aviso prévio para a segurança alimentar. Monitorou-se culturas desde Outubro a Maio, para ver o progresso e reavaliar as capacidades. Na produção de cereais, por exemplo, apesar de adversidade de clima registrou-se algum aumento ainda que totalmente satisfatório

Na verdade a maior parte das actividades do PROAGRI 1 foi interna. Mas a DINA salienta que não só se equipou o árbitro, o MADER, mas também trabalhou-se na mitigação de calamidades naturais (secas e cheias) e apoiou-se a recuperação da capacidade de produção de camponeses através da distribuição gratuita de sementes. Nos últimos dois anos houve programas de implementação de mitigação de estiagem em 57 distritos, com a participação dos locais. O plano consistiu na reabilitação de sistemas de regadio sustentáveis localmente, distribuição de sementes, promoção de cultura de mandioca e batata doce que tiveram um papel na redução da fome. Foram assim, resultados positivos. Interviu-se no terreno com o pequeno produtor apesar da seca das duas campanhas, e como resultado aumentou-se a produção, graças aos regadios e sementes. Fomentou-se ainda, pequenas espécies como o cabrito.

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Entretanto, Percebe-se bem que o PROAGRI não é (ainda) igual a desenvolvimento rural, mas deveria ser. E mesmo não sendo, poderia ter contribuído na primeira fase para se esboçar uma estratégia mais global neste domínio, que tudo indica ainda não existir. Neste contexto, considerando que mesmo sem a intervenção do governo ou de grupos privados a população pratica a agricultura como forma de subsistência, pode-se acreditar que quando existir tal estratégia ela se beneficiará de algum tipo de disponibilidade de renda por parte do camponês.

Louva-se o reforço da capacitação institucional para gerir o MADER, mas argumenta-se no contexto de desenvolvimento rural, que esta centrou-se em grande medida algo longe dos locais onde o Programa devia chegar. O argumento é que sendo este um programa virado ao camponês, devia possibilitar que os mesmos conseguissem obter renda para melhorar sua condição material. E essa renda só seria possível se houvesse a produção camponesa optimizada. Algo indica que parece existir aqui algum tipo de conflito sobre como a capacitação institucional devia ter sido feita para se chegar à optimização de recursos materiais e humanos voltados a mais eficácia e eficiência na produção. Muitas questões se levantam que conduzem à pergunta: se o MADER deve ter uma estrutura pesada que pode correr o risco de ser ineficiente? Questiona-se assim, se não deve-se optar por algo mais leve e usar mais, por compra, alguns serviços de privados em vez de auto implementação, um pensamento mais congruente com a economia de mercado. Existe assim, do ponto de vista conceitual, um conflito entre o estado minimalista e maximalista. A hesitação neste sentido pode existir em parte, devido aos doadores serem os proponentes dos modelos e cada um agir a pensar nos seus respectivos padrões institucionais.

Fica na equipa de trabalho a percepção de muita hesitação, e da (in) certeza se os planos elaborados dariam certo em Moçambique. Fica também a percepção de que entre os doadores não há um consenso de como a PROAGRI devia ser implementado, e das várias voltas que o modelo do Programa teve que dar até chegar à conclusão que a capacitação institucional era a prioridade. O processo de discussão do PROAGRI 2, em curso, confirma este questionamento feito pela equipa de trabalho.

Entretanto, Na óptica do MADER existem 4 áreas de sua responsabilidadade neste todo: a implementação de políticas, a normativa, a de fomento da produção, e a de prestação de serviços.

Quanto as duas últimas, o MADER tem compromisso com os produtores através das componentes de pesquisa e a de qualidade. De facto, a pesquisa é uma esfera muito cara e de retornos a longo prazo, o que torna impossível deixá-la a mercê do privado. E a esfera de qualidade centra-se na sanidade da produção. Existem doenças nas plantas e pragas que devem ser tratadas numa estrutura operativa; em casos em que a produção nacional é afectada numa ampla área torna-se um aspecto de soberania, e merecem um tratamento especial. O desafio da sanidade tem compromisso com a qualidade que irá permitir que os produtores tenham um mercado para seus produtos, seja ao nível doméstico, seja para exportação, e destas tarefas o estado não pode (ainda) abdicar.

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Neste contexto, o ponto que salienta-se finalmente, nesta hesitação de parte de alguns actores sobre o papel do MADER é: Se o PROAGRI deve fazer de Moçambique um país agrícola ou somente vai garantir e consolidar sua permanência como um país de agricultores? Ou seja, se vai produzir para vender para o mercado interno e externo competindo com outros produtores aos níveis regionais e internacionais, ou se vai produzir somente, ou mais, para seu próprio consumo, ainda que garantindo no processo a segurança alimentar do país.

As províncias respondem a esta questão, dizendo que visualizam seu papel como produtores agro pecuários com incursões em toda a produção que possa trazer dividendos ao país em geral, e ao nível local em particular. Um consenso entre os actores estatais e da sociedade civil, sejam os produtores privados, seja o sector familiar, envolvendo ainda, as associações e organizações não governamentais a trabalharem no campo. Entretanto, para que tal aconteça é necessário que se canalize os recursos para os fins que estes foram destinados. E mais, Existe algum consenso que deve-se criar uma unidade de inspecção no Estado (MPF) para garantir que os recursos dispensados no âmbito do PROAGRI 2 (crédito de fomento tanto em sementes como em animais, por exemplo,) sejam canalizados para os fins preconizados e para os destinatários específicos, que neste caso não é o nível central mas as províncias, e os produtores camponeses/criadores.

Em suma, o PROAGRI 1 não contemplava o desenvolvimento rural, mas passado agora para o PROAGRI 2 a constatação que se pode tirar é que: Trata-se ainda, de um programa apenas de agricultura o que não tira as populações da insegurança alimentar por muito tempo pois não tem (auto) sustentabilidade. De facto, mais acções que estão relacionadas com a agricultura são dependentes de outros ministérios que ainda não trabalham em coordenação com o PROAGRI. Para além disso, pode-se constatar que por mais que os camponeses aumentem a produção se os outros actores não providenciarem as condições para que essa mesma produção seja escoada, não se estará a optimizar os investimentos feitos no sector agricula. Não se estaria a fazer desenvolvimento rural. Urge assim, mais coordenação intersectorial para o desenvolvimento rural.

11.2.1 O Papel do Sector Familiar e do Empresarial O sector familiar que é o maior no país comparativamente ao sector empresarial, e o que sofre mais de carências, não se reconhece ainda no PROAGRI. E mais, optar-se apenas em investimento nos camponeses só como forma de segurança alimentar, não se estará a garantir que se produza para a exportação e nem para o mercado doméstico. Sendo assim, deve-se fazer investimento sério neste sector. E mais, deve-se ter claro que o sector empresarial pode ajudar a galvanizar o sector familiar que não deve apenas produzir para a segurança alimentar.

11.2.2 Promoção das Agro-indústrias e Processamento Primário As agro-industrial são importantes para galvanizar o contínuo aumento da produção do sector camponês em particular, pois seus excedentes podem ser processados onde são

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produzidos evitando-se perdas que ocorrem muitas vezes devido ao não escoamento da produção. As agro-indústriais podem assim, e em alguns casos, serem de processamento primário, a efectuar pelos camponeses nas suas zonas como forma de conservar a produção, com posterior escoamento já com algum processamento primário. O exemplo de Nampula das fabriquetas de descasque de amêndoa de caju é elucidativo, e a tecnologia que se utiliza não é dispendiosa.

É importante a promoção do processamento primário, porque em muitas regiões não existem sistemas de silos que possam garantir a conservação da produção.

11.2.3 PROAGRI e o Sistema Financeiro Rural Existe uma deficiência no campo no que concerne à existência de dependências bancárias. O próprio programa PROAGRI ressente-se disso, pois a descentralização de fundos passa não só por os distritos fazerem os programas, mas implica a necessidade de mais celeridade de ter os fundos e serem levantados nos próprios distritos, o que ainda não é possível em todos os distritos. O uso dos Correios de Moçambique seria uma alternativa se eles também estivessem a funcionar devidamente em todos os cantos do país, com o alargamento de sua actividade já em desenh oe funcionamento em fase experimental, a servir como agentes bancários. Este elemento poderia fazer parte da horizontalidade do PROAGRI 2, firmando acordo institucional e facilitando no processo também a captação de poupanças rurais.

11.2.4 O Papel do Estado O estado deve continuar a providenciar serviços no PROAGRI 2, pois os camponeses na fase em que estão não têm capacidades para pagar o caro preço do mercado a todos os serviços necessários. Entretanto, caso opte-se por deixar grande parte dos serviços com o sector privado, a alternativa seria o estado fazer transferências do governo para providenciar os serviços mais básicos, ficando assim o camponês a pagar apenas uma taxa simbólica para maior valorização do que recebeu. No caso Moçambicano, diminuir-se ainda mais o estado, ou em particular as instituições de agricultura do estado, pode não ser uma boa alternativa na promoçãodo desenvolvimento, pois seria transformá-lo num corpo pouco presente no campo numa fase crucial do lançamento das bases para a construção tanto do desenvolvimento como da própria cidadania.

Na visão da equipa de trabalho, a razão de ser do PROAGRI deve também ser a articulação de estratégias de desenvolvimento a longo prazo considerando que o país é precário em termos de recursos que sendo assim, têm que ser distribuídos com prudência. Norton (2004: 6) explora este contexto na sua leitura comparativa entre a Agenda 2025 e o PARPA, e argumenta que ao longo dos tempos, e à medida que a eficiência das forças de mercado se tornaram mais valorizadas, esta fundamentação na necessidade de estratégias de longo prazo foi-se estreitando de modo a ser aplicada somente em relação aos recursos do sector público e à necessidade de se definirem prioridades para a sua redistribuição. Na base da justificação para uma estratégia persiste [assim] a noção de que existem opções económicas fundamentais e mais do que uma via de crescimento para um país. Um trade-off clássico é a escolha entre despesas sociais (saúde, educação, habitação, etc.) e investimentos em infraestruturas directamente produtivas (nos campos de

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transportes, irrigação, energia, comunicações, etc.) . Para o caso Moçambicano, este trade-off tem necessariamente ser do estado priorizar a assistências aos grupos mais vulneráveis para estes saírem da situação de vulnerabilidade e tornarem-se factores de desenvolvimento, antes de lançar sobre eles as leis do mercado. De facto, considerando a ainda grande fragilidade do camponês o estado deve incluir o campo nas despesas sociais e servir aí ao cidadão, do contrário pode-se assistir a médio prazo um bloqueio preocupante nas zonas rurais que não promove o desenvolvimento, principalmente junto ao sector familiar.

11.3 Contribuição do PROAGRI para o Reforço Institucional do MADER Tudo indica que foi alcançado o reforço institucional do MADER, ainda que se questione se não se terá construído uma defasagem perigosa entre meios e recursos humanos, e ainda, com a prestação dos serviços que se espera da instituição. Dentro do MADER a opinião é unánime que esta era a meta para os planos iniciais; havia entretanto, percepções divergentes entre os doadores. Para uns, esta era a prioridade sem a qual nada se podia conseguir pois temia-se a capacidade de gestão do MADER que segundo os mesmo doadores ainda não melhorou a contento. Mas quando se fala aqui em melhoria, deve-se incluir não só a compra de meios, mas também de pessoal qualificado. Com o segundo ponto ainda em processo considerando o número de pessoal qualificado insuficiente para executar as tarefas que o MADER se propõe, implica que a capacitação institucional continuará na fase dois. Algumas posições são radicais acerca da não confiança na gestão do MADER, e esta não confiança deve incluir também temer-se a corrupção fazendo desaparecer investimentos. Torna-se pois importante, também este tipo de capacitação, que deve fazer-se abrangente a outros ministérios como o Plano e Finanças, devido às hesitações que ainda persistem entre doadores e Governo, acerca das prioridades por onde começar e como resolver os problemas neste campo de trabalho com a gestão do procurement, por exemplo.

Neste contexto, existem medidas de contingência que podiam ter sido tomadas, e que o facto de não ter acontecido prejudicaram a capacitação institucional no âmbito da PROGRI, isto resultante da demora dos desembolsos. Trata-se da demora do MADER de prestar contas e de alguns actos constatados de corrupção.

É bem verdade que a gestão não permitiu detectar actos claros de corrupção, para além disso o MADER não teve o controlo de quantos meios tinha adquirido. Aqui entra outra vez o conflito se de facto devia ser o MADER a administrar tudo no âmbito de fundos, desembolsos e mais o desenvolvimento rural, ou este se deve interagir mais com outros órgãos estatais e ainda, usar os serviços privados. Aqui mais uma vez depende de decisões políticas.

