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UNIDADE l e D . . .,. : tinguagem, .. . Interpretaçilo . . e Filo&ia . , . . .

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UNIDADE l e D . . .,. : tinguagem, .. ~ ~ . Interpretaçilo ~ . . e Filo&ia . ~ ,

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UNIDADE DE INVESTIGAÇAO E DESEKVOLVIMENTO LIXGGACEM, I N T E R P R E T A C ~ ~ O é FII~.OSOFIA

coordenaçâo I ~ E U R I Q I J E JALES RIBEIRO

FACULDADE DE LETRAS COIMBRA 17003

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4poio da a Tecnologia

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TEORIAS IIEPRESENTACIONAIS DA CONSCIÊNCIA F DRETSICE veisus D DENNETT

Sofia .Migr&étis (Uiiivcrsidadc do Porto)

1. Introdução

Não é incomuiii na filosofia da mente tratar em separado a intencioilalidade (ou representaçâo) e a consciêiicia. Isto significa admitir que princípios distintos explicain eslados mentais proposicionais (tais corrio o pensamento '3 é iiin no primo') e qircrlici, estados mentais sentidos (como uina experiência de verde, ou eni geral o sentir-se ser, para iiina criatura). No entanto, certas teorias da consciêiicia, as teorias representacionais, partem precisaineiite da continuidade eiitre coiiieíido e consciência para 'explicar' a coiisciência. Para estas teorias (desenvolvidas por exemplo por D. Dretske e D. Denneit) a consciêiicia é iiiii tipo de represeiitação. Isto q~ier dizer antes de iiiais qiie pessoas coiiio Dretske e Denneit se recusam a coiisiderar a consciêiicia dita 'fcnomcnal' como tinia propriedade a mais; ao coiitrário de pessoas como D. Clialmers ou F. Jaclísoi~. Considei-ar a coiisciêiicia 'Eeiioiiiei~al' como iiina propriedade a mais depende de uin argiirneiito qiie coiiclua pela existêiicia de algo de ontologicainei~te iiovo relativaineiite à descrição de todos os factos físicos respeilaiites à cogiiiçlio e os autores que hoje ine intercssam. Drctsltc e Deiineit. assumein que iieiiliuii~ rirgiiiiiento semelliante está disponível'. Eles incliiiaiii-se por isso a iicgar a suposta diferença entre quniiri e representação e a rejeitas o seu

'A imas iiiria 'iioia gengidfica' :iiiics de prossegiiii.: $ia fiiosolia <ia iiiciiie o qiie lic;i do oiitio h d o <ias tcoliis ic~>icsciilaci«ii:iis da coiirciEiicia de qiic virt i fiiiar sio ~posi~6çs como a dc 1. Scnric (de acoido

çoni n c p i ihiiaiiiai- iiieii1:ii :I« que qiier ~ U C scja pressiipVci5 a c,~,sciência) c dualisinos tais coiiio os de I). Cliairneis c F J;ickiiiii. qiie nssuiiieiii qiie :i coiisciêricia di1a'lciioiiicn;il' L' uma piopiicdadc a mais iio niuiido lai coiiro clc C ) ~

I"Errcoritr<i nir~iorinlde I.'ilo.soji«Arrolíti~n, cooid de l i . ialcs Ribeiro (Coimbia: i'aciiidxie dc 1,eoas. 20031, pp.289 - -301

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i-eflexo a nível esplicaiiuo. Fazeiii-tio no eiiiaiito de Soririas diferentes c é isso que voii pi-ocurar aiialisai

É mais simples dizer do que se fala citiando se Sjla crri .cxplicai- a consciêiicia pela representaqão' se ollii~riiios paira as teorias I-epreseiitacioiiais de 2" ordeni (coino as de W. L)lcari. D. Ariiisti-oiig. L).

