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Geotecnia de Fundações e Obras de Terra - 2018 Prof. M. Marangon
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Unidade 03
INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA
E PARÂMETROS PARA FUNDAÇÕES
3. 1 - Investigação Geotécnica de Campo
A quantidade de dados necessária à determinação das fundações é relativa a cada
situação, oscilando em função de variáveis como: porte da edificação, funcionalidade, concepção
estrutural adotada, problemas relativos ao solo, entre outras.
Segundo Schnaid (2000), o custo envolvido na execução de sondagens de
reconhecimento, no Brasil, varia entre 0,2 e 0,5% do custo total da obra, sendo que essas
informações geotécnicas são indispensáveis na previsão dos custos para a solução de projetos.
Porém existem casos em edificações residenciais, onde estes valores podem alcançar 3 e 4%.
Nestas situações, cabe ao projetista avaliar cada caso, qualificando a implantação da
infraestrutura.
BornSales Engenharia (2018) descreve que o plano de investigação geotécnica consiste
no planejamento e execução de ensaios de campo e laboratório, com o objetivo de identificar as
camadas de solo e substrato rochoso, permitindo definir o modelo de comportamento do terreno
de fundação e os valores dos parâmetros geotécnicos.
A participação do Projetista de Fundação na definição do plano de investigação
geotécnica é fundamental, pois a sua experiência o credencia na escolha correta do tipo de
investigação, buscando otimizar custos e tempo, e melhorando a qualidade dos resultados a
serem encontrados.
Numa investigação adequada do terreno de fundação, deve-se inicialmente definir um
programa com base nos objetivos a serem alcançados:
• Investigação preliminar: conhecer as principais características do terreno, definindo a
sua estratigrafia;
• Investigação complementar ou de projeto: esclarecer feições relevantes do subsolo e
caracterizar as propriedades das camadas de solo mais importantes;
• Investigação para a fase de execução: visa confirmar as condições de projeto em áreas
críticas da obra.
3. 2 - Ensaios Disponíveis x Parâmetros obtidos
A investigação geotécnica de campo, a ser programada e executada tem como objetivo
principal fornecer parâmetros geotécnicos para o dimensionamento das fundações, utilizando-se
de sólido conhecimento acadêmico e experiência profissional.
O projetista geotécnico é o responsável pela a execução e análise dos resultados dos
ensaios de campo e laboratório contratados. No que refere à investigação preliminar do subsolo,
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de uma forma geral, a tabela a seguir apresentada os principais ensaios disponíveis para esta
investigação.
Tipo de Ensaio Tipo de Solo Principais características
Melhor
Aplicável
Não
Aplicável
que podem ser determinadas
1 - Ensaio Padronizado de
Penetração (SPT)
Granulares
Avaliação qualitativa do estado
de compacidade.*
Comparação qualitativa da
estratigrafia do subsolo.
* ou consistência
2 - Ensaio de Penetração de
Cone (CPT)
Granulares
Avaliação contínua da
compacidade e resistência de
solos granulares. Avaliação
contínua de resistência não
drenada de solos argilosos.
3 - Ensaio de Palheta Coesivos Granulares Resistência não drenada de
solos argilosos.
4 - Ensaio Pressiométrico
Granulares
Coeficiente de empuxo no
repouso; compressibilidade e
resistência ao cisalhamento. * Segundo Rocha Filho et al. Interpretações dos Ensaios de SPT, CPT, Palheta e Pressiométricos para Projetos
Geotécnicos. Ed. PUC – Rio.
No que se refere a ensaios para aplicação em projeto de fundações, tem-se o “ensaio
padronizado de penetração” como o mais famoso dos testes utilizados no Brasil. Trata-se de um
procedimento geotécnico capaz de amostrar o subsolo, associado ao ensaio de penetração
dinâmica (Standard Penetration Test – SPT) que fornece um “índice”, o número NSPT que nos
fornece uma ideia de “resistência” do solo ao longo da profundidade perfurada.
3.2.1 - Ensaio Padronizado de Penetração (SPT)
1 – Definição
Consiste na medição do número de golpes necessários à penetração de um amostrador
padrão de 50,2 mm de externo sob a ação de um martelo padronizado de 65 kg em queda livre
de uma altura padronizada de 75 cm. O índice de resistência à penetração (N), correspondente ao
número de golpes associados à penetração dos últimos 30 cm do amostrador padrão, juntamente
com a amostra coletada no amostrador ou por outro processo, fornece apenas uma indicação
qualitativa das propriedades mecânicas e estratigráfica solo. Este ensaio é padronizado pela
ABNT através da NBR-6484.
2 - Âmbito
Através do número de golpes (N), necessários para cravar os últimos 30 cm do
amostrador padrão, pode-se estimar qualitativamente o estado de compacidade ou consistência de
solos. O valor do número de golpes (N), associado em certos casos com a profundidade de
execução do ensaio e via correlações de natureza empírica, é utilizado para fornecer valores
estimados do módulo de elasticidade (E) e o valor do ângulo de resistência ao cisalhamento (’)
em solos granulares e o valor da resistência ao cisalhamento não drenada (Su) em solos coesivos.
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3.2.2 - Ensaio de Penetração de Cone (CPT)
1 - Definição
Consiste na medição do esforço necessário à cravação no solo de um cone penetrômetro
padronizado sob velocidade constante. Este ensaio indica o valor da resistência de ponta (qc
ou qT) e o valor da resistência lateral, total ou localizada (fs).
Resultados de ensaios em fundação de argila na C.P.M. - Juiz de Fora -MG
No ensaio ilustrado acima, foram investigados 13,00 m, sendo plotados resultados de
Resistência de Ponta qT, Poro-Pressão na base u2 e atrito lateral fs. Por se tratar de ensaio de
penetração de um cone, pode-se fazer algumas correlações destes parâmetros com fundações
profundas, a ser visto adiante neste curso.
Existem dois tipos básicos de ensaios de penetração quasi-estática do cone: descontínuos
(penetrômetro ou cone mecânico) e contínuos (penetrômetro ou cone elétrico). O cone elétrico
(chamado de piezocone) é provido de um sensor com duas células de carga e um sensor de poro-
pressão (pressão da água entre os grãos de solo).
2 - Âmbito
Através dos valores das resistências de ponta (qc ou qT) e/ou do atrito lateral localizado
(fs), associados com a profundidade de execução do ensaio, pode-se estimar:
a) Via correlações de natureza empírica, o módulo de elasticidade (E) dos solos;
b) Via correlações de natureza semi-empírica, o valor do ângulo de resistência ao
cisalhamento (’) de solos granulares e o valor da resistência ao cisalhamento não drenada (Su)
de solos coesivos.
c) Via associação direta do fenômeno; o comportamento de fundações quanto às
características de deformação e capacidade de suporte. Adicionalmente, através do valor da razão
de atrito (fs / qc%) pode-se obter o tipo de solo penetrado.