Importante neste contexto, é a necessidade de se discutir para o futuro, sobre como melhor gerir tantos fundos com programas de licitações, terciarizações, etc., o que pode tornar fácil o desvio de aplicação do dinheiro assim como o desvio real do dinheiro. De facto, licitações que tenham lugar de forma pouco transparente podem se transformar numa armadilha para a boa gestão de fundos pondo em perigo todo o processo de boa governação.

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Apesar de notar-se uma grande melhoria, encontra-se ainda lacunas no que foi a capacitação institucional, principalmente no que concerne a fixação da mão de obra qualificada aos níveis distritais, e daí pode-se depreender que o programa não terminou nesta vertente mas deve continuar e ser reforçado com esta preocupação em mente, no PROAGRI 2.

Para as províncias, a capacidade institucional é patente e clara em termos de mais e mais qualificados recursos humanos e meios, mesmo em termos de infraestruturas nos distritos. Entretanto, a crítica é que ela devia também traduzir-se de forma mais efectiva, no abandono da planificação central para tornar mais real a participação das províncias e dos distritos na estrutrura estratégico política do MADER.

11.4 Contribuição do PROAGRI para o Combate a Pobreza Para o estado na figura do MADER, o PROAGRI foi desenvolvido como um instrumento do PARPA, e sendo assim, como contribuição do sector para o combate à pobreza.

Entretanto, de uma maneira geral o combate à pobreza não podia acontecer com uma ênfase excessiva na estrutura do PROAGRI, sem paralelamente se estar a implementar algo mais substancial no terreno. Em algumas regiões aplicou-se algo mais directamente no terreno no PROAGRI 1, como em Sofala e Inhambane segundo os doadores da Áustria e Alemanha respectivamente, que dizem que primeiro era preciso criar-se condições para que de facto o PROAGRI fosse implementado. Mas essa implementação não deveria ter sido somente a capacitação institucional, que devia ser um programa aparte e a PROAGRI apenas ser para a agricultura.

O MADER reconhece que houve uma redução da pobreza como resultado da agricultura, mesmo que o PROAGRI tenha trabalhado mais na componente institucional. E sendo assim, as capacidades criadas estão a contribuir para maior redução no futuro. Como grande parte dos moçambicanos vivem no campo e têm como fonte de emprego a agricultura, reconhece-se que há algum impacto pelo papel importante que desempenha a agricultura. E sendo assim, algo foi feito neste sentido no PROAGRI 1, mas tem consciência que pode e precisa fazer mais. Neste contexto, o INIA salienta que não se pode enganar só em investir nos camponeses, mas também investir em outros que criem influencia à volta deles, que empreguem mão de obra rural e que facilitem o acesso ao mercado. Por exemplo, um produtor médio pode exportar, mas pode exportar maior quantidades influenciando os camponeses, dando tecnologia. Considerando que mais de 80 percento da população em Moçambique são camponeses, o que se pretende no fundo é transformar o pequeno camponês em produtor médio para este não fazer mais somente a agricultura de subsistência.

A investigação agronómica contribuiu especificamente para o combate à pobreza, no sentido de abrir sua actividade para problemas no sector familiar. Um exemplo, é a investigação sobre a mandioca, produto do qual grande parte da população depende para seu principal sustento e para a segurança alimentar. O INIA conseguiu alternativas ao problema do seu aprodrecimento ainda na terra e ofereceu novas estacas do tubérculo à população. No âmbito da nutrição, o INIA desenvolveu a batata doce de polpa alaranjada rica em vitamina A, e disponibilizou ainda, variedades de feijão e milho.

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No mundo rural, pelo conjunto de opiniões recolhidas em Maputo e nas províncias de Manica e Nampula, constata-se que algo mudou com o PROAGRI 1, ainda que não substancialmente como se esperava. Mas, e acima de tudo, criou a esperança de dias melhores que se dislumbram com o desenho do PROAGRI 2. Os índices de pobreza diminuíram de uma maneira geral, como se pode constatar nas estatísticas governamentais, e isto graças a um conjunto de factores como o investimento privado, não descurando a melhor gestão do MADER em termos de fundos e de recursos humanos que veio com o PROAGRI 1.

Quanto aos doadores, estes têm consciência de não se ter combatido directamente a pobreza com o PROAGRI, e duvidam mesmo que o crescimento económico que se verificou deveu-se a existência do Programa na forma que terminou sua primeira fase. Muita coisa foi favorável neste período salientam muitos, e outros factores contribuíram para tal desenvolvimento, principalmente a consolidação da paz e a reestruturação do mercado. Ainda, considerando que a estrutura que ficou na prioridade do programa não se conseguiu de facto erguer como era preciso o sector produtivo, fica por fazer este quadro mais abrangente na fase dois do Programa para que caminhe em paralelo com a acção virada ao mundo rural em geral e ao camponês em particular.

Somando as opiniões das províncias, principalmente de parte do sector produtor e das ONGs, fica claro que para se eliminar a pobreza há que apostar na agricultura e criar reservas alimentares. Entretanto, isto não traduz-se necessariamente, num incentivo para a comunidade, pois não se compra automaticamente esta produção. Neste sentido, deve-se olhar para o processo de comercialização que não está a contribuir para o combate à pobreza, principalmente pela política apertada dos preços. E ainda, a falta de crédito pois não é somente com enxada que queremos produzir . Neste contexto, para realmente se combater a pobreza no campo, o PROAGRI 2 deve pensar numa estratégia integrada de desenvolvimento rural que traga dividendos, tanto para os comerciantes, como para os produtores.

11.5 Classificação das Estratégias do PROAGRI Os entrevistados em geral, tanto ao nível central como provincial e ainda, actores estatais, doadores e sociedade civil, quando pensam nas estratégias do PROAGRI não perdem de vista que a capacitação institucional devia apenas ser uma componente dessa estratégia e não toda a estratégia. Percebe-se aqui que a superestrutura está a condicionar tudo. Percebe-se ainda, que se algo falhou-se, por exemplo, em não fazer o Programa mais abrangente, foi a culpa da superestrutura que carrega consigo uma forma de trabalhar ainda ineficiente. De facto, segundo o próprio MADER as estratégias foram somente razoáveis, porque o PROAGRI funcionou numa estrutura vertical do MADER para atacar problemas que são horizontais; e isto tem muito a ver com as limitações da coordenação.

Neste contexto, há ainda que reformar algumas coisas para o PROAGRI 2. A abordagem horizontal é a mais interessante delas, dentro da nova vestimenta do Programa para se trabalhar transversalmente com e entre os sectores. E neste todo, não restam dúvidas que deve-se centrar no camponês sem que se ponha a justificação de falta de fundos.

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E ao nível institucional, deve-se coordenar melhor com o MPF integrando ainda, diversas sensibilidades das forças vivas existentes a todos os níveis de governação e na sociedade civil, para estabelecer-se melhores mecanismos estratégios de implementação do PROAGRI 2 mais condincentes com o que se espera do Programa nesta fase de desenvolvimento do país. Uma abordagem que de certa maneira, já está a ser adoptada pelo MADER em geral, e pela direcção do Programa em particular.

Neste todo, deve-se privilegiar o meio rural onde está a produção, e assim, descentralizar mais os meios e as decisões para o nível provincial e distrital. E o camponês tem que ser o referencial em termos de estratégias do PROAGRI 2.

11.6 Participação no PROAGRI A participação no PROAGRI foi alta de parte dos doadores. Principalmente daqueles que tradicionalmente trabalham com o governo na área da agricultura, como os Nórdicos, ressaltando os Dinamarqueses, e a União Européia.

Entretanto, a sociedade civil reclama não ter participado no PROAGRI 1, tanto o sector privado, como familiar, e ainda, as organizações a trabalhar com o meio rural em diferentes sectores como agricultura, pecuária, floresta e meio ambiente. Poucos conhecem de facto, sobre o PROAGRI inicial, e reclamam não terem sido convidados para um exercício de tão grande importância no alívio à pobreza como o desenvolvimento rural. Ao nível provincial este desconhecimento é ainda maior no seio da sociedade civil.

Para o PROAGRI 2, a participação está a ser mais facilitada devido a encontros institucionalizados que existiram no e com o MADER. Mas a sociedade civil ainda reclama que nestes mesmo encontros participam apenas ou mais, os doadores, que acham importante sua presença aí pois pode ser uma forma de controlar a boa gestão do programa e de resolver os problemas da coordenação entre todos os doadores e o MADER, para além de poderem deixar claro sua agenda para o desenvolvimento da agricultura no país.

Tanto o estado ao nível provincial como a sociedade civil, reclamam ainda, que quando são chamados a opiniar é sobre documentos já elaborados por consultores que não privilegiam uma metodologia mais participativa com maior involvimento de mais actores que os doadores para a elaboração dos mesmos. Salienta-se neste contexto, que a participação de mais actores é importante, para involver os que prestam serviço no campo, os beneficiários, e o sector privado, que pode disponibilizar serviços que passariam a estar desligados do governo como convem numa economia de mercado .

Ao nível estatal, tudo indica que o processo de participação está a sofrer mudanças positivas, entretanto, a sociedade civil ainda reclama mais inclusão de uma maneira geral. Neste contexto, a equipa de estudo sente que o estado central devia usar mecanismos mais inclusivos em relação às províncias e os distritos, desenhando uma plataforma de

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participação descentralizada para começar nos estágios menos avançados do processo de desenvolvimento das idéias e das estratégias do Programa.

Quanto a mais inclusão da sociedade civil, sentimos que esta tem muito a ver com a sua capacidade de se fazer ouvir, o que em parte tem sido difícil. E para tal talvez seja necessário mais organização de parte da própria sociedade civil como um todo a congregar todos os actores não estatais para melhor tratar este Programa, como teve lugar para o Observatório da Pobreza9.

Fica assim, por um lado, uma crítica, e por outro lado, uma exortação à atitudes mais concertadas, tanto ao estado como à própria sociedade civil. O primeiro, porque não abriu suficientemente na primeira fase do Programa as portas aos actores não estatais, e o segundo, porque ainda que sentido-se excluído conformou-se com esta realidade e não foi mais arrojado, a bater nas portas fechadas para testar sua permeabilidade. De facto, a não participação a contento da sociedade civil deve ser em parte, imputada a ela própria, que precisa organizar-se melhor como força negociadora permanente através de suas ONGs baseadas em Maputo e aos níveis provinciais, das confissões religiosas, dos sindicatos, e do sector privado. Entretanto, deve-se ressaltar que podem surgir dificuldades nesta participação devido a custos que este processo implica. De facto, se os doadores podem participar e aproveitam-se para tal, do seu próprio espaço de manobra e usam seus meios, o mesmo não se pode falar em relação à sociedade civil que carece de recursos próprios, humanos e materiais.

Um tipo novo de participação que deve ser abrangente a todos os actores, é na monitorização do PROAGRI. Este parece ter sido um capítulo negligenciado até o momento e que carece assim, de mais reflexão, e que até certo ponto já foi identificado pelo MADER. Entretanto, a monitorização que advogamos não é somente de simples acompanhamento do plano de acção, mas também, de poder intervir a qualquer momento: tanto quando o Programa está a andar mal e algo precisa ser corrigido para voltar aos carris; como quando se nota que se deve mudar o curso das acções para que se atinja os objectivos preconizados, e ainda, para mudar estes objectivos se for o caso.

11.7 Prioridades e Constrangimentos

11.7.1 Prioridades Para a maioria dos entrevistados, sobretudo dentre os actores estado e os doadores, ter-se privilegiado primeiro a capacitação institucional foi importantíssimo. A mesma consciência têm alguns elementos dos sectores estatais e da sociedade civil, mas em menor grau.

Entretanto, existem críticas sobre o quanto e como se fez neste campo, considerando principalmente, que se a capacitação institucional não foi o suficiente, a fase dois deve também abrange-la. E ainda, que deve-se privilegiar na capacitação também outras instituições como o MPF, para o tratamento de fundos. Entretanto, a questão da

9 Note-se que para o Observatório da Pobreza a socieadde civil criou o grupo chamado G-20, que congrega organizações não governamentais, sindicatos, confissões religiosas, e o sector privado.

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capacitação institucional envolve decisões políticas não só de gestão, pois uma reforma do pessoal do MADER já foi recomendada faltando apenas sua implementação. Esta parte é a mais controversa. Se a questão do sistema de procurement teve consenso entre doadores e governo, não se encontra o mesmo no que respeita à gestão.

Para o MADER, as prioridades para o momento estão na coordenação dos intervenientes no desenvolvimento rural e na assistência aos produtores. Coordenação, porque o desenvolvimento agrário não depende só da agricultura. De facto, os ministérios que intervêm no desenvolvimento agrário são muitos, e existe o desafio de articular esses ministérios. E quanto à assistência aos produtores, os desafios são a pesquisa e extensão rural, e a qualidade.