Koseiithal e Deiinett) do que se olhni-iinos pai-a as de I%rdein (como a de F. Di-etslce). As teorias represeiit;icioiiais do 7" «i-dcm explicam a ocoi-rênciu de coinsciência ritim sistema pelo Pacio de dcto-niiinados estados ineiitais teienn outros estados mentais do inesmo sisteiiin coiiio oi~.jecto (sejain eles pei-cepções. como pi'opõein D. Ariiisti-ong e W L)icaii. sejaiii eles ci-eiiças. coiiio ps-opõeiii D. Rosenthal e D. 1)eiiiiett). De entre ;is teor-ias represeiitacionais de 2" ordein. a teoria deniiettiaiia riZo é o pi-imciro exeinplo que se teiii norrnalineiiie à mão. Não é iiitiito dificil descobrir porquê: aquilo que é mais saliente na teoria deiiiiettiaiia da corisciêiicia (Coiz.sciortsize.s.s E.x/>/niizen') é um inodelo. o Modelo dos Esboços Múltiplos, a qiie eu cliainai-i;% coçniiivo inais do que propriaiiieiiie filosófico. bem coiiio uin arguinetito eliminativo acei-ca de qiiciliil. Nada de positivo parece ser dito acerca da natiireza da coiisciêiicia. No entaiito a coiitribiii~ão de Deniiett n i o é assim tão pobre. Aquilo que ele oferece é precisainente uina teoria representacioiial da coiisciência (uina teoria de 2" ordem tipo-creiiça). A conipai.ação das propostas de Deiinett e de Dretslie interessa-ine pelas seguintes razões: a partir de posições gerais comuns quaiito à iiatureza do inental. nonieadainenie o teleofuiicioiralisnio (de acordo com o qual represeiita~ões são funqócs de dispositivos coin design2) e o esteriialismo (de acordo coiii o qual a tçoi-ia da ineiite não visa o interior físico dos sisternas cognitivos tuas relações destes coin o exterioi-) Ilenrietr e Dreiske desenvolvem teorias represeniacioiiais da coiisciência coin caracterísiicas bastante difereiites.

2. O que é nina teoria represeniacional da consciê~icia?

V011 i-ecuar uin pouco e procurar ser mais explícita quaiito ao ob,jecto da teoria represeriracioriai da coiisciência. os jirctos repr-e.sei~trrcior~rris. Quaiido se fala em factos represeiitacionais. Fala-se daquilo que é

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representado na representação e não em veículos da representacão (por exemplo aquilo que se passa no cérebro. ein terinos iieui-onais). O principio da divisão do trabalho entre neurociêiicia e filosofia, a ideia seguiido a qual a mente é a face representacional do cérebro, significa na prática que não será olhando para o interior do sisteina cognitivo, por exeinplo para o céi-ebro coino faz um neurocientista, que compreenderemos a natureza dos factos representacionais. Porquê? Vou usar uin exemplo féticlie de Dretske (aliás um exemplo i ~ ã o mental e não liuniano) para ilustrar este ponto. Peiisem num ponteiro da gasolina no painel de instrumentos de um carro. Antes de mais, o específico material de que ele é feito é razoavelmente indiferente para a sua função representativa. Qual é essa função? Aquilo para que ele foi desenhado, no caso representar o nível da gasolina iio depósito. Porque dizemos que a função é essa? Aqui entra o teleofuiicionalismo: a função é aquilo para que o dispositivo foi desenhado, e isso não é nenhuma propriedade interna ou intrínseca do material do dispositivo, mas algo que depende da história dos dispositivos desse tipo. Mais: aquilo que a posicão do ponteiro representa (o nível da gasoliiia) não 'está' no poiiteiro, é algo de exterior a que este está ligado ein termos de covariação. Imagine-se agora dispositivos representacionais regidos por princípios semelhantes e uma circunstância em que ninguém nos disse para que são os 'ponteiros' e em que não há escalas. É mais ou menos essa a posição do teórico da meiite perante o cérebro procurando conceber a natureza da representação3. Uma maneira de formular o que acabei de dizer na linguageiu da filosofia da meiite é iiotau que os factos represeiitacioiiais 1150 sohr-eilêr?~ a factos físicos internos aos sistemas cogiiitivos e que isto nos conduz ao exter-r~niisnlo: compreender o mental não é idêiitico a compreeiider os mecaiiismos oii veículos de representação iio iiiterior dos sistemas físicos pelos quais 0 meiiral é causado. Para compreender o que tais veíciilos fazem; iiomeadamente representar, é preciso olhar para o exterior do sisteina cognitivo (continuo coin exemplos: também não basta olhar para o mecanismo interno de um terinóinetro para sabermos o que ele representa. iniiito menos para sabermos qual é a natureza disso no mundo - a temperatura -que ele representa). Factos representacionais nâo são factos acerca de veículos de representações mas factos acerca da relação entre a ocorrência de veículos de representações

alias aqiii cjiic faz sintido iiiira hiliótçse lnl coiiio ;i Iii~i6tçsc dç uma I.ii>guagçin do I'ensarncnto ciç J. Fodor.