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3.2.3 - Ensaio de Palheta (“Vane - Test”)
1 - Definição
Consiste na medição do torque necessário à rotação de um molinete ou uma palheta
cravada no solo, sob velocidade constante. Este ensaio tem como objetivo indicar o valor da
resistência ao cisalhamento de materiais argilosos, sob condições não drenadas. É executado
em geral no interior de furos de sondagens ou perfurações.
Resultados de ensaios em fundação de argila na C.P.M. - Juiz de Fora -MG
No ensaio ilustrado acima, foram investigados 2 furos, um com 3 ensaios e outros com 4
ensaios, sendo plotados resultados de Su.
2 - Âmbito
Através de valores do torque e correspondente ângulos de rotação do molinete ou da
palheta, pode-se determinar, via a utilização das equações de estática, a resistência ao
cisalhamento não drenada (Su) dos solos coesivos.
3.2.4 - Ensaios Pressiométricos (PT)
1 - Definição
Consiste na medição da pressão necessária à expansão de uma câmara sonda cilíndrica
introduzida no terreno, dentro de perfurações.
Este ensaio tem como objetivo determinar as características de pressão x variação
volumétrica do material.
2 - Âmbito
Através dos valores da pressão de expansão da câmara sonda e correspondentes variações
volumétricas, pode-se estimar:
a) Via o restabelecimento do equilíbrio de forças, o valor do coeficiente de empuxo no
repouso;
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b) Via a teoria de expansão de cavidades cilíndricas, os valores do Módulo de
Elasticidade (E) e do ângulo de resistência ao cisalhamento (’) de solos granulares e da
resistência ao cisalhamento não drenada (Su) de solos coesivos.
c) Via correlações semi-empíricas, o comportamento de fundações quanto às
características de deformação e capacidade de suporte.
Plano de Investigação Geotécnica
Por fim, o “Plano de Investigação Geotécnica” deve ser apresentado ao cliente na forma
de planta de desenho, onde são indicados os tipos de sondagem, as locações dos furos, a
estimativa dos comprimentos de execução e a indicação de outros eventuais ensaios a serem
requeridos.
Pela importância do ensaio padronizado SPT, este será detalhado no item seguinte,
inclusive com o detalhamento das diretrizes para execução desta sondagem.
3.3 - Standart Penetration Test - SPT
DIRETRIZES PARA EXECUÇÃO DE SONDAGENS A PERCUSSÃO
1 - Definição
Sondagem a percussão é um método para investigação de solos em que a perfuração é
obtida através do golpeamento do fundo do furo por peças de aço cortantes. É utilizada tanto para
a obtenção de amostras de solo como de índices de sua resistência a penetração.
2 - Identificação
As sondagens à percussão deverão ser identificadas pela sigla SP seguida de número indicativo.
Em cada obra o número indicativo deverá ser sempre crescente independentemente do local, fase
ou objetivo da sondagem. Quando for necessária a execução de mais de um furo num mesmo
ponto de investigação, de furos subseqüentes terão a mesma numeração do primeiro acrescida
das letras A, B, C etc. No caso de prosseguimento da sondagem pelo método rotativo, esta deverá
ser denominada com a sigla e número das sondagens rotativas.
Figura - Equipamento de sondagem executando a operação de lavagem
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3 - Equipamentos e ferramentas
3.1 - A firma Empreiteira deverá fornecer equipamentos e ferramentas para execução de
sondagens de até 40 m de profundidade ou que atendam as especificações de serviços.
3.2 - Os equipamentos e ferramentas constarão dos seguintes elementos principais: tripé com
roldana, guincho mecânico, ou com moitão; trado concha e espiral; hastes e luvas de aço;
alimentador d'água, cruzeta, trépano e "T" de lavagem; barriletes amostradores e peças para
cravação destes: martelo com 65 kg e guia; tubos de revestimento; bomba d'água; abraçadeiras
para revestimento; abaixadores e alçadores para hastes, saca-tubos; baldinho com válvula de pé;
chaves de grifo; metro ou trena; recipientes herméticos para amostras tipo copo; parafina, sacos
plásticos, etiquetas para identificação; medidor de nivel d'água.
Figura - Equipamento para realização das sondagens de simples reconhecimento por meio
da execução de escavação por circulação de água
3.3 - As peças de avanço da sondagem deverão permitir a abertura de um furo com diâmetro
mínimo de 2 1/2".
3.4 - A forma e distribuição das saídas d'água do trépano, bem como as características das hastes
dos ensaios penetrométricos e de lavagem por tempo, deverão ser idênticas para todos os
equipamentos, durante todo o serviço de sondagem de uma Empreiteira numa mesma obra.
3.5 - Para os ensaios penetrométricos as hastes deverão ser do tipo Schedule 80, retilíneas, com
1" de diâmetro interno e dotadas de roscas em bom estado, que permitam firme conexão com as
luvas, e peso de aproximadamente 3,0 kg por metro linear. Quando acopladas, as hastes deverão
formar um conjunto retilíneo.
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3.6 - A firma Empreiteira deverá dispor de hastes com comprimentos métricos exatos (p. ex. 1, 2,
3 m etc.), a fim de facilitar as operações de inicio do furo, e evitar emendas sucessivas
(inconvenientes) a maiores profundidades.
3.7 - Os barriletes amostradores deverão se encontrar em bom estado, com roscas e ponteiras
perfeitas e firmes, assim como não apresentar fraturas em nenhuma parte.
3.8 - O trépano deverá estar em bom estado e sua extremidade inferior cortante sempre afiada.
4- Execução da sondagem
4.1 - A sondagem deverá ser iniciada após a limpeza de uma área que permita o desenvolvimento
de todas as operações sem obstáculos e abertura de um sulco ao seu redor para desviar as águas
de enxurradas, no caso de chuvas. Quando for necessária a construção de uma plataforma, essa
deverá ser totalmente assoalhada e cobrir no mínimo, a área delimitada pelos pontos de fixação
do tripé.
4.2 - Junto ao local onde será executada a sondagem deverá ser cravado um piquete com a
identificação da sondagem, que servirá de ponto de referência para medidas de profundidades e
para fins de amarração topográfica.
4.3 - As sondagens deverão ser iniciadas utilizando-se o trado concha até onde possível.
4.4 - Tornando-se impossível com o trado concha, o avanço será feito utilizando-se trado espiral.
4.5 - No caso de ser atingido o nível freático, ou quando o avanço do trado espiral for inferior a 5
cm em 10 minutos de operação contínua de perfuração, poder-se-á passar para o método de
percussão com circulação de água (lavagem). Para tanto, é obrigatória a cravação do
revestimento.