Para alguns doadores, o MADER deve somente supervisionar, e mesmo em baixa escala, o sector privado deve ser o motor do desenvolvimento rural. Mas não existe consenso neste sentido.

Ao nível provincial, pensa-se que nesta fase do PROAGRI 2 deve-se olhar mais a produção agrícola, melhorar as técnicas agrícolas, e as sementes para terem mais produtividade e mais rendimento. Em Nampula por exemplo, o governo provincial salienta que existe o problema da mandioca que está a apodrecer na terra, a doença que aflige os cajueiros, a cultura do algodão que precisa melhorar o rendimento por hectare. Precisa-se de expansão da piscicultura, da irrigação, diversificação de culturas. Depois da organização camponesa, precisa-se de financiamento para a produção. O PROAGRI deve ser assim, uma acção na criação de possibilidades para apoiar a agro-indústria, para a produção da farinha de milho, mandioca, indústria de óleo, cajú com pequenas fabriquetas. Um certo apoio à indústria já se faz, e esta deve ser a prioridade, o enfoque para aumentar a produção e diversificar, e comercializar. O processamento de frutas é outra prioridade, assim como a introdução da tracção animal na agricultura na província.

11.7.2 Constrangimentos Segundo o MADER, houveram 3 tipos de constrangimentos:

O primeiro tem a ver com a capacidade interna, a instituição estava habituada a gerir certos níveis de recursos financeiros e teve que gerir níveis superiores com prestação de contas. O segundo refere-se aos desembolsos, embora os relatórios falem de altas quantias de dinheiro envolvidas este dinheiro nunca chegou na sua totalidade, ou ainda, chegou em atraso. E na agricultura este atraso é sempre um grande constrangimento, porque os produtos têm suas épocas que não se compadecem com a burocracia financeira, quer do estado quer dos doadores. O terceiro refere-se à coordenação de muitos parceiros, isto é, gerir uma multitude de interesses tanto do MADER como outros actores não é uma tarefa fácil e requer uma capacidade de gestão que a instituição não possuía.

Para os fundos, havia que ter dinheiro nos meses críticos, na época das chuvas; importante porque há pragas neste período. E depois, há feiras de camponeses, o

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extencionista tem que estar no terreno, tem que ter combustível, viaturas, bicicletas. E neste contexto, houve quase sempre dificuldades em trabalhar com o Ministério do Plano e Finanças, e da Indústria e Comércio. É bem verdade que a coordenação não e matéria fácil e sempre um desafio, principalmente quando se trabalha com várias instituições; ela depende da atitude dos responsáveis e às vezes as pessoas estavam sobrecarregadas e/ou mesmo com outras agendas, mas é precisa fazer mais.

Houve problemas que ultrapassavam o MADER, como estradas e mercados, considerando que o bom sucesso da agricultura depende de muitos factores fora da alçada deste Ministério.

Como somatório dos constrangimentos, o MADER mostrou-se assim, débil para trabalhar com demasiado dinheiro, e disto têm consciência tanto o estado como os doadores. Por isso, advogam que é preciso ir mais fundo com a capacitação institucional. Não só ficar-se na compra do equipamento e estruturar o sistema de trabalho prático, mas há que reformar as mentes das pessoas e penetrar no seu âmago que adoptem outra atitude face ao trabalho. Uma nova cultura de trabalho deve ser criada. As novas admissões devem seguir este princípio incutindo o espírito de que, por exemplo, um computador e um veículo a todo terreno é prorrogativa do chefe porque este tem tarefas directamente ligadas a um sector produtivo que responde ou corresponde a P pontos percentuais no combate à pobreza absoluta.

No capítulo de eficiência e eficácia, fica também o problema dos desembolsos por parte dos doadores que demorava a chegar ao mesmo tempo o Ministério do Plano e Finanças Moçambicano demorava a desembolsar o dinheiro que já havia dado entrada. Isto leva alguns doadores a pensarem que as finanças não deviam gerir o dinheiro do programa. Entretanto, existe uma abordagem intermédia que é do Ministério do Plano e Finanças (também) se beneficiar de capacitação para tal, uma vez que estará ligada ao programa. Pensa-se numa colaboração inter ministerial na segunda fase do Programa, que aliás foi outro constrangimento do PROAGRI 1, não só no que respeita aos desembolsos mas também com o Ministério da Justiça devido ao cadastro de terras.

Neste contexto, pode-se verificar que tudo indica ser inevitável a colaboração interministerial, porque o MADER não pode fazer tudo sozinho. E sendo assim, será necessário potenciar outros ministérios. Outra solução seria considerar-se a hipótese de minimizar o estado, deixando alguns serviços com instituições privadas, considerando entretanto, que o estado tem deveres e direitos para com os cidadãos como parte de um contracto social de cidadania, principalmente num país pobre como Moçambique onde a renda do camponês é ainda muito baixa para custear serviços privados que visam acima de tudo, o lucro.

Para as províncias

de uma maneira geral, o grande constrangimento foi o tempo que se demorou concentrando tudo, ou muito, em Maputo, com um efeito de escoamento muito lento para as províncias, e ainda mais lento para o produtor que produz para garantir a segurança alimentar e contribui assim, para construir o desenvolvimento. Houve assim, muita centralização de recursos e capacidade de

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decisão, vindo a melhorar gradativamente nos últimos 2-4 anos. E ainda, o fluxo de recursos materiais e equipamento criou lacunas na implementação do Programa, pois não se pode esperar tanto por um dinheiro que não vem. Na agricultura é necessário financiamentos de médio prazo, não podem ser anuais.

11.8 Resultados/Sucessos São positivos e referem-se basicamente, ao apetrechamento do MADER com recursos técnicos, à reforma e capacitação institucional, e às actividades de fomento da produção em curso.

O maior sucesso do PROAGRI é sem dúvida, a capacitação institucional. É ela que mais sobressai em parte devido ao fraco envolvimento de outros actores sobre por onde começar, e a consequente fraca participação de facto, destes mesmos actores na primeira fase do Programa. Entretanto, notam-se hesitações na própria capacitação institucional principalmente, nos recursos humanos e na gestão das contas. Existe uma opinião generalizada dentre a amostra entrevistada, que um sucesso total devia incluir contas (mais) transparentes a serem prestadas a tempo pelo MADER, e mais transparência do que está a passar de facto com o Programa, e isto não acontece. É certo que existem muitas coisas boas como muita documentação que pode ser consultada, um facto importante que deve ser salientado. Entretanto, e como exemplo, abriu-se mais as portas para a participação dos doadores nos encontros do MADER que foram instituídos no âmbito do PROAGRI 1, mas pouco se falou da participação da sociedade civil. Sendo assim, os doadores exerceram sua pressão para estarem mais perto dos acontecimentos, e a sociedade civil não só não possuía estes mecanismos, como não estava organizada para tal.

Como analistas da sociedade civil, a equipa de avaliação sente que para melhorar os resultados em Programas desta natureza, o actor estado, aqui representado pelo MADER, deve interiorizar que a sociedade civil é um actor que trabalha para o desenvolvimento do país, e que seu envolvimento interactivo na elaboração de estratégias e políticas de desenvolvimento somente reforça a cidadania. E sendo assim, reforça neste processo o próprio estado. Para o MADER os resultados são satisfatórios mas aquém das expectativas dos produtores. Resultados concretos alcançados são visíveis, é o caso da modernização do MADER através dos recursos e meios. De facto, hoje o MADER está apetrechado de carros e computadores e há também muitas actividades de fomento no terreno rural.

Mas quando o MADER salienta os resultados como aquém das expectativas dos produtores, é porque compreende que estes querem outras coisas, nomeadamente: o apoio em créditos, insumos e equipamentos. E este é mesmo um problema de expectativas ou percepções diferentes em relação ao programa porque o PROAGRI 1 não tinha sido desenhado para esse tipo de desafio. Mas segundo o MADER, o PROAGRI 2 contempla cobrir estas lacunas do PROAGRI 1 que vai para além das actividades do Ministérios, e também contempla a assistência aos produtores na base da oferta e procura.

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No campo da investigação agronómica, os resultados são positivos. Exemplos são tecnologias desenvolvidas localmente e hoje disponíveis ao camponês. A vacinação contra a New Castle é também um grande avanço segundo o INIA central e provincial. Melhorou-se a fiscalização nas florestas e a gestão financeira tornou-se mais transparente, constatado com auditorias. Entretanto, é necessário involver mais os institutos como o do algodão e do cajú neste todo, e de decidir-se com urgência, o futuro do ICM.

A avaliação é assim, em geral, positiva, como constatou-se na reunião de 28 Junho 2 de Julho 2004, pois segundo o MADER não somente se conseguiu reestruturar o Ministério, como até ter capacidade de servir aos privados no mundo rural. Entretanto, alguns aspectos estão por concluir no PROAGRI 2 numa interacção horizontal fora do MADER: a coordenação, descentralização e capacitação junto aos produtores.

No MADER destaca-se a melhor institucionalização, entretanto, a questão de um sistema de procurement bem estruturado não foi o suficiente para trazer bons resultados ao PROAGRI 1. A prioridade de institucionalização teve que ser dada ao MADER, mas mesmo assim não se conseguiu de uma só vez resolver todos os problemas de base da instituição. Considerando que a capacitação institucional não terminou e nem foi realizada a contento, isso pode demonstrar hesitação do que se queria, e ao mesmo tempo a rigidez existente para a mudança. No capítulo do sector wide aproach (SWAp) os resultados são mais positivos, tendo desprojetizado o sector e levado os diferentes doadores a trabalharem conjuntamente com o governo, e voltados para um mesmo propósito.

11.9 Lições Apreendidas Segundo o MADER, a experiência do PROAGRI 1 produziu uma série de lições de desenvolvimento dentro e fora do Ministério. Um exemplo para fora do Ministério, o spill over effect, que destaca-se, é a reforma do sector público, a relação entre o Ministério de Plano e Finanças e parceiros de cooperação, e o facto dos modelos do MADER estarem a ser seguidos noutros Ministérios. Dentro do Ministério uma lição apreendida é a necessidade de um sistema de monitoria prévia, pois esta falha levou na opinião do MADER, à redução da qualidade dos resultados das avaliações.

No capítulo da pertença (onwership) do Programa, o envolvimento dos actores nacionais foi baixo. Mas tudo indica que o PROAGRI 2 está a tentar cobrir as falhas maiores de participação, involvendo mais as províncias assim como os actores não estatais.

O baixo nível de coordenação também custou caro ao Programa, tanto em questões financeiras como de gestão de fundos, e faz parte do capítulo de lições aprendidas. Para o PROAGRI 2 existe hoje um Comité de Implementação liderado pelo MPF e integrando outras sensibilidades, considerando que o Programa deve concentrar-se no futuro, também em mercados, serviços financeiros, tecnologia e acesso aos recurso naturais. E ainda, para colmatar os constrangimentos do plano dos fundos (captação e desembolsos) o PROAGRI 2 visa estabelecer mecanismos para que se estabeleça métodos de financiamento.

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11.10 Desafios No capítulo dos desafios, para o futuro tem que se coordenar melhor como recomendação, com os outros sectores estatais e não estatais para sobrepor-se aos projectos, e fazer-se compromissos com todos. Um processo que tem que passar por planeamento das províncias e dos distritos, porque se o camponês e o produtor agrário escoarem melhor a produção incentiva-se mais o desenvolvimento rural, o que pode contribuir para aumentar a produtividade. E uma vez assim, pode-se melhor combater a pobreza garantindo a segurança alimentar da população, transformando gradativamente, o país em exportador, para atingir finalmente um desenvolvimento sustentável sustentado pela própria produção.

No campo da investigação agronómica, o grande desafio é estabelecer-se mais parcerias para usar e rentabilizar a tecnologia produzida pelo INIA. Já existe hoje parcerias com ONGs estrangeiras, com empresas privadas e com a UEM, mas ainda não se cria receitas próprias para serem geridas internamente, outro desafio para instituições de pesquisa ainda dependentes da base central, neste caso do MADER. Considerando o problema perene de recurso, o MADER aventa a possibilidade de se fundir toda a pesquisa na área do desenvolvimento rural num grande Instituto de Investigação Agronómica de Moçambique (IIAM), a concretizar-se este passo constituiria um novo desafio.

Ao nível provincial, Manica salienta alguns desafios dignos de destaque para o país como um todo, ou sejam: o uso da semente melhorada por todos camponeses; a redução das perdas da produção (condições de armazenamento); o aumento dos índices de produtividade/ha que não seja mero resultados do aumento da área de produção.