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assa ruo3 urequ!) aruaui.io!iaiue anb .taze.tú o ruerap.~ad soqura anb 3 esseú as anb O .odurai op oEuo[ oe oursaio o ur?ioeui as r u e ~ o i d anb 9je3 op .roqes o anb .iein2asse uia aisjsrio3 oy[aqirii 0.3 'uroqueç a aserls ' 3 ~ ~ 3 ap sa lope~oid sop osc? o 3 p!jutlõ A'LI!I~!II~ ap sosw sop urn :o3ljr[druax3 .sn3!is!.iai3e.ic3 s!el eqrial s?rr 0 ~ ~ 1 0 3 sernic!.i3 ap e!ldg.id [eiuaump!n. ep (ssauarunin) oitiaur!qasiade o 3116 lan!ssod 9 o^rr anb .iaz!p e y s a ala anb o leiuaui e!31ipadxa nssou ru u!jo?lil ?i( ogu anb 'iiauriau znj ou103 'I?UIJ!JP

eossad essa optierib (se3!ui?is!tla sc3!is~sai3e.11?3 ouio3) u!juiiú so opour aisap auijap ur9n51e anb rua oiuaurour op ri!i.ied v .e!lai e!.ido.~d [eiuaru n p ! ~ essou ap or1iaur!3ai[rio3 ossou o anb .apep!q!q!2!.rlonu! ap 'sepe~!.rd 's!aAFjao! 's~3asu!.riu!, se3!is!.ra13e.1~3 ser.ia3 e r~!jonl, euteq3 iiarroaa .u!ju111> so (eri!rtiga a) a inmp iiatiriau anb on!i!sods!p 1x1 UIII opc[eisu' risa sienú sou sa.ras ura a!.id?.~d leiriatu ep ~ 3 . 1 3 3 ~ solcla.1 sop 03!~1?ls!da olnieisa o opue.rap!stios 3 -od!i ossou op saiua!3siio3 saias I? a3aivde e!.rdpd Iriuaui n p ! ~ e anb s!r:iii.r!~ o[o.rlrro3 a apap![v.ijua3 '0331?3!j!un rua o!ode ~ 1 0 3 3 . s ~ ~ c J . I ~ ) L I ! ap ~r~apr~adap a s!eiii.i!~ 03s S I ? ~ F ~ S ! . I ~ ~ ~ E . I I ? ~

s!ci iiauoaa uro3 op.103~ a(1 -apep!l~:!~rrasa.rà ap op!irias o a o[o.iirio3 o .apep!le~iua3 e 'apnp!trn e orno3 s!ei ~ I U ~ ! S S L I O ~ e!3~12!ladxa PSSOII

ep Sl?3!3s!.131381e3 e oirrenb snn.!la3![dxa s~?~sodo.lci iqlli!l? !n[3LI! elII?!113111iap a!.roai e (ieuo!3unj 'o~!i!uUos) ~i?ossaciqns ouqru! o~ -s!eossad-qns 03s s!an.!ri siop sais3 .op~aiiio3 ap s a ~ j e x ! ~ no s!iiaioS~>~i~ai.~!~lr 'sSir!yu!o.f,~!uf cuieqn iiariuaa anb r .so[d!i[?ur sojoqsa opu!znpold o~5!iadruon Lua sarua2a Ieuoi3un.j lah)u ai: a og3i?uiioju! ap op!nq!irsFp o[ale.ied oiuaur~ssa3o1d 9 ais!xa anb ol!ribr a.iunijrtr~ij op [aA!ri ol? synb SOL! -s?u 011103 S O A ! ~ ! L I ~ O ~ Sl?lllalS!S 3p ~ ? ~ ! ~ ~ ~ o L I ~ u ~ o L I ~ J l?!311~!.13dxa Pp Sl?3!1S!1313El'd3

si? .ie3![dxa apriala.~<l p~il!ujri.vg s.saiir>io!:)slro~ uia opi?~uasasdn so[d!i[~~i.\r so3oqsz~ sop olapoy'' (1 .iiaitriaa iocl .11?3auio3 noA

juiaiajrp sala anb 9 anb uia 013113 '(np!~[o,\ira !nbl: .irisa ap!3ajaqaisa-?ld o!uoru.ii:q ap a!s?dsa PLLIII ap 0131:~ o11 an.!sn13ri!) op.1031? ap aluaui[i?roi o g s ~ iiauriaa a a?[sia.ia !nbe ? i v .seiiiars!s sassap .ro!.iajxa o a son!i!u5os seirrais!s ap .io!iajri! ou