4.6 - Quando o avanço do furo se fizer por lavagem, deve-se erguer o sistema de circulação
d'água (o que equivale a elevar o trépano) da altura de aproximadamente 0,3 m e durante sua
queda deve ser manualmente imprimido um movimento de rotação no hasteamento.
4.7 - Os detritos pesados, que não são carreados com a circulação d'água, deverão ser retirados
com o baldinho com válvula de pé.
4.8 - O controle das profundidades do furo, com precisão de 1 (um) cm, deverá ser feito pela
diferença entre o comprimento total das hastes com a peça de perfuração e a sobra delas em
relação ao piquete de referência usado junto à boca do furo.
4.9 - No caso da sondagem atingir o nível freático, a sua profundidade deverá ser anotada.
Quando ocorrer artesianismo não surgente deverá ser registrado o nível estático e, no caso de
artesianismo surgente, além do nível estático deverá ser medida a vazão e o respectivo nível
dinâmico.
4.10 - O nível d'água ou as características do artesianismo deverão ser medidos todos os dias
antes do início dos trabalhos e na manhã seguinte após a conclusão da sondagem.
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4.11 - A sondagem á percussão será dada por terminada nos seguintes casos:
a - quando atingir a profundidade especificada na programação dos serviços;
b - quando ocorrer a condição de impenetrabilidade;
c - quando estiver prevista sua continuação pelo processo rotativo e forem atingidas as condições
do ítem 5.11.
4.12 - Salvo especificação em contrário, imediatamente ap6s a última leitura do nível d'água, ou
término do furo seco, este deverá ser totalmente preenchido com solo, solo-cimento ou outro
material qualquer, a critério da Fiscalização, deixando-se cravada ao seu lado uma estaca com a
identificação da sondagem.
5 - Ensaio de penetração padronizado - SPT
5.1 - O ensaio de penetração padronizado, também denominado Standard Penetration Test (SPT),
é um ensaio executado durante uma sondagem a percussão, com o propósito de se obterem
índices de resistência à penetração do solo.
5.2 - O ensaio de penetração deverá ser executado a cada metro, a partir de 1,0 m de
profundidade da sondagem.
5.3 - As dimensões e detalhes construtivos do penetrômetro SPT deverão estar rigorosamente de
acordo com o padrão. O hasteamento a ser usado é o mesmo indicado no item 3.5. Não será
admitido o ensaio penetrométrico sem a válvula de bola, especialmente em terrenos não coesivos
ou abaixo do nível freático.
5.4 - O fundo do furo deverá estar limpo. Caso se observem desmoronamentos da parede do furo,
o tubo de revestimento deverá ser cravado de tal modo que sua boca inferior nunca fique a menos
de 10,0 cm acima da cota do ensaio penetrométrico. Nos casos em que, mesmo com o
revestimento cravado, ocorrer fluxo de material para o furo, o nível d'água no furo deverá ser
mantido acima do nível do terreno por adição de água. Nestes casos, a operação de retirada do
equipamento de perfuração deverá ser feita lentamente.
5.5 - O ensaio de penetração consistirá na cravação do barrilete amostrador, através do impacto
sobre a composição do hasteamento de um martelo de 65,0 kg caindo livremente de uma altura
de 75 cm.
5.6 - O martelo para cravação do amostrador deverá ser erguido manualmente, com auxílio de
uma corda e polia fixa no tripé. É vedado o emprego de cabo de aço para erguer o martelo. A
queda do martelo deverá se dar verticalmente sobre a composição, com a menor dissipação de
energia possível. O martelo deverá possuir uma haste guia onde deverá estar claramente
assinalada a altura de 75 cm.
5.7 - O barrilete deverá ser apoiado suavemente no fundo do furo, confirmando-se que sua
extremidade se encontra na cota desejada e que as conexões entre as hastes estejam firmes e
retilíneas. A ponteira do amostrador não poderá estar fraturada ou amassada.
5.8 - Colocado o barrilete no fundo, deverão ser assinalados com giz, na porção da haste que
permanece fora do revestimento, três trechos de 15,0 cm cada um, referenciados a um ponto fíxo
no terreno. A seguir, o martelo deverá ser suavemente apoiado sob a composição de hastes,
anotando-se a eventual penetração observada. A penetração obtida desta forma corresponderá a
zero golpes.
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5.9 - Não tendo ocorrido penetração igual ou maior do que 45 cm no procedimento acima, inicia-
se a cravação do barrilete através da queda do martelo. Cada queda do martelo corresponderá a
um golpe e serão aplicados tantos golpes quantos forem necessários à cravação de 45 cm do
amostrador, atendida a limitação do número de golpes indicados no item 5.11. Deverá ser
anotado o número de golpes e a penetração em centímetros para a cravação de cada terço do
barrilete; caso ocorram penetrações superiores a 15 cm (cada terço do barrilete), estas deverão ser
anotadas, não se fazendo aproximações.
5.10 - O valor da resistência à penetração consistirá no número de golpes necessários á cravação
dos 30,0 cm finais do barrilete.
5.11- A cravação do barrilete será interrompida quando se obtiver penetração inferior a 5,0 cm
durante 10 golpes consecutivos, não se computando os cinco primeiros golpes do teste, ou
quando o valor do SPT ultrapassar 50, num mesmo ensaio. Nestas condições o terreno será
considerado impenetrável ao SPT e deverão ser anotados o números de golpes e a penetração
respectiva.
5.l2 - Atingidas as condições em 5.11 os ensaios de penetração serão suspensos, sendo
reiniciados quando, em qualquer profundidade, voltar a ocorrer material susceptível de ser
submetido a esse tipo de ensaio.
6 - Ensaio de lavagem por tempo
6.1 - O ensaio de lavagem por tempo ‚ utilizado numa sondagem à percussão, com o objetivo de
se avaliar a penetrabilidade do solo ao avanço do trépano de lavagem. Consiste na aplicação do
processo definido em 4.6. por trinta minutos, anotando-se os avanços obtidos a cada período de
dez minutos. O equipamento a ser utilizado é o especificado nos itens 3.4 e 3.5.
6.2 - Atingido o impenetrável ao SPT (item 5.11), e havendo interesse no prosseguimento da
sondagem pelo método a percussão, este será realizado através da lavagem, com ensaios de
lavagem por tempo, atendendo à limitação de avanço indicada no item 6.3.
6.3 - Quando no ensaio de lavagem por tempo, forem obtidos avanços inferiores a 5,0 cm por
períodos, em três períodos consecutivos de dez minutos, o material será considerado
impenetrável à lavagem.
6.4 - O impenetrável à lavagem por tempo, como critério para término da sondagem à percussão,
não implica na eliminação dos ensaios de penetração SPT (5), devendo ser observadas as
condições definidas no item 5.12.