Neste todo relativo às sementes, actores estatais ao nível provincial salientam que o Plano Anual de Actividades e Orçamento (PAAO) deveria estar incluído neste contexto. Porque o trabalho com as sementes é investigativo e tem um grande impacto na

produção, mas a falta de fundos disponíveis em tempo útil inviabiliza este trabalho. Deve-se planear bem porque fazer demonstrações em terra faz as pessoas acreditarem mais, mas isto leva tempo e exige recursos .

Assim, que ao nível provincial a maior batalha do momento é conseguir aplicar técnicas e métodos que permitam o camponês aumentar a produção, e a produtividade. E, mais: completar toda a cadeia produtiva que ainda não funciona na sua totalidade, o que vai desde a produção comercialização e distribuição; mas tudo indica que se está a trabalhar neste sentido, com a afectação de mais técnicos para tal.

Para o Programa propriamente dito, tudo indica que muita coisa vai ter que mudar em vários níveis e práticas de trabalho, tanto por exigência dos doadores como resultado de uma reflexão interna involvendo o Governo e a sociedae civil; e parece haver vontade política para tal acreditando-se como um todo, no PROAGRI 2. Como concretizar as mudanças é entretanto, ainda um desafio.

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11.11 Manica A província de Manica, revela uma impressão positiva em termos do seu enquadramento no PROAGRI, válido contudo, para sua fase de revisão para PROAGRI 2.

No processo de revisão para PROAGRI 2, esta partiu da pesquisa e elaboração do draft pela KPMG, e a revisão ao nível da DPA.

A nível da DPA em particular e do próprio governo provincial, o processo de revisão provincial é visto como positivo, fazendo-se menção ao envolvimento e abrangência de vários actores intervenientes no sector agrário.

Quanto aos actores não estatais as opiniões são díspares, uns mais pessimistas, outros optimistas. Instituições não estatais importantes como a ADEM, ADIPSA, afirmam ter participado deste processo. Mas, a nível dos produtores dividem-se as opiniões entre o sector familiar e o semi comercial. Dos primeiros não tivemos contacto directo com nenhuma entidade que tivesse participado, mas o DPA mencionou a participação da União do Camponeses, e o confirmam alguns membros da CABA (Cooperativa Agrícola de Produtores de Batata) mas nega o seu envolvimento enquanto a DPA os iria apontar como um actor envolvido. O sector semi/comercial, uniformiza-se com a exclusão no processo de discussão provincial do PROAGRI.

Em termos de impacto, a discussão provincial foi positiva pelo envolvimento e abrangência que teve. Foi uma oportunidade de maior contribuição para o dimensionamento do draft da KPMG no sentido do impacto real para toda a cadeia produtiva (produção, comercialização e distribuição).

As entidades públicas do sector agrário, têm algum conhecimento sobre o PROAGRI e estão envolvidas no processo. Refere-se não somente ao DPA, mas também aos Serviços Provinciais de Geografia e Cadastro que afirmam já ter começado a usar a nova Lei de Terras junto aos produtores, fazendo referência particular ao trabalho para a concessão de terras junto aos Zimbabweanos recém chegados, e começado a trabalhar com a DPA em termos de acções no terreno junto aos actores ligados ao processo produtivo. Salienta-se aqui, a sensação da reforma institucional prevista pelo PROAGRI 1 ser um facto. Quanto a profundidade desta reforma, a nível da DINAGECA, não é possível precisar.

Ainda sobre a reforma institucional, a DPA revelou dados importantes a reter, como a questão da capacitação institucional que parece ser um facto. Fala-se em alocação de recursos ao nível da província, o que foi possível constatar, mas também ao nível dos distritso. Neste contexto, o Governador refere que o governo provincial estava a actuar no sentido da alocação de recursos humanos aos níveis provinciais e distritais. E o contacto com o Chefe da Estação Agrária de Sussundenga confirma a alocação de recursos materiais e humanos no seu sector, com o próprio responsável tendo sido colocado no distrito de Sussundenga no âmbito do PROAGRI.

Quanto à capacidade de implementação do PROAGRI ao nível da base, a avaliação sugere algumas ressalvas. De parte do estado, sectores como o DPA sugerem existir capacidade de implementação por parte dos técnicos. E reconhece-se que a alocação de

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recursos técnicos teve o impacto de melhoria da capacidade de implementação de actividades à nível das províncias. Os técnicos orientados pelos documentos do PROAGRI, afirmam que desenham as actividades a realizar junto aos produtores, planificam (os PAAOs) e as executam com auxílio dos meios materiais disponibilizados.

Contudo algum aspecto negativo da prevista componente de capacitação institucional, deve ser apontado nas críticas à questão da descentralização de fundos. Fala-se de atrasos e falta de disponibilização dos montantes requisitados, o que constitui um grande constrangimento. Sectores estatais da província acreditam que estes atrasos podem ser imputados à burocracia ou exigência de gestão de parte dos doadores, particularmente à unilateralidade em vez de uniformidade na disponibilização de fundos.

Mas também o próprio processo de descentralização de fundos parece um pouco complexo, em termos da relação entre a DPA e a DPPF, e a relação ao nível central. Por um lado, a DPA reporta as requisições das suas necessidades financeiras via central, junto ao MADER, para que este o reporte ao MPF. Este por sua vez, faz a alocação de fundos via DPPF, que o faz chegar junto a DPA. Esta presta contas ao nível central. Assim, a relação entre a DPA e a DPPF a nível do PROAGRI parece fraca. A DPPF não assume nenhum papel de fiscalização ou acompanhamento no âmbito do PROAGRI, o que poderia facilitar o próprio processo de descentralização de fundos. Esta assume somente um papel de simples intermediário, e muito superficial. Questiona-se assim, a ligação inter-institucional no âmbito do PROAGRI.

Os resultados desta situação são visíveis. Os quadros reclamam que este facto os obriga a terem que repartir mais ainda, o montante disponibilizado para a província aos distritos. Mais ainda, esses problemas, afectam directamente a implementação dos PAAOs junto aos produtores, e estes não são integralmente cumpridos.

Duma forma geral, esta situação cria problemas em termos da própria implementação do PROAGRI, que a primeira vista já se reflecte no cumprimento das PAAOs. Mas também sugere questões como o problema de priorização de actividades previstas nas PAAOs, e ainda, a questão de que se num programa macro com o PROAGRI os critérios a usar para fazer esssa priorização das actividades (dentre as previstas nos PAAOs), e se as actividades essenciais são de facto exequíveis, ignorando aqueles aspectos auxiliares ou secundários.

Um aspecto importante é o conceito abrangente e funcional de desenvolvimento, que as províncias usam no âmbito da implementação do PROAGRI 1. O facto da afectação dos quadros ser acompanhada de criação de condições de acomodação como energia, sinais de TV, etc. Que não são cingidos aos quadros, mas extendem-se as populações como em Sussundenga. Este é um facto que pode contribuir positivamente para a atração de investimentos para as zonas rurais.

Sendo assim, no impacto do PROAGRI ao nível da base, os actores estatais estão bastante optimistas. A nível da DPA fala-se de terem iniciado as actividades de apoio aos camponeses já nos finais do período previsto para o PROAGRI 1, ainda que numa dimensão inferior a prevista pelo PROAGRI 2.

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Quanto aos produtores, as opiniões são díspares. O sector familiar parece ter sido até aqui o principal enfoque das atenções da DPA. O sector semi comercial pareceu algo excluído do processo. De facto, tanto os entrevistados do sector comercial e semi comercial afirmam não ter participado em nenhuma discussão do PROAGRI e nem de beneficiar de nenhum serviço ou facilidade no âmbito do PROAGRI.

Em termos de impacto do PROAGRI junto ao produtor, ao nível da DPA fala-se do aumento da produção e da produtividade: um facto imputável ao serviços de apoio ao camponês, transmissão de tecnologias melhoradas. Contudo não se podem ignorar alguns aspectos como: o potencial agro-ecológico da província, a disponibilidade de terras, e o papel do governo em todo este processo.

O engajamento pessoal do Governador é ressaltado por todos os sectores, como alguém que usa a lei junto com o bom senso, principalmente no trato com os farmeiros Zimbabweanos. A chegada destes farmeiros está de certa maneira, mais associada a um certo aumento da produção da província do que o PROAGRI. Estes investem em culturas de rendimento (milho, tabaco, paprica), têm técnicas de produção modernas e um grande índice de produtividade.

Neste contexto, a introdução da componente de apoio à produção agrícola do PROAGRI, que visa o aumento da produção e produtividade, levanta alguns pontos de reflexão. Primeiro, é que o objectivo estratégico de integração do camponês na produção de culturas de mercado, parece verificar-se mais por força das circunstâncias mais do que pela orientação da DPA. O sector familiar está voltado à produção de subsistência e de culturas comerciais (milho, tabaco, paprica) sob contracto com grandes empresas de fomento como a V. & M. Grain, MLT, DIMON, SEMOC, PANNAR, para adiquir renda para aquisição de outra natureza de bens e serviços.

Para o mesmo tipo de produção, existe um potencial sector semicomercial na província, com sérios problemas em termos de acesso ao crédito.

A primeira questão que surge, é que o sector familiar produz culturas de rendimentos sob contracto, sujeito aos preços das empresas fomentadoras alegando que sob contracto ele tem um mercado e renda garantida. Portanto há problemas de rede de comercialização, e de dificuldades de escoamento da produção.

O papel de comercialização é levado a cabo pelas empresas, pois o camponês não tem meios para levar o seu produto. Faz-se claro que no processso de produção o camponês está ligado ao comerciante. A cadeia parece ser de camponês ao privado e ao comercial agroprocessador. No entanto, a julgar pelo fraco envolvimento do sector privado nas discussões o PROAGRI parece limitar-se a relação entre estado e camponês.

Seria útil enquadrar o sector semicomercial no Programa, no sentido de potencializá-lo e torná-lo activo como intermediário entre o camponês e o mercado. Aliás, muitos produtores do sector semi-comercial são pessoas com tradição na produção e que têm feito este papel intermediário.

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Há possibilidade de fazê-lo. Instituições como ADEM, ADIPSA, podem fornecer serviços de assistência e formação aos produtores e comerciantes. Os serviços da ADIPSA são a título gratuito, mas também a ADEM fornece alguns serviços a título gratuito via instuições financeiras como o GAPI. Entretanto, há uma fraca divulgação em termos dos serviços prestados pela ADIPSA e ADEM junto aos produtores.

Finalmente, segue abaixo uma leitura estruturada deste somatório para Manica.

11.11.1 Quanto à Elaboração do PROAGRI Os actores estatais afirmam que o processo começou com a recolha de dados no terreno pela empresa de consultoria KPMG. Com base na informação foi elaborado o documento em Maputo pela mesma empresa. O documento foi reenviado à província de Manica para a revisão da DPA.

11.11.2 Sobre o Processo de Revisão na Província Os actores estatais (DPA) afirmam ter sido um proceso participativo, que envolveu vários actores. Mas existem algumas contradições com os actores não estatais.

De uma forma geral, o sector semi comercial em amostra afirma não ter participado. É caricato porque estes são membros da CABA, a que os SPFFB afirma terem participado. O sector comercial parece ainda mais distante do processo. Mas há excepções, e de grande relevância: a ADEM, uma instituição de formação profissional no ramo agro-pecuário; e a ADIPSA, também instituição do ramo que fornece serviços profissionalizados aos produtores.

11.11.3 Quanto ao Impacto no Alívio à Pobreza Os extensionistas estão a ter um papel louvável pelo governo provincial, que considera esta ser a chave para o desenvolvimento rural que combata a pobreza. Muito foi feito neste sentido, entretanto, falar-se de redução da pobreza não pode ser a meta final segundo a província, mas sim sua erradicação. E a província sonha com este dia programando grandes acções com uma agricultura voltada ao mercado.

11.11.4 Quanto ao Impacto do PROAGRI junto aos Produtores Os actores estatais mostram-se optimistas. Afirmam que a prestação de serviços de assistência ao produtor começaram, já na altura em que se implementava o PROAGRI 1, ainda que o trabalho não tenha tido a dimensão do PROAGRI 2.

Há também informações da parte de alguns actores não estatais, do apoio da DPA ao sector familiar, através de gado de fomento e outros serviços de assistência técnica. Entretanto, o sector semi-comercial e o comercial não tiveram nenhuma facilidade no âmbito do PROAGRI. Neste contexto, parece particularmente preocupante a situação do sector semi-comercial, que na amostra acima e parece que no geral, se identifica com uma antiga classe empresarial no ramo. Sendo que por razões de falta de competitividade aliada à cultura de proteccionismo do Estado acabou falindo.