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sabor, que preferiam a todos os outros. No entanto; um pensa que isso acoiiteceu porque se tornou um apreciador nmis sofisticado de café, einbora o sabor daquele café se niaiitenlia inalterado, o outro peiisa que isso acoiiteceu porque os seus sensores gustativos se alteraram (einboi-a o sabor do café inicial se mantenha iiialterado). O poiito de Deniiett é que iierihuin dos provadores pode estabelecer intrasubjectivaineiire qual dos casos é o seu caso: quaiido se trata de consciêiicia. iião se trata de algo de 'directaiiieiite experienciado, privado e iiieEvel', mas de uin saber-que. Ora. se iião liá aí diferenças apercebidas explicitainente e declaráveis pelo sujeito, nâo há coiszi alguma a que se deva chamar coiisciência-de. O que acontece se adiiiitirinos esta conclusão (estefiist persoiz o~>eir~tioiinlisii~, i.e. a ideia segundo a qual diferenças que não fazem diferença náo são diferenças)? Admitimos que o auto-acesso de sisteinas conscientes como riós não é eliisteinicamente incorrigível - inas ninguém tinha iiegado tal c u i ~ a ! -r qut: esbe auto-acesso 6 uina questão de creiiças e iião de qlinlin.

Tanto quaiito a crítica aos qz<«lia não passa de urna crítica epistemológica a eliminação dos qiialicr parece-me uma conclusáo relativamente trivial. A conclusão eliininativa não elimiiia a consciência ela própria (nem Deniiett alguma vez pretendeu tal coisa) apenas questiona deteriniiiadas presuiições de inehbilidade, privacidade e incorr-igibilidade do acesso à experiência mental. Vou então assumir que nâo é a consciêiicia que é eliminada coin o arguineirto acer-ca de qilnliri mas siin uma versão iiitelectualista e epistenioló_pica dos r/irnlic~ e reter o facto de Dennett iiiinca afir-mar que o sisteina cognitivo (rio qual e para o qual afirma nâo existirem quniiu) não é consciente. Pelo contrário; a coiisciêiicia é bem real e o objecto da teoria da coiisciêiicia são os sisteinas especiais por eiitre os sisteinas iiitencioriais que são conscieiites. É neste ponto do pensamento de Dennett (após o modelo cogiiitivo e a ci-ítica episternológica aos qirnlin) que aparece uma teoria representacioiial da coiisciência. De acordo com esta. iini sisteiiin cogriitii:~ 6 coiiscie?zte SSE ocorrer?i riesse sistenzn cogliiiiso deienili~irrrlos esttldos nieiitnis de 2" ordem, no~~zecrdanier~te creiz<,,n.s rrceicu de estarins r~ier~triis pról~rios. Dennett acrescenta ainda um ponnenor que torna a sua teoria representacioiial da consciência urna teoria disposicioiialista'. A coinplexidade de cada instante de apercebiinento perceptivo por uin sistema como nós é susceptível de gerar um grande

'I'or coiiirasle coiii a ieoiiu 'ia coiisçiCiicia de l l a i i d lioscillii3i, que tamhi'in i urna ieoiia rcpreseiiincioiiai de ?" oidein de tipo-cieiiya.

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núiiiero de crenças; no entanto para que estados rneiitais conscientes sejarn possíveis basta que os estados de l k r d e i n se,j;a rnantidos na meiiiói-ia do sistema de forina a esiarein disponíveis para ser objecto de ci-enças. A substituição da preserica explícita de ci-eriças pela disponibilidade na memória esiá ligada a um princípio cogniiivo iniporiaiite para Deiiriett (a ilusão da imaiiêiicia - um ter1110 de M. Minslcy) de acoido coni o qual seres mentais como nós náo sXo capazes dc distinguir por iritrospeccão lia sua vida mental entre o que sempi-e esteve 12 explicitado e o qiie é preciso explicitar quaiido Iii ri111a auto-exoriaçiio; iioiiieadnmeiiie através da introspecçáo6.

Há aqui pai-a rnirn algo de esclarccedor quanto aos eqiiívocos típicos de Ueiinett como teórico da consciência: parece-me que a razão para o disposicionalisrno é cognitiva, i.e. parece-me qiie as sugesiões de Deniiett são sugestões acerca do coiiiu (fiincional. subpessoal), do que acontece aos veículos da represeniaçZo. como é usual nos rnodelos psicológicos da cogniçâo7, e não sugestões acerca do que (da consciência). Um dos equívocos frequentes de Dennett quando fala de co~isciêiicia é que ele taiito pensa na auto-inonitorizaçio (que é, definitivamente, a pedra de toque da consciência) como um processo mecânico, subpessoal de se~scr~ri iz i i ig, geradoi- de interfaces ein deterininadas condições. corno a considera ao nível do conteúdo ou representação, quando defende uma teoria da corisciência de 2" ordem (de tipo-creiiqa). É possível fazer as duas coisas. não se deve é confundi-las (sobretudo qriaiido se subscreve os princípios externalistas gerais acerca da naiiireza da representação que comecei por referir).