6.5 - Não é recomendada a adoção do critério de impenetrável à lavagem por tempo (6.2) para
término da sondagem à percussão, quando estiver prevista a continuação da sondagem pelo
processo rotativo.
8 - Amostragem
8.1 - As amostras deverão ser representativas dos materiais atravessados e livres de
contaminação.
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8.2 - As amostras a serem obtidas nas sondagens á percussão serão dos seguintes tipos:
a - Amostras de barrilete amostrador SPT, com cerca de 200 g, constituídas pela parte inferior do
material obtido no amostrador. Sempre que possível, a amostra do barrilete deve ser
acondicionada, mantendo-se intactos os cilindros de solo obtidos.
b - Amostras de trado, com cerca de 500 g, constituídas por material obtido durante a perfuração
e coletadas na parte inferior das lâminas cortantes do trado.
c - Amostras de lavagem, com cerca de 500 g, obtidas pela decantação d'água de circulação, em
recipiente com capacidade mínima de 100 litros. Neste processo de amostragem‚ vedada a
prática de coleta do material acumulado durante o avanço da sondagem, em recipiente colocado
junto à saída d'água de circulação.
d -Amostras de baldinho, com cerca de 500 g, constituídas por material obtido no baldinho com
válvula de pé.
8.3 - Excetuando-se as amostras de barrilete, deve ser coletada, no mínimo, uma amostra para
cada metro perfurado. Deverão ser coletadas tantas amostras quantos forem os diferentes tipos de
materiais.
8.4 - As amostras acondicionadas em copos (item 8.10) e sacos plásticos (demais amostras),
serão colocadas em caixas de madeira, ou de plástico, tipo e dimensões usados em furos rotativos
de diâmetro BW. As caixas deverão ser providas de tampa com dobradiças. Na tampa e num dos
lados menores da caixa deverão ser anotados com tinta indelével os seguintes dados:
- número do furo;
- nome da obra;
- local;
- número da caixa e o número de caixas do furo.
Quando a sondagem à percussão for seguida por sondagem rotativa, deve ser utilizada caixa de
amostra apropriada para o diâmetro da sondagem rotativa programada.
8.5 - As amostras serão coletadas desde o início do furo e acondicionadas na caixa, com
separação de tacos de madeira, pregados na divisão longitudinal. A sequência de colocação das
amostras na caixa iniciar-se-á no lado da dobradiça da esquerda para a direita.
A profundidade de cada trecho amostrado deve ser anotada, com caneta esferográfica ou tinta
indelével, no taco do lado direito da amostra. No lado direito da última amostra do furo deve ser
colocado um saco adicional com a palavra "FIM".
8.6 - Cada metro perfurado, com exceção do primeiro, deve estar representado na caixa de
amostra por duas porções de material separadas por tacos de madeira: a primeira com amostra de
penetrômetro, e a segunda, com amostra de trado, lavagem ou baldinho.
8.7 - Não havendo recuperação de material no barrilete, no local da amostra deve ser colocado
um taco de madeira com as palavras "não recuperou". No caso de ser utilizado todo o material
disponível para a amostragem especificada no item 3.8.10, deve ser colocado no local da amostra
um taco com as palavras "recuperou pouco".
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8.8 - No caso de pouca recuperação de amostra no barrilete, deve-se dar preferência à
amostragem indicada no item 8.10.
8.9 - Na divisão longitudinal de madeira junto à amostra, do lado da dobradiça, deve constar o
tipo de amostragem, isto é: trado, lavagem, penetrômetro, etc.
8.10 - A cada ensaio de penetração, cerca de 100 g da amostra do barrilete deverão ser
imediatamente acondicionados em recipientes de vidro ou plástico rígido, com tampa hermética,
parafinada ou selada com fita colante. Esta amostra deve ser identificada por duas etiquetas, em
papel cartão, uma interna e outra colada na parte externa do recipiente, onde constem:
- nome da obra;
- nome do local;
- número de sondagens;
- número da amostra;
- profundidade da amostra;
- número de golpes e penetração do ensaio;
- data;
- operador.
Amostrador de cravação aberto com solo, fotografado ao lado da sua ponta
(sobre o asfalto em que se vê uma marca molhada de sapato - ordem de grandeza)
As anotações deverão ser feitas com caneta esferográfica ou tinta indelével, em papel cartão,
devendo as etiquetas ser protegidas, com sacos plásticos, de avarias no manuseio da amostra.
Estes recipientes deverão ser acondicionados em caixas apropriadas para transporte ou, de
preferência, na caixa especificada no item 8.4.
8.11 - As caixas de amostras deverão permanecer guardadas à sombra, em local ventilado, até o
final da sondagem, quando serão transportadas para o local indicado pela Fiscalização, na obra.
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9 . Resultados
9.1 - Informações sobre o andamento das sondagens deverão ser fornecidas diariamente, quando
solicitadas.
9.2 - Os resultados preliminares de cada sondagem à percussão deverão ser apresentados, num
prazo máximo de 15 dias após seu término, em boletins (modelo em anexo) com 3 vias, onde
constem, no mínimo:
- nome da obra e interessado;
- identificação e localização do furo;
- diâmetro da sondagem e método de perfuração;
- cota, quando fornecida;
- data da execução;
- nome do sondador e da firma;
- tabela com leitura de nível d'água com data, hora, profundidade do furo, profundidade do
revestimento e observações sobre eventuais fugas d'água, artesianismo etc. No caso de não ter
sido atingido o nível d'água, deverão constar no boletim as palavras "furo seco";
- posição final do revestimento;
- resultados dos ensaios de penetração, com o número de golpes e avanço em centímetros para
cada terço de penetração do amostrador;
- resultados dos ensaios de lavagem, com o intervalo ensaiado, avanço em centímetros e tempo
de operação da peça de lavagem;
- identificação das anomalias observadas;
- confirmação do preenchimento do furo ou motivo do seu não preenchimento;
- motivo da paralização do furo;
- visto do encarregado da Empreiteira na obra.
9.3 - Os resultados finais de cada sondagem à percussão deverão ser apresentados, num prazo
máximo de 30 dias após o seu término, na forma de perfis individuais na escala 1:100 (modelo
em anexo), onde conste, além dos dados do item 9.2, calculados e colocados em gráficos, quando
for o caso, a classificação geológica e geotécnica dos materiais atravessados, feita por geólogo ou
engenheiro geotécnico, cujo nome e assinatura deverão constar no perfil.
9.4 - Até 30 dias após o término do último furo da campanha programada, a firma Empreiteira
deve entregar o relatório final, contendo:
a - texto explicativo com localização, tempo gasto, número de furos executados, total de metros
perfurados, bem como outras informações de interesse e conhecimento da Empreiteira;
b - planta de localização das sondagens ou, na sua falta, esboço com distâncias aproximadas e
amarração.