É crítico o trabalho das instituições de formação profissional e de crédito (GAPI), junto ao sector semi-comercial, por exemplo. Apesar da ADEM canalizar financiadores e

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formação, a título de desenvolvimento, esse capital é empregue pela GAPI segundo seus critérios. Parecem não conceder facilidades a esse sector, no âmbito desses fundos à título de desenvolvimento; outra hipótese é que na realidade, o GAPI canaliza esses fundos concedendo facilidades aos seus clientes que já tenham contracto firmado e/ou com alguma estrutura produtiva fiável. Pois o trabalho do GAPI junto à sua clientela é notável, e estes parecem muito optimistas.

Mas o potencial da província para a actividade é enorme, e ainda existe muito que explorar e expandir. E neste contexto, há também que reconhecer no processo, o papel desempenhado pelo Governador, que para muitos é a grande força motora da província.

De facto, o governador enfatiza que a província tem projectos de agricultura muito ambiciosos pois pretende a produção em grande escala e está a.negoceiar nesse sentido para atrair agro-indústrias, etc.

A província sonha assim, com numa agricultura voltada ao mercado. E salienta neste contexto, a vantagem da presença dos farmeiros Zimbabweanos que são pessoas com experiência no ramo, e que podem por a província a produzir para o mercado interno e internancional.

A província pensa ainda, na produção de equipamento para a produçào agrícola que seja produzido nacionalmente e para exportar para zonas vizinhas.

Nas palavras do governador, temos na província várias centrais pivot, porque a agricultura comercial não depende das chuvas (o sistema pivot é uma tecnologia de rega computarizada). As empresas estão a introduzir o sistema gota-a-gota (uma tecnologia mais avançada que o pivot que irriga apenas onde existem culturas poupando a água). Esta tecnologia é usada pela empresa que produz flores .

A província de Manica quer assim, ter competitividade internacional. Incrementar o desenvolvimento da província de tal modo que se um dia os farmeiros estrengeiros se forem ela não esteja (mais) deles dependentes. E de certa forma Manica sente que está a conseguir tal objectivo com as estratégias de desenvolvimento adoptadas pelo Governo num sentido mais largo, e com o PROAGRI em particular, pois a província está a crescer.

11.12 Nampula As opiniões recolhidas em Nampula e incorporadas no trabalho como um todo, são sumarizadas abaixo.

11.12.1 Capacitação Institutional A importância da capacitação institucional não é negada pelos vários actores, tanto estatais bem como não estatais. Mas na capacitação institucional os actores estatais lamenta sua não visibilidade em termos práticos, exceptuando bens e infraestruturas. O questionamento prende-se com o facto que deveria também ter sido considferado melhorar a qualidade dos técnicos enviados ao distrito para trabalharem no terreno, que por acaso até têm formação superior ou média mas não conseguem prestar o que deles se

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espera. Obviamente, que o problema da educação mais acadêmica e menos prática não complemente ligado ao MADER, sendo mais estrutural e ligado a educação.

Sendo assim, a capacitação institucional foi importante mas está incompleta, e este é um facto reconhecido pelos vários actores. Um exemplo é que não há condições para que todas intervenções sejam feitas sem ter que se recorrer a cidade de Nampula, não obstante a descentralização da planificação. Existe assim, no plano institucional uma centralização dos fundos, mas ao mesmo tempo não se tem propostas para soluções concretas enquanto não existirem dependências bancárias em todos os distritos. Por outro lado, a centralização porque há instalações nas direcções distritais mas não há outras condições, como mais técnicos ou mais equipamentos para o trabalho prático de campo, que não sejam só os de gabinete, referindo-se ao diagnóstico de doenças animais ou de plantas e incluindo posterior medicação.

11.12.2 A Questão da Comercialização Agrícola A comercialização agrícola ainda é um grande problema, tanto para o sector formal bem como para o informal. De um lado há o problema da carência dos transportes e das vias de acesso, onde se destacam as terciárias de terra batida, que no tempo chuvoso tornam-se intransitáveis ou de difícil trânsito. O PROAGRI não contemplava a intervenção nas vias de acesso, ao mesmo tempo que este problema é reconhecido pela Direcção Provincial de Agricultura e Desenvolvimento Rural, sua solução não reside só nesta direcção mas num outro Ministério de tutela, o de Transportes e Comunicação e pode-se incluir o do Comércio. A solução pelo menos parcial pode residir, numa maior coordenação dessas entidades estatais no traçar das prioridades, nas vias a recuperar e construir, por exemplo. Tratando-se de coordenação, não se deve apenas envolver estas entendidas estatais, pois os comerciantes formais, tanto os das áreas de concessão, que são apenas responsáveis pelas vias terciárias das suas concessões enfrentam o problema de descapitalização, e seu financiamento tem sido recorrer aos bancos comerciais sem empréstimos concessionais.

Incluir o sector informal em todo o Programa é assim, importante. Não só porque os comerciantes formais as vezes usam-os como intermediários, mas porque mesmo sem serem usados como intermediários uma parte do abastecimento a cidade de Nampula também é garantido por estes, que inclusive, pagam impostos ao estado. Seu papel salienta-se como importante, pois verifica-se também que algumas vezes estes quando a província de Nampula tem pouca produção, conseguem ir a outra província como Zambézia, e de lá trazerem produtos agrícolas.

11.12.3 Apoio à Produção Agrícola e Pecuária Há necessidade de algum tipo de financiamento da produção agrícola. Com este financiamento pode-se minorar, o problema da descapitalização dos produtores da cultura de rendimento para a exportação, e daqueles que sem exportarem contribuem para a renda nacional. Os grandes constrangimentos aqui ainda são devidos a descapitalização das concessionárias e outros intervenientes, como as pequenas e médias empresas. Estas concessionárias não só são responsáveis pelas estradas terciárias, mas também de todo circuito agrícola ligado à produção, que inclui a extensão rural e pesquisa. Este modelo

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pode ser válido numa situação em que as empresas estão não estão descapitalizadas, pois as concessionárias têm que arcar também com os custos de transportes, armazenamento e comercialização. E a actividade só é de facto viável, se os retornos do investimento forem de modo a cobrirem os empréstimos recebidos dos bancos comerciais, sem juros bonificados ou concessionais. E ainda tendo que enfrentar as oscilações dos preços dos mercados internacionais, sobretudo do mercado do algodão, que no caso moçambicano entra em desvantagens devido a situação da qualidade, que está intrinsecamente ligada a qualidade da fibra que é garantida por um boa variedade de sementes, a colheita e armazenamento. Mas a qualidade das sementes deve ser garantida pelo Instituto de Investigação Agronómica.

Entretanto, o apoio à produção agrícola não se deve restringir às grandes empresas. É um facto que existem já na província de Nampula varias associações de produtores camponeses e médios, incluindo o sector pecuário, que podiam se beneficiar do financiamento. O financiamento pode ser directo, quando se desponibilisa directamente os fundos ou indirectamente como o programa de fomento de culturas e animais, em que a extensão rural da Direcção Provincial de Agricultura e Desenvolvimento Rural, teriam um papel chave.

11.12.4 A Questão da Informação A pouca e mesmo falta de desponibilisação de informação por parte da Direcção Provincial de Agricultura e Desenvolvimento Rural a outros actores não estatais, é dos problemas mais difíceis que se verificou no PROAGRI 1. Dentre a amostra entrevistada, a maioria desconhece na essência o que é o PROAGRI. Nos casos que têm um conhecimento, reclamam muitas vezes que este não foi adquirido pelas vias do contacto com a Direcção Provincial de Agricultura e Desenvolvimento Rural. A falta de informação chega até a contemplar aquelas organizações que podem ser consideradas como tendo importante contributo no assunto, porque congregam muitas outras. Para além da capacitação institucional, essas associações não conseguem muitas vezes, falar de algumas realizações do PROAGRI, porque de facto desconhecem.

11.12.5 Sucessos e Participação Para estas associações, em alguns casos as melhorias que se verificam em questões como algumas estradas não podem de facto ser atribuídas ao PROAGRI. De ressalvar que não é negada pelos entrevistados, a necessidade de um programa como o PROAGRI, quer-se apenas um maior envolvimento e sentido de posse (ownership) por parte dos alvos beneficiários. Argumenta-se que existem muitas vantagens no sentido de mais participação, como na identificação dos problemas de cada comunidade e formas de resolução, pois nada pior do que a intervenção vertical que pode ser perniciosa por criar indiferença por parte das comunidades ou rejeição, por irem contra as suas prioridades. Vivendo-se assim, num ciclo de insegurança, pois algumas acções de facto das direcções distritais são importantes mas se não devidamente explicadas podem levar à rejeição das mesmas por parte dos camponeses.

12 SUGESTÕES E RECOMENDAÇÕES O capítulo de sugestões é aberto, considerando a opinião de algumas organizações não governamentais a operarem no mundo rural, sobre o que deverá ser o PROAGRI 2.

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Seguem-se, as sugestões retiradas das entrevistas com actores estatais, doadores e da sociedade civil.

12.1 A Opinião dos que Trabalham no Meio Rural De uma maneira geral, todas as ONGs criticam o facto de que quando se desenhou o PROAGRI não se pensou nos dois lados, o topo, com o reforço institucional do MAP-MADER, e o camponês, com o reforço da base. Constatam que existe de momento uma situação de desequilíbrio que desejam não seja prejudicial para o desenvolvimento rural que comporta mais do que o mandato do MADER na governação, considerando que este desenvolvimento precisa de melhores estradas, melhor sistema de comercialização, créditos, etc.

De uma maneira específica, algumas ONGs salientam algums aspectos que se realça para reflexão em forma de recomendação, por sumarizarem uma visão geral deste tipo de actores sobre os assuntos em questão.

12.1.1 No Capítulo do Meio Ambiente No capítulo do meio ambiente, a ABIODES

uam organização vocacionado ao sector, aponta para a necessidade de transmissão de técnicas e métodos de produção orgânicos, aliás uma especialidade das suas intervenções. Considera que as técnicas orgânicas têm a vantagem de ir ao nível do bolso do camponês. Aponta também, para o facto das condições agro-ecológicas nacionais (aptas à agro-pecuária) e os ecossistemas que estão tão equilibrados que o problema da produção, não ser por falta de adubos químicos mas sim de melhor apropriação das técnicas de gestão da produção. Aponta ainda, para a vantagem das técnicas orgânicas não serem nocivas ao meio ambiente e nem à saúde humana, como é o caso dos inseticidas para os quais não se segue a rigor os procedimentos de utilização, o que pode tornar a produção nociva, há rios contaminados devido à indevida utilização, e ainda podem levar a esterilização dos solos.

Neste todo, levanta-se os problemas de redes de comercialização para o escoamento da produção, e a falta de infraestruturas de conservação da produção. Aqui também as perdas pós-colheita poderiam ser minimizadas com técnicas adaptativas, é o caso das fumigação de celeiros que espanta insectos e algumas pragas;

Propõe-se para o PROAGRI 2 o agro-processamento da produção. Já que os camponeses têm problemas de qualidade de produção perante um consumidor cada vez mais exigente, e daí resultando em fracos rendimentos, a situação pode ser mudada. Advoga-se que se os agricultores se organizarem em associações, fornecendo a produção a um agro-industrial, poderiam vender seu produto a melhores preços e aumentar sua renda.

Neste sentido, a ABIODES já conseguiu mobilizar investidores estrangeiros para Inhambane, onde foi montada uma fábrica de processamento de frutas, fruto das suas actividades no terreno e da exiquibilidade do agro-processamento.

12.1.2 Para Mais Desenvolvimento Rural Para se chegar ao real desenvolvimento rural, a AMODER

uma organização vocacionada para este assunto, considera que para o PROAGRI 2 devia-se criar serviços

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de apoio ao produtor familiar, com tractores, máquinas, sementes e fertilizantes, de modo que este grupo pudesse aumentar sua produtividade passando a abastecer o mercado interno. Há também necessidade de assistência técnica ao produtor comercial. Considera também relevante a criação de um sistema de créditos que tenha previsão sobre os anos de má produção, um sistema de compensação que possa compensar o financiador do produtor.

A AGRARIUS, como um actor do sector privado, considera a necessidade de apoio ao camponês, em insumos e assistência técnica para o PROAGRI 2, de modo que o sector familiar possa sair da condição de subsistência para ser comercial abastecedor do mercado interno.