Será qiie Dretske faz melhor?

4. Dretske

Periso que sim, partilliaiido os inesrnos priricípios básicos, e sem consideras o problema da consciência corno sendo sobretudo um probleina coanitivo (relativo a mecanisinos siibpessoais) ou um probleina episte~nológico (respeitante ã forma como uin sujeito conhece a sua vida tneiital). Dretslte coineça por colocar a teoria representacional de 2"rdein

TCI. aquilo a qiic M. Minsky ch;inia a ilusio da iiiiaiiéncia. 'Cll pai. cxciiipio B. Banis.

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tio lugar próprio: i.e.. coino aquilo que um teórico externalista da ineiite deve afirmar acerca dessa parte da nossa vida ineiital que é o conhecimento introspectivo. Mas esta decisio inostra taiiibéni algo que fica coino i-esio iiliina teoria represeiitacional da coiisciêiicia: urna disciissão acerca de percepção 1150 epistéinica que deve ser cruzada corli o argumeiito deiineitiaiio dos qi~irlin.

Como se sabe. a teoria da iiieiite defendida por Dreiske pai-te da tcoi-ia muteiiiática da iiiforiiiação. da inbrmaçio iiiedida ein bits; existeiite nos sul;ortes inais variados, que náo tem que ser acerca de feiióineiios nienlais ou qtie considei-ar a questão do conteúdo. Ao conteúdo (ou representação. ou iiiteiiciorialidade) Dretske cliania 'iiifoi-maçifo seinântica' e concebe-a em terinos de indicação ou cosi-elaçio. Este é o âinbito dos factos representacioiiais. factos ;icei-ca de iuiições iiiformacion;iis de dispositivos com desigiz. veículos de represeiivaçio (poi- exeinplo processos neuroiiais). 0i-a; o qiie Dreishe afirnia acerca de conteíldo seinâritico vale nâo iiperia para zispectos iiiteiicioiiais do niental inas iaoibéiii pasa os aspecios mais difíceis; os qiicrlin. o que significa que também a experiêircia conscieiite C para Dretske uina espécie de represeiitação: tio caso dos qllnlin (pense-se na serisaçio de vei-de) coino i10 caso das crenças, compreeiider a rel;reseiitaçio iião é idêntico a coiiipreeiider os seus veíciilos, n io é idêiitico a olhar para o interior físico do sisteina (1120 liá lá verde iieiiiiiiin). O qiie está ein causa é aquilo que é represeirtado. e aquilo que é represeiiiado são; para Dretslte. propriedades iio ~iiliiido.

Assim, qiiaiido Ui-etske Iaia de 'estados coiiscieiites' de uin sisteiiia (eiii geral, de nivn>-<~r~e.s.s) ele não está a fzilai- iieiii de auto-coiiscifiicia inein cie introspccçZo. A partir do inoriieiito eiii qiie se mostra que uiiia crintiira represeiita o miindo de acordo coin os pi-iiicípios da inforrnação semântica é possível aliriiiar acerca dessa criatiira qiie el;i é coiiscierite de ( i s iiivnr-e qfl serii identificar esse facto coiii o facto de ela estar coiiscieiite de estar conscieiite. Assim. Dretske define corz.scioii,s strrtes de urna foriiia bastaiite siii geiieris: o que toriia i i i ~ i estado interno consciente é o papel que este lein a tornar a criatura conscieiilc. Uiiia experiência é coiiscieiite iião porque a criat~ii-a. o agenie global. terilia coiisciêiicia da experifncia oii se aperceba de que a está a tei- mas porque seiido (esse estado) uni certo tipo de representação, ele (o estado) a toriia (a criatura) coiisciente do próprio x (objecto, propriedade) de que o estado é iiiiia representação. Esperiêiicias são conscientes iião porque a criatura é consciente delas i ras porque a