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Nomenclatura adotada na caracterização da compacidade ou consistência dos materiais
Tabela - Classificação dos Solos a partir do SPT
Solo Índice de resistência
à penetração
Designação
Areia
e
Silte
arenoso
4
5 a 8
9 a 18
19 a 40
> 40
fofa (o)
pouco fofa (o)
medianamente compacta (o)
compacta (o)
muito compacta (o)
Argila
e
silte
argiloso
2
3 a 5
6 a 10
11 a 19
> 19
muito mole
mole
média (o)
rija (o)
dura (o)
Tabela
Critérios de Paralisação da Sondagem à Percussão
Resumo dos procedimentos a serem adotados para se determinar o término da execução
das sondagens à percussão, em complementação ao que foi apresentado no texto anterior:
Diretrizes para Execução de Sondagens à Percussão, publicada pela ABGE (Norma brasileira –
NBR 6484/2001).
A cravação do amostrador-padrão é interrompida antes dos 45cm de penetração sempre que
ocorrem uma das seguintes situações:
a) em qualquer dos três segmentos de 15 cm, o numero de golpes ultrapassar 30;
b) um total de 50 golpes tiver sido aplicada durante toda a cravação; e
c) não se observa avanço do amostrador-padrão durante a aplicação de cinco golpes
sucessivos martelo
No processo de perfuração por circulação de água, quanto ao uso do amostrador-padrão, deve-se
observar os seguintes critérios para a paralisação da sondagem:
a) quando, em 3 m sucessivos, se obtiver 30 golpes para penetração dos 15 cm iniciais
do amostrador-patrão;
b) quando, em 4 m sucessivos, se obtiver 50 golpes para penetração dos 30 cm iniciais
do amostrador-patrão; e
c) quando, em 5 m sucessivos, se obtiver 50 golpes para penetração dos 45 cm
do amostrador-patrão
Obs. Este procedimento como critério de paralisação pode trazer ao amostrador sérios
“danos – desgastes” ao seu “bico”, danificando-o, o que implica em substituição por um
novo com muita freqüência.
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47
* Quando “c) não se observa avanço do amostrador-padrão durante a aplicação de
cinco golpes sucessivos martelo”, como descrito acima, deve-se ser executado o ensaio
de avanço da perfuração por circulação de água, como difundido na prática consagrada
e descrito em norma: (Proposição feita pela Eng. Maria José Porto, publicada em seu
livro)
Este critério de paralisação se baseia na “cravação” do trépano e não do amostrador como
proposto pela norma – evitando assim o “desgaste”do “bico” do mesmo.
- levantamento do trépano em 3 baterias de 10 minutos
( corresponde a 90 levantadas)
=> deve-se verificar penetração menor que 5 cm
em cada 10’: deve-se levantar 30 vezes a 30 cm
em cada 1’: levanta 3 vezes (20” cada), em posições ortogonalmente alternadas,
como indicada a posição de “caída”do trépano, abaixo
sentido da caída
Exemplo de registro no campo e posteriormente em boletim (escritório)
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48
3.4 - Apresentação de Exemplos de perfis de Sondagem
É apresentada a seguir uma série de Boletins de Sondagem à Percussão com circulação
de água, realizadas por várias empresas especializadas, em diversos pontos, principalmente na
região central de Juiz de Fora.
Os resultados são, portanto, reais e são divulgados aqui como exemplos de resultados que
se obtêm, nomenclaturas comumente adotadas, anotação dos dados em planilha entre outros com
o objetivo de se destacar didaticamente alguns pontos relevantes.
1/8 Av Rio Branco ____________________________________
Exemplo de croquis de posicionamento de furos de Sondagem
Observa-se estarem os furos locados e referenciados à testada e às divisas e ainda terem
sido determinadas as cotas da boca com referencia a um RN.
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49
2/8 R.Marechal Deldoro esq. Olegário Maciel ______________________________
Observa-se o NA estar à 1,45 m de profundidade
.Ter encontrado à 5,00 m uma linha de pedregulho ou uma pedra com o SPT no
gráfico indo ao infinito e no metro seguinte sendo igual a 7
.Valores crescentes a partir do SPT 12 serem considerados Solo Residual. 18,00m
anterior considerado solo coluvionar (“talus”)
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50
3/8 R. Olegário Maciel ________________________
Observa-se no SP01 à 2,00 m 1 golpe fez descer 45 cm e em 2,45 m só o peso
fazer descer até 2,75 m (mais 30 cm)
.No SP01 à 4,00 m, antes de bater, já descer 45 cm
.O critério de paralização adotado no primeiro furo (3 baterias)
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51
4/8 R. Santo Antonio ______________________________
Um perfil típico de Solo Residual a partir de 8,60 m, possivelmente identificado seu
início no trecho de lavagem com o trépano
Observa-se o critério de paralização estar muito próximo do que prevê a norma, ou seja:
3,00 m sucessivos, com índices de penetração elevado
Aqui em 14,00 m os 45 golpes foram dados, sendo dados os 30 primeiros descendo 16 cm
e os 30 últimos descendo 13 cm
.em 15,00 m o índice estar maior que o anterior e
.em 16,00 m o índice também estar maior
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52
5/8 Rua Halfeld ________________________
Neste exemplo o valor de N maior na 1 a e 2a do que na 2 a e 3 a, em 8,00 m, como não é
comum de ocorrer.
Observe os horizontes (3): mole, compacto e medianamente compacto, descritos no
perfil, sendo destacados nos horizontes ( com seta ) a consistência ou compacidade que foge ao
designado para a mesma
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53
6/8 Juiz de Fora - MG _______________________
Perfil de solo de ( argila ) de baixa consistência - Solo Mole.
Dificuldade na obtenção do N-SPT.
Observe a 10,00m ter encontrado um fragmento duro.
. a 17,00m 2 golpes fazer descer 45cm sendo o 2o descendo 23cm.
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54
7/8 R. Olegário Maciel ________________________
Exemplo de Sondagem Mista.
Em 7,30 m é encontrado material duro, entrando-se com a rotativa, diâmetro HW, coroa
de diamante.
Observa-se que foi cortado 2,20m (Manobra) de rocha do tipo Gnaisse sendo determinado
também: F - Fragmentação = Número de fragmentos da amostra recuperada no caso igual a 1
RQD - Rock Quality Designation = Somatório dos fragmentos que 10cm/avanço (%),
no caso igual a 80 %.
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55
11/8 R. Marechal Deodoro _______________________
Exemplo de Sondagem Mista utilizada em local de ocorrência de Matacões.
Observe-se ter atravessado 3 blocos. O 1o : D = 62 cm, o 2o : D = 273 cm o 3o : D = 233
cm, tendo determinado a fragmentação e a recuperação obtida, sendo Recuperação =
comprimento de amostra recuperada /Avanço ( %).