Neste contexto, a AGRARIUS comenta que já propôs ao MADER a eleição de produtos a serem promovidos para reduzir a dependência das importações Sul Africanas, e que na altura o governo considerou a lista de produtos ser longa e saía então caro: queriam suprimir alguns produtos mas fizemos força para que pelo menos arroz se mantivesse na lista . Outros produtos como a batata e a cebola foram rejeitados a favor de feijão e tomate. Mas afirma que o tomate que as vezes chega aqui em Maputo, muitas vezes é produzido internamente, só que entra via Gaza sob a faceta de produto sul africano. Devia-se consultar aos camponeses, argumenta a AGRARIUS, sobre os produtos a serem promovidos, porque os dados oficiais muitas vezes não têm uma lógica no terreno, nós os produtores não vemos esses altos índices de produção que aparecem nos documentos para impresionar doadores .

12.1.3 A Prestação de Serviços A ATAP, como uma organização prestadora de serviços, considera que o PROAGRI devia subcontratar mais assistência técnica nacional, como forma de impulsionar aquelas ONGs com know how relativo que só precisam dum empurrão para sua capacitação completa . Neste contexto, a organização já foi subcontratada pelo governo no âmbito do PROAGRI, para um projecto de segurança alimentar em Inhambane (de Outubro de 2002 com fim para o ano 2004). O projecto está voltado ao fomento agro-pecuário (gado bovino e, mandioca e batata de polpa alaranjada) no valor de US$ 200,000:00 financiados pela Irlanda, principal parceiro governamental provincial.

12.1.4 Na Participação No capítulo da participação, as organizações que trabalham com e para o produtor rural, familiar ou privado, criticam o facto de que quando se desenhou o PROAGRI não se ter pensado nos dois lados: o topo, com o reforço institucional do MAP-MADER, e o camponês, com o reforço da base. Constatam que existe de momento uma situação de desequilíbrio que desejam que não venha a ser prejudicial para o desenvolvimento rural que comporta mais do que o mandato do MADER na governação , considerando que

este desenvolvimento precisa de melhores estradas, melhor sistema de comercialização, créditos, etc.

12.1.5 O Camponês como Alvo, e Parcerias Entre as organizações que trabalham directamente com a base rural, existe maior esperança que o PROAGRI 2 seja realmente voltado à produção do camponês, com uma

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estrutura de atribuição de parcerias com ONGs e o sector privado, e desembolso de fundos que seja funcional para que se obtenham resultados paupáveis. A dividir este optimismo destacam-se dentre as entrevistadas, para além das acima referidas ainda, a UNAC, ORAM, Visão Mundial e HELVETAS, para além de pessoas físicas e coletivas do sector privado.

Ao nível provincial, tudo indica haver muito optimismo, tanto em Manica como em Nampula. Manica a demonstrar um grau de desenvolvimento que promete muito para um futuro próximo, para por o país na condição de produtor voltado tanto para o mercado nacional como internacional.

12. 2 Sugestões e Recomendações em Somatório As sugestões e/ou recomendações abaixo delineadas, emergem de uma leitura final geral das entrevistas assim como de análise de factos e eventos de relevância para o Programa, e do processo que está a gerar o PROAGRI 2. Elas tentam responder aos objectivos do estudo e, para além de restruturar o nível de involvimento de actores não estatais no Programa, são de carácter normativo para o MADER em geral e para outros sectores estatais em particular, abarcando ainda, algumas questões estruturais. Elas indicam ainda, a necessidade da adopção de (novas) práticas de trabalho dentro do processo de desenho, implementação e monitoria da segunda fase do PROAGRI.

As sugestões e recomendações são tanto para o sector estatal como para a sociedade civil no seu sentido mais largo abrangendo actores como produtores (familiares e privados), associações, organizações, sindicatos, pesquisadores, etc.. E indicam com idéias a necessidade de se adoptar novas atitudes de parte a parte no sentido de melhor identificar e decidir sobre as prioridades, assim como de fazer o processo de mudanças onde o PROAGRI se insere, mais transparente e abrangente e assim, mais participativo.

12.2.1 Para os Actores Estatais 1 Fazer valer as leis, regulamentos e directivas existentes no quadro legal do país, e

directamente ligadas ao meio rural. O caso das lei de terras e de florestas e fauna bravia é citado como exemplo, incluindo o papel das comunidades nestes dois instrumentos de normatividade da vida produtiva rural para que elas realmente funcionam na prática em todas as zonas do país.

2 Institucionalizar o diálogo a todos os níveis da sociedade civil e do estado, incluindo um nível interministerial dentre os ministérios cujo trabalho tem directa pertinência com o desenvolvimento rural.

3 Involver neste diálogo, o sector privado financiador, produtor e agro industrial para trazê-lo e fazê-lo actor activo no espírito do Programa de desenvolvimento rural. Sensibilizando neste todo, por exemplo, a Banca, para esta estar presente fisicamente nos distritos pelo menos com pólos de de captação de poupança nas regiões com maior produção, para daí impulsionar o sector do crédito agrícola.

4 No processo de diálogo, fazer do PROAGRI parte de uma estrutura de funcionamento mais integrada, tanto para o combate à pobreza, como para promover o desenvolvimento (rural), com ligação com outros programas como, por exemplo, o Desenvolvimento do Corredor do Zambezi no âmbito das iniciativas espaciais.

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5 Desenhar um sistema de monitoria para o PROAGRI 2, que funcione com o envolvimento dos actores activos no desenvolvimento rural. No estado, que involva os outros sectores estatais pertinentes incluindo o MPF, e fora deste a sociedade civil organizada e os produtores rurais, incluindo o sector privado. Que se descentralize mais, a planificação, para chegar mais parte do actor estatal ao nível provincial e distrital e ao nível do produtor rural, seja o familiar, seja o privado. 5.1 Desenhar indicadores que ligue o recurso físico e humano adquirido no âmbito do

Programa, incluindo o desempenho do servidor público, ao aumento da produção e da produtividade rural.

6 Discutir-se com o maior número de actores sobre como melhor gerir com mais eficiência, eficácia e transparência, tantos os fundos do Programa como os programas de licitações, terciairizações, etc., para evitar no futuro, quer o desvio real quer o de aplicação dos fundos.

7 Fazer do PROAGRI 2 como um Programa, um instrumento de trabalho que trate também do sistema de finanças rurais. A elaboração da Política Nacional de Microfinanças que deverá estar concluída até maio de 2005, com o Projecto de Capacitação Institucional para o Sector de Microfinanças em fase embrionária, pode ser um passo positivo neste sentido10.

8 Ampliar e reforçar a nova abordagem horizontal que é inaugurada com o PROAGRI 2 para se trabalhar transversalmente com e entre os sectores e ainda, com os actores não estatais. E neste todo, que não reste dúvidas que deve-se centrar no camponês sem que a justificação de falta de fundo se ponha.

9 Reforçar e consolidar a inevitável colaboração interministerial porque o MADER não pode fazer tudo sozinho para o desenvolvimento rural; e sendo assim, será necessário potenciar também outros ministérios. Deve-se evitar a tentação da hipótese de minimizar o estado deixando serviços vitais com instituições privadas, considerando que o estado tem deveres e direitos para com os cidadãos como parte de um contracto social de cidadania, principalmente num país pobre como Moçambique onde a renda do camponês é ainda muito baixa para custear serviços privados que visam acima de tudo, o lucro.

10 Solidificar a participação do maior número de interessados no PROAGRI, fazendo-a mais abrangente e institucionalizada a todos os actores estatais e não estatais na monitorização do Programa, aos níveis centrais, provinciais e distritais. Um assunto que já foi identificado pelo MADER e que urge realçar. 10.1 Entretanto, a monitorização como parte da participação que se advoga, não é

somente de simples acompanhamento do plano de acção do Programa, mas também de poder intervir a qualquer momento: tanto quando o Programa está a andar mal e algo precisa ser corrigido para voltar aos carris, como quando se nota que se deve mudar o curso das acções para que se atinja os objectivos preconisados, e ainda, para mudar estes objectivos se for o caso.

11 O Estado deve descentralizar mais suas acções de desenvolvimento no sentido de valorizar iniciativas da sociedade civil também fora do centro do nível central de governação sediado em Maputo. Valorizando neste contexto, como parceiros e/ou interlocutores do Estado para o comércio nacional e internacional, as associações de

10 Veja anúncio de vagas posto pela DNDR do MADER na busca de um especialista de microfinanças para elaborar o quadro e as bases para a Política Nacional de Microfinanças, no jornal NOTÍCIAS, página 10, 25/08/04.

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criadores de gado, de produtores de cereais e tubérculos, entre outras existentes nas províncias, tanto quanto as estabelecidas em Maputo.

12 Fazer do PROAGRI a médio e longo prazo, numa plataforma para transformar o país em produtor agrícola, voltado tanto ao mercado nacional como internacional. O optimismo demonstrado pelos governos de Manica e Nampula neste sentido, apostando em qualidade e em tecnologia apropriada para tal, com planos arrojados de desenvolvimento baseados na agricultura e na agro-indústria, constituem um ensaio rumo ao desenvolvimento para além da segurança alimentar que pode tirar o país da alta dependência da ajuda externa, e deve assim, ser considerado como prioridade para o PROAGRI 2.

13 Como tudo indica que dinheiro não é problema para a implementação deste Programa (Veja entrevista do Ministro do MADER no semanário O País 10/07/04), resta fazer com que este seja usado com eficácia e eficiência, e com a devida transparência, quer em termos de gestão incluindo os sistemas de procurement, quer em canalizá-lo convenientemente para a promoção do desenvolvimento rural involvendo diferentes agentes da sociedade civil e níveis de governação, para aumentar a produção e a produtividade no país.

12.2 Para a Sociedade Civil 14 Criar mecanismos para fazer mais aguerrida a participação da sociedade civil no

PROAGRI assim como se fez para sua participação no Observatório da Pobreza. 15 Buscar mecanismos para monitorar o Programa e emprestar assim, o contributo

necessário para que este possa vir a ser o motor do desenvolvimento rural em termos de segurança alimentar da população Moçambicana. E ainda, contribuir para transformar um país de agricultores num país agrícola, que sabe maximizar sua produção para prover o necessário para o consumo doméstico e ainda competir no mercado internacional em termos de exportação, com quantidade e qualidade segundo a demanda.

16 Criar espaços para participar no Programa, não somente emitindo críticas mas principalmente, apresentando propostas concretas sobre como se pode interagir para se atingir um objectivo comum.

12.3 Para Todos os Actores 17 Não tentar minimizar o papel do estado no desenvolvimento rural para fazer dele um

actor sem força no processo; isto considerando a soberania do país e a segurança numa percepção mais ampla do conceito. Entretanto, ter o devido cuidado de fazer o edifício institucional crescer conjuntamente com o crescimento da base que produz na agricultura, dimensionando os meios com os recursos humanos e algum tipo de quadro lógico onde também apareçam indicadores em forma de resultados de (maior) produtividade com eficácia e eficiência no trabalho no campo, desenhados consoante cada meio e cada indivíduo ou cargo, considerando ainda, a potencialidade para o consumo no mercado interno e externo.

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DOCUMENTOS CONSULTADOS Compton, J. (2000) Case Study: Mozambique PROAGRI

You can t learn to swim

until you get into the water: policy formulation and implementation on a practical level. Paper presented at the Natural Resources Advisers Conference 10-14 July 2000, Sparholt Agricultural College, Winchester. http://www.livelihoods.org/info/docs/compt-ag.rtf. FIDA

Fondo Internacional de Desarrolo Agrícola (2001) Programa de Desarrollo de

la Ganaderia en el Sector Familiar

Propuesta de Encauzar los Recursos del Préstamo

del FIDA por Conducto del Mecanismo Comúm para el Flujo de Recursos del Programa de Inversones en el sector Agrícola (PROAGRI). Mimeo. Garrido-Mirapeix, J. and A.M. Ribeiro (1998) The National Programme for Agricultural Development (PROAGRI)

The Implementation of the Programme Concept: The Way Ahead. Food Security Unit Mozambique

European Commission. http://www.europa.eu.int/comm/europaaid. Governo de Moçambique (2001) Plano de Acção para a Redução da Pobreza Absoluta, 2001-2005 (PARPA). Maputo. Mimeo. Harun, M., R. Costa and W. Peterson (2002) Institutional reform of the Mozambican Agricultural Research System: The running chameleon. Prepared for the FARA Meeting 2002. http://www.worldbank.org/afr/aftsr/irmars.ppt. Instituto Nacional de Estatística (2003) Inquérito aos Agregados Familiares sobre o Orçamento Familiar. Instituto Nacional de Estatística: Maputo. KPMG (2003) PROAGRI 2. Versão em revisão pela KPMG. Maputo. Mimeo. Kyle, S. (2004) Mozambique: Political choices and rural development. Paper presented to the World Bank Seminar on Rural and Agricultural Growth and Poverty Reduction in Mozambique. Cornel University. Mimeo. Lefleur, J. (2004) Política Agrícola

ProAgriII. Trabalho para Discussão para uso interno no CTA. Maputo. Mimeo. Marketos, Gery (2003) PODE-CAT, capacitando as PMEs para o futuro! PODE-CAT No. 3: 3-4, Maputo. Ministério da Agricultura e Pescas (1996) Programa Nacional de Desenvolvimento Agrário PROAGRI. Maputo. Mimeo. Ministério da Agricultura e Pescas (1997) PROAGRI

Programa Sectorial de Investimento Público

Componente Apoio à Produção Agrícola. Plano Director da Componente de Apoio à Produção Rural. Direcção Nacional de Agricultura. Maputo. Mimeo. Ministério da Agricultura e Pescas (1998) PROAGRI

Programa de Investimento da Componente de Gestão de Terras Agrárias. Mimeo. Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural (2003a) Sumário Executivo

PROAGRI II. Maputo. Mimeo. Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural (2003b) Visão do Sector Agrário. Maputo. Mimeo. Ministry of Agriculture and Rural Development (2003) Draft Strategy Document

PROAGRI II. Maputo. Mimeo. Norton, R. (2004) Visão e Estratégias de Desenvolvimento a Longo Prazo e suas Implicações no Alívio à Pobreza: O caso de Moçambique. The Carter Center

Global Development Initiative. Maputo. (Mimeo). Pavignani, E. and V. Hauck (2002) Agrupamento da Assistência Ténica no âmbito da Reforma da Ajuda em Moçambique. Documento de Reflexão 39. Maastricht: ECDPM.