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criatura é coiisciente coin elas. por elas. Estados conscieiitcs assiiii definidos, ao coiitrário das criaturas i1:rs quais ocorrem, iiáo têm. evideniemeiite. coiisciência de coisa ~ilgiiiiia. Criattir;is conscientes são as ci-iaiuras iras q~iais represeiiiaqões com deteriiiiiiadas características ocorrem e essas repi-eseiitações náo sZo apercebidas expliciramerite pela criatura. E esra posiçâo que faz a difereiiça eiitre a teoria de I k r d e m de Di-etske e as teorias de 2" oi-dem. Reco1.d~-se qiie rias teorias (de 2"rdeni) de tij~o-percepção. um estado mental é coriscieiite se vier a ser objecto. ati-avés das operações de urn sentido iiiierno. de tini outi-o estado mental. Liiria percepçáo. Nas teoi-ias do tipo-crenqa. iim esrado iiieiital é coiisciente se foi- objecto de uin outro estado ii~eiital. que é neste caso uma creiiça e iiâo uina percepção. Mas para Dretshe afirmai- que uiii estado meiital é consciente por ser objecto de uma representação de 2" ordein é deixai- tudo por resolver. Antes de mais; é preciso saber coino é que o estado de 1" ordein (o esrado cognitivo próprio) é representado. Não basta por exemplo represeiitá-10 caino uin estado do céi-ebro. A crítica de Dretske a teorias do seiitido interiio (tipo-pei-cepçâo) como a de Lycaii. é não verem que a moiiitorizaçáo dos veíciilos do coiiteúdo pelas operações do sentido iiiterno não seria suficieiite para a existência de metarepresentações. repi-esentações de experiêiicias como experiências (se fosseiii teciiologicamente disponibilizados ineios pelos quais a criatura pudesse aperceber perceptualinente os estados neuroiiais próprios correspondentes a uma deteriniiiada representação não seria isso a torriá-Ia conscieiite).

Quanto i s teorias de 2" oi-deili tipo-crença; que associam a consciência ein geral ao apercebiinento conceptual de estados mentais próprios. a grande objecção é que se uina criatura só é conscieiite se nela existem crenças acerca de estados mentais próprios parece tornar-se ile,' oitiina a atribuição de consciêiicia a ci.iaiiças pequenas e aiiimais (este é seguramente um grande pi-oblema para Dennett). O argumeiito central contra uma teor-ia de 2" ordeiii tipo-crença e a favor de uma teoria de 1" ordem é mais exactamente o segiiiiite: se pode haver diferenças conscientes na experiência de inundo de uina criatui-a das quais esta não é coiisciente. eiitão não pode ser o apercebiineiito que a criatura tem de uin estado ineiital próprio que torna esse estado u111 estado conscieiite (pensar que sim é o cartesianisiiio de Denneit - a verdadeira face do first persoii operatior~crlisri~). Ora essas diferenças podem defiiiitivamente existir. Vejamos um exemplo (suficieritei~ienie semelhante. note-se, aos exeinplos

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que Deiinett utiliza para falar de qiriiiici coino 'diferenças iin;~giirárias' a elinliriar). Teinos urna situação eiu que cima criança qiie ainda iião sabe contar percebe visualine~ite~ sucessivainente, 7 dedos e 8 dedos das niZos. p, ,ira -, Dretslte tais diferenças no apei-cebimeiito existein: aperceber F não

supõe necessariamente aperceber F covio ilin F (coino 7 dedos ou 8 dedos. assim corno perceber visualmeiite iirn coiiiputador não é necessariaiiieiite perceber o comptitadoi como uin coinpulador). É perfeitainente possível que uina criatura aperceba alguma coisa sein se apei-ceber do que apei-cebe. O apercebimenio conceptiial de estados ineiitais próprios deve ter outro lugar lia teoria da iiienie que ii.Zo a explicação da coiisciência toiit coul-t: o seu âinbito correcto é a iiitrospecção.

5 . Introspecção

Vamos eritâo à inti-ospecção. Enquanto coiiheciinento directo que uina inente ieiil de si própria, Iiabilidade não iiiferencial de aperceber ocorrêiicias ineritais pi-óprias. ela é de c e m foiina ;I siliiação paradiginática daquilo a que cliainainos consciência e parece ser claramente uin acesso ao interior. Mas como será possível eiiqnadrar a iiitrospecção coiiscieiite numa teoria externalista do meiital? Como é possível que 'olliando para deiitro' nós saibarnos o que estaiilos a pensar? Definir factos relxeseniacionais de forma extei-rialista parece pôr ein perigo iião apenas a autoridade epistéinica da priineii-a pessoa, rnas a própria experiência coiisciente.