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56
Apresentação de Outros Exemplos de perfis de Sondagem
1/6 Praça do Lacet - Cascatinha Serviço de 27/08/06
Exemplo de furo de Sondagem sem a “capa” de solo maduro. Perfil de solo residual,
com ocorrência de alteração de rocha e rocha sã.
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57
2/6 Campus da UFJF – Centro Olímpico Serviço de 05/09/07
Exemplo de furo de Sondagem em local de pouco solo – sedimentar (área “baixa”) sobre
a rocha – rocha quase exposta.
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58
3/6 Região central do município de Macaé/RJ Serviço de 06/12/06
Exemplo de furo de Sondagem em região de areia – formação sedimentar de origem
marinha.
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59
4/6 Campus da UFJF Serviço de 15/10/07
Exemplo de furo de Sondagem típico de um perfil de solo residual, lançado sobre ele
2,00m de aterro. Observa-se o contraste do solo maduro e o jovem.
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60
5/6 Rua Mamoré – São Mateus Serviço de 15/10/07
Exemplo de furo de Sondagem típico de formação sedimentar. Observe a presença de
matéria orgânica e o nível elevado da água.
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61
6/6 Belém/PA Serviço de 15/10/07
Exemplo de furo de Sondagem típico de formação sedimentar de grande profundidade.
Trata-se de furo de sondagem no município de Belém/PA, referente à bacia sedimentar da foz do
Rio Amazonas. Observe a grande profundidade em solo (aproximadamente 50,0m)
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64
3.5 - Normalização sobre a Programação das Sondagens de Simples
Reconhecimento dos Solos para construção de Edifícios
Esta Normalização, pela ABNT, registro NBR 8036, fixa as condições exigíveis na
programação das sondagens de simples reconhecimento dos solos destinada a elaboração de
projetos geotécnicos para construção de edifícios. Esta programação abrange o número, a
localização e a profundidade das sondagens.
1 – Considerações Gerais
Procedimento
Adotado na programação de sondagens de simples reconhecimento na fase de estudos
preliminares ou de planejamento do empreendimento.
Para a fase de projeto, ou para o caso de estruturas especiais, eventualmente podeerão ser
necessárias investigações complementares para determinação dos parâmetros de resistências ao
cisalhamento e da compressibilidade dos solos, que terão influência sobre o comportamento da
estrutura projetada. Para tanto, devem ser realizados programas específicos de investigações
complementares.
1.1 - Número e locação das sondagens
1.1.1 - O número de sondagens e a sua localização em planta dependem do tipo da estrutura, de
suas características e das condições geotécnicas do sob-solo. O número de sondagens deve ser
suficiente para fornecer um quadro, o melhor possível, da provável variação das camadas do
sub-solo do local em estudo.
1.1.2 - As sondagens devem ser, no mínimo, de uma para cada 200 m2 de área da projeção em
planta do edifício, até 1200 m2 de área. Entre 1200 m2 e 2400 m2 deve-se fazer uma sondagem
para cada 400 m2 que excederem de 1200 m2. Acima de 2400 m2 o número de sondagens deve
ser fixado de acordo com o plano particular da construção. Em qualquer circusntâncias o
número de sondagens deve ser:
a) dois para área da projeção em planta do edifício até 200 m2;
b) três para área entre 200 m2 e 400 m2.
1.1.3 - Nos casos em que não houver ainda disposição em planta dos edifícios, como os estudos
de viabilidade ou de escolha de local, o número de sondagens deve ser fixado de forma que a
distância máxima entre elas seja de 100 m, com um mínimo de três sondagens.
1.1.4 - As sondagens devem ser localizadas em planta e obedecer às seguintes regras gerais:
a) na fase de estudos preliminares ou de planejamento do empreendimento, as sondagens
devem ser igualmente distribuídas em toda a área; na fase do projeto pode-se localizar as
sondagens de acordo com critério específico que leve em conta pormenores estruturais;
b) quando o número de sondagens for superior a três, elas não devem ser distribuídas ao
longo de um mesmo alinhamento.
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65
1.2 - Profundidade das Sondagens
1.2.1 - A profundidade a ser explorada pelas sondagens de simples reconhecimento, para efeito
do projeto geotécnico, é função do tipo de edifício, das características particulares de sua
estrutura, de suas dimensões em planta, da forma da área carregada e das condições geotécnicas e
topográficas locais.
Nota: A exploração deve ser levada a profundidade tais que incluam todas as camadas impróprias
ou que sejam questionáveis como apoio de fundações, de tal forma que não venham a prejudicar
a estabilidade e o comportamento estrutural ou funcional do edifício.
1.2.2 - As sondagens devem ser levadas até a profundidade onde o solo não seja mais
significativamente solicitado pelas cargas estruturais, fixando-se como critério aquela
profundidade onde o acréscimo de pressão no solo, devido às cargas estruturais aplicadas, for
menor do que 10% da pressão geostática efetiva.
3.6 - Estimativa de Parâmetros dos Solos para Fundações
Dados Indiretos
Em estudos geotécnicos em geral já se reconhece algumas dificuldades de se obter os
parâmetros de resistência ao cisalhamento e de deformabilidade dos solos para alguns solos.
Por exemplo, nas areias a amostragem indeformada, bem como a moldagem de corpos de
prova para a execução de ensaios de laboratório, são operações extremamente difíceis de
proceder. Por tais motivos, recorre-se, em geral, a procedimentos indiretos para se obter dados
sobre as características “in situ” de resistência ao cisalhamento e também de compressibilidade
desses solos, em especial. As sondagens de percussão, bem como os ensaios de penetração
estática de cone (tipo holandês), usualmente as únicas disponíveis em análises preliminares, são
muito utilizadas nesses procedimentos.
Particularmente para o caso de estudo do subsolo com a finalidade de obter parâmetros
para o posterior dimensionamento de uma fundação também não é simples e viável técnico-
economicamente. Não é razoável pensar em obter amostras de um em um metro ao longo de todo
um perfil, por exemplo, onde se idealiza a execução de uma fundação profunda.
Por motivo semelhando ao exposto anteriormente, é comum obtermos os parâmetros de
interesse do dimensionamento de fundações por correlações principalmente com o valor do NSPT
obtidos em sondagens à penetração com circulação de água.
Neste item são apresentados alguns parâmetros dos solos, estimados a partir de
correlações com a sua compacidade e/ou consistência, para uso prático, e que poderão ser
utilizados em estudos preliminares e em anteprojetos de engenharia.