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PODE-CAT (2002) PODE-CAT Apoia as Indústrias do Chá com vista a Maiores Exportações. Maputo. União Européia (2003) Relatório Annual Conjunto para 2003 no Âmbito da Cooperação entre Moçambique e a UE. Maputo. Mimeo. The World Conservation Union (IUCN) Final Report

Phase 1: Overview and initial

environment assessment of the PROAGRI. Produced for PROAGRI Executive Secretariat, Ministry of Agriculture and Fisheries.

Outras Fontes O PAÍS, 10/07/04, 23. htpp://.www.sahlins.net

PROAGRI unable to use all funds. htpp://www.euforic.org

Programmes sectoriels agricoles: l experience du Proagri au Mozambique

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ANEXO 1 LISTA DE ENTREVISTADOS

Por nome, instituição/organização, cargo, local e

data.

A EM MAPUTO

Actores Estatais 1 António Mafueca

Fundo do Fomento Agrário (FFA) MADER

Administrador do Pelouro de

Economia e Administração Maputo 13/04/04 2 Vasco Munguambe Júnior ARA-Sul Chefe do Departamento Técnico Maputo 11/05/04 3 Domingos Lambo

Ministério do Plano e Finanças (MPF)

Director Adjunto do Plano e Finanças Maputo 13/04/04

4 Gabriel Muianga

Ministério da Indústria e Comércio MIC)

Departamento de Comercialização Agrícola Maputo 21/04/04

5 Rui Nazaré

Programa de Apoio aos Mercados Agrícolas (PAMA) - Coordenador do Projecto

Maputo 30/04/04 6 Gil Nhantumbo

Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural (MADER), Direcção Nacional de Pecuária (DNP)

Técnico e Chefe Supervisor dos Serviços Agrários no Âmbito do PROAGRI ao nível das províncias. Membro da Equipa do PROAGRI - Maputo 30/04/04

7 Otília Firmino FARE Responsável Maputo - 03/05/04 8 Victorino Xavier

Coordenador da Reforma Institucional no MADER

Consultor da KPMG

Director do Projecto Integrado de Desenvolvimento Agrário Maputo 05/07/04 9 César Tique - Instituto Nacional de Investigação Agronómica (INIA) - Chefe do Departamento de

Terra e Água

Coordenador da Subcomponente de Terras no PROAGRI 1 e membro da equipa do PROAGRI 2 Maputo 06/07/04

10 Francisca Cabral Assistente Técnica da Unidade do Género do MADER Maputo - 08/07/04 11 Boaventura Nuvunga

Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural (MADER, Director Nacional Adjunto da Direcção Nacional da Agricultura (DINA) Maputo 08/07/04

12 Calisto Bias - Instituto Nacional de Investigação Agronómica (INIA)

Director

Maputo

10/07/04 13 Zarina Laxmidas

Faculdade de Agronomia (UEM)

Seção de Comunicação e Sociologia Agrária Ex-funcionária do MADER na Extensão Rural Maputo 25/05/04

Sociedade Civil - Sector Privado, Organizações Sócio Professionais e Não Governamentais 1 António Matabele

Associação Moçambicana de Economistas (AMECOM)

Presidente Cessante Maputo 17/05/04

2 Padre Alberto Vera

CARITAS Diocesana de Maputo

Secretário e Director

Maputo

21/05/04 3 Joana Mahomane

Fundação para o Desenvolvimetno da Comunidade (FDC)

Gestora de Programas Maputo 26/05/04

4 João Vieira MADAL PCA Maputo 01/06/04 5 Nordinho de Congolo

Associação Biológica de Biodiversidade e Desenvolvimento Sustentável (ABIODES) Director Executivo Maputo 21/04/04

6 Em Anonimato - Associação para o Desenvolvimento de Projectos Rurais de Moçambique (ADPRUM) Maputo 26/04/04

7 Samuel Quissico AGRARIUS Presidente e Agricultor Maputo 15/04/04 8 José Carlos Trindade

Associação Moçambicana para o Desensolvimento Rural (AMODER)

Director Executivo Maputo 01/04/04 9 Luis Fortunato

Associação de Técnicos Agro Pecuários (ATAP)

Administrador Adjunto

Maputo 01/04/04 10 Luis Felipe Pereira Cruzeiro do Sul Presidente da Assembléia Geral Maputo 16/04/04 11 Jahir Adamo

Programa de Desenvolvimento Empresarial-Componente de Aprendizagem Técnica (PODE-CAT)

Economista e Oficial de Programa do PODE - Linkage Programme Office Maputo 05/04/04

12 Diamantino Nhamposse

União Nacional de Camponeses (UNAC)

Oficial de Advocacia

Maputo 06/04/04 13 José Boquisso UNAC Oficial de Programas Maputo - 06/04/04

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14 William Mulhovo

Organização Rural de Ajuda Mútua (ORAM)

Oficial de Advocacia

Maputo 13/04/04

15 Eusébio Luis Chivolele

Sindicato Nacional dos Trabalhadores Agro-pecuários e Florestais

(SINTAF) Secretário Geral Maputo 15/04/04 16 Luis Dinis HELVETAS Coordenador para a Província de Maputo Maputo 26/04/04 17 Paulo Cuinica

Organização Rural de Ajuda Mútua (ORAM)

Coordenador

Maputo

26/04/04

18 Júlio Garrido-Mirapeix

KPMG

Chefe da Global Multipliers Bussiness Unit

Ex-

Representante da União Européia em Moçambique Maputo 03/04/04 19 Patrick Matakala

Centro Mundial Agro Florestal (ICRAF)

Coordenador Nacional

Maputo

01/07/04 20 Henrique del Castillo CARITAS de Moçambique Responsável Superior de Projectos Maputo

26/05/04

Comunidade Doadora 1 Julya Comption

DFID

Conselheira para o Desenvolvimento Económico Rural

Maputo

15/04/04 2 Miguel Castanha

Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD)

Oficial de Programas de Recursos Culturais, Desenvolvimento Rural , Eleições e Sector Privado

Maputo

15/04/04 3 Maria Vink

Agência Sueca para o Desenvolvimento Internacional (ASDI)

Oficial de Agricultura Maputo 15/04/04

4 Daniel Taillon

Agência Canadiana para o Desenvolvimento Internacional (CIDA)

Oficial de Programas para a Agricultura e Desenvolvimento Rural Maputo 15/04/04

5 Wijnand Van Ljssel

Embaixada da Holanda

Primeiro Secretário para o Ambiente

Maputo

19/04/04 6 Miguel Júnior

Cooperação para o Desenvolvimento da Irlanda

Assessor para a Área da Agricultura Maputo - 19/04/04

7 Giovani Sgobaro

Cooperação Italiana

Consultor para o Desenvolvimento Rural e Segurança Alimentar Maputo 20/04/04

8 Ronald Meyer Embaixada da Alemanha Conselheiro para a Cooperação Maputo 22/04/04 9 Paulino D umba Embaixada Real da Dinamarca Oficial de Programas Maputo 23/04/04 10 Jean Risopoulos União Européia Assessor de Segurança Alimentar Maputo 23/04/04 11 Yves Rajah

Grupo Agência Francesa de Desenvolvimento

Encarregado da Missão

Maputo

07/05/04 12 Cristian Zeininger

Cooperação Austríaca para o Desenvolvimento

Representante em Moçambique Maputo 11/05/04

13 Felicidade Panguene

Programa Mundial de Alimentação

Oficial de Programas

Maputo

11/05/04 14 Takahiro Iwato Embaixada do Japão Terceiro Secretário Maputo 29/05/04 15 Em Anonimato - Fundo Europeu de Desenvolvimento (FED) Maputo 16/04/04

Pessoas Singulares 1 Mário Paulo Falcão

Engenheiro no Departamento de Engenharia Florestal da Faculdade de Agronomia da Universidade Eduardo Mondlane (UEM) Maputo 12/05/04

2 Alberto Macucule

Engenheiro no Departamento de Florestas na Faculdade de Agronomia da Universidade Eduardo Mondlane (UEM) Maputo 12/05/04

Entrevistas em Grupo 1 José Muianga, Isabela Fraga e Ernesto Zimba - Cooperativa de Consumo de Moçambique

Presidente, Primeiro e Segundo Vogal Maputo 08/05/04 2 Ercylia Estrela e Marcelino Botão - Visão Mundial Oficial de Programas e Director Adjunto da

Agricultura Maputo 08/05/04

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B EM MANICA Actores Estatais

1 Soares Nhaca Governador da Província 14/07/04. 2 LaindaFrancisco - Direcção Provincial do Plano e Finanças (DPPF) Directora Provincial

Chimóio 12/07/04

3 Leonor Neves - Departamento de Economia da Direcção Provincial de Agricultura (DPA)

Chefe - Chimóio 12/07/04

4 Rungo Serviços Provinciais de Florestas e Fauna Bravia (SPFFB) Chefe Chimóio - 14/07/04.

5 Otília Mucaro - Serviços Provinciais de Agricultura (SPA) Chefe Chimóio 09/07/04 6 Felix Paulo - Serviços Provinciais de Pecuária (SPP) Chefe Chimóio 12/07/04 7 Eduardo Aizec Lamec Joaquim - Serviços Provinciais de Investigação Agronómica Chefe

da Estação Agrária de Sussundenga e Coordenador Nacional do Programa de Napira e Mexoeira Chimóio 09/07/04

8 Eduardo Chechene - Instituto dos Cereais de Moçambique (ICM) Delegado Regional Adjunto - Chimóio 12/07/04

Sociedade Civil - Sector Privado, Organizações Sócio Professionais e Não Governamentais 1 Cérgio Escova PANNAR Contabilista Chimóio 07/07/04 2 Alice José

Agricultura e Comércio Internacional (AGRIFOCUS) - Balconista

Chimóio

07/07/04 3 Wilma Justina Lucas

Gabinete de Promoção de Pequenos Investimentos (GAPI)

Administradora Chimóio 07/07/04 4 Um Grupo de Trabalhadores (em anonimato) MOBEIRA Chimóio 07/07/04 5 João António

Apoio ao Desenvolvimento de Iniciativas Privadas no Sector Agrário (ADIPSA)

Oficial de Projectos Chimóio 08/07/04 6 Zuneid Adam Ismail

Complexo Industrial do Planalto de Manica (CIPLA)

Chimóio

08/07/04 7 António Manjate Sementes de Moçambique (SEMOC) Chimóio 08/07/04 8 André Vonk V & M Grain Co.- Director Executivo Chimóio 08/07/04 9 João Ferrão

Mozambique Leaf Tobacco

Manager for Corporate and Social Responsibilities

Chimóio 08/07/04 10 Simão António Mahumana

Agência de Desenvolvimento Económico de Manica (ADEM)

Director executivo Chimóio 09/07/04 11 Maria do Céu - Produtora Local de Tabaco em contracto com a Mozambique Leaf Tobacco

(MLT) Chimóio 10/07/04 12 João L. Ferrão Produtor Semi-comercial no ramo agro pecuário Sussundenga 10/07/04 13 Tito Gabriel Ferrão Genente de (11) acima Sussundenga 10/07/04 14 Graça Tesouro

DIMON (multinacional no fomento do tabaco)

Responsável pela Unidade de Produção - Chimóio 12/07/04

15 Helena Saraiva Empresária agrícola e de floresta e fauna bravia Chimóio 11/07/04 16 João Bettencourt

Cooperativa Agícola de Produtores de Batata (CABA)