Mas pense-se de iiovo rio interior de qiie se fala quando se fala de inirospecção. Teinos alguém que sabe o que está a pensar (sabe por exemplo que está a pensar que 'hoje é sábado'). Esse feiióiiieno não é nin processo pelo qual o seu iiiterior físico é de aiaiirna forina observado" "Os factos mentais que se procura descobrir poi- inti-ospecção (factos acerca do que eu penso) não estio no interior da nossa cabeça-no sentido físico de crâiieo e cérebro". O conlieciiiieiito iiitrospectivo é coiiliecimento de Cactos ineiitais. não de factos neurofisiológicos. No interior físico do sistema não encontramos riem o verde visto nein pensainentos que p, iiein pensaineiitos acerca do que está a ser pensado: apenas, no nosso caso, uin cérebro. vivo; fuiicioiiaiido, processos neurofisiológicos e electroquíiiiicos.

sDI1E'I'SKE 1995: l i

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Ora não é isso que a iiitrospecção nos d i : pelo iiienos $10 iiieu caso a introspecção dá-ine a ininha vida inental e o que se passa nesta situação só pode ser concebido ein terinos de conteúdo ou i-epresenta$ão

Dretske tem uina proposta qiianto à natureza da introspecção: esta não é alguin tipo de percepção de estiidos iueiitais l>rópriosq ruas sim apercebimeiito de factos. iini vir a sabes-qiie cairipai-àvel coiil a sitii;içâo eni que u ~ n de 116s se pesa e oih;iiido para a haiaiiça vein a saber iiio apenas que Iiá aí uina baiaiiça prateada mas uni hçto acerca de si próprio. que pesa S. Dizer que a iiitrospecção é apei-cebiriieiito de factos é dizer que ela é inais parecida coin vir a saber que teinos uina doença do que com seritii- directaineiite a doença (como uina teorici do sentido intei-rio nos faria peiisai-). Longe de ser o paradignia da coiisciêiicia, a iiitrospecção é apeiias o caso em que uma inerite se representa coiiceptuaiineiite como represeritaiido, algo que evidenteineiite riein iodzis as mentes fazerii (criaiiças pequeiyus e ailiniais evidenteineiite não o fazem. sem que por isso devainos negai--llies consciêiicia).

A teoi-ia i-epresentacional de Dretske conduz assiin a urna difei-ença importante eiitre estados conscientes e iiiti-ospecção. Ciiriosaniente o que Dretske afisina acerca da introspecção asscrnellia-se bastante h forina corno Deniiett concebe aquilo a que chama ein geral. a coiisciência. Por outro lado, a forina coino Di-etslce coricebe o apercebiiiieiito ein gei-a1 riâo tein as caractei-ísticas de saber-que explícito para a própria criatura que Deiiiiett atribiii à consciência. O saber-que conceptiial que Deiiiiett exige para a coiisciência da criatura é para Di-etske algo de resti-ito ao âinbito da iiitrospec~ão. que consiste. ela siin, em apercebiineiito conceptual de estados mentais próprios de pi-inieira ordeiii.

Onde quero chegai-? Embora todas as teoricis i-epresentacioiiais da consciência sejuin 'contiiiuistas' (i.e. considei-ein que os mesinos priricípios deverão explicar representação e consciência) elas são-iio no eniaiito de difereiites inaneiras e coin diferentes pressupostos. E o que ressalta da coinparação eiitre Dretske e Deiiiiett é a iinportâiicia do peso coiicedido

9Clin dos ;iigiirnciilos neste seiitido é alias i> Wcic dc a iiiiios~~ecçóo n2o i e i uiiia fciioinçiioiogin 1,rópiiu. )para alim das feiion>enoiogias das oiodaiiùadcs wiisoiiais.