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66
Unidades usuais de conversão:
1 KPa = 1KN/m2
1 t/m2 = 10 KPa
1 Kgf/cm2 = 100 KPa
1 Kgf/cm2 = 10 t/m2
1 MPa = 1000 KPa
1 MPa = 10 Kgf/cm2
1KN = 1000N
1KN = 0,1 tf
1 tf = 10 kN
1 Kgf = 9,81 N
TAB 1 - Classificação dos solos (Norma – NBR 7250)
Solo Índice de resistência à penetração Designação
Areia e Silte arenoso
4
5 a 8
9 a 18
19 a 40
> 40
fofa (o)
pouco fofa (o)
medianamente compacta (o)
compacta (o)
muito compacta (o)
Argila e Silte argiloso
2
3 a 5
6 a 10
11 a 19
> 19
muito mole
mole
média (o)
rija (o)
dura (o)
TAB 2 – Avaliação dos Parâmetros de Resistência em Função do SPT
(correlações empíricas – uso limitado a estudos preliminares).
Solos Nº de Golpes N (SPT) Índice de Consistência (IC) Coesão não Drenada Su
(Kg/cm2)
ARGILAS
Muito mole
Mole
Média
Rija
Muito rija
Dura
2
2 - 4
4 - 8
8 - 15
15 - 30
30
0
0 – 0,25
0,25 – 0,5
0,5 – 0,75
0,75 – 1,0
> 1,0
< 0,1
0,1 – 0,25
0,25 – 0,5
0,5 – 1,0
1,0 – 2,0
> 2,0
AREIAS
Muito fofa
Fofa
Média
Compacta
Muito compacta
< 4
4 - 10
10 - 30
30 - 50
> 50
Grau de Compacidade (GC)
0
0 – 0,25
0,25 – 0,5
0,5 – 0,75
0,75 – 1,0
Ângulo de Atrito ()
< 0,1
0,1 – 0,25
0,25 – 0,5
0,5 – 1,0
1,0 – 2,0
Obs.: IC = (LL – w) / ( LL – LP) e GC = ( emáx – enat) / ( emáx – emín) = Compacidade relativa (Dr)
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67
TAB 3 – Avaliação dos Parâmetros de Resistência e de deformabilidade em Função do SPT
(correlações empíricas – uso limitado a estudos preliminares).
Areias e Solos Arenosos
Compacidade ( t/m³) C ( t/m²) ° E ( t/m²)
Fofa
Pouco Compacta
Medianamente Compacta
Compacta
Muito Compacta
1,6
1,8
1,9
2,0
> 2,0
0
0
0
0
0
25 - 30
30 - 35
35 - 40
40 - 45
> 45
100 - 500
500 - 1400
1400 - 4000
4000 - 7000
> 7000
0,3 a 0,4
Argilas e Solos Argilosos
Consistência ( t/m³) C ( t/m²) ° E’ ( t/m²)
Muito Mole
Mole
Média
Rija
Dura
1,3
1,5
1,7
1,9
> 2,0
0 - 1,2
1,2 - 2,5
2,5 - 5,0
5,0 - 15,0
> 15,0
0
0
0
0
0
30 - 120
120 - 280
280 - 500
500 - 1500
> 1500
0,4 a 0,5
Valores UFMG fls. 47
Obs.: Para solos argilosos normalmente adensados
Cc = 0,009 (LL – 10%)
Sendo: = Peso Específico Natural do Solo
= Ângulo de Atrito Interno
C = Coesão
E = Módulo de Elasticidade (Não Drenado)
E’= Módulo de Elasticidade (Drenado)
= Módulo de Poisson
TAB 4 – Avaliação de Parâmetros dos Solos em Função do Estudo de Compacidade ou Consistência
(Bowles – 1997)
(correlações empíricas – uso limitado a estudos preliminares).
Característica Compacidade
Muito Fofa Fofa Média Compacta Muito Compacta
Densidade Relativa
SPT
(graus)
(tf/m3)
0
0
25 - 30
1,12 – 1,60
0,15
4
27 - 32
1,44 – 1,76
0,35
10
30 - 35
1,76 – 2,08
0,65
30
35 - 40
1,76 – 2,24
0,85 – 1,0
50
38 - 43
2,24 – 2,40
Característica Consistência
Muito Mole Mole Média Rija Muito Rija Dura
qu
SPT
(tf/m3)
0
0
0,25
2
1,60 – 1,92
0,5
4
1,76 – 2,08
1,0
8
2,0
16
1,92 – 2,24
4,0
30
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68
TAB 5 – Relação entre consistência e resistência a partir de verificação no campo (Simons)
(correlações empíricas – uso limitado a estudos preliminares).
Consistência Critério de Verificação Resistência não – drenada ao
Cisalhamento (KN/m2)
Muito Rija
Rija
Média
Mole
Muito Mole
Quebradiça ou muito dura
Não pode ser moldada com os dedos
Pode ser moldada com os dedos, fazendo-se a força
Facilmente moldável com os dedos
Flui entre os dedos quando espremida
>150
75 – 150
40 – 75
20 – 40
< 20
TAB 6 – Valores de Módulo de Elasticidade para diferentes tipos de solos (UFV)
(correlações empíricas – uso limitado a estudos preliminares).
Solo E (Kgf/cm2)
1. Argila
Muito mole
Mole
Média
Dura
Arenosa
2. Areia
Siltosa
Fofa
Compacta
3. Areia e Pedregulho
Compacto
Fofo
4. Silte
3 – 30
20 – 40
45 – 90
70 – 200
300 – 425
50 – 200
100 – 250
500 – 1000
800 – 2000
500 – 1400
20 - 200
TAB 7 – Valores de Coeficientes de Poisson para diferentes tipos de solos (UFV)
(correlações empíricas – uso limitado a estudos preliminares).
Solo Coeficiente de Poisson ()
Argila saturada
Argila não-saturada
Argila arenosa
Silte
Areia compacta
Areia grossa (e = 0,4 a 0,7)
Areia fina (e = 0,4 a 0,7)
Rocha (depende do tipo)
Concreto
Gelo
0,4-0,5
0,1-0,3
0,2-0,3
0,3-0,35
0,2-0,4
0,15
0,25
0,1-0,4
0,15
0,36
Parâmetros de Resistência e Peso Específico (Cintra et al. 2003)
1. Coesão
Para a estimativa do valor de coesão não drenada (cu), quando se dispõem de resultados de ensaios de
laboratório, Teixeira & Godoy (1996) sugerem a seguinte a seguinte correlação com o índice de resistência à
penetração (N) do SPT:
)(10 KPaNCu
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69
2. Ângulo de Atrito
Para a adoção do ângulo de atrito interno da areia, pode-se utilizar a Figura 04 (Mello, 1967), que mostra
correlações estatísticas entre os pares de valores (v, N) e os prováveis valores de , em que v é a tensão vertical
efetiva à cota de obtenção de N.
Ainda para a estimativa de , Godoy (1983) menciona a seguinte correlação empírica com o índice de
resistência à penetração (N) do SPT:
N4,0280
Enquanto Teixeira (1996) utiliza: 01520 N
3. Peso Específico
Se não houver ensaios de laboratório, pode-se adotar o peso específico efetivo do solo a partir dos valores
aproximados das Tabelas 8 e 9 (Godoy, 1972), em função da consistência da argila e da compacidade da areia,
respectivamente. Os estados de consistência de solos finos e de compacidade de solos grossos, por sua vez, são
dados em função do índice de resistência à penetração (N) do SPT, de acordo com a NBR 7250/82.
TAB 8 – Peso específico de solos argilosos (Godoy, 1972)
(correlações empíricas – uso limitado a estudos preliminares).
N (golpes) Consistência Peso específico
(KN/m3)
2 Muito mole 13
3 - 5 Mole 15
6 - 10 Média 17
11 - 19 Rija 19
20 Dura 21
TAB 9 – Peso específico de solos arenosos (Godoy, 1972)
(correlações empíricas – uso limitado a estudos preliminares).
N (golpes) Consistência
Peso específico
(KN/m3)
Areia seca Úmida Saturada
< 5
5 - 8
Fofa
Pouco compacta 16 18 19
9 – 18 Medianamente compacta 17 19 20
19 - 40
> 40
Compacta
Muito compacta 18 20 21
Segundo Moraes, 1978
Solos Coesivos
Após numerosos ensaios, Terzaghi e Peck indicam as seguintes relações:
TAB 10 – Consistência, número de golpes N e compressão simples:
(correlações empíricas – uso limitado a estudos preliminares).
Consistência S.P.T. c. simples – Kg/cm2
Muito mole 2 0.25
Mole 2 - 4 0,25 – 0,50
Média 4 – 8 0,50 – 1,00
Rija 8 – 15 1,00 – 2,00
Muito rija 15 – 30 2,00 – 4,00
Dura > 30 4,00 – 8,00
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70
Tensão admissível – solos coesivos
Para o cálculo da tensão admissível ou capacidade de carga do solo são bastante difundidas a seguintes
relações: (Resultados obtidos em Kg/cm2)
- Argila pura
4
Np
- Argila siltosa
5
Np
- Argila arenosa siltosa
5,7
Np
Depois de estudadas as diversas correlações entre penetrômetros dinâmicos e estáticos, transcreve-se duas
tabelas referentes a ângulo de atrito de areias, resistências a compressão e coesão das argilas:
TAB 11– Ângulo de atrito interno para areias
(correlações empíricas – uso limitado a estudos preliminares).
Areia Fina Média e Grossa Com pedregulho
Compacidade Grãos
Esféricos
Grãos
Angulares
Grãos
Esféricos
Grãos
Angulares
_
Fofa 27 28 29 33 34
Intermediária 30 34 33 38 37 - 39
Compacta 33 36 36 44 40 - 45
TAB 12 – Resistência à compressão e coesão para argilas
(correlações empíricas – uso limitado a estudos preliminares).
Consistência
Resistência à
compressão Coesão
Kg/cm2 Kg/cm2
Muito mole 0 – 0,25 0 – 0,12
Mole 0,25 – 0,50 0,13 – 0,25
Média 0,50 – 1,00 0,25 – 0,50
Rija 1,00 – 2,00 0,50 – 1,00
Muito rija 2,00 – 4,00 1,00 – 2,00
Dura > 4,00 > 2,00
Módulo de Deformabilidade e Coeficiente de Poisson (Cintra, 2003)
Módulo de Deformabilidade
Não se dispondo de ensaios de laboratório nem de prova de cargas sobre placa para a determinação do
módulo de deformabilidade do solo (Es), podem ser utilizadas correlações com a resistência de ponta com do cone
(qc) ou com índice de resistência à penetração (N) da sondagem SPT, como, por exemplo, as apresentadas por
Teixeira & Godoy (1996):
cs qE
E com NKqc NKEs
em que e K são coeficientes empíricos dados pelas tabelas 13 e 14, em função do tipo de solo. Esse coeficiente
correlaciona qc com Es e, portanto, não deve ser confundido com o coeficiente de Aoki & Velloso (1995), que
transforma qc em atrito lateral unitário do próprio cone. Já o coeficiente K tem o mesmo significado para Aoki &
Velloso e, por isso, valores da tabela 4 têm a mesma ordem de grandeza dos valores de Aoki & Velloso (1995).
Geotecnia de Fundações e Obras de Terra - 2018 Prof. M. Marangon
71
TAB 13 – Coeficiente (Teixeira & Godoy, 1996)
Solo
Areia 3
Silte 5
Argila 7
TAB 14 – Coeficiente K (Teixeira & Godoy, 1996)
Solo K (MPa)
Areia com pedregulhos 1.10
Areia 0.90
Areia siltosa 0.70
Areia argilosa 0.55
Silte arenoso 0.45
Silte 0.35
Argila arenosa 0.30
Silte argiloso 0.25
Argila siltosa 0.20
Observa-se que para areias ( = 3), a correlação Es com qc resulta em:
cs qE 3
que é compatível às relações de Schmertmann (1978).
De acordo com D’Appolonia et al. (1970), a presença do lençol freático pode ser ignorada porque seu
efeito no módulo de deformabilidade é refletido na obtenção de N, ratificado Meyerhof (1965). Posteriormente, essa
assertiva foi confirmada por Terzaghi et al. (1996), com base nos resultados de Burland-Burbidge, de 1985.
No caso de saturação de uma areia que não estava saturada no momento da sondagem, por exemplo, por
ascensão do N.A., o recalque aumenta de um valor que, dependendo do autor, pode ser de 1/3 (Bolognesi, 1969) até
100% (Terzaghi & Peck, 1948; Terzaghi & Peck, 1967; Terzaghi et al., 1996).
Coeficiente de Poisson
Teixeira & Godoy (1996) também apresentam valores típicos para o coeficiente de Poisson do solo (),
reproduzidos na tabela 15.
TAB 15 – Coeficiente de Poisson (Teixeira & Godoy, 1996)
(correlações empíricas – uso limitado a estudos preliminares).
Solo
Areia pouco compacta 0,2
Areia compacta 0,4
Silte 0,3-0,5
Argila saturada 0,4-0,5
Argila não saturada 0,1-0,3
Simons & Menzies (1981) observam que não é constante, variando desde o valor não-drenado no
momento do carregamento (u – 0,5 para o caso ideal não-drenado) até os valores drenados no fim da dissipação do
excesso de pressões neutras.
De acordo com Mayne & Poulos (1999), pesquisas mais recentes mostram que os valores drenados de são
bem menores do que se acreditava. Para carregamento drenado em todos tipos de solo, incluindo areia e argilas, tem-
se:
05,015,0'
Esses autores confirmam = 0,5 para condições não-drenadas envolvendo carregamentos rápidos em
argilas saturadas.