Representante

Chimóio 12/07/04 17 Mosertt

Herdade Felicidade

Empresa propriedade de um farmeiro Zimbabweano

Produtor e proprietário Catandica - Bárue 13/07/04

18 Hilda Pegacho Produtora agro pecuária Catandica - Bárue 13/07/04 19 Joaquim Augusto Ferreira Produtor agrícola e membro da CABA - Chimóio 13/07/04 20 Augusto Almeida Chicateco

Produtor agrícola e membro do Conselho de Presidência da CABA Chimóio 13/07/04

21 Fernando Ferreira Produtor agrícola e membro fundador da CABA Chimóio 13/07/04

Entrevistas em Grupo 1 Tomás Mourinho, Pedro Jamusse, João Semente e Ferreira Joaquim - Moagem Pioneiros

Trabalhadores Sénior Chimóio 07/07/04 2 Tomé Razão Maiosse e Elias Penzule

Manica Oil

Chefe do Departamento de Vendas e Chefe Administrativo Chimóio 08/07/04

3 Zé Luís Lima dos Santos e Emily Princely Chicamba Lodge Sócios Chimóio 09/07/04

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4 Shawn Odonov e John Dowson Rainham Investiments Sócios Chimóio 09/07/04

C EM NAMPULA

Actores Estatais 1 Abdul Razak Governador da Província Nampula - 15/07/04 2 Alfredo Jaime Direcção Provincial de Agricultura e Desenvolvimento Rural Economista afecto

à área de planificação Nampula - 15/07/04 3 Osvaldo Catine

Instituto Nacional do Algodão (INA) - Técnico de Monitoria e Avaliação no

Âmbito do Programa out sourcing (Diversificação de Culturas Agrícolas na Zona Norte)

Nampula - 13/07/04

Sociedade Civil - Sector Privado, Organizações Sócio Professionais e Não Governamentais 1 Gilberto Medeiros Associação Moçambicana para o Desenvolvimento Rural (AMODER) -

Coordenador da Representação Nampula -13/07/04 2 Laurinda Sabonete Fórum Provincial de ONGs Nacionais Nampula (ADOC) - Cordenadora

Nampula - 4/07/04 3 Ahamada Jamal Mhidine - Associação dos Criadores de Gado (ACRIGADO, Agricultura - Pecuária

(privado) em Moma Presidente Nampula - 4/07/04 4 Serafina Carlos Associação das Mulheres Rurais (AMR) Coordenadora Nampula -14/07/04 5 Alberto Malico

Associação Familiar de Malico e Filhos (AFAMAFI)11

- Associação de Camponeses e Agro Pecuários (ACAPI)

- Nampula -15/07/04 Situam-se no distrito de Moma, localidade de Jogoma, aldeia de Naicole-U-Ala. Presidente Adjunto de ambas associações.

6 Teutónio Pereira Raice - Associação de Camponeses de Naicole-U-Ala (ACAFANA)* - já reconhecida. Associação dos camponeses de Oyelene (ACAMOYE) - já reconhecida - Presidente do Fórum das Associações Agrícolas de Camponeses do Distrito de Moma, Naicole-U-Ala

Nampula -15/07/04.

7 Issufo Normomade

Sociedade Algodoeira de Nampula (SANAM)

Presidente do Conselho de Administração. Possuem indústria de descaroçamento de algodão, é concessionária em Monapo, Muecate, Meconta e Nacarroa. Antes dedicaram-se ao cajú - Nampula -16/07/04

8 M. Yunus A. Gafar - Grupo AGT Gani Comercial - Comércio agricultura, indústria e pecuária - Sócio Gerente Nampula - 16/07/04

9 Emuraji Jess Casa Damodar Gerente Nampula - 16/07/04 10 Silvestre de Jesus

Companhia Algodoeira de Nampula (CANAM) - Director Geral

Nampula -17/07/04

Pessoas Singulares 1 Manuel Sobral

Privado - Criador de gado, e participa na comercialização agrícula de amendoim, feijão, milho, gergelim e castanha em Moma Nampula 15/07/04

2 Daniel Hassumane

Vendedor Informal no Mercado Gorongosa situado na Avenida do Trabalho Nampula 17/07/04

3 Manuel Gomes dos Santos Vendedor Informal no Gorongosa Nampula

4 Acácio Vendedor Informal no Gorongosa - Nampula 17/07/04

11 As entrevistas com asteriscos (*), foram feitas juntando estas associações: Associação Familiar de Malico e Filhos (AFAMAFI); Associação de Camponeses e Agro Pecuários (ACAPI); Associação de Camponeses de Naicole u Ala (ACAFANA); Associação dos Camponeses de Oylene OYELENE (ACAMOYE) Tratou-se de uma entrevista colectiva com Teutonio Pereira Raice e Aberto Malico.

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5 Silva Daniel Vendedor Informal no Gorongosa Nampula 17/07/04 6 Lino Vendedor Informal no Gorongosa - Nampula 17/07/04 7 Fernando Fole Vendedor Informal no Gorongosa Nampula 18/07/04 8 Feliciano António Vendedor Informal no Gorongosa Nampula 18/07/04 9 Nito Araújo Vendedor Informal no Gorongosa Nampula 18/07/04 10 Em Anonimato Vendedor Informal no Gorongosa Nampula 18/07/04 11 Fernando Ali Vendedor Informal no Gorongosa - Nampula 18/07/04 12 Em Anonimato Vendedor Informal no Gorongosa Nampula 18/07/04

Entrevistas em Grupo 1 Augusto José Cornélio e Américo Faria

Associação Rural para o Desenvolvimento da Juventude (ARDJ) Coordenador e Oficial de Projectos Nampula - 3/07/04

2 Augusto Razul e Haji António

Organização para o Desenvolvimento Sustentável (OLIPA-ODES)

Coordenadores de Projectos Nampula 13/07/04

D Entrevistas com Actores Posicionados em Outras Províncias Comunidade Doadora 1 Bettina Fraundorfer

Acção Agrária Alemã

Directora do Projecto Integrado de Segurança Alimentar em Meluco (Cabo Delgado) Por email em 14/07/04

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ANEXO 2 - GUIÃO PARA AS ENTREVISTAS

O questionário está dividido em cinco (5) blocos com a seguinte configuração: Bloco 1 - Identificação pessoal. Bloco 2 - Percepções sobre conceitos chaves no PROAGRI. Bloco 3 Participação de diferentes actores no processo de elaboração e desenvolvimento do PROAGRI. Bloco 4 - Ligação entre a agricultura e o consumo do productor, a indústria transformadora, o mercado geral (formal e informal) e o mercado externo. Bloco 5 - Ligação entre PROAGRI, FARE e PODE.

Bloco 1 - Identificação pessoal. Dia Local Idade Sexo Pertinência para a entrevista, ou seja, ocupação principal/cargo que exerce e onde, nome da organização/associação/instituição/empresa em questão, etc.

Bloco 2 - Percepções sobre conceitos chaves do PROAGRI

Para os fazedores de políticas e governantes ao nível central, provincial e distrital, assim como personalidades ligadas à agricultura, comércio e indústria

Considerando que o PROAGRI é uma estratégia compreensiva para o desenvolvimento agrário do país, como pensa que o programa tem contribuído para:

O desenvolvimento em geral? O desenvolvimento rural em particular? O reforço institucional? O combate à probreza? Como classifica as estratégias do PROAGRI para este desenvolvimento numa escala de 1-5 identificado como,

Muito bom / Bom / Razoável / Mau / Muito Mau. Comentar.

O que comenta sobre as prioridades do PROAGRI até o momento actual? O que comenta sobre os resultados do PROAGRI até o momento? Que constrangimentos enfrentou o PROAGRI? Que sucessos obteve? Algum comentário adicional.

Bloco 3

Participação de diferentes actores no processo de elaboração e desenvolvimento do PROAGRI, e percepção sobre o impacto do programa

O Bloco (3) está dividido em dois sub-blocos, para auscultar sobre o impacto do programa aos níveis provinciais, distritais e municipais.

Bloco (3.1)

Para os fazedores do programa, os implementadores e aqueles que sofrem a acção do programa.

Quem envolveu (para o fazedor de políticas) e/ou como participou (para o implementador e sujeito da acção) do desenho, implementação, monitoria, crítica e reestruturação do programa PROAGRI?

Em que fase? Discussão inicial Sim / Não Preparação do Primeiro Esboço do Programa Sim / Não Reajustamento do Programa Sim / Não Preparação Final do Programa Sim / Não

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Decisão sobre Prioridades das Fases do Programa Sim / Não Discussão com Financiadores do Programa Sim / Não Implementação do Programa Sim / Não Monitorização do Programa Sim / Não Discussão/crítica da Primeira Fase do Programa Sim / Não Avaliação e Reajustamento do Programa Sim / Não Discussão com Financiadores do Programa Sim / Não Decisão de Novas Prioridades Sim / Não Monitorização do Programa Sim / Não

Comentar sobre o/seu processo de envolvimento/participação, ou não.

Bloco 3.2

Para os governantes ao nível provincial, distrital e municipal, e outras personalidades a estes três níveis.

Qual o impacto do PROAGRI na sua jurisdição ou de sua participação nesta província, distrito, município?

Bloco 4 - Ligação entre a agricultura e o consumo do productor, a indústria transformadora, o mercado geral (formal e informal) e o mercado externo.

O Bloco (4) está subdividido em três sub-blocos, para o produtor agrícola (privado ou familiar), para o comprador para revenda (formal ou informal), para o produtor agro-industrial.

Bloco 4-1 Para o produtor agrícola (familiar ou privado)

O que produz? Especificar por produto agrícola e/ou ou agro-pecuário. Para cada produto ou para toda produção, indicando na resposta o tipo, que incentivos recebe e de quem, para sua produção? OBS: Pode haver mais de uma resposta. Crédito bonificado? Sementes? Assistência da extensão rural? Especificar como. Pesticidas Fertilizantes Nenhuma Outra, especificar?

Qual é o destino de sua produção? OBS: Pode haver mais de uma resposta. Consumo familiar? Venda informal? Venda formal? Outro expecificar Como armazena sua produção? Celeiro tradicional? Cilos? Outro, especificar Que constrangimentos enfrenta para vender seu produto? Falta de comprador Falta de meios para levar o produto ao comprador. Especificar os meios (meio de transporte, embalagens, por exemplo) Má estradas Preços baixos Outros, especificar Algum comentário adicional

Bloco 4.2 Para o comprador para revenda (formal ou informal?

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Qual é a origem do produto que vende? Local Importado Outro, especificar

Que constrangimentos enfrenta para adquirir este/s produto/s? Preços Qualidade Transporte Outros - especificar

Como faz para levar/trazer este produto ao mercado? Transporte próprio Tranporte de aluguer Outros especificar

Que constrangimentos enfrenta no processo de transporte? Precos Estradas Outros - especificar

De armazenamento?

Que constrangimentos enfrenta na venda? Conconrrência (desleal (?)) Preços Impostos Outros - especificar

Algum comentário adicional.

OBS Observe que as questões podem merecer mais de uma resposta.

Bloco 4.3 Para o agro-industrial

O que produz/produzia?

Qual é/era a origem do seu produto? Lcoal Importada Outros especificar

Que constangimentos enfrenta/enfrentou na sua produção?

Algum comentário adicional

OBS O Bloco (4) deve ser complementado com entrevista com instituições estatais da administração civil, da agricultura, do comércio e da indústria, sobre as políticas e práticas do sectores no sentido geral, e em particular em relação ao PROAGRI e ao PARPA.

Bloco 5 - Ligação entre PROAGRI, FARE e PODE.

O Bloco (5) está dividido em três sub-blocos, para os governantes e gestores de programas, para os posíveis beneficiários, e para personalidades nos sectores agrícolas, comerciais e industriais.

Bloco 5.1 Para os governantes e os gestores dos Programas na óptica da pessoa em questão

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Como estes programas são concebidos? Como funcionam na perspectiva do PROAGRI? Quem controla os fundos? Como são manejados? Estes fundos fomentam a agro-indústria? Caso sim, como? Caso não, porque? Como estes fundos chegam aos beneficiários? Quais são as condições para ser-se beneficiários? Qual é o balanço que faz do programa até o momento? Algum comentário adicional.

Bloco 5.2 Para os beneficiários em potencial dos Programas

Como já se beneficiou ou tentou beneficiar-se do Programa? Constrangimentos que enfrenta/ou. Resultados na sua actividade Comentários adicionais

Bloco 5.3 Para personalidades no sectores agrícolas, comerciais e industriais.

Que comenta sobre os programas?

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