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ao apei-cebimeiito de factos iiuina exjilicação representacional cia coiisciência. Pai-a Deiiiiett e é isso qiie a doutriiia dos qrtnlin inostra, o apercebiincnto coiicepjual de factos é decisivo. Assiin. Deiineii pura e simplesineiite nâo admite a existêiicia de coiisciêiicia iião epistérnica e vê- se obrigado ideiitificai- a coiisciêiicia ~iriicainente coin situações eiii que uin sii.jeito está disposto a declarar-que (é poi- isso que eliiniii;~ os qi~nlin e se vê aflito c0111 o que dizer quanto a bebés e anirniais). Mas pensar que a coiisciêiicia é necessariamente epistéiiiica, que o apercebido teu1 que ser sabido-que por iiin sujeito. uiio e coilscieiite de si é o defeito iiitelectiialista (a que Dreisl<e cliaiiia cartesiaiio) da teoria deiiiieiiiaiia. De acordo coin os princípios esteriialistas coiiiuiis a Dretshe e Dennett. o mental 1150 tein que ser isso (i.e. não tein que ser uin saber-que; por um sujeito uiio e auto- cotiscieiite): aquilo que é iinportaiite é o que o apercebiiiiento apercebe e para isso o s~ijci io e a siia certeza epistéinica não são desde logo chamados"'. O siijeito e a sua cerieza vêiii depois. e são taiiibérii eles qiiestZo de repi-eseiitaçâo. Dretske vê isto correctaineiite ao coiisiderat- a iiitrospeqFo lima Sornia específica da nivnr-ciiess em geral. Apciias no tipo de coiisciêiicia qiie é a iiitrospecçâo tciii qiie liaver 'consciêiicia de si inesino'. i10 seiitido de ocor-rêiicia de estados iiieiiiais que têrn por coiiteúdo oiitros estados iiieiitais. Coino sc esperaria de u n a teoi-ia exteriialista. lid aí qualquer coisa que tem que ser apreiidida, que criaiiças coiii iiiii alio iiâo sabem. coino qiialquei- psicólogo coniirinard. cjiie animais corno ~ i i i i cão c uin gato iiiinca virão a saher (que pensain). Peiiso que esta restrição da iinportâiicia d;i corisciêiicia de si iio Smbito do mental é a iiiterpretacâo correcta da coiitiiliiidade eiitre coiiteúdo c coiisciêiicia que sub.j;iz a uiiia teoi-ia represeiitaciorial d;i coiisciêiicia e que 1)eiiett deveria siihscre\,ê-Ia se nâo estivesse tâo preso ao cariesiaiiisiiio (i.e. ao ciirácter paradigiiiático da uiiidade e certeza de uin sujeito).

liepito a alteriiativa a que a análise destas duas teorias represeiilacioiiais da coiisciência lios coiiduziri: ou aceitaiiios. coin Deniiett. que o aperccbiinento coiiceptual esgota a coiisciência (o que pai-ece tima prcssiipctsi$âo intelectualista c cartesi;iiia. em clioq~ie coin o extenialismo) oii aceitarnos que existcin diSereiiças iio apercebiiiieiito iião explicitainciite acredicadas pelo sisteriiri global e pariaiito teiiios que dar conta d i~qi~i lo a

' " l l iua noia cpisreiiioi6gica: :i iir>riplo erieiiiaiisia de I>ielskç qiiaiito i iiiçrniísica d:i iiieiiic coiijiigz- sc. çoiiio sei-ia dc csliciui com iiina posiç5o episicmol6~ica e~ienialist;i. rliie 'desi>ossiii' o si!jcia> c fnssa a inçiiiubêiiçia ao niiii~<i« ijuandii se tinia iie aiialisai o c;ii.icie~ji~stific;rdo das çicncas.

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que Dretske cliama percepgão iijo epistéiilica (e Deiiiiett cliaina a 'categorja bizarra do objectivarneiitc sub,jeciivo que o sujeito nâo sabe declarar') e procuraremos explicá-121 pela iiatiireza representacional dos estados conscientes. É aqui que começa um outro problema, e quero terininar apoiitando-o. A pariir do moineiiio em que aceitamos esta distribuiçâo do traballio o que fica pai-a fazer a seguir, em teoria da mente, iiâo é uma teoria do siijeito inas uma teoria das propriedades do inundoii. Ora, até que ponto o ponto a que clicgamos - passar a tarePa da teoi-ia da mente para uina teoria das propriedades - nos obrigará a uin compromisso com unia 'oiitologia pronia', um rnuiido de propriedades delineadas que os sistemas cognitivos representam? Porque se for assim, caberá evocar de novo a precedência da teoria da representação ou conteúdo sobre a teoria da consciência e um poiito para inini fulcral da doutrina denneitiaiia dos qit(z/i(z, que nâo referi atrás: eliminar os qilnlirr

1130 é apenas eliminar a evidêiicia epistémica 130 auto-;ipercebiii~ento, é tainbém eliminar o carácter ~-ecr(l)~-iiirrde do mundo apercebidoiz. O que Deiiiiett faz de mellior na sua teoria do conteúdo é argumentar que a partii- do momento em que existe o mental no iiiundo iiâo é assim (em termos de propriedades prontas e de realisnio) qiie as coisas se passam: a pariir do momento em que existe o meiiial no mundo o que se abre é a possibilidade de nâo alinhamento entre apercebiiuenlo por uma criatui-a e a realidade do que é apercebido e parece-me que isto tein que ser tido ein coiiia em qualquer teoria da percepçâo nâo epistémica.